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ELETRONICA 

DE POTÊNCIA 
 
 
 

CONVERSORES 
CC‐CC  RESSONANTES 
NÃO  ISOLADOS 
 
 
 
 
Prof. Ivo Barbi 
 
 
Universidade Federal de Santa Catarina 
Agosto de 2015 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
O  presente  documento  reúne  relatórios 
produzidos  por  pós‐graduandos  do  Programa  de 
Engenharia Elétrica da UFSC, que cursaram ao longo 
de  vários  anos,  a  disciplina  que  ministrei, 
denominada COMUTAÇÃO SUAVE.

 
Florianópolis, 11 de agosto de 2015. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Instituto de Eletrônica de Potência

OBTENÇÃO DA CARACTERÍSTICA DE SAÍDA DO


CONVERSOR BOOST-1 SÉRIE RESSONANTE

Responsáveis pelo Trabalho:


Antonio José Bento Bottion, Eng. (INEP/EEL– UFSC)
Romero Leandro Andersen, Eng. (INEP/EEL– UFSC)

Professor Responsável:
Ivo Barbi, Dr. Ing. (INEP/EEL – UFSC)

Julho/2004

Caixa Postal 5119, CEP: 88.040-970 - Florianópolis - SC


Tel. : (048) 331.9204 - Fax: (048) 234.5422 – Internet: www.inep.ufsc.br
Sumário

Introdução ......................................................................................................................................................... 3
I – O Conversor Boost-1 Série Ressonante ..................................................................................................... 4
1.1 Topologia ................................................................................................................................................. 4
1.2 Etapas de operação ................................................................................................................................. 4
1.3 Formas de onda básicas ......................................................................................................................... 8
1.4 Equacionamento ..................................................................................................................................... 9
1.5 Representação Gráfica dos Resultados da Análise ............................................................................ 24
1.6 Metodologia e Exemplo de Projeto ..................................................................................................... 25
1.7 Resultados de Simulação ...................................................................................................................... 27
Conclusão ........................................................................................................................................................ 33
Referência Bibliográfica ................................................................................................................................ 34

ii
Introdução

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o equacionamento do Conversor Boost-


1 Série Ressonante para a obtenção de sua característica de saída.
Apesar da possibilidade de o conversor operar no modo de condução contínua, neste
trabalho são apresentadas simulações e metodologia de projeto para o modo de condução
descontínuo, pois neste último modo de operação as comutações, entrada em condução e
bloqueio dos interruptores, são suaves.
Conforme será mostrado, o conversor em questão apresenta duas restrições para projeto
que são freqüência máxima de comutação dos interruptores e tensão de saída Vo sendo Vi ≤ Vo ≤
2.Vi onde Vi é a tensão de entrada.

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 3


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

I – O Conversor Boost-1 Série Ressonante


1.1 Topologia
A topologia do Conversor Boost-1 Série Ressonante é apresentada na fig. 1.

D2

iC(t)
L D1
iL(t)
C VC Vo
VL(t)
S2
Vi
S1

Fig. 1 – Conversor Boost-1 Série Ressonante CC-CC

1.2 Etapas de operação


1ª Etapa (t0 , t1)

Na etapa anterior nenhum interruptor estava conduzindo e iL(t)=0 e vC(t)=0 . No instante t0


o interruptor S1 é fechado e a tensão no capacitor cresce de forma ressonante até Vo, como
mostrado na fig. 2.

Fig. 2 – Primeira etapa de operação


Nesta etapa:
 A fonte Vi transfere energia para o indutor L e para o capacitor C.

Esta etapa termina quando a tensão no capacitor atinge Vo e o diodo D2 entra em


condução.

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 4


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

2ª Etapa (t1 , t2)


A fig. 3 ilustra a segunda etapa. Quando vC(t)=Vo o diodo D2 entra em condução pois a
tensão sobre o mesmo é nula.
A corrente no indutor decresce linearmente até se anular.
O interruptor S1 deve ser bloqueado durante a condução do diodo D2. Assim seu bloqueio
é suave, pois empoando o diodo D2 conduz, a corrente no interruptor S1 é zero.
No final desta etapa o capacitor estará carregado com uma tensão Vo, e a corrente no
indutor será igual a zero.

