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GRUPO I
Comentário
Temos defendido em comentários a este tipo de questões propostas em provas anteriores que é perfeitamente
possível responder dispensando a informação contida no documento. Até já ousámos dizer que o recurso ao docu-
mento pode complicar a resposta e levar-nos ao erro.
Estamos perante um caso que confirma a nossa tese.
Com efeito, para responder a esta questão, há duas opções que têm de ser rejeitadas imediatamente: a A, porque
os pintores renascentistas foram muito além das temáticas religiosas, e a D, porque uma das mais importantes inova-
ções técnicas do Renascimento foi a conceção tridimensional do espaço pictórico.
As opções B e C são características da pintura renascentista, e Paolo Veronese até diz claramente que, no seu qua-
dro em análise no processo inquisitorial, pintou a fresco, em tela. Seríamos levados, imediatamente, a dizer que a
opção C é a correta e cairíamos numa grande ratoeira, porque a pintura a fresco foi praticada, mas não é uma inova-
ção da pintura renascentista. Quando a esmola é grande, devemos sempre desconfiar.
Com esta certeza enganadora, prestaríamos menos atenção à primeira resposta do artista «Eu pinto e desenho
figuras», bem como à referência ao nariz a sangrar e a tantas outras que confirmam que a inovação renascentista
contida no quadro é o naturalismo na representação da figura humana.
Resposta: Opção B
Comentário
Esta é a habitual questão de resposta muito simples, bastando dizer o nome, como é pedido na questão, sem ter de
recorrer a qualquer explicação. Consideramos que são 10 pontos muito fáceis de conseguir, pois qualquer aluno deve
saber que é o Luteranismo, aceitando-se outra designação ajustada à reforma empreendida por Lutero, na Alemanha.
Resposta
A «doutrina falsa» a que o inquisidor faz referência é o Luteranismo.
Comentário
Esta questão traz-nos um grande problema, já que todas as opções propostas se enquadram nas resoluções do
Concílio de Trento. Portanto, desta vez, é bem possível que tenhamos de recorrer, pelo menos, ao parágrafo referido.
Claro que se supõe que sabemos bem o que foi o Concílio de Trento.
CPEN-HA12 © Porto Editora
O problema pode, então, ser complexo, mas o julgamento inquisitorial que está a ser feito ao artista devia levar-
-nos, sem dificuldade, a eleger a opção C. Não está o seu quadro a ser vigiado ao pormenor pelo Tribunal da Inquisi-
ção? E o que é ter de «corrigir e emendar a sua pintura» que não seja o pintor submeter-se a uma apertada censura?
Resposta: Opção C
441
Propostas de resolução
GRUPO II
Comentário
Estamos perante uma questão cuja resposta é trabalhosa, mas que não pode oferecer grande dificuldade. É traba-
lhosa porque obriga a uma leitura muito cuidada do documento, a uma seleção rigorosa da informação relevante e a
uma correta transcrição dos excertos a que recorremos para a fundamentar. De resto, já sabemos, ela tem de estar
contida no conteúdo do documento em análise. Não pressupõe, por conseguinte, a necessidade de recorrer a muitos
conhecimentos adquiridos.
Claro que uma boa resposta tem de ser organizada em dois parágrafos, um para cada um dos argumentos solicitados.
Resposta
A submissão das ordens sociais privilegiadas ao poder régio nota-se na autoridade com que D. João V se
impõe sobre os «os grandes do reino», que, em sinal de respeitosa condescendência, esperam «de pé encostados
às paredes da sala», e quando o rei quer «que as suas ordens sejam executadas imediatamente; então chama um
desses senhores, entrega-lhes o memorial […] e ordena logo ali o que há a fazer».
A magnificência do rei através da encenação do seu poder é visível no cerimonial das receções (é preciso
atravessar «três salas contíguas» e, chegados à última, esperar que um porteiro da câmara introduza as pessoas)
442 e na ostentação de riqueza, que chega a distribuir prodigamente pelos seus súbditos. Com efeito, na audiência
Propostas de resolução
pública que dava regularmente três vezes por semana, D. João V «está sentado num trono, debaixo de um dossel
e apoiado a uma mesa sobre a qual se coloca uma cesta cheia de pequenos cartuchos de moedas de ouro que
[…] distribui caritativamente».
