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Apresentação
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Índice
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Introdução
O Maçom dedicado trabalha para seu aperfeiçoamento, porque sabe que é imperfeito; afetuoso,
não ostenta seus supostos conhecimentos pelos erros de seus Irmãos; consciencioso, sabe que
os Rituais contêm erros, que a Bíblia Sagrada contém erros, que a Constituição do País contém
erros, enfim, que todas as obras literárias importantes, ou não, são inexatas; nascem, glorificam-se
ou são ignoradas imperfeitas porque são obras produzidas por homens, seres imperfeitos que todos
sabemos ser. É consciência maçônica doutrinária respeitar e cumprir as determinações contidas nos
Rituais, mesmo que alguns procedimentos neles descritos possam parecer equivocados, desnecessá-
rios ou obsoletos.
Fidelidade obediencial comporta submissão doutrinária e legal, mas, não é mote de impedi-
mentos intelectuais. Ignorar nossos erros e enganos “é abrir mão da razão, da ação, e não agir
equivale a não existir”. Einstein dizia que “se o homem soubesse de tudo sua vida perderia a
graça, pois, a beleza está na curiosidade, no estudo, na pesquisa, na hipótese, na sensação de que
sempre falta alguma coisa, a saber,” – a transferência de conhecimentos. Aquele que procura o
conhecimento não deve abster-se de pensar; a reflexão é o exercício da razão. A Maçonaria
Universal, “não impõe limites à livre e consciente investigação da verdade em prol da doutrina e do
aperfeiçoamento de seus adeptos” – postulado presente em todas as constituições maçônicas.
Sobre os Rituais
“Se alguém afirma "eu minto”, e o que diz é verdade, a afirmação é falsa; e se o que diz
é falso, a afirmação é verdadeira e, por isso, novamente falsa”. (O Paradoxo do Mentiroso –
Eubúlides Mileto, pensador do século IV a.C)
Por analogia ao pensamento do filósofo, diríamos que: se procedimentos equivocados são
inseridos nos Rituais Maçônicos, eles ganham legitimidade, como não foram fundamentados na
história e na genuinidade do Rito, eles perdem a legitimidade, mas, como estão descritos nos Rituais
e, por isso, eles são novamente legítimos.
As adequações ritualísticas no cotidiano das Lojas são as principais causadoras do distancia-
mento do projeto de uniformização litúrgica reclamado por Maçons ritualistas; surgem através de
duas vertentes a arbitrária: por iniciativas individuais dos Obreiros das Oficinas e a oficial: quando
os procedimentos são inseridos em novas edições de Rituais por autoridades legalmente constituí-
das. As adequações arbitrárias observam três aspectos: frívolo, porque “se acha” bonito; místico,
quando, e porque, se estende a alguma religião ou seita; e lógico, porque é coerente e racional,
resulta de um dado, de um fato, mormente práticas de outros Ritos. Sejam como for, são adequações
que nascem subjetivas e crescem adotadas pelo descaso; frívolas, não completam nem acrescentam
nada a não ser vaidades e egocentrismos; quando religiosas desrespeitam Obreiros de crenças
diferentes, maculam o Rito com crendices; e mesmo lógicas, embora demonstrem causa e razões,
subestimam os Rituais – mesmo que os Rituais contenham erros eles têm que ser seguidos. As
adequações pessoais à ritualística, ilegais que são, carecem ser rejeitadas na origem; jamais
deveriam ganhar força, pois, tornam-se práticas coletivas e, daí, inseridas nos Rituais sob a égide de
“costumes arraigados” transformando-se, deste modo, em adequações oficiais. Um erro praticado
por centenas ou milhares de pessoas continua sendo um erro.
O maior equívoco no processo das “adequações” litúrgicas e ritualísticas caracteriza-se pela
falta de informações e por desconsideração para com aqueles que deveriam, pela lei e pela razão,
propor, debater e aprovar procedimentos ritualísticos, ou seja, o Órgão Litúrgico da Obediência.
Argumenta-se que em assembléia com muitos participantes perde-se muito tempo. Daí, então, se
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nomeia uma comissão com três ou quatro membros, cujo último quesito, pelo resultado produzido,
é o conhecimento; maculam o Rito com impropriedades; sem apresentar fundamentação. Não há o
cuidado em verificar se as adequações não serão contraditórias às instruções contidas nos Rituais de
cada grau; não serão contrárias à doutrina maçônica que é mística e de essência liberal, mas, pela
filosofia e pela lógica; não será retrocesso à didática do ensino maçônico que é simbólico e
alegórico, justamente, para induzir o estudante a pensar, a exercitar o raciocínio abstrato – o método
mais eficaz para desenvolver a inteligência.
A moderna ciência garante que quanto mais se usa o raciocínio abstrato, a cognição, mais
desenvolvido fica o cérebro, mais se expandem as conexões entre os neurônios e, cada neurônio
pode ter milhares de conexões. Pode parecer um exagero esta associação da bioquímica com o
aprendizado maçônico, mas a verdade é que adequações enigmáticas sem correspondência as
instruções, aos Símbolos e as Alegorias, dissimulam seus consagrados e seculares significados,
promovendo um ensino mais decorado do que por assimilação – essência do processo da escala
iniciática maçônica: intuição, análise e síntese.
Diretriz e Compromissos
“Os segredos da Maçonaria repousam, sobretudo, na sua simbologia. Usando esse sis-
tema, só os que são Iniciados chegarão ao pleno conhecimento daquilo que ela, realmente,
procura transmitir. Os não Iniciados podem ler e reler obras maçônicas que nunca irão, por
mais cultos que sejam, apossar-se dos segredos da Arte Real. O profano não chegará jamais
a captar o sentido real e verdadeiro daquilo que é essencial, o básico, em nossos mistérios”.
(Raimundo Rodrigues - A Filosofia da Maçonaria Simbólica - Editora A Trolha)
Embora este livro tenha sua distribuição dirigida somente a Maçons, a cautela é salvaguarda
necessária para a preservação dos segredos da Ordem.
A verdadeira arte da Maçonaria é a arte do pensamento – Arte Real. A ciência maçônica é o
saber que se adquire através dos métodos simbólicos de produzir e transmitir bens intelectuais e
morais. Para se ter acesso aos métodos de ensino da arte de pensar e da sabedoria maçônica é
preciso ser reconhecido como Maçom. E, somente são reconhecidos Maçons àqueles que detêm os
segredos do reconhecimento, ou seja, os SS∴ , os TT∴ e as PP∴ – os verdadeiros segredos de
cada Grau; “o que há de mais difícil para ser alcançado”. Integram-se ao método de reconheci-
mento as perguntas e respostas do Telhamento e, por costume, frases harmônicas a ritualística
maçônica – Tens trabalhado muito meu Ir∴ ? – Sim, de... ... à ... ... Exceto o método de reconhe-
cimento, todos os demais segredos não são na realidade transmitidos e sim percebidos. Na verdade,
é pouco provável que muitos Maçons compreendam o que os seus segredos representam. Que dirá o
homem profano. Quando se diz que o verdadeiro Maçom é reconhecido por sua conduta, sem
dúvida, alude as virtudes que o Maçom deva possuir e, não a método de reconhecimento. Muitos
Maçons têm péssima conduta, evidente que isto não é exclusividade da Maçonaria; em todas as
instituições, sejam religiosas, beneficentes ou filosóficas há maus homens. Da remota antiguidade
vem a história de um grupo evangelizador de apenas treze membros; exceto um, todos, na posteri-
dade, foram canonizados; entretanto, um deles vendeu seu líder por trinta moedas, outro,
aterrorizado com as atrocidades físicas e morais que eram impingidas ao seu líder, mentiu por três
vezes dizendo – não o conheço! E somente um deles acompanhou seu Mestre durante todo o
percurso, entre o covarde tribunal e o calvário.
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Mistério
Mistério [Do gr. mystérion, pelo lat. mysteriu.] Ant. = 1. Conjunto de doutrinas e ceri-
mônias religiosas que só eram conhecidas e praticadas pelos iniciados; culto secreto: os
mistérios de Ísis; os mistérios Elêusis. ... 7. Conhecimento aprofundado de uma arte ou ciên-
cia, inacessível aos não iniciados: os mistérios da física. (Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa).
Mistério não difere muito da definição do vocábulo Segredo. Os Mistérios da Ordem espe-
lham a Doutrina da Maçonaria – conjunto de princípios que servem de base a seu sistema filosófico,
progressista e filantrópico. Há diferenças entre os Mistérios da Ordem e os Mistérios das antigas
Escolas Iniciáticas que se originaram, a saber: do Egito a lenda de Ísis e Osíris, da Grécia os
Eleusianos, da Palestina os Essênios, a Cabala Hebraica e a Lenda da Construção do Templo. Estes
fazem parte da cultura maçônica; neles as Lendas da Ordem se inspiram e fundamentam suas
dramatizações e alegorias. Tanto a doutrina maçônica como as cerimônias maçônicas são de
conhecimento do público profano, isto é um fato, que mal pode causar à Maçonaria? Pelo menos
podemos fazer ver que não cultuamos o demônio e a figura do bode como ícone maçônico só existe
dentro do crânio blindado da ignorância. Narrar os Mistérios não significa revelar os segredos da
Ordem. Os segredos, – conhecimento e percepção das sutilezas das lendas iniciáticas fundadas nos
Mistérios das antigas civilizações, SS∴ Causais e Penais, TT∴ e PP∴ – são sempre preservados
sob o véu das comunicações acobertas e do Código Maçônico.
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O Templo
N emdo templo
as igrejas e nem os Templos maçônicos são, como pretendem alguns autores, cópias
hebraico (de Jerusalém ou de Salomão), pois este serviu, apenas, como um
modelo aproximado para as igrejas, assim como estas serviram de modelos aproximados pa-
ra os Templos maçônicos”. (José Castellani -Dicionário Etimológico Maçônico - Editora A
Trolha.).
Decoração
Decorar significa dar cor e forma. Forma não designa apenas dimensões, mas, também,
estrutura, estilo e padrão. Por exemplo: a Abóbada Celeste, o Pavimento Mosaico, o Oriente, o
Ocidente, os Altares, a Balaustrada, as Colunas e o conjunto de ornamentos. O Templo maçônico
representa o Templo de Jerusalém por analogia simbólica e não por formato arquitetônico.
Ornamentação.
Ornamentar significa guarnecer com ornatos; enfeitar. São os utensílios que, no Templo,
realçam a decoração. Por exemplo: o Pavilhão Nacional, o Estandarte da Loja, os Castiçais e
Candelabros, o Turíbulo e a Naveta, o Mar de Bronze, a Pira do Fogo Sagrado, as Colunetas e os
Painéis. Entretanto, pela observância de preceitos do ensino da simbologia maçônica os ornamentos
da Loja são: o Pavimento Mosaico, a Orla Dentada e o Delta Radiante
Podem, também, ser considerados ornatos as ferramentas simbólicas de trabalho de cada
Grau: o Maço, o Cinzel e a Régua; o Esquadro, o Nível e o Prumo; o Cordel, o Lápis e o Compasso.
Cada uma com seu simbolismo didático maçônico e iniciático, indispensáveis nas comunicações
dos Mistérios. Malhetes, Bastões, Espadas e Bolsas de coletas, embora, também, ornamentem são
ferramentas reais de trabalho litúrgico. Tenhamos sempre em mente que Rituais, livros, pastas e
objetos pessoais, não fazem parte da Decoração e Ornamentação do Templo, não são ferramentas
ou instrumentos de trabalho simbólico ou litúrgico. (Ver Sinais com Instrumentos de Trabalho)
Trono e Altar
Muitos Obreiros costumam confundir Trono com mesa, Altar ou área do Altar – chamam de
Trono tudo o que se encontra sob o dossel –, o que é um erro, Trono é a cadeira onde tem assento o
Ven∴ Mestre. Essa confusão ocorre por interpretações equivocadas, inclusive, e, principalmente,
quando na redação de Rituais:
“... o TRONO, destinado ao Ven∴ M∴ , deforma triangular ou quadrangular, onde re-
pousam uma espada, um malhete,...”
Ou ainda onde trata das Normas e Procedimentos em Loja, quando se refere ao acendimento
de velas.
“... No TRONO do Venerável, Altares dos VVig∴ e Mesas dos IIr∴ Sec∴, Tes∴ , e
Chanc∴”
O correto é designar como TRONO somente a cadeira onde o Ven∴ Mestre se assenta para
presidir os trabalhos. O Ven∴ Mestre sentará “no” Trono e não “ao” Trono. Torna-se óbvio,
então, que a referência e a cadeira, pois, todos sabemos que mesa não é assento.
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Sólio X Dossel
O 1º Diác∴ tem assento à direita do Ven∴ Mestre e, em nível de piso, abaixo do Trono ou
Sólio, porque, Trono e Sólio representam a mesma coisa, ou seja, são sinônimos. Para se chegar ao
Trono do Ven∴ Mestre sobe-se três degraus. Dossel é a armação ornamental, saliente, forrada e
franjada, que encima o Altar e o Trono do Ven∴ Mestre.
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alusivas ao Sol, a Lua e a Estrela Flamejante. Orador e Secretário não são LUZES da Loja, muito
menos Tesoureiro e Chanceler, pois estes, nem sequer dignitários são; por que luzes simbólicas em
suas mesas.
Podemos notar que o Mestre de Harmonia tem em sua mesa de som uma pequena lâmpada elétrica
para auxiliá-lo na visão dos comandos do equipamento e na leitura dos títulos dos discos ou fitas
magnéticas, e, assim melhor conduzir a Coluna da Harmonia. Desse modo, fazia-se em tempos
passados com as mesas do Orador, do Secretário, do Tesoureiro e do Chanceler, oficiais com
funções de escrituração; precisam de iluminação em suas mesas. Com o tempo essas luzes foram se
integrando as LUZES simbólicas da Loja e, por fim, enxertadas nos Rituais sem nenhum esclareci-
mento, ou melhor, fundamento.
O Delta Luminoso
“Não podendo pintar o Painel completo, deve ser substituído com as figuras do Sol e da
Lua em quarto crescente, tendo no meio destes um triângulo isóscele com o Olho da Provi-
dência”. (Ritual Grau 1- O Templo Maçônico).
O Delta Luminoso ou Radiante é o triângulo eqüilátero tendo no seu interior a figura de um
olho esquerdo – Olho da Providência – ou a primeira letra do tetragrama Iôd, He, Vav, He. Repre-
senta a divindade. Sua localização correta é na parede Oriental do Templo, compondo, ou não, o
Painel Simbólico. Por representar a divindade ele não pode ser encoberto por nada ou ninguém.
Infelizmente, sem nenhuma fundamentação, o Delta foi transferido para frente do dossel e instalado
uma lâmpada elétrica, desta forma ninguém duvidaria que aquele seria o Delta Luminoso. Como se
não bastasse inventaram um Delta para a Loja de Companheiro, este com a Estrela Flamejante ou
Hominal. Retiraram o Símbolo da divindade e colocam um símbolo do homem ignorando as
prescrições dos Rituais:
“A Estrela Flamejante brilha no centro da Loja” “Está colocada entre o Sol e a Lua”
(Venerável e 1º Vig∴, portanto, ao “Meio-dia” é representada pelo 2º Vig∴ − Ritual Grau
2, 4º Instrução).
Nos Rituais mais antigos, no texto que descreve a cerimônia iniciática de Elevação ao grau 2,
lê-se:
“... contemplai este Delta Misterioso... este DELTA resplandecente de luz, dominando
nossa Loja, vos mostra duas grandes verdades e duas sublimes idéias. A letra Iôd ou G, re-
presenta...”.
Já nos Rituais mais recentes lê-se:
“... contemplai este Delta Misterioso... Esta ESTRELA resplandecente de luz, dominando
nossa Loja, vos mostra duas grandes verdades e duas sublimes idéias. A letra Iôd ou G repre-
senta...”.
