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As formas elementares da vida religiosa: O sistema

totêmico na Austrália. (1912)


O AUTOR E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
• Francês (Alsacea Lorena).

• Período com inúmeros conflitos entre França e Alemanha


(I Guerra Mundial).

• Família de judeus com uma grande tradição de rabinos,


Durkheim inclusive estudou em uma escola para formar
rabinos.

• França vivia um momento histórico em que grande parte de


seus intelectuais estava voltada para a consolidação da
república.
Fonte: Google Maps
• A importância de Augusto Comte e mais algumas influências (Spencer, Stuart
Mill, Saint-Simon, etc) na construção do pensamento do autor.

• “Lidar com coisas concretas e não com fatos”. Como Durkheim se distancia de
suas influências.

• Tornar a Sociologia uma disciplina ensinada em universidades.

• Fundou a L’Année Sociologique (1896).

• Desenvolvimento de um método especifico para a Sociologia.

• Têm influencia no pensamento de diversos autores.

Capada L´’Année Sociologique


Fonte:https://archive.org/details/la
nnesociologiq01durkgoog
• Ultimo livro publicado em
vida (publicação em 1912),
Durkheim falece em 1917.
“Propomos-nos estudar neste livro a
religião mais primitiva e ais simples • Ponto de redefinição da
atualmente conhecida, fazer sua análise e sociologia durkheimiana?
tentar sua explicação. Dizemos de um
sistema religioso que ele é o mais primitivo
que nos é dado observar, quando preenche
• “Se a religião engendrou tudo
as duas condições seguintes: em primeiro o que há de essencial na
lugar, que se encontre em sociedades cuja
organização não é ultrapassada por sociedade, é que a ideia da
nenhuma outra em simplicidade; é preciso,
além disso, que seja possível explica-lo sem
sociedade é a alma da religião”
fazer intervir nenhum elemento tomando p.17
de uma religião anterior”. (p. V)
• Religião como um espelho que
refletiria a sociedade.
• Religiões como forças
coletivas que se impõe as
Fonte: Editora Martins Fontes individualidades.
• Mas por que o totemismo?
• Um estudo dos mecanismos de integração social pela
consciência coletiva e um estudo de uma sociologia do
conhecimento.
• Sagrado e Profano como a distinção fundamental das
religiões e do pensamento humano.
• Valor da comunidade sagrada (moral →igreja) refuta então o
utilitarismo de Stuart Mill e Spencer.
• O totem através do qual se organiza o culto possui uma
força anônima e impessoal e ao mesmo tempo física e
moral e essa força é chamada por Durkheim de mana.
• A força movida por essas religiões, não é nada mais que a
força da própria sociedade.
Totem
Fonte:https://br.depositphotos.com/stock-
photos/aborigines.html?filter=all • “As forças religiosas, portanto, são forças humanas, forças
morais.” p. 462
Como conjunto de prescrições
Liga os crentes ao
sagrado
temos como exemplos como
sacrifício, ritos de iniciação e
Os deuses aos
Culto Positivo
crentes de comemoração, já como
(dependencia
reciproca).
exemplos dos conjuntos de
O culto (conjunto
de prescrições e Liga o individuo a proibições temos proibições em
proibições) sociedade.
torno de atos de abstenção,
Impede a
contaminação do
proibição de contato, do
Culto Negativo
sagrado pelo
profano trabalho, proibições verbais,
Fonte: Elaboração pessoal.
alimentares e vestimentais.
“A conclusão geral do é que a religião é
uma coisa eminentemente social. As
representações religiosas são
representações coletivas que
exprimem realidades coletivas; os ritos
são maneiras de agir que só surgem no
interior de grupos coordenados e se
destinam a suscitar, manter ou refazer
alguns estados mentais desses grupos.”
p. XIII
Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a
de “eu” (1938)
Marcel Mauss (1872-1950)
nasceu em uma família de judeus em
Épinal, sociólogo e antropólogo. Junto
a seu tio Durkheim fazia parte da
Fonte:http://ea.fflch.usp.br/co direção da revista L’ Année
ntent/manual-de-etnografia
Sociologique desde sua fundação em
1898. Considerado um expoente da
Antropologia Francesa compondo a
primeira geração de antropólogos
franceses dos anos 30. Mauss ao
contrário de seus pares antropólogos
Fonte:https://www.pinterest.
co.kr/pin/45781911835955
não obteve reconhecimento por
6145/?amp_client_id=CLIEN monografias ou trabalho etnográficos,
T_ID(_)&mweb_unauth_id=&f
rom_amp_pin_page=true pois nunca fez trabalho de campo,
porém por sua atenção as questões
teóricas centrais em seus ensaios
Marcel Mauss
Fonte:https://www.wook.p Fonte:https://blogdolabemus.com/2017/06/ (ERICKSON, 2015).
t/livro/sociologia-e- 01/marcel-mauss-1872-1950-entre-
antropologia-marcel- antropologia-politica/
mauss/183630
“Dizer o que se sabe, tudo o que se sabe, só o que se sabe.”:
Contribuições metodológicas de M. Mauss para a Antropologia

