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C O R R O S Ã O – UMA ABORDAGEM GERAL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CORROSÃO – ABRACO.

Conteúdo: Conceitos - Pilhas - Meios - Reações no Processo - Polarização - Passivação - Velocidade de Corrosão -
Formas e Taxas - Tipos - Corrosão Química - Técnicas de Ampliação da Resistência à Corrosão - Inibidores e
Revestimentos.

1 - Conceito de Corrosão.
Os processos de corrosão química são
A corrosão consiste na deterioração dos verificados algumas vezes, no dia-a-dia e em condições
materiais pela ação química ou eletroquímica do meio, ambientais normais, porém, são muito mais freqüentes em
podendo estar ou não associado a esforços mecânicos. ambientes industriais, onde se tem condições bastante
diversas, devido a isso ela é por vezes, denominados
Ao se considerar o emprego de materiais na corrosão ou oxidação em altas temperaturas. Estes
construção de equipamentos ou instalações é necessário que processos são menos freqüentes na natureza, envolvendo
estes resistam à ação de diferentes meios corrosivo, além de operações onde as temperaturas são elevadas. Tais
apresentar propriedades mecânicas suficientemente boas e processos corrosivos se caracterizam basicamente por:
características de fabricação adequadas.  Ausência da água líquida.
A corrosão pode incidir sobre diversos tipos de  Temperaturas, em geral, elevadas, sempre acima do
materiais, sejam metálicos como os aços e ligas de cobre, ou ponto de orvalho da água.
não metálicos, como plásticos, cerâmicas ou concreto. A  Interação direta entre o metal e o meio corrosivo.
ênfase aqui descrita será sobre a corrosão dos materiais Como na corrosão química não se necessita de água
metálicos, denominada corrosão metálica. líquida, ela também é denominada em meio não aquoso ou
Dependendo do tipo de ação do meio corrosivo corrosão seca.
sobre o material, os processos corrosivos podem ser Existem processos de deterioração de materiais que
classificados em dois grandes grupos, abrangendo todos os ocorrem durante a sua vida em serviço, que não se
casos de deterioração por corrosão: Corrosão Eletroquímica enquadram na definição de corrosão. Um deles é o desgaste
e Corrosão Química. devido à erosão, que remove mecanicamente partículas do
material. Embora esta perda de material seja gradual e
Os processos de corrosão eletroquímica são os decorrente da ação do meio, tem-se um processo
mais freqüentes na natureza e se caracterizam basicamente eminentemente físico e não químico ou eletroquímico. Pode
por: ocorrer em certos casos, ação simultânea da corrosão,
constituindo o fenômeno da corrosão-erosão.
 Necessariamente na presença de água no estado líquido.
 Temperaturas abaixo do ponto de orvalho da água, sendo Outro tipo de alteração no material que ocorre em
a grande maioria na temperatura ambiente. serviço, são as transformações metalúrgicas que podem
 Formação de uma pilha ou célula de corrosão, com a acontecer em alguns materiais, particularmente em serviço
circulação de elétrons na superfície metálica. com temperaturas elevadas. Em função destas
Em face da necessidade do eletrólito conter água transformações as propriedades mecânicas podem sofrer
líquida, a corrosão eletroquímica é também denominada grandes variações, por exemplo apresentando excessiva
corrosão em meio aquoso. fragilidade na temperatura ambiente. A alteração na estrutura
metalúrgica em si não é corrosão embora possa modificar
Nos processos de corrosão, os metais reagem com profundamente a resistência à corrosão do material,
substâncias não metálicos presentes no meio, como por tornando-o, por exemplo, susceptível à corrosão
exemplo O2, S, H2S, CO2 entre outros, produzindo compostos intergranular.
semelhantes aos encontrados na natureza, dos quais foram Durante o serviço em alta temperatura pode ocorrer
extraídos. Dessa forma pode-se interpretar que a corrosão também o fenômeno da fluência, que é uma deformação
corresponde ao inverso do processo metalúrgico, como plástica do material crescente ao longo do tempo, em função
ilustrado na Figura 1. da tensão atuante e da temperatura.

2 - Pilhas de Corrosão Eletroquímica.

A pilha de corrosão eletroquímica é constituída de quatro


elementos fundamentais:

 área anódica: superfície onde verifica-se a corrosão


(reações de oxidação).

 área catódica: superfície protegida onde não há corrosão


(reações de redução);

 eletrólito: solução condutora ou condutor iônico que


envolve simultaneamente as áreas anódicas e catódicas;
Figura 1. Esquema comparativo admitindo o fenômeno
corrosivo como um processo inverso ao metalúrgico.  ligação elétrica entre as áreas anódicas e catódicas.
distantes estiverem os materiais na tabela de potenciais no
A Figura 2 mostra esquematicamente uma pilha de corrosão eletrólito considerado.
eletroquímica.
Pilhas de ação local: estas pilhas são provavelmente as
mais freqüentes na natureza, elas aparecem em um mesmo
metal devido a heterogeneidades diversas, decorrentes de
composição química, textura do material, tensões internas,
dentre outras. As causas determinantes da pilha de ação local
são:

 Inclusões, segregações, bolhas, trincas.


 Estados diferentes de tensões e deformações.
 Acabamento superficial.
 Diferença no tamanho e contornos de grão.
 Tratamentos térmicos diferentes.
 Materiais de diferentes épocas de fabricação.
 Gradiente de temperatura.
Figura 2. Esquema de uma pilha eletroquímica, destacando
os quatro elementos fundamentais. A Figura 4 mostra de forma esquemática uma pilha
de ação local.
O aparecimento das pilhas de corrosão é
conseqüência de potenciais de eletrodos diferentes, em dois
pontos da superfície metálica, com a devida diferença de
potencial entre eles.
Um conceito importante aplicável às pilhas de
corrosão é o da reação de oxidação e redução. As reações
da corrosão eletroquímica envolvem sempre reações de oxi-
redução.
Na área anódica onde se processa a corrosão ocorrem
reações de oxidação, sendo a principal a de passagem do
metal da forma reduzida para a forma oxidada.

Figura 4. Esquema de uma pilha de ação local, destacando


possíveis impurezas e/ou inclusões.

Pilha ativa-passiva: esta ocorre nos materiais formadores de


película protetora, como por exemplo: o cromo, o alumínio, os
aços inoxidáveis, titânio, dentre outros. A película protetora se
constitui numa fina camada do produto de corrosão que
passiva a superfície metálica.
Se a película for danificada em algum ponto por
ação mecânica e, principalmente pela ação de íons
halogenetos (especialmente cloreto), será formada uma área
Figura 3. Esquema de um metal atuando como ânodo. ativa (anódica) na presença de uma grande área passiva
(catódica) com o conseqüente aparecimento de uma forte
Na área catódica, que é uma área protegida (não pilha, que proporciona corrosão localizada.
ocorre corrosão), ocorrem reações de redução de substâncias
do meio corrosivo, como exemplificado a seguir.

 Em meios aerados (oxigenados) - caso normal de água do


mar e naturais: H2O + 1/2 O2 + 2e-  2 OH-

 Em meios desaerados - caso comum em águas doces


industriais: 2 H2O + 2e-  H2 + 2 OH-

Serão discutidas a seguir as principais causas de


aparecimento de pilhas de corrosão e suas denominações
particulares.

