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Por que (AINDA) sou contra à manutenção (vigência) do calendário acadêmico

com atividades não presenciais no IFMS?

Robson Lubas Arguelho1

Em algumas palavras tentarei responder.

Antes, porém, vale mencionar, que das 41 Instituições (Institutos Federais,


CEFETS e Colégio Pedro II), apenas 10 estão com atividades não presencias e as
outras 31 estão com calendário suspenso, segundo dados do próprio Ministério da
Educação ( http://portal.mec.gov.br/coronavirus/).

1 Professor EBTT. Graduado em Direito, Administração e Licenciatura no Ensino Profissionalizante.


Especialista em Sistemas de Informação e mestre em Administração Pública. E-mail:
robsonlubas@hotmail.com
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INSTITUIÇÃO SITUAÇÃO
1 - CEFET MG CALENDÁRIO SUSPENSO
2 - CEFET RJ CALENDÁRIO SUSPENSO
3 - CP II CALENDÁRIO SUSPENSO
4 - IF FARROUPILHA CALENDÁRIO SUSPENSO
5 – IFAC CALENDÁRIO SUSPENSO
6 – IFAL CALENDÁRIO SUSPENSO
7 – IFB CALENDÁRIO SUSPENSO
8 – IFBA CALENDÁRIO SUSPENSO
9 - IF BAIANO CALENDÁRIO SUSPENSO
10 – IFC CALENDÁRIO SUSPENSO
11 – IFCE CALENDÁRIO SUSPENSO
12 – IFES CALENDÁRIO SUSPENSO
13 – IFF CALENDÁRIO SUSPENSO
14 – IFG CALENDÁRIO SUSPENSO
15 – IFMA CALENDÁRIO SUSPENSO
16 – IFMG CALENDÁRIO SUSPENSO
17 – IFMT CALENDÁRIO SUSPENSO
18 - IFNMG CALENDÁRIO SUSPENSO
19 – IFPA CALENDÁRIO SUSPENSO
20 – IFPB CALENDÁRIO SUSPENSO
21 – IFPE CALENDÁRIO SUSPENSO
22 – IFPI CALENDÁRIO SUSPENSO
23 – IFRJ CALENDÁRIO SUSPENSO
24 – IFRN CALENDÁRIO SUSPENSO
25 – IFRR CALENDÁRIO SUSPENSO
26 – IFRS CALENDÁRIO SUSPENSO
27 – IFS CALENDÁRIO SUSPENSO
28 - IF SERTÃO-PE CALENDÁRIO SUSPENSO
29 – IFSP CALENDÁRIO SUSPENSO
30 - IF SUDESTE MG CALENDÁRIO SUSPENSO
31 - IF SUL CALENDÁRIO SUSPENSO
32 – IF SUL DE MINAS ATIVIDADES TIC/REMOTAS
33 – IFTM ATIVIDADES TIC/REMOTAS
34 – IFTO ATIVIDADES TIC/REMOTAS
35 – IFSC ATIVIDADES TIC/REMOTAS
36 – IFRO ATIVIDADES TIC/REMOTAS
37 - IFPR ATIVIDADES TIC/REMOTAS
38 - IFMS ATIVIDADES TIC/REMOTAS
39 - IF GOIANO ATIVIDADES TIC/REMOTAS
40 - IFAP ATIVIDADES TIC/REMOTAS
41 - IFAM ATIVIDADES TIC/REMOTAS
Fonte: http://portal.mec.gov.br/coronavirus/ em: 04/06/2020
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Após a reunião do Conselho Superior do IFMS - COSUP/IFMS (ocorrida em


30/03/2020), e ainda hoje, sou indagado por alguns colegas docentes, estudantes e
técnicos administrativos procurando entender melhor meu posicionamento, que faço
questão de reafirmar, contrário à manutenção do calendário acadêmico com o
desenvolvimento de atividades não presenciais no IFMS. Preferi escrever para que
oportunidade de debate não se esvazie no discurso e nas palavras e que possamos
aprofundar a temática em âmbito institucional por meio de uma análise crítica dos
dados coletados até o momento. Assim, também entendo, como representante da
categoria docente no COSUP, devo uma explicação àqueles que ainda não
compreenderam meu voto à época e que aqui reafirmo.

Do ponto de vista pedagógico, Paulo Freire, patrono da educação brasileira,


em seu livro Pedagogia da Autonomia, nos ensina que não podemos ser prudentes
frente a formação de alguns e negligentes quanto a deformação de outros. E que o
nosso bom senso, não pode nos deixar, enquanto educadores e educandos, alhear-
se das condições sociais, culturais e econômicas de nossos estudantes e de suas
famílias, bem como, de nossos pares. E que devemos, portanto, procurar diminuir a
distância entre o discurso e a prática.

