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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA

Cerâmicas odontológicas: revisão de literatura

JAQUELINE LOPES MENEZES DA SILVA

JOÃO PESSOA – PB
2015
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA

Cerâmicas odontológicas: revisão de literatura

JAQUELINE LOPES MENEZES DA SILVA

Orientador: Prof. Dr. Humberto Massaru Sonoda.

Monografia apresentada a Especialização de


Prótese Dentária, da Universidade Cruzeiro
do Sul, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Especialista em Prótese
Dentária.

JOÃO PESSOA – PB
2015
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA

Cerâmicas odontológicas: revisão de literatura

Jaqueline Lopes Menezes da Silva

Monografia apresentada a Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos


para a obtenção do título de Especialista em Prótese Dentária.

Monografia aprovada em: ____/____/____

Orientador: ___________________________________
Prof. Dr. Humberto Massaru Sonoda

Coordenador do Curso:
_____________________________
Prof. Dr. Humberto Massaru Sonoda
“Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que
parecia impossível”.

Charles Chaplin
DEDICATÓRIA

À Deus que nunca soltou minha mão, mesmo quando minha fé ficou abalada.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por nunca medirem esforços para me ajudar em todos os
momentos da minha vida.
Aos meus irmãos, por serem meus pilares fortes, por me levantarem quando
eu queria cair.
Aos meus amigos, por estarem presentes nas alegrias e nas tristezas.
Aos professores, pelos ensinamentos ao longo dessa caminhada da
especialização.
Aos pacientes, pela confiança e por me proporcionarem uma oportunidade de
aprendizado.
RESUMO

As cerâmicas utilizadas em odontologia são caracterizadas pela natureza refratária,


dureza, biocompatibilidade e transmissão de luz. Com a evolução das cerâmicas,
tem-se obtido restaurações com aspecto cada vez mais próximas a realidade, por
permitirem uma transmissão de luz difusa, uniforme capaz de reproduzir a
profundidade de translucidez, cor e textura dos dentes naturais. Este trabalho tem
como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre as cerâmicas odontológicas. A
cimentação adesiva pode ser empregada com sucesso nos procedimentos
restauradores indiretos. As próteses adesivas sem metal são uma alternativa
promissora para o de tratamento reabilitador devido a sua superioridade estética,
biocompatibilidade e facilidade de confecção. O desenvolvimento dos cimentos
resinosos, aliado ao desenvolvimento dos sistemas cerâmicos, permitiu uma
adequada união da cerâmica a estrutura dentária. Pode-se concluir que é possível
obter excelentes resultados estéticos, biológicos e funcionais com a utilização de
cerâmicas odontológicas, desde que se tenha uma boa técnica, conhecimento das
indicações e materiais de alta qualidade.

Palavras chaves: Cerâmicas; Prótese Dentária; Porcelana Dentária; Estética


Dentária.
ABSTRACT

Ceramics used in dentistry are characterized by their refractory nature, hardness,


biocompatibility and light transmission. With the evolution of ceramics, restorations
with an aspect closer to reality have been obtained, as they allow a diffused, uniform
transmission of light capable of reproducing the depth of translucency, color and
texture of natural teeth. This work aims to carry out a literature review on dental
ceramics. Adhesive cementation can be successfully used in indirect restorative
procedures. Metal-free adhesive prostheses are a promising alternative for
rehabilitation treatment due to their aesthetic superiority, biocompatibility and ease of
manufacture. The development of resin cements, combined with the development of
ceramic systems, allowed an adequate union of ceramics and tooth structure. It can
be concluded that it is possible to obtain excellent aesthetic, biological and functional
results with the use of dental ceramics, provided that you have a good technique,
knowledge of the indications and high quality materials.

Keywords: Ceramics; Dental Prosthesis; Dental Porcelain; Esthetics, Dental.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 09
2 OBJETIVO............................................................................................... 11
3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 12
3.1 Cerâmicas odontológicas................................................................ 12
3.2 Tipos de cerâmicas odontológicas................................................. 13
3.3 Tratamentos de superfície e cimentação adesiva das
cerâmicas odontológicas...................................................................... 17
4 DISCUSSÃO............................................................................................ 23
5 CONCLUSÃO........................................................................................... 26
REFERÊNCIAS........................................................................................ 27
9