Pilhas de eletrodos diferentes: estas pilhas são também


denominadas de pilhas galvânicas e surgem sempre que dois
metais ou ligas metálicas diferentes são colocados em Figura 5. Esquema de uma pilha ativa-passiva.
contato elétrico na presença de um eletrólito. A diferença de
potencial da pilha será tão mais acentuada, quanto mais

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Pilha de concentração iônica diferencial: esta pilha surge
sempre que um material metálico é exposto a concentrações
diferentes de seus próprios íons. Ela ocorre porque o eletrodo
torna-se mais ativo quando decresce a concentração de seus
íons no eletrólito.
Esta pilha é muito freqüente em frestas quando o
meio corrosivo é líquido. Neste caso, o interior da fresta
recebe pouca movimentação de eletrólito, tendendo a ficar
mais concentrado em íons de metal (área catódica), enquanto
que a parte externa da fresta fica menos concentrada (área
anódica), com conseqüente corrosão das bordas da fresta. As
Figuras 6 e 7 mostram, de forma esquemática, pilhas iônicas.

Figura 8. Esquema de pilha de aeração (oxigenação)


diferencial.

3 - Meios Corrosivos.

Os meios nos quais estão imersos os diversos


materiais que podem sofrer corrosão eletroquímica são
caracteristicamente identificados pelo eletrólito. O eletrólito é
uma solução eletricamente condutora constituída, em primeira
análise, de água contendo sais, ácidos ou bases.

Principais Meios Corrosivos e Respectivos Eletrólitos


Figura 6. Esquema de pilha de concentração diferencial.
Atmosfera: o ar contém umidade, sais em suspensão, gases
industriais, poeira, etc. O eletrólito constitui-se da água que
condensa na superfície metálica, na presença de sais ou
gases presentes no ambiente. Outros constituintes como
poeira e poluentes diversos podem acelerar o processo
corrosivo.

Solos: os solos contêm umidade, sais minerais e bactérias.


Alguns solos apresentam também, características ácidas ou
básicas. O eletrólito constitui-se principalmente da água com
sais dissolvidos;

Águas naturais (rios, lagos e do subsolo): estas águas


podem conter sais minerais, eventualmente ácidos ou bases,
resíduos industriais, bactérias, poluentes diversos e gases
Figura 7. Esquema de pilha de concentração diferencial. dissolvidos. O eletrólito constitui-se principalmente da água
com sais dissolvidos. Os outros constituintes podem acelerar
o processo corrosivo.
Pilha de aeração (oxigenação) diferencial: esta pilha é
formada por concentrações diferentes de oxigênio. Água do mar: estas águas contêm uma quantidades
De forma idêntica à pilha de concentração iônica apreciáveis de sais. A Tabela mostrada a seguir refere-se a
diferencial, esta pilha também ocorre com freqüência em análise de uma amostra de água do mar, e apresenta sua
frestas. Apenas as áreas anódicas e catódicas são invertidas composição média.
em relação àquela.
Substância Concentração (g.dm-3)
Assim, o interior da fresta, devido a maior Cloreto (Cl-) 18,9799
dificuldade de renovação do eletrólito, tende a ser menos Sulfato (SO -) 2,6486
concentrado em oxigênio (menos aerado), logo , área Bicarbonato (HCO ) 0,1397
anódica. Por sua vez a parte externa da fresta, onde o Brometo (Br-) 0,0646
eletrólito é renovado com facilidade, tende a ser mais Fluoreto (F-) 0,0013
concentrada em oxigênio (mais aerada), logo, área catódica. Ácido Bórico (H3BO3) 0,0260
O desgaste se processará no interior da fresta. Sódio (Na+) 10,5561
Magnésio (Mg2+) 1,2720
Cálcio (Ca2+) 0,4001
Potássio (K+) 0,3800
Estrôncio (Sr 2+) 0,0133

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A água do mar em virtude da presença acentuada
de sais, é um eletrólito por excelência. Outros constituintes 2 H2O  H+ + 2 OH-
como gases dissolvidos, podem acelerar os processos
corrosivos. 2 H + + 2 e  H2

Produtos químicos: os produtos químicos, desde que em 2 H2O + 2 e  2 OH- + H2


contato com água ou com umidade e formem um eletrólito,
podem provocar corrosão eletroquímica. Analisando essas reações catódicas pode-se tirar algumas
importantes conclusões:
4 - Reações no Processo Corrosivo - Produtos de Corrosão.
 A região catódica torna-se básica (há uma elevação do pH
As reações que ocorrem nos processos de corrosão no entorno da área catódica).
eletroquímica são reações de oxidação e redução. As
reações na área anódica (anodo da pilha de corrosão) são  Em meios não aerados há liberação de H 2, o qual é
reações de oxidação. A reação mais importante e absorvido na superfície e responsável pela sobretensão ou
responsável pelo desgaste do material é a de passagem do sobrevoltagem do hidrogênio. Este fenômeno provoca o
metal da forma reduzida para a iônica. retardamento do processo corrosivo e chama-se polarização
catódica.
M  M+n + n e- (responsável pelo desgaste do metal)
 Em meios aerados há o consumo do H2 pelo O2, não
As reações na área catódica (cátodo da pilha de havendo a sobrevoltagem do hidrogênio. Neste caso não há,
corrosão) são reações de redução. Essas reações ocorrem portanto, a polarização catódica e haverá,
com íons do meio corrosivo ou, eventualmente, com íons conseqüentemente, a aceleração do processo corrosivo.
metálicos da solução. As principais reações na área catódica
são apresentadas a seguir. A composição do eletrólito na vizinhança do catodo
é dependente de difusão do oxigênio no meio e da velocidade
 Meios neutros ou ácidos desaerados. de renovação do eletrólito. Deste modo é possível a
ocorrência da reação  em meios aerados, caso o fluxo de
 2 H + + 2 e  H2 elétrons chegando ao catodo seja muito elevado. Um
exemplo é o caso da superproteção catódica em água do mar
 Meios ácidos aerados. onde a reação , que normalmente ocorre, pode ser
sobrepujada pela reação . Um sério inconveniente é a
 4 H+ + O2 + 4 e  2 H2O possibilidade de ocorrência do fenômeno de fragilização pelo
hidrogênio produzindo trincas e/ou a diminuição da vida à
 Meios neutros ou básicos aerados. fadiga.

 2 H2O + O2 + 4 e  4 OH- Observação: em meios ácidos haverá um decréscimo da


acidez no entorno da área catódica e em meios básicos
 Presença em solução de íons em estado mais oxidado. haverá um acréscimo da alcalinidade no entorno da área
catódica.
 M3+ + e  M2+
Os produtos de corrosão nos processos
 Redução de íons de metal mais nobre. eletroquímicos são, em geral, resultantes da formação de
compostos insolúveis entre o íon do metal e o íon hidroxila. O
 Mn+ + n e  M produto de corrosão é, portanto, na grande maioria dos casos
hidróxido do metal corroído, ou óxido hidrato do metal.
As reações catódicas mais comuns nos processos Quando o meio corrosivo contiver outros íons poderá haver a
corrosivos são "a", "b" e "c" as reações "d" e "e" são menos formação de outros componentes insolúveis e o produto de
freqüentes. A última aparece apenas em processos de corrosão pode ser constituído de sulfetos, sulfatos, cloretos,
redução química ou eletrolítica. dentre outras.
Serão detalhados a seguir as reações catódicas
apresentadas anteriormente e que ocorrem em meios neutros
ou aerados e não aerados. 5 - Polarização - Passivação - Velocidade de Corrosão.

