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Abril 2009
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 2
SUMÁRIO
3 TRATAMENTOS TÉRMICOS 28
3.1 Pasteurização 28
3.1.1 Introdução 28
3.1.2 Métodos de Pasteurização 28
3.1.3 Controle de qualidade do leite pasteurizado 29
3.2 Esterilização 30
3.2.1 Introdução 30
3.2.2 Métodos de esterilização 30
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 3
5 PROCESSOS DE MEMBRANA 59
5.1 Introdução 59
5.2 Princípios de separação por membranas 62
5.3 Tipos de membranas 63
5.4 Ultrafiltração (UF) 64
5.4.1 Uso da ultrafiltração na industria de laticínios 64
6 QUEIJOS 67
6.1 Introdução 67
6.2 Definição 67
6.3 Composição e valor nutritivo 68
6.4 Classificação 68
6.4.1 Quanto à obtenção da massa 68
6.4.2 Quanto ao tratamento da massa 69
6.4.3 Quanto ao teor de gordura no estrato seco (GES) 69
6.4.4 Quanto ao teor de umidade 69
6.5 Princípio geral de fabricação de queijos 71
6.5.1 Matéria prima e ingredientes principais 72
6.5.2 Etapas do processamento 73
6.5.3 Alguns defeitos em queijos 83
Por definição, o leite é um produto da secreção das glândulas das fêmeas de todas
as espécies de mamíferos e tem como principal função fornecer necessidades nutricionais
completas para os filhotes da espécie, além de possuir várias funções fisiológicas. Os
principais componentes do leite são: água, lactose, gordura, proteína e cinzas. Os valores
médios destes componentes são mostrados na Tabela 1.
tamanhos moleculares (proteínas do soro) e outras como grandes agregados coloidais com
diâmetros entre 50 a 600nm (caseínas); os lipídeos estão na forma de emulsão, com glóbulos
com diâmetros entre 0,1 a 20 µm.
A alimentação é outro tipo de variação fisiológica. De forma geral a não ser que
haja grandes mudanças na ração, a influência da alimentação não é significativa.
• Ambientais: estação do ano e temperatura
No Brasil a influência da variação da composição está relacionada com a época de
chuva e de seca. Nas chuvas há aumento da produção mas o leite possui um maior teor de
água e um menor teor de gordura e proteína. Esse período é chamado de safra. Nas secas
(entressafra) o leite possui um maior teor de sólidos.
A temperatura influência quando trazemos gado importado para nossas altas
temperaturas. A raça Hindu está mais acostumada ao nosso clima. Para minimizar essas
diferenças é feita uma mistura de raças para conseguir um gado mais resistente e com maior
produção de leite (raças européias).
1.3 Lactose
1.3.1 Introdução
vice-versa. Similarmente existe uma relação inversa entre o teor de lactose e o de cloreto. O
leite do o animal infectado com mastite possui um menor conteúdo de lactose e
conseqüentemente um maior conteúdo de cloreto. Daí o leite mastítico apresentar sabor
salgado quando comparado ao leite normal (animais sadios).
Solubilidade
A β-lactose é mais solúvel que a α-lactose. Em temperaturas maiores que 93,5 oC
prevalece a forma β-lactose em temperaturas menores ou iguais a 93,5 oC prevalece a forma
α-lactose
Cristalização
Na ausência de um núcleo e agitação, as soluções de lactose são capazes de
ficarem altamente supersaturadas antes que a cristalização espontânea ocorra. Nessas soluções
a cristalização ocorre com dificuldade. As curvas de solubilidade da lactose são mostradas na
Figura 3 e são divididas em zonas não-saturada, metaestável e lábil.
Resfriando uma solução saturada ou continuando a concentrar além do ponto de
saturação, ocorre a supersaturação e produz uma área metaestável, onde a cristalização não
ocorre espontaneamente. Em altos níveis de saturação, uma área lábil é observada e a
cristalização ocorre rapidamente.
A nucleação e o crescimento de cristais nunca ocorrem na região não-saturada. O
crescimento de cristais pode ocorrer tanto na área metaestável quanto na lábil. Na região
metaestável a nucleação ocorre, somente, se houver semeadura de cristais enquanto que na
lábil ocorre espontaneamente.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 12
Rotação específica
α-lactose [α]D20 = + 89,4o e β-lactose [α]D20 = + 35o.
Doçura
β-lactose mais doce que α-lactose.
α- hidrato (α-lactose):
É a forma sólida mais estável da lactose em temperatura ambiente e na presença
de pequenas quantidades de água (~5%). Em temperaturas menores que 93,5 oC todas as
formas se transformam em α- hidrato ou α- lactose.
Pode formar cristais de várias formas mas o mais comum é em formato de prisma
ou cunha. Os cristais são duros, poucos solúveis e dependendo do seu tamanho produzem
textura arenosa na boca.
Cristais < 10 µm não são detectáveis
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 13
β- anidrido (β-lactose)
A β-lactose é formados em temperaturas maiores que 93,5 oC. Seus cristais são
mais doces que os da α-lactose.
1.4 Gordura
1.4.1 Introdução
Triglicerideos
Diglicerideos
Ácidos graxos
Fosfolípides Estérois
Lipoprpteínas Vit A, D, E, K
Glicerideos
Cerebrosideos
Prote;inas
Ác. Nucleicos
Enzimas
Metais
Água
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 15
1.5 Proteínas
1.5.1 Introdução
Cerca de 85% das caseínas existem no leite como partículas coloidais, chamadas
de micelas. Essas micelas são compostas de 33% de αs1 – caseína, 11% de αs2 – caseína, 33%
de β – caseína, 11% de K-caseína, 3% de cálcio, 4,3% de fosfato além de magnésio e citrato.
Embora a K-caseína esteja presente numa pequena quantidade, ela exerce um papel
importante na estabilização da micela, já que essa caseína não se precipita em presença de
cálcio. A presença de Ca3(PO4)2 também é essencial para a integridade da micela.
As micelas de caseína são compostas por diversas submicelas. Cada submicela
resulta de interações hidrofóbicas entre os constituintes. As submicelas se associam entre si
graças ao fosfato de cálcio coloidal.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 18
As micelas são estáveis aos principais processos nos quais o leite é submetido
(exceto aqueles em que se tem intenção de desestabilizar as micelas).
A remoção de fosfato de cálcio coloidal resulta em desintegração das micelas em
partículas de massa de aproximadamente 3 x 106 Da. As micelas podem ser desestabilizadas
por álcoois, acetona e solventes similares, indicando o papel importante das interações
eletrostáticas na sua estrutura.Possuem um potencial se superfície (zeta) de -20 mV em pH
6,7.
Vários modelos de micela foram propostos nos últimos anos e compreendem três
categorias. Atualmente, o modelo submicelar (Figura 7) é o mais aceito.
FIGURA 7 - Combinação dos modelos de Slattery & Evard (1973), Schmidt (1983) e Walstra
(1990)
FONTE: Dairy Processing Handbook (1995)
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 19
β – lactoglobulina: representa 50% das proteínas do soro e 12% das proteínas totais do
leite. São tipicamente globulares devido à presença de duas pontes dissulfeto em sua cadeia de
aminoácidos.
α – lactoalbumina: representa 20% das proteínas do soro e 5% das proteínas totais do
leite. Possui uma estrutura globular com excelente perfil de aminoácidos essenciais.
1.6 Sais
1.7.1 Lactose
1.7.2 Gordura
Possui ácidos graxos essenciais: linoleico, linolênico e araquidônico que são fonte
de energia direta. Os ácidos graxos insaturados de cadeia longa formam a estrutura das
paredes celulares, participam do controle metabólico do colesterol e da composição de
hormônios.
1.7.3 Proteínas
1.7.4 Sais
2.1 Introdução
Cada vez mais se torna importante produzir leite com qualidade. A higiene do
animal, do ordenhador e das instalações são ações necessárias para atingir este objetivo. Para
uma correta higienização, os vaqueiros devem limpar e desinfectar as instalações e utensílios
utilizados, lavar as mãos antes da ordenha, além de no momento da ordenha fazer os testes de
mastite e a desinfecção das tetas do animal, secá-las com papel toalha e, após a ordenha,
desinfectar novamente as tetas. Outra ação importante é a conservação do leite ordenhado em
baixas temperaturas.
O leite deve ser resfriado em tanques de expansão direta ou em tanques de
imersão do latão em água gelada, sendo recolhido e transportado por caminhões rodoviários
isotérmicos até o laticínio. Caso o produtor não tenha como resfriar o leite na fazenda, deverá
resfriá-lo em um tanque comunitário ou no próprio laticínio, desde que seja entregue no
máximo duas horas após a ordenha. Seguindo essas orientações, os produtores poderão
melhorar a qualidade do seu leite e aumentar a sua renda familiar.
A produção de leite de qualidade beneficia os produtores à medida que se reduz a
existência de doenças, resultando em maior produção de leite e menores custos. Além disso,
uma tendência cada vez mais clara é a valorização do produto de qualidade pelos laticínios,
com alguns já pagando um diferencial pela melhor qualidade. Ou seja, ganha o produtor,
ganha o laticínio e, certamente, ganha o consumidor, com produtos de alta qualidade. A
implementação da Instrução Normativa nº 51 abrirá as portas de novos mercados para o leite
brasileiro, garantindo a sustentabilidade da produção de leite pelos próximos anos. Para isso,
todos os elos da cadeia devem estar integrados para somar esforços pelo objetivo comum:
leite de qualidade.
O Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL) quer mudar a
forma de se produzir leite no Brasil. O objetivo é melhorar a qualidade do leite para que a
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 23
população possa consumir produtos lácteos mais seguros, mais nutritivos e mais saborosos,
além de proporcionar condições para aumentar o rendimento dos produtores.