Isto foi o suficiente para inventarem o tal “Delta do Grau 2”. Enxertaram a Estrela dentro do
Delta materializando o sentido figurado, a conotação. Esqueceram, ou fizeram “vista grossa”, a
parte do texto que define em todas as edições dos Rituais do grau de Companheiro Maçom o
simbolismo da letra Iôd ou G que figuram, uma ou outra, inscritas no Delta. O Pentagrama com a
letra “G” em seu interior é figura que compõe o Painel do grau de Companheiro Maçom; também,
faz parte dos Ornamentos da Loja de Comp∴ (Pavimento Mosaico, Orla Dentada e Estrela
Flamejante), e como tal deveria estar suspensa no centro geométrico do Templo – Meio dia,
próximo ao 2º Vig∴ .
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Posição das Bolsas
A balaustrada – grade que divide o Oriente do Ocidente – não é cabide de descanso das Bolsas
de coletas ritualísticas. A B∴ de PP∴ e II∴ deve repousar sobre a mesa do Secr∴ e a do Tr∴ de
Sol∴ sobre a mesa do Tes∴ , pois, a estes oficiais e que correspondem seus conteúdos. (Ritual Grau
1 – O Templo Maçônico)
Pavimento Mosaico
O Pavimento Mosaico, e não “de Mosaico”, pois, neste caso, mosaico é um adjetivo relativo a
Moisés, é o piso ou soalho do Templo, composto de quadrados ou losangos alternadamente em
brancos e pretos. É herança histórica dos primeiros Templos Maçônicos construídos na Inglaterra
por inspiração nas arquiteturas dos prédios públicos, principalmente, do Parlamento Britânico e dos
Templos Anglicanos. Atualmente, no sistema de Grandes Lojas Brasileiras, o Pavimento Mosaico é
representado de forma reduzida, seus Rituais designam, apresentam e materializam o Pavimento
Mosaico, por um pequeno quadrilátero que figura no centro do Templo. Mas, lembramos, ele
representa todo o piso ou o soalho do Templo.
É ledo engano julgar que não se deve pisar no Pavimento Mosaico. Em Loja aberta, natural-
mente, não se pisa no pequeno Pavimento, quando, e, porque se caminha em círculos, mas, só por
isso. Pisa no Pavimento Mosaico o iniciando, o Aprendiz quando da Elevação, o Companheiro
quando da Exaltação. Dizer-se que somente MM∴ II∴ podem pisar no Mosaico é outra utopia; o
Orador pode não ser M∴ I∴, mas, abre o L∴ da L∴ nas ausências ou impedimentos dos ex-
Veneráveis e neste procedimento pisa no Mosaico, os Diáconos pisam no Mosaico, de outro modo
como o 1º Diácono abriria e fecharia os Painéis, com um gancho na ponta de seu bastão? (No REAA
primitivo o Livro da Lei era aberto na mesa do Ven∴ Mestre, depois, em uma mesa anexa e a
frente da mesa do Ven∴ . Os Diáconos não portavam Bastões; após a transmissão da palavra
voltavam aos seus lugares.)
Abóbada Celeste
A origem da Abóbada Celeste no Templo Maçônico foi perdida. A versão mais aceita pelos
historiadores é que ela representa o céu de 21 de março, quando, o Sol, cruza a linha do equador no
equinócio de primavera no hemisfério norte. É também, quando começa o calendário maçônico
mais usado, o hebraico. A criação artística da Abóbada Celeste que temos atualmente é da mesma
época dos Painéis dos Graus, pintados por John Harris em 1813 por encomenda da Grande Loja
Unida da Inglaterra. Não há rigor, sob o ponto de vista astronômico, na disposição dos astros na
figura da Abóbada Celeste, mas, devemos manter a tradição que já perdura próximo aos 200 anos,
que é a do hemisfério norte.
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Alteraram a figura do Plano do Templo pondo as Colunas no Átrio não se dando ao trabalho de ler
as instruções de Circulação em Loja contidas nos Rituais de Comp∴ e de M∴Maçom, idênticas ao
do Ritual de Aprendiz:
“O Obreiro circulando em Templo nunca deve passar por trás dos Pilares J e B, e sim pela
frente dos mesmos....” (Ritual de Apr∴ pág. 149)
Ora, como poderia o Obreiro, nas circulações em Loja, passar por trás dos Pilares (a definição
correta é Colunas) estando estes no Átrio?
As Colunas B e J não têm, nem tiveram nos “tempos bíblicos” função de sustentação; são
colunas decorativas, por isto, o que importa é sua representação – alegorias contidas nas instruções
de cada Grau –, suas referências simbólicas. O Templo Maçônico não é, e nunca foi réplica do
Templo de Salomão. As reuniões de nossos antigos Irmãos, no período de transição da Maçonaria
operativa para a dos Aceitos ou Especulativa, eram realizadas nas Tabernas e nos Átrios das Igrejas.
Os primeiros Templos Maçônicos foram construídos na Inglaterra, no século XVIII, como já
dissemos antes, por projetos inspirados nas arquiteturas dos prédios públicos da época, principal-
mente, dos Templos Anglicanos e o do Parlamento Britânico. Destes se originam o Átrio, o
Mosaico, as Colunas, etc., inclusive a Sala dos Passos Perdidos copiada do Parlamento que, até os
dias de hoje existe e assim é denominada. Os Templos maçônicos atuais representam a terra e o
universo, e, isso é claramente visível: a Abóbada Celeste, as Colunas Zodiacais, o Norte, o Sul, o
Oriente, o Ocidente, o Zênite e o Nadir. (Ver na quinta instrução do Grau 1 – o primeiro diálogo
entre o Ven∴ e o 1º Vig∴ )
Nesta concepção as Colunas “B” e “J” representam os pontos solsticiais; alinhadas ao eixo do
Templo definem as paralelas que se estendem e alcançam o Sol no Oriente; os trópicos de câncer e
de capricórnio (ver sexta instrução do Grau 1); estão inseparavelmente ligadas ao Zodíaco que
ornamenta as 12 Colunas ao Norte e ao Sul do Templo; integram as alegorias que contemplam as
instruções de cada Grau, como as Colunas de fogo e nuvens que guiava e protegia o povo hebreu na
fuga do Egito e da ira do Faraó. No interior do Templo as Colunas preponderam; estão sempre
“vivas” e ativas no simbolismo e analogias da didática maçônica. Isoladas, no Átrio, não aludem
quaisquer representações – ligações simbólicas ou alegóricas relacionadas ao Átrio ou ao exterior –
estão solitárias não refletem “Estabilidade e Firmeza”, “Força e Apoio”.
Diga-se a bem da verdade que não há nas escrituras sagradas das religiões, ligadas ao simbo-
lismo hebraico, referências a esferas representando o mapa do “Globo Terrestre” e do “Globo
Celeste” encimando as Colunas “B” e “J”. Estas esferas existem no Painel do Grau de
Comp∴ Maçom, por criatividade alegórica de nossos Irmãos dos tempos em que os Painéis eram
desenhados no chão – hábito de desenhar a Loja. O primeiro globo terrestre foi construído em
1492.
“... Na Mina, conheceu Martim Behaim, geógrafo que acompanhara a expedição de Diogo
Cão e que em 1492 concluiria um grandioso projeto: a fabricação do primeiro globo terres-
tre, reformulando as idéias de Ptolomeu”. (Eduardo Bueno - A Viagem do Descobrimento -
Editora Objetiva).
Nos Rituais passados, editados pela GLMERJ, relata-se que segundo as tradições maçônicas
as Colunas eram ocas para que ali fossem guardados as ferramentas e os tesouros dos Aprendizes
e Companheiros, porém, na nova edição do Ritual do Grau de Comp∴ Maçom, foram adequados
para Aprendizes MAÇONS e Companheiros MAÇONS, tal como Adonhiram, que no Ritual de
Instalação recebe, do mesmo modo, o tratamento de Mestre MAÇOM. As Lendas das antigas
civilizações, nas quais a Maçonaria espelha sua doutrina, seus Mistérios e sua filosofia, por lendas,
não têm nenhum compromisso com verdades históricas. As lendas maçônicas, fundamentadas
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naquelas, são episódios adaptados pela imaginação para gerar as alegorias de cunho moral e
filosófico, engendra o sincretismo didático maçônico.
“... Nada, historicamente, autoriza a hipótese de uma divisão de Obreiros, durante a
construção do Templo de Jerusalém, o primeiro, o de Salomão; esta lenda é mais medieval,
com base nas corporações de Ofício da Idade Média, as quais, essas sim, possuíam essa divi-
são”. (Frederico G. Costa e José Castellani - Manual do Rito Moderno - Editora A Trolha).
As mentes mais ávidas por grandiosidades maçônicas, e até mesmo, por superestimação e
Amor a Ordem, costumam, à revel da história, dar veracidade as lendas e converter à Maçonaria
seus personagens. Denominar os construtores do primeiro Templo de Jerusalém como Maçons leva
a crer que naquela época haveria uma agremiação com a denominação de Maçonaria. E isso, dá
força à imaginação de alguns Maçons que adoram antiquar a Ordem aos tempos de Cristo, Noé e até
mesmo Adão, desacreditando a Maçonaria e os Maçons perante a comunidade literária universal à
luz da história da humanidade. Na remota antiguidade encontramos associações semelhantes à
Maçonaria onde a mesma filosofia era ministrada os seus adeptos, entretanto, se confundirmos os
títulos maçônicos com a filosofia maçônica, e procurarmos a origem desses títulos na sua forma
atual, somente às encontraremos após o século dez, ou seja, distantes 1900 anos da construção do
Templo.
Do Ritual da GLMERJ, editado na década de 60, transcrevemos, sintetizada, a seguir, a narra-
tiva sobre a Origem da Maçonaria, história aceita pela maioria dos pesquisadores maçônicos como a
mais próxima da verdade:
“... Desde os primeiros dias o povo romano distinguiu-se por seu ativo espírito coloniza-
dor, e logo que suas legiões dominaram os povos semi-bárbaros da Espanha, Gália,
Alemanha e Bretanha, eles, aí, deram início ao estabelecimento de colônias e edificaram ci-
dades. Cada legião que era enviada à conquista de novas terras, levava uma sociedade
do grande corpo de Roma, que marchava e acampava com a tropa e, quando era fundada
uma colônia, nela ficava para cultivar as sementes da civilização romana, inculcar os princí-
pios das artes romanas e construir templos às divindades e casas e acomodações para os
habitantes... Os descendentes dos antigos colégios romanos estabeleceram escolas de arqui-
tetura e ensinaram a arte dos construtores entre os povos libertos ... Dessa escola saíram os
construtores que naquele tempo eram conhecidos como Francomaçons e que do X ao XVI sé-
culo, percorreram toda a Europa”.
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Liturgia
Sessões Maçônicas
N assessões
Lojas da Obediência as Sessões serão magnas, econômicas e especiais. Magnas as
de iniciação, elevação, exaltação, filiação, regularização, sagração adoção de
“lowtons”, confirmação de matrimônio, pompas fúnebres e conferências. Econômicas, aque-
las em que se tratar de interesse gerais da Ordem e particulares da Loja, as de trabalhos
ordinários e de instrução. Especiais, as de eleição, posse e de finanças. (Art. 79 do Reg. Ge-
ral pág. 66)
Sessão Administrativa não existe. Quando os Obreiros da Oficina se reúnem fora do Templo,
informalmente, para tratar de assuntos administrativos, este trabalho deve ser apenas burocrático
dos departamentos e não da Loja como assembléia; aqueles de expediente da Secretaria, Hospitala-
ria, Chancelaria, Tesouraria e Oratória. Trabalhos que seus Oficiais, mais comumente realizam em
seus próprios domicílios, “longe das vistas profanas” É irregular promover “Sessões Administrati-
vas” para tomada de decisões e votações por não se constituírem em assembléia. As assembléias
maçônicas somente podem ser assim consideradas sob a tutela do Ritual. Nenhum Balaústre pode
ser traçado sem que nele constem as descrições estabelecidas pelo Regulamento Geral em seu artigo
104: “O Venerável Mestre certificou-se da segurança do Templo e abriu os trabalhos de acordo
com o Ritual do grau..... “ ...o Venerável Mestre os despediu pelo Esquadro encerrando a reunião a
meia-noite em ponto cumprindo fielmente o Ritual.”
Preleções no Átrio
Alguns IIr∴, quando nas funções de M∴ de CCer∴ costumam fazer preleções e, ou, preces no
Átrio; procedimentos que estão se tornando costumeiros nas Lojas da Obediência; a prática é
generalizada. No R∴ E∴ A∴ A∴, na liturgia do simbolismo e nas normas e práticas da Obediên-
cia não há preleção ou prece no Átrio; o Átrio, não é purgatório de “pensamentos profanos” ou
extensão de nossas crenças religiosas. E a consciência religiosa pessoal é de foro íntimo, portanto,
inviolável. As preces ou preleções no Átrio, mesmo sem intenção do Obreiro que as faz, desautori-
zam o Ven∴ Mestre e a cerimônia de abertura dos trabalhos, pois, naquele momento é que está
previsto a prece, que é pedido de auxílio e agradecimento ao G∴ A∴ D∴ U∴ Embora as preces
de abertura e encerramento sejam um enxerto no REAA primitivo, elas têm que ser respeitadas. Os
Rituais denominam esta parte da Abertura dos Trabalhos como Exortação; significa animar, incitar,
encorajar, estimular os Obreiros para o início dos trabalhos. Ninguém tem o direito de se antecipar
ao Venerável e a ordem dos trabalhos desordenando a liturgia. Cabe ao M∴ de CCer∴, naquele
momento, organizar a entrada nada mais.
Cortejo de Entrada
Na ordem de entrada no Templo não é correto a seqüência de primeiro AApr∴ depois,
CComp∴, MM∴, Oficiais etc. Muito menos anunciar quem está entrando e como deve entrar.
Romper a marcha com o pé esquerdo é noção ritualista elementar, embora muitos desconheçam seu
verdadeiro significado.
“... a marcha com o pé esquerdo se justifica facilmente porque precisamente então nos
apoiamos no pé direito. A direita, isto é, a razão, permanece estável, enquanto a esquerda,
isto é, o sentimento, é a única que se move...” (Jules Boucher - A Simbólica Maçônica - Edi-
tora Pensamento).
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O cortejo nada mais é que uma fila dupla, tendo seu início um Apr∴ à esquerda e um
Comp∴ à direita, eles entram juntos, lado a lado. Isto, porque se entra no Templo, em Loja fechada,
por ambos os lados, ou seja, tanto pelo N∴ como pelo S∴. Inclusive, para quem tem assento no
Or∴. Mesmo não se formando, o que é um erro, a fila dupla, a entrada deverá ser dois a dois – aos
pares. Quem tem assento no N∴ toma posição à esquerda e quem tem assento no S∴ toma posição
à direita. Para Visitantes e Autoridades Maçônicas há procedimentos especiais de entrada no
Templo.
Após a formação do cortejo de entrada alguns MM∴ de CCer∴, costumam dizer, antes do
golpe na porta:
“Irmãos G∴ do Templo e M∴ de Harmonia, queiram ocupar os vossos lugares”.
Isto não consta nos Rituais e, é uma prática sem qualquer fundamentação. Estes Oficiais são
senhores de suas responsabilidades e devem cumprir suas funções sem necessidade de ordens ou
pedidos do M∴ de CCer∴; devem ingressar no Templo durante a organização do Cortejo, ou
mesmo antes.
Como a maioria dos Obreiros insiste em ingressar no Templo somente pelo lado Norte, tirando
a harmonia e o equilíbrio do cortejo, forma-se um aglomerado de Irmãos próximo à grade do
Oriente, inclusive MM∴II∴ sem cargo, que têm lugar garantido no Oriente; ficam aguardando a
passagem do Ven∴ Mestre para somente depois tomarem seus lugares; interrompem o caminhar do
cortejo de entrada para fazer uma mesura desnecessária que mais atrapalha de que reverencia. Os
Rituais indicam com clareza que os Obreiros adentram ao Templo tanto pelo lado Norte quanto
pelo lado Sul, ocupando seus lugares.
Atentamos, também, que as funções do M∴ de CCer∴ estão restritas às dispostas nos Rituais,
ele não tem poderes para determinar quem tem assento no plano do Trono do Venerável ou mesmo
no Oriente. Os MM∴ II∴ não devem estacionar no Ocidente aguardando convite do M∴ de
CCer∴ para tomarem assento no Oriente, isto porque, como dissemos antes, no Oriente eles têm
lugar garantido.