Reações catódicas em meio neutro aerado: 5.1 - Polarização.

2 H2O  H+ + 2 OH- Polarização é a modificação do potencial de um


eletrodo devido a variações de concentração, sobrevoltagem
2 H + + 2 e  H2 de um gás ou variação de resistência ôhmica.
Caso não houvesse o efeito do fenômeno da
H+ + 1/2 O2 + 2 e  2 OH- polarização a corrente entre ânodos e cátodos seria muito
mais elevada, à semelhança de um quase curto circuito. Isto
H2O + 1/2 O2 + 2e  2 OH- se daria porque as resistências elétricas do metal e do
eletrólito são muito baixas, restando apenas as resistências
Reações catódicas em meio neutro não aerado: de contato dos eletrodos.

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Os fenômenos de polarização promovem a onde:
aproximação dos potenciais das áreas anódicas e catódicas e
produzem aumento na resistência ôhmica do circuito, - sobrevoltagem do hidrogênio, em V;
limitando a velocidade do processo corrosivo. , em V e , em A/cm2 - constantes que dependem do metal
Graças a existência destes fenômenos as taxas de e do meio;
corrosão observadas na prática são substancialmente - densidade de corrente aplicada que provoque a
inferiores àquelas que ocorreriam caso as pilha de corrosão sobrevoltagem , em A/cm2.
funcionassem ativamente em todas as condições dos
processos corrosivos.
Quando as reações de corrosão são controladas
predominantemente por polarização nas áreas anódicas : diz-
se que a reação de corrosão é controlada anodicamente e
que o eletrodo está sob o efeito de uma polarização
anódica.
Quando as reações de corrosão são controladas
predominantemente por polarização nas áreas catódicas: diz-
se que a reação é controlada catodicamente e que o
eletrodo está sob o efeito de uma polarização catódica.
Quando é controlada pelo aumento de resistência
de contato das áreas anódicas e catódicas: diz-se que a
reação é controlada ohmicamente.

De modo geral tem-se um controle misto das reações de Figura 9. Curva de TAFEL. Sobre voltagem em função da
corrosão. densidade de corrente

São basicamente três as causas de polarização: C - POLARIZAÇÃO ÔHMICA.


A polarização ôhmica ocorre devido a precipitação de
A - POLARIZAÇÃO POR CONCENTRAÇÃO. compostos que se tornam insolúveis com a elevação do pH
no entorno da áreas catódicas.
Este tipo de polarização ocorre freqüentemente em eletrólitos
parados ou com pouco movimento. Estes compostos são principalmente carbonatos e hidróxidos
O efeito de polarização resulta do aumento de que formam um revestimento natural sobre as áreas
concentração de íons do metal em torno da área anódica catódicas, principalmente carbonato de cálcio e hidróxido de
(baixando o seu potencial de oxidação) e a diminuição de magnésio.
íons H+ no entorno da área catódica.
Caso o eletrólito seja submetido a agitação 5.2 Passivação.
intensiva, ambas as situações serão obsrvadas tenuamente
ou não devem acontecer. Passivação é a modificação do potencial de um eletrodo no
sentido de menor atividade (mais catódico ou mais nobre)
B - POLARIZAÇÃO POR ATIVAÇÃO. devido a formação de uma película de produto de corrosão.
Esta película é denominada película passivante.
Este tipo de polarização ocorre devido a sobrevoltagem de
gases no entorno dos eletrodos. Os metais e ligas metálicas que se passivam são os
Os casos mais importantes no estudo da corrosão, formadores de películas protetoras.
são aqueles em que há liberação de H2 no entorno do cátodo
ou do O2 no entorno do ânodo. Como exemplo podem ser citados:
A liberação de H2 no entorno do cátodo é
denominada polarização catódica e assume particular  cromo, níquel, titânio, aço inoxidável, monel que se
importância como fator de controle dos processos corrosivos. passivam na grande maioria dos meios corrosivos,
Em eletrólitos pouco aerados o H2 liberado e especialmente na atmosfera
adsorvido na área catódica provoca uma sobretensão ou
sobrevoltagem do hidrogênio capaz de reduzir sensivelmente  chumbo que se passiva na presença de ácido sulfúrico
a agressividade do meio. Podendo-se considerar por este fato
a corrosão do aço desprezível na presença de água doce ou  o ferro que se passiva na presença de ácido nítrico
salgada, totalmente desaerada. concentrado e não se passiva na presença de ácido nítrico
diluído
A sobrevoltagem do hidrogênio foi estudada por Tafel
estabelecendo a seguinte equação:  a maioria dos metais e ligas passivam-se na presença de
meios básicos, com exceção dos metais anfóteros (Al, Zn, Pb,
Sn e Sb).

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A curva de polarização catódica que se obtém por este
método é semelhante à obtida pelo método galvanostático,
porém a curva anódica para metais que apresentam a
transição ativo/passivo, tem aspecto completamente
diferente. Curvas deste tipo não poderiam ser obtidas pelo
método galvanostático.

Figura 10. Taxas de corrosão de um metal passivável.

Figura 12. Diferenças de potenciais por polarizações


catódicas e anódicas.

Figura 11. Taxas de corrosão de um metal não passivável.

5.3 Curvas de polarização

As modificações no potencial de eletrodo resultante da


polarização provoca mudança no valor deste potencial
alterando o ponto de equilíbrio, fazendo com que o potencial
anódico desloque no sentido catódico e vice-versa. Figura 13. Curvas de Polarização Anódica e Catódica.

A determinação experimental da curva de polarização de um Os fenômenos de polarização assumem grande


certo material, num dado eletrólito, pode ser feita por dois importância na cinética dos processos de corrosão
métodos distintos, são eles: eletroquímica e muito particularmente para a proteção
catódica, a qual consiste essencialmente na polarização
A  Método Galvanostático  O método mais simples, e catódica da estrutura a proteger.
também o mais antigo, é o galvanostático, que é É também muito importante para a técnica da
caracterizado pelo fato de ter como variável de controle a proteção anódica porque, neste caso, o fundamento da
intensidade da corrente que circula no sistema, a qual é técnica consiste em se aplicar um potencial anódico à
variada por meio de um resistência. estrutura, levando-a ao campo de passividade, onde a
corrente de corrosão é muito mais baixa. Esta técnica não
B  Método Potenciostático  O outro método, de que se elimina portanto a corrosão e só é possível de ser aplicada
dispõe para a realização e ensaio de polarização, é o método em materiais que apresentam a transição ativo/passivo.
potenciostático, o qual apresenta como variante o método As curvas de polarização são também denominadas
potenciocinético. Este método é caracterizado pelo fato de ter diagramas E (potencial de eletrodo) / (corrente) ou diagrama
como variável de controle o potencial e não a intensidade da de Evans e são apresentados de um modo geral sob a forma
corrente, como no modo galvanostático. A célula de de retas, como o resultado da extrapolação dos trechos retos
polarização é semelhante à anterior, porém a aparelhagem das curvas de polarização.
requerida é diferente. Para variar o potencial aplicado ao
corpo de prova em estudo é necessário um potenciostato,
que é uma aparelho bem mais complexo. Por meio do
potenciostato varia, no sentido anódico ou no catódico, o
potencial do metal em relação ao eletrodo de referência. Para
cada valor do potencial imposto, o sistema demanda uma
certa corrente que é suprida pelo próprio potenciostato.