1 INTRODUÇÃO

A procura por uma aparência mais natural das restaurações tem contribuído
expressivamente para o desenvolvimento de materiais e técnicas restauradoras.
Para se ter sucesso em procedimentos restauradores estéticos é necessário um
correto e minucioso protocolo integrando o trabalho clínico e laboratorial, além da
correta escolha do material a ser utilizado (CARVALHEIRA et al., 2010).
Para indicar adequadamente o sistema cerâmico deve ser avaliado
primeiramente a região da reabilitação. As propriedades ópticas do material são
mais importantes em relação as altas resistências à flexão para as restaurações
anteriores. Nas regiões posteriores as cerâmicas necessitam de alta resistência
flexural para suportar as maiores cargas mastigatórias (GOMES et al., 2008).
O desenvolvimento de novos sistemas cerâmicos sem metal para próteses
fixas, com propriedades físicas semelhantes às das ligas metálicas, mas que
atendam também ao requisito estético, possibilita a confecção de restaurações com
ótimas propriedades mecânicas e excelente resultado estético (CLAVIJO; SOUZA;
ANDRADE, 2007).
As cerâmicas odontológicas estão sendo mais utilizadas devido à enorme
procura pela estética. Porém existem características que devem ser avaliadas, como
a friabilidade e a baixa resistência à tração. Para minimizar os fracassos, novas
pesquisas visam a obtenção de cerâmicas mais duráveis, resistentes e estéticas
bem como tratamentos de superfície para melhorar a sua adesividade à estrutura
dental (CAMPOS et al., 2005).
Para preencher a interface da superfície interna da prótese e do dente
preparado necessita-se de um agente cimentante que possa conferir resistência,
retenção, à restauração e ao remanescente dentário e vedamento marginal,
favorecendo a longevidade da reabilitação protética. Diante da grande variedade de
agentes cimentantes disponíveis, o profissional não poderá empregar um único
agente cimentante para todos os casos, e deverá estar atento às características
inerentes a cada situação clínica, para que possa selecionar corretamente a técnica
e o agente cimentante mais adequado (RIBEIRO et al., 2007).
O sucesso clínico das restaurações cerâmicas depende da observação de
diversos fatores, desde a correta indicação e o planejamento do caso, até a
10

manutenção e acompanhamento. A inobservância de qualquer das etapas de


confecção da restauração irá diminuir sua longevidade. Dessa forma, o
conhecimento das propriedades do material, de sua forma correta de utilização e
preparo é fator decisivo para obtenção de um desempenho satisfatório no
tratamento realizado (FREITAS et al., 2005).
11

2 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre as
cerâmicas odontológicas.
12

3 REVISÃO DE LITERATURA

Soluções estéticas são desafiadoras, tanto pelo nível de exigência dos


pacientes, quanto pelos novos materiais e técnicas, que estão disponíveis e que
permitem resultados altamente satisfatórios. Na tentativa de reproduzir a estética
natural, pesquisadores e fabricantes de materiais dentários têm explorado o
potencial de materiais totalmente cerâmicos, para obter melhor estética, sem
comprometer a função (PEIXOTO; AKAKI, 2008).
A utilização de cerâmicas na dentição anterior é um procedimento consolida-
do na literatura científica, porém o correto e cuidadoso planejamento associado ao
conhecimento dos materiais são imprescindíveis para o sucesso desta modalidade
restauradora (ANDRADE; ROMANINI, 2004).

3.1 Cerâmicas odontológicas

As cerâmicas odontológicas são uma alternativa viável de tratamento


protético tanto em áreas com perda de apenas um elemento dentário, quanto em
áreas com perda de vários elementos. A seleção adequada de um sistema cerâmico
para determinadas situações clínicas, pode proporcionar maior longevidade. Apesar
de todos esses sistemas promoverem bons resultados estéticos, alguns são mais
indicados para regiões anteriores pela maior translucidez pelo material. Vários
critérios podem ser utilizados pelo profissional para seleção do sistema cerâmico
mais adequado, como: adaptação marginal, estética, biocompatibilidade, resistência,
custo e facilidade de fabricação (GARCIA et al., 2011).
A resistência à fratura das coroas cerâmicas está baseada no suporte
adequado por meio do preparo dental, tipo de linha de terminação, seleção
adequada do paciente, região a ser restaurada, tipo de material cerâmico, aplicação
de cargas estáticas ou cíclicas, minuciosa execução laboratorial, espessura
adequada do coping, tipo de cimentação, cimento utilizado e sua espessura,
condicionamento da superfície da cerâmica previamente à cimentação, aplicação de
glaze ou polimento da superfície cerâmica e cuidadoso ajuste oclusal após a
13

cimentação. O conhecimento das propriedades e a correta indicação das novas


alternativas restauradoras, é fundamental para a obtenção do resultado desejado
(BOHJALIAN et al., 2006).
Diversos sistemas cerâmicos estão disponíveis no mercado, fazendo com que
os profissionais da área protética tenham conhecimentos sobre suas indicações e
propriedades, já que bons resultados não são devidos exclusivamente relacionados
ao tipo de material, mas sim ao tipo de preparo em conjunto à habilidade do
profissional (AMOROSO et al., 2012).
As cerâmicas dentárias, além de quimicamente estáveis, apresentam
propriedades ópticas excelentes quando comparadas às estruturas dentárias.
Porém, sua conhecida friabilidade limita seu uso, exigindo estratégias para sua
proteção contra os estresses da mastigação (KINA, 2005).
As cerâmicas dentárias apresentam qualidades mecânicas, porém, possuam
comportamento pouco plástico, com propriedades tensionais insatisfatórias,
tornando-as um material com baixa maleabilidade e sensivelmente friável, o que
contraindica sua utilização em regiões de suporte de carga ou stress mastigatório
(KINA, 2005).
A variação na força da cerâmica está associada à sua resistência à fratura.
Um dos principais objetivos do desenvolvimento das cerâmicas é produzi-las mais
fortes, resistentes, já que elas são estruturalmente friáveis (BONA; MECHOLSKY
JÚNIOR; ANUSAVICE, 2004).
Existem materiais cerâmicos com elevadas propriedades mecânicas, que
possibilitam a confecção de restaurações cerâmicas livres de metal, tanto na região
anterior, como na região posterior. A indicação de cada sistema cerâmico deve ser
feita de maneira cuidadosa avaliando a resistência mecânica do material, a região
que deverá ser restaurada e a forma de união dente/restauração para garantir a
longevidade da reabilitação (GOMES et al., 2008).