Uma vez por mês, amostras do leite de cada produtor deverão ser enviadas pela
indústria para análise. Com isso a qualidade do leite em cada propriedade rural será
acompanhada e os problemas detectados.
Para cada produtor serão realizadas as seguintes análises: Contagem Bacteriana
Total (CBT), Contagem de Células Somáticas (CCS), determinação dos teores de gordura,
lactose, proteína, sólidos totais, sólidos desengordurados, acidez e pH e pesquisa de resíduos
de antimicrobianos.
lavar as mãos e mantê-las limpas durante a ordenha (de preferência, usar luvas de borracha),
imergir os tetos em solução desinfetante antes e após a ordenha, secar os tetos com papel
toalha descartável lavar os equipamentos e utensílios após cada ordenha com água aquecida,
usando os detergentes de acordo com o manual do fabricante dos mesmos, trocar borrachas e
mangueiras do equipamento de ordenha na freqüência recomendada pelo fabricante ou
quando ocorrerem rachaduras, lavar os tanques de refrigeração, usando água aquecida e
detergentes adequados cada vez que o leite for recolhido pelo transportador.
2.6 Refrigeração
Cada indústria deverá ter seu próprio programa de controle de qualidade do leite
cru refrigerado. Ao chegar na plataforma de recepção, o leite deverá ser submetido às
análises de determinação de acidez (alizarol, álcool e Dornic); teor de gordura, densidade,
extrato seco total (EST), extrato seco desengordurado (ESD), determinação do porto de
congelamento e índice de refração.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 25
a) Prova do Alizarol: misturar num tubo de ensaio 2ml de leite e 2ml de alizarol.
Interpretação:
Cor pardo-avermelhada (tijolo) ou róseo-salmão, sem coagulação: leite normal (14-18°D).
Cor pardo-avermelhada, coagulação: leite com acidez de 19 a 21°D.
Cor amarela com coagulação: leite com acidez superior a 21°D.
Cor violeta, sem coagulação: leite alcalinizado ou fraudado com água.
Serve para controlar, até certos limites, fraudes no leite, no que se referi à
desnatação previa ou adição de água. A densidade média do leite varia de 1,027 a 1,034g/cm3.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 26
Técnica: colocar uma amostra de leite (200 a 250ml) lentamente em uma proveta,
evitando a formação de espuma e mergulhar o densímetro de modo que flutue livremente.
Fazer a leitura na altura do nível de leite. Anotar também a temperatura da amostra. Proceder
ao cálculo da correção da densidade, caso a temperatura exigida (15°C) não tenha sido
exata.(usar tabela)
}
Lactose – 1,666
Proteínas – 1,346 Sólidos não-gordurosos
Minerais – 5,500
A gordura é o único constituinte com densidade menor que a água e o que mais
influi para redução da densidade do leite.
-Leite desnatado – 1,036
-Leite integral – 1,032
-Creme com 40% gordura – 0,993
Detectar fraudes
- por adição de água. O ponto crioscópico (PC) é definido como
temperatura em que o leite passa do estado líquido para o estado sólido. Índice crioscópico
padrão: Leite A e B igual a -0,0550°H (+ 0,01°C); Leite C = -0,530°H a 0,560°H (°H= graus
Horvert).
A adição de água ao leite altera o PC, fazendo com que este se aproxime de zero
(ponto de congelamento do leite). O ponto de congelamento mede os sólidos solúveis do leite.
Nas fraudes de aguagem, o cálculo da porcentagem de água adicionado pode ser feito pela
equação:
3 TRATAMENTOS TÉRMICOS
3.1 Pasteurização
3.1.1 Introdução
Dessa forma elas são utilizadas para determinar a eficiência do processo. Um leite deve
pasteurizado apresentar: Fosfatase alcalina – NEGATIVA e Peroxidase - POSITIVA.
Caso a fosfatase e peroxidase forem positivas é porque o leite não foi pasteurizado
(leite cru), ao contrário, se ambas forem negativas é porque o leite foi superaquecido.
3.2 Esterilização
3.2.1 Introdução
100
Temperatura (oC)
Temperatura (oC)
100
50
50
0
0
0 20 40 60 80 100 120
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (minutos)
Tempo (segundos)
FIGURA 15 – Processamento UHT por injeção direta de vapor combinado com trocador a
placas.
FONTE: Dairy Processing Handbook, (1995)
FIGURA 18 – Embalagem
Tetra Brik
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 36
desnaturação, que são responsáveis pelo sabor de aquecido do leite, retardam as reações
oxidativas de deterioração e influenciam a formação de depósitos em sistemas UHT indiretos.
A pasteurização desnatura 1% das proteínas do soro, o UHT indireto 70 – 90 %,
o UHT direto 50-70% e a esterilização tradicional desnaturam 100%.
Os sabores de cozido e de oxidado remanescente do processo UHT, tendem a
desaparecer do leite, durante os primeiros dias após a estocagem do produto.
4.1 Introdução
Leite e produtos derivados podem ser concentrados, isto é, parte da água existente
na sua composição pode ser removida. A concentração é aplicada com o objetivo de diminuir
o volume e aumentar a vida útil do produto sem perda da qualidade. A água pode ser
removida do leite através da evaporação. Além da água, substâncias voláteis, especialmente
gases dissolvidos, são removidos durante o processo. Evaporação é geralmente feita sob
condições de pressão reduzida – temperatura mais baixa – para evitar danos ao produto
causados pelo aquecimento. A água também pode ser removida por processos de membranas
como, por exemplo, osmose reversa e ultrafiltração. Nestes processos, uma condição de
pressão é aplicada e o leite é forçado a passar através de uma membrana seletiva. Água assim
como alguns compostos de baixo peso molecular passam pela membrana. A remoção total da
água do produto é chamada de secagem ou desidratação. Nesse processo, a secagem é
atingida pela evaporação da água de um produto previamente concentrado.
diminuição da parte líquida; praticidade de utilização do alimento, tornando viável seu uso em
quantidade maior ou menor de concentração; redução com gastos de embalagem, transporte e
comercialização; maior vida de prateleira.
O processo de evaporação é sempre realizado sob pressão reduzida, para permitir
uma menor temperatura de ebulição, evitando assim, maiores danos ao produto. Para a
redução desse impacto ao calor, a evaporação acontece sob vácuo e em algumas vezes a
temperatura não ultrapassa os 40 oC. Ao mesmo tempo, o evaporador deverá ser projetado
para que o produto tenha o menor tempo de residência possível no equipamento.
enlatamento e esterilização. O produto possui uma maior vida de prateleira e pode ser mantido
sem refrigeração. Depois da diluição, o sabor, aroma e o valor nutritivo do produto não
diferem muito do leite fresco. Normalmente, a esterilização ocorre em latas ou garrafas. O
processo UHT (ultra high temperature) seguido de envase asséptico também pode ser
aplicado. O principal problema da esterilização é a estabilidade térmica; quanto maior a
concentração do leite, menor será sua estabilidade. Logo, a concentração nunca deverá der
maior que 2,6 vezes, o que significa cerca de 22 % de sólidos não gordurosos no leite
evaporado.
O produto tradicional apresenta um escurecimento (“browning”) devido à reação
de Maillard, além de um sabor de cozido. A esterilização tradicional pode destruir cerca de 10
% da lisina disponível, metade das vitaminas B1, B12 e C, e pequenas quantidades da vitamina
B6 e ácido fólico. O produto é mais viscoso; sua viscosidade chega a ser 20 vezes maior que a
do leite fresco. Essas desvantagens não se aplicam ao processo UHT cuja perda de nutrientes
é bem pequena, a cor do leite é mais branca, viscosidade menor e sabor e aroma melhores.
O leite evaporado é muito consumido em países onde a produção de leite é
pequena ou praticamente não existe. Normalmente, o produto é diluído em água antes do uso.
A Tabela 6 apresenta a composição de alguns leites evaporados.
- a capacidade do leite em tolerar o tratamento térmico intenso sem que ocorra a coagulação
(estabilidade protéica).
Leite
Recepção e
seleção
Clarificação
Leucócitos
Pré-aquecimento
130oC, 30 s
Evaporação
45-70oC
Homogeneização Estabilização
65 oC - 5 MPa com Na2HPO4
testes para verificar a quantidade de sal ideal a ser adicionada, já que ocorrem variações no
leite entre um processo e outro
Envase: a lata é a embalagem mais usada. Depois de cheias, as latas são soldadas.
Esterilização: pode ser feita em autoclaves ou por processos contínuos. O
principal objetivo da esterilização é a destruição dos esporos bacterianos e a inativação da
plasmina (protease natural do leite). Lipases e proteases provenientes dos psicrotróficos não
são inativadas durante a esterilização. O Bacillus stearothermophilus produz o esporo mais
termorresistente. Se a esterilização destruir o B. stearothermophilus, então B. subtilis,
Clostridium botulinum e C. perfringens também serão destruídos.
A esterilização UHT é mais eficiente na destruição dos esporos bacterianos do que
a esterilização tradicional. A combinação de aplicação do pré-aquecimento e processo UHT
no leite concentrado (Figura 3) é suficiente para inativar a plasmina. Pode ocorrer alguma
coagulação (agregados protéicos) durante o processo UHT, por isso, a homogeneização
acontece depois da esterilização. Nesse caso é necessário o uso de um homogeneizador
asséptico.
Geleificação proteínas;
Formação de sedimentos;
Separação gordura;
Alterações cor/sabor;
Sobrevivência esporos;
Explosão das latas – formação de gases pelo C. sporogenes;
Destruição das proteínas pelo B. subtilis;
Reinfecção (recravação) – formação ácido, coagulação.