Coluna da Harmonia
Durante a marcha, (Cortejo de Entrada) o órgão executará uma música lenta e os Irmãos
poderão acompanhá-la com um cântico apropriado. (Ritual Grau 1 da GLMERJ pág. 28
Gostaríamos de melhor comentar este procedimento, após assistir uma sessão maçônica em
um Templo que possuísse um órgão de sopro (ou mesmo eletrônico) e, que algum Obreiro do
Quadro soubesse entoar cânticos maçônicos. A Grande Loja está “cochilando” com este texto que já
deveria ter sido mudado há décadas. Manter procedimentos anacrônicos instiga adequações
subjetivas na liturgia; dão força aos inventores de plantão. Na salvaguarda das tradições a cultura, a
identidade doutrinária e o progresso seguem juntos. Por esta ótica, devemos sempre ter em mente
que práticas cerimoniais consideradas fora de época não abrem licença para enxertos de modernis-
mos profanos impróprios na liturgia maçônica. Trocando em miúdos: a falta de órgão ou cânticos
não autoriza a execução de músicas mais comum a bares, boates e churrascarias. A função do
M∴ de Harmonia é produzir e conduzir a “Trilha Sonora da Sessão Maçônica”, músicas – melodias,
instrumentais ou cantatas –, que sejam condizentes com o momento ritualístico vivido. É como a
“Música de Cena” que se desenvolve nos teatros destinada a acompanhar determinados momentos.
Também, designada como “Música Incidental” é aquela que incide sobre algo, reflete, referencia-se
a algo, no caso da sessão maçônica aos procedimentos ritualísticos. Justamente por isto chama-se
“Coluna da Harmonia”, tem que harmonizar cada momento da liturgia e não ao gosto seresteiro ou
sertanejo dos Obreiros. Podemos citar como exemplo de “impropriedade incidental” a inegável bela
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composição “Ronda”, que é sucesso nacional e internacional. Porém, mesmo, quando só melodia
faz lembrar a letra. Isto se dá com outras músicas, havendo sempre algum obreiro que sussurra o
canto. “Ronda”, “Meu Pequeno Cachoeiro” e “Dançando na Chuva”, ao exemplo, são lindas
canções, todavia, desvia a atenção do Obreiro por não se coadunar com a liturgia; não são desres-
peitosas, mas, evidentemente impróprias.
Pelo lado doente dos “Usos e Costumes” ensina-se que o Mestre de Harmonia tem a função de
silenciar as conversas durante a sessão maçônica, aumentando o volume de áudio do sistema de
som; sobrepondo as músicas às vozes dos Obreiros. Este absurdo quase não se pratica mais,
entretanto, é bom enterrá-lo de vez: será que não ouvem o que 2º Diácono diz na abertura dos
Trabalhos com relação as suas funções? – “... velar para que os Irmãos se conservem nas
CCol∴ com o devido respeito, disciplina e ordem”. Quem dirige os Obreiros da Col∴ do Sul é o 2º
Vig∴, da Col∴ do Norte é o 1º Vig∴, além de ser o responsável por todo o Ocidente; acima destes
ainda temos o Venerável que é quem dirige o Oriente e tudo mais, isto é elementar. O M∴ de
Harmonia não tem mando de “Admoestador Sonoro”
Pálio
Pálio [Do lat. palliu.] S. m. = 1. Ant. Manto, capa. 2. Sobrecéu portátil, com varas, que
se conduz em cortejos e procissões, caminhando debaixo dele a pessoa festejada ou o sacer-
dote que leva a custódia. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)
O cruzamento de Bastões dos DDiác∴, não estabelece, indica ou define conceito de “Formação
de Pálio” sendo no sentido denotativo ou conotativo. Na cerimônia de abertura do L∴ da L∴ as
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instruções dos Rituais são bem claras “Os DDiác∴ cruzam os Bastões acima do Ir∴ que for abrir
o L∴ da L∴ e sobre o A∴ dos JJur∴ ” É um procedimento para destacar – dar vulto, emoldurar,
ornar em volta – naquele momento, as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria – O L:
da L∴ o Esquadro e o Compasso – e não festejar ou homenagear o Obreiro que abre o L∴ da
L∴ Não há comparações com manto, capa ou sobrecéu, e o L∴ da L∴ não é “custódia religiosa” –
objeto de ouro ou prata em que se expõe a hóstia consagrada. Os Bastões, não são varas de pálio.
Diga-se, a bem da verdade, que no R∴E∴A∴A∴ genuíno os DDiác∴ não portam Bastões.
Houve no passado, a inclusão do Bastão do M∴ de CCer∴ neste procedimento e, que, por
“costumes”, engendrou figurações de “Triângulos”, “Pirâmide” e finalmente “Pálio”. Mas, esta
participação do M∴ de CCer∴ no cruzamento dos Bastões já foi abolida dos textos das novas
edições dos Rituais, levando junto, a pretensa justificativa para o uso da expressão “Formação do
Pálio”.
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Permanentes ou Conselhos. O Grande Orador é o Guardião da Lei, o Fiscal da Lei, ou seja, sua
tarefa é de exigir o cumprimento da lei; velar e ponderar, mas, ponderar, neste caso, não significa
apresentar parecer, o que qualquer bom dicionário conceitua como a Opinião fundamentada sobre
determinado assunto, emitida por especialista e esta especialidade é exercida pelas Grandes
Comissões Permanentes; a de Liturgia tem que ser, obrigatoriamente, "ouvida" em todas as
questões pertinentes a liturgia maçônica e cerimônias a ela ligadas. (Reg. Geral pág. 49 parágrafo
1º item 4)
A precedência do Regulamento Geral sobre os Rituais, também é duvidosa pelo descrito no
próprio Regulamento Geral, que em suas Disposições Gerais na página 100, determina:
Art. 204 - As Lojas da Obediência que trabalhem em rito onde não tenha aplicação os
dispositivos deste regulamento por força dos rituais que lhes são próprios, ficam, neste parti-
cular, dispensadas de observar. Todavia, cumpre-lhes atender estritamente as prescrições dos
rituais seguidos.
O dispositivo que trata da abertura e fechamento do Livro da Lei Sagrada, artigo 103, não diz
a que Rito se refere. Se buscarmos validar a aplicação do dispositivo pela dinâmica ritualística
descrita no Ritual do grau de Aprendiz do REAA, não teríamos que validar todo o texto? Ou seja,
quem fecha o Livro é o cargo?
Para complicar ainda mais a questão: pág. 34 do Ritual de Aprendiz (Abertura).
"...vai convidar um dos ex- Veneráveis, a partir do mais recente, e que não esteja ocu-
pando cargo..."
Já na pág. 47 (Fechamento)
"....conduz o Irmão que estiver ocupando o mesmo cargo do Irmão que procedeu a aber-
tura do L∴ da L∴ "
Tarefa impossível o M∴ de CCer∴ encontrar este cargo se o Irmão que abriu o L∴ da L∴ não
estava ocupando cargo algum. Paradoxal, não?
Se a qualidade de ex-Venerável fosse cargo tudo bem... Mas, não é. Por outro lado, sempre há
um Irmão ocupando o cargo de Orador, senão a Loja não poderia ser aberta. Usar a expressão
estiver ocupando o mesmo cargo, pressupõe que outros cargos, também, podem abrir e fechar o
Livro, o que é equivocado. Sem a presença de um ex-Venerável, somente o Orador pode abrir o
Livro e Fechar o Livro.
Pelo exposto, entendemos que: para questões que envolvam os Rituais a precedência de apreci-
ação para apresentação de pareceres tem que ser fundamentadas nos próprios Rituais. O parecer da
Grande Oratória, por nossa opinião, foi equivocado, entretanto, aprovado pelo Sereníssimo Grão-
Mestre, que tem a administração suprema da Grande Loja e publicado, toma força de lei; tem que
ser seguido. Portanto, até disposições em contrário, quem fecha o Livro da Lei Sagrada é o ex-
Venerável mais recente, independentemente de tê-lo ou não aberto no início dos trabalhos.
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ainda, considerando por nossa interpretação que os Rituais contêm erros, os procedimentos neles
contidos devem ser cumpridos em respeito aos nossos diplomas legais e litúrgicos.
Da dinâmica ritualística do grau de Aprendiz, o procedimento em epígrafe é um dos mais
discutidos e controvertidos e, que geram várias interpretações das quais as mais comuns são aquelas
da falas, pelos Mestres de Cerimônias, de acordo com os costumes de sua Loja; cuja mais comum é:
“Irmão Past Master, de parte (ou por ordem) do Venerável mestre vos convido a acompa-
nhar-me ao Altar dos Juramentos para a abertura do Livro da Lei”.
O Texto que descreve como o M∴ de CCer∴ deve proceder naquele momento da liturgia, não
faz parte de nenhum dos Rituais editados no passado. Em 1979 a CMSB promoveu o XI Congresso
da Maçonaria Simbólica do Brasil, no Rio de Janeiro, e aprovou os três Rituais dos Graus Simbóli-
cos nos quais se lê:
“Neste momento, o ex-Ven∴ Imed∴ ou (caso esteja ocupando cargo) o Orador vai postar-se
junto ao Altar dos JJur∴, acompanhado do M∴ de CCer∴, que ficará ...”
Nota-se que nestes Rituais na há nenhuma menção a convites, falados ou não, do M∴ de
CCer∴ A frase com a expressão “Convidar”, que foi incluída na última edição do Ritual de
Aprendiz, distribuída em 1998, cremos, teve a intenção de lembrar ao M∴ de CCer∴ que ele deve
acompanhar o ex-Venerável Imediato e, na ausência deste, induzir e predispor outro ex-Venerável
para aquela função litúrgica; mas, esqueceram de avisar que o vocábulo “Convidar” não é na
acepção restrita da palavra e sim por denotação, no sentido lato – fazer notar; fazer ver; manifestar,
indicar. Basta o M∴ de CCer∴ sair de seu lugar e postar-se frente ao Obreiro, – o ex-Venerável
mais recente ou o Orador – que estará convidando-o a abrir o L∴ da L∴ É preciso entender que o
verbete “Convidar” tem várias acepções e seu adequado significado depende do contexto em que é
aplicado. Por exemplo, consultando o Dicionário Houaiss:
Convidar -3 Despertar a vontade; atrair, induzir; predispor Ex.: o silêncio convida à medita-
ção, o calor excessivo convida (as pessoas) à preguiça, o mar calmo convidava, e entraram
todos na água.
E, isso independe de falas. É nessa acepção que deve ser entendida a descrição do procedi-
mento do M∴ de CCer∴ naquele momento. Além do que nos parece inadmissível que um ex-
Venerável ou um “Fiscal da Lei” ignore o porquê de o M∴ de CCer∴ ir até ele naquele momento.
Pode-se argumentar que os Rituais são omissos neste pormenor e a expressão “Convidar” é na
plena acepção da palavra. Entretanto, procedimentos litúrgicos ambíguos se fazem esclarecidos por
análise do contexto da dinâmica ritualística. E, em que contexto o termo “convidar e aplicado? É
aplicado no contexto da cerimônia de Abertura dos trabalhos em que todos os procedimentos
falados estão determinantemente descritos no Ritual, por exemplo: - Ao sul Ven∴ Mestre; - No
Ocidente Ven∴ Mestre; - Sim Ven∴ Mestre; - Meio dia em ponto Ven∴ Mestre. Todas estas
respostas as perguntas do Ven∴ Mestre, mesmo tão curtas e simples, estão lá escritas para que o
Obreiro não invente falas que não existem. Não há nenhuma fala descrita para o M∴ de CCer∴ no
ato de “convidar” o Obreiro para abrir o L∴ da L∴, ou seja, está fora do contexto. Por isso é que no
Ritual de abertura ritualística o verbete Convidar é no sentido de despertar a vontade; atrair, induzir;
predispor e não o de chamar, convocar falando. Se não fosse assim porque uma simples fala “Sim
Venerável Mestre” está descrita no Ritual e a outra longa e inapropriada de convite falado não está?
Diga-se de passagem, que o M∴ de CCer∴ quando circula em Loja em companhia de um ou mais
Obreiros estará conduzindo-os e não sendo conduzido por estes. Conduzir significa ir em compa-
nhia guiando, orientando, abrindo caminho, portanto vai a frente.
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Movimentação das Colunetas
“...Os Bastões dos IIrm∴DDiác∴ são descruzados, o Ir∴ 1º Vig∴ levanta a Col∴ de seu Altar
e o 2º Vig∴ abaixa a do seu ...” (Ritual Grau 1- Abertura dos Trabalhos).
As movimentações, das Colunetas, sobre as mesas ou Altares das “Luzes”, (Ven∴ Mestre, 1º e
2º VVig∴ ) no Rito Escocês Antigo e Aceito, não tem nenhum significado simbólico ou alegórico;
são procedimentos copiados, e mesmo assim mal copiados, do Rito de York. As Colunetas e suas
movimentações foram enxertadas no R∴E∴A∴A∴ por Mário Marinho Behring em 1927/28
quando mandou editar os Rituais para a Grande Loja Unida da Bahia, Grande Loja Symbólica do
Rio de Janeiro e Grande Loja Symbólica de São Paulo, as primeiras, respectivamente, a receberem
Carta Constitutiva do Supremo Conselho criado por Behring pela grande cisão com o GOB.
Naquela época havia grande interesse de Behring em agradar a Grande Loja Unida da Inglaterra,
pois, buscava o reconhecimento da Potência mãe para o sistema de Grandes Lojas que iniciara no
Brasil; inseriu, então, vários procedimentos do Rito de York nos Rituais do R∴E∴A∴A∴. Entre
outros as Colunetas nos Altares das “Luzes”, a transferência do Altar dos Juramentos do Oriente
para o Ocidente, os Castiçais em torno do Altar dos Juramentos – Castiçais, não Colunas como
normalmente se vê, os Bastões dos DDiác∴ e o título de “Past Master”. Todas aquelas modificações
visavam deixar os trabalhos das Lojas mais próximos do Emulation Rite – Rito oficial da Grande
Loja Unida da Inglaterra.
Pode-se notar que para todos os utensílios simbólicos ou litúrgicos que adornam o Templo do
R∴E∴A∴A∴, desde do pequeno lápis até a corda de 81 nós que circunda todo o Templo, existem
explicações concretas ou alegóricas nas instruções contidas nos Rituais dos graus simbólicos;
indicativos para interpretações filosóficas, ensinamentos morais e origem histórica, exceto para as
Colunetas. No Rito Escocês Antigo e Aceito a elucidação sobre os três pilares Sabedoria, Força e
Beleza, aos quais a Loja se apóia, são apresentados através da quinta e da sexta instrução do grau de
Aprendiz; representam as três grandes Luzes da Loja, o Ven∴ Mestre, 1º e 2º Vigilantes e não por
representação física de Colunetas sobre as mesas destas dignidades.
Não há, nos Rituais dos graus simbólicos, quaisquer citações as Colunetas, a não ser em textos
de esclarecimentos, após as preces de exortação e de despedida e na descrição do Templo. Texto de
esclarecimento, posto entre parêntesis, indica que se interrompe um período ou uma narrativa para
fazer-se uma digressão, o que sugere intervenção subjetiva. Quaisquer interpretações, ou fundamen-
tações, que se faça da movimentação das Colunetas nas mesas dos Vigilantes, no R∴E∴A∴A∴,
carecem de apoio histórico que envolve a genuinidade do Rito, carecem de identidade ritualista
estabelecida por relação instrucional. Por tudo, só podemos concluir que o uso das Colunetas já
está consagrado, entretanto, deveriam ser fixas e representar apenas ornatos simbólicos de Sabedo-
ria, Força e Beleza, nada mais, pois, estas qualidades estão amplamente descritas nos Rituais do
R∴E∴A∴A∴ por suas analogias virtuosas e morais.
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“Todos fazem a Saudação a Bateria e a Aclamação. (Pag. 35) inclusive os Vigilantes, mesmo se,
ainda assim, algum Venerável insistir que a trilogia é para ele.