3.2 Tipos de Cerâmicas odontológicas

Nos anos 80 as únicas opções protéticas estéticas em dentes anteriores eram


as coroas metalocerâmicas. Em meados da década de 90, surgiram restaurações
14

totalmente cerâmicas que possuíam as qualidades de resistência, estabilidade de


cor, longevidade e precisão de adaptação. Nesse mesmo ano, foi introduzida no
mercado uma cerâmica feldspática reforçada por cristais de leucita, denominada
sistema Empress I (Ivoclar– Vivadent). Avanços nas áreas de materiais dentários
levaram a introdução de novos sistemas cerâmicos para coroas totais que
substituem as estruturas metálicas por bases de alumina, dissilicato de lítio, entre
outras (ROSSATO et al., 2010).
O desenvolvimento contínuo das cerâmicas dentárias tem trazido, aos clínicos
e aos técnicos em prótese dentária, um leque cada vez maior de opções para
confecção de próteses funcionais e altamente estéticas. Basicamente, podemos
observar uma grande evolução destes materiais, onde historicamente sua utilização
estava associada a um reforço metálico, devido à sua baixa resistência à tensão e
alta friabilidade, para associações com materiais estéticos com excelentes
propriedades mecânicas (KINA, 2005).
A porcelana odontológica convencional é uma cerâmica vítrea, que possui,
como principais componentes químicos, minerais cristalinos tais como o feldspato,
quartzo, alumina (óxido de alumínio). O aperfeiçoamento da porcelana pura,
ocasionou o lançamento no mercado de sistemas totalmente cerâmicos como a
nova geração de cerâmicas (Optec HSP®, OPC®, Finesse All-Ceramic®, IPS
Empress I e II®, In-Ceram Alumina, Spinell e Zircônia®, VitaPress®, Cerec II® e
Procera®) (PEIXOTO; AKAKI, 2008).
A vantagem de se utilizar cristais de dissilicato de lítio deve-se ao fato destes
possuírem um índice de refração semelhante ao da matriz vitrosa, o que permite um
aumento de seu volume em até 60% sem perder a translucidez e consequentemente
alterar a estética, como acontecia com o sistema IPS Empress I quando se
aumentava o volume de cristais de leucita além de 40 % (CHAIN; ARCARI; LOPES,
2000).
Em relação as cerâmicas a base de dissilicato de lítio temos o IPS Empress 2,
derivado do sistema químico SiO2 Al2O3 K2O, que através dos cristais de dissilicato
de lítio, promovem reforço da matriz de vidro. Com o crescimento dos cristais
durante o processo de sinterização, há o embricamento, de forma organizada, com a
matriz de vidro. Esse processo impede a propagação de trincas, por absorver
energia dissipada, quando forças são incididas no material, além de aumentar a
resistência a flexão (ROMÃO JÚNIOR; OLIVEIRA, 2007).
15

O sistema cerâmico IPS e.Max constitui-se numa excelente alternativa


restauradora, no entanto seu protocolo clinico de utilização deve ser rigorosamente
seguido, para que os tratamentos restauradores com modernos sistemas cerâmicos
associados as novas técnicas adesivas e cimentos resinosos favoreçam a
longevidade dessas restaurações (CLAVIJO; SOUZA; ANDRADE, 2007).
A escolha do sistema IPS Empress 2 (IvoclarVivadent) para o
restabelecimento estético da região anterior responde às expectativas do
tratamento, no desafio de reproduzir as estruturas dentárias em sua textura e forma,
constituindo excelente alternativa de tratamento. O resultado estético em função da
ausência do metal da prótese permite transmissão de luz perfeita, aliada à
biocompatibilidade do meio bucal, característica inerente às cerâmicas. Com relação
à adaptação marginal das restaurações confeccionadas, o resultado é bastante
satisfatório (CLAVIJO et al., 2006).
O sistema IPS Empress 2 consiste na confecção de infraestruturas, usando-
se uma cerâmica vítrea de dissilicato de lítio. Esse material contém cerca de 60%,
em volume, de cristais de dissilicato de lítio, medindo entre 0,5 mm e 5 mm.
Também é encontrada uma outra fase cristalina, em menor quantidade, de
ortofosfato de lítio com partículas de 0,1 mm a 0,3mm. A cerâmica de dissilicato de
lítio possui pastilhas com cinco cores, seguindo as escalas da cor Vita. Sobre o
copping de dissilato de lítio é aplicado, por meio da técnica de estratificação, uma
cerâmica vítrea de flúor-apatita sintética, com cristais de apatita. Esses cristais
determinam as propriedades ópticas, tais como brilho, translucidez e dispersão da
luz (ROMÃO JÚNIOR; OLIVEIRA, 2007).
As indicações clínicas para as cerâmicas a base de dissilicato de lítio são:
onlay, inlay, overlay, facetas laminadas, coroa total anterior e posterior, próteses
parciais fixas de até três elementos em região anterior e de pré-molares
(CARVALHO et al., 2012).
Bona e Kelly (2008) realizaram uma revisão de literatura sobre restaurações
de cerâmica pura. Muitos estudos tiveram mais de 90 % de sucesso em seis anos.
Foram eficazes reabilitações em dentes anteriores com prótese fixa utilizando
alumina, zircônia e dissilicato de lítio.
Medeiros et al (2009) realizaram um estudo com o objetivo de comparar a
resistência a flexão em três pontos e a resistência a tração diametral do material de
infra-estrutura dos sistemas cerâmicos IPS-Empress 2 (Ivoclar) e In-Ceram Zirconia
16