Ainda seguindo os ensinamentos de Paulo Freire, a atividade docente,


especificamente humana, é profundamente formadora, por isso, ética. Assim, nos
ensina que, “se não podemos esperar de nossos agentes que sejam santos ou
anjos, pode-se e deve-se deles, exigir seriedade e retidão”. Daí a importância do
exemplo que o professor oferece, de sua lucidez e de seu engajamento na peleja em
defesa dos direitos, bem como, na exigência das condições para o exercício de seus
deveres. Sim, o professor tem o dever de dar aulas, de realizar a sua tarefa docente,
para isso, porém, precisa de condições favoráveis (higiênicas, espaciais, estéticas e
etc.). O desrespeito a esse espaço é uma ofensa aos educadores e educandos, bem
como, às próprias práticas pedagógicas.

Ainda que não aprofundemos sob o prisma jurídico, entendo oportuno


mencionar que faço parte de uma corrente no Direito que defende e reconhece o
neoconstitucionalismo ou constitucionalismo pós moderno como preferem alguns,
que possui como marco filosófico o pós positivismo, para além dos marcos históricos
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(fim da II Guerra Mundial) e teóricos, relacionados à ideia de força normativa da


Constituição, trazidas por Konrad Hesse, jurista alemão que atuou como magistrado
no Tribunal Constitucional Federal alemão.

Em poucas palavras e de forma bem simplória, esse movimento é, de certa


forma, o desapego tão somente na letra fria da lei, apesar de reconhecer a sua
importância e seu valor. Porém a proposta desse movimento é ir além, seria a
oportunidade de aproximação do Direito com a verdadeira justiça, tendo como base
valores, princípios e, principalmente, os relacionados à dignidade da pessoa
humana. Mesmo consciente do enorme desafio a ser enfrentado por esta corrente,
ou seja, o da efetivação e concretização dos valores e princípios constante na Carta
Magna de 88, já que, temos uma cultura extremamente legalista e dogmática, vejo
como oportunidade que o Direito tem de se aproximar cada vez mais, como já dito,
da ética, da moral, dos valores e de princípios fundamentais que norteiam a
Constituição, sempre com vistas ao atendimento do fundamento da República da
Dignidade da pessoa humana e a garantia do mínimo existencial, conforme Art. 1º,
III da Constituição de 1988.

Ainda que não aprofundemos, vale a pena passear por alguns dispositivos
constitucionais, já que, todo arcabouço legal pátrio, necessariamente, deve estar em
consonância com a Constituição Federal, como entende o pós positivismo já
mencionado anteriormente.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada


pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
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Vale destacar que o “iguais” deve ser entendido não só do ponto de vista
formal, mas também sob o prisma material, onde a proposta de igualação seja
aplicada em sua plenitude no caso concreto, sob pena de estarmos a excluir, no
nosso caso, estudantes, técnicos e/ou professores, que não terão garantida a
igualdade de oportunidades, no caso dos estudantes, no que diz respeito ao acesso
e a permanência educacional e, inevitavelmente, possam vir a sofrer prejuízos
futuros. Estamos a falar, portanto, de um Direito Social fundamental, conforme a
Constituição e o próprio STF entende.

“A educação é um direito fundamental e indisponível dos


indivíduos. É dever do Estado propiciar meios que
viabilizem o seu exercício. Dever a ele imposto pelo
preceito veiculado pelo art. 205 da CB. A omissão da
administração importa afronta à Constituição” (RE 594.018
- AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-6-2009,
Segunda Turma, DJE de 7-08-2009).

Do mesmo modo, especificamente sobre a Educação, também na


Constituição Federal de 1988, temos:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do


Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos


seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
VII - garantia de padrão de qualidade.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será


efetivado mediante a garantia de:
III - atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório
pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade
competente.
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Ainda na Constituição Federal de 1988, o art. 227 deixa claro sobre a não
possibilidade de qualquer forma de negligência ou discriminação.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do


Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

Entendo que, com o que até aqui apresentado, ser suficiente para iniciarmos
a reflexão envolvendo os dados que serão apresentados mais adiante, gostaria,
ainda sim, propor algumas leituras no ordenamento jurídico para melhor
compreensão, pensando a partir do pós positivismo.

O Art. 80, § 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (Lei 9.394/96),


sobre Educação à Distância (EaD) nos apresenta que:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a


veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de


programas de educação a distância e a autorização para sua
implementação, caberão aos respectivos sistemas de
ensino, podendo haver cooperação e integração entre os
diferentes sistemas.

