Você está na página 1de 7

Análise Taylor:

 Sentido etnográfico de cultura é aquilo que engloba o conhecimento, crença, arte,


moral, lei, costume ou qualquer capacidade que o homem adquire ao longo da sua
vida em sociedade.

 Acredita também que pode ser vista os vários estágios de desenvolvimento e evolução
da cultura, como uma linha evolutiva uniforme

 Acredita na existência dos conceitos de culturas inferiores e superiores/elevadas


(também se baseando na ideia de evolução, onde superiores são mais desenvolvidas)

 Crê no impacto da natureza na história do homem, como ela influencia o homem em


suas leis, fazendo da humanidade parte de sua história, afirmando que muitos ainda
não aceitam a ideia de que os nossos pensamentos sejam entrelaçados com as
próprias leis naturais.

 Surgem como obstáculos das leis naturais da humanidade as considerações metafísicas


e teológicas. O pensamento comum sobre o livre-arbítrio é uma ideia incompatível
com o pensamento científico e anômala a vontade, pois em sua percepção, o
significado de vontade não se restringe somente a motivação, a estudos que também
lidam sobre intervenção sobrenatural e predestinação. Tudo tem um por que e causa,
algo que mostrado no estudo científico, por isso a ideia do livre-arbítrio é incompatível
com o pensamento científico, pois permite o agir sem causa. De acordo com ele
“Ninguém negará que causas definidas e naturais de fato determinam, em grande
medida, a ação humana e isso o homem sabe, pela evidência de sua própria
consciência”.

 A ideia de desejos sem motivo e espontaneidades sem causa precisam ser


descartados, e a verdadeira filosofia da história está pautada em ampliar e melhorar os
métodos das pessoas. Isso ocorre depois de anos de estudo e prática que resultam na
percepção de que de que existe uma razão para tudo na vida.

 "Um evento é sempre filho de outro, e não devemos nunca esquecer o parentesco", os
historiadores fizeram o melhor para mostrar uma conexão entre os eventos que são
registrados, transformando aquilo em dados, porém não se pode reduzir a história
humana a um mero almanaque, levando em conta a complexidade das ações
humanas, caso alguém negue a possibilidade de se estabelecer leis históricas.
 As desconcertantes complexidades que fazem parte de um historiador geral estão
associadas em casos em que as respostas/evidências que um historiador possui para
obter suas próprias interpretações, são no geral, tão multivariadas e duvidosas que,
torna-se simplesmente irresistível a tentação de deturpar a evidência para que ela se
apoiar a alguma linha de eventos improvisada.

 “Se o campo de pesquisa for reduzido da História como um todo para aquele ramo
aqui chamado Cultura - a história não de tribos ou nações, mas da condição de
conhecimento, religião, arte, costumes e semelhanças entre elas a tarefa da
investigação revela-se limitada a um âmbito muito mais razoável”

 Tanto o caráter e os hábitos humanos demonstram uma certa similaridade. Essa


semelhança da natureza humana também no quesito das circunstâncias da vida dos
indivíduos, proporciona a possibilidade de serem estudados e traçados na comparação
de raças que se encontram em mesmo grau de civilização

 "um grupo de selvagens é igual a outro". Quão verdadeira essa generalização


realmente é, qualquer museu etnológico pode mostrar. Examine, por exemplo, os
instrumentos amolados e de ponta nessa coleção; o inventário inclui machadinha,
enxó, cinzel, faca, serra, raspadeira, broca, agulha, lança e cabeça de flecha, e, desses,
a maior parte, se não a totalidade, pertence, com pequenas diferenças de detalhes, às
mais variadas raças.

 De acordo com o autor, existem civilizações menos evoluídas porque ele vê a cultura
como uma linha evolutiva. Dentro desse estudo, haverá povos considerados menos
evoluídos do que outros. Assim, é feita a pergunta quando comparamos uma nação
civilizada e uma sociedade barbara: “até que ponto cada item da vida das raças
inferiores transforma-se em procedimentos análogos nas raças superiores, sob formas
não tão mudadas que não possam ser reconhecidas e, às vezes, praticamente
intocadas?”. Tylor chega na conclusão de que é possível comparar um povo inferior
até mesmo com uma civilização mais avançada, caso analisarmos os costumes que
pouco se alteraram ao logo dos séculos, um exemplo que ele da é de um lavrador
inglês e um negro africano.