(Vita). Para a realização do experimento, foram confeccionadas dez amostras de


cada material para o ensaio de flexão (25mm x 5mm x 2mm) e 15 amostras para o
ensaio de tração diametral (6mm x 3mm). Os testes foram realizados com célula de
carga de 10kN e velocidade de 0,5mm/minuto. Os resultados, mostraram que o In-
Ceram Zirconia (434,17 MPa) apresentou maior resistência a flexão em relação ao
IPS-Empress 2 (230,80 MPa). Entretanto, observou-se maior resistência a tração
diametral do IPS-Empress 2 (175,41 MPa) em relação ao In-Ceram Zirconia (151,11
MPa). Pode-se concluir que a relação entre as duas propriedades não é a mesma
para os materiais estudados e que a decisão pela indicação de um material não
pode ser baseada em apenas uma propriedade mecânica.
Em estudo para avaliar a resistência e caracterizar química e
microestruturalmente, através da espectrometria dispersiva de raios X e microscopia
eletrônica de varredura, a interface ceramo-cerâmica de dois grupos: IPS Empress 2
e In Ceram Alumina, observou-se que a resistência ao cisalhamento da IPS
Empress 2 foi estatisticamente superior em relação ao In Ceram Alumina, e
microestruturalmente, foi observada que no In Ceram Alumina uma predominância
de deslocamento total do recobrimento em relação a infra-estrutura, enquanto no
IPS Empress 2 observou-se um deslocamento parcial. Concluiu-se que o IPS
Empress 2 apresentou uma maior adesividade ceramo-cerâmica, quando avaliado
mecânica e microestruturalmente (DIAS et al., 2005).
O grau de translucidez baseado na cor e espaço do preparo dentário, exigem
sistemas translúcidos ou opacos para obtenção de um melhor resultado estético.
Sistemas com alta translucidez como o IPS Empress 2 pode ser indicados sobre
munhões metálicos que oferecem 1,5 mm de espaço, embora seja muito provável
que por transparência se observe uma sombra do núcleo metálico sob a coroa.
Nesta situação sistemas menos translúcidos, como o In-Ceram Alumina ou Procera,
podem alcançar melhor êxito estético. Em um preparo dentário sobre um dente
anterior, vital e de cor clara, pode-se indicar coroas de alumina semi-opacas, mas
estaria perdendo uma excelente oportunidade de trabalhar com sistemas
translúcidos como o IPS Empress 2 ou o In-Ceram Spinell, que poderiam garantir
uma fantástica interação de luz entre coroa/preparo dentário/tecidos marginais
trazendo ao conjunto um excelente resultado de estética natural (KINA, 2005).
Além das propriedades mecânicas e ópticas deve ser verificada a capacidade
de adesão do material ao dente, pois como foi verificado, quanto mais resistente é o
17

material mais difícil é a realização da cimentação adesiva da peça, devido à


dificuldade do condicionamento de superfície da cerâmica. Quanto maior a
resistência mecânica do material maior é a dificuldade em realizar a cimentação
adesiva entre o dente e a restauração cerâmica (GOMES et al., 2008).
Resistencia, longevidade e precisão de adaptação marginal são requisitos
necessários para o sucesso de uma restauração, seja qual for o tipo de material
empregado. Carvalho et al, (2012) realizaram revisão de literatura para avaliar as
indicações, a adaptação marginal e a longevidade clínica de diferentes sistemas
cerâmicos: a base de dissilicato de lítio (IPS e.Max Press) e a base de zirconia
(Cerec III, Procera, Lava e Everest). Todos os sistemas cerâmicos avaliados
apresentaram longevidade clínica satisfatória dentro do período de no máximo 10
anos.

