Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
George Marcus - O Que Vem Depois Do Pós
George Marcus - O Que Vem Depois Do Pós
JSTOR is a not-for-profit service that helps scholars, researchers, and students discover, use, and build upon a wide range of content in a trusted
digital archive. We use information technology and tools to increase productivity and facilitate new forms of scholarship. For more information about
JSTOR, please contact support@jstor.org.
Your use of the JSTOR archive indicates your acceptance of the Terms & Conditions of Use, available at
http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia is collaborating with JSTOR to digitize, preserve and extend access to Revista de
Antropologia
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
O que Vem (logo) Depois do "Pós":
o Caso da Etnografía
George E . Marcus
Depto. de Antropologia - Rice University
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
-8-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
-9-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
- 10-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
- 11 -
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
mente junto ao outro exótico) continua a definir sua mística, seu ape-
lo e sua identidade com seus parceiros interdisciplinares na história,
no feminismo, nos estudos de cinema, na literatura comparada etc.
2) O que o pós-modernismo significa especificamente na antropolo-
gia é uma licença para criar um trânsito interessante entre as técnicas
cognitivas da estética clássica e modernismos de vanguarda (como o
modernismo literário do começo do século XX, ou o formalismo rus-
so, ou as vanguardas dos anos 20 e 30, como o surrealismo). Até hoje
não há nenhum movimento inovador na chamada etnografia experimental
que não tenha tido uma história anterior no modernismo. O que é novo
(e talvez chocante) é o uso aberto das sensibilidades e técnicas moder-
nistas que têm a ver com a reflexividade, colagem, montagem e dialo-
gismo, dentro de um género empiricista com um forte apelo científico e
para construir um conhecimento confiável sobre outras formas de vida.
O conflito nos atuais trabalhos da chamada antropologia pós-moderna
é entre as técnicas liberadoras deste momento e as cognições de uma
sensibilidade modernista e o desejo permanente de relatar objetivamen-
te uma realidade que é diferente daquela do antropólogo.
3) Eu gostaria de levantar aqui de novo a questão da relação explí-
cita do antropólogo com uma identidade pós-moderna. Como já dis-
se, nas discussões sobre o pós-modernismo que conheço, é raro que
alguém se declare um intelectual pós-moderno - que diga de fato "eu
sou um pós-moderno". Para aqueles que escreveram mais convincen-
temente sobre o pós-modernismo, o termo tem um referencial fantas-
magórico e indefinido, mas não se refere a eles mesmos. Assume-se
uma atitude crítica em relação a essa prática, mas, na verdade, rara-
mente as características atribuídas a este estilo intelectual não são trans-
mitidas ao crítico. Portanto, na antropologia, a classificação "antro-
pologia pós-moderna", atribuída normalmente de forma hostil aos
críticos da etnografia, não consegue achar ninguém a quem se dirigir,
e aqueles que fizeram essa atribuição acabam assumindo as inovações
pós-modernas - a não ser por seus excessos. Com efeito, pela lógica
- 12-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
dos modismos académicos, todos parecem querer estar "com ele", mais
do que nunca, mas isso só acontece às custas das orientações que já
se conferiram anteriormente. Sendo o pós-modernismo uma arte bricoleur,
é claro que pode tolerar esta ambivalência nas formas académicas in-
dividuais de ser absorvido.
4) Seguem-se os três efeitos mais importantes nas atuais práticas
antropológicas que se associam ao pós-modernismo:
a) A tradução cultural, que é a própria etnografia, nunca assimila
completamente a diferença. Em qualquer tentativa de se interpretar ou
explicar outro objeto cultural, sempre fica um resíduo de diferença que
é parcialmente criado pelo próprio processo de comunicação etnográ-
fica. Portanto, a diferença radical, intratável, como na noção de Lyotard
do "differenď' (Lyotard, 1988), confronta-se com a idéia de diferen-
ça no conceito liberal de cultura que dominou a antropologia anglo-
americana e que triunfou historicamente sobre o conceito de cultura
no contexto anterior do pensamento social. A cultura como objeto da
etnografia é baseada na noção de que a diferença do outro pode ser
completamente consumida, assimilada pela teoria e pela descrição ao
se racharem os códigos da estrutura, por meio de uma tradução me-
lhor etc. A idéia pós-moderna de uma diferença radical, ou de um
excesso residual de diferença, opõe-se ao conceito liberal pela idéia
de que a diferença não pode ser totalmente consumida, conquistada,
experimentada e, portanto, qualquer contexto interpretativo permane-
cerá parcialmente sem solução num sentido mais sério do que é nor-
malmente especificado pelas "boas maneiras" nos trabalhos interpreta-
tivos. A diferença radical, residual, é um desafio fundamental e um
estímulo para se refazer a linguagem e as formas de escrever etnografia.
b) A premissa pós-moderna de que não há possibilidade de um sen-
tido fixo, final, monologicamente dominante radicalizou a crítica, den-
tro da antropologia, de suas próprias formas de representação, ao
desafiar a autoridade em que elas se baseavam. Ela também minou a
prática de um tipo de interpretação na qual um sentido dominante pode
- 13-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
- 14-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
- 15-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
- 16-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
- 17-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
- 18-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, US?, 1994, v. 37.
Estilos de reflexividade
- 19-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
-20-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, Sâo Paulo, USP, 1994, v. 37.