4.3.2.1 Descrição
Leite condensado ou leite condensado açucarado é o produto resultante da
evaporação em condições próprias do leite adicionado de açúcar (máximo de 45%). A alta
concentração de açúcar é responsável por manter a qualidade do produto e por sua maior vida
de prateleira. É usado em cafés, chá e na culinária.
Leite
Recepção e
seleção
Açúcar Clarificação
Leucócitos
Aquecimento
135oC, 5 s
Homogeneização
70 oC - 4 MPa
Resfriamento
50oC
Lactose Semeadura
0,05%
Resfriamento
18 oC
Envase
4.3.3.1 Descrição
O doce de leite deve ser fabricado com matérias primas sãs e limpas, isentas de
matéria terrosa, parasitos, e em perfeito estado de conservação. O leite empregado deve
apresentar-se normal e fresco. A classificação do leite para o processamento de doce de leite
deve ser baseada em três pontos básicos:
Qualidade organoléptica: cor, sabor, odor e aparência normais;
Acidez: parâmetro importante. A acidez titulável acima de 19 oD pode resultar na
precipitação da caseína, pois, juntamente com os sólidos do leite, o ácido láctico também
sofre concentração, aumentando, assim, sua participação relativa na composição do produto
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 49
• EXEMPLO: 100 litros de leite a 18oD de acidez, deve ser reduzido para 13oD.
Redução desejada = 18 oD – 13 oD = 5oD a ser reduzido por litro de leite.
Assim, em 100 litros de leite a neutralização será: 100 x 0,5 g = 50 g de ácido láctico. Como o
peso molecular do bicarbonato de sódio é 84 g e do ácido láctico é 90 g, utiliza-se uma regra
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 50
Leite
Recepção e
seleção
Clarificação
Leucócitos
Adição do
açúcar
Evaporação
Concentração da
mistura
Ponto de doce
Resfriamento
Envase
Resfriamento T
ambiente
Armazenamento
TABELA 7 – Quantidade de bicarbonato de sódio para 100, 150, 180 e 300 Litros de leite
para produção de doce de leite com acidez de 13 oD.
Acidez inicial do 100 L de leite 150 L de leite 180 L de leite 300 L de leite
leite
19 oD 56 g de NaHCO3 84 g de NaHCO3 101 g de NaHCO3 168 g de NaHCO3
o
18 D 47 g de NaHCO3 70 g de NaHCO3 84 g de NaHCO3 140 g de NaHCO3
17 oD 38 g de NaHCO3 56 g de NaHCO3 68 g de NaHCO3 112 g de NaHCO3
o
16 D 28 g de NaHCO3 42 g de NaHCO3 51 g de NaHCO3 84 g de NaHCO3
FONTE: ITAL (1996).
Adição de açúcar
O açúcar empregado é a sacarose (açúcar da cana) misturada ou não com glicose.
A sacarose usada deverá ser de melhor qualidade. A glicose pode ser empregada substituindo
parte da sacarose e tem como finalidade evitar a cristalização e açucaramento do doce. É
comum adicionar até 2% de glicose, sendo que acima deste teor o produto adquire
consistência viscosa.
A sacarose deve ser utilizada na proporção de 20 a 25%. A adição poderá ser feita
de três formas: tudo de uma única vez logo após o inicio da fervura; em três vezes sucessivas,
sendo 1/3 um pouco antes da ebulição; 1/3 logo após esta e o restante, quinze minutos após;
dissolvendo todo o açúcar em água ou leite, ferver, filtrar e adicioná-lo de uma só vez no
inicio da fervura.
Concentração em excesso
Além da redução no rendimento e da alteração nas características tecnológicas do
produto, pode levar a um aparecimento precoce da textura arenosa. Evita-se este defeito
exercendo um maior controle do processo de fabricação.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 52
Pouca concentração
Problema inverso ao anterior. Evita-se este problema exercendo um maior
controle do processo de fabricação.
Textura irregular
Causado por eliminação irregular de vapor do interior da massa ou pela mistura
dos ingredientes de forma inadequada.
Pouco brilho
Pode ser corrigido pela otimização da quantidade de glicose adicionada e ao teor
de gordura do produto.
Aspecto talhado
É um defeito relacionado com a estabilidade. Resulta da precipitação da caseína,
provocada por uma acidez excessiva do leite ou do açúcar ou ainda de uma parada do agitador
durante a elaboração do doce. A solução está na utilização de leite de boa qualidade. Pode-se,
também, corrigir este defeito com a adição de bicarbonatos e fosfatos que atuam como
alcalinizantes e estabilizantes.
Textura quebradiça
As principais causas deste defeito podem ser:
- Concentração excessiva dos sólidos ligada a um baixo teor de gordura;
- Material de embalagem com permeabilidade excessiva ao vapor d’água;
- Umidade relativa do ambiente muito baixa em relação ao doce.
Textura açucarada
Confunde-se com textura arenosa, mas deriva de uma adição excessiva de sacarose
em relação ao extrato seco do leite.
4.4.1 Leite em Pó
O leite é pó é usado em varias aplicações como no leite recombinado, substituição
de ovos em pães e bolos, para a fabricação de salsichas e de sorvetes etc.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 55
Leite
Recepção e
seleção
Clarificação
Leucócitos
Resfriamento e estocagem -
4oC
Pré-aquecimento
115-128 oC, 1 -6 min
Evaporação Água
45 – 70 oC
Homogeneização
P1 15-25 MPa, P2 5-10 MPa
Secagem Água
Envase
Estocagem 10 oC
Leite em
pó
superfícies. A desidratação é muito rápida e a película formada é raspada por uma faca. A
Figura 25 mostra o principio do secador.
4.4.1.2.2 Spray-Drying
A secagem em spray drying é realizada em duas fases. Na primeira, o leite é
evaporado até um teor de matéria seca de 45-55%. Na segunda fase, o concentrado é
bombeado para a torre de secagem onde é feita a secagem final. Esse processo acontece em
três estágios:
Dispersão do concentrado em gotículas muito finas;
Mistura das gotículas na corrente de ar quente, na qual a água irá evaporar
rapidamente;
Separação das partículas de leite seco do ar de secagem
A evaporação é uma etapa do processo necessária para a produção de um pó de
alta qualidade. Sem a prévia concentração, as partículas do pó serão muito pequenas e terão
um alto conteúdo de ar, pouca molhabilidade e menor vida de prateleira. Além do processo
não ser economicamente viável. A Figura 26 mostra o esquema deste tipo de secador.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 57
• Processo “Rewet”
O pó ao sair da câmara de secagem é reumidificado em torno de 10% de umidade.
Ocorre a cristalização da lactose acarretando em um produto pegajoso, formando grandes
aglomerados do pó. Em seguida esses grandes aglomerados são submetidos a um novo
processo de secagem em leito fluidizado (Figura 27).
5 PROCESSOS DE MEMBRANA
5.1 Introdução
5.4.1.1 Queijos
todo o sólido do leite enquanto a ultrafiltração permite a passagem da lactose e muitos outros
minerais de leite através da membrana. Isto freqüentemente tem um benefício para o produtor
de queijo, uma vez que este queijo produzirá menos soro de leite a ser manuseado e aumento
do rendimento.
5.4.1.3 Sorvetes
Produção livre de lactose, livre de açúcar ou sorvete com baixo carboidrato podem
ser obtidos utilizando-se Ultrafiltração em conjunto com a diafiltração (adição de água) para
remover acima de 96% da lactose do leite. O sorvete final pode conter em média menos de 1
grama de carboidrato por porção no produto final. A adição do substituto do açúcar irá
satisfazer o consumidor de doce e preencher a necessidade de sorvete no crescimento do
mercado dos consumidores de dietas "livres de carboidrato", seguindo a famosa dieta Atkins e
dietas antiaçúcar.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 66
6 QUEIJOS
6.1 Introdução
6.2 Definição
Embora o queijo seja uma importante forma de preservar o leite, nem todos os
componentes do leite são concentrados no queijo. A lactose, alguns sais e algumas vitaminas
ficam dissolvidos na fase aquosa ou soro, senso que as albuminas e as globulinas não
coagulam juntamente com a caseína, ficando também no soro. Desta forma, o componente do
leite que determina o rendimento e caracteriza basicamente o queijo é a caseína, embora a
gordura represente, na maioria dos queijos,porcentagens iguais ou superiores às da proteína.
Sob o ponto de vista vitamínico, o queijo é considerado uma ótima fonte de
vitamina A, a qual fica dissolvida na gordura retida no queijo.
O queijo fornece uma grande quantidade de proteínas, um dos principais
componentes dos músculos, células sanguíneas, pele, unhas, cabelo, dentes e ossos. É uma
rica fonte de cálcio alimentar, importante para o fortalecimento de ossos e na prevenção de
osteoporose. A forma de cálcio encontrada no queijo é facilmente absorvida pelo organismo.
Sob o ponto de vista nutritivo, o queijo é um ótimo substituo para a carne, com as
vantagens de ser mais digestivo, de uso mais versátil, sem necessidade de cozimento e não
apresenta problema de difícil digestão.
6.4 Classificação
c) Fusão:obtida por ação de calor juntamente com adição de sais fundentes. Ex.:
Requeijão.
d) Extraído de soro: obtida por ação de calor e ácido, tem-se a precipitação das
proteínas. Ex.: Ricota.
a) Massa crua: tratamento da massa inferior a 38 oC. Ex.: Minas Padrão, Camembert.
b) Massa semi-cozida: tratamento da massa entre 38 e 42 oC. Ex.: Prato, Gouda,
Mussarela.
c) Massa cozida: tratamento da massa entre 42 e 57 oC. Ex.: Parmesão, Emmental,
Provolone.
