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Estruturas
dos Materiais
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Sumário
Conceitos 1
Constituição de um átomo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Propriedade dos átomos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Ligações químicas 2
Ligações Primárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Ligação iônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Ligação Covalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Ligação Metálica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Ligações Secundárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Estruturas Cristalina 3

Células unitárias 4

Estrutura cristalina CFC 6

Estrutura cristalina CCC 8

Estrutura cristalina HC 11

Demais estruturas 12

Direções e Planos Cristalográficos 14

As Direções Cristalográficas 15
Índice de Miller . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Massa específica 16

Discordâncias e Defeitos nos Cristais 17


Lacunas (Vazios) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Átomos intersticiais e substitucionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Superfícies livres 19

Contornos de Grão 20

2
.

Maclas 21

Discordâncias 21
Discordância em Cunha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Discordância em Hélice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Movimento das discordâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

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. Estruturas
dos Materiais

Conceitos como a soma do número de prótons e de


nêutrons (N) presentes no interior do
Constituição de um átomo
núcleo. Assim:
Um átomo é composto por um núcleo
A=Z +N (1)
que contém prótons e nêutrons, além
de elétrons que orbitam ao redor desse Apesar do número de prótons não se

núcleo. Elétrons e prótons possuem a alterar, pode ocorrer uma variação na

mesma caga elétrica (1, 602.10−19 C), po- quantidade de nêutrons, encontrando,

rém com sinais opostos, sendo a carga assim, na natureza um mesmo elemento

do elétron negativa e a do próton posi- com número de massa distinto, os cha-

tiva. mados isótopos.

Prótons e nêutrons possuem pratica- O peso atômico Ar (ou massa atômica

mente a mesma massa (1, 675.10−27 kg), relativa) representa a média ponderada

que é muito maior que a massa do elé- da massa atômica dos isótopos de um

tron (9, 11.10−31 kg). elemento. Para o seu cálculo, utiliza-se

o conceito de unidade de massa atômica


Propriedade dos átomos
(U.M.A.), cuja unidade de medida é o "u",
Pelo número de prótons, ou número sendo 1 u o equivalente a 1/12 da massa
atômico (Z), presentes no núcleo do do isótopo carbono 12, que é o mais en-
átomo pode-se caracterizar cada ele- cotrado na natureza (ArCARBON O = 12 u).
mento químico, uma vez que esse nú- Por sua vez, o peso molecular M de
mero não se altera para átomos de um uma substância é expresso em g/mol,
mesmo elemento. Cada átomo possui sendo que em 1 mol são encontrados
sua massa atômica (A), que é definida NA = 6, 023.1023 átomos ou moléculas.

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A constante NA é conhecida como nú- Ligações Primárias


mero de Avogrado. Ligação iônica

Ligação entre elementos metálicos e


Ligações químicas
não-metálicos. Os átomos de elemen-

Quando ligados, os átomos apresentam tos metálicos tem facilidade para perder

redução em sua energia potencial e se seus elétrons de valência (elétrons da

tornam termodinamicamente mais está- camada mais externa) para os elemen-

veis. tos não-metálicos, ou seja, são transferi-

Toda estrutura molecular é possível de- dos de um átomo eletropositivo para um

vido as suas ligações, que ocorrem con- átomo mais eletronegativo.

forme a reatividade quimica entre os

átomos envolvidos. Existem diversos Ligação Covalente


tipos de ligações e muitas vezes um ele-
A mais comum nas estruturas molecu-
mento possui mais uma ligação.
lares de compostos orgânicos e nos po-
A propriedades dos materiais depen-
límeros, as ligações covalentes são ca-
dem do arranjo espacial dos átomos e
racterizadas pelo compartilhamento dos
das ligações interatômicas. Como exem-
elétrons entre os átomos, gerando uma
plo, temos o diamante e o grafite que,
força de atração entre eles.
apesar de ambos serem compostos de
carbono, possuem propriedades in-
Ligação Metálica
crivelmente distintas graças ao modo
como as cadeias de carbono se organi- Encontradas nos metais e suas ligas,