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 aeração do meio corrosivo: como foi dito anteriormente
oxigênio funciona como controlado dos processos corrosivos.
 Portanto, na pressão atmosférica a velocidade de corrosão
aumenta com o acréscimo da taxa de oxigênio dissolvido. Isto
ocorre por ser o oxigênio um elemento despolarizante e que
desloca a curva de polarização catódica no sentido de maior
corrente de corrosão;
 pH de eletrólito: a maioria dos metais passivam-se em
meios básicos (exceção para os metais anfóteros). Portanto,
as taxas de corrosão aumentam com a diminuição do pH.

Figura 14. Curva de polarização anódica para metal que


apresenta transição ativa/passiva

5.4 Velocidade de Corrosão

A velocidade com que se processa a corrosão é


dada pela massa de material desgastado, em uma certa área,
durante um certo tempo, ou seja, pela taxa de corrosão. A
taxa de corrosão pode ser representada pela massa
desgastada por unidade de área na unidade de tempo.
A massa deteriorada pode ser calculada pela
equação de Faraday: Figura 15.Diagrama de Pourbaix para água.
m = e.i.t  temperatura: o aumento de temperatura acelera, de modo
geral, as reações químicas. Da mesma forma também em
m = massa desgastada, em g; corrosão as taxas de desgaste aumentam com o aumento da
e = equivalente eletroquímico do metal; temperatura. Com a elevação da temperatura diminui-se a
i = corrente de corrosão, em A; resistividade d eletrólito e consequentemente aumenta-se a
t = tempo em que se observou o processo, em s. velocidade de corrosão;
 efeito da velocidade: a velocidade relativa, superfície
A corrente l de corrosão é, portanto, um fator metálica-eletrólito, atua na taxa de desgaste de três formas:
fundamental na maior ou menor intensidade do processo para velocidades baixas há uma ação despolarizante intensa
corrosivo e o seu valor pode ser variável ao longo do que se reduz à medida que a velocidade se aproxima de 8
processo corrosivo. m/s (para o aço em contato com água do mar). A partir desta
A corrente de corrosão depende fundamentalmente velocidade as taxas praticamente se estabilizam voltando a
de dois fatores: crescer para altas velocidades quando diante de um
 diferença de potencial das pilhas (diferença de potencial movimento turbulento tem-se, inclusive, uma ação erosiva.
entre áreas anódicas e catódicas) - DV;
 resistência de contato dos eletrodos das pilhas (resistência
de contato das áreas anódicas e catódicas) - R;
A diferença de potencial - DV - pode ser
influenciada pela resistividade do eletrólito, pela superfície de
contato das áreas anódicas e catódicas e também pelos
fenômenos de polarização e passivação.
A velocidade de corrosão pode ser, ainda, alterada
por outros fatores que serão tratados no item seguinte e que
influenciam de modo direto ou indireto na polarização ou na Figura 16. Efeito do pH na velocidade de corrosão.
passivação.
O controle da velocidade de corrosão pode se
processar na área anódica ou na área catódica, no primeiro
caso diz-se que a reação de corrosão é controlada
anodicamente e no segundo caso catodicamente. Quando o
controle se dá anódica e catodicamente diz-se que o controle
é misto.

5.5 Influência de Outros Fatores na Velocidade da Corrosão

Alguns outro fatores influem na velocidade de corrosão,


principalmente porque atuam nos fenômenos de polarização
e passivação. Figura 17. Efeito da velocidade relativa do metal/eletrólito na
Tais fatores que também influenciam a velocidade de corrosão do aço em água do mar
corrosão são:

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6 - Formas e Taxas de Corrosão. onde:
mm/ano = é a perda de espessura, em mm por ano
6.1 - Formas de Corrosão. = perda de massa, em mg
S = área exposta, em cm2
As formas segundo as quais a corrosão pode t = tempo de exposição, em dias
manifestar-se são definidas principalmente pela aparência da = massa específica do material, em g/cm3.
superfície corroída, sendo as principais:

 corrosão uniforme: quando a corrosão se processa de


modo aproximadamente uniforme em toda a superfície
atacada. Esta forma é comum em metais que não formam onde:
películas protetoras, como resultado do ataque;
mpy = perda de espessura, em milésimos de polegada por
 corrosão por placas: quando os produtos de corrosão ano;
formam-se em placas que se desprendem progressivamente. = perda de massa, em mg;
É comum em metais que formam película inicialmente S = área exposta, em pol2;
protetora mas que, ao se tornarem espessas, fraturam e t = tempo de exposição, em horas;
perdem aderência, expondo o metal a novo ataque; = massa específica do material, em g/cm3.

 corrosão alveolar: quando o desgaste provocado pela Para conversão das taxas dadas em mm/ano e mpy para mdd
corrosão se dá sob forma localizada, com o aspecto de usa-se as seguintes expressões:
crateras. É freqüente em metais formadores de películas semi
protetoras ou quando se tem corrosão sob depósito, como no
caso da corrosão por aeração diferencial;

 corrosão por pite: quando o desgaste se dá de forma muito


localizada e de alta intensidade, geralmente com
profundidade maior que o diâmetro e bordos angulosos. A
corrosão por pite é freqüente em metais formadores de
películas protetoras, em geral passivas, que, sob a ação de sendo: mdd = mg/dm2/dia
certos agentes agressivos, são destruídas em pontos
localizados, os quais tornam-se ativos, possibilitando
corrosão muito intensa. Exemplo comum é representado Formas de Corrosão
pelos aços inoxidáveis austeníticos em meios que contêm
cloretos;

 corrosão intergranular ou intercristalina: quando o ataque


se manifesta no contorno dos grãos, como no caso dos aços
inoxidáveis austeníticos sensitizados, expostos a meios
corrosivos;

 corrosão transgranular ou transcristalina: quando o


fenômeno se manifesta sob a forma de trincas que se
propagam pelo interior dos grãos do material, como no caso
da corrosão sob tensão de aços inoxidáveis austeníticos.

6.2 - Taxas de Corrosão.