Fig. 3 – Segunda etapa de operação

Nesta etapa:
 A fonte Vi transfere energia para a carga.
Esta etapa termina quando a corrente no indutor atinge zero.

3ª Etapa (t2 , t3)


Quando a corrente no indutor atinge zero no instante t2 nenhum interruptor conduz e o
capacitor se mantém carregado com tensão vC(t)=Vo como mostrado na fig. 4.

D2

iC(t)=0
L D1
iL(t)=0
C VC(t)=V2 Vo
VL(t)
S2
Vi
S1

Fig. 4 – Terceira etapa de operação


Nesta etapa:
 Não há transferência de energia ;
 O capacitor permanece carregado com tensão vC(t)=Vo.

Esta etapa termina quando o interruptor S2 é comandado a conduzir.

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 5


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

4ª Etapa (t3 , t4)


A fig. 5 ilustra a quarta etapa de operação. No instante t3 o interruptor S2 é comandado a
conduzir. O capacitor C se descarrega de forma ressonante até vC(t)=0.

Fig. 5 – Quarta etapa de operação


Nesta etapa:
 A fonte transfere Vi energia para a carga.

Esta etapa termina quando vC(t)=0 e o diodo D1 entra em condução.

5ª Etapa (t4 , t5)


A fig. 6 ilustra a quinta etapa. Quando vC(t)=0 o diodo D1 entra em condução pois a tensão
sobre o mesmo é nula.
A corrente no indutor decresce linearmente até se anular.
O interruptor S2 deve ser bloqueado durante a condução do diodo D1. Assim seu bloqueio
é suave, pois empoando o diodo conduz a corrente na chave é zero.
No final desta etapa o capacitor estará descarregado com tensão vC(t)=0, e a corrente no
indutor será igual a zero.

Fig. 6 – Quinta etapa de operação


Nesta etapa:
A fonte Vi transfere energia para a carga.

Esta etapa termina quando a corrente no indutor atinge zero.

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 6


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

6ª Etapa (t5 , t6)

Quando a corrente no indutor atinge zero no instante t5 nenhum interruptor conduz e a


tensão no capacitor é igual a zero, como mostrado na fig. 7.

D2

iC(t)=0
L D1
iL(t)=0
C VC(t)=0 Vo
VL(t)
S2
Vi
S1

Fig. 7 – Sexta etapa de operação

Nesta etapa:

 Não há transferência de energia ;


 A tensão no capacitor é igual a zero;
 A corrente no indutor vale zero.

Esta etapa termina quando o interruptor S1 é comandado a conduzir dando início a outro
período de funcionamento.

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 7


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

1.3 Formas de onda básicas


De acordo com as etapas explicadas no item anterior, a estrutura apresenta as formas de
onda da fig. 8 que mostra também os intervalos de tempo correspondentes.

Fig. 8 – Formas de onda básicas

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 8


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

1.4 Equacionamento
1ª Etapa (t0,t1)

Condições iniciais:

i L (t 0 )  0
v C (t 0 )  0

Do circuito equivalente da primeira etapa temos:

di L  t 
Vi  L   v C (t) (1)
dt
dv (t)
i L  t   C. C (2)
dt

Aplicando a transformada de Laplace em (1) e (2), tem-se:

Vi
 s.L.I L (s)  VC (s) (3)
s
I L  s   s.C.VC (s) (4)

Definindo:

 1
o  (5)
L.C

Substituindo (4) em (3) temos:

Vi
 s.L.  s.C.VC (s)   VC (s)
s

Isolando VC (s) temos:

Vi
 s 2 .L.C.VC (s)  VC (s)
s
VC (s).  s 2 .L.C  1  i
V
s
Vi
VC (s)  (6)
s.  s .L.C  1
2