3.3 Tratamento de superfície e cimentação adesiva das cerâmicas odontológicas

A escolha do preparo de superfície e do sistema cimentante resinoso torna-se


extremamente importante quando se almeja o sucesso do tratamento reabilitador
(ARAS; LÉON, 2009).
Os tratamentos de superfície (deposição de sílica e silanização; ácido
fluorídrico e silanização) promovessem resistências adesivas semelhantes (MELO;
VALANDRO; BOTTINO, 2007).
A ligação do silano a superfície de cerâmica é influenciada pela composição
química da cerâmica e o estado da superfície da cerâmica (HOOSHMAND et al.,
2001).
O preparo prévio do dente através da profilaxia com pedra pomes e água,
além de um correto sistema adesivo e preparo da restauração indireta com jato de
óxido de alumínio, ácido fluorídrico, silano entre outros, aumentam o grau de
retenção da peça ao dente contribuindo para uma maior longevidade do tratamento
reabilitador (BADINI et al., 2008).
A incompatibilidade ao se aplicar o adesivo simplificado sobre a dentina, para
realizar a fotopolimerização ocorre porque a camada superficial do adesivo não se
polimeriza, pois está em contato com o oxigênio. Sabe-se que os adesivos
18

simplificados ou de frasco único, sejam eles convencionais ou autocondicionantes,


possuem ácidos em sua composição. Dessa maneira, a camada que não se
polimeriza e que entrará em contato com o cimento resinoso (químico ou dual), no
momento da cimentação, terá características ácidas (CESAR JÚNIOR, 2007).
Varjão et al. (2003) avaliaram o tratamento de superfície de restaurações
estéticas indiretas para cimentação adesiva e concluíram que nas restaurações
cerâmicas com alto teor de sílica o tratamento com jateamento ou ácido fluorídrico,
seguido da aplicação de silano, tem demonstrado bons resultados. Nos sistemas
cerâmicos In-Ceram e Procera All-Ceram são indicados o tratamento mecânico com
jateamento e o químico através do sistema de silanização rocatec. Já em relação
aos cimentos resinosos, os que contém monômero fosfatado são os mais indicados
independentemente da cerâmica e do tipo de tratamento empregado.
A crescente utilização das cerâmicas só está sendo possível devido ao
desenvolvimento da cimentação adesiva, que oferece uma maior resistência após a
cimentação (HIRATA; MAZZETO; YAO, 2000).
A cimentação final das restaurações protéticas apresenta características
particulares relacionadas aos comportamentos clínicos distintos de cada material. As
principais funções de um agente cimentante são preencher a interface da superfície
interna da prótese e a do dente preparado, conferindo retenção, resistência à
restauração e ao remanescente dentário e vedamento marginal, favorecendo a
longevidade dos trabalhos protéticos (RIBEIRO et al., 2007).
A cimentação adesiva resinosa pode ser empregada com sucesso nos
procedimentos restauradores indiretos, demonstrando vantagens superiores aos
cimentos de ionômero de vidro e cimentos de fosfato de zinco, principalmente
tratando-se de restaurações indiretas livres de metal (PADILHA et al., 2003).
Embora as características mecânicas tenham pesquisas vastas, uma
preocupação evidente diz respeito à compatibilidade de união de restaurações
cerâmicas a estrutura dental (MICHIDA et al., 2003).
A cimentação das reabilitações protéticas apresenta características
particulares relacionadas aos comportamentos clínicos distintos de cada material. A
associação errada entre o tipo de material da prótese e o agente cimentante resulta,
muitas vezes, em fracasso clínico (RIBEIRO et al., 2007).
O agente cimentante apresenta grandes diferenças nas propriedades físicas e
mecânicas, que podem ter impacto na performance clínica. O cimento de fosfato de
19

zinco apresenta alta rigidez e radiopacidade. O cimento de ionômero de vidro


convencional e o cimento de fosfato de zinco apresentam pH baixo, o que necessita
uma maior atenção para os parâmetros de proteção pulpar. O cimento de ionômero
de vidro modificado por resina apresenta pH e resistência a flexão maior do que o
cimento de ionômero de vidro convencional (ATTAR; TAM; MCCOMB, 2003).
Ao selecionar um cimento resinoso, alguns fatores devem ser observados,
como as características de manipulação, a necessidade estética e a quantidade de
estresse que será gerada na interface de ligação entre a peça protética e o preparo
(BRAGA; CESAR; GONZAGA, 2002).
A cimentação adesiva de próteses com estrutura de porcelana pura requer o
condicionamento ácido para a obtenção de microrretenções. A aplicação de agente
de silanização deve preceder o procedimento da cimentação (CAMPANHA et al.,
2005).
Sabe-se que o procedimento de preparo para cerâmicas feldspáticas requer o
condicionamento da sua superfície com ácido fluorídrico prévio a cimentação.
Entretanto, para cerâmicas aluminizadas, em face das suas características
estruturais, o condicionamento ácido não é indicado. Dessa maneira, a escolha do
preparo de superfície e do sistema cimentante resinoso torna-se extremamente
importante quando se almeja o sucesso do tratamento reabilitador (ARAS; LÉON,
2009).
Nikzad, Azari e Dehgan (2010) avaliaram dois grupos de material cerâmico
(Feldspática e IPS Empress II) e um grupo de compósito de laboratório (Gradia).
Foram realizados estudos laboratoriais em relação a sua resistência a fratura. Não
houve diferença significativa entre a resistência dos materiais testados.
Durante a cimentação de uma restauração de cerâmica, deve se levar em
consideração as características dos materiais envolvidos nas diferentes interfaces.
Para que a adesão seja satisfatória, as interfaces cerâmica/cimento resinoso,
cimento/adesivo e adesivo/dente devem ser cuidadosamente trabalhadas. No
entanto, os cimentos de polimerização química ou autopolimerizáveis apresentam
melhor grau de conversão dos monômeros após a polimerização final. Isso ocorre
porque não necessitam da ativação adicional pela luz, que seria obrigada a
atravessar a cerâmica antes de atingir o cimento (FREITAS et al., 2005).
Duarte et al. (2006) realizaram estudo para avaliar a resistência de união, por
ensaio de microtração, entre um sistema cerâmico prensado e dois cimentos
20

