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p. 19 – “Aprouve-nos durante muito tempo, mencionar línguas que faltam termos para
capturar conceitos, tais como os de árvore ou animal, se bem que elas possuam todas as
palavras necessárias a um inventário minucioso de espécies e de variedades. Mas,
invocando esses casos em favor de uma suposta inaptidão dos ‘primitivos’ ao
pensamento abstrato, omitíamos, então, outros exemplos, que atestam que a riqueza em
palavras abstratas não é só apanágio das línguas civilizadas”. – Exemplo dado pelo
autor: chinuque – noroeste da América do Norte (Boas) – Ressalva da crença de Boas
de que estas palavras somente são cunhadas em função das necessidades práticas dos
indígenas.
P. 24 – Prossegue nos exemplos sobre como os termos abstratos criados pelos povos
indígenas não correspondem necessariamente a um interesse ou necessidade prática,
assim como a capacidade de aproveitamento dos mesmos sobre os recursos naturais,
como uma população das ilhas Ryukyu, os índios coahuilla (“conheciam nada menos
que 60 plantas alimentícias e outras 28, de propriedades narcóticas, estimulantes ou
medicinais (Barrows)), assim como o léxico botânico dos subanum.
P. 25 – Trecho da citação da Smith Bowen: “Pela primeira vez na minha vida, encontro-
me numa comunidade onde as crianças de dez anos não me são superiores em
matemática, mas estou também num lugar onde cada planta, selvagem ou cultivada, tem
nome e uso bem definidos, onde cada home, cada mulher e cada criança conhece
centenas de espécies. Nenhum deles quererá jamais acreditar que eu seja incapaz,
mesmo que o queira, de saber tanto quanto eles” – em parte isso retoma o argumento
do “Raça e História” no sentido da refutação do evolucionismo cultural e da
afirmação de um etnocentrismo, ao mesmo tempo que introduz sua tese de que é da
natureza humana a conceituação abstrata (uma necessidade intelectual) e não
motivada por um interesse prático imediato – primeiro o conceito, a nomenclatura,
depois o uso.
P. 26 – “Citando um extrato de suas notas de viagem, Concklin quis ilustrar esse contato
íntimo entre o homem e o meio, que o indígena, impõe, perpetuamente, ao etnólogo”.
P. 27 – “Este saber e os meios linguísticos de que dispõe, estendem-se também à
morfologia. A língua tewa usa termos distintos para cada parte, ou quase, do corpo das
aves e dos mamíferos (Henderson e Harrington, p. 9)”.
PP. 29-30 – citação introduzida na nota anterior: “Os cientistas suportam a dúvida e a
derrota, porque não podem agir de forma diferente. Mas a desordem é a única coisa que
não podem nem devem tolerar. Todo o objetivo da ciência pua é levar, a seu ponto mais
alto e mais consciente, a redução dessa forma caótica de perceber, que teve início num
plano inferior e possivelmente inconsciente, com a origem mesma da vida. (...).
Entretanto, o postulado fundamental da ciência é que a natureza mesma é organizada
(...)”.
P. 30 – “Ora, esta exigência de ordem está na base do pensamento que nós chamamos
primitivo, mas somente na medida em que está na base de qualquer pensamento: (...).
‘Cada coisa sagrada deve estar em seu lugar’, notava, com profundeza um pensador
indígena (Fletcher 2, p. 34). Poder-se-ia mesmo dizer que é isso que a torna sagrada,
pois, suprimindo-a, ainda que, por pensamento, toda a ordem do universo se encontraria
destruída; ela contribui, pois, para mantê-la ao ocupar o lugar que lhe cabe”.
PP. 30-31 – Citação Fletcher: “devemos dirigir um encantamento especial a cada coisa
que encontramos, pois Tirawa, o espírito supremo, reside em todas as coisas e, tudo o
que encontramos em nosso caminho pode socorrer-nos (...). Fomos instruídos para
prestar atenção a tudo o que vemos”.
PP. 31-32 – “Entre magia e ciência, a diferença primordial seria, pois, deste ponto de
vista, que uma postula um determinismo global e integral, enquanto que a outra opera
distinguindo níveis, dos quais apenas alguns admitem formas determinismo tidas como
inaplicáveis a outros níveis”.
P. 34 – “(...) forma um sistema bem articulado; independente, neste ponto, desse outro
sistema que constituirá a ciência (...). Em lugar, pois, de opor magia e ciência, melhor
seria coloca-las em paralelo, como duas formas de conhecimento, desiguais quanto aos
resultados teóricos e práticos (pois, sob este ponto de vista, é verdade que a ciência se
sai melhor que a magia, se bem que a magia preforme a ciência, no sentido de que
triunfa também algumas vezes), mas não pelo gênero de operações mentais, que ambas
supõem, e que diferem menos em natureza que em função dos tipos de fenômenos a que
se aplicam. Estas relações decorrem, com efeito, das condições objetivas em que
surgiram o conhecimento mágico e o conhecimento científico”. – O autor nomeia este
contexto do surgimento das condições objetivas em que surgiram o conhecimento
mágico e científico de paradoxo neolítico.
P. 35 -
Capítulo 6 – Universalização e Particularização