zam. possuem um, dois ou no máximo três

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elétrons de valência que não estão liga- um reticulado periódico tridimensional,

dos a um único átomo, sendo, assim, de que forma a estrutura cristalina. Além

certa forma, livres para se ligar a outros de todos os metais possuírem estrutura
átomos, formando as "nuvens eletrôni- cristalina, alguns materiais cerâmicos e
cas"ou "nuvens de elétrons". poliméricos (no estado sólido) também
O resto dos elétrons (fora da camada de apresentam essa estrutura.
valência) junto com o núcleo atômico O arranjo espacial dos átomos pode ser

formam os núcleos iônicos. representado por pontos e também é

chamado de rede cristalina. Segundo


o modelo atômico da esfera de corpo
Ligações Secundárias
rígido, o átomo ou molécula é conside-
Também conhecidas como Ligações de
rado uma esfera sólida e seu posiciona-
van der Waals, são resultantes da pola-
mento define seu tipo de células unitá-
rização da molécula, formando dipolos
rias (unidade de repetição da estrutura
induzidos ou permanentes (Ponte de
cristalina).
Hidrogênio), sendo assim interações fra-
Materiais que não apresentam reticu-
cas quando comparadas com as ligações
lados, ou seja, não há uma organização
primárias.
periódica de seus átomos, são materiais
Estruturas amorfos.
Cristalinas
Um material cristalino é definido como
um sólido com átomos arranjados em

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Figura 4: Estrutura cristalina de NaCl.

Células unitárias • Cúbica de faces centradas (CFC);

Cada unidade de repetição do reticu- • Cúbica de corpo centrado (CCC);

lado cristalino recebe o nome de célula


• Hexagonal compacta (HC).
unitária, que é geralmente represen-

tado por um cubo. Também há outras Os átomos dos cristais metálicos podem

formas, como a hexagonal e a romboé- ser considerados esferas rígidas. Devido

drica, onde os átomos estão localizados a variações de pressão e temperatura,

de formas ordenadas e cada disposição alguns elementos elementos podem

diferente representa um tipo de estru- apresentar diferentes estruturas cris-

tura cristalina. talinas no estado sólido. Esse fenômeno

Ao todo, existem 14 maneiras diferen- é conhecido como alotropia. No caso de

tes de estrutura cristalina, conhecido uma substância composta, o fenômeno

também por reticulados de Bravais. As equivalente é denominado de polimor-

mais importantes são as três formas fismo.

mais comuns encontradas nos metais:

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Exemplo
Petrobras Biocombustível - 2011 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior
- Inspeção - 21
Considerando a geometria de uma célula unitária, com comprimentos de
arestas a, b, c e ângulos entre eixos α, β, γ, o sistema cristalino triclínico é ca-
racterizado pelas seguintes relações entre os parâmetros de rede:
(A) a = b = c e α = β = γ = 90

(B) a = b = c e α = β = γ ̸= 90

(C) a = b ̸= c, α = β = 90 e γ = 120

(D) a ̸= b ̸= c e α = β = γ = 90

(E) a ̸= b ̸= c e α ̸= β ̸= γ ̸= 90

Solução:

Os termos a, b, c são os parâmetros de rede e α, β, γ os ângulos entre eles.

Do conhecimento das 7 estruturas cristalinas, tem-se que a geometria do

triclínico é um retângulo torcido em um de seus pontos inferiores (ver ta-

bela), sendo seus parâmetros de rede e seus ângulos diferentes entre si.
Resposta: E

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Estrutura trutura. As esferas ou núcleos iônicos se


Cristalina CFC tocam ao longo de uma diagonal de face.