resinosos: um convencional e outro tendo em sua composição monômeros ácidos


fosfatados (MDP-modificado). Foram confeccionados blocos cerâmicos com
dimensões de 6 x 6 x 5 mm, os quais foram duplicados em resina composta. A
superfície de união (6 x 5 mm) de cada bloco cerâmico foi tratada com ácido
fluorídrico a 10% por 20 segundos e silanizada. Em seguida cada bloco cerâmico foi
unido ao seu correspondente de resina composta, empregando-se os diferentes
cimentos resinosos, manipulados segundo as recomendações do fabricante, sob
carga de 750 gramas. Os conjuntos foram armazenados em água destilada (7
dias/37°C). Ambos os grupos foram levados à máquina de ensaio universal (EMIC),
com célula de carga de 10 kgf e velocidade de 0,5 mm/min, para a realização da
tração. O cimento resinoso convencional apresentou maior resistência de união
quando comparado com o cimento MDP modificado.
Em estudo com cerâmica à base de leucita (IPS Empress) e cerâmica à base
de dissilicato de lítio (IPS Empress 2), demonstraram que as fraturas que ocorreram
foram na zona de adesão, necessitam de estudos para avaliar a resistência de união
dessas cerâmicas (BONA; ANUSAVICE; MECHOLSKY JÚNIOR, 2003).
Busato et al. (2012) realizaram estudo para avaliar in vitro algumas
propriedades dos cimentos Rely X U100 (3M ESPE), Rely X Luting (3M ESPE) e All
Cem (FGM), como a sorção e solubilidade em água destilada e numa solução de
álcool 75%, por períodos de 7 e 15 dias. Foram confeccionados 60 corpos-de-prova,
divididos em três grupos (n = 20), de acordo com o cimento escolhido. Eles foram
então divididos em quatro grupos de acordo com os fatores avaliados, tipo de
solução e período de avaliação. O cimento ionomérico Rely X Luting apresentou
maiores valores de sorção independente do período de armazenagem. O cimento All
Cem foi o que apresentou menor grau de solubilidade, tanto para o período quanto
para a solução testada. Com relação ao tempo de armazenagem, observou-se que
não houve diferença nos valores de sorção e solubilidade entre 7 e 15 dias para
nenhum dos cimentos testados.
Archegas et al. (2011) realizaram estudo sobre as alterações de cor dos
cimentos resinosos. Todos os materiais apresentaram mudanças significativas na
cor e opacidade. As maiores mudanças de cor foram atribuídas ao RelyX ARC e
AllCem, enquanto as mudanças mais baixas foram encontradas em Variolink
Veneer, Tetric Flow e Filtek Fluxo Z350. O envelhecimento acelerado levou a
mudanças de cor em todos os materiais avaliados, embora tenham sido
21

considerados clinicamente aceitáveis. Entre os cimentos resinosos dual o Variolink II