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 9


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

1 1
Multiplicando o segundo membro de (6) por temos:
L.C L.C
1
Vi .
VC (s)  L.C (7)
 1 
s.  s 2  
 L.C 

Considerando (5) em (7) obtém-se a expressão (8) para a tensão no capacitor:

Vi .o2
VC (s)   (8)
s.  s 2  o2 

Aplicando-se a transformada inversa de Laplace na expressão (8) obtém-se a expressão


(9):

v C (t)  Vi . 1  cos(o .t)  (9)

Derivando a expressão (9) e multiplicando-a por C , obtém-se:

dvC (t)
i L (t)  C.  C.o .Vi .sen(o .t) (10)
dt

Substituindo (5) em (10) temos:

dvC (t) 1
i L (t)  C.  C. .Vi .sen(o .t)
dt L.C
C. C
i L (t)  .Vi .sen(o .t)
L. C
C. C
i L (t)   .Vi .sen(o .t)
L. C
L
i L (t).  Vi .sen(o .t) (11)
C

Define-se:

 L
z
C (12)

Substituindo (12) em (11) obtém-se a corrente no indutor, parametrizada em função da


impedância característica z.

i L (t).z  Vi .sen(o .t) (13)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 10


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Plano de fase da 1ª Etapa

Seja a definição (14).

z1 (t)  v C (t)  j.i L (t).z (14)

Substituindo (9) e (13) em (14) temos:

z1 (t)  Vi . 1  cos(o .t)   j.Vi .sen(o .t)

z1 (t)  Vi  Vi .cos(o .t)  j.Vi .sen(o .t)

z1 (t)  Vi  Vi .  cos(o .t)  j.sen(o .t)  (15)

Pela relação de Euler temos:

A.e  j.o .t  A. cos(o .t)  j.sen(o .t) 


(16)

Considerando (16) em (15) obtém-se:

z1 (t)  Vi  Vi .e j.o .t (17)

Do plano de fase obtém-se:

R1  Vi (18)

2ª Etapa (t1,t2)

Condições iniciais:

i L (t1 )  I1
v C (t1 )  Vo

Do circuito equivalente da segunda etapa obtém-se:

di L  t 
v L (t)  L   Vi  Vo (19)
dt
v C  t   Vo (20)

Aplicando a transformada de Laplace em (19), obtém-se:

Vi  Vo
 L.  s.I L (s)  I1  (21)
s

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 11


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Isolando I L (s) em (21) obtém-se:

Vi  Vo I1
I L (s)   (22)
s 2 .L s

Aplicando-se a transformada inversa de Laplace na expressão (22) obtém-se a expressão


(23):

Vi  Vo
i L (t)  .  t  t1   I1 (23)
L

Multiplicando ambos os membros da expressão (23) por z obtém-se:

Vi  Vo
i L (t).z  .z.  t  t1   I1.z
L
V  Vo L
i L (t).z  i . .  t  t1   I1.z
L. L C
Vi  Vo L
i L (t).z  . .  t  t1   I1.z
L. L C
1
i L (t).z   Vi  Vo  . .  t  t1   I1.z
L.C
i L (t).z   Vi  Vo  .o .  t  t1   I1.z (24)

Plano de fase da 2ª Etapa

Seja a definição (25).

z 2 (t)  v C (t)  j.z.i L (t) (25)

Substituindo (20) e (24) em (25) temos:

z 2 (t)  Vo  j.  Vi  Vo  .o .  t  t1   I1.z  (26)

3ª Etapa (t2,t3)

Condições iniciais:

i L (t 2 )  0
v C (t 2 )  Vo

Durante toda terceira etapa temos:


i L (t)  0 (27)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 12


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

v C (t)  Vo (28)
Plano de fase da 3ª Etapa

Seja a definição (29)

z3 (t)  vC (t)  j.z.i L (t) (29)

Substituindo (27) e (28) em (29) temos:

z3 (t)  Vo (30)

4ª Etapa (t3,t4)