Praticamente todos os tipos de queijos têm uma seqüência comum no seu processo
de fabricação. O grande número de variedades resulta de variações em algumas etapas da
fabricação, como: diferentes leites, diferentes culturas lácticas responsáveis pela cura,
diferentes condições de cura ect.
De um modo geral, a fabricação de queijos envolve as etapas do fluxograma da
Figura 34.
Ajuste de temperatura
Coagulação Adições – cultura láctica, cloreto de cálcio,
corante, coalho
Corte
Tratamento da massa Agitação
Cozimento
Separação do soro
Enformagem Pré-prensagem
Salga na massa
Prensagem
Salga seca
Salga Salga em Salmoura
Câmaras frias
Armazenamento
Comercialização Embalagem
Manter sob refrigeração
FIGURA 34 – Fluxograma geral do processo de fabricação de queijos.
FONTE: OLIVEIRA (1986).
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 72
a) Leite
Para se conseguir um bom queijo, deve-se empregar leite puro, fresco e filtrado,
proveniente de vacas sãs e com qualidade. Todo leite recebido na indústria passa por um
processo de seleção, onde são analisados o seu estado de conservação (acidez – indicador de
fermentação), integridade (fraudes – adição de água, etc) e estado higiênico (limpeza). São
realizadas várias análises para verificar estas características.
b) Cultura lática
A cultura lática ou fermento lático é geralmente o primeiro ingrediente adicionado
ao leite. Consta de cultivos selecionados de acordo com o tipo de queijo e que devem estar
bem ativos no momento da adição, a fim de que comecem a agir imediatamente. Emprega-se
cerca de 0,5 a 2,0% de fermento em relação ao leite, sendo que o fermento deve estar bem
homogêneo, sem grumos de coágulo, para uma perfeita distribuição no leite.
c) Cloreto de cálcio
É adicionada ao leite, uma solução de cloreto de cálcio, na quantidade de 0,02 a
0,03%, para suprir uma deficiência de cálcio solúvel, perdido na pasteurização.
d) Corante
Alguns queijos (prato, por exemplo) recebem a adição de um corante, que é
adicionado ao leite antes da coagulação. Normalmente é empregado um corante natural
extraído da semente de urucum, na quantidade de 5 a 10 mL para cada 100 litros de leite,
aproximadamente.
A) Coalho
Após adição dos demais ingredientes, o agente coagulante ou coalho é adicionado,
nas proporções exatas em função da sua atividade e do tempo de coagulação que se deseja.
Antes de ser adicionado, o coalho é diluído, visando facilitar a sua distribuição e evitar
formações de flocos de coágulos. Sua adição é lenta, sob vigorosa agitação, durante 2 a 3
minutos, após, o leite é deixado em repouso até que se obtenha a coagulação.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 73
6.5.2.2 Coagulação
Por definição, essa é a etapa decisiva na fabricação de queijos, a qual visa
concentrar a proteína do leite retendo também a gordura. O fenômeno da coagulação se deve
basicamente a caseína, a qual perde a sua estabilidade em função de vários agentes físicos
e/ou químicos, dos quais a acidificação e a ação de enzimas proteolíticas são os mais
importantes do ponto de vista tecnológico.
A coagulação do leite é semelhante, tanto na coagulação ácida como na
enzimática; entretanto, o coágulo resultante apresenta características físico-químicas e
tecnológicas diferentes. O pH do coágulo ácido é em torno de 4,6 e o do enzimático na faixa
de 6,0 a 6,5. A consistência dos dois coágulos difere significativamente; o coagulo ácido é
bastante frágil, dispersando-se facilmente em partículas finamente divididas. Entretanto, se for
fracionado provocando a dessora, resulta em um precipitado ressecado e firme, porém
quebradiço. Já o coágulo enzimático é mais firme e mais elástico, com a aparência de uma
gelatina, a qual vai se tornando cada vez mais resistente e ao ser fracionada se contrai por
sinerése, dando origem a um precipitado consistente e elástico, ou seja, não é quebradiço
como no coágulo ácido.
B) Coagulação ácida
A coagulação ácida é devida ao abaixamento do pH até chegar ao ponto
isoelétrico da caseína (pI ~ 4,6). A caseína, rica em aminoácidos ácidos, possui excesso de
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 74
C) Coagulação enzimática
Embora a acidificação do leite tenha alguma influência na coagulação enzimática,
esta se processa de forma independente uma vez que o leite se coagula no seu pH natural, ou
seja, em torno de 6,6.
As micelas de caseína são constituídas de quatro frações protéicas principais: αs1-,
, αs2 -, β- e k – caseínas. A fração kapa, embora represente somente cerca de 3% da caseína,
exerce um papel protetor sobre as micelas, evitando que se coagulem ou se precipitem em
presença do cálcio.
Na coagulação enzimática, uma enzima proteolítica (coalho ou coagulante),
hidrolisa a k – caseína na ligação específica entre os aminoácidos fenilamina e metionina
(Phe105 – Met106), destruindo a estabilidade do sistema fazendo com que as micelas precipitem
ou coagulem. Em presença de íons cálcio forma-se o paracaseinato de cálcio, que é o coágulo
(Figura 35).
.
FIGURA 35 – Esquema da coagulação enzimática
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 75
A) Ponto de corte
O corte do coágulo deve ser realizado no momento certo, pois se realizado antes
haverá perdas de caseína e de gordura no soro, ocasionando rendimento menor. Se for
realizado depois, o coágulo se tornará muito rígido, dificultando a dessora, resultando em
queijos com umidade heterogênea.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 76
B) Corte
O corte deverá ser realizado com liras ou facas e tem por objetivo dividir a massa
da coalhada, visando acelerar o fenômeno da sinerése, promovendo a saída do soro.
O tamanho dos grãos da coalhada varia em função do teor de água que se deseja
no queijo a ser fabricado. Para o queijo Frescal, que contem alto teor de umidade, é necessário
cortar a coalhada em grãos maiores, pois à medida que se diminui o tamanho, maior é a
expulsão de água e mais seco é o queijo. A Tabela 10 mostra o teor de água e o tamanho do
grão dos principais queijos fabricados no Brasil.
Quando o corte é bem feito, na hora certa e de maneira correta, o soro terá uma
cor esverdeada e será límpido caso contrário terá uma cor esbranquiçada.
contínua e sim alternada,com períodos de repouso, o que ocasiona uma ligeira aglomeração
dos grãos dando origem a pequenos bolos de massa. Essa aglomeração diminui a intensidade
da dessora, dando origem a queijos mais úmidos. Quando, porém, se deseja uma dessora mais
intensa, a agitação é contínua e cobre toda a extensão do tanque, de modo a manter os grãos
bem dispersos.
O tempo de mexedura varia em função do tipo de queijo que se fabrica.Para os
queijos frescos (Minas Frescal), com alto teor de umidade, o tempo de mexedura não deve ser
muito prolongado (+ 30 minutos), já para os queijos duros e semiduros (Parmesão e Prato) a
mexedura tem uma duração maior.
D) Aquecimento da coalhada
Da mesma forma que o corte e a mexedura, a elevação da temperatura, favorece a
dessoragem. A ação destes três fatores mais a acidez produzida pelas bactérias do fermento,
são os principais fatores de dessoragem. Enquanto o corte, a mexedura e acidez são fatores
essenciais à fabricação de queijos, o aquecimento é um recurso utilizado quando se deseja
fabricar um queijo com menor teor de umidade, como por exemplo, a Mussarela, o Prato e o
Parmesão. Para os queijos moles como o Minas Frescal, não há necessidade de aquecimento
já que o teor de água deste queijo é bastante elevado.
A temperatura máxima de cozimento é especificamente controlada para cada tipo
de queijo, dando origem aos queijos de massa semicozida, quando a faixa de temperatura
escolhida para o cozimento se efetua entre 37- 40 oC e massa cozida, quando o cozimento se
efetua entre 45 – 54 oC.
A operação de cozimento da massa é bastante delicada, exigindo um aumento
gradativo de temperatura. Geralmente, inicia-se o aquecimento cerca de 15 a 20 minutos após
o corte e o incremento da temperatura deve ser gradativo, cerca de 1 oC para cada 2 – 3
minutos, até atingir a temperatura estipulada para o cozimento. Em certos casos, pode-se
interromper o aquecimento por alguns minutos antes de se atingir a temperatura máxima
desejada.
O cozimento pode ser realizado através da adição de água quente ou vapor fluente
na camisa do tanque, tendo-se o cuidado para que não haja superaquecimento em certas
regiões da camisa, o que é mais provável quando se utiliza vapor. Um outro sistema mais
tradicional de aquecimento da massa é através da adição de água quente diretamente sobre a
mistura massa mais soro. Neste caso, normalmente se remove cerca de 20 a 30 % do soro para
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 78
dar lugar à água de aquecimento. Deve-se levar em conta que este sistema de aquecimento
promove uma pequena diluição na acidez, o que pode ser desejável em casos de excesso de
acidificação.
E) Ponto de massa
O tempo gasto na operação de dessora, envolvendo a agitação e o cozimento,
varia de acordo com o grau de desidratação desejado na massa, que por outro lado, depende
da consistência e umidade que se deseja no queijo final. O ponto de massa (ou ponto da
coalhada) é conhecido por um conjunto de variáveis envolvendo consistência, densidade,
elasticidade e cor dos grãos, juntamente com o controle da acidez do soro. Normalmente se
gasta de 30 a 120 minutos, sendo que para cada tipo de queijo o tempo é mais ou menos
constante.