apresentou a maior estabilidade de cor. Após o envelhecimento, um aumento
opacidade foi observada para a maioria dos materiais.
Em relação à escolha do cimento resinoso para cimentação de facetas
cerâmicas, a literatura sugere o uso dos cimentos fotoativados como RelyX Venner
(3M ESPE), Variolink Venner (Ivoclar/Vivadent) e Variolink II (Ivoclar/Vivadent). Isto
porque os cimentos quimicamente ativados e duais apresentam a amina como ativa-
dor químico que pode provocar alterações de cor com o passar do tempo,
comprometendo a longevidade do resultado estético. A estabilidade de cor está
relacionada também com falhas técnicas, como a contaminação por umidade
durante o procedimento de cimentação ou fotoativação insuficiente ocasionada pela
aplicação incorreta da técnica de ativação fotopolimerizável e/ ou pela utilização de
aparelhos fotopolimerizadores fisicamente descalibrados (CARDOSO et al., 2011).
Sem qualquer condicionamento ou tratamento prévio de superfície o cimento
resinoso autoadesivo (Rely X Unicem) proporciona uma adaptação marginal na
dentina comparável ao cimento resinoso Variolink (BEHR et al., 2004).
Prakki e Carvalho (2001) em estudos sobre os cimentos duais concluíram que
estes apresentam vantagens quanto aos cimentos de polimerização química em
relação ao controle sobre o tempo de trabalho por parte do operador, conversão
completa do cimento, melhor relaxamento do estresse causado pelos efeitos da
contração de polimerização quando comparados com os cimentos de fotoativação
exclusiva. Os resultados dos trabalhos que envolvem cimentos resinosos da
categoria dual, apresentam desempenho extremamente promissor.
Um estudo avaliou a influência da ativação química, comparada à dupla
ativação (química e pela luz), na dureza de 4 cimentos resinosos duais: Scotchbond
Resin Cement, Variolink II, Enforce e Panavia F. Dentre os grupos quimicamente
ativados, o Scotchbond Resin Cement e o Variolink II mostraram, respectivamente, a
maior e a menor dureza nos três tempos testados. Dentro dos limites deste estudo,
até o período de 24 horas, a ativação exclusivamente química não foi capaz de
promover dureza semelhante à obtida pela dupla ativação (FONSÊCA; CRUZ;
ADABO, 2004).
Em estudo para avaliar a propriedade mecânica de resistência à flexão de
quatro cimentos resinosos duais: Enforce F, Variolink II, Bistite II DC e Panavia F,
observou-se que os cimentos Bistite II DC e Panavia F apresentaram médias de
22

resistência à flexão significantemente maiores do que os cimentos Variolink II e


Enforce F (DUTRA-CORRÊA; RIBEIRO; CUNHA, 2006).
Para a avaliação das propriedades mecânicas dos cimentos resinosos com
diferentes modos de ativação, foram testados os cimentos Enforce e Variolink 2
(fotoativado e quimicamente ativado - dual), RelyX ARC (dual ou quimicamente
ativado) e C&B (quimicamente ativado). Os testes foram realizados após 24 horas
de armazenamento a 37 ° C. O RelyX ARC apresentou maior força flexural do que
os outros cimentos. O RelyX ARC e Variolink 2 dependem da fotoativação para
alcançar maiores valores de dureza. Enforce mostrou dureza semelhante quando
quimicamente ativado e quando fotoativado (BRAGA; CÉSAR; GONZAGA, 2002).
Os cimentos resinosos podem passar por descoloração interna, o que pode
afetar a aparência de reabilitações de cerâmica pura. Três cimentos resinosos dual
foram estudados (Nexus-2/Kerr; Appeal/Ivoclar Vivadent; Calibra/Dentsply). Esses
cimentos fotoativados apresentaram melhor estabilidade de cor e todos os cimentos
resinosos estudados mostraram diferentes graus de descoloração, mas a mudança
de cor foi mascarada pela cerâmica (KILINC et al., 2011).
Em estudo para avaliar o efeito de diferentes tipos e cor de cimentos
resinosos utilizados em diferentes espessuras e cor de cerâmica IPS Empress,
observou-se que a cor das reabilitações com cerâmicas mudou de forma significativa
depois da cimentação. Mais alterações de cor apareceram após a cimentação com
Variolink Veneer-3 em todos os tons das cerâmicas estudadas. A menor alteração
de cor foi obtida quando se utilizou o Variolink II. A alteração de cor diminui com o
aumento da espessura da cerâmica (TURGUT; BAGIS, 2013).
23

4 DISCUSSÃO

A cerâmica odontológica é conhecida por ser um material de aparência


semelhante ao dente natural, devido a adequada propriedade óptica e durabilidade
química (GOMES et al., 2008; KINA, 2005; ROMÃO JÚNIOR; OLIVEIRA, 2007).
Suas propriedades ópticas aliadas às características naturais conferem-lhe a
capacidade de ser o material estético que mais se assemelha à estrutura dental,
apresentando bom índice de sucesso em longo prazo (BOHJALIAN et al., 2006;
PEIXOTO; AKAKI, 2008; ROSSATO et al., 2010).
Casos clínicos mais severos na região anterior, com acentuada alteração de
cor, necessidade de substituição de coroas ou amplas restaurações, associados a
necessidade de redefinição da forma e comprimento dos dentes, são muito bem
solucionados com os novos sistemas cerâmicos (CLAVIJO; SOUZA; ANDRADE,
2007; KILINC et al., 2011; ROSSATO et al., 2010; TURGUT; BAGIS, 2013).
A utilização de cerâmicas é um procedimento consolidado na literatura
científica (CARDOSO et al., 2011; GARCIA et al., 2011), porém o correto e cui-
dadoso planejamento associado ao conhecimento dos materiais são imprescindíveis
para o sucesso desta modalidade restauradora (ANDRADE; ROMANINI, 2004).
Diversos sistemas cerâmicos estão disponíveis no mercado (AMOROSO et al.,
2012; CARVALHO et al, 2012; CHAIN; ARCARI; LOPES, 2000; CLAVIJO et al.,
2006; CLAVIJO; SOUZA; ANDRADE, 2007; MEDEIROS et al., 2009). A utilização de
cerâmicas a base de dissilicato de lítio possibilita a recuperação funcional e estética.
Em estudo para avaliar dois tipos de material cerâmicos (cerâmica feldspática e IPS
Empress II), observou-se que a resistência ao cisalhamento da cerâmica feldspática
é maior que a do IPS Empress II (NIKZAD; AZARI; DEHGAN, 2010). Por isso,
segundo Peixoto e Akaki (2008), as reabilitações utilizando Empress 2 devem ficar
limitadas para a região anterior. Para Bona e Kelly (2008) são eficazes reabilitações
em dentes anteriores com prótese fixa utilizando alumina, zircônia e dissilicato de
lítio. Para Dias et al. (2005) o IPS Empress 2 apresentou uma maior adesividade
ceramo-cerâmica, quando avaliado mecânica e microestruturalmente.
Os tratamentos de superfície da cerâmica odontológica promovessem
resistências adesivas semelhantes (ARAS; LEON, 2009; MELO; VALANDRO;
BOTTINO, 2007). A possibilidade de condicionamento de superfície das
24