E por que temos de falar desse dispositivo? Porque, segundo o IFMS não
estamos a tratar de Ensino à Distância – EaD, enquanto modalidade de ensino, e
sim, apenas uma forma de solucionar um momento atípico. Ocorre que, se não
estamos a falar em EaD, como fica a questão de FREQUÊNCIA dos estudantes, já
que, a única maneira de se flexibilizar a frequência é, justamente o modelo EaD?
Conforme nos é apresentado no Art. 47, § 3º da LDB, ainda que não mencione
nada para estudantes de Ensino Médio (nosso caso), e sim, apenas para
estudantes de ensino superior.
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Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular,


independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos
dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o
tempo reservado aos exames finais, quando houver.

§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e


professores, SALVO nos programas de educação
a distância.

Neste caso, como fica a questão do controle de frequência dos estudantes do


ensino médio e o fato dessa modalidade não estar previsto nos Projetos
Pedagógicos de Cursos - PPC? Porque o Art. 12, I e VII, também da LDB, menciona
que as instituições devem informar os pais ou responsáveis sobre a FREQUÊNCIA e
o RENDIMENTO, bem como, a execução das propostas pedagógicas da escola. Os
pais foram informados da alteração? Eles concordaram?

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino,


respeitadas as normas comuns e as do seu sistema
de ensino, terão a incumbência de:

I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;

VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com


seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais,
sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem
como sobre a execução da proposta pedagógica
da escola;

E sobre o Art. 12, VIII, da LDB? Porque, se o calendário acadêmico está


vigente e não estamos a falar em EaD, estamos assumindo o risco de flexibilizarmos
ou não cumprirmos também esse dispositivo, certo?

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas


as normas comuns e as do seu sistema de ensino,
terão a incumbência de:

VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município


a relação dos alunos que apresentem quantidade
de faltas acima de 30% (trinta por cento) do
percentual permitido em lei;
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Ocorre que, sem um meio oficial (documento/norma), garantidor de efetivo


controle “da frequência e do rendimento”, que nesse caso é obrigatória por não
estarmos falando em EaD, corre-se o risco de uma reprovação em massa dos
estudantes, isso sem falar dos que não possuem meios técnicos ou tecnológicos
para desenvolverem o processo de ensino e aprendizado com QUALIDADE, como
também preceitua as normas vigentes sobre Educação.

Sobre qualidade e frequência, vejamos o que preceitua o Art. 62 e 63, I e II do


Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990). Exatamente no contexto de
Educação Técnica e Tecnológica, caso do IFMS, ou seja, o modelo do Instituto
Federal.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação


técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes
e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá


aos seguintes princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao
ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento
do adolescente;

Importante extrair dos incisos I e II, é “de quais” e de “quantos” adolescentes


estamos considerando ao migrarmos para as atividades não presenciais? Porque
não podemos nos esquecer que apesar do acesso aos meios tecnológicos
acontecer para uma parcela significativa da população, ainda não se pode classificá-
la como universal, capaz, portanto, de promover a IGUALDADE DE
OPORTUNIDADES ENTRE OS ESTUDANTES. Isso tanto aos meios materiais
adequados (computador, notebook), como o próprio acesso à internet, capaz de
garantir uma educação de qualidade (internet satisfatória), ou mesmo, um espaço
físico apropriado em suas residências (nas dependências físicas dos Campus isso é
garantido – computador disponível, biblioteca, laboratórios etc.) para o
desenvolvimento tanto dos estudantes, quanto dos docentes que assumem essa
responsabilidade.
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Aliás, isso pode ter sido um dos fatores que levaram vários estudantes
carentes a irem para o IFMS, quando concorreram a uma vaga na instituição, já que,
essa infraestrutura (técnica e tecnológica) que hoje é exigida por conta das
atividades não presenciais, não existia no edital de seleção (Princípio da vinculação
à regra da edital, existe). Sendo que, com atividades presencias no Campus é
oferecida.

Não podemos ignorar também as condições psicológicas dos envolvidos em


um momento como esse, muitos estão com a família inteira em isolamento,
preocupados com seus familiares e aprendendo a conviver com esse momento, que
como disse, entendo ser atípico, e por isso mesmo, não creio ser positivo uma
mudança cultural no processo de aprendizado de forma tão abrupta e excludente
para muitos. Em especial, às servidoras (técnicas e professoras) e estudantes que
são mães, e que acumulam outras atividades com precariedade, retomando o que
preceitua a Constituição sobre QUALIDADE.

Já a Lei 11.892/2008, que cria os Institutos Federais:

Art. 2o Os Institutos Federais são instituições de


educação superior, básica e profissional,
pluricurriculares e multicampi, especializados na
oferta de educação profissional e tecnológica
nas diferentes modalidades de ensino, com base
na conjugação de conhecimentos técnicos e
tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos
termos desta Lei.