Sendo a o comprimento da aresta do


A estrutura cristalina cúbica de face
cubo e r o raio atômico, temos a se-
centrada é caracterizada por apresen-
guinte relação:
tar um átomo em cada um dos vértices

e em no centro de cada face de sua es- a = 2.r. 2 (2)

Figura 5: Estrutura CFC.

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Exemplo
Petrobras Biocombustível - 2010 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior
- Inspeção - 41
Um metal possui estrutura cristalina do tipo cúbica de face centrada e um
raio atômico equivalente a 0, 12 nm. Quantos átomos por centímetro pos-

sui na direção [101]?

(A) 2, 5.105

(B) 4, 2.107

(C) 6.108

(D) 7, 5.109

(E) 10.101 0

Solução:

Esta questão utiliza o conceito de densidade linear (DL):

Número de átomos centrados no vetor direção


DL = Comprimento do vetor direção
Para a estrutura CFC no plano [101] temos:

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dos Materiais

O tamanho do vetor é igual a metade da diagonal, logo:

1 1
DL = = = 4, 2.107
2.r 2.0, 12.10−9

Este conceito pode ser aplicado também para a densidade planar.

Resposta: B

Estrutura cia por apresentar, além dos átomos dos


Cristalina CCC vértices, um único átomo no centro.

A estrutura cristalina de corpo centrada Para essa estrutura, temos a seguinte

CCC, assim como a CFC, apresenta um relação:


4.r
átomo em cada vértice, mas se diferen- a= √
3

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dos Materiais

Figura 6: Estrutura CCC.

As arestas das células unitárias são co- O volume Vo c pode ser calculado por
nhecidas como parâmetros de rede. Ou- meio da equação:

tras caracteristicas importantes de uma


Vo c = N.Va
estrutura cristalina são o número de co-

ordenação e o fator de empacotamento


Onde N é o número de átomos que efe-
(FEA).
tivamente ocupam a célula e Va é o vo-
O número de coordenação corresponde
lume de cada átomo.
ao número de átomos vizinhos próximo
Com isso, para a estrutura CFC, temos:
ou em contato. No caso da estrutura

CFC, 12, e da CCC, 8. F EA = 0, 74

Por sua vez, o fator de empacotamento


Sendo este o valor máximo de empaco-
(FEA) é dado pela razão entre o volume
tamento possível. Já a estrutura CCC
ocupado pelos átomos da célula unitária
tem:
(Vo c) e o volume da própria célula (Vc ),
F EA = 0, 68
ou seja:
Vo c
F EA =
Vc

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dos Materiais

Exemplo
Petrobras Biocombustível - 2010 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior
- Inspeção - 42
Um material qualquer possui uma estrutura cristalina do tipo cúbica de corpo
centrado, um parâmetro de rede de 0, 3 nm e uma massa atômica de 54 g/mol.
Qual será a massa específica, em g/cm3 , do material?
(A) 2, 3

(B) 4, 6

(C) 6, 7

(D) 8, 4

(E) 10, 9

Solução:

Utilizando o conceito de massa específica e sabendo que a estrutura CCC

possui 2 átomos por célula unitária, temos:

n.A 2.54
ρ= = −8
VC .NA (3.10 ) .(6, 023.1023 )
3

g
ρ = 6, 7
cm3

Resposta: C

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Estrutura mos cada. O plano intermediário possui


Cristalina HC apenas 3 átomos. Pela diferença de geo-

A útima estrutura cristalina mais encon- metria, nesse caso temos c como a maior

trada é a Hexagonal Compacta. Suas fa- dimensão da célula unitária e a como a

ces superiores e inferiores são formada menos. Ambos representam os parâme-

por hexágonos regulares com seis áto- tros de rede da célula unitária.

Figura 7: Estrutura HC.

A razão entre o parâmetros geralmente


é igual a:
c
= 1, 633
a
O fator de empacotamento é igual ao da
estrutura CFC devido à igualdade dos
plnanos de máxima densidade atômica.