Comentário
Nesta questão, o conteúdo da opção C bastaria para a considerar como a correta. A opção B tem de ser liminar-
mente eliminada por negar o carácter absoluto do poder; já sobre o carácter ilimitado deste poder, referido na opção A,
temos de admitir algumas reservas. Restam as opções C e D, mas, mesmo que admitíssemos também como verosímil
a opção A, a citação feita na primeira parte da afirmação que temos de completar tem de levar-nos imediatamente a
concluir sobre a dimensão paternal e protetora da figura de D. João V.
Resposta: Opção C
Tópicos de resposta:
• introdução do princípio da soberania da Nação OU legitimação do poder político através do sufrágio (OU
ato eleitoral): o documento evidencia o carácter representativo das Cortes liberais, dado que os seus mem-
bros foram escolhidos através de eleições;
• acesso da burguesia ao poder (OU ao poder legislativo) OU influência crescente da burguesia na vida pú-
blica: o documento mostra a composição socioprofissional das Cortes liberais, com uma maioria de deputa-
dos com profissões de origem burguesa (OU homens de leis e profissões liberais) OU grandes proprietários;
• perda de privilégios e de influência do clero no novo modelo político-social liberal OU progressiva seculari-
zação das instituições do Estado: o documento evidencia a diminuição progressiva dos eclesiásticos entre
os representantes eleitos para as Cortes, entre 1820 e 1836 (de 16 para 5 deputados);
• elaboração de uma Constituição que consagra a separação tripartida dos poderes e o exercício do poder legis-
lativo por uma assembleia representativa da Nação, as Cortes, cuja composição é apresentada no documento;
• elaboração de uma Constituição que consagra o princípio da igualdade perante a lei, abolindo uma socie-
dade assente no privilégio;
• instauração de um regime de monarquia constitucional OU submissão do poder régio a uma Constituição
OU lei fundamental.
Comentário
Apesar de a resposta a esta questão valer os mesmos 15 pontos com que a questão 1 foi cotada, já se exige algo
mais. Agora, é pedido para explicitar informação presente num quadro de dados, que deve ser claramente incluída na
fundamentação dos aspetos que vamos referir.
Portanto, temos de começar por selecionar as manifestações da rutura político-social decorrentes da revolução
portuguesa de 1820 que vamos referir, a partir do documento, e referi-las fundamentadamente. Depois, é só cuidar da
boa apresentação que, continuamos a sugerir, deve ser feita com recurso a dois parágrafos.
Ora, do título do documento, podemos inferir o fim do exercício absoluto do poder e, da composição socioprofis-
sional das Cortes, podemos concluir sobre o carácter burguês da revolução.
armadas (falta saber as suas patentes), os eclesiásticos e os funcionários públicos, a maioria dos deputados exer-
cem profissões conotadas com as que caracterizam a burguesia urbana. Queremos dizer que não vemos repre-
sentantes de trabalhadores do campo e dos ofícios entre os eleitos. A revolução liberal portuguesa confirmou,
por conseguinte, o triunfo político da burguesia, onde se inclui a classe média urbana. 443
Propostas de resolução
GRUPO III
Resposta
A associação correta é: a – 2; b – 4; c – 5.
Comentário
Mais uma questão de resposta simples, cujo tipo, contrariamente ao habitual, aparece pela segunda vez. Já se sabe
que basta dizer o nome, como é pedido na questão, sem ter de recorrer a qualquer explicação. Consideramos que são
mais 10 pontos muito fáceis de conseguir, pois qualquer aluno deve saber que é do Tratado de Versalhes que se trata.
É que, para simplificar mais, o enunciado da questão até diz que foi ratificado após o fim da Primeira Guerra Mundial!
Resposta
O tratado a que se refere a caricatura do documento 2 é o Tratado de Versalhes.