-21 -
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
-22-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
-23-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
-24-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
ção literal em relação aos objetos. Fred Myers mostra bem isso em seu
texto "Locating ethnographic practice: romance, reality, and politics
in the outback" (Myers, 1988). Chamado para mediar o aparecimen-
to de uma "tribo perdida" de aborígenes que havia feito contato com
a sociedade branca australiana, Myers se viu envolvido num jogo com-
plexo de interesses e caracterizações do evento (advindos do gover-
no, da mídia, do próprio povo) para os quais as formas antropológi-
cas existentes de representar os aborígenes não o haviam preparado.
Ele teve que refletir sobre os vários interesses e representações asso-
ciadas para poder se localizar e localizar seu discurso em relação a eles.
Como Myers notou:
-25-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
-26-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
De forma não tão perversa, a objetividade termina por ser algo parti-
cular e específico e não uma visão falsa que promete transcender todos
os limites e responsabilidades. A moral é simples: somente uma pers-
pectiva parcial promete trazer uma visão objetiva. Todas as narrativas
da cultura ocidental sobre objetividade são alegorias das ideologias que
governam as relações do que chamamos mente e corpo, distância e res-
ponsabilidade. A objetividade feminista trata da posição limitada e do
conhecimento localizado, não de transcendência e divisão entre sujei-
to e objeto. Ela nos permite achar respostas para o que aprendemos a
ver [...]. [1988:582-3]
Uma divisão nos sentidos, uma confusão entre voz e visão ao invés de
idéias claras e distintas, torna-se a metáfora para a base do racional.
Procuramos o conhecimento regido por regras através de uma visão
parcial e uma voz limitada - não a parcialidade pelo seu próprio inte-
resse, mas para o interesse das conexões e aberturas inesperadas que o
conhecimento localizado pode permitir. O conhecimento localizado
trata de comunidades, e não de indivíduos isolados. A única maneira
de se encontrar uma visão mais ampla é estar em um lugar específico
- objetividade como uma racionalidade posicionada. Suas imagens não
são produto da libertação e transcendência dos limites (uma visão a
partir do alto, de cima), mas a união das visões parciais e das vozes
-27-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
hesitantes numa posição coletiva que promete uma visão dos meios da
contínua incorporação limitada, da vida dentro de limites e contradi-
ções - de pontos de vista a partir de um determinado lugar. [1988:590]
Considerações finais
-28-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
Notas
-29-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
Bibliografia
AHMAD, Aijaz
1 987 "Jameson's rhetoric of otherness and the National allegory'", Social Text
6(2).
BOURDIEU, Pierre
1990a The logic of practice , Stanford, Stanford University Press.
1990b "The scholastic point of view", Cultural Anthropology 5(4).
-30-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
CLIFFORD, James
1988 The predicament of culture , Cambridge, MA, Harvard University Press.
CLOUGH, Patricia T.
1992 The end(s) of ethnography: from realism to social criticism , Newbury
Park, CA, Sage.
COOMBE, Rosemary J.
1991 "Objects of property and subjects of politics: intellectual property laws
and democratic dialogue", Texas Law Review 69(7).
GEERTZ, Clifford
1973a The interpretation of cultures , New York, Basic Books.
1973b "Deep play: notes on the balinese cockfight", in The Interpretation of
Cultures.
HARVEY, David
-31 -
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
HOLUB, Robert C.
1991 Jürgen Habermas: critic in the public sphere , New York, Routledge.
KONDO, Dorinne
1 990 Crafting selves: power, gender, and discourses of identity in a Japanese
workplace , Chicago, University of Chicago Press.
LYOTARD, Jean-François
1 988 The differend: phrases in dispute , Minneapolis, University of Minnesota
Press, Ia edição, 1983.
MYERS, Fred
1988 "Locating ethnographic practice: romance, reality, and politics in the
outback", in American Ethnologist 15 (4).
RAJCHMAN, John
READINGS, Bill
1 991 Introducing Lyotard: art and politics , New York, Routledge.
ROSALDO, Renato
-32-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 1994, v. 37.
STACEY, Judith
1 988 "Can there be a feminist ethnography?", Women 's Studies International
Forum 1 1(1).
1 990 Brave new families: stories of domestic upheaval in late twentieth century
America , New York, Basic Books.
TAUSSIG, Michael
1 987 Shamanism, colonialism , and the wild man: a study in terror and healing ,
Chicago, Chicago University Press.
THORNTON, Robert
1988 "The rhetoric of ethnographic holism", Cultural Anthropology 3(3).
TYLER, Stephen A.
1987 The unspeakable : discourse, dialogue and rhetoric in the postmodern
world , Madison, University of Wisconsin Press.
WATSON, Graham
1987 "Make me reflexive - but not yet: strategies for managing essential re-
flexivity in ethnographic discourse", Journal of Anthropological Research
43(1).
WHITE, Hayden
1973 Metahistory, Baltimore, John Hopkins University Press.
1978 Tropics of discourse, Baltimore, John Hopkins University Press.
WILLIS, Paul
1 98 1 ( 1 977) Learning to labour: how working class kids get working class jobs ,
New York, Columbia University Press.
-33-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms
George E. Marcus. O que Vem (logo) Depois do "Pós"
-34-
This content downloaded from 132.174.254.72 on Sat, 20 May 2017 17:55:17 UTC
All use subject to http://about.jstor.org/terms