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Ata e Expediente
O Livro de atas é a memória da Loja, seu traçado deve ser claro e coeso, objetivamente deta-
lhado e realista. Contudo, não dever ser romanceado ou, por outro lado, abreviado. O Obreiro,
quando fizer uso da palavra, deve estar ciente que tudo que disser será registrado no Livro –
palavras boas ou más, nobres ou vulgares.
Constata-se que os secretários das Lojas, em sua maioria, utilizam o ano do calendário hebraico
nos registros de datas em seus traçados. Isto ocorre porque os Mestres mais antigos, também, em
sua maioria, são colados nos chamados “Altos Graus” – do 4 ao 33 – e como nestes Graus os
registros de datas são com a utilização do calendário hebraico, julgam que nos Graus Simbólicos,
também o são, o que é um erro. Para a certeza dos registros com datas corretas basta ler na Carta
Constitutiva da Loja, lá está o ano da emissão da carta acrescentado em 4000, exemplo, ano de 2000
da E∴ V∴ e 6000 da V∴ L∴
Para por uma pá de cal sobre o assunto, transcrevemos, abaixo, o texto inicial da histórica ata da
criação e inauguração do “Grande Oriente Braziliano”, (Hoje Grande Oriente do Brasil) berço da
Maçonaria em nosso País, no ano de 1822. (o Sistema de Grandes Lojas surgiu 105 anos depois)
“Aos vinte e oito dias do terceiro mez do Anno da Verdadeira Luz 5822, achando-se a-
bertos os trabalhos da nossa Officina em o gráo de Aprendiz e havendo descido do Oriente o
irmão Graccho, Veneravel da Loja Commercio e Artes, única até este dia existente e regular
no Rio de Janeiro... e que nessa ocasião resumia o povo maçonico reunido para a inaugura-
ção e criação de um Grande Oriente Braziliano em toda a plenitude de seus poderes, foi por
acclamação nomeado o irmão Graccho, que acabava de Veneravel, para presidente da ses-
são magna e extraordinaria naquella ocasião convocada para a eleição dos officiais da
Grande Loja na conformidade do paragrafo-capitulo da parte da Constituição jurada. ... e
logo depois que o Presidente disse que se passasse a fazer a nomeação do Grão Mestre da
Maçonaria brasileira, foi nomeado por acclamação o irmão José Bonifacio de Andrada...”
Abstenção
Após a leitura do Balaústre, o Ven∴ Mestre, em quaisquer dos Graus em que a Loja esteja tra-
balhando, pede aos IIr∴, que aprovam sua redação, para se manifestarem com o Sinal
Convencional. É comum, a Obreiros ausentes naquela citada reunião, se absterem de votar, ou
melhor, aprovar. E esta manifestação é feita com o sinal de abstenção. Nas novas edições dos
Rituais da GLMERJ o ato deixa de ser voluntário para ser obrigatório, pois é determinado:
“ ... Os IIr∴ que não estiveram na citada sessão ficarão de P∴ e à Ord∴ .” (Ritual Grau 1,
pág. 37 GLMERJ)
Ato de abstenção é por espontaneidade, vontade própria, designa ação voluntária, não pode ser
estabelecido, perde o sentido e as designações do verbete. Não há razão que impeça o Obreiro de
aprovar a redação da ata que ouviu ser lida. Mesmo porque o que está em votação é a redação do
traçado e não o mérito dos assuntos tratados. Após a leitura a palavra é concedida para quem
queira, sobre a ata, fazer observações; quando há observações elas são examinadas e dirimidas; o
Orador, que é o fiel guardião da Constituição, conclui que retificado o traçado pelas observações
deliberadas a ata pode ser votada, embora a conclusão óbvia seria de que redação do balaústre
estaria aprovada. (Não havendo manifestações fica evidenciado que a votação torna-se desnecessá-
ria). É incoerente que após todos estes procedimentos alguém vá rejeitar a redação da ata ou mesmo
se abster. Sendo assim, todos os IIr∴ que estiveram presentes na citada sessão aprovarão a redação
da ata. É claro que não cabe ao Obreiro, ausente a determinada sessão, tecer comentários, rejeitar
ou emendar o texto sobre os assuntos nela tratados, todavia, por que não confiar na capacidade e
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competência daqueles que estão aprovando? Abster-se, neste caso, é recusa voluntária de participar
do ato de aprovação. É demonstração de amabilidade e respeito ratificar a resolução da assembléia
que aprovou o a redação da ata. A ação de abstenção é de foro íntimo.
Não há motivos, também, para proibir o Obreiro de usar a palavra e manifestar-se sobre a reda-
ção da ata de reunião que não esteve presente:
“Só será permitida a palavra aos IIr∴ que estiveram presentes a citada sessão.”
Imediatamente após a aprovação do Balaústre este é assinado pelo Secretário, pelo Orador e
pelo Venerável Mestre, depois, não poderá mais ser emendado ou rasurado. Os IIr∴ impedidos de
usar a palavra não puderam se manifestar sobre erros de concordância que alteram a narrativa, sobre
datas erradas, sobre nomes de pessoas ou instituições equivocados e que somente eles perceberam .
E o que dizer de fatos relacionados a eles mesmos, que porventura não condizem com a realidade?
Votação do Balaústre
É equívoco do M∴ de CCer∴ , após a verificação dos votos para aprovação da redação do Bala-
ústre, dizer “O Balaústre foi aprovado Ven∴ Mestre”. É atribuição do Venerável mestre as
proclamações em Loja. O artigo 116, do Regulamento Geral, que trata das atribuições do
Ven∴ Mestre, em sua alínea “e”, diz: “proclamar o resultado das votações e resoluções da
oficina”. Cabe ao M∴ de CCer∴ verificar a votação e comunicar ao Ven∴ Mestre. (Ritual de
Apr∴ Pág. 37). O correto é o M∴ de CCer∴ contar (Verificar) os votos e comunicar ao
Ven∴ Mestre o número de Obreiros que votaram pela aprovação. Aí então o Venerável proclama o
resultado dizendo, se for o caso, “Declaro aprovado a Redação do Balaústre que acaba de ser
lido” A bem da verdade este procedimento de votação é desnecessário se na concessão da palavra
para observações sobre a redação do Balaústre, não houver manifestações. Reinando silêncio torna-
se óbvio, patente e salta á vista que todos aprovam a redação do Balaústre, justamente, por não se
oporem a redação do mesmo.
Leitura de Balaústre, sua discussão e aprovação não é função litúrgica, é um procedimento
puramente administrativo dentro da ordem dos trabalhos. Não há nada que contrarie a Lei se o
Venerável declarar: “Não havendo observações contrarias a redação do Balaústre declaro-o
aprovado.” Não precisa votação, nem conclusões do Orador, seriam redundantes, desnecessárias.
Atos e Decretos
Faz parte do expediente a leitura, pelo Orador, dos Atos e Decretos emanados do Grão-
Mestrado. E, devem ser lidos com todos os Obreiros à Ordem. É delito maçônico arquivar estes
documentos sem suas leituras em Loja Aberta. Os Atos e Decretos lidos devem ser registrados nos
Balaústres com suas referências – número e epígrafe. Epígrafe e a curta citação sobre o que
DISPÕE o documento – normalmente, já disposta na parte superior direita do documento. A
reverência que se deve ter – estar à Ordem – durante a leitura destes documentos, não deve ser um
martírio para os Obreiros, muitos deles idosos e, ou, com dificuldades nas articulações orgânicas.
Após todos estarem à Ordem o Ven∴ Mestre pode e deve mandar que desfaçam o Sinal, quando da
leitura de documentos longos ou mais de um documento, permanecendo, porém, todos, de pé. Ao
término da leitura, mandará o Ven∴ Mestre que todos recomponham o Sinal, depois, assentarem-se.
De passagem, esclarecemos que somente se fica à Ordem de pé, portanto, é desnecessário dizer-se
“de pé e à Ordem”, basta “à Ordem” que naturalmente fica-se de pé.
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Bolsa de PProp∴ e IInf∴
Muitos Irmãos tem mania de enfiar tudo que aparece na Bolsa de PProp∴ e IInf∴ Chega-
nos ao conhecimento que, medalhas, Placas de Homenagens e até estatuetas foram parar na Bolsa.
Somente se deposita na Bolsa aquilo que, por seu nome se destina – propostas e Informações.
Correspondências, contas, recibos, notas fiscais ou boletos não passam pela Bolsa, fazem parte do
Expediente a cargo e guarda do Secretário que lhe dará o destino certo.
Com a justificativa de que faz parte dos Usos e Costumes, muitos Veneráveis dizem que “a
B∴ de PP∴ e II∴, além dos bons fluidos dos Irmãos colheu ...”.
Fluidos: S. m. pl. No ocultismo, suposta influência ou força misteriosa que emanaria dos as-
tros, dos seres e das coisas, e que explicaria formas de energia aparentemente inexplicáveis.
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)
Acrescentar “fluidos” na ritualística maçônica abre discussão entre Irmãos de crenças diferen-
tes, pois, cada razão tem seu próprio ponto de vista; todos teriam o mesmo direito de acrescentar
prodígios de suas Fés – Prana, Ectoplasma e outras modalidades de influências psicossomáticas.
O Ritual é claro: (Ritual de Apr∴ Pág. 40) “V∴ Mestre: (Após conferir o conteúdo da B∴ )
Comunico a Oficina que a B∴ de PP∴ e II∴, colheu ... CCol∴ Grav∴ que passarei a decifrar”,
nada mais. Mesmo porque, havendo algum tipo de energia emanada por boas intenções, e, se fosse
possível coletar estes “fluidos” em uma bolsa, isto não seria feito pela bolsa de coletas administrati-
vas – Bolsa de Propostas e Informações – e sim através da bolsa que recebe a solidariedade, a
beneficência, o auxílio; as boas intenções, ou seja, a Bolsa para o Tronco de Solidariedade.
Ordem do Dia
A Ordem o Dia é o expediente predeterminado dos trabalhos de cada dia; o conjunto de instru-
ções divulgado pelo secretário, ouvido o Ven∴ Mestre. Isso, quer dizer que o Secretário organiza a
pauta e a sujeita ao Ven∴ Mestre que adaptará a luz de seu conhecimento. E, os trabalhos são
realizados pelos Obreiros da Oficina ou convidados; palestras, exposições, arquiteturas, teses,
propostas, instruções de Grau e assuntos administrativos em geral, tudo, quando em Sessão
Econômica, ou seja, sessão “Ordinária”. Nas sessões “Extraordinárias” – Magna ou Especial – a
cerimônia se desenvolve exclusivamente para aquele ato – Iniciação, Filiação, Eleição, Posse, etc.,
respeitando-se a Ordem dos procedimentos litúrgicos do Grau em que a Loja esteja trabalhando.
Todo obreiro tem o direito de incluir na ordem do dia trabalho cultural maçônico – Sobre a
história da Ordem, doutrina e de ensinamento, moral ou social; projetos ou propostas de interesse da
Loja ou da Ordem, entretanto, os assuntos nela incluídos deverão ser previamente apresentados para
análise e programação. A organização da Ordem do Dia é de responsabilidade do Ir∴ Secretário,
ouvido o Ven∴ Mestre. Se o Ven∴ Mestre julgar, que determinada matéria proposta para a Ordem
do Dia contenha impedimentos, encaminhará a mesma ao Orador que no prazo determinado pelo
Ven∴Mestre, deverá emitirá seu parecer. O autor de matéria rejeitada tem direito a recurso.
Cabendo a Loja em Assembléia e como última instância, deliberar a questão. No universo da Loja
a assembléia é soberana.
Nas deliberações de propostas apresentadas a Loja e sujeitas à votação, aqueles que se decidi-
rem pelo voto contrário devem apresentar suas razões ou emendas que julguem adequadas ao
melhoramento dos propósitos originais. Já os assuntos de ordem financeira somente poderão ser
deliberados em ordens do Dia de sessões especiais de finanças, estando a Loja reunida em grau de
Mestre.
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Tronco de Solidariedade
Em todas as nossas reuniões fazemos circular pela Loja, através do Irmão Hospitaleiro, a
Bolsa para o Tronco de Solidariedade, destinada a recolher óbolos aos quais costumamos chamar de
“Metais” ou “Medalhas Cunhadas”. O giro da Bolsa obedece a um ato litúrgico dos mais importan-
tes, porque quando o Maçom deposita seu óbolo esta depositando, também, parte de si, ou seja, seus
benéficos sentimentos de solidariedade humana.
A receita do Tronco de Solidariedade será escriturada a título especial e aplicada na benefi-
cência maçônica da Oficina. Assim, os Metais colhidos são creditados a Hospitalaria para atender
aos que batem à nossa porta em busca de apoio, compreensão e ajuda.
O Tronco de Solidariedade é sigiloso e igualitário, de modo que se desconheça quem deu
mais ou quem deu menos. Procuramos seguir aquela máxima do simbolismo Cristão, que diz: “Não
saiba a tua mão esquerda o que a direita faz”.
O verdadeiro Maçom pratica o Bem e, na medida de suas forças, leva sua solicitude aos infe-
lizes; não se deixando pender, nem para um lado, nem paro outro; pela cor da pele, pela religião que
professa e, tão pouco, pela posição que ocupa na escala social. Assim, estaremos cultuando um dos
mais belos sentimentos: o da solidariedade humana. A fraternidade é, de uma só vez: sentimento,
virtude e dever para aquele cujo coração bem formado está subordinado às regras do Amor e da
razão. Tu, Maçom, ao depositares teu óbolo, sejas altruísta e distribuas parte do que o bom Deus de
proporcionou.
Palavra à Bem da Ordem ...
O R∴E∴A∴A∴ tem herança nobiliárquica, desde sua primeira manifestação textual pelo fa-
moso ”Discurso de Ramsey”, publicado em 1738. Do grau um ao grau trinta e três há cerimoniais
protocolares estabelecidos por Constituições, dispositivos complementares, Rituais, práticas
consuetudinárias e tradições. Dizemos isto para que não nos esqueçamos que na Palavra a Bem da
Ordem em Geral e do Quadro em Particular, bem como, nas Conclusões do Orador, não devemos
nos dirigir à assembléia, dispensando os tratamentos protocolares: os nomes dos Obreiros precedi-
dos de seus respectivos títulos honoríficos, de distinções ou de graduação, devem ser citados. Isto
está claro nos rituais e deve ser rigorosamente observado. Não significa apego a frívolas
ostentações e sim respeito ao Rito e cumprimento ao ritual, que é pomposo por suas tradições
cavalheirescas; diferente do Rito Schroeder que é o mais conciso pela sua simplicidade e do Rito
Adonhiramita, o mais belo pela riqueza cênica. As formalidades para o pedido de uso da palavra
estão descritas nos Rituais com clareza e de fácil entendimento.
Quando o Ven∴ Mestre concede a palavra nas CCol∴, significa exatamente o que ele disse:
que a palavra está nas CCol∴. E, o responsável por cada uma das Col∴ é seu respectivo Vigilante,
que daquele momento em diante organiza e controla a concessão da palavra até que reine silêncio.
“Ao Vigilante da Coluna compete autorizar que o Obreiro faça uso da palavra.” (Ritual de
Apr∴ pág. 156, 1º parágrafo)
Significa, também, que: "à bem da Ordem" – com respeito a Ordem – são os assuntos de
interesse da Maçonaria, temas concernentes à Maçonaria. “Do quadro em particular” são os
assuntos restritos à Loja, litúrgicos ou administrativos e, ou, sobre obreiros da Oficina. Fora disto é
irregular. O Obreiro que desejar falar sobre assunto que não esteja relacionado diretamente com a
Ordem deve, inclusive, através da Bolsa de Propostas e Informações, pedir ao Ven∴Mestre para
incluí-lo na Ordem do Dia. Quando em Sessões Magnas ou Especiais, a palavra somente deve ser
pedida para se falar sobre o ato realizado. E, quando em visitação somente um Obreiro da Loja
visitante deve fazer uso da palavra. Não é uma norma estabelecida, mas o bom senso comedido.
