vou caminhando sozinha. Alguma sombra escassa Ninguém me espera no caminho. buscando o pássaro perdido. Ninguém acende a luz. Morro acima. Serra abaixo. A velha candeia de azeite Ninho vazio de pedras. de há muito se apagou. Eu avante na busca fatigante de um mundo impreciso, A longa noite escura... todo meu. A caminhada... feito de sonho incorpóreo Carreando pedras, e terra crua. construindo com as mãos sangrando minha vida. Bandeiras rotas, despedaçadas, quebrado o mastro na luta desigual. Deserta a longa estrada... Sozinha, pisada. Nua. Espoliada, assexuada. Mortas as mãos viris que se estendiam às Sempre caminheira, removendo pedras. minhas. Morro acima. Serra abaixo. Dentro da mata bruta Longa procura de uma furna escura, Leiteando imensos vegetais. fugitiva a me esconder. Cavalgando o negro corcel da febre, Escondida no meu mundo. Desmontado para sempre. Longe... Longe... Indefinido longe, nem sei onde. Passa a falange dos mortos... Silêncio. Os namorados dormem. O tardio encontro. Flutuam véus roxos no espaço. Passado o tempo de semear o vale, Na esquina do tempo morto de colher o fruto. À sombra dos velhos seresteiros... O desencontro, A flauta, o violão, o bandolim. da que veio cedo e do que veio tarde. Alertas as vigilantes, barroando portas e janelas cerradas. A candeia está apagada Cantava de amor a mocidade. e na noite gélida eu me vesti de cinzas.
Meus olhos estão cansados
Meus olhos estão cegos Os caminhos estão fechados.