restaurações cerâmicas IPS Empress 1 e 2 consiste em uma grande vantagem


(ARAS; LEON, 2009).
O condicionamento da superfície de adaptação dos laminados cerâmicos
pode ser feito com ácido fluorídrico e aplicação de um agente de união (silano) para
a criação de poços superficiais que visa a dissolução e aumento da união
aumentando a molhabilidade e formando uma ligação covalente com os laminados
cerâmicos (ARAS; LEON, 2009). Deve-se utilizar uma cerâmica passível de
condicionamento e silanização para que assim possa favorecer a adesão à estrutura
dental (ANDRADE; ROMANINI, 2004).
Uma superfície adequadamente preparada, por meio da formação de micro-
retenções e da aplicação do agente de união silano, possibilita maior fixação dos
cimentos resinosos (ANDRADE; ROMANINI, 2004; ARAS; LEON, 2009; BADINI et
al., 2008; HOOSHMAND et al., 2001; VARJÁO et al., 2003).
A possibilidade de condicionamento de superfície das restaurações cerâmicas
IPS Empress 1 e 2 consiste em uma grande vantagem, pois segundo Aras e Leon
(2009) os materiais a base de alumina são contra-indicados a utilização do
condicionamento ácido como tratamento superficial prévio a cimentação. As
cerâmicas reforçadas a base de alumina ou zircônia, possuem propriedades
mecânicas melhores e possibilitam a sua indicação como material para reabilitações
orais em regiões estéticas. Tais cerâmicas possuem características estruturais
distintas das cerâmicas convencionais ou feldspáticas e, desta maneira, exigem
abordagem diferente em relação aos métodos de tratamento superficial.
Segundo Campos et al. (2005), o condicionamento da peça protética com
ácido fluorídrico 10% durante 30 segundos produziu valores de resistência adesiva
sem diferença estatística em relação aos valores obtidos com o condicionamento
ácido por 2 minutos.
No tratamento reabilitador, uma adequada cimentação é fundamental para o
sucesso clínico (ATTAR; TAM; MCCOMB, 2003; BRAGA; CESAR; GONZAGA,
2002; BUSATO et al., 2012; CESAR JÚNIOR, 2007; DUARTE et al., 2006; FREITAS
et al., 2005; NIKZAD; AZARI; DEHGAN, 2010; PADILHA et al., 2003; PRAKKI;
CARVALHO, 2001). Vários estudos analisaram o cimento resinoso Variolink
(ivoclar/Vivadente) (ARCHEGAS et al., 2011; BEHR et al., 2004; BRAGA; CÉSAR;
GONZAGA, 2002; CARDOSO et al., 2011; DUTRA-CORRÊA; RIBEIRO; CUNHA,
2006; FONSÊCA; CRUZ; ADABO, 2004). Para Archegas et al. (2011) o cimento
25

resinoso dual Variolink II apresenta maior estabilidade de cor. Para Ribeiro et al.
(2007) a associação errada entre o tipo de material da prótese e o agente
cimentante resulta, muitas vezes, em fracasso clínico.
As próteses adesivas sem metal são uma alternativa promissora para o de
tratamento reabilitador devido a sua superioridade estética, biocompatibilidade e
facilidade de confecção (CAMPANHA et al., 2005; MICHIDA et al., 2003).
As restaurações de cerâmica pura apresentam como desvantagem a
susceptibilidade à fratura (BOHJALIAN et al., 2006; BONA; MECHOLSKY JÚNIOR;
ANUSAVICE, 2004). As fraturas que ocorrem na zona de adesão, necessitam de
estudos para avaliar a resistência de união dessas cerâmicas (BONA; ANUSAVICE;
MECHOLSKY JÚNIOR, 2003; HIRATA; MAZZETO; YAO, 2000).
26

5 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que é possível obter excelentes resultados estéticos,


biológicos e funcionais com a utilização de cerâmicas odontológicas, desde que se
tenha uma boa técnica, conhecimento das indicações e materiais de alta qualidade.
27

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