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Quando é franqueada a palavra, qualquer Obreiro que queira dela fazer uso o faz apenas uma
vez. O M∴de CCer∴ goza do privilégio de falar do local em que se encontra, por dever de ofício,
seja no Oriente ou Ocidente, no momento da tramitação da palavra. Isso, todavia, não o autoriza a
mudar de lugar para falar mais de uma vez, em detrimento dos direitos dos demais Obreiros. Sendo
permitido a um determinado Obreiro o uso da palavra mais de uma vez, esta, deve retornar as
CCol∴ para que todos tenham o mesmo direito.
As interrogações sobrevindas na Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Particular, devem
ser dirimidas pelo Ven∴Mestre ou por Obreiro designado por ele, quando legais, pelo Orador nas
Conclusões. Os demais Obreiros não devem se antecipar e se manifestarem, principalmente, quando
não possuem a correta resposta e divagam pelo hipotético "Eu acho ..." Ninguém é sabido o
suficiente que possa responder a tudo. É melhor calar-se e ouvir do que ensinar errado. Diga-se de
passagem, muitos Obreiros se aproveitam do uso da palavra para manifestarem seus supostos
conhecimentos maçônicos. Quase sempre suas manifestações são utilizadas para as famosas
“puxadinhas de tapete”. Gratuitamente e, pela simples intenção de demonstração de pretenso
conhecimento, não se importam em praticar indelicadezas desmerecendo seus “amados Irmãos”,
expressão sempre presente, no início de suas falas e, na retórica maçônica.
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Fala do Ven∴ Mestre
O hábito generalizado da fala do Ven∴ Mestre, após as CONCLUSÕES do Orador, carregada
de opiniões pessoais, queixas e admoestações, é um procedimento inadequado que fere as regras das
leis e da razão. Prescreve com muita propriedade e sabedoria o Artigo 116, alínea “C” do Regula-
mento Geral da GLMERJ:
“Passar o Malhete da Sabedoria a seu substituto presente quando tenha que tomar parte
em qualquer discussão ...”
O discurso de conclusão dos Trabalhos é função do Orador; saudações e agradecimentos são
atos de ofício do Orador. Havendo extrema necessidade do Venerável responder a questões que,
por ventura, se apresentem na tramitação da palavra, deverá fazê-lo antes das “Conclusões do
Orador.” Após as Conclusões do Orador cabe ao Ven∴ Mestre encerrar os trabalhos; no máximo,
havendo clima de instabilidade emocional resultado de algum debate mais acalorado, transmitir
uma sucinta mensagem de paz, um conceito de virtude ou uma manifestação de estímulo, de
concórdia. O Venerável deve dirigir os trabalhos com firmeza, todavia, sempre fraternal; evitando
tanto a indulgência demasiada como a excessiva severidade. Infelizmente, este espírito moderador
pouco se vê; alguns Veneráveis se excedem em seus deveres, inclusive, incitados pela fala do
Orador, que diz ao final das Conclusões:
“Ven∴ Mestre, os trabalhos transcorreram Justos e Perfeitos e vossa Sabedoria poderá
encerrá-los quando melhor lhe aprouver”.
A sentença acima e mais uma “adequação” que se insere nos Rituais pelos “costumes arraiga-
dos” – de tanto, muitos, adotarem esta fala, incluíram-na nas últimas edições dos Rituais. Aprouver
é flexão de um verbo irregular; futuro do subjuntivo de Aprazer, ou seja, o que lhe apraz, que lhe
causa prazer, o que lhe agrada, deleita. Sugere autorizar o Venerável, que antes de proceder ao
encerramento ritualístico dos trabalhos, se dirija à assembléia e diga o que melhor lhe agrada, o
que mais lhe dá prazer. Aí, então, alguns Veneráveis deitam falação; esgotam seus egos diante de
um plenário passivo por força das determinações contidas nos Rituais – após as conclusões do
Orador somente o Venerável tem direito a usar a palavra (Considerando ausente o Grão-Mestre ou
seu Adjunto); desordenam a sessão com assuntos que deveriam ser matérias de partes da liturgia
claramente organizadas no Ritual.
Para deliberações de quaisquer assuntos deve-se utilizar a Ordem do Dia, onde todos terão o
direito de manifestar suas opiniões, apresentar suas propostas, votar. Mesmo neste caso deve o
Venerável entender que é o Presidente da Loja da Assembléia; ele dirige os trabalhos, está impedido
de manifestar opinião pessoal; discutir e votar (exceto o voto de Minerva). O Ven∴ Mestre deve
pelo simbolismo do Prumo “não se deixar pender, nem pela amizade nem pela afeição para
nenhum dos lados”. Todas as matérias – deliberações, propostas, instruções, votações e etc. –
devem ser esgotadas na Ordem do Dia.
A Grau
batida universal na porta do Templo é a bateria do Grau de Aprendiz, ascensão de bateria de
é invenção. E, quem bate na porta do Templo é o Cobridor que recebe o Irmão visitante
ou retardatário na entrada do Átrio. Batendo-se à porta do Templo e, no momento o ingresso não for
permitido, o G∴ do Templo responderá com uma batida, que significa “aguarde”; se, e quando for
permitido o ingresso, abre a porta e recebe do Cobridor a informação de quem aguarda autorização
para adentrar no Templo. Sendo Obreiro do quadro ou Irmão reconhecidamente regular e, tanto
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aquele como este, com Grau suficiente para assistir a sessão, o G∴ do Templo anunciará ao 1º
Vigilante e este ao Venerável.
O Cobridor tem assento no Átrio até o término dos trabalhos, todavia, seria mais adequado
adotar a forma mais praticada na maioria das Obediências, ou seja: após a cerimônia de abertura dos
trabalhos, o Cobridor, entra no Templo e senta-se à esquerda da porta – Col∴ do N∴ . Deste modo,
batendo-se a porta do Templo, o Cobridor, que neste momento estará no interior do Templo, é quem
sairá no momento adequado para as devidas verificações, depois, informa ao G∴ do Templo que
anuncia ao 1º Vig∴ . Como a presença do Cobridor em seu lugar no Átrio é motivo de muitos
questionamentos, vamos procurar fundamentar nosso entendimento:
Nas Lojas jurisdicionadas a GLMERJ o cargo de Cobridor com presença permanente no Átrio é
procedimento que está “morto” há muito tempo. A última “pá de cal” que atiraram nas funções do
Cobridor foi a invenção das batidas na porta do Templo subindo de grau. Todas as Lojas usam deste
expediente estranhamente autenticado pela última edição do Ritual do Grau de Mestre que diz na
página 18: “... o Irm:. G:. do Templo repetirá a batida e aguardará a sequência necessária...“
Imaginemos a confusão que se estabeleceria na eventualidade de chegarem juntos ao Templo um
Aprendiz, um Companheiro e um Mestre; ainda mais se o Aprendiz chegasse durante a bateria de
um Mestre Maçom ou um Companheiro Maçom. Também por isso é que só existe uma bateria na
porta do Templo e esta é, universalmente, a bateria de Aprendiz.
Outras Obediências já adotaram o procedimento de o Cobridor, após a abertura dos trabalhos,
entrar e tomar assento a esquerda da Porta, saindo quando necessário. Isto porque a figura do
Cobridor com seu alfanje, pronto a guardar e defender a entrada do templo com seu próprio sangue
é simbólica. Alguns Templos já foram assaltados, isto é um fato e, ninguém deteve os bandidos.
Não se tem notícia, também, que algum profano tenha entrado no átrio, sorrateiramente, e ficado a
escuta do que se passava no interior do Templo. Mesmo que isso tenha ocorrido ou venha a ocorrer,
o abelhudo estará impossibilitado de VER os Sinais ou OUVIR as palavras de Passe ou Sagradas
pronunciadas ao “pé de ouvido”. Enquanto nossa Grande Loja não acompanhar as outras Obediên-
cias nas atribuições do Cobridor, continuará a desobediência aos Rituais, pois o descaso é geral, isto
é um fato de conhecimento, também, geral. Quando o Primeiro Vigilante solicita ao Guarda do
Templo que verifique se o Templo está coberto significa que ele deve verificar se o Cobridor está a
postos para que se possa dar início a Abertura dos Trabalhos, isso está descrito nos Rituais. Se não
há um Cobridor, como o Guarda do Templo poderá dizer que o Templo está coberto?
O cargo de Cobridor ainda não foi oficialmente extinto, embora na maioria das Lojas sim, e
com respaldo nos próprios Rituais:
“No caso de ausência do Irmão Cobridor o Obreiro retardatário, após se revestir, dará
na porta do Templo a bateria do Grau de Aprendiz. O Ir∴ G∴ do Templo responderá de a-
cordo e anunciará ao Ir∴ 1º Vigilante que um Ir∴ está aguardando no Átrio. O Ir 1º
Vigilante fará o anúncio ao Ven∴ Mestre que designará um M∴ M∴ para proceder como Co-
bridor” (Ritual Grau 1, pág 29)
Notem que a instrução é para um M∴ M∴ proceder como Cobridor e, não a de assumir o cargo de
Cobridor. Isto equivale a autorizar que se trabalhe sem um Cobridor. Após o Cortejo de Entrada e,
antes do início da Abertura dos Trabalhos com todos ainda de pé, seria muito mais adequado o
Venerável dizer: “Irmão 1º (2º ou 3º) Experto, peço-vos que responda pelas funções de Cobridor”
O Experto dirige-se, então ao Átrio e lá fica até o encerramento da cerimônia de Abertura dos
Trabalhos. O Guarda do Templo, após o encerramento da cerimônia de Abertura, quando o
Venerável diz: “Sentemo-nos, meus Irmãos” Abre a porta para o Cobridor Ad Hoc entrar. Havendo
retardatários o Cobridor comunica ao Guarda de Tempo e este a 1º Vig:.
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Havendo Cobridor, por exemplo, em uma sessão de Câmara do Meio, possíveis visitantes
ou retardatários Aprendizes e Companheiros serão dispensados com cortesia, fraternidade e sinceros
agradecimentos, feitos pelo Irmão Cobridor, por terem comparecido. Oferece, ainda, a sala dos PP:.
PP:. para que, durante a sessão, façam os estudos maçônicos referente aos seus graus e que a Loja
ficaria imensamente feliz, se ao final de seus trabalhos, pudesse compartilhar com eles o Ágape
fraternal. Não é justo muito menos fraterno dispensar Aprendizes e Companheiros com batidas na
porta que ao grosso modo querem dizer: “Vá embora! A sessão não é do seu grau!”
Entrada de Retardatários
Uma vez iniciado a abertura dos trabalhos os Irmãos retardatários somente devem entrar no
Templo após o encerramento desta cerimônia. A entrada é obrigatoriamente ritualística e nos
intervalos da liturgia; se visitantes ou Autoridades Maçônicas, serão recepcionados com o devido
protocolo. Não há recepção especial para retardatários Obreiros da Oficina.
Marcha Ritualística
Existe opinião corrente, de forte argumento, que a Marcha Ritualística de M∴ M∴ compõe-se
apenas dos passos de Mestre, não precedidos dos passos das Marchas de Apr∴e Comp∴ . Isto se
deve ao fato que se adotou pela cerimônia de Abertura do Livro da Lei, com a Loja em Câmara do
Meio; o Obreiro que vai abrir o livro, ao se encaminhar para o A∴ dos JJur∴ , avança seus últimos
passos com aqueles da Marcha de Mestre, o que é um erro. Em nenhum grau maçônico, seja
Simbólico ou dos chamados Filosóficos, executa-se marcha ritualística na cerimônia de abertura do
Livro da Lei; a Marcha é procedimento ritualístico de entrada no Templo, todos os Rituais assim
ensinam. Pode haver divergências nas interpretações das instruções ritualísticas, todavia, no
“Cobridor do Grau de Mestre” não, pois, suas explicações são concretas e claras quando ensina a
Marcha do Mestre Maçom – forma ritualística de entrada no Templo em Câmara do Meio:
M∴ – Depois das marchas formais de Apr∴ e Comp∴ , dar ............... como se tivesse de
passar por .............. etc.
Existem diferenças entre passos e marcha. Nas cerimônias iniciáticas de cada grau é ensinado
ao recipiendário os Passos do grau.
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“É com esses três pp∴ que se entra em uma Loja em trabalho ..”. (Ritual Grau 1 – Pri-
meira Instrução)
“Ir∴ M∴ de CCer∴ , conduzi o Ir∴ Apr∴ ao Ir∴ 2º Vig∴ para que lhe ensine a dar os
pp∴ de Comp∴ e depois ...” (Ritual Grau 2 – Cerimônia de Elevação)
“Ir∴ M∴ de CCer∴ fazei o Irmão caminhar como Mestre a fim de aproximar-se do Al-
tar...” (Ritual Grau 3 – Cerimônia de Exaltação)
Note-se que pelos enfoques acima se evidencia que os rituais de cada grau não denominam
aqueles passos ou caminhar como Marcha. A marcha corresponde aos passos dos graus ascendidos:
a Marcha de Aprendiz compreende os três pp∴ retos da Maçonaria; a Marcha de Companheiro
compreende os três pp∴ retos de Apr∴ mais...; a Marcha de Mestre compreende as marchas formais
de Apr∴ e Comp∴ mais ....
Considerando as instruções dos Rituais e, as designações do vocábulo “Marcha” diríamos que
a “Marcha Ritualística” é: o modo de caminhar do Obreiro ao entrar no Templo, em sessão aberta,
e que, no grau três, mostra a jornada da vida terrena do nascimento a morte; a seqüência, a sucessão
dos graus alcançados; o desenvolvimento intelectual adquirido em cada grau completado, pelas
diferentes condições de avanços, que demonstram o conhecimento de todos os caminhos; a
renovação das promessas iniciáticas pela execução dos sinais penais de cada grau, que estabelecem
o direito de participar da assembléia; a trilogia com tempos acentuados, com andamentos variados
e, que se destina a marcar ou evocar o ritmo que Obreiro sempre deverá seguir pelo simbolismo da
Régua, do Esquadro e do Compasso.
28
Para distinguir a saudação – entre o Venerável e o Delta – e evitar a confusão os Obreiros pas-
saram a dirigir o olhar para o Delta Luminoso suspenso, no momento da saudação. Mas, isto não é
necessário, principalmente, quando o Delta está instalado, irregularmente, na frente do Dossel. O
importante é ter conhecimento que aquela saudação é ao Delta Luminoso ou Radiante. Nada no
Templo é superior ao Delta Radiante. Ações de respostas às saudações, procedidas pelo
Ven∴Mestre, neste caso, sugerem legitimar a interpretação de que a reverência é ao Ven∴Mestre
“Meneio de Cabeça”, embora contido nos Rituais, não é sinal maçônico; levar o Malhete ao peito
em resposta a uma saudação ou citação a pessoa que o porta é irregular, pois configura um sinal e,
“é Proibido fazer qualquer sinal com instrumentos de trabalho”
Considerações e Conceitos
Sob Malhete
29
arquivadas sem o conhecimento da Oficina. Cabe a qualquer Irmão do quadro lembrar o Ven:.
Mestre este compromisso.
Golpe na Liturgia
No mês de junho realizam-se as Posses de novas administrações nas Lojas Jurisdicionadas
a GLMERJ O Ritual de Investidura e Posse das Dignidades e Oficiais, estabelece, para a realização
da cerimônia, a abertura da Loja em grau de Aprendiz; a transformação para Câmara do Meio e,
depois decrescer para as Lojas de Companheiro e Aprendiz para que em todos os graus sejam
realizadas as devidas proclamações e investiduras.
A Cerimônia de Posse é rica em representações doutrinárias, morais e legais, transmitidas em
cada grau pelo simbolismo das ferramentas emblemáticas da escala iniciática; do Cordel à Régua,
procedimentos ritualísticos contemplam e realizam a Harmonia dos gestos formais com a sinergia
nas aclamações – Salve o Venerável Mestre!
Detalhes dos procedimentos ritualísticos não são ações formais triviais que se lançam fora in-
conseqüentemente; não devem pecar e submergir na banalização e no desinteresse cerimonial. Os
Rituais contêm práticas normatizadas pelo Venerável Colégio de Mestres Instalados – Órgão
Litúrgico da Grande Loja – do qual o Venerável que assume o cargo e aquele que o transmite são
membros vitalícios.