O púbico majoritário do IFMS são estudantes adolescentes em idade


compatível com o Ensino Médio (maioria menores de idade, inclusive), justamente,
porque a legislação dá essa diretriz de oferecimento prioritário aos cursos de ensino
médio integrado, além do que, o fato de sermos multicampi, traz diversas realidades
diferentes, a depender de cada região, e ao se tomar uma decisão sistêmica em
âmbito institucional (no nosso caso, 10 Campi), o prejuízo para os vulneráveis é
evidente, real e irreversível. Será que não estamos a promover a institucionalização
da exclusão em alguns casos?
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Ainda na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, sobre os padrões


mínimos de QUALIDADE e de ACESSO, como garantir aos estudantes que não
possuem os meios técnicos e tecnológicos, ou que moram nas aldeias indígenas, ou
que moram na zona rural, ou ainda os que não possuem condições financeiras ou
que não possuem estrutura e maturidade suficiente para essa mudança de cultura
educacional tão repentina, consigam transpor essas limitações e garantam
rendimento satisfatório? Não nos esqueçamos que o calendário não só está vigente,
como já está havendo reposição neste modelo do período que compreendeu 16 de
Março a 13 de abril, quando as atividades presencias estavam suspensas e ainda
não tínhamos aprovado as atividades não presenciais.

LDB
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar
pública será efetivado mediante a garantia de:

IX - padrões mínimos de qualidade de ensino,


definidos como a variedade e quantidade mínimas,
por aluno, de insumos indispensáveis ao
desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem.

A justificativa de toda essa possibilidade de flexibilização do modelo


educacional aprovado no Conselho no IFMS, vem de duas Portarias (Portaria 343 e
345). E aqui já surge uma outra dúvida importante a ser refletida: Portaria pode
flexibilizar a esse ponto a Constituição e as Leis? Portaria tem esse poder? Ela
pode funcionar de maneira autônoma em relação à Constituição e as Leis?

A própria Portaria nº 343 do Ministério da Educação, de 17 de março de 2020:

Art. 1º Autorizar, em caráter excepcional, a


substituição das disciplinas presenciais, em
andamento, por aulas que utilizem meios e
tecnologias de informação e comunicação, nos
limites estabelecidos pela legislação em vigor,
por instituição de educação superior integrante
do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º
do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017.
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§ 2º Será de responsabilidade das instituições a


definição das disciplinas que poderão ser
substituídas, a disponibilização de ferramentas
aos alunos que permitam o acompanhamento
dos conteúdos ofertados bem como a realização
de avaliações durante o período da autorização
de que trata o caput.

E que, dois dias depois, foi alterada pela Portaria nº 345 de 19 de março de
2020, suprimindo a parte do texto que falava em “nos limites estabelecidos na
legislação em vigor”. Por que?

"Art. 1º Fica autorizada, em caráter excepcional, a


substituição das disciplinas presenciais, em
andamento, por aulas que utilizem meios e
tecnologias de informação e comunicação, por
instituição de educação superior integrante do
sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do
Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017.

Para além das perguntas de sermos ou não Ensino Superior, até porque essa
equiparação existe, enquanto instituição (consta na Lei), esse modelo aplicado em
estudantes de nível médio, perece ser temerário, como será tratado por meio de
dados que serão apresentados mais adiante.

Pela lógica aplicada (os dados comprovam isso), inevitavelmente,


seriam/são/serão muitos estudantes excluídos do processo de ensino e
aprendizado, que é direito de todos, sem exceção, independentemente de sua
condição econômica, social ou qualquer outro tipo de vulnerabilidade (deficientes - e
temos vários – além de indígenas, moradores do campo e etc.). O que não se pode
permitir é que, em face de um modelo adotado, ainda que excepcional, se exclua,
quem, por sua condição não possa acompanhar, ou seja, não há como se permitir
qualquer tipo de prejuízo para os estudantes (qualidade, frequência, igualdade de
oportunidade, universalização do ensino, dignidade, exercício da cidadania e etc.),
permitindo mais uma vez, que estudantes fiquem às margens da sociedade pelas
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condições que se encontram. Por isso, repito, espero, sinceramente, enquanto


instituição, não estarmos promovendo a institucionalização da exclusão.

Perguntas como: A instituição garantirá, em sua totalidade, o cumprimento do


§ 2º do Art. 1º da Portaria nº 343? Dúvidas como esta, surgem a todo instante.
Temos as condições de proporcionar a igualdade de oportunidade a todos os
estudantes? Os números demonstram que, objetivamente, não.

Importante tratarmos também da Portaria nº 376, de 3 de abril de 2020. As


duas primeiras (343 e 345) foram as que fundamentaram a decisão de atividades
não presenciais no Conselho Superior. Já a Portaria nº 376 vem após a reunião
ocorrida no COSUP, e é, mais clara no que diz respeito ao nosso modelo de ensino,
algo que não estava contido nas duas anteriores, porém, o pensamento, a
preocupação e as dúvidas só fazem aumentar a partir desse “novo documento”.