As taxas de corrosão expressam a velocidade do desgaste


verificado na superfície metálica. A avaliação correta das
taxas de corrosão é, de modo geral, de grande importância
para a determinação da vida útil provável de equipamentos e
instalações industriais. Os valores das taxas de corrosão
podem ser expressos por meio da redução de espessura do
material por unidades de tempo, em mm/ano ou em perda de
massa por unidade de área, por unidade de tempo, por
exemplo mg/dm2/dia (mdd). Pode ser expressa ainda em
milésimos de polegada por ano (mpy).
O cálculo das taxas de corrosão em mm/ano e mpy,
quando se conhece a perda de massa pode ser dada pelas
seguintes expressões:

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7 - Tipos de Corrosão. fragilidade da película passivante (defeitos de formação) e o
pH no interior do pite se altera substancialmente no sentido
Os processos corrosivos de natureza eletroquímica ácido o que dificulta a restituição da passivação inicial.
apresentam mecanismos idênticos porque sempre serão Resulta daí que a pequena área ativa formada diante de uma
constituídos por áreas anódicas e catódicas, entre as quais grande área catódica provoca a corrosão intensa e localizada.
circula uma corrente de elétron e uma corrente de íons.
Entretanto a perda de massa e modo de ataque sobre o 7.3 Corrosão por Concentração Diferencial
material dá-se de formas diferentes.
Serão abordados neste capítulo alguns tipos de Os processos corrosivos ocasionados por variação
corrosão, e os seus mecanismos específicos, dentro desta na concentração de determinados agentes no meio provocam
abordagem das características do ataque corrosivo e das também, de um modo geral corrosão localizada. São
formas de desgaste. resultantes da ação de pilhas de concentração iônica
diferencial e pilhas de aeração diferencial.
7.1 Corrosão Uniforme Os principais processos corrosivos por
concentração diferencial são: a corrosão por concentração
A corrosão uniforme consiste no ataque de toda a iônica diferencial, a corrosão por aeração diferencial, a
superfície metálica em contato com o meio corrosivo com a corrosão em frestas e a corrosão filiforme.
conseqüente diminuição da espessura.
Este tipo de corrosão ocorre em geral devido a
micropilhas de ação local e é, provavelmente, o mais comum
dos tipos de corrosão principalmente nos processos 7.3.1 Corrosão por Concentração Iônica Diferencial.
corrosivos de estruturas expostas à atmosfera e outros meios Este tipo de corrosão ocorre toda vez que se tem
que ensejam uma ação uniforme sobre a superfície metálica. variações na concentração de íons do metal no eletrólito.
A corrosão uniforme é uma forma de desgaste de Como resultado ter-se-á potenciais eletroquímicos diferentes
mais fácil acompanhamento, em especial quando se trata de e consequentemente uma pilha onde a área em contato com
corrosão interna em equipamentos ou instalações, tendo em menor concentração funcionará como anodo e a área em
vista que a perda de espessura é aproximadamente a mesma contato com maior concentração como catodo.
em toda a superfície metálica.
É entretanto um tipo de corrosão importante do 7.3.2 Corrosão por Aeração Diferencial
ponto de vista de desgaste, podendo levar o equipamento ou
instalação a falhas significativas, limitando a sua vida útil. Este tipo de corrosão ocorre toda vez que se tem
Os outros tipos de ataque corrosivo onde há um variações na concentração de oxigênio no eletrólito. Como o
local preferencial para a ocorrência da corrosão, resultando potencial eletroquímico de um material metálico torna-se cada
numa perda localizada de espessura são denominadas vez mais catódico quanto maior for a concentração de
corrosão localizada. oxigênio no meio ao seu redor, as áreas com contato com
maior concentração de oxigênio serão catódicas, enquanto
7.2 Corrosão por Pites que aquelas com contato com menor concentração serão
anódicas.
A corrosão por pites é uma forma de corrosão localizada que A corrosão por aeração diferencial ocorre com muita
consiste na formação de cavidades de pequena extensão e freqüência na interface de saída de uma estrutura do solo ou
razoável profundidade. Ocorre em determinados pontos da da água para a atmosfera.
superfície enquanto que o restante pode permanecer
praticamente sem ataque. 7.3.3 Corrosão em Frestas
É um tipo de corrosão muito característica dos
materiais metálicos formadores de películas protetoras As frestas estão sujeitas a formação de pilhas de
(passiváveis) e resulta, de modo geral, da atuação da ilha aeração diferencial e de concentração iônica diferencial..
ativa-passiva nos pontos nos quais a camada passiva é Quando o meio é líquido ocorre preferencialmente as pilhas
rompida. de concentração iônica diferencial e quando o meio é gasoso
É um tipo de corrosão de mais difícil tende a ocorrer as pilhas de aeração diferencial.
acompanhamento quando ocorre no interior de equipamentos Frestas ocorrem normalmente em juntas soldadas
e instalações já que o controle da perda de espessura não com chapas sobrepostas, em juntas rebitadas, em ligações
caracteriza o desgaste verificado. flangeadas, em ligações roscadas, em revestimentos com
Nos materiais passiváveis a quebra da passividade chapas aparafusadas, dentre outras situações geradores de
ocorre em geral pela ação dos chamados íons halogenetos frestas. De qualquer forma as frestas deverão ser evitadas ou
(Cl-, Br-, I-, F-) e esta dissolução localizada da película gera eliminadas por serem regiões preferenciais de corrosão.
um área ativa que diante do restante passivado provoca uma
corrosão muito intensa e localizada. Uma grandeza 7.3.4 Corrosão Filiforme
importante neste caso é o potencial em que haja a quebra de
passividade. Na verdade o que ocorre é a alteração na curva Designa-se corrosão filiforme a um tipo de corrosão
de polarização anódica. que se processa sob filmes de revestimentos, especialmente
A presença dos íons halogenetos provoca alteração de pintura.
nas curvas de polarização anódica, tornando a quebra da Acredita-se que a corrosão filiforme tenha um
passividade mais provável. mecanismo semelhante à corrosão em frestas, devido a
Outro aspecto importante é o mecanismo de aeração diferencial provocada por defeito no filme de pintura,
formação dos pites já que a falha se inicia em pontos de embora o mecanismo real não seja ainda bem conhecido.

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De modo geral o processo corrosivo começa nas 7.5.2 Corrosão por Dezincificação
bordas, progride unifilarmente apresentando a interessante
característica de refletir com o mesmo ângulo de incidência Designa-se por dezincificação ao processo
em obstáculos. corrosivo que se observa nas ligas de zinco, especialmente
latões, utilizados em trocadores de calor (resfriadores,
7.4 corrosão Galvânica condensadores, etc), tubulações para água salgada, dentre
outras.
Denomina-se corrosão galvânica o processo Do processo de corrosão resulta a destruição do
corrosivo resultante do contato elétrico de materiais diferentes zinco (material mais anódico) restando o cobre e produtos de
ou dissimilares. Este tipo de corrosão será tão mais intensa corrosão.
quanto mais distantes forem os materiais na tabela de Observa-se maior tendência a dezincificação nos
potenciais eletroquímicos, ou seja, em termos de nobreza no latões com alto teor de zinco, como por exemplo: latão
meio considerado. alumínio (76% Cu, 22% Zn e 2% Al), latão amarelo (67% Cu e
Terá também grande influência a relação entre as 33% Zn).
áreas catódica e anódica. A relação deverá ser a menor O processo corrosivo pode se apresentar mesmo
possível a fim de se obter um desgaste menor e mais em ligas mais resistentes como o latão vermelho (85% Cu e
uniforme na área anódica. 15% Zn), caso a liga não seja bem homogênea.
Outro aspecto importante é a presença de íons A dezincificação pode ser evitada com tratamento
metálicos no eletrólito, quando estes íons forem de materiais térmico de solubilização da liga e com uso das ligas que
mais catódicos que outros materiais onde venham haver contenha elementos inibidores como As e o Sb.
contato, poderá ocorrer corrosão devido a redução dos íons
do meio com a conseqüente oxidação do metal do 7.6 corrosão associada ao escoamento de fluidos
equipamento ou instalação.
Por exemplo, a presença de íons Cu++ em um No escoamento de fluidos pode-se ter a aceleração
eletrólito em contato com aço tenderá ocorrer a seguinte dos processos corrosivos em virtude da associação do efeito
reação: mecânico com a ação corrosiva.
Os principais tipos de corrosão associada com
Fe + Cu++ Fe2+ + Cu escoamento são a corrosão-erosão, a corrosão com
cavitação e a corrosão por turbulência.
havendo portanto a corrosão do ferro e a redução (deposição)
de Cu. 7.6.1 Corrosão-Erosão