Condições iniciais:

i L (t 3 )  0
v C (t 3 )  Vo

Do circuito equivalente da quarta etapa temos:

di L  t 
Vi  L   vC (t)  Vo (31)
dt
dv (t)
i L  t   C. C (32)
dt

Aplicando a transformada de Laplace em (31) e (32), tem-se:

Vi  Vo
 s.L.I L (s)  VC (s) (33)
s
I L  s   C.  s.VC (s)  Vo  (34)

Substituindo (34) em (33) temos:

Vi  Vo
 s.L.C.  s.VC (s)  Vo   VC (s)
s

Isolando VC (s) temos:

Vi  Vo
 s 2 .L.C.VC (s)  s.L.C.Vo  VC (s)
s
 s2 .L.C  1 .VC (s)  s.L.C.Vo  Vi s Vo
s.L.C.Vo Vi  Vo
VC (s)  2  (35)
s .L.C  1 s.  s 2 .L.C  1

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 13


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

1 1
Multiplicando o segundo membro de (35) por temos:
L.C L.C
1
s.Vo  Vi  Vo  .
VC (s)   L.C (36)
s2 
1  1 
s.  s 2  
L.C  L.C 

Considerando (5) em (36) obtém-se a expressão (37) para a tensão no capacitor:

VC (s)  2
s.Vo

 Vi  Vo  .o2
(37)
s  o2 s.  s 2  o2 

Aplicando-se a transformada inversa de Laplace na expressão (37) obtém-se a expressão


(38):

v C (t)  Vo .cos(o .t)   Vi  Vo  . 1  cos(o .t) 

v C (t)  Vo .cos(o .t)  Vi  Vi .cos(o .t)  Vo Vo .cos(o .t)

v C (t)  Vo  Vi  Vi .cos(o .t) (38)

Derivando a expressão (38) e multiplicando-a por C , obtém-se:

dvC (t)
i L (t)  C.  C.o .Vi .sen(o .t) (39)
dt

Substituindo (5) em (39) temos:

dvC (t) 1
i L (t)  C.  C. .Vi .sen(o .t)
dt L.C
C. C
i L (t)  .Vi .sen(o .t)
L. C
C. C
i L (t)   .Vi .sen(o .t)
L. C
L
i L (t).  Vi .sen(o .t) (40)
C

Substituindo (12) em (40) obtém-se a corrente no indutor, parametrizada em função da


impedância característica z.

i L (t).z  Vi .sen(o .t) (41)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 14


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Plano de fase da 4ª Etapa

Seja a definição (42).

z 4 (t)  v C (t)  j.i L (t).z (42)

Substituindo (38) e (41) em (42) temos:

z 4 (t)  Vo  Vi  Vi .cos(o .t)  j.Vi .sen(o .t)

z 4 (t)  Vo  Vi  Vi .  cos(o .t)  j.sen(o .t)  (43)

Considerando (16) em (43) obtém-se:

z 4 (t)  Vo  Vi  Vi .e j.o .t (44)

Do plano de fase obtém-se:

R 4  Vi (45)

5ª Etapa (t4,t5)

Condições iniciais:

i L (t 4 )  I1
v C (t 4 )  0

Do circuito equivalente da quinta etapa obtém-se:

di L  t 
v L (t)  L   Vi  Vo (46)
dt
vC  t   0 (47)

Aplicando a transformada de Laplace em (46), obtém-se:

Vi  Vo
 L.  s.I L (s)  I1  (48)
s

Isolando I L (s) em (48) obtém-se:

Vi  Vo I1
I L (s)   (49)
s 2 .L s

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 15


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Aplicando-se a transformada inversa de Laplace na expressão (49) obtém-se a expressão


(50):

Vi  Vo
i L (t)  .  t  t 4   I1 (50)
L

Multiplicando ambos os membros da expressão (50) por z obtém-se:

Vi  Vo
i L (t).z  .z.  t  t 4   I1.z
L
V  Vo L
i L (t).z  i . .  t  t 4   I1.z
L. L C
Vi  Vo L
i L (t).z  . .  t  t 4   I1.z
L. L C
1
i L (t).z   Vi  Vo  . .  t  t 4   I1.z
L.C

i L (t).z   Vi  Vo  .o .  t  t 4   I1.z (51)