Além disso, essa Portaria (376) estendeu o prazo inicial de 30 para 60 dias, o
que agrava ainda mais a situação dos vulneráveis, se considerarmos o calendário
vigente e a realização de reposições, como já vem ocorrendo.

Art. 3º As instituições integrantes do sistema federal


de ensino de que trata o art. 1º, caput, que optarem
por substituir as aulas presenciais por atividades
não presenciais deverão organizá-las de modo
que:
I - sejam mediadas por recursos digitais ou demais
tecnologias de informação e comunicação,
conforme indicado pelo § 1º do art. 1º da
Resolução CNE/CEB nº 1/2016; e/ou
II - possibilitem aos estudantes o acesso, em seu
domicílio, a materiais de apoio e orientação que
permitam a continuidade dos estudos, com maior
autonomia intelectual.

O § 1º do art. 1º da Resolução CNE/CEB nº 1/2016 diz que:

Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes


Operacionais Nacionais para regulamentar a oferta
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de cursos e programas de Ensino Médio, de


Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de
Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos níveis do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio, na
modalidade de Educação a Distância (EAD), em
regime de colaboração entre os sistemas de ensino.
§ 1º A modalidade de Educação a Distância é aqui
entendida como uma forma de desenvolvimento do
processo de ensino-aprendizagem mediado por
tecnologias que permitem a atuação direta do
professor e do aluno em ambientes físicos
diferentes, em consonância com o disposto no
art. 80 da Lei nº 9.394/96 e com o Decreto nº
5.622/2005.

Ou seja, de um lado, aplicar a EaD, propriamente dita (inciso I do art. 3º da


Portaria 376), conforme art. 80 da LDB (mencionei no início desse documento). E
neste caso, tendo de seguir todas as exigências legais que a modalidade EaD
preceitua, como por exemplo, constar no PPC com um semestre de antecedência
essa possibilidade, bem como a documentação sobre controle de avaliação e
frequência, ou, seguir o inciso II, também do art. 3º da Portaria 346, em que pese:

II - possibilitem aos estudantes o acesso, em seu


domicílio, a materiais de apoio e orientação que
permitam a continuidade dos estudos, com maior
autonomia intelectual.

Neste caso, não sendo omissa às questões envolvendo os mais vulneráveis e


que por suas condições sociais venham a sofrer agressão ou ameaça de agressão
ao direito fundamental da Educação. Isso vale para todos os estudantes.

Essa nova Portaria, mais uma vez, menciona a responsabilidade da


Instituição que optar por essa possibilidade de atividade não presencial.

Art. 3º § 2º Será de responsabilidade das


instituições de que trata o art. 1º, caput, a definição
das atividades curriculares que forem substituídas, a
disponibilização de ferramentas e materiais aos
estudantes, que permitam o seu
acompanhamento, as orientações e o apoio para
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o seu desenvolvimento, bem como a realização


de avaliações, quando couberem, durante o período
da autorização de que trata o caput.

Segue ainda:

Art. 3º § 4º A carga horária correspondente às


atividades curriculares substituídas, conforme
previsto no caput, poderá ser considerada em
cumprimento da carga horária total, estabelecida no
plano de curso que foi aprovado pelo respectivo
órgão competente.

Ademais, os estudantes e, nesse caso, pais ou responsáveis, por se tratar de


menores de idade devem ser comunicados:

Art. 4º Os estudantes de cada curso deverão ser


comunicados do plano de atividades definido para o
período, com antecedência de no mínimo 48 horas
da execução do mesmo.

E para fechar esse raciocínio jurídico, apresentado de maneira bem


superficial, vejamos o que diz o Estatuto do IFMS, o nosso norteador:

Art. 3° O IFMS, em sua atuação, observa os


seguintes princípios norteadores:

I - justiça social, igualdade, cidadania, ética e


preservação do meio ambiente;

VI - inclusão de pessoas com deficiências e


necessidades educacionais especiais;

VII - gratuidade do ensino público e universalização


do acesso;

VIII - compromisso com a defesa dos direitos


humanos e com a qualidade de vida.
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Apesar de tudo isso, existirão, os que dirão: “Mas o Ensino Médio pode ter de
20% a 30% da carga horária à distância segundo a BNCC”. E eu pergunto: Mas nós
estamos falando de EaD (que possui regras próprias)? E ainda que estivéssemos, é
necessário, a garantia do suporte tecnológico e pedagógico apropriado, ou não?

Após essa análise pedagógica e superficialmente jurídica, creio ficar mais


claro a apresentação dos dados que seguem, além de não podermos nos esquecer
que todo esse debate em torno das implantação de atividades não presenciais no
IFMS durou apenas 10 dias.