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Demais estruturas
A seguir é apresentado um quadro com
informações sobre as sete estruturas

cristalinas mais conhecidas.

Estrutura Eixos Ângulo entre os eixos


Cúbico a=b=c α = β = γ = 90
Tetragonal a = b ̸= c α = β = γ = 90
Ortorrômbica a ̸= b ̸= c α = β = γ = 90
Hexagonal a = b ̸= c α = β = 90 e γ = 120
Romboédrico a=b=c α = β = γ ̸= 90
Monoclínico a ̸= b ̸= c α = γ = 90 e β ̸= 90
Triclínico a ̸= b ̸= c α ̸= β ̸= γ ̸= 90

A imagem abaixo ilustra os ângulos e eixos descritos na tabela anterior.

Figura 8: Estrutura cristalina qualquer.

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. Estruturas
dos Materiais

Exemplo
Petrobras Biocombustível - 2008 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior
- Terminais e Dutos - 43
As figuras a seguir representam células unitárias características de metais
comuns.

Analisando as figuras, conclui-se que a célula unitária

(A) (i) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-

paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atô-

mico.
(B) (i) representa a estrutura cúbica de face centrada, estrutura cujo espa-
çamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atômico.

(C) (ii) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-
paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atô-

mico dividido por 2.

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. Estruturas
dos Materiais

(D) (ii) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-
paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual a duas vezes o di-

âmetro atômico dividido por 3.
(E) (iii) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-
paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atô-
mico.
Solução:

Pela figura, temos que (i) representa uma célula unitária simples com um átomo

em cada vértice. Por sua vez, a figura (ii) representa uma estrutura CCC, sendo

a = 4.r/ 3 a relação entre o parâmetro de rede a (espaçamento entre os

planos de átomos) e o raio atômico r . Já a figura (iii) representa a estrutura

CFC com relação entre o parâmetro de rede e o raio atômico dada por a =

2.r. 2.
Resposta: D

Direções e Planos A determinação dos índices é baseada

Cristalográficos em um sistema com três eixos (x, y e z),


sendo a origem um dos vértices da cé-
Ao estudar materiais cristalinos é ne- lula unitária e os eixos coincidentes com
cessário especificar algum plano crista- as arestas.
lográfico de átomos em uma dada dire-
ção. Para isso, foram estabelecidas con-
venções para determinar as direções e
os planos de um material cristalino.

14
. Estruturas
dos Materiais

As Direções nadas e pode ser movido desde que o

Cristalográficas paralelismo seja mantido (movimento

de translação).
As direções cristalográficas são defini-
das como uma linha entre dois pontos As projeções do vetor em cada eixo de-
ou um vetor. Um vetor é posicionado terminam os parâmetros de rede da cé-
com sua origem no sistema de coorde- lula unitária (a, b e c).

Figura 9: Direções cristalográficas.

Índice de Miller espaço recíproco, que é normal à família

de planos.

Os índices são normalizados (números


O índice de Miller é uma notação uti-
inteiros), podem ser negativos, depen-
lizada em cristalografia de forma a se
dendo da direção, e são apresentados da
definir famílias de planos em uma rede
seguinte forma:
de Bravais. Faz-se isso por meio de indi-
cações das coordenadas de um vetor no [hkl]

15
. Estruturas
dos Materiais

Os índices negativos são representados Com a estrutura definida, tem-se o nú-

por uma barra superior, por exemplo: mero de átomos por célula unitária (n).

Por sua vez, o volume (V ) é calculado


[11̄0]
com os parâmetros de rede. Assim, para
uma dada massa atômica A (medida em
Massa específica
g/mol) e sendo N a o número de avo-

Com a determinação dos parâmetros grado, temos:

de rede, é possível calcular a massa es- n.A [ g ]


ρ=
pecífica ρ teórica de um sólido metálico V.N a cm3

cristalino.