Tópicos de resposta:
• desequilíbrio das finanças públicas OU ruína financeira dos países beligerantes devido às despesas de
guerra: doc. 1 – «a Inglaterra gasta mais de sete milhões e meio de libras por dia» OU «Portugal é hoje, finan-
ceiramente, um país paupérrimo»;
• recurso ao crédito (OU endividamento) pelos países beligerantes para fazer face às despesas militares:
doc. 1 – «a forte e rica Inglaterra teve de recorrer ao crédito»;
• crises inflacionistas (OU aumento do nível geral dos preços) provocadas pela carestia de bens de consumo
e pelo aumento da moeda em circulação (OU «desvalorização da moeda» – doc. 1);
• desorganização do setor produtivo devido à destruição de recursos humanos, de terrenos agrícolas e de
infraestruturas: doc. 1 – «a ruína acompanha os outros povos, mesmo os mais ricos e poderosos»; doc. 2 –
aspeto famélico dos países Aliados, representados, na caricatura, em torno da Alemanha;
• agravamento, nos países vencidos, das consequências económicas e financeiras da guerra, devido às duras
condições impostas, nos tratados de paz, pelos vencedores: doc. 2 – referência ao Tratado de Versalhes, que
estipula a obrigatoriedade do pagamento de indemnizações pela Alemanha («Não tenho leite para um,
quanto mais para tantos!»), representada como ama seca, ou seja, exaurida;
• desejo, por parte dos vencedores da guerra (OU Aliados), de obter compensações económicas para os prejuí-
zos causados pelo conflito (OU que contribuam para a reconstrução do pós-guerra) – doc. 2: referência à explo-
ração dos recursos da Alemanha pelos Aliados, em particular pela França (representada na figura 2 da legenda);
• perda da hegemonia económico-financeira da Europa e afirmação da supremacia económica dos EUA a
nível mundial;
• dificuldades no processo de reconversão de uma economia de guerra para uma economia de paz OU alte-
444 rações na estrutura e na organização da produção.
Propostas de resolução
Comentário
A exigência de fundamentar um dos aspetos pedidos com informação contida no documento 2 pode criar alguma difi-
culdade em responder de forma totalmente correta a esta questão. É que reconhecemos quão complicado é sempre inter-
pretar caricaturas, e a dificuldade em interpretar esta, em particular, até pode ser maior, porquanto a Alemanha vencida é
representada grande e saudável, apesar de exaurida, e os países vencedores aparecem raquíticos e famintos a quererem so-
breviver à sua custa. Com efeito, no pós-guerra, tudo nos levaria a pensar o contrário. E até consideramos que saber que se
trata do Tratado de Versalhes ainda pode complicar mais, sobretudo se se conhecer o essencial do seu clausulado.
Sobre o documento 1, que oferece abundante informação e é de fácil leitura e interpretação para o pretendido neste
momento, até é suficiente o conteúdo do segundo parágrafo, deixando a sua leitura integral para outras necessidades.
Comentário
Outra questão de escolha múltipla, mas que não remete para nenhum documento. Desta vez, uma resposta cor-
reta depende, exclusivamente, de conhecimentos adquiridos. Ora, se após a leitura das quatro opções não conseguir-
mos chegar à correta, teremos de ir por partes, começando por eliminar algumas, se for possível.
Iniciamos pela opção A: crença no «cientismo e no progresso»? Nem pensar. Com o fim da guerra, aconteceu exa-
tamente o contrário. «Consagração universal da igualdade jurídica para as mulheres»? Até é possível, vamos admitir.
«Reforço das normas» e «clima de anomia»: se soubermos o que é o clima de anomia, concluímos que estamos perante
conceitos contraditórios. Há uma que está errada, e só pode ser a C, pois também foi o contrário que se verificou.
Então, a opção D também pode ser correta. Voltemos, então, à opção B. Agora com mais atenção, temos de notar a refe-
rência à «consagração universal». Contudo, temos de duvidar sobre se a consagração da igualdade jurídica da mulher foi
mesmo universal. Claro que não foi. Muita água vai ter ainda de correr debaixo das pontes até que isso seja uma realidade.
Resposta: Opção D
Tópicos de resposta:
• desequilíbrios OU debilidades económicas devido aos baixos índices de produção OU balança comercial
cronicamente deficitária devido à baixa produtividade agrícola e industrial;
• agravamento das dificuldades económicas e financeiras devido à participação de Portugal na Primeira
Guerra Mundial (OU ao esforço de guerra); 445
Propostas de resolução
• escassez (OU carestia) de bens de consumo OU racionamentos OU especulação de preços devido à partici-
– solução autoritária para a desordem e a instabilidade políticas: «ao cabo de um período mais
ou menos longo, outra ditadura virá» OU «uma ditadura que sucederá com a experiência do
passado àquelas que a falta de experiência tornou inviáveis» OU «Uma ditadura que manterá
apenas um simulacro de República».