7.5 Corrosão Seletiva. Erosão de um material metálico é o desgaste


mecânico provocado pela abrasão superficial de uma
Os processos corrosivos denominados de corrosão substância sólida, líquida ou gasosa.
seletiva são aqueles em que se tenha a formação de um par A ação erosiva sobre um material metálico é mais
galvânico devido a grande diferença de nobreza entre dois freqüente nos seguintes casos: quando se desloca um
elementos de uma liga metálica. Os dois principais tipos de material sólido; quando se desloca um líquido contendo
corrosão seletiva são a grafítica e a dezincificação. partículas sólidas; quando se desloca um gás contendo
partículas líquidas ou sólidas.
7.5.1 Corrosão Grafítica No caso de líquidos e gases a ação erosiva ocorre
normalmente, em tubulações, em permutadores, em pás de
Designa-se corrosão grafítica ao processo corrosivo turbinas.
que ocorre nos ferros fundidos cinzentos e no ferro fundido A erosão provoca o desgaste superficial capaz de
nodular. O ferro fundido é normalmente usado para remover as películas protetoras constituídas de produtos de
tubulações de água, de esgotos, drenagem, dentre outras. corrosão.
Sendo o grafite um material muito mais catódico Desta forma, um processo corrosivo torna-se mais
que o ferro, os veios ou nódulos de grafite do ferro fundido intenso quando combinado com erosão.
agem como área catódica enquanto o ferro age como área A corrosão produz a película de produto de
anódica transformando-se em produto de corrosão. corrosão, o processo erosivo remove expondo a superfície a
Observa-se então em tubos velhos de ferro fundido, novo desgaste corrosivo.
que se pode com uma faca ou canivete desagregar com O resultado final será de um desgaste muito maior do que se
facilidade a parede do tubo à semelhança de um bloco de apenas o processo corrosivo ou erosivo agisse isoladamente.
grafite.
A corrosão grafítica, em geral, não contra-indica a 7.6.2 Corrosão com Cavitação
utilização dos tubos de ferro fundido para os usos normais,
porque as exigências de pressões pequenas e o tubo suporta Cavitação é o desgaste provocado em uma superfície
bem, mesmo quando corroído. Para minimizar os problemas metálica devido a ondas de choque do líquido, oriundas do
de corrosão grafítica é prática usual revestir os tubos, colapso de bolhas gasosas.
internamente com argamassa de cimento e externamente A cavitação surge em zonas de baixa pressão onde
com um revestimento adequado por tubulações enterradas. o líquido entra em ebulição formando bolhas, as quais ao
tomarem em contato com zonas de pressão mais alta são
destruídas instantaneamente criando ondas de choque no
líquido.

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A cavitação da mesma forma que a erosão destrói longo dos contornos de grão, como conseqüência da
as películas de produtos de corrosão expondo o material a precipitação, neste local, de carbonetos de cromo (Cr23C6).
novo desgaste corrosivo, além de provocar a deformação Átomos de cromo desta região, que se encontravam em
plástica com encruamento em face da incidência de ondas de solução sólida no aço, difundem-se para os contornos de
choque de alta pressão e portanto a criação de áreas grão, formando carbonetos, diminuindo a resistência à
anódicas. corrosão.
Deste modo, o desgaste resultante será maior no A formação desta zona empobrecida em cromo
caso de conjugar os dois fenômenos do que aquele chama-se sensitização, porque torna o material sensível à
observado pela ação de cada um isoladamente. corrosão intergranular.
A sensitização depende do teor de carbono do aço
7.6.3 Corrosão por Turbulência inoxidável e do tempo em certa temperatura. Os aços
austeníticos sofrem sensitização quando são expostos na
É um processo corrosivo associado ao fluxo faixa de 400 a 950oC, enquanto que os ferríticos somente
turbulento de um líquido. Ocorre particularmente quando há para temperaturas acima de 925oC.
redução na área de fluxo. A exposição de um aço inoxidável sensitizado ao
Se o movimento turbulento propiciar o aparecimento meio corrosivo não leva necessariamente à ocorrência da
de bolhas gasosas, poderá ocorrer o choque destas bolhas corrosão intergranular. Muitos meios corrosivos como, por
com a superfície metálica e o processo erosivo resultante é exemplo, ácido acético na temperatura ambiente, soluções
denominado de impingimento. O ataque difere da cavitação alcalinas como carbonato de sódio, ou ainda água potável
quanto a forma do desgaste, sendo no caso do impingimento não causam corrosão intergranular, nestes casos não há
comum alvéolos sob a forma de ferradura e as bolhas motivo de preocupação quanto a sensitização.
causadoras são em geral de ar, enquanto que na cavitação Por outro lado diversos meios causam corrosão
são bolhas de vapor do produto. intergranular, como: ácidos acético à quente, nítrico, sulfúrico,
fosfórico, crômico, clorídrico, cítrico, fórmico, lático, oxálico,
7.7 Corrosão Intergranular ftálico, maleico e graxos; nitrato de amônia, sulfato de
amônia, cloreto ferroso, sulfato de cobre e SO 2 (úmido).
A corrosão intergranular acontece quando existe um Existem diversos testes para se verificar a
caminho preferencial para a corrosão na região dos contornos susceptibilidade à corrosão intergranular, sendo que os mais
de grão. Observando-se que os grãos vão sendo destacados comuns se encontram descritos no ASTM A 262. Um destes
a medida que a corrosão se propaga. (prática A) é o ataque eletrolítico numa solução de ácido
O principal fator responsável pela diferença na oxálico, que é um ensaio da realização simples e rápida e que
resistência a corrosão da matriz (material no meio do grão) e permite ou a aprovação do material (ausência de
do material vizinho ao contorno é a diferença que apresentam sensitização) ou indica a necessidade de um teste adicional,
na composição química nestes locais. mais caro e demorado.
Deste modo, mesmo que a alteração na Existem também testes eletroquímicos, como o
composição química não seja suficiente para eliminar teste baseado na reativação potenciocinética. Um aço
totalmente a capacidade de formação da camada passiva, inoxidável não sensitizado terá sua camada passiva protetora
verifica-se que existe uma corrente de corrosão devido a eficiente durante um certo tempo, caso lhe seja imposto um
diferença de potencial ocasionada pelas características certo potencial eletroquímico antes do cotovelo da curva de
diferentes dos materiais. polarização anódica. Caso o aço esteja sensitizado as regiões
No caso da corrosão intergranular dos aços empobrecidas em cromo irão nuclear a ruptura da
inoxidáveis, a diferença na composição química se deve à passividade rapidamente, sendo detectável uma elevada
formação de uma zona empobrecida em cromo nas corrente de corrosão. Este teste eletroquímico é possível de
vizinhanças dos contornos de grão, em conseqüência da ser feito em campo.
precipitação de carbonetos de cromo. Em outros casos A prevenção da corrosão intergranular (a prevenção
átomos solutos podem ser segregados no contorno de grão, da sensitização) se faz empregando-se aços inoxidáveis
aumentando a sua reatividade. Em outros casos ainda, os austeníticos com teor de carbono inferior a 0.03% ou aços
próprios átomos do contorno podem ter maior tendência à contendo elementos como nióbio ou titânio, que fixam o
passar para solução. carbono, não o deixando livre para formar precipitados com o
O exame metalográfico geralmente não é capaz de cromo. Mesmo com o emprego destes aços devem ser
detectar a susceptibilidade à corrosão intergranular, sendo tomados cuidados quanto à realização de tratamentos
necessária a realização de testes específicos para esta térmicos posteriores à soldagem, os quais podem causar
finalidade. sensitização.
A corrosão intergranular não requer a presença Outra técnica de prevenção é a solubilização, que
simultânea de meio corrosivo e esforços de tração como é o consiste no reaquecimento de um aço inoxidável sensitizado
caso da corrosão-sob-tensão, objeto do item seguinte. acima de 1050oC, seguido de um resfriamento muito rápido
A seguir são apresentadas como exemplos os de modo que não haja tempo para a reprecipitação dos
casos de corrosão intergranular em dois grupos de material, carbonetos. Esta técnica só é viável em peças que possam
os aços inoxidáveis e as ligas de alumínio. Outros casos de ser submetidas ao desempeno (o choque térmico causa
corrosão intergranular existem, como em ligas de níquel. significativas deformações) e também à decapagem (o
aquecimento provoca a oxidação). Uma aplicação usual do
7.7.1 Corrosão Intergranular nos Aços Inoxidáveis. tratamento de solubilização está na fabricação de tubos de
aço inoxidável com costura.
Os aços inoxidáveis sofrem corrosão intergranular Os aços inoxidáveis ferríticos apresentam uma
devido à formação de um zona empobrecida em cromo ao velocidade de difusão do cromo muito maior que os