▪ Ciência etnológica através da observação das sociedades, objetiva o


conhecimento dos fatos sociais. Uma ciência de constatações e estatísticas
▪ O etnólogo deve preocupar-se em ser exato e completo, deve perceber o
sentido dos fatos e de suas relações entre si, e o sentido das proporções e
articulações.
▪ A sociologia e a etnologia exigem que o pesquisador seja simultaneamente
paleografo, historiador, estatístico e também romancista capaz de evocar a
vida de toda uma sociedade.
▪ Observar e Classificar
▪ O trabalho de Mauss condensasse basicamente em duas obras Sociologia e Antropologia e Ensaios

de sociologia compostos por uma diversidade de ensaios descontínuos, além de ter colaborado com
a famosa obra de Durkheim, O suicídio. O autor influenciou uma série de antropólogos, sociólogos
e pesquisadores de outras áreas. A antropologia e sociologia pretendida por M. Mauss é descrita
como:

▪ Une sociologie qui est à la fois une histoire des idées, des méthodes et des théories
générales, une analyse des systèmes sociaux et une réflexion sur les origines de la raison à partir
des notions de classe, de genre, de temps ou encore d’espace. Un autre phénomène fait son entrée
dans cette sociologie générale, et cela à partir de la théorie de l’État : le politique. (BERT, apud
MAUSS, 2012)
▪ Como afirma Lanna (2016) a antropologia do corpo de M. Mauss influenciou M. Foucault cujo conceito

de tecnologia do corpo deriva do de técnicas do corpo. Outra influência de Mauss apontada é no conceito
de habitus de P. Bourdieu.

▪ Mauss “Por vezes, e surpreendentemente, - como escreve Evans-Pritchard – era capaz de ensinar aos

especialistas o que em seus próprios textos eles não haviam visto”. O kula, encontrado por Malinowski
entre os Trobriandeses e tão bem descrito em sua obra Argonauts of the Western Pacific (1ª edição de
1922), encontra-se nesse caso, como sublinha o mesmo Evans-Pritchard, o tradutor inglês do Essai sur le
Don (The Gift, London, 1954): Mauss “mostra a partir dos próprios documentos de Malinowski sobre as
ilhas Trobriand, que este não compreendeu ou compreendeu imperfeitamente as instituições que havia
observado. (Oliveira, R. C) p.16
▪ Publicado originalmente em Journal of the Royal Anthropological Institute, v.68,1938, Londres (Huxley Memorial Lecture)

▪ “Trata-se de nada menos que de vos explicar como uma das categorias do espirito humano-
uma dessas que acreditamos ser inatas- lentamente surgiu e cresceu ao longo dos séculos e
através de numerosas vicissitudes, de tal modo que ela ainda é, mesmo hoje, flutuante,
delicada, preciosa e passível de maior elaboração. É a ideia e pessoa, a ideia do eu. Todos as
consideram natural, bem definida no fundo de sua própria consciência, perfeitamente equipada
no fundo da moral que dela se deduz. Trata-se de substituir essa visão ingênua de sua história e
de seu atual valor por uma visão mais precisa.” p.387
▪ História social das categorias humanas
▪ “[...] indo da Austrália a nossas sociedades europeias e de histórias muito antigas, a de nossos
dias.”p.388
Máscaras gregas
Fonte:https://www.todamateria.com.br/teatro- ▪ Tendência a uma história geral- influência evolucionista
grego/