447
Propostas de resolução
Comentário
Apesar de os autores da prova continuarem a considerar esta a questão de resposta de composição extensa (ques-
Resposta
Entre as dificuldades sentidas pelos governos da Primeira República estavam as decorrentes da gravíssima
situação económico-financeira que resultou da presença de Portugal na Primeira Guerra. Dessa realidade nos dá
conta Egas Moniz, segundo o documento 1, ao afirmar que «Portugal é [em 1917], financeiramente, um país pau-
pérrimo e tende para a última das misérias». E dá como causa os gastos realizados em despesas de guerra feitas
em África e na Europa, causadoras do agravamento para «o dobro dos encargos da dívida pública».
E prossegue, reclamando para o setor produtivo, agrícola e industrial, uma maior atenção, num tempo em
que o edifício económico «tende a aluir» «com a desvalorização da moeda». Considera o orador que «a terra con-
tinuará a ser a grande, a única sólida riqueza, e o trabalho a única valorização do homem». Por isso, pede para que
sejam atendidas as reclamações do movimento operário, para que se consiga aumentar a riqueza nacional e, ao
mesmo tempo conter a contestação social que aumenta de forma cada vez mais violenta, face à inoperância do
poder político.
O documento 2 também nos dá conta das dificuldades económicas vividas por Portugal, agravadas nos anos
que se seguiram ao fim da guerra, ao caricaturar o país como uma das crianças débeis e famintas que procura-
vam resolver as suas dificuldades materiais com as compensações a que a Alemanha ficava obrigada nos termos
do Tratado de Versalhes. Só que, se o «leite» alemão não chegava para alimentar os países mais poderosos, para
Portugal pouco sobraria, pois integrava o grupo dos países secundarizados nos seus interesses, como mostra, na
caricatura, o seu afastamento, relativamente aos outros países vencedores.
O agravamento da agitação social tinha, inevitavelmente, de se refletir no agravamento das dificuldades polí-
ticas. Já vimos, no documento 1, como Egas Moniz alerta para a necessidade de evitar que «a greve perturbadora
venha iniciar um novo ciclo de perturbações e desordens» e, no mesmo propósito, segundo o documento 3, José
Relvas, alerta para as reivindicações «impossíveis» das massas populares e para «retaliações desnecessárias, vio-
lências que, a executarem-se, serviriam para comprometer cada vez mais a pacificação da família portuguesa».
448
Propostas de resolução
Mas a instabilidade política acentuou-se ainda mais, como também denuncia José Relvas, com as lutas polí-
tico-partidárias. Está a fazer referência às profundas divergências que surgiram no Partido Republicano motiva-
das nas ambições pessoais de poder e di-lo sem reservas, quando considera que os republicanos são «sectários
de uma política mesquinha, sem elevação de intuitos, e apenas sujeita a interesses partidários, quando não a in-
teresses pessoais».
Claro que este ambiente sociopolítico abria as portas a tendências autoritárias. Na ausência de soluções para
os problemas económicos e financeiros, num contexto de democracia parlamentar, e face à crescente agitação
social, José Relvas admite que forças antidemocráticas e antiparlamentares possam aproveitar para prometer
soluções que passem pela imposição de modelos autoritários. É muito claro ao admitir que «outra ditadura virá
renovar os dias de Pimenta de Castro e de Sidónio Pais», cujas tentativas só foram inviabilizadas pela falta de
experiência. E continua admitindo uma possível ditadura mais sólida e que «manterá apenas um simulacro de
República». A sua premonição viria a confirmar-se em 28 de maio de 1926, quando, em consequência de um
golpe de estado, foi instituído um regime de ditadura militar.
GRUPO IV
Comentário
Desta vez, a habitual questão de ordenação cronológica de acontecimentos apresenta uma inovação. Em vez de
serem propostos cinco acontecimentos, na forma de texto, são apresentados apenas quatro, na forma de gravuras.
Nada de novo, a não ser a facilitação da resposta a uma questão tradicionalmente difícil. São apenas quatro os acon-
tecimentos a ordenar e é possível que as imagens os tornem mais fáceis de identificar.