 “Para o presente propósito, parece tanto possível quanto desejável eliminar


considerações de variedades hereditárias, ou raças humanas, e tratar a humanidade
como homogênea em natureza, embora situada em diferentes graus de civilização. Os
detalhes da pesquisa provarão, parece-me, que estágios de cultura podem ser
comparados sem se levar em conta o quanto tribos que usam o mesmo implemento,
seguem o mesmo costume ou acreditam no mesmo mito podem diferir em sua
configuração corporal e na cor de pele e cabelo”.
 O trabalho etnográfico tem o papel de classificar os detalhes e estabelecer sua
distribuição na geografia e na história e suas relações existentes entre eles. Ainda na
visão do Tylor, ele compara isso aos naturalistas quando estudam espécies de plantas,
comparando também todas as espécies de plantas e animais de uma região com a
cultura, ou a lista de todos os itens da vida de uma tribo.

 Acredita que os próprios relatos de fenômenos culturais e similares fornecem uma


prova acidental sobre sua autenticidade. Pois, como pode ser tratado como evidencia
um relato que dependa de um testemunho, onde o individuo pode ser preconceituoso,
desatento ou enganoso. Tylor fala que, o etnógrafo precisa buscar a certeza sobre os
autores que cita e, se possível, obter diversos relatos (basicamente uma antropologia
de gabinete). “Tão forte, realmente, é esse meio de autenticação, que o etnógrafo, em
sua biblioteca, pode às vezes ousar decidir não apenas se um explorador particular é
um observador honesto e perspicaz, mas também se o que ele relata está de acordo
com as regras gerais da civilização. "Non quis, sed quid."

 “Se dois visitantes independentes, em países diferentes - digamos, um muçulmano


medieval na Tartária e um inglês moderno em Daomé, ou um missionário jesuíta no
Brasil e um metodista nas ilhas Fiji estão de acordo ao descrever alguma arte, rito ou
mito análogo entre os povos que visitaram, torna-se difícil ou impossível atribuir tal
correspondência ao acaso ou a fraude intencional. Uma história contada por um
fugitivo da lei na Austrália pode, talvez, receber objeções e ser vista como um
equívoco ou uma invenção, mas teria um ministro metodista na Guiné conspirado com
ele para enganar o público contando lá a mesma história? A possibilidade de
mistificação, intencional ou não, é frequentemente excluída diante de tal estado de
coisas”.

 A princípio, os relatos das pessoas sobre um hábito ou comportamento podem parecer


imprecisos ou não promissores sobre para uma pesquisa científica, por terem a
possibilidade de estarem incompletos. Porém, Tylor diz: “Mas, na realidade, não o são,
pois produzem evidências tão boas quanto se pode obter. São dados que, pela
maneira distinta como cada um denota a condição da tribo à qual pertence, realmente
permitem comparação com os resultados estatísticos”.

 “É claro que as opiniões e os hábitos que pertencem, em comum, a massas da


humanidade são, em grande medida, os resultados de sólido julgamento e sabedoria
prática”. Faz um contraponto, afirmando que essa mesma sociedade transmitiu
diversas crenças e mitos, coisas produzidas pela mente do homem, não sendo
suficiente para sustentar que são ritos benéficos, crenças criveis e histórias reais.
 Os grupos etnográficos não são definidos com exatidão por possuírem uma grande
gama de variedades

 Para Tylor, os etnógrafos não possuem o questionamento sobre os hábitos e crenças


terem se desenvolvido de um grupo etnográfico para o outro, pois a percepção
reconhece o desenvolvimento da cultura (uma não influencia a oura porque a cultura
segue uma linha evolutiva já estabelecida)

 Traz a ideia da sobrevivência de costumes e crenças que continuaram a existir mesmo


em um momento de avanço da sociedade, ou em um momento diferente da origem
desses processos. Isso cai na visão de cultura de Tylor, de que a cultura de sociedade
está ligada a uma ideia de evolução, onde esses costumes que sobreviveram não
passam de uma cultura mais antiga, no caso menos evoluída.