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austeníticos, o que significa que nestes aços a sensitização é trincas podem nuclear fraturas de grandes proporções,
muito mais rápida. deflagradas de modo praticamente instantâneo.
Nos aços inoxidáveis ferríticos a sensitização deve- A análise da significância de defeitos (trincas) é feita
se à precipitação de carbonetos e nitretos de cromo. Nestes pela mecânica da fratura, utilizando-se, por exemplo,
materiais o número de meios corrosivos capazes de provocar publicações como o PD 6493 - Guindance on Some Methods
a corrosão intergranular é bem maior. for the Derivation of Acceptance Levels for Defects in Fusion
O uso de baixo de carbono ou o uso de elementos Welded Joints, editado pela British Standards Institution.
estabilizantes, como o nióbio ou titânio não são medidas tão
efetivas como o caso dos aços austeníticos. 7.8.1 Corrosão sob Tensão
Para se prevenir a corrosão intergranular dos aços
inoxidáveis ferríticos, a solução consiste em se aplicar um A corrosão sob tensão acontece quando um
tratamento térmico relativamente prolongado (cerca de 2 a 3 material, submetido a tensões de tração (aplicadas ou
horas) a 790oC, com o objetivo de promover a difusão do residuais), é colocado em contato com um meio corrosivo
cromo da matriz (interior do grão) para a região empobrecida, específico. As condições metalúrgicas do material, como
restaurando a resistência à corrosão. dureza, encruamento, fases presentes, são fatores
Os aços inoxidáveis de estrutura duplex (austeno- freqüentemente decisivos. A tensão de tração deve
ferríticos) tem geralmente maior resistência à corrosão necessariamente ser superior a um certo valor limite.
intergranular que os aços austeníticos de mesmo teor de Neste tipo de corrosão formam-se trincas no
carbono. Isto ocorre porque a precipitação de carbonetos é material, sendo a perda de espessura muitas vezes
mais aleatória na estrutura, em vez de ficar concentrada junto desprezível. As trincas decorrentes da corrosão sob tensão
aos contornos de grão, e porque a fase ferrita é mais rica em podem ser intergranulares ou transgranulares. A corrosão sob
cromo que a austenita, podendo perder cromo para os tensão intergranular ocorre quando a direção preferencial
precipitados e manter ainda cromo em solução sólida para a corrosão é o contorno de grão, geralmente devido à
suficiente para resistir à corrosão. precipitação de segundas fases nos contornos ou à existência
de segregações neste local.
7.7.2 Corrosão Intergranular de Ligas de Alumínio A propagação de trinca por corrosão sob tensão é
geralmente lenta, até atingir o tamanho crítico para uma
Ligas de alumínio-magnésio contendo acima de 3% ruptura brusca.
de magnésio podem formar precipitados de Mg2Al8 nos Não existem um mecanismo geral para explicar o
contornos de grão. Estes precipitados são corroídos porque fenômeno da corrosão sob tensão, cada par material-meio
são menos resistentes à corrosão do que a matriz. específico apresenta sua particularidades.
Caso similar ocorre nas ligas de alumínio-magnésio- De um modo geral as combinações resultam na
zinco devido à formação do precipitado de MgZn2. formação de filme ou película na superfície do material, que
No caso das ligas alumínio-cobre os precipitados de lhe confere grande resistência a corrosão uniforme.
CuAl2 são mais nobres que a matriz, aparentemente agindo Os mecanismos propostos para explicar os diversos
como catodos e acelerando a corrosão da região vizinha ao casos podem ser grupados em anódicos e catódicos,
contorno de grão, empobrecida em cobre. conforme a principal causa da propagação seja a dissolução
Eliminando-se os precipitados, elimina-se a causa do material na ponta da trinca ou a fratura associada à
da corrosão intergranular. Entretanto, no caso das ligas de presença de hidrogênio atômico na estrutura cristalina
alumínio mencionadas, os precipitados são imprescindíveis (fragilização pelo hidrogênio).
para a elevação da resistência mecânica. Na seleção do Vários modelos de corrosão sob tensão estão
material para serviço em um determinado meio corrosivo, propostos, ainda em pesquisa.
deve-se evitar o uso de ligas susceptíveis à corrosão Nos diversos casos de corrosão sob tensão podem
intergranular. ocorrer simultaneamente dois ou mais modelos. Alguns,
dentre os principais modelos, são:
7.8 Fissuração por Corrosão
 Modelo da dissolução anódica da ponta da trinca - No
As trincas formadas pela corrosão intergranular, modelo da dissolução a propagação deve-se à deformação
como visto no item anterior, não requerem a ação de esforços plástica na ponta da trinca pela chegada à superfície de
externos. Neste caso a fissuração decorre da corrosão discordância. O filme passivo é rompido, facilitando a
segundo um estreito caminho preferencial. corrosão do material exposto diretamente à ação do meio
Neste item são abordados mecanismos de corrosão corrosivo. O mecanismo de ruptura do filme passivo é
que produzem trincas e que estão associados com esforços atribuído principalmente à corrosão sob tensão intergranular.
mecânicos, sejam aplicados sobre o material, sejam Alguns exemplos de atuação deste mecanismo são os casos
decorrentes do processo de fabricação, como tensões de corrosão sob tensão do aço carbono em nitratos, de ligas
residuais, ou sejam ainda conseqüência do próprio processo de alumínio em cloretos e de latões em amônia;
corrosivo.
Os tipos de trincas podem ser intergranulares ou  Modelo da formação de túneis de corrosão - Neste modelo
transgranulares, e podem ou não estar associadas a o filme passivo é rompido pela emersão de degraus de
inclusões ou segundas fases presentes. deslizamento, formando-se pequenos pites que se
A propagação das trincas associadas aos desenvolvem numa fina rede de túneis que é rompido por
processos de corrosão é geralmente muito lenta, até que seja fratura dútil. Os pites formados podem ter a forma de fendas,
atingido o tamanho crítico para a ocorrência da fratura frágil. com largura da ordem de dimensões atômicas, como
Nesta situação, em função dos esforços atuantes, pequenas conseqüência das tensões de tração atuantes. Este modelo