6.5.2.4 Enformagem
Ao se atingir o ponto, a massa é separada do soro, a fim de ser moldada em
formas próprias cujas dimensões e formatos variam conforme o tipo de queijo.
6.5.2.5 Prensagem
Com exceção de alguns tipos de queijos de massa crua e alta umidade,
imediatamente após a enformagem, as formas são tampadas e levadas à prensagem. Esta
operação visa unir os grãos de massa, dando origem a um só bloco de estrutura homogênea,
que define o formato próprio do queijo e completa a dessora. A pressão a ser utilizada
depende do tipo de queijo, podendo variar de 5 a 30 vezes o peso do próprio queijo, e ter uma
duração de 3 a 20 horas; quanto mais desidratada for à massa, maior deve ser a prensagem. É
necessário aplicar uma pressão mais baixa no inicio, aumentando-se gradativamente até
atingir a pressão máxima desejada. Isto para evitar uma desidratação intensa somente na
crosta externa, formando uma barreira que dificultará a saída do soro das partes internas.
As prensas usadas na prensagem dos queijos variam não só conforme o tipo de
queijo, mas também de acordo com a disponibilidade material, com a tradição ect. Podem ser
usadas prensas individuais e coletivas, sendo que estas podem ser ainda horizontais e
verticais.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 79
6.5.2.6 Salga
A salga é uma etapa essencial na fabricação de quase todos os tipos de queijo,
com exceção de alguns poucos não curados. O sal (NaCl) no queijo, além de influir no sabor,
exerce importante função de controle de umidade, textura e crescimento microbiológico.
Durante a cura, a sua função inibidora controla o crescimento de microrganismos, tanto
desejáveis como indesejáveis, selecionando, assim, a flora típica que praticamente define cada
tipo de queijo.
O sal, juntamente com o ácido láctico, servem de fundo para sabores mais
distintos e delicados provenientes de outros componentes como proteína, gordura, lactatos,
citratos. O sabor típico de cada tipo de queijo resulta de um perfeito equilíbrio entre estes
componentes e os outros produtos de degradação dos mesmos, tais como: ácido acético,
propiônico, butírico, capróico, caprílico e capríco; ésteres, cetonas, peptídeos, aminoácidos.
A salga é normalmente efetuada após a dessoragem da massa. A técnica
empregada – salga seca; salga na massa; salga em salmoura – depende do tipo de queijo
fabricado.
D) Salga seca
No processo de salga seca o sal absorve a umidade do queijo, formando uma
salmoura que se difunde lentamente por pressão osmótica, resultando em processo de salga
mais demorado. Neste método, o sal não está prontamente disponível, a absorção só começa
após a formação da salmoura. Assim sendo, a umidade do queijo e a facilidade de dissolução
do sal influenciam a velocidade de salga. Este método é mais lento que a salga por salmoura,
exige mais mão de obra e há desperdício de sal resultando em um método pouco econômico.
C) Salga na massa
Na maioria dos tipos de queijos, incluindo todos os que são fabricados no Brasil, a
salga é realizada após a prensagem. Do ponto de vista o melhor momento para realizar a salga
é diretamente na massa, logo após a separação do soro, ou seja antes da enformagem. A salga
realizada na massa permite e uma melhor dosagem e melhor distribuição do sal, além de ser
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 81
muito mais rápida, dispensando tanques de salmoura, prateleiras para salga seca. É também
um processo econômico, uma vez que não há grandes perdas de sal e o tempo de
processamento é significativamente reduzido. O sal é misturado aos grânulos de massa,
depois da separação do soro e antes da enformagem. No caso em que os grânulos estejam
unidos ou aglutinados em um só bloco de massa, devido à pré-prensagem ou repouso
prolongado, esta deve ser fragmentada ou picada em pequenos cubos, antes da adição de sal.
O sal deve ser adicionado em três ou quatro porções, com intervalo de cerca de dez
minutos entre uma adição outra. Após cada adição os pedaços de massa devem ser bem
revolvidos. Após todo o sal ter sido adicionado, a massa é deixada em repouso no tanque por
alguns minutos, antes de ser colocada nos moldes. A adição de todo o sal de uma só vez
geralmente resulta em perda excessiva de gordura e umidade, além de má incorporação do sal
devido à formação de uma película rígida na superfície dos grânulos de massa que dificulta a
posterior absorção de sal.
A absorção do sal pela massa do queijo é influenciada diretamente por fatores que
afetam as taxas de difusão, tais como: área superficial do grânulos; agitação; tempo de salga;
teor de gordura, umidade e temperatura da massa. A quantidade de sal a ser usada depende, da
umidade e acidez da massa, do teor de gordura do leite empregado e do teor de sal desejado
no queijo; existindo, inclusive, tabelas que fornecem a proporção a ser adicionado em função
do teor de gordura do leite empregado.
6.5.2.8 Armazenamento
Nesta fase, o produto está completamente acabado, apenas à espera de ser
comercializado ou consumido.
Em certos tipos de queijos, o armazenamento é limitado pela vida útil do produto,
visto que queijos macios ou de elevado teor de umidade têm que ser comercializados dentro
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 83
de um determinado período, além do qual a sua qualidade poderá ser prejudicada, mesmo que
as condições de armazenamento sejam adequadas.
Seja qual for o tipo de queijo, logo após o término da cura deve-se proceder ao
armazenamento em câmaras frias com temperaturas na faixa de 0 a 5 oC e os queijos devem
ser mantidos nestas condições até o momento do consumo. Estas exigências podem ser mais
flexíveis quando se trata de queijos duros.
6.5.2.9 Embalagem
A embalagem visa, principalmente, proteger os queijos contra invasão de
microrganismos na crosta e perdas de umidade por evaporação na superfície externa. Na
maioria dos casos, a embalagem colocada logo após a salga protege os queijos durante a cura,
no armazenamento e serve ainda com embalagem definitiva para a comercialização. A
embalagem tipo cry-o-vac é o tipo mais usado para queijos.
No caso de queijos duros, que possuem uma crosta bem resistente, é ainda comum
o manuseio desses queijos na cura, no armazenamento e na comercialização, sem qualquer
tipo de embalagem; pode haver, no entanto, uma impermeabilização da crosta com uma pasta
oleosa que, às vezes, contém um corante para realçar a apresentação.
Já os queijos de alta umidade como o Minas Frescal, por exemplo, não podem se
embalados satisfatoriamente em filmes plásticos sob vácuo, sendo portanto colocados em
saquinhos plásticos fechados com grampos,porém sem vácuo.
b) Estufamento Precoce
Como característica tem-se cheiro desagradável e aspecto rendado, apresentando
olhaduras de tamanho minúsculas, ou seja, até 0,5 cm. Em caso de contaminação intensa, a
massa flutua no tanque, devido ao excesso de produção de gás, não conseguindo dar ponto no
tanque. Os microrganismos responsáveis são E. coli e A. aerogenes.
Como fonte de contaminação:
Próprio fermento;
Variação na temperatura da pasteurização;
Higienização mal feita de equipamentos e utensílios;
Falta de higiene pessoal dos funcionários.
c) Estufamento Tardio
Ocorre normalmente depois da 1ª semana de maturação, geralmente durante a 2ª
semana. Como características têm-se grandes olhaduras de 1 a 3 cm, de forma irregular,
semelhante a crateras de vulcão. Os microrganismos responsáveis são do gênero
Clostridium (C.butiricus e C.sporogenes).
Como fonte de contaminação:
Poeira do estábulo;
Leite já contaminado. Quando a contaminação não é muito intensa, o uso de
fermento de boa atividade e em grande quantidade, poderá prevenir;
Afeta os queijos, principalmente Suíço, Emmental e Gruyére.
d) Defeitos de Coloração
As características são:
Manchas vermelhas devido à contaminação da salmoura com cobre, chumbo e
ferro em presença de coliformes, ou uso excessivo de salitre;
Descoloração da periferia, causada devido ao alto teor de umidade quando
embalado em Cryovac. Ocorre normalmente em queijo Minas.
Manchas brancas causadas pela reação do cloreto de sódio da salga com o CaO
usado na lavagem do queijo.Mais comuns no queijo Minas.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 85
e) Olhaduras Mecânicas
Pode ser causada por falta de acidez ou acidez excessiva do queijo, rachando-o,
bem como prensagem mal feita e temperatura de maturação elevada (18 a 20ºC).
f) Presença de Mofos
São indesejáveis por causarem aspecto indesejável, gosto estranho e perdas
econômicas, por ter que lavar o queijo. Para controlar, aplicar formol a 10%(em álcool) na
câmara ou solução de cloro a 500ppm.
g) Leveduras
Causa defeito de crosta melada devida alta umidade da câmara, fermento de pouca
atividade, e produção de pouca acidez. A crosta torna-se alcalina. Para controlar, reduzir a
umidade da câmara e lavar as prateleiras com soda a 1% a quente (70ºC). Lavar os queijos
com solução de NaCl a 5% à temperatura de 45ºC.
h) Presença de larvas
A mais comum é a Piophila casei (mosca do queijo) e a mosca doméstica.