A frase ainda “arraigada” na cabeça de muitos Veneráveis e, que se presta a anunciar viola-
ções aos Rituais precisa acabar: a transformação ou encerramento dos trabalhos “com um só golpe
de Malhete”. Ação prepotente que evidencia um golpe na própria Liturgia, ressoando nos sentimen-
tos de fidelidade do Maçom Ritualista. Para realizar as cerimônias de transformações da Loja em
trabalhos de outros graus, seguindo as determinações dos Rituais, Obreiros desembaraçados não
demoram mais que dois minutos, além daquele suposto diminuto tempo, do triste “golpe de
malhete”. Golpe que cassa o verbo litúrgico para disponibilizar tempo que, fatalmente, ao ser
franqueada a palavra, será utilizado por algum Obreiro que dará o derradeiro golpe no precioso
tempo místico, sobrepondo-lhe materiais e frívolas manifestações de auto-elogio e de adulações.
Venerável Mestre Eleito e Instalado, não inicie seu Veneralato com atentados aos Rituais. A
transformação ritualística dos trabalhos e, por conseguinte das Lojas, entre os graus simbólicos,
estabelecem procedimentos de abertura e encerramento fundamentados na História na Lei e na
Razão e não em rompantes atos de pretensos poderes inventados ou prerrogativas que cabem
somente ao Grão-Mestre. Causa estranheza, assistir as comuns declarações de Irmãos, da escola de
pensamentos místicos, que por suas convicções testemunham na ritualística maçônica a espirituali-
zação da Maçonaria, os benéficos fluidos, as “egrégoras”, a presença espiritual de Obreiros do
Oriente Eterno e outros prodígios. Mas, não hesitam em “golpear” suas próprias crenças para dar
tempo às mesuras quase sempre vazias de sinceridade e carregadas de vaidades.
A transformação ou encerramento dos trabalhos com um só golpe de Malhete configura desin-
teresse litúrgico e indiferença a ritualística. Salve o Venerável Mestre! Venerável Mestre... Salve
a Liturgia.
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objeto de análise deste texto; diremos apenas que os membros da Alta Administração da Grande
Loja, bem como, Delegados e Assessores Distritais possuem paramentos com características que os
distinguem daqueles utilizados nas Lojas, inadequadamente designados no cotidiano maçônico
como “Paramentos da Grande Loja”; quando mais adequado seria dizer-se: “Paramentos dos Altos
Cargos” por extensão de “Alta Administração”, “Alto Corpo”.
No conjunto de Diplomas Regimentais da GLMERJ não se encontra norma, sobre em quais
ocasiões é pertinente o uso dos Paramentos dos Altos Cargos, prevalece o bom senso, a circunspe-
ção, embora para alguns a propensão tende ao uso extremado. O uso de Paramentos dos Altos
Cargos sem critério algum, seja em sessões das Lojas, Econômicas, Magnas ou Especiais, evolui
para o domínio dos “costumes”.
Ao exemplo de outros fatos e atos, aspectos maçônicos aparentemente sem importância não
recebem a devida atenção. Parece que não se questiona explicitamente a banda doente dos “Usos e
Costumes”, de modo que o tempo vai transformando a omissão em regra, a ponto de os menos
avisados tomarem a exceção por regra.
O Maçom quando é investido em Alto Cargo, o recebe por eleição ou nomeação, neste último
caso por Ato do Grão-Mestrado; novato, não recebe, por departamento competente – Litúrgico ou
Cultural – instrução formal ou informal sobre comportamento protocolar e ética cerimonial. O
resultado disto é que poucos, efetivamente, têm ciência de suas responsabilidades e, pelo tema
abordado, maneiras comedidas em ambiente maçônico, reputando aos Paramentos da Alta Adminis-
tração troféu de conquista pessoal em detrimento a sua representação distintiva. Há necessidade de
Orientação, principalmente, discursiva, em virtude do lastimoso nível em que se encontra o hábito
da leitura.
Na maioria das Grandes Obediências Maçônicas estabelecidas pelo mundo afora, principal-
mente onde o R∴ E∴ A∴ A∴ é majoritário, constituem-se Grandes Secretarias de Orientação
Litúrgica ou Ritualística – visto que tudo que se faz em Templo é pelo Ritual; operam diferente-
mente das Grandes Comissões e Subcomissões de Liturgia, que tem por atribuição apresentar
pareceres e não o de “orientar”, isto porque, neste caso, parecer indica análise e síntese por concei-
tos e interpretação de práticas normatizadas. Mais abrangente, a Orientação Litúrgica ou Ritualística
além dos preceitos da lei esclarece, conforta e sugere; instrui pela razão, pelo senso acrítico e
afetivo, ou seja, pela lei e pelo sentimento; não está atrelada rigorosamente a juridicidade ou ao
misticismo e, a despachos e trâmites. Acima de tudo a Orientação Litúrgica ou Ritualística é mais
coerente e volitiva, por empatia e em respeito à Liderança Espiritual do Grão-Mestre. Mas,
voltemos a questão do uso de Paramentos dos Altos Cargos. Quando o Grão-Mestre está presente
nas Lojas em visita ou em missão, todos os membros da Alta administração, também presentes,
devem estar revestidos com os Paramentos dos Altos Cargos, pois, a Obediência está presente e
ativa na pessoa de sua Autoridade Máxima, seu Representante Maior, seu Líder, Chefe e Guia. De
outro modo, não se justifica Obreiros revestidos das Insígnias dos cargos que exercem na Alta
Administração da Grande Loja, porquanto não há atividade explicita da Grande Loja. Ainda de
outro modo podem e devem estar revestidos com Paramentos de seus Altos Cargos, quaisquer dos
membros da Obediência, quando a maior Autoridade Maçônica presente cumpre missão especifica
outorgada ou determinada pelo Grão-Mestre, visto que, neste caso, há atividade da Alta Adminis-
tração justificando-se a comitiva onde o cargo denota assessoria e não posto.
É também pertinente o uso dos Paramentos dos Altos Cargos, a qualquer tempo, pelos ex-
Grão-Mestres, Delegados e Assessores Distritais: os ex-Grão-Mestres, pelo insigne cargo que
ocuparam, sempre devem ser vistos como Grão-Mestres; os Delegados e Assessores Distritais,
porque são representantes do Grão-Mestre, podem e devem, mesmo em suas próprias Lojas, estar
revestidos com os Paramentos distintivos de seus Altos Cargos, pois, o exercício de seus ofícios
independem de tempo ou lugar. É por isto que o cargo de Delegado do Grão-Mestre é incompatível
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com quaisquer outros cargos nas Lojas do Simbolismo, eletivo ou não. A adequação dos Regula-
mentos e Códigos atuais à nova Constituição deverá estabelecer para os Assessores Distritais a
mesma incompatibilidade.
Os Paramentos Maçônicos podem ser insígnias de grau, de função ou emblemáticos; quando
de função, ou cargo, estabelece relações litúrgicas de Ofício. O Obreiro que não esteja exercendo as
funções que indicam suas insígnias, em posto ou em assessoria, não deveria, por lógica formal, com
elas estar revestido.
A Insígnia emblemática da Loja é o Estandarte; os Paramentos do Venerável de Honra, ou ex-
Venerável imediato (Past Master) é, também, emblemático, pois, não designa cargo ou Ofício e sim
título, qualidade, benemerência; os paramentos do Venerável Mestre embora firmem cargo e
encargo é, também, emblemático, pois, o Venerável Mestre representa o Sol da Loja, a Sabedoria e,
principalmente, a imparcialidade. Justamente por isto é que o Past Master e o Venerável Mestre
quando em visita, convidados ou convocados se apresentam revestidos com seus Paramentos.
Se entendermos ser pertinente o uso dos Paramentos dos Cargos da Alta Administração em
qualquer sessão ou quaisquer eventos maçônicos nas Lojas do Simbolismo, seja qual for o cargo
que o portador exerça na Alta Administração, do mesmo modo, seria apropositado as Dignidades e
Oficiais das Lojas ostentarem, também, seus Paramentos em visitas a outras Lojas; o que seria a
maior festa para muitos Maçons dados a aparições coruscantes. Vigilantes, Secretários, Oradores,
Mestres de Cerimônias e outros Oficiais em visitas a suas coirmãs, paramentados segundo seus
cargos. Poderiam, inclusive, reivindicar com justo motivo um lugar no Oriente. Com muita
propriedade o leitor atento diria: - Estas coisas não têm muita importância, o que importa de fato
são os postulados, a realização doutrinária, a filantropia, o trabalho profícuo, os ensinamentos que
levam ao progresso moral e social.
E é exatamente este o ponto: alguns, felizmente poucos, mas, formadores de opinião, estão
mais interessados em aparecer com seus Paramentos Azulões do que trabalhar para o engrandeci-
mento de sua Loja e, por extensão da Maçonaria como Construtora Social.
Títulos Profanos
No tratamento protocolar maçônico não deve haver distinção ou inclusão de títulos profanos
precedendo ou completando títulos ou cargos maçônicos. Preceitua o 22º Landmark:
“Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerroga-
tivas profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas
reuniões maçônicas”.
Landmark, por princípio fundamental, tem que ser conciso e objetivo. Os Landmarks não se
estendem em dispositivos complementares de exposição de razões ou motivos. Conduzir nossa
interpretação no sentido de validar o uso de títulos profanos no tratamento maçônico, desconsidera
e desrespeita o 22º Landmark. Quando se lê: “... Nas Reuniões Maçônicas”, significa que, primeiro:
“Reunião” é a formação de um grupo de pessoas e, segundo: “maçônicas” são as coisas referente a
Maçonaria. Deste modo é elementar e fácil compreender que as Reuniões Maçônicas não são
apenas as templárias ou litúrgicas; indica, também, aquelas onde estão reunidos dois ou mais
Maçons, em ambiente maçônico ou em qualquer ambiente, tratando de assuntos maçônicos. Nestes
ambientes – conjunto de condições materiais e morais que envolvem Maçons e Maçonaria – títulos
profanos não são condizentes; a não ser por adulação ou conveniência pessoal. Na “prova da terra”,
na parede escura daquele lugar sombrio de meditação lê-se:
“Se és apegado às distinções humanas, retira-te, pois nós aqui não as conhecemos”
32
Esta intrépida mensagem na Câmara de Reflexões é categórica e terminante, não permite
outras interpretações quanto a sua natureza moral; aplica-se, independentemente de tempo e lugar, a
quaisquer reuniões ou comunicações, seja oral ou escrita. Na Maçonaria Simbólica proibi-se o uso
de Títulos Maçônicos referentes aos Altos Graus, como então adotar ou permitir o uso de títulos
profanos? Estariam, em Maçonaria, acima dos títulos concedidos pelas Oficinas Chefes de Rito.
Para a alegria de séqüitos adulatórios está de bom tamanho, não há problema algum na bajulação.
Entretanto, imagine só: “Sargento e Ven∴ Mestre Irmão ...; General e 2º Vig∴ Irmão...; Pastor e 1º
Diácono Irmão...; Vereador e Past Master Irmão... e por aí vai.
Aqueles que conhecem a história da Maçonaria no Brasil sabem quem foi seu mais importan-
te, nobre Maçom e Grão-Mestre. Os títulos profanos deste Maçom não apareciam no tratamento
protocolar maçônico; também, sequer o seu nobre nome – Don Pedro I. Em Maçonaria o Imperador
do Brasil, era tratado, simplesmente, por Irmão Guatimozin. Ou, no máximo, tal como assinava em
seus decretos, Grão-Mestre Guatimozin.
Sobre os ignorantes
Quando se reescreve um texto, por descuido muda-se, exclui-se ou inclui-se um ponto ou uma
vírgula, pode-se alterar, também, a narrativa, a história. Revisões são extremamente importantes,
mas, não devem ser apenas técnicas – ortográfica e gramatical – pois, não visam, nem revisam,
possíveis alterações acidentais que afetam o conteúdo moral ou filosófico da mensagem que o texto
encerra. Sendo assim, proposições originais podem ser deturpadas conduzindo o leitor a deduções
contraditórias, como podemos constatar na quinta instrução do Ritual de Aprendiz Maçom, onde se
lê:
“Eis porque os ignorantes são grosseiros, irascíveis e perigosos; perturbam e desmorali-
zam a sociedade... São inimigos do progresso, que, para dominar afugentam as Luzes,
intensificam as trevas e permanecem em constante combate com a verdade, o bem e a perfei-
ção”.
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O termo “ignorante” designa conceito rigorosamente definido; é aquele que não tem conhe-
cimento de determinada coisa; pessoa que não tem instrução. Comparemos o texto original
transcrito dos Rituais antigos onde há coesão, clara é a mensagem, de fácil entendimento a narrativa
e convincente a exposição.
“Porque a ignorância torna fraco o homem e deixa-o presa fácil dos tiranos e do fanatismo,
impedindo que os homens conheçam seus direitos. Os inimigos do progresso, (os tiranos e os
fanáticos e não os ignorantes) para dominar, afugentam as luzes, intensificam as trevas e permane-
cem em constante combate contra a Verdade, contra o Bem e contra a Perfeição”. (O grifo e nosso)
Ritual dos Graus Simbólicos – Grande Loja do Rio de Janeiro, pág. 137 – 1960
Luto Maçônico
As Obediências Maçônicas em respeito às tradições, prevêem em seus estatutos o Luto Maçôni-
co. Por normas consuetudinárias, geralmente, estabelecem os seguintes períodos:
(a) do Sereníssimo Grão-Mestre e Past Grão-Mestre: luto por 21 dias e suspensão dos tra-
balhos por 9 dias.
(b) do Eminente Grão-Mestre Adjunto e Past Grão-Mestre Adjunto: luto por 13 dias e
suspensão dos trabalhos por 7 dias.
(c) de Grande Oficial ou Juiz do Grande Conselho de Justiça: luto por 9 dias e suspensão
dos trabalhos por 5 dias.
(d) de Venerável Mestre e ex-Venerável Mestre: luto na Loja por 7 dias e suspensão dos
trabalhos por uma sessão após o falecimento.
(e) de outra dignidade da Loja: luto, na Loja, por 5 dias.
(f) de qualquer Maçom do quadro, em atividade ou dela regularmente dispensado: luto,
na Loja, por três dias.
O Luto Maçônico regulamentar é o período em que a Obediência e, ou, as suas Lojas jurisdi-
cionadas permanecem em estado e sentimento de pesar ou dor pela morte de algum Maçom. A
Suspensão dos Trabalhos é o período, dentro do período de luto, no qual não há atividade da
Obediência e/ou, das Lojas jurisdicionadas.
É no período de Luto, encerrado o período de suspensão dos trabalhos, que a Obediência e/ou
as Lojas, devem demonstrar e apresentar os sinais de condolências – de tristeza e consternação –
pela passagem de um Irmão. Faz-se através da lembrança de fatos relativos as suas obras, sua vida;
por Peças de Arquitetura ou Oratórias. O testemunho, por sinal exterior de pesar e dor, deve figurar
na Obediência e/ou nas Lojas, com uma faixa de cor preta posta em seus Estandartes no sentido
diagonal – o verdadeiro significado de Loja enlutada –, pois o Estandarte emblema e representa a
Loja.
No período de Suspensão de Trabalhos a Obediência e/ou as Lojas devem permanecer com-
pletamente inativas, pois, a suspensão não é das Sessões Maçônicas e sim dos trabalhos maçônicos
e, não podemos dar exclusividade aos Trabalhos Maçônicos às Sessões Econômicas, Magnas ou
Especiais; qualquer reunião de Maçons em ambiente maçônico é atividade maçônica e, por
conseguinte, trabalho maçônico que desrespeita o Luto, os estatutos da Obediência e, principalmen-
te, o finado.
Algumas Lojas “aproveitam” a suspensão dos trabalhos por Luto Maçônico para realizarem
reuniões administrativas ou o que valha, isto configura atividade. É de elementar compreensão que
qualquer atividade coordenada, de caráter físico ou intelectual para alcançar um determinado fim,
34
denomina-se trabalho. Os estatutos das Obediências são claros neste aspecto; não se referem a
suspensões das Sessões Maçônicas, Sessões Litúrgicas, Sessões Ritualísticas ou outras Sessões,
dizem, de forma concisa: “Suspensão dos Trabalhos”.