▪ Estrutura de catálogo presente em seus textos

▪ “Pois minha intenção é vos oferecer, bruscamente, um catálogo das formas que a noção
adquiriu em diversos pontos, e mostrar de que maneira ela acabou por ganhar corpo, matéria,
forma, arestas, e isso até nossos tempos, quando ele finalmente se tornou clara, nítida, em
nossas civilizações (nas ocidentais, muito recentemente) e não ainda em todas.” p. 388
▪ O Segredo do individuo – Alain Corbin
▪ A representação do eu na vida
cotidiana – Erving Goffman
▪ Modernidade e identidade – Anthony
Giddens

Fonte:https://contrafatual.com/2019/07/08/ Fonte:https://contrafatual.com/2019/07/08/a-
Fonte:https://sites.google.com/site/sunaliwhe a-representacao-do-eu-na-vida-cotidiana/ representacao-do-eu-na-vida-cotidiana/
e/home/historia-da-yhoqy7tnt0z
▪ BIZELLI, Edimilson Antonio. Considerações sobre As Formas Elementares da Vida Religiosa de Émile
Durkheim: contribuições e polêmicas. Revista do Núcleo de Estudos de Religião e sociedade, 2006.
▪ DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. Coleção os pensadores. Introdução, Cap. 1
e conclusão

▪ ERICKSON, Paul A. LIAM D. Murphy. História da Teoria Antropológica; tradução de Marcus Penchel.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

▪ LANNA, Marcos P.D. Marcel Mauss. p.78-61 in ROCHA, Everardo. FRID, Mariana. (org.) Os antropólogos. Rio
de Janeiro: ed. PUCRS-Vozes, 2016.

▪ LANNA, Marcos. Nota sobre Marcel Mauss e o Ensaio sobre a dádiva. Revista de sociologia e política,14, p.
173-94, Curitiba, jun 2000.
▪ LÉVI-STRAUSS, Claude. “O que a etnologia deve a Durkheim.” In: Antropologia Estrutural II. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976.

▪ MARTINS, Paulo Henrique; GUERRA, Juliana de Farias Pessoa. Durkheim, Mauss e a atualidade da escola
sociológica francesa. Sociologias, Porto Alegre, ano 15, no 34, set./dez. 2013, p. 186-218 186.
▪ MAUSS, Marcel. “Un inédit: la leçon inaugurale de Marcel Mauss au Collège de France”. Terrain [on line], 59,
set./2012 [Disponível em http://terrain.revues.org/15006]
▪ _____________. Ensaio sobre a dádiva- forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. Sociologia e
Antropologia. Ubu Editora, 2017.

▪ _____________. Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de “eu”.

▪ MONTERO , Paula. A teoria do simbólico de Durkheim e Lévi-Strauss: Desdobramentos contemporâneos no


estudo das religiões. Novos Estudos, Março 2014

▪ ORTIZ, Renato. As formas elementares da vida religiosa e as Ciências Sociais contemporâneas: Conferência de
abertura do colóquio internacional sobre os cem anos de publicação de As formas elementares da vida religiosa,
realizado em São Luís, Universidade Federal do Maranhão, em junho de 2012.

▪ _______________. As formas elementares da vida religiosa e as ciências sociais contemporâneas. Lua nova:
Revista de Cultura e Política. São Paulo, 2012.
QUEIROZ, José Benevides. As Formas Elementares: ponto de redefinição da sociologia durkheimiana.
Sociologias, Porto Alegre, ano 19, no 44, jan/abr 2017, p. 72-91 72 .
Sociologia e Antropologia. Ubu Editora, 2017.
STEINER, Philippe. A Sociologia de Durkheim. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.
VARES, Sidnei Ferreira de. Durkheim, o Caso Dreyfus e o republicanismo liberal na Terceira República francesa.
Contemporânea. Departamento de Sociologia – UFSCar, 2014

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