Quanto aos dados:

Ao todo, em abril de 2020, somamos 12.653 estudantes matriculados no


IFMS (Dados do Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e
Tecnológica- SISTEC), confirmado por meio do resultado do Relatório das
Atividades não presenciais, apresentado pela própria Instituição IFMS.

Em âmbito institucional, houve 2 pesquisas oficiais voltadas aos estudantes,


no entanto, não foi solicitada ou apresentada a manifestação de pais ou
responsáveis (maioria são menores de idade e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação exige a participação destes), ainda sim, vale destacar e comparar as
pesquisas.
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Do total de 12.653 estudantes matriculados, a primeira pesquisa contou


com 8.220 respostas e a segunda, apenas 1.648 em números absolutos:

Primeira Pesquisa: Processo nº 23347.005309.2020-22 SUAP (30/03/2020)

Já na segunda pesquisa, para além dos números absolutos de respostas,


chama a atenção a margem de erro considerada e a confiabilidade atribuída a
pesquisa, se levarmos em consideração o número total de estudantes no Campus.

Em uma simples análise dos dados, observa-se um número muito pequeno


de participação dos estudantes na segunda pesquisa em relação a primeira (8.229
na primeira e 1.648 na segunda, em um universo de 12.653 estudantes). O que
pode ser justificado pelo baixo acesso às tecnologias (computador/internet).

Avançando na análise sobre a distribuição de computadores, sem ainda


entrar no mérito do valor do recurso para internet (R$ 30,00), que por óbvio é
impossível para adquirir um pacote, mínimo que seja, temos a quantidade de
computadores entregues por Campus até 20 de maio de 2020:
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CAMPUS COMPUTADORES ENTREGUES

Aquidauana 71 computadores entregues para 153 que não possuem no total

Nova Andradina 82 computadores para 233 que não possuem no total

Campo Grande 35 computadores para 184 que não possuem no total

Dourados 02 computadores para 116 que não possuem no total

Ponta Porã 01 computador (não foi perguntado na primeira pesquisa)

Total 191 computadores entregues para 1.862 que não possuem nos 10 Campi
Computadores entregues por Campus até 20/05/2020

O que se questiona é: como fica a situação dos estudantes que não


receberam computador? Tendo em vista, os números apresentados na primeira
pesquisa (1.862 estudantes) e levando em consideração que o calendário está
vigente, inclusive, com reposições do período em que as atividades presenciais
estavam suspensas e ainda não tinham sido aprovadas as “atividades não
presenciais (EaD)” no COSUP.

Dados apresentados na primeira pesquisa, muito diferente da quantidade


apresentada na segunda pesquisa, demonstram a quantidade de estudantes sem
computador em cada Campus:

RESPONDERAM ESTUDANTES ESTUDANTES


CAMPUS
A 1º PESQUISA SEM COMPUTADOR SEM INTERNET

Nova Andradina 734 de 1.090 total no Campus 233 sem computador (32%) 127 sem internet (17%)

Dourados 602 de 1.361 total no Campus 116 sem computador (19%) 35 sem internet (6%)

Jardim 514 de 631 total no Campus 107 sem computador (21%) 64 sem internet (12%)

Campo Grande 1.147 de 1.902 total no Campus 184 sem computador (16%) 83 sem internet (7%)

Aquidauana 598 de 1.493 total no Campus 153 sem computador (26%) 32 sem internet (5%)

Corumbá 1.174 de 1.406 total no Campus 389 sem computador (33%) 329 sem internet (28%)

Naviraí 797 de 940 total no Campus 241 sem computador (30%) 66 sem internet (8%)

Coxim 708 de 945 total no Campus 243 sem computador (34%) 137 sem internet (19%)

Ponta Porã 890 de 1547 total no Campus - 149 internet (17%)

Três Lagoas 1.065 de 1.338 total no Campus 196 sem computador (18%) 59 sem internet (6%)

Total 8.220 de 12.653 total no IFMS 1.862 sem computador (23%) 1.081 sem internet (13%)
18

Segue o quadro comparativo dos números entre os que responderam a


primeira e a segunda pesquisa:

TOTAL DE
ESTUDANTES 1º PESQUISA – 2º PESQUISA –
CAMPUS
POR MARÇO/2020 ABRIL/2020
CAMPUS

Nova Andradina 1.090 total 734 responderam 189 (11,5%) responderam

Dourados 1.361 total 602 responderam 142 (8,6%) responderam

Jardim 631 total 514 responderam 37 (2,2%) responderam

Campo Grande 1.902 total 1.147 responderam 445 (27%) responderam

Aquidauana 1.493 total 598 responderam 148 (9%) responderam

Corumbá 1.406 total 1.174 responderam 133 (8,1%) responderam

Naviraí 940 total 797 responderam 107 (6,5%) responderam

Coxim 945 total 708 responderam 106 (6,4%) responderam

Ponta Porã 1.547 total 890 responderam 120 (7,3%) responderam

Três Lagoas 1.338 total 1.065 responderam 218 (13,2%) responderam

Total 12.653 total 8.220 responderam 1.648 responderam

Chama atenção, na segunda pesquisa, o número de respostas em alguns


Campus. Em alguns, inclusive, com índices abaixo de 10%, indicando uma margem
de 95% de confiabilidade para o Campus.