Controlar usando telas em todas as aberturas e janelas. Manter arredores rigorosamente
limpos.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 86
a) Matéria-prima
Leite integral, de boa qualidade, coado, pasteurizado (aquecido à temperatura de
72ºC, por 15 segundos ou 65 oC por 30 minutos) e resfriado a 35 -37 ºC, em água corrente.
b) Adição de ingredientes
Fermento lático: 1 % de fermento tipo “O” a base de Lactococcus lactis subsp.
lactis e Lactococcus lactis subsp. cremoris. Cloreto de cálcio: 20 g / 100 litros de leite, ou
seja, 40 mL / 100 L de uma solução a 50%. Coalho líquido: dose normal para coagulação em
30-40 minutos a 35 -37 oC.
c) Coagulação do leite
Após a adição dos ingredientes ao leite ocorre a coagulação em 40 minutos, o que
se detecta com o teste empírico do ponto de corte.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 87
d) Corte da coalhada
Efetuado com um equipamento denominado de lira, nos sentidos vertical e
horizontal, de forma que os grãos da massa fiquem entre 1,2 cm3 e 1,5 cm3 (tamanho
correspondente a uma bala de caramelo). Na falta de liras, utilizam-se facas de aço inoxidável.
e) Repouso da massa
Após o corte, a massa deve ficar em repouso por 3 a 5 minutos.
f) Mexedura
Fazer a agitação na massa, lentamente por 3 minutos, com uma pá, colher de aço
inoxidável ou agitador próprio, repousando-a por tempo igual. As operações de agitação e
repouso devem ser repetidas mais duas vezes.
g) Ponto da massa
Verifica-se o ponto da massa quando, após o enchimento de uma forma própria
com massa e soro, este escoa rapidamente.
h) Enformagem
Após a retirada de parte do soro, coleta-se a massa em formas apropriadas com
furos nas laterais e de fundos rendados. Esse tipo de forma facilita o escoamento rápido do
soro.
i) Salga
Após 30 minutos, virar o queijo dentro da própria forma e salgar a face exposta,
com 15 g (uma colher de sopa) de sal refinado. Depois de 1 hora, virar novamente o queijo, na
mesma forma e salgar a outra face com a mesma quantidade de sal.
j) Rendimento
1 kg de queijo é produzido com 7 litros de leite. Pode consumi-lo
após sua elaboração.
l) Embalagem e durabilidades
Em sacos de plástico comuns. Sete dias, com conservação a 5ºC.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 88
7.1.2 Mussarela
Sua fabricação iniciou-se por volta do século XVI, na Itália. Nessa época, era
fabricada exclusivamente a partir de leite de búfala, mas devido ao grande consumo e à
escassez do leite de búfala, começou-se a produzi-la misturando-se leite de vaca ao leite de
búfala ou fabricando-a exclusivamente com leite de vaca.
A mussarela é um queijo que, no Brasil, não possui um padrão de fabricação,
conseqüentemente sua qualidade pode oscilar muito em função destas variações. A produção
com leite ácido dificulta uma padronização de sua qualidade e o leite cru de má qualidade
microbiológica aumenta as chances de toxinfecções (uma vez que a filagem não substitui a
pasteurização do leite). Além disso, aumentam as chances de aparecimentos de defeitos.
Algumas indústrias usam soro-fermento em substituição ao fermento láctico o que
aumenta a responsabilidade na manutenção da atividade deste fermento, porém torna difícil a
obtenção de características desejáveis quando esta é destinada para pizzarias. Já a utilização
de fermento láctico mesofílico ou termofílico requer alguns cuidados, mas aumentam as
chances de boa qualidade, desde que se tenha uma boa matéria prima. Outras alternativas de
produção tem surgido nos últimos anos, como por exemplo a fabricação de mussarela
utilizando-se a acidificação direta do leite, por meio de ácidos orgânicos alimentares, o que
não exige fermento.
Uma boa mussarela deve possuir uma crosta fina, consistência semidura, textura
compacta, fechada, coloração esbranquiçada, odor suave e sabor ligeiramente ácido e salgado.
Além disso, a mussarela destinada aos fast foods ou pizzarias devem apresentar características
especiais como boa fatiabilidade, bom derretimento, não escurecer quando assada, não separar
muita gordura quando aquecida, ect.
a) Matéria prima
O leite deve ser de boa qualidade (sem colostro, antibióticos etc.), com acidez em
torno de 15 e 18 oD, padronizado para 3,0 – 3,2 % de gordura e pasteurizado a 72 oC por 15
segundos ou 65 oC por 30 minutos.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 89
b) Adição de ingredientes
A quantidade de cloreto de cálcio usada é de 40 mL / 100 mL de uma solução a
50%. O cloreto de cálcio melhora a aptidão do leite à coagulação devido a insolubilização de
sais de cálcio durante a pasteurização.Com isso, melhoram-se as propriedades da coalhada e
diminuem-se as perdas dos constituintes no soro durante o corte da massa.
Para o fermento láctico usa-se o equivalente a 1,0 % do fermento mesofílico (Tipo
“O”) composto de Lactococcus lactis subsp. lactis e Lactococcus lactis subsp.cremoris. Com
este fermento, a massa atinge o ponto de filagem em aproximadamente 10 – 12 horas após a
acidificação do leite. Já quando se usa o equivalente a 1 % de fermento termofílico, composto
de Streptococcus thermophilus, atinge-se o ponto de filagem em aproximadamente 4 a 6 horas
após a acidificação do leite.
Quando se trabalha com fermento mesofílico, deve-se periodicamente medir o pH
da massa ou fazer o teste de filagem. Atingindo um pH de 5,3 -5,4ou a massa começar a filar
no teste, deve-se resfriá-la imediatamente em água gelada (2 – 5oC) ou em câmara fria, pois
caso contrário, esta pode fermentar em excesso e com isso a massa pode passar do ponto de
filagem e não consegue mais transformá-la em mussarela. Com o fermento termofílico este
efeito não ocorre, pois se trata de bactérias com maior controle de fermentação. Este tipo de
fermento dá boas características na mussarela para pizza. O fermento termofílico permite que
todo o processamento de fermentação e filagem sejam feitos no mesmo dia, pois tratá-se de
bactérias mais rápidas e acidificantes.
Com o fermento mesofílico a massa é fermentada a temperatura ambiente, mas
deve-se tomar cuidado no inverno quando a temperatura é muito baixa. Já com o fermento
termofílico a massa deve ser fermentada uma temperatura de aproximadamente 40 oC.Para
isso, ela é fermentada, muitas vezes, sob o soro aquecido.
O coalho deve ser adicionado assim que todos os ingredientes acima tiverem sido
incorporados ao leite. A quantidade empregada vai ser a suficiente para coagular o leite em 40
minutos (esta quantidade varia de fabricante para fabricante). A temperatura do leite deve
estar em torno de 32 oC. O coalho deve ser diluído em água que não tenha cloro e adicionado
lentamente ao leite.
c) Corte da coalhada
O corte deverá ser lento e realizado com auxilio de liras verticais e horizontais. Os
grãos obtidos devem possuir de 1,0 a 1,5 cm de aresta (aproximadamente do tamanho de uma
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 90
azeitona, também chamado de grão 2) ou pouco menor (grão de milho) caso queira um
produto mais firme.
d) Mexedura
A massa deverá ser agitada, suavemente, sem aquecimento, durante 20 minutos.
Após esse tempo, aquece de forma indireta ou com água quente até atingir 43ºC e continua
mexendo até atingir o ponto certo, que é quando a massa estiver firme e formando um bloco
na mão quando manipulada.
e) Dessoragem e fermentação
Coloca-se a massa em uma extremidade do tanque e faz-se a dessoragem. Após o
completo escoamento do soro e formação de um bloco homogêneo no tanque, corta-se a
massa em pequenos blocos de mais ou menos 20cm. Deixam-se estes blocos da massa
fermentando sobre uma mesa por aproximadamente 20 horas (fermento mesofílico) ou 6
horas (fermento termofílico), até que a massa se apresente em condições para ser filada.
Nesta etapa, a lactose é fermentada até a formação de ácido láctico, que reage
gradualmente com a massa removendo o cálcio através da formação de lactato de cálcio e
tornando a massa cada vez mais desmineralizada. Simultaneamente, ocorre um abaixamento
progressivo do pH até que a quantidade de cálcio, ligado as micelas de caseína (que dissociam
progressivamente), atinja um tal teor que permita a massa ser aquecida e então venha a filar.
Em condições normais, a filagem se dará numa faixa de pH entre 4,8 e 5,5 pois será
dependente dos teores iniciais de cálcio e de caseína do leite.
f) Filagem
Para se fazer um teste de filagem, corta-se uma pequena e fina fatia da massa e
coloca-se por uns segundos em água a 80°C, em seguida, tenta-se esticá-la, para ver se está
em condições de ser filada. Se esticar sem quebra é porque esta na hora,mas se quebra é
porque falta ou passou do ponto.
Antes de iniciar-se a operação de filagem, corta-se toda a massa em fatias finas e coloca-se
em uma vasilha com água a 85°C. Com pá de aço inox, fila-se a massa esticando-se ao
máximo. A massa deve ser assim trabalhada até que se apresente com grande elasticidade e de
aparência plástica.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 91
g) Enformagem
Uma vez que a massa esteja bem filada, ou seja, quando não apresentar mais
grumos, estiver cozida e se esticar naturalmente, procede-se à moldagem com as mãos e, em
seguida, a enformagem.
h) Salga
Depois de fria, a mussarela segue para a salmoura a 20% e a uma temperatura de
10 a 12ºC, onde permanecerá por 20 horas, cada barra de 3 quilos. Após a salmoura, segue-se
a secagem.
i) Embalagem
Embalam-se os queijos em Cry-O-Vac e estocam-se a 5°C. A barra que ficar
acima de 5 dias na câmara terá uma melhor qualidade, pois é o tempo para estabilizar o
queijo.