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explica a corrosão sob tensão transgranular do aço inoxidável As principais causas do aparecimento de hidrogênio
austenítico na presença de cloretos; podem ser:
processos de decapagem ácida;
 Modelo da Adsorção - A adsorção de espécies químicas decomposição da umidade e água de cristalização contida em
presentes no meio, na superfície do material da ponta da alguns tipos de revestimento de eletrodo que gera hidrogênio
trinca, promove uma diminuição da resistência da ligação atômico no processo de soldagem por eletrodo revestido;
interatômica, facilitando a propagação da fratura por corrosão reações de corrosão que liberam hidrogênio como a seguinte:
sob tensão;
Fe + H2S FeS + H2
 Modelo da película de empanado - Este modelo se aplica
tanto à corrosão transgranular como intergranular. A fratura observada no processamento de petróleo contendo enxofre;
da película de corrosão expõe o metal diretamente ao meio, reações catódicas em estruturas protegidas catodicamente;
permitindo sua corrosão e refazendo a película. Deste modo a ação de gases ricos em hidrogênio.
trinca avança um pouco a cada ciclo de fratura e corrosão.
Este modelo pode ocorrer no caso de latões na presença de 7.8.3 Fragilização por Metal Líquido
amônia e oxigênio.
A fragilização por metal líquido é um processo
 Modelo da fragilização pelo hidrogênio - Este modelo vem comum em sistemas de refrigeração de reatores nucleares
a acontecer na realidade quando existem átomos de com metal líquido. Pode ocorrer devido o desequilíbrio
hidrogênio em solução sólida na estrutura cristalina do termodinâmico na interface metal-líquido-metal sólido ou
material. A origem destes átomos de hidrogênio não é devido a penetração intergranular de metais líquidos no
importante para o funcionamento do modelo em si. Uma material dos recipientes.
destas fontes é a reação catódica de redução dos íons de
hidrogênio, que ocorre em meios desaerados. 7.8.4 Corrosão-Fadiga
Os átomos de hidrogênio tendem a se difundir para
locais de maior concentração de tensões, como a ponta de A fadiga de um material é a progressão de uma trinca a partir
trinca, interagindo com o material de maneira ainda discutível. da superfície até a fratura, quando o material é submetido a
Dentre as teorias existentes para explicar a solicitações mecânicas cíclicos.
fragilização pelo hidrogênio destacam-se: a teoria da A fadiga inicia-se em um imperfeição superficial que
decoesão da ligação atômica, onde os átomos de hidrogênio é um ponto de concentração de tensões e progride
interagem com os elétrons responsáveis pela ligação perpendicularmente a tensão. A progressão da trinca dá-se
metálica, reduzindo sua resistência e promovendo a fratura pela deformação plástica verificada na base da trinca
frágil por clivagem, e a teoria da plasticidade concentrada, associada ao constante aumento de concentração de
onde a criação e movimentação de discordância é facilitada tensões. Após atingir um tamanho crítico na trinca, este se
pela presença dos átomos de hidrogênio, levando a um rompe bruscamente causando a falha por fadiga do
amolecimento do material da ponta da trinca e sua equipamento.
propagação por coalescimento de microcavidades. A resistência à fadiga dos materiais é determinada
A fragilização pelo hidrogênio ocorre, por exemplo, através das curvas de fadiga, nestas curvas relaciona-se a
em aços na presença de H2S e em aços de alta resistência na tensão aplicada como o número de ciclos para ocorrência de
presença de cloretos. fadiga. Observa-se que para os materiais ferrosos há um
A prevenção da corrosão sob tensão é mais fácil na limite tensão abaixo do qual por mais que se aumente o
etapa de projeto. Para corrigir uma situação já existente o número de ciclos não haverá fadiga, a este valor de tensão
número de opções possíveis é menor e recai, em geral, na chama-se limite da fadiga. Os metais não ferrosos de modo
utilização de práticas normais de prevenção contra a corrosão geral não apresentam limite de fadiga.
eletroquímica. Um processo corrosivo pode ser a causa do
surgimento da trinca superficial por onde inicia-se a fadiga. A
7.8.2 Fissuração Induzida pela Pressão de Hidrogênio base da trinca é uma região tensionada e encruada que age
como área anódica em relação ao restante do material, logo a
O hidrogênio no estado nascente (atômico) tem presença de um eletrólito no interior da trinca provoca
grande capacidade de difusão em materiais metálicos. corrosão e acelera a progressão da mesma.
Dessa forma se o hidrogênio for gerado na A associação dos dois efeitos causa a falha do
superfície de um material, ele migra para o interior e acumula- material em um número muito menor de ciclos do que se o
se em falhas existentes. fenômeno de fadiga ou corrosão isoladamente.
O hidrogênio acumulado passa da forma nascente a Com a ocorrência dos dois efeitos as curvas de
molecular e provoca o aparecimento de altas pressões no fadiga ficam profundamente modificadas e mesmo para os
interior da falha. metais ferrosos desaparece o limite de fadiga quando se tem
As tensões oriundas da pressão do gás poderão ser corrosão fadiga.
suficientes para escoar o material e, nesse caso, os danos
são irreversíveis, ou apenas para torná-lo mais frágil e, neste
caso com a eliminação do hidrogênio antes da solicitação, o
material voltará as suas condições normais.
Quando o acúmulo de hidrogênio é em falhas
próximas à superfície, a deformação pode provocar
empolamentos, sendo comum denominar este processo de
empolamento pelo hidrogênio.

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