Ainda assim, e mesmo se considerarmos essa segunda pesquisa, com


números bem abaixo do mínimo esperado para uma avaliação concreta e segura,
que transcreva minimamente a realidade, o resultado chama atenção em alguns
aspectos:

1º) 34,5 % dos estudantes consideram as atividades não presenciais ruins ou


péssimas. Para a área da Educação isso torna-se ainda mais significativo se
considerarmos os princípios constitucionais voltados para a educação como
igualdade de acesso e permanência, oportunidades e a própria dignidade da pessoa
humana;
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2º) 44,4 % do total dos estudantes consideram que a instituição deveria


suspender o calendário, sendo que, municípios onde o acesso é precário os índices
ficam mais evidentes:
Três Lagoas (60,6%),
Ponta Porã (52,5%),
Coxim (50,9%),
Aquidauana (43,2%),
Corumbá (43,6%),
Dourados (44,4%) e
Jardim (45,9%);

3º) 23,1% dos estudantes consideram que o sistema (Ambiente Virtual de


Aprendizagem - AVA) é ruim ou péssimo;

4º) 25,4% dos estudantes consideram que é péssima a qualidade do


conteúdo (pode ser o reflexo do resultado dos 76% dos docentes não terem
formação para atuarem nessa modalidade – será apresentado adiante);

5º) 26,9% dos estudantes encontraram dificuldade com o Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA-Moodle) e, 25% deles, ainda encontram, ou seja, desde o início
das atividades nessa modalidade (não presencial), melhorou-se apenas 1%, o que
impacta diretamente na qualidade do ensino ofertado e consequentemente, no que
preceitua a Constituição Federal de 1988;

6º) 60% dos estudantes consideram a internet de Corumbá péssima.


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Dificuldade que se evidencia quando observamos os números do Proeja,


(Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação
Básica, na Modalidade de Jovens e Adultos), que tem por objetivo oferecer
oportunidade da conclusão da educação básica, juntamente com a formação
profissional àqueles que não tiveram acesso ao ensino médio na idade regular.

Total Geral 2º pesquisa –


Campus de RESPOSTAS DO PROEJA
estudantes Abril/2020

Nova Andradina 1.090 total 189 (11,5%) responderam 0 (0%) estudantes responderam

Dourados 1.361 total 142 (8,6%) responderam 3 (2,1%) estudantes responderam

Jardim 631 total 37 (2,2%) responderam 0 (0%) estudantes responderam

Campo Grande 1.902 total 445 (27%) responderam 0 (0%) estudantes responderam

Aquidauana 1.493 total 148 (9%) responderam 4 (2,7%) estudantes responderam

Corumbá 1.406 total 133 (8,1%) responderam 1 (0,8%) estudantes responderam

Naviraí 940 total 107 (6,5%) responderam 2 (1,9%) estudantes responderam

Coxim 945 total 106 (6,4%) responderam 1 (0,9%) estudantes responderam

Ponta Porã 1.547 total 120 (7,3%) responderam 0 (0%) estudantes responderam

Três Lagoas 1.338 total 218 (13,2%) responderam 4 (1,8%) estudantes responderam

Total 12.653 total 1.648 responderam 15 (0,9%) estudantes responderam

Dados do PROEJA constantes no Relatório institucional do IFMS.


21

Em relação aos docentes, os números também tendem a refletir


negativamente na QUALIDADE. No questionário aplicado diretamente a eles,
temos:
22

Quanto aos estudantes atendidos pelo NAPNE, infelizmente, não há uma


solução objetiva, concreta e segura para esses estudantes. O que temos (faço parte
do NAPNE) são medidas paliativas, além do que, não contamos com professores de
apoio especializado (que deveríamos ter), contando apenas, com profissionais que
possuem conhecimento superficial (quando possuem). Ainda assim, não há como
negar a boa vontade e a entrega total desses profissionais para que as coisas
aconteçam, ao passo que também não podemos negligenciar nossas próprias
limitações. Quem sabe por isso, à época de votação no COSUP, os NAPNE´s dos
Campus se posicionaram como se posicionaram, ou seja, contrários, ao menos
naquele momento em relação a modalidade não presencial, conforme consta no
relatório. Segue alguns trechos:
23