Começamos pela referência a Marcello Caetano, porque consideramos inaceitável que não se saiba que esta per-
sonagem está ligada ao Estado Novo. Considerando que deverá saber que os outros acontecimentos só podem ter
ocorrido após o seu derrube, já sabemos que a opção D é a primeira da ordem cronológica pretendida. Também consi-
deramos inaceitável que não se saiba associar António de Spínola ao momento revolucionário que derrubou o regime
de Marcello Caetano e abriu as portas à restauração da democracia em Portugal. Considerando que os outros dois
acontecimentos só podiam ter ocorrido num contexto de afirmação e consolidação da democracia portuguesa, a
opção B tem de ser a segunda. Restam-nos as opções A e C. Podemos não saber as datas, mas pelo menos temos de
saber que a formação da CPLP (1996) foi dos últimos assuntos estudados no âmbito do programa da disciplina. Por-
tanto, este só pode ser o último dos quatro acontecimentos. E temos a ordenação feita.
Resposta
A ordem correta é: D; B; A; C.
Tópicos de resposta:
• manutenção da defesa (OU da guerra colonial) do ultramar português e dos direitos históricos sobre os
territórios coloniais: «É um imperativo irrenunciável, um princípio por que se dá a vida. [...] Cimenta-a o san-
gue dos seus heróis» OU «o pesado encargo que o esforço da defesa impõe à coletividade»;
• apologia de Portugal como um Estado uno, pluricontinental e multirracial: «A integridade de uma Pátria
não se discute nem se põe a votos»;
• rejeição continuada das propostas de negociação apresentadas ao Governo português pelos movimentos
nacionalistas de libertação constituídos nas colónias (PAIGC, FRELIMO, MPLA OU FNLA OU UNITA) OU re-
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cusa em reconhecer o direito à autodeterminação dos povos das colónias: «A autodeterminação [das coló-
nias] é o início do abandono»;
• política de continuidade no fomento económico das colónias e lançamento de um vasto programa de
obras públicas no âmbito do projeto do Espaço Económico Português, criado em 1961; 449
CPEN-HA12-29
Propostas de resolução
• projeto de alteração do estatuto das colónias no sentido de uma autonomia progressiva e participada, de
Comentário
Uma questão perfeitamente na linha das anteriores questões de resposta restrita, isto é, mais uma questão cuja
resposta pode e deve ser elaborada com elementos retirados de um dos documentos que a suportam. O grande traba-
lho consiste, mais uma vez, na leitura e análise do conteúdo do documento 2 e na seleção dos aspetos relevantes para
a resposta, escrevendo com correção sintática e ortográfica, sem esquecer o recurso a dois parágrafos.
Nós selecionámos a recusa da negociação com os movimentos independentistas e a intransigência na considera-
ção das províncias ultramarinas como extensões naturais do território continental português.
Tópicos de resposta:
• abertura da economia nacional ao mercado europeu e mundial, sobretudo com o II Plano de Fomento
(1959-1964): «Com altos e baixos, a integração europeia teve inegavelmente os resultados de melhorar as
perspetivas para o crescimento de vários setores industriais portugueses»;
• integração, como membro cofundador, na EFTA (OU Associação Europeia de Comércio Livre): «Melhoraram
as perspetivas em alguns setores devido à adesão à EFTA» OU «Com altos e baixos, a integração europeia
teve inegavelmente os resultados de melhorar as perspetivas para o crescimento de vários setores indus-
triais portugueses»;
• estabelecimento de um Plano Intercalar de Fomento (1965-1967) orientado para a economia de mercado,
sendo priorizado o setor industrial e a iniciativa privada (OU abandono do condicionamento industrial):
«Grande parte dos postos de trabalho hoje existentes no país nasceram do processo de industrialização»;
• aposta no aumento da concorrência no mercado nacional OU na concentração empresarial OU no apoio à
modernização industrial OU na captação de investimentos estrangeiros, sobretudo com o III Plano de Fo-
mento (1968-1973);
• integração em diferentes organismos económico-financeiros de âmbito internacional (OECE OU FMI OU
BIRD OU GATT);
• estratégia de aproximação à economia europeia com o pedido do estatuto de membro associado da CEE,
em 1962, OU com a assinatura de um acordo comercial com a CEE, em 1972.