Exemplo
Petrobras - 2012 - Engenheiro de Inspeção - 21

Um engenheiro precisa adquirir uma certa liga metálica composta por 99%

do elemento Ficticium e, portanto, precisa da massa específica para calcu-

lar a massa total de material que será adquirido. Os únicos dados de que o

engenheiro dispõe são:

• Massa atômica = 93 unidade de massa atômica;

• Estrutura cristalina cúbica de corpo centrado com parâmetro de rede


cristalina = 0, 33 nm;

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. Estruturas
dos Materiais

• Número de Avogrado = 6, 02.1023 .

Qual a massa específica, aproximada, em kg/m3 , desse material?

(A) 2, 158
(B) 4, 315
(C) 8, 630

(D) 17, 260


(E) 21, 575
Solução:

Utilizando o conceito de massa específica e da estrutura CCC, a qual pos-

sui 2 átomos por célula unitária, temos:

n.A
ρ=
VC .NA
2.93
ρ= = 8, 63 kg/m3
3, 3.10−8 .6, 02.1023

Resposta: C

Discordâncias e A microestrutura cristalina é basica-


Defeitos nos mente constituída de defeitos crista-
Cristais linos e constituintes microestruturais,
como fases e inclusões.

Todo material cristalino, na realidade,


apresenta algum tipo de imperfeição em Os "defeitos"podem ser classificados
sua microestrutura. em:

17
. Estruturas
dos Materiais

• Puntiformes (lacunas, interstícios são realizados por técnicas avançadas

e combinações deles); de difração e microscoia eletrônica.

• Lineares (discordâncias); Lacunas (Vazios)

O mais simples dos defeitos pontuais, é


• Bidimensionais (defeitos de em-
resultado de uma posição desocupada
pilhamento, contornos de macla,
do reticulado cristalino. O vazio provo-
contornos de grão, contornos de
cado ela ausência de um átomo influen-
subgrão, contornos de antifase e
cia diretamente a movimentação atô-
interfaces entre fases diferentes).
mica (difusão), além de também poder
Os defeitos presentes no material cris- se transladar pela rede. Pode ser gera-
talino podem afetar o comportamento das por deformações plásticas ou ainda
dos materiais e, para determinar esses por irradiação de partículas como nêu-
influências, os estudos desses defeitos trons e elétrons.

Figura 10: Defeitos: lacunas e interstícios.

18
. Estruturas
dos Materiais

Átomos intersticiais e substi- seu tamanho seja próximo dos átomos


tucionais da rede, ele substitui um deles, ocor-

Defeito quando um átomo diferente se rendo o defeito conhecido como subs-

encontra em uma posição diferente da titucional.

rede. Se esse átomo for pequeno o sufi- Esses átomos pode ser impurezas ou
ciente para ocupar um espaço entre os adicionados intencionalmente para con-
átomos da rede, ocorre o chamado de- ferir características específicas ao mate-
feito intersticial. Em contrapartida, caso rial.

Figura 11: Defeitos: impurezas substitucionais e interstícios.

Superfícies livres feitas com átomos fora de suas posições


regulares.

Conhecida também por superfície ex- O valor das coordenadas dos átomos
terna, as superfícies livres são marcadas dos cristais na superfície é metade do
pelos limites do cristal, sendo uma re- valor daqueles que estão localizados
gião com alto número de ligações des- internamente. Esse arranjo resulta em

19
. Estruturas
dos Materiais

uma alta energia superficial, formando são denominados grãos e tem sua or-

uma barreira para o processo de cresci- dem de grandeza de algumas dezenas de

mento do cristal em sua solidificação. mícrons. Os contornos representam a

De uma forma geral, o ponto de fusão do interface desses grãos cristalinos. Nesta
material é diretamente proporcional a região ocorre o desalinhamento da rede

sua energia de superfície. cristalina e maior concentração de de-


feitos e ligações desfeitas.
Contornos de Grão
Os contornos de grão atuam como bar-

A grande maioria dos materiais crista- reiras ao movimento de discordâncias,

linos utilizados são policristalinos. Os sítios para nucleação de fases e cami-

pequenos cristais ao longo do material nhos de propagação de trincas.