Não se questiona aqui, portanto, a boa fé e até boa intenção em tentar


solucionar a situação por parte dos servidores vinculados ao NAPNE, ao contrário.
Ocorre que a maneira com que se construiu e vem sendo construída essas
atividades, e ainda de forma obrigatória (calendário vigente), tem tornado o acesso e
a permanência dos estudantes, excludente. Completamente oposta do que
deveríamos promover, ou seja, uma educação inclusiva, democrática e de
qualidade.
24

Além dessa problemática, já há também relatos de docentes chegando ao


nível de exaustão, e aqui abro um parêntese para fazer um elogio aos muitos
professores que estão se desdobrando em um esforço tremendo para que as coisas
deem certo, todo a minha admiração, respeito e apreço a eles. Entretanto, não
podemos negligenciar que, por conta de toda essa mudança na forma e no ambiente
de trabalho, tem nos gerado uma pressão desarrazoada no que diz respeito ao
desenvolvimento das atividades laborais, e aqui, não só para os docentes, mas
também para técnicos administrativos, que precisam ser ouvidos e atendidos em
seus anseios, para que a situação não seja agravada.

Portanto, em vista dos argumentos apresentados, mantenho minha opinião


defendendo a suspensão do calendário. Creio que deveria ter sido, e ainda deva
ser, a mais razoável e proporcional medida, dado o contexto que se apresenta.
De maneira que poderíamos, inclusive, aproveitar essa suspensão para nos
prepararmos melhor (professores, técnicos e estudantes) para os desafios que estão
postos e os que, inevitavelmente, ainda virão. Lembremos que todo esse debate em
âmbito de IFMS ocorreu em 10 dias, ou seja, não houve tempo hábil para uma
reflexão mais crítica e profunda.

Mas ainda dirão alguns: UÉ! MAS NÃO PASSOU PELO CONSELHO
SUPERIOR E AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO NÃO POSSUEM AUTONOMIA,
SEGUNDO A PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO?
25

E eu direi: Sim, sim, claro! Porém, vale mencionar que, ainda que tenha
passado essa decisão pelo Conselho Superior da instituição, ou seja, valendo-se da
autonomia administrativa e pedagógica, como preceitua a Constituição Federal em
seu Art. 207 e a Lei 11.892/2008, que cria os Institutos Federais, não parece ser
razoável e nem proporcional, sendo até injusta, a decisão aprovada, ante ao que já
foi apresentado pelo próprio Supremo Tribunal Federal – STF. Que já se manifestou
no sentido de que as Universidades, no caso do IFMS por equiparação, possuem
autonomia, desde que, claro, não fira Normas Gerais da Educação.

“[...] As universidades gozam de autonomia


administrativa, o que não as exime do dever de
cumprir as normas gerais da educação nacional
[...]”. (RE 566.365, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento
em 22-2-2011, Primeira Turma, DJE de 12-05-2011).

Ademais, já manifestei sobre a tendência que sigo no Direito (no início), ou


seja, a legalidade tem seu valor, mas a dignidade, a democracia, a ética, a moral e o
senso de justiça, também tem. Ou não estaremos a falar de dignidade, igualdade e
democracia. Dizer se está certo ou errado é uma questão de perspectiva de onde se
encontra e de onde se quer chegar com a EDUCAÇÃO.

Abraço fraterno!

“Ensinar não se resume apenas a transferir conteúdo”


Paulo Freire
26

6 matérias que reforçam a minha preocupação.

As falácias da Educação à Distância se alastram com (e como) o Covid19


31/05/2020 16:17
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Educacao/As-falacias-da-Educacao-a-Distancia-se-
alastram-com-e-como-o-Covid19/54/47657

Nota à Comunidade - Ensino a Distância


Publicado em Quinta, 19 Março 2020
https://www.cp2.g12.br/noticias_destaque/10075-nota-%C3%A0-comunidade-ensino-
%C3%A0-dist%C3%A2ncia.html

Pesquisa revela principais dificuldades dos alunos do IFFar nas atividades remotas
Publicado em Terça, 07 de Abril de 2020
https://www.iffarroupilha.edu.br/ultimas-noticias/item/17139-pesquisa-revela-principais-
dificuldades-dos-alunos-do-iffar-nas-atividades-remotas

Como o ensino a distância pode agravar as desigualdades agora


03 de Abril de 2020
https://www.nexojornal.com.br/ensaio/debate/2020/Como-o-ensino-a-distância-pode-
agravar-as-desigualdades-agora

Nota pública sobre o adiamento do ENEM


12 maio 2020
http://portal.conif.org.br/br/component/content/article/84-ultimas-noticias/3451-nota-publica-
sobre-o-adiamento-do-enem?Itemid=609

PORTARIAS E SEUS LIMITES


Publicado em 03/2020
https://jus.com.br/artigos/80264/portarias-e-seus-limites

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