7.1.3 Prato
O queijo Prato é o único queijo tipicamente brasileiro e representa
aproximadamente 40% da produção total de queijo no país. Sua tecnologia é uma adaptação
da mistura de queijos dinamarqueses, holandeses e argentinos. É obtido de leite pasteurizado,
com massa semicozida, prensado e maturado no mínimo por 30 dias. Todas as variedades
encontradas no mercado são preparadas da mesma maneira, somente variando sua
apresentação.
a) Higiene
A produção higiênica do queijo assegura a qualidade microbiológica do produto,
além de prolongar sua vida útil. A seguir, daremos algumas normas que devem ser seguidas
para alcançar os objetivos propostos: vigiar a saúde do rebanho e do pessoal encarregado da
ordenha e manipulação do leite, afastando os portadores de doenças até ficarem
satisfatoriamente curados; manter os locais de ordenha e produção limpos e higienizados;
estes devem ter pisos acimentados que facilitem sua limpeza, boa iluminação e aeração,
evitando ao máximo o acesso de insetos; manter os utensílios empregados na ordenha e
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 92
b) Matéria-prima
O leite deve ser de boa qualidade (sem colostro, antibióticos etc.) e a quantidade
de creme deve ser integral; não deve preparar-se queijo prato de leite desnatado. A
pasteurização é uma operação obrigatória para esse tipo de queijo. Sua finalidade é eliminar
todos os microrganismos (germes) causadores de doenças. A maneira correta de realizar esta
operação é aquecer o leite até 65 oC, durante 30 minutos ou 72 oC por 15 segundos. Após o
aquecimento, o leite deve ser resfriado a 32°C.
c) Adição de ingredientes
A quantidade normalmente adicionada de fermento láctico está em torno de
1,5% do volume do leite. O fermento utilizado para a fabricação deste tipo de queijo é
composto principalmente de Lactococcus lactis subsp. lactis e Lactococcus lactis subsp.
cremoris.. Outros microrganismos como o Lactococcus lactis subsp. lactis biovar.
diacetylactis, também podem ser empregados, sendo este último utilizado quando se deseja
um queijo com olhaduras. O fermento láctico é o que vai conferir o aroma, sabor e textura
característicos do queijo durante o processo de maturação.
O corante não possui nenhuma finalidade química ou biológica. A função dele é
conferir uma aparência mais amarelada ao queijo. O único corante que poder ser empregado é
o vegetal, extraído de uma planta conhecida com urucum (nome científico: Bixa orellana),
sendo seu pigmento conhecido como bixina. A quantidade de corante adicionado ao leite para
a fabricação do queijo tipo Prato varia de 6 a 12ml para cada 100 litros de leite, sendo que
cada região adota uma quantidade específica, dependendo do mercado.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 93
O coalho deve ser adicionado assim que todos os ingredientes acima tiverem sido
incorporados ao leite. A quantidade empregada vai ser a suficiente para coagular o leite
em 40 minutos (esta quantidade varia de fabricante para fabricante). É recomendado o uso de
coalho líquido para pouca quantidade de leite, pois normalmente este tipo de coalho possui
um poder coagulante menor, não causando nenhum problema no caso de haver excesso na
aplicação. Para grandes volumes de leite, normalmente se usa o coalho em pó, com poder
coagulante maior. Este coalho deve ser diluído em água que não tenha cloro, com auxílio de
um pouco de sal. O líquido pode ser adicionado diretamente ao tanque. Após a adição do
coalho, deve-se misturar corretamente o coalho ao leite (mais ou menos durante 2 ou 3
minutos).
d) Coagulação
Demora em média 40 minutos, período durante o qual o leite deve permanecer em
completo repouso. Quando o leite demora mais tempo para coagular, pode ser indicativo de
algum problema, o qual deve ser identificado. Os mais comuns são: pouca quantidade de
coalho adicionada; coalho velho; temperatura ineficiente ou excessiva; problemas com o
fermento; leite com colostro; leite mastítico, etc.
e) Ponto da coalhada
Assim que estiver formado um coágulo resistente, deve-se verificar o ponto da
coalhada. Existem diferentes maneiras de se fazer, sendo que cada queijeiro possui a sua
pessoal, como, por exemplo, abaixar a coalhada com a mão na beirada do tanque: se a
coalhada estiver aderindo à parede é sinal de que ainda está mole, se desprender facilmente,
está no ponto. Também se faz a verificações introduzindo a mão na coalhada com a palma
para cima, fazendo um corte com o dedo polegar e analisando a consistência. Outro método
seria fazer um corte na coalhada, de forma vertical e depois introduzir a faca
horizontalmente, forçando para cima, observando a consistência. Caso a coalhada seja cortada
muito antes do ponto, haverá uma perda excessiva de massa, o que irá diminuir o rendimento
no queijo. Ao contrário, coalhada muito dura, produzirá um queijo muito duro e seco.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 94
f) Corte da coalhada
A finalidade do corte da coalhada é aumentar a superfície de dessoramento
(sinerése). Para o queijo Prato, adota-se o tamanho de grão número 4, ou seja, do tamanho de
um grão de arroz. Esta operação deve ser feita devagar. O método correto de corte é o
seguinte: primeiro no sentido longitudinal; segundo no sentido transversal. Após esse
primeiro corte, quando se obtém cubos individualizados, deve-se dar um pequeno repouso (5
minutos) e proceder ao repasse dos grãos para torná-los ainda menores (tamanho de grão de
arroz).
g) Primeira mexedura
A primeira mexedura tem uma duração de 20 a 25 minutos e seu objetivo é dar
resistência aos grãos, preparando-os para que possam agüentar uma segunda mexedura, mais
intensa. É feita com pás e deve ser bem lenta no início, podendo ser um pouco mais acelerada
no final. Em algumas indústrias, é feita com equipamentos mecânicos utilizando-se a rotação
lenta da máquina.
h) Dessoragem
Após o término da primeira mexedura, dá-se um pequeno descanso para que os
grãos, já mais densos devido à saída de soro (sinerése), caiam para o fundo do tanque. Então,
com o auxílio do sifão ou com um vasilhame, retira-se cerca de 30% do soro (esta relação se
faz em função ao volume inicial de 10 leite, por exemplo: de 100 litros de leite, retira-se 30
litros de soro).
i) Segunda mexedura
Como os grãos estão agora mais consistentes, eles suportam uma mexedura mais
intensa. Juntamente com essa mexedura, inicia-se o processo de adição de água à mistura grão
+ (grão + soro). O volume de água adicionada é de 25 a 30% do volume inicial do leite,
devendo ser quente (em torno de 70 °C). A incorporação desta água deve ser vagarosa, de
modo a elevar 1°C a cada 2 minutos, até atingir 41°C. Esta temperatura deve ser mantida até o
ponto de prensagem. A mexedura é feita através de uma agitação violenta (o grão já suporta
isso). Com este procedimento, consegue-se uma maior expulsão de soro dos grãos devido à
temperatura elevada, acidez desenvolvida pelo fermento; concentração de sal adicionado e
agitação.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 95
j) Ponto da massa
O ponto da massa é conseguido mais ou menos 50 minutos após o corte, ou seja, quando os
grãos se apresentam ligeiramente firmes, secos, individuais, e quando pressionados oferecem
uma certa resistência. Se o ponto é dado antes do tempo, teremos maior umidade no queijo,
um produto mais ácido e com menor durabilidade.
l) Pré-prensagem
Quando os grãos estiverem no ponto, dá-se um repouso para que os mesmos desçam para o
fundo do tanque e, então, com o auxilio de prensas de madeira furadas simetricamente,
encostamos a massa (grãos) em uma das extremidades do tanque (lado oposto ao do registro
de saída). Coloca-se sobre a madeira superior um peso que seja 2 vezes o peso da massa para
que os grãos, antes individualizados, se unam em uma massa homogênea. Essa pré-prensagem
deve ser feita dentro do soro, o que manterá a temperatura da massa e evitará a inclusão de ar,
evitando com isso as olhaduras mecânicas. O tempo de pré-prensagem é de aproximadamente
20 minutos.
n) Prensagem final
As finalidades da prensagem final são: expulsar o soro residual, principalmente
aquele existente entre os grãos; dar forma ao queijo; iniciar a formação da casca do
queijo.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 96
A prensagem deve ser feita aos poucos, para evitar a formação da casca muito
rápido no início, o que levaria a uma retenção excessiva de soro no queijo. A primeira deve
ser de 20 minutos e a segunda de 1 hora e 40 minutos. Entre uma prensagem e outra, o queijo
deve ser retirado da fôrma, ter as aparas cortadas, virados e colocados novamente na forma.
Após a prensagem, o queijo fica até o dia seguinte para que abaixe a acidez.
o) Salga e secagem
Para salgar corretamente um queijo são necessárias, em média, 24 horas por cada
kg de queijo, mais 12 horas para cada kg excedente (assim, um queijo de 2kg fica 36 horas na
salmoura). Essa salmoura deve estar com uma concentração de 20% e temperatura de 10 a
12°C. Após a salga, o queijo deve ir para um lugar arejado e fresco onde permanece por
espaço de 24 horas.
p) Maturação
A maturação do queijo é uma etapa importantíssima, pois é nela que os
microrganismos do fermento vão agir, conferindo-lhe suas características próprias de textura,
aroma e sabor.
A maturação é realizada em câmaras de cura com temperatura de 12 a 15°C e
umidade relativa do ar em torno de 85%. Isto quer dizer que devem ser guardados em quartos
higiênicos, frescos e úmidos. O tempo de maturação varia de indústria para indústria, mas o
mínimo recomendado é de 25 dias. Uma boa prática é a maturação do queijo sem embalagem
por 15 dias. Passado esse período, os queijos são lavados em uma solução de cal a 5% para
eliminar o crescimento de mofos na casca do queijo. Após a secagem, o queijo é então
embalado em película plástica denominada cry-o-vac e completa-se a maturação por mais 10
dias.