Figura 12: Contornos de grãos.

20
. Estruturas
dos Materiais

Maclas quenos deslocamentos dos átomos de

suas posições originais. Os deslocamen-

Contornos de macla constituem um tipo tos podem ocorrer devido a tensões ou

especial de contornos de grão. Eles são tratamentos térmicos. A formação de

distorções bidimensionais da rede cris- maclas é também um mecanismo de de-

talina ou do grão. São causados por pe- formação plástica.

Figura 13: Maclas.

Discordâncias O deslocamento de um átomo provo-

cado pelo defeito pode ser determinado


Discordância é a fronteira de desalinha-
por meio do vetor de burguers.
mento de alguns átomos. Essa fronteira
Discordância em Cunha
é representada por uma linha chamada
linha de discordância. Também conhecida como discordância
aresta, ela corresponde à presença de
As discordâncias podem ser lineares ou
um semiplano de átomos introduzido
unidimensionais.
entre os planos cristalinos.

21
. Estruturas
dos Materiais

Figura 14: Discordância em cunha.

Discordância em Hélice ocorrida devido à aplicação de tensão

de cisalhamento.

A região superior é deslocada em uma

Chamada também de discordância es- distância atômica em relação à região

piral, a discordância em hélice é linear inferior, podendo seguir sucessiva-

e pode ser associada a uma distorção mente nas camadas seguintes.

Figura 15: Discordância em hélice.

22
. Estruturas
dos Materiais

Há também a discordância mista, onde Quanto maior a temperatura, maior é o

se misturam as discordâncias em cunha movimento conservativo das discordân-

e em hélice. cias.

Se, durante a movimentação, as discor-


dâncias encontrarem obstáculos, uma
Movimento das discordâncias maneira de continuar seu movimento
é mudando de plano de deslizamento.
Os movimentos das discordâncias po-
Quando as discordâncias em hélice têm
dem ser classificados como conserva-
de evitar os obstáculos, essa troca de
tivos e não conservativos, sendo que
planos ocorre e esse movimento é co-
o primeiro ocorre no plano de desliza-
nhecido como "escorregamento com
mento (plano de maior densidade atô-
desvio". Por sua vez, na discordância
mica) enquanto o segundo ocorre fora
em cunha, não é possível a mudança de
deles.
plano de deslizamento conservativa-

Durante a movimentação, as discor- mente. Entretanto, quando há intera-

dâncias alternam entre as posições ção com os defeitos puntiformes, mo-

instáveis e estáveis e uma "força de vimento de lacunas e átomos, pode-se

atrito"discordância/plano, chamada de movimentar perpendicularmente, confi-

força de Peierls-Nabarro, pode ser de- gurando, assim, um movimento não con-
duzida. servativo.

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. Estruturas
dos Materiais

Figura 16: (a) Movimentos atômicos perto da discordância em cunha.


(b) Movimentação da discordância.

Caiu no concurso!
CEAGESP - 2010 - Engenheiro Nível I - Mecânica - 23

Em relação à estrutura dos metais, pode-se afirmar:

(A) os metais com elevada pureza são, de modo geral, menos duros e resis-

tentes do que as ligas compostas pelo mesmo metal de base.

(B) a expressão conhecida por equação de Hall-Petch permite determinar

a tensão de ruptura em função do diâmetro médio do grão para um metal

policristalino.
(C) os metais com granulação fina têm maior área total de contornos de grãos,

o que facilita o movimento das discordâncias e aumenta sua dureza e resis-


tência.
(D) os metais com granulação grosseira têm menor suscetibilidade à pre-
sença de fissuras de têmpera.

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. Estruturas
dos Materiais

(E) em metais com granulação grosseira, as curvas de início e fim de trans-


formação são deslocadas para a esquerda.
Resposta: A

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