 No processo de passagem de uma cultura mais antiga para uma mais nova, é visto que
um assunto sério deixou de ter essa conotação e pode até ter virado entretenimento
para gerações mais furas, como também o folclore e hábitos são capazes de ter um
significado poderoso no mudo novo

 As superstições, em sua maior parte, estão inclusas dentro do termo sobrevivências


nesse contexto. O estudo sobre as sobrevivências são extremamente úteis para
desvendar o curso histórico, servindo muitas vezes para mostrar como realmente
funciona um povo ou tribo.

 Demonstra o quão arriscado é separar os costumes humanos de seus eventos


passados, podendo ser tratado como um fato isolado a ser descartado com alguma
explicação plausível. Chegando a conclusão pela passagem do camponês e seu direito
de levar o gado para pastar, onde ele não perde esse direito mesmo com a mudança
de uma propriedade comunal para individual.

 Realiza a comparação entre s estágios de civilização entre as “raças” conhecidas na


história, afirma que é possível formar uma opinião sobre uma condição anterior do
homem, sendo considerada algo primitivo, sendo correspondente na visão de Tylor a
tribos selvagens modernas, possuindo elementos das suas civilizações parecidas com
um estágio anterior de raça. Ainda afirma, se caso for comprovada, a tendencia da
cultura é sempre caminhar para a civilização, deixando um estado de selvageria.

 Também considera a religião de povos selvagens que julga menos evoluídos inferior a
outras (sistemas asiáticos), porém afirma que não é razão para tratá-las com menos
respeito e considerar somente merecedoras de atenção quando as julgamos inferiores
demais para tal. Tudo isso é uma questão de compreender ou mal compreendê-las.

 Por fim, Tylor afirma: “Toda possível via de conhecimento deve ser explorada; toda
porta, experimentada para ver está aberta. Nenhum tipo de evidência precisa ser
deixada intocada em nome de sua distância ou complexidade, de sua insignificância ou
trivialidade”.

Tylor inicia a sua reflexão apontando que o sentido etnográfico de cultura é


aquilo que engloba o conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume ou
qualquer capacidade que o homem adquire ao longo da sua vida em
sociedade, afirmando também que ela é linear e uniforme, como uma linha
evolutiva. Com esse olhar, coloca em seu texto a ideia da existência de povos
superiores a outros, como se existisse tribos com uma cultura mais
desenvolvida, dando exemplos como a evolução tecnológica e de costumes.
Dizendo:

E assim, nos outros ramos de nossa história, surgirão,


seguidamente, séries de fatos que podem ser consistentemente
arranjados como tendo surgido um após o outro numa ordem
particular de desenvolvimento, mas que dificilmente permitirão serem
postos na ordem inversa

Se apoiando nos aspectos naturais, onde se baseia a ideia de evolução, Tylor


crê no impacto da natureza na história do homem, como ela influencia o
homem em suas leis, fazendo da humanidade parte de sua história, afirmando
que muitos ainda não aceitam a ideia de que os nossos pensamentos sejam
entrelaçados com as próprias leis naturais.

Dentro desse aspecto das leis naturais, ele afirma que surgem como
obstáculos as considerações metafísicas e teológicas. Por exemplo, o
pensamento comum sobre o livre-arbítrio é uma ideia incompatível com o
pensamento científico e anômala à vontade, pois em sua percepção, o
significado de vontade não se restringe somente a motivação, a estudos que
também lidam sobre intervenção sobrenatural e predestinação. Tudo tem um
por que e causa, algo que mostrado no estudo científico, por isso a ideia do
livre-arbítrio é incompatível com o pensamento científico, pois permite o agir
sem causa. De acordo com ele:

“Ninguém negará que causas definidas e naturais de fato


determinam, em grande medida, a ação humana e isso o homem
sabe, pela evidência de sua própria consciência”.

Tylor também tem uma visão sobre a questão histórica, afirmando que os
historiadores fizeram o melhor que podiam para criar uma conexão e uma
sucessão entre os fatos que eles registravam. Neste momento, demonstra as
dificuldades e as desconcertantes complexidades que fazem parte de um
historiador geral, associadas em casos em que as respostas/evidências que
um historiador possui para obter suas próprias interpretações, são no geral, tão
multivariadas e duvidosas que, torna-se simplesmente irresistível a tentação de
deturpar a evidência para que ela se apoiar a alguma linha de eventos
improvisada.