“Para não quebrar a harmonia” cometem-se os maiores enganos em Maçonaria. Tornou-se
costume, as autoridades maçônicas, não exigirem das Lojas o cumprimento de suas responsabilida-
des para com a Liturgia e com as nossas Tradições.
Após o período de Suspensão dos trabalhos, mas, ainda no período de Luto Maçônico, deve-
se evitar atividades festivas ou recreativas. Enlutar o Estandarte e executar a Bateria de Luto (Logo
após a Abertura Ritualística) citando o nome, Loja e o cargo do Irmão transferido para o “Oriente
Eterno”, fazendo-se registrar tudo em ata é o mínimo que podemos fazer em memória do Irmão.
Superstições
A Maçonaria é uma instituição de construção social, universal e iniciática, essencialmente
filosófica, filantrópica e progressista; embora possa parecer religiosa, porque a maioria de seus
membros é religiosa, ela não é uma religião. Complementa-se que no R∴ E∴ A∴ A∴, não há
prática de Artes Divinatórias – ocultismo ou “mancias”. Em nossos Rituais só existe uma invoca-
ção e esta e feita ao Grande Arquiteto do Universo..
Apesar de tudo, a tua fé deve ser respeitada. Se quiserdes crer e praticar superstições – magi-
as e “mancias” faça-o; sobre isto a Maçonaria diz:
“Cultiva a tua religião ininterruptamente, segue as inspirações de tua consciência; a
Maçonaria não é uma religião, não professa um culto; quer a instrução leiga; sua doutrina
se condensa toda nesta máxima – Ama o teu próximo” (Ritual Grau 1 – Princípios Funda-
mentais).
Existem na doutrina maçônica elementos de algumas ciências ocultas, mas apenas como refe-
rências; como suporte indicativo para algum ensinamento moral ou social. Na Maçonaria estuda-se
arte e ciência, e, dentre outras, fazem parte a Astrologia, a Numerologia e a Magia. Isto, porque “A
Maçonaria não impõe nenhum limite à livre investigação da verdade”. Todavia, devemos conside-
rar que entre o estudo e a prática existem grandes distâncias doutrinárias. A Maçonaria não é uma
escola ocultista, embora, alguns Maçons se esforcem para em tal transformá-la, pois, é mais fácil
demonstrarem suas mestrias por conceitos sobrenaturais que não precisam ser explicados a ter que
estudar, ler, pesquisar; fundamentar suas interpretações na verdade histórica, na razão, na racionali-
dade.
Necessário se faz dizer, aos Iniciados pelo Ritual do REAA, que um dia ajoelhado no Templo
alguém perguntou: “Senhor, nos extremos lances de vossa vida, em que depositais confiança?
Respondemos: em Deus”. E, não em superstições. A manutenção da lenda do terceiro grau é um
Landmark (3º), justamente, pelo maior ensinamento que prodigaliza: nunca procurarmos evoluir por
métodos fáceis, sem o trabalho incessante, a prática da virtude e da razão, como assim fizeram
J∴ J∴ J∴
35
“A Maçonaria é, portanto, acessível aos homens de todas as crenças religiosas”. (De-
claração de Princípios - Ritual do Apr∴ pág. 9 ).
Mas, não é acessível a “enxertos” de crendices religiosas em sua liturgia – superstições – as quais
combate em todas as suas modalidades. Tomar emprestados símbolos atrelados a conceitos
divinatórios de sociedades ocultistas, auspiciar procedimentos milagrosos ou supersticiosos,
apresentando-os, à guisa de que tudo que é místico é maçônico, é contemplar os inimigos da Ordem
com os argumentos que tanto anseiam, é baixar nossas defesas para os ataques de clérigos intoleran-
tes. Ensina-nos os mestres, desde a mais tenra idade maçônica, que devemos estar sempre alerta
para que nas múltiplas interpretações de nossos Mistérios, subjuguemos crendices, vícios e paixões
à fiel obediência aos nossos Sublimes Princípios.
Trono Vazio
É prática inadequada um M∴ I∴ ocupar o Trono, quando o Ven∴ Mestre dele se afasta para
realizar algum procedimento ritualístico. Alguns Obreiros dizem que o Trono nunca pode ficar
vazio. Trono não é insígnia. O Ven∴ Mestre quando se afasta do Trono para realizar algum
procedimento ritualístico leva consigo a fita com a Jóia do cargo e o Malhete, estes, os verdadeiros
distintivos do Ven∴ Mestre. Ninguém tem o direito de ocupar o Trono fora da condição de
presidente da sessão.
Instalação X Posse
É fala corriqueira dizer-se que o Venerável foi Instalado e vai tomar posse em... Instalação e
Posse são sinônimos:
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INSTALAR V. t. d. e i. = Dar posse de um cargo ou dignidade; investir.
INVESTIR V. transobj. = Dar, formalmente, posse ou investidura a; fazer entrar de pos-
se; empossar: (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Na cerimônia de Instalação, presidida pelo Grão-Mestre ou um M∴ I∴ por ele designado, o
Venerável Eleito toma posse do cargo de fato e direito, porque, repetimos, Instalação e Posse são
sinônimos. Naquela cerimônia o V∴ C∴ de MM∴ II∴ abre seus trabalhos; o Venerável de cada Loja
apresenta seu Venerável Eleito; o presidente do Conselho, na qualidade de Mestre Instalador,
conduz a Cerimônia para que os novos Veneráveis recebam de suas mãos a EFETIVIDADE DE
SUA INSTALAÇÃO e prestem seus juramentos; é narrada a lenda que revela os segredos e
significados dos SS∴, T∴ e PP∴ ; recebe, ritualisticamente, o Malhete das mãos do Grão-Mestre
ou seu preposto, se reveste das insígnias de um Venerável – a fita com a Jóia do cargo e o Avental
– finalmente, e efetivamente, é instalado no Trono do Rei Salomão. Encerra-se a cerimônia, quando
os novos Veneráveis são saudados e proclamados por todos os presentes como VENERÁVEL
MESTRE. Portanto, cabe ao Ven∴ Mestre que deixa o cargo, na próxima sessão de sua Loja, –
imediatamente seguinte a de Instalação do Ven∴ Eleito – transferir o Malhete a seu sucessor que
presidirá, naquela sessão, a Cerimônia de Posse da ADMINISTRAÇÃO da qual, inclusive, e
obviamente faz parte.
É um absurdo um Venerável eleito e Instalado não assumir suas funções imediatamente e ficar
subordinado a um ex-Venerável, inclusive, com seu período administrativo vencido. Este declarou,
sob juramento, que aceitava o cargo ATÉ que fosse eleito e INSTALADO um sucessor para o seu
lugar. Para que não restem dúvidas, reza o Ritual de Instalação:
“... coube-me a subida honra de instalar-vos no alto posto (e posto é cargo) para o qual
fostes eleito”.
“... declaro aceitar o CARGO de Venerável Mestre de minha Loja... ATÉ que seja devi-
damente eleito e INSTALADO um sucessor em meu lugar”
Se esses argumentos ainda não forem suficientes, leia-se o artigo 51 do Regulamento Geral da
GLMERJ, alínea “d”.
“Instalação, que é a cerimônia litúrgica na qual o venerável da Loja é instalado NESSA
QUALIDADE, procedendo-se, a seguir, a POSSE DOS DEMAIS OFICIAIS”.
Outra prática completamente desprovida de fundamentos e até mesmo de legalidade, é quan-
do eleito como novo Venerável um Mestre Maçom, já instalado, este, venha assumir a presidência
da Loja sem renovar seu juramento. Todos os demais Dignitários e Oficiais eleitos ou nomeados
para uma nova administração e que exerceram os mesmos cargos no passado, ratificam seus
juramentos e são investidos com as devidas formalidades.
Na Cerimônia de Instalação, quando no Juramento de Fidelidade, na declaração de aceitação
do cargo de Ven∴ Mestre, o Ven∴ eleito faz duas promessas: a primeira refere-se aos deveres
concernentes àquele encargo, incontestavelmente ligada ao exercício da função; limita-se ao
mandato – “durante os meses que se sucedem, até que seja devidamente eleito e instalado um
sucessor em meu lugar”. A segunda promessa é a de cumprir e fazer cumprir todas as leis, pessoal
e estritamente. Promessa, aquela, que encerra em sua essência a qualidade de um Mestre Instalado.
Na cerimônia de Investidura da Administração, depois de transformado os trabalhos para
Grau três, seria mais Regular e esmerado (Com autorização do Grão-Mestrado) o Venerável mandar
cobrir o Templo, ou ter o Templo coberto, os Mestres não instalados, abrir em sessão o
V∴ Cons∴ de MM∴ II∴ da Loja – em número igual ou maior que três – e iniciar a Investidura do
M∴ I∴ eleito Venerável com três procedimentos simples e indispensáveis, ou seja, o Juramento em
sua primeira promessa, a transferência do Malhete e paramentos, e a proclamação com as respecti-
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vas saudações. Também, não haveria nenhuma transgressão as leis ou a ritualística se o Ven∴ eleito
fizesse seu juramento com a presença dos MM∴ MM∴, naturalmente, sem abrir em sessão o
V∴ Cons∴ de MM∴ II∴ da Loja.
Diga-se de passagem, que a GLMERJ é, se não a única, uma das pouquíssimas Obediências a
realizar Instalações Coletivas. O que se faz, universalmente, é a Instalação do Venerável eleito,
individualmente, em sua própria Loja por uma comissão instaladora designada ou autorizada pelo
Sereníssimo Grão-Mestre, sendo feito, a seguir a posse das Dignidades e demais Oficiais. Como as
eleições para o cargo de Venerável Mestre são realizadas no mês de maio, poderia, por exemplo,
durante todo o mês de junho as Lojas realizarem as suas Instalações e Posses e a seguir a Grande
Loja convocaria todos os Mestres Instalados para uma grande reunião onde os Novos Veneráveis
Mestres receberiam seus diplomas e os que deixaram o cargo os agradecimentos, discursos brindes
etc.
Escolta Armada
Um grupo de pessoas, armadas, enviadas para conduzir alguém, designa-se escolta. Quando
armadas significa que sua missão é defender ou guardar o conduzido. Caracteriza-se mais ainda
como ato de resguardo quando as armas não estão em seus coldres ou bainhas e sim em posição de
ataque e defesa.
Escoltar [De escolta + -ar2.] V. t. d. = Acompanhar para defender ou guardar: Os policiais
escoltaram os presos até a cadeia. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Na Cerimônia de Iniciação quando o Ven∴ Mestre tem conhecimento que no Átrio encontra-
se um profano que desejoso de ver a Luz força a entrada do Templo, precavendo-se, destaca uma
escolta armada para vigiá-lo; na cerimônia de Exaltação quando o Ven∴ Mestre tem conhecimento
que no Átrio encontra-se um Comp∴ pedindo para ser Exaltado ao Grau de Mestre Maçom,
surpreso, o Venerável, precavendo-se, destaca uma escolta armada para vigiá-lo, pois ele é
susp∴ de crim∴ ; porém, na Cerimônia de Elevação, quando o Ven∴ Mestre tem conhecimento
que no Átrio encontra-se um Aprendiz com intenções de entrar no Templo pedindo aumento de
salário, não destaca escolta armada, pois, sabe que não há necessidade; o Aprendiz tem direto de
fazê-lo, é regulamentar; não é profano nem susp∴ de cri∴ Citamos esses exemplos para melhor
entendimento de nossa opinião sobre a inclusão do texto abaixo na recente edição do Ritual de
Instalação da GLMERJ.
“.... Ir∴ M∴ de CCer∴, ide ao Átrio, acompanhado de três MM∴ II∴, armados de Espadas e
trazei o Ven∴ Mestre Eleito ao Oriente...”
Este procedimento é mais um dos “costumes arraigados” que se insere nos Rituais da
GLMERJ, e neste caso, por interpretação estendida e equivocada do decreto 17/92/95 que trata da
RECEPÇÃO de Autoridades e Visitantes, onde se lê:
“As Lojas da jurisdição deverão RECEBER os Visitantes, na ausência do Grão-Mestre.... da
seguinte forma: ... d) Os Veneráveis Mestres e os Ex-Veneráveis, pelo Irmão responsável pelo
Cerimonial mais três Mestres PORTANDO espadas, ...”
Não há motivos para o Ven∴ Eleito ser defendido ou, muito menos, vigiado. Naquela sessão
solene ele é recipiendário – tem algo a receber – tem de ser RECEPCIONADO; a comissão é de
RECEPÇÃO; não vai ao Átrio, ela aguarda o Maçom com direito a esta Pompa à Porta e no interior
do Templo. Tal qual, aguarda o Grão-Mestre e o Grão-Mestre Adjunto, quando em “Abóbada de
Aço”. Nota-se que os Obreiros que formam a “Abóbada” não conduzem o Grão-Mestre até o
Oriente, isto é função de Ofício do M∴ de CCer∴ Se um grupo de Oficiais armados, seguem o
Obreiro até seu destino é uma Escolta e não Comissão de Recepção.
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Portar Espada
Portar Espada não significa, necessariamente, posição de ataque e defesa – arma na mão.
Portar significa trazer consigo e no caso de Espada, embainhada. Mas, isto foi suprimido dos
Rituais – não há mais às expressões próprias e autenticas do Rito, tais como, “cingidos de Espadas”,
“Espadas a cinta” ou “Espadas embainhadas”. As “bainhas” das espadas e suas referências foram
suprimidas tanto dos textos que descrevem a liturgia como da indumentária do Obreiro. Esse
desaparecimento levou a necessidade de adequações quanto à postura do Obreiro que traz Espada
consigo. Estas inovações afetaram, pelo seu surgimento, outros procedimentos como podemos ver
na última edição do Ritual de Aprendiz da GLMERJ, onde se lê:
“A Espada, ... quando seu portador estiver de pé e à Ordem, deve ficar com o punho colado
ao corpo junto ao quadril e a lâmina voltada para cima em direção ao ombro oposto. Quan-
do sentado apoiar as duas mãos sobre seu punho e a ponta voltada para o chão”.
Quando se suprime algo da ritualística para adequar temos que avaliar suas implicações e
aplicações em outras ações. O sinal de estar à Ordem é claramente definido nas instruções de cada
Grau e é feito com as mãos: “É proibido fazer qualquer sinal com instrumentos de trabalho”. Se
quando de pé, portando Espada estamos à Ordem, a postura, então, passa a ser um sinal de Ordem e,
por conseguinte, estaremos fazendo este sinal com um instrumento de trabalho. E o que dizer do
Obreiro, quando sentado, manter as mãos apoiadas sobre o punho da Espada (na cruzeta) cerca de
duas horas – tempo aproximado de uma sessão maçônica. Além de representar um castigo para o
Obreiro, não é uma posição muito elegante. Por outro lado, as adaptações “caseiras” para evitar o
desconforto de ficar apoiado sobre a Espada surgiram com a rapidez do “jeitinho brasileiro”: O
G∴ do Templo, que, na prática e a qualquer tempo, é o único que porta Espada, põe a ponta desta
por dentro do calçado, deste modo, evita que a ponta deslize no chão deixando cair a Espada. Mas,
isto já foi suplantado. A maioria das Lojas adotou uma base com peso suficiente e com um orifício
no molde da ponta da Espada, que a sustenta e mantém ereta. Não se admirem se daqui a alguns
anos lermos nos Rituais a descrição detalhada desta base que dará total “liberdade” a Espada – livre
que ficou da bainha e depois do próprio Obreiro.
Venerança e Filosofismo
Ritual do Aprendiz Maçom, Cerimônia de Iniciação; palavras do Orador ao Iniciando:
“O que em um profano seria uma qualidade rara, não passa, no Maçom, do cumprimento do
dever. Toda ocasião que perder de ser útil é uma infidelidade”
Maçom útil, “Venerança” não existe, elimine esse borrão da Maçonaria, é uma corruptela, ou
seja, uma palavra corrompida, um abuso ao vocábulo verdadeiro que é Veneralato. Induz, ainda, a
erros mais grosseiros, como, “Venerância” ou se pior fosse possível, “Veneralança”.