Muitas indústrias embalam o queijo 4 a 5 dias após a salga e o maturam com
embalagem a 12-15°C.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 97
O uso da ultrafiltração do leite tem sido uma inovação tecnológica bastante usada
para melhorar a textura dos queijos de baixo teor de gordura.
9 LEITES FERMENTADOS
9.1 Introdução
9.2 Definição
Com creme: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda mínima de 6,0
g/100 g.
Integrais: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda mínimo de 3,0
g/100g.
Parcialmente desnatados: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda
máximo de 2,9 g/100g.
Desnatados: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda máximo de 0,5
g/100g.
Leite concentrado, creme, manteiga, gordura anidra de leite butteroil, leite em pó,
caseinatos alimentícios, proteínas lácteas, outros sólidos de origem láctea, soros lácteos,
concentrados de soros lácteos. Frutas em forma de pedaços, polpa(s), suco(s) e outros
preparados à base de frutas. Maltodextrinas. Outras substâncias alimentícias tais como: mel,
coco, cereais, vegetais, frutas secas, chocolate, especiarias, café, outras, sós ou combinadas.
Açúcares e/ou glicídios (exceto polialcoóis e polissacarídeos). Cultivos de bactérias lácticas
subsidiárias. Amidos ou amidos modificados em uma proporção máxima de 1% (m/m) do
produto final. Os ingredientes opcionais não lácteos, sós ou combinados deverão estar
presentes em uma proporção máxima de 30% (m/m) de produto final.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 105
9.5.1.1 Leite
“Leite é o produto íntegro da ordenha completa e ininterrupta de uma fêmea
leiteira sã, bem alimentada e não fatigada, recolhido higienicamente e sem conter colostro”.
Qualidade do leite
A qualidade do produto final está intimamente ligada à qualidade da matéria
prima. Pôr mais avançada que seja a tecnologia empregada no processo, nunca se conseguirá
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 107
b) Sabor amargo – Sabor de ranço: causadas por bactérias psicrotróficas, que se desenvolvem
a baixas temperaturas. Este problema pode ocorrer principalmente quando o leite fica
estocado por um período superior a 24 horas. O sabor amargo persiste ao tratamento térmico,
prejudicando o sabor final do iogurte. As principais causas da presença de psicrotróficos e
suas enzimas no leite é a má condição higiênica das instalações nas propriedades rurais aliado
ao armazenamento prolongado do leite cru sob refrigeração.
c) Sabor de ranço, oxidação: pode ocorrer em leite de final de lactação, leite com alto teor de
gordura, ou com alta contaminação por bactérias lipolíticas, que degradam a gordura. O sabor
de ranço persiste a pasteurização, prejudicando o sabor do produto final.
d) Leite salgado, odor desagradável, gomoso: leite proveniente de gado com mamite,
impróprio para consumo humano, só utilizar o leite após curar a enfermidade do gado.
e) Leite com baixa acidez: leite suspeito de fraude por aguagem, ou proveniente de gado com
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 108
9.5.1.2 Açúcares
A sacarose é o açúcar mais empregado na fabricação de iogurte. Este pode ser
adicionado diretamente ao leite ou, no caso de iogurte batido com polpa de frutas, ser
adicionado juntamente com a polpa na forma de geléia. No caso da adição de açúcar ao leite,
este deve ser misturado ao leite em pó desnatado e adicionado ao leite antes do tratamento
térmico, uma vez que o mesmo apresenta maior solubilidade a altas temperaturas. Além disto,
o tratamento térmico permite destruir os microrganismos, presentes no açúcar, principalmente
leveduras, as quais podem provocar estufamento da embalagem durante a vida de prateleira
do produto.
A quantidade utilizada depende do gosto do mercado, em geral é adicionado na
faixa de 5 a 12 % em relação ao volume de leite. Acima de 12 % pode ocorrer a inibição das
culturas lácticas do iogurte devido ao efeito osmofilico. A quantidade de açúcar a ser
adicionada, depende da concentração de açúcar presente na polpa ou suco da fruta e da doçura
estabelecida para o produto final.
A adição de adoçantes ao leite é normalmente aplicada na fabricação de leites
fermentados light ou diet em quantidades mínimas estabelecidas pela legislação. Os adoçantes
mais utilizados em leites fermentados são: sacarina, aspartame, ciclamato, estévia e sorbitol.
9.5.1.6 Estabilizantes
São substâncias que apresentam uma grande variedade de aplicações na industria
de alimentos, em especial em produtos de laticínios que tem como principais funções:
aumentar a capacidade de retenção de água do gel; evitar a sedimentação de partículas de
componentes de formulação do produto, através da formação de uma rede microscópica que
aprisiona essas partículas; formar géis bastante estáveis por ligações com as proteínas e sais
do sistema; prevenir o problema da sinerése em leites fermentados; melhorar as características
sensoriais do produto final, tornando-o mais consistente e mais encorpado.
São, portanto, substâncias que favorecem a manutenção das características físicas de
emulsões e suspensões, gerando produtos de melhor qualidade. Os estabilizantes utilizados na
fabricação de leites fermentados devem apresentar as seguintes propriedades: alto grau de
pureza microbiológico, sabor neutro, para não mascarar o sabor e o aroma das frutas, ser
facilmente solúvel em água e em leite, alta capacidade de retenção de água, proporcionar
consistência e viscosidade desejadas com adição de pequenas quantidades, estabilidade em
pH ácido e não apresentar cor.
Entre os principais estabilizantes encontramos:
- goma guar
- goma alfarroba (jataí)
- ácido algínico e alginatos
- agar – ágar
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 113
9.5.2.1 Clarificação
O leite destinado à fabricação de iogurte deve ser clarificado antes de ser
submetido ao tratamento térmico. A clarificação remove partículas não dissolvidas, sujeira,
leucócitos, células epiteliais e resíduos diversos que podem causar a formação de um
precipitado branco no produto final.
9.5.2.3 Homogeneização
Quando o iogurte á feito com leite integral ou parcialmente desnatado deverá ser
homogeneizado. O processo é feito com o leite a uma temperatura entre 60 – 70 oC, quando a
gordura está na forma liquida.
A homogeneização afeta diversas propriedades do iogurte incluindo a eliminação
de separação de gordura durante a incubação para a fermentação, distribuição homogênea da
gordura, aumento da firmeza do coagulo, melhor consistência e viscosidade do iogurte, reduz
a sinerése, melhorando a estabilidade do produto.
9.5.2.7 Resfriamento
A função do resfriamento e inibir rapidamente o crescimento da cultura láctea,
visando prevenir a elevada produção de ácido lácteo e também a separação da água. O
resfriamento dos iogurtes podem ser feitos em câmaras frias ou túneis de resfriamento, ou no
próprio tanque onde foi efetuada a coagulação.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 116
Sinerése – dessoramento
Baixa viscosidade
O iogurte com baixa acidez, por exemplo, pH maior que 4,6, favorece a separação
de soro porque a estrutura do gel não foi suficiente formada.Por outro lado, se o pH estiver
abaixo de 4,0, a concentração do coagulo devido à redução da hidratação das proteínas
também causa dessoramento. Da mesma forma, temperatura muito baixa, por sua vez também
favorece o dessoramento devido à hidratação excessiva das proteínas. Qualquer flutuação da
temperatura durante a fermentação também favorece o dessoramento.
O iogurte é um produto “vivo” e o seu controle de qualidade tem que ser rigoroso,
para evitar prejuízos. As perdas de produção em industrias com um bom programa de controle
de qualidade são menores. O investimento em controle de qualidade, automação, e em,
sistemas de higienização eficiente certamente reduzem os riscos de contaminação. O controle
de qualidade do iogurte deve se estender até os pontos de venda.
Avanços no Controle de Qualidade de Produtos Lácteos 119
Contagem de coliformes
A presença deste grupo em produtos de laticínios indica condições de higiene não
satisfatórias durante a produção, processamento e estocagem.
Os coliformes não conseguem desenvolver no iogurte já fermentado devido à sua
elevada acidez, e caso tenham desenvolvido (no inicio da fermentação), eles acabam por
desaparecer após alguns dias de estocagem. A análise deve ser leite no leite pasteurizado
inoculado ou no iogurte recém fabricado.
As bebidas lácteas são produtos formulados contendo iogurte, soro de leite, polpa de
frutas e outras matérias primas e aditivos. Para a fabricação de bebida láctea deve-se utilizar
soro fresco, resultante da elaboração de queijos por adição de coalho, com acidez máxima de
13 oD e livre de substâncias inibidoras.O leite para a elaboração de bebidas lácteas deve
seguir os mesmos padrões já mencionados para iogurte. O processo de fermentação ocorre da
mesma maneira que para o iogurte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DÜRR, J. W. Como produzir leite de alta qualidade. Brasília: SENAR, 2005. 28 p. il.
EARLY, R.. The technology of dairy products. 2. ed. London: Blackie Academic &
Professional, 1998. 446p.
GEA FILTRATION.
<http://www.geafiltration.com/Portuguese/mercados_aplicacoes/ultrafiltracao_de_leite.htm>
Acesso em 26 Julho 2006.
<http://www.e//tora.ufla.br/Boletim/pdfextensao/bol_35.pdf#search=tecnologiadefabricacaoqueijoprato>
Acesso em 18 de Agosto de 2006.
ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos. Doce de Leite. Dossiê Técnico. Janeiro 1996.
18p.
TETRA PAK. Dairy Processing Handbook. Suécia: Tetra Pak Processing Systems AB,
[1995?]. 1CD - ROM