450
Propostas de resolução
Comentário
Já sabemos que, quando é pedido para explicitar, temos que ir mais além da simples apresentação, embora as
questões sejam cotadas com a mesma pontuação. Notar que, nesta questão em particular, só é exigida a fundamen-
tação, com excertos do documento que a suporta, de apenas uma das estratégias pedidas. Isto leva-nos a pensar que
a outra estratégia pode não estar explícita ou até implícita no documento. Quer dizer que poderemos ter de recorrer a
mais conhecimentos do que para responder às questões anteriores do mesmo tipo.
Nada melhor do que passar à leitura e análise do conteúdo do documento 3, pressupondo que se saiba o que foi o
ideal de autarcia no Estado Novo. Selecionámos a integração da economia portuguesa no contexto da economia in-
ternacional e a defesa de um processo industrializador e da economia privada.
Comentário
Outra questão de escolha múltipla cuja remissão para a informação de um documento apenas serve para lhe dar
enquadramento. É entre as quatros opções e com base nos conhecimentos adquiridos que temos de encontrar a res-
posta correta. E temos de passar ao habitual exercício para tentar excluir algumas opções e concluir sobre a verosimi-
lhança de outas.
Começamos pela opção A e temos de a admitir como possivelmente correta. A opção B facilmente pode ser elimi-
nada. Era o que faltava, no Estado Novo, membros da oposição integrarem o Governo! Debate eleitoral para eleições
presidenciais com Américo Thomaz na Presidência da República? Nem pensar! E também temos de saber que, na Pri-
mavera Marcelista, a rutura de regime só ocorreu em 25 de abril de 1974. Portanto, em 1969, a «abertura» e o «diá-
logo» políticos só podem ter ocorrido no contexto da política marcelista de evolução na continuidade.
Resposta: Opção A
Tópicos de resposta:
• [impacto da questão colonial no desenvolvimento nacional] enquanto, no documento 2 – perspetiva
de Ulisses Cortês –, se defende a manutenção das províncias ultramarinas («É um imperativo irrenunciável,
um princípio por que se dá a vida.»), afirmando que os gastos com a guerra nesses territórios não compro-
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metem o desenvolvimento da economia nacional («Não omitirei o pesado encargo que o esforço de defesa
impõe à coletividade. Mas penso também que os factos mostram [...] a conciliação das exigências da defesa
e do fomento» OU «apesar dos elevados encargos de carácter militar, o nível dos investimentos públicos
programados nos Planos tem subido sempre»), no documento 3 – perspetiva de Pereira de Moura –,
451
Propostas de resolução
Comentário
Nenhuma surpresa no enunciado desta questão, que não seja o pedido de comparação de apenas duas perspeti-
vas sobre a realidade portuguesa em outubro de 1969. De resto, como é normal, o antagonismo dos oradores sobre a
matéria é tão evidente que este exercício continua a requerer apenas uma boa leitura e uma boa interpretação dos
documentos e, claro, uma boa composição escrita.
Aqui é que os conhecimentos adquiridos são inteiramente dispensáveis. Basta mesmo saber ler, e interpretar e
transcrever com correção, porque continua a ser obrigatório integrar na resposta os excertos dos documentos que
fundamentem a nossa análise, o que também não é surpresa.
política ultramarina e a guerra como causas do empobrecimento do Estado, afirmando concretamente que «as
guerras coloniais […] estão a depauperar o Estado, impedindo-o de se lançar em empreendimentos de infraes-
trutura».
A política social do Governo constitui outro ponto de discórdia entre os dois políticos. Ulisses Pereira, no do-
cumento 1, considera muito positivas e de grande impacto social as medidas tomadas pelo Governo, referindo
concretamente o aumento das dotações orçamentais para o desenvolvimento da educação, com reflexos na
multiplicação das construções escolares e os desenvolvimentos verificados no «abastecimento de água» e na
«construção de vias de acesso, além de outros investimentos […] tendentes à distribuição equilibrada do pro-
gresso e à elevação do nível de vida das populações». Por seu lado, Pereira de Moura, no documento 3, denuncia
a ausência de uma verdadeira política social do Governo, que apenas beneficia os grandes grupos económicos
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em detrimento das classes trabalhadoras, eternamente sacrificadas pelos «baixos salários, altos níveis de preços
dos bens de consumo, fraca intervenção estatal no sentido redistributivo, quer diretamente quer através dos in-
vestimentos e consumos públicos de índole “social”, como ensino, habitação, saúde, segurança social e promo-
ção rural».
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