Ao se aprofundar no aspecto humano, tanto o caráter e os hábitos humanos


demonstram uma certa similaridade. Essa semelhança da natureza humana
também no quesito das circunstâncias da vida dos indivíduos, proporciona a
possibilidade de serem estudados e traçados na comparação de raças que se
encontram em mesmo grau de civilização.
"Um grupo de selvagens é igual a outro". Quão verdadeira
essa generalização realmente é, qualquer museu etnológico pode
mostrar. Examine, por exemplo, os instrumentos amolados e de ponta
nessa coleção; o inventário inclui machadinha, enxó, cinzel, faca,
serra, raspadeira, broca, agulha, lança e cabeça de flecha, e, desses,
a maior parte, se não a totalidade, pertence, com pequenas
diferenças de detalhes, às mais variadas raças”.

E, até mesmo, é possível comparar civilizações em graus de civilização


diferentes, onde o autor se faz a pergunta: “até que ponto cada item da vida
das raças inferiores transforma-se em procedimentos análogos nas raças
superiores, sob formas não tão mudadas que não possam ser reconhecidas e,
às vezes, praticamente intocadas?”. Tylor chega na conclusão de que é
possível comparar um povo inferior até mesmo com uma civilização mais
avançada, caso se analisarmos os costumes que pouco se alteraram ao logo
dos séculos, um exemplo que ele da é de um lavrador inglês entre um negro
africano.

Tylor também tem um olhar no trabalho etnográfico, assumindo que o mesmo


tem o papel de classificar os detalhes e estabelecer sua distribuição na
geografia e na história e suas relações existentes entre eles. Ainda, ele
compara isso aos naturalistas quando estudam espécies de plantas,
comparando também todas as espécies de plantas e animais de uma região
com a cultura, ou a lista de todos os itens da vida de uma tribo.

Sobre como um estudante pode progredir em sua pesquisa, declara que , o


etnógrafo precisa buscar a certeza sobre os autores que cita e, se possível,
obter diversos relatos e testemunhos sobre a cultura de outros povos,
basicamente criando uma antropologia de gabinete. Relatando que:

“Tão forte, realmente, é esse meio de autenticação, que o


etnógrafo, em sua biblioteca, pode às vezes ousar decidir não apenas
se um explorador particular é um observador honesto e perspicaz,
mas também se o que ele relata está de acordo com as regras gerais
da civilização”

Dentro de sua pesquisa, Tylor diz: “É claro que as opiniões e os hábitos que
pertencem, em comum, a massas da humanidade são, em grande medida, os
resultados de sólido julgamento e sabedoria prática”. Porém, faz um
contraponto, afirmando que essa mesma sociedade transmitiu diversas crenças
e mitos, coisas produzidas pela mente do homem, não sendo suficiente para
sustentar que são ritos benéficos, crenças críveis e histórias reais.
A partir de agora Tylor traz o termo de sobrevivência, onde costumes e crenças
continuaram a existir mesmo em um momento de avanço da sociedade, ou em
um momento diferente da origem desses processos. Essa interpretação
carrega consigo uma das diversas visões do autor, a da cultura da sociedade
estar ligada a uma ideia de evolução, onde esses costumes que sobreviveram
não passam de uma cultura mais antiga, no caso menos evoluída.

Em conjunto, as superstições em sua maior parte estão inclusas dentro do


termo sobrevivências nesse contexto. O estudo sobre as sobrevivências são
extremamente úteis para desvendar o curso histórico, servindo muitas vezes
para mostrar como realmente funciona um povo ou tribo.

Por fim, chega-se à conclusão que Tylor faz parte daquele grupo de etnólogos
que são amplamente criticados por Franz Boas, seja por associar a cultura
como um processo evolutivo ou fazer parte de uma antropologia de gabinete. O
que resume o pensamento de Tylor está entranhado nesse período da história
e das pesquisas etnográficas, olhando a cultura do outro pela nossa própria
cultura, ou seja, por um olhar etnocêntrico.

Um primeiro passo no estudo da civilização é dissecá-la em detalhes e, em seguida, classificá-


los em seus grupos apropriados

Você também pode gostar