Filosofismo possui designações claramente definidas e grafia correta, entretanto, se usado na
Maçonaria com menção aos chamados, Graus Filosóficos é pejorativo.
Filosofismo [De filósofo + -ismo.] S. m. Mania de Filosofar. Falsa filosofia. Mania [Do gr.
manía, 'loucura'.] S. f. Excentricidade, extravagância, esquisitice. Mau costume; hábito pre-
judicial; vício. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Filosofismo. S. m. (derivado de filosofia), é um termo depreciativo, que significa falsa filoso-
fia, mania de filosofar. Por uma pretendida analogia com o termo simbolismo, usado para
designar a Maçonaria Simbólica. Muitos Maçons usam o vocábulo filosofismo para designar
o terreno dos Altos Graus, também chamados Graus Filosóficos. Esse uso é indevido, imper-
tinente e incorreto, já que o termo é depreciativo, ou pejorativo, não devendo ser aplicado a
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uma prática maçônica; preferem-se as expressões Altos Graus ou Graus Filosóficos. (José
Castellani -Dicionário Etimológico Maçônico - Editora A Trolha).
Sempre que alguém pronunciar estas coisas – Venerança e Filosofismo – alerte-o, discreta-
mente, seja útil ao seu Irmão e fiel a Ordem.
Constrangimentos ao iniciando
Alguns Maçons ainda não compreenderam que causar constrangimentos aos iniciandos –
homens de bons costumes e escolhidos para serem seus Irmãos – é um desproposito inaceitável que
beira as raias da covardia. A dramatização da cerimônia de iniciação não é tablado de comédia
satírica.
“... sendo terminantemente proibidos quaisquer tipos de chistes ou gracejos dirigidos ao ini-
ciando, bem como posturas inadequadas aos mesmos.” (Ritual Grau 1 - Preparação do
Candidato).
“Como sabeis, este ato é um dos mais solenes da nossa Instituição” (Início da Cerimônia de
Iniciação).
Taça Sagrada
Na prova da Taça Sagrada, onde é mais forte o sentimento do iniciando e a dúvida de ter
cometido uma falsidade o aflige, à ordem do Venerável: “Retirai o profano”, este, deve “ser
conduzido para entre Colunas com brandura e a Loja no mais completo silêncio”, pelas mãos do
mesmo Obreiro que o recebeu em Templo com as tranqüilizadoras palavras: “Eu sou o vosso
guia, tende confiança em mim e nada receies”.
É triste, testemunhar procedimentos incongruentes, quando o iniciando descalço, peito nu,
olhos vendados – suposta condição de inferioridade –, sendo puxado pelos braços, sentindo o
tropeço no próximo passo e, ainda com o sabor amargo da bebida sorvida, ouvir sussurros degra-
dantes do tipo: ... “Coitado estava indo tão bem... Xii... foi reprovado... Olha o rosto dele, parece
que mentiu”. Tudo isto acompanhados de risotas, cochichos e interjeições sibiladas de falsos
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lamentos. É de fazer chorar, não só ao candidato submetido à assembléia da Arte Real, mas,
também, ao Maçom ritualista. Este sim, que envergonhado altera-se o semblante.
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de Instalação, pois, Instalação e Posse são sinônimos e, o Venerável Mestre Ad Vitam não pode e
não é instalado no cargo.
INSTALAR V. t. d. e i. = Dar posse de um cargo ou dignidade; investir.
Podemos, também, ainda ratificar o que dizem os dicionários, pelo próprio Ritual de Ins-
talação:
“... coube-me a subida honra de instalar-vos no alto posto (e posto é cargo) para o qual
fostes eleito”.
Ainda, lê-se no artigo 51 do Regulamento Geral da GLMERJ, alínea “d”.
“Instalação, que é a cerimônia litúrgica na qual o venerável da Loja é instalado NESSA
QUALIDADE, procedendo-se, a seguir, a posse dos demais oficiais”.
A rigor, o Venerável Mestre Ad Vitam, não deveria, nem mesmo, compor o Venerável Colé-
gio de Mestres Instalados, não sendo ele verdadeiramente Mestre instalado no cargo ou posto de
Venerável da Loja.
A concessão do título de Venerável Mestre Ad Vitam, até a promulgação da nova constituição
da GLMERJ (2004), não era matéria constitucional, se “dava” por prerrogativas concedidas por
decreto-lei do Grão-Mestrado (Decreto-Lei 003/92-95, de 18 de junho de 1993). Diga-se de
passagem: decreto-lei é decisão escrita que o chefe do poder executivo expede, com força de lei, por
estar absorvendo, anormalmente, as funções próprias do legislativo. Na nova constituição da
GLMERJ, a concessão do título de Venerável Mestre Ad Vitam, faz parte das prerrogativas do
Grão-Mestre e, é regida pelo artigo 13, inciso XXVI. Todavia, com um lastimável engano: a
afirmativa que a instalação do Venerável Mestre Ad Vitam é indispensável. O que fere as regras da
lógica e do próprio Ritual de Instalação.
O mais correto seria a entrega do título de Venerável Mestre Ad Vitam em uma solenidade
com formalidades protocolares, e, não litúrgicas. Toda a liturgia da cerimônia de instalação se
desenvolve com exposições dirigidas a Veneráveis Eleitos; as comunicações são formalizadas por
condições, exigências e responsabilidades referentes ao cargo de Venerável Mestre. Até mesmo a
narrativa da lenda que revela os sinais causais e penais se encerra com a afirmativa que um dos
ilustres personagens da lenda representa o Venerável Eleito. Os segredos de um Venerável Mestre
são revelados na cerimônia de instalação e, por força de juramento, não podem ser revelados a
Maçons que não sejam legítimos Mestres Instalados ou a Mestres Maçons que não sejam legal e
devidamente eleitos para exercerem o cargo de Venerável de uma Loja.
Aos nossos Irmãos Veneráveis Mestres Ad Vitam devemos o maior respeito, carinho e
admiração, isto, pelos fatos que os fizeram merecer a grande honraria. Que existem “Ad Vitam's"
que não fizeram por merecer, todos sabemos, paciência; às vezes é um socorro que se presta a um
Irmão com o ego inflado ao extremo e, que precisa ser massageado para voltar a uma condição
tolerável que permita o convívio pacífico em Loja. Por outro lado, pelos tortuosos paralelos do
progresso maçônico, encontramos Veneráveis Mestres Ad Vitam com predicados morais, conheci-
mentos e competência administrativa que faltam a alguns Veneráveis Mestres Eleitos.
O Delegado Maçônico
A delegação de atribuições pressupõe a seleção de pessoas adequadas – confiança e qualidades
técnicas aceitáveis. Mesmo assim, o encargo necessita de fiscalização para que o delegante tenha
certeza que os delegados cumpram com suas funções e não excedam suas responsabilidades. E, por
outro lado, não se limitem a visitar Lojas e ter como única atuação a frase: “os trabalhos foram
maravilhosos e trago um tríplice e fraternal abraço do Grão-Mestre”. Vejamos o que diz em seu
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livro, “Maçonaria e Direito”, editado pela A Trolha, o Ir∴ José Wilson Ferreira Sobrinho – Escritor
Maçônico, Juiz Federal, Professor de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG.
“O delegado, por definição, é alguém da confiança daquele que tem o poder para torná-lo
seu auxiliar. Se for um delegado do Chefe do Executivo, por exemplo, ele não será delegado
do Executivo, mas, sim daquele que chefia o Executivo. A relação primeira do delegado é
com o delegante, não com a função a qual pertence o delegante. Não parece adequado, por
isso mesmo, falar-se de delegado do Poder Executivo (Delegado do Grão-Mestrado). Dir-se-
á, com maior propriedade, delegado do Executivo. (Delegado do Grão-Mestre)”
Do ponto de vista do Direito Maçônico, o Delegado, para as Obediências que os possuem, é
um cargo de confiança do Grão-Mestre.
De fato, o Delegado Maçônico integra a assessoria do Grão Mestre, de acordo com o dispos-
to nos Regulamentos Gerais sendo, portanto, seu auxiliar. Trata-se, obviamente, de cargo
que permite a exoneração “ad nutum” do ocupante.
O Delegado Maçônico... atuará em nome do Grão-Mestre, desde que, naturalmente, observe
os limites jurídicos da delegação. Normalmente as tarefas do Delegado Maçônico são as se-
guintes:
prestar assistência administrativa aos Veneráveis; organizar e convocar o Conselho Regional
de Veneráveis, quando necessário;
- dar parecer sobre a necessidade ou não de criação de Lojas e Triângulos;
- dar parecer sobre a necessidade de extinção ou fusão de Lojas e Triângulos;
- dar parecer sobre as necessidades materiais das Lojas;
- cumprir determinações especiais, de caráter administrativo.
Com efeito, poderá ocorrer a hipótese de um Venerável não necessitar da assistência
administrativa do Delegado Maçônico. Neste caso, à evidência, o Delegado Maçônico não
poderá ter a pretensão de prestar tal assistência contra a vontade do Venerável, uma vez que
a Loja é administrada pelo Venerável e não pelo Delegado Maçônico. ... E isto é assim por-
que não se permite a intromissão administrativa do Delegado nas Lojas.(...) Ele não poderá
praticar atos administrativos de repressão a quaisquer irregularidades. Sua atuação se es-
gotará na mera informação ao Grão-Mestre e na apresentação de sugestões para sanar as
irregularidades. É só. (...). ... oferecer parecer sobre determinada matéria não equivale a de-
cidir sobre esta matéria”.
O Delegado, como foi dito, faz parte da Assessoria do Grão-Mestre é uma espécie de braço
longo do Grão-Mestre. Auxiliar de grande importância; não tem poder de “polícia”, mas é Autori-
dade Maçônica, podendo receber a qualquer momento poderes do Grão-Mestre, inclusive, como
interventor em Lojas de seu distrito. Nos procedimentos protocolares de recepção, objeto do
Decreto 17/92/95, integra a Assessoria do Grão-Mestre.
No ano de 2002 foi criado, na GLMERJ, o cargo de “Assessor Distrital do Grão-Mestrado”
com atribuições e funções de auxiliar do Delegado Distrital. Mais adequado nos parece ser, o cargo,
de “Assessor Distrital” ou “Assessor do Delegado”, porquanto, assessor designa adjunto, auxiliar,
assistente ou ajudante, e, sua relação direta de subordinação é com o Delegado Distrital. Isto,
todavia, pouco importa, o que há para se considerar é a função, que deve, sob ponto de vista
laboral, efetivamente, realizar encargo, embora, sob o ponto de vista honorífico, realize benemerên-
cia.
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Assessores
Assessor designa auxiliar, ajudante e assistente; assessor não absorve a autoridade de quem
assessora – como por osmose; não é autoridade em Maçonaria ou em outras quaisquer instituições.
Conceber autoridade maçônica em Assessores do Grão-Mestre é um equívoco; embora o decreto nº
17/92-95, mal redigido e pouco esclarecedor, afirme o contrário, pois, dá qualidade de Autoridade a
Assessoria do Grão-Mestrado e se omite quanto a Autoridade de Delegados do Grão-Mestre. Este
mesmo decreto prescreve que quando uma das Autoridades estiver representando o Grão-Mestre,
esta terá lugar ao lado esquerdo do Ven∴Mestre. O que ocorre é que alguns Maçons investidos em
Altos Cargos supõem que recebem, também, por este ato, patente de Representantes do Grão-
Mestre, o que é um absurdo, pois, para isto, o Grão-Mestre nomeia Delegados. Caso o Grão-Mestre
necessite de alguém que o represente em determinada Loja, sem que este alguém seja o Delegado
do Distrito, será por motivo muito especial e, o fará explicitamente. Assessores não são representan-
tes da Obediência ou do Grão-Mestre e, alguns, “assessoram” mais seus próprios egos do que seus
chefes ou departamentos.
Assessor, ou qualquer outro membro da Obediência, estando revestido com os Paramentos de
seu Alto Cargo tem lugar assegurado no Oriente, independente de convite. Somente quem tem
direito a um lugar no plano do Trono, à esquerda e a direita do Ven∴Mestre, são os integrantes da
Alta Cúpula – Grão-Mestre, Grão-Mestre Adjunto, Past Grão-Mestre e Past Grão Mestre Adjunto –
e, na ausência destes o representante do Grão-Mestre. Delegado ou Enviado Especial; fora disto é
cortesia, homenagem, ou como se costuma dizer na roda do ágape “massagem do ego”; “mimo”.
Pela grande quantidade de cargos na Alta Administração e, como poucos têm ciência de suas
atribuições, quando há, os Altos Cargos, em sua maioria, não representa encargo algum. E, nem por
isso perda a força o costume do visitante portador de Alto Cargo, sem motivo legal, litúrgico ou
protocolar, se apresentar como Membro da Alta Administração e não como Obreiro das Colunas de
sua Oficina. Deveria lembrar que está ali antes de tudo, e sobretudo, vindo “de uma Loja de São
João justa e perfeita”; em visita, para “estreitar os laços de fraternidade que nos unem como
verdadeiros Irmãos”; está ali, em primeiríssimo lugar representando o Ven∴Mestre de sua Loja –
aquela que lhe dá sustentação legal para exercer o “Alto Cargo”. E mesmo porque, se inquirido, dirá
ao Venerável da Loja visitada: “O Ven∴Mestre de minha Loja V∴S∴P∴T∴V∴T∴”. Já se
foram os “soberbos” tempo que se permitia, por exemplo, o uso dos paramentos dos Altos Graus
nas Lojas Simbólicas. Inclusive, quando o Ven∴Mestre era obrigado a passar o Malhete àquele que
se apresentasse com os paramentos do Grau 18 em diante.
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Conclusões
C oncluímos o presente “trabalho” na esperança de ter contribuído e, convictos de que a fidelida-
de maçônica deve ser como o Prumo de Amós, aferindo condutas e conceitos; posto no meio
do povo maçônico, entre um Irmão e a Loja, penderá sobre os estatutos da Loja; entre a Loja e a
Obediência, penderá sobre os estatutos da Obediência. Sendo assim, fica claro compreender que e
entre nossa opinião e os Rituais a inclinação natural é, e sempre deverá ser, para os Rituais. É dever
do Maçom respeitar e cumprir as determinações contidas nos Rituais, mesmo que, por sua interpre-
tação, alguns procedimentos neles descritos possam parecer equivocados, desnecessários ou
obsoletos.
Procurar o aperfeiçoamento é dever de todo Maçom. Perfeitos na acepção da palavra, jamais
seremos. Não nos deixar levar pelos vícios de nossas imperfeições já será um grande avanço na
estrada progressista que é a Maçonaria. No fluxo e refluxo das marés de hipocrisias e vaidades,
muitos banalizam a Liturgia, subjetivam a Ritualística e pisam nos diplomas legais que um dia
juraram respeitar e fazer cumprir. Estes, certamente, terão como juízes suas próprias consciências,
se esclarecidas, e como verdugo a percepção dos resultados de suas más ações.
Há algum tempo vimos dizendo que em Maçonaria nossas interpretações, devem sempre estar
fundamentadas em três indicativos conceituais: Lei, História e Razão, necessariamente, nesta
ordem, ou seja, a interpretação se inspira nesta fórmula. A história e a razão não podem sobrepor-se
a lei – lei positiva e não lei ou direito consuetudinário – está escrito? Cumpra-se. Já a razão não
deve imperar sobre a história, pois, a Maçonaria está impregnada de lendas “históricas”, além da
história de sua própria existência e, as lendas não têm nenhum compromisso com a verdade,
todavia, fazem parte dos Landmarks e da didática maçônica. Os procedimentos ritualísticos
maçônicos, principalmente aqueles de caráter iniciático, são fundados na história da Maçonaria e
nas lendas das antigas instituições nas quais a Maçonaria espelha sua doutrina – não é lei, mas faz
parte da historia ou das lendas, vale por excelência; interpretemos por elas. Podemos concluir então,
por último caso, que quaisquer procedimentos não normatizados, estatutária ou ritualisticamente, e
que não estejam relacionados com a história ou as lendas, somente podem ser interpretados pela
razão, que traduz lógica, coerência e discernimento e não gosto e preferências, pessoais ou de credo
religioso
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Bibliografia
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