Plano de fase da 5ª Etapa

Seja a definição (52).

z 5 (t)  v C (t)  j.z.i L (t) (52)

Substituindo (47) e (51) em (52) temos:

z 5 (t)  j.  Vi  Vo  .o .  t  t 4   I1.z  (53)

6ª Etapa (t5,t6)

Condições iniciais:

i L (t 5 )  0
v C (t 5 )  0

Durante toda sexta etapa temos:

i L (t)  0 (54)
v C (t)  0 (55)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 16


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Plano de fase da 6ª Etapa

Seja a definição (56)

z 6 (t)  vC (t)  j.z.i L (t) (56)

Substituindo (54) e (55) em (56) temos:

z 6 (t)  0 (57)

A tabela 1 mostra o equacionamento de vC(t) e iL(t).z para as seis etapas de operação.

Etapa vC(t) iL(t).z


1a Vi . 1  cos(o .t)  Vi .sen(o .t)
(t0,t1)
2a
(t1,t2)
Vo  Vi  Vo  .o .  t  t1   I1.z
3a Vo 0
(t2,t3)
4a Vo  Vi . 1  cos(o .t)  Vi .sen(o .t)
(t3,t4)
5a
(t4,t5)
0  Vi  Vo  .o .  t  t 4   I1.z
6a
0 0
(t5,t6)

Tabela 1 – Equacionamento de vC(t) e iL(t).z para as seis etapas de operação

Definindo:

I1.z
I1  (58)
Vi

Vo
q (59)
Vi

A tabela 2 mostra vC(t) e iL(t).z normalizados para as seis etapas de operação.

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 17


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Grandeza vC (t) i L (t).z


Etapa v C (t)  i L (t) 
Vi Vi
1a 1  cos(o .t) sen(o .t)
(t0,t1)
2a
(t1,t2)
q 1  q  .o .  t  t1   I1
3a q 0
(t2,t3)
4a q  1  cos(o .t)  sen(o .t)
(t3,t4)
5a
(t4,t5)
0 1  q  .o .  t  t 4   I1
6a
0 0
(t5,t6)

Tabela 2 – vC(t) e iL(t).z normalizados nas seis etapas de operação

A fig. 9 mostra o plano de fase das seis etapas.

iL(t).z
4ª Etapa 1ª Etapa
Vi

I1.z

R4=Vi R1=Vi

6ª Etapa 3ª Etapa
(0,0) (Vo,0)

(Vo - Vi) Vo/2 Vi Vo VC(t)


Fig. 9 – Plano de fase das seis etapas de operação

Analisado o plano de fase apresentado na fig. 9 obtém-se:

 I1.z    Vo  Vi   R12
2 2
(60)

Substituindo (18) em (60) temos:

 I1.z    Vo  Vi   Vi2
2 2

 I1.z   Vo2  2.Vo .Vi  Vi2  Vi2


2

 I1.z   2.Vo .Vi  Vo2


2
(61)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 18


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Multiplicando a expressão (61) por 1


Vi2
obtém-se:

 I1.z 
2
2.Vo . Vi Vo2
  2
Vi2 Vi 2 Vi

2 2
 I1.z  Vo  Vo 
   2.    (62)
 Vi  Vi  Vi 

Substituindo (58) e (59) em (62) obtém-se a equação (63).

2
I1  2.q  q 2

I1  q.  2  q  (63)

Limite da freqüência de comutação (fSmax)

Em condução crítica t2 = t3.

No final da primeira etapa, considerando t0 = 0 obtém-se:

Vi . 1  cos(o .t1 )   Vo (64)

Isolando t1 na expressão (64) obtém-se:

 V  Vo 
o .t1  arc cos  i 
 Vi 

 V 
arc cos 1  o 
t1   Vi  (65)
o

Substituindo (59) em (65) obtém-se a equação (66).

arc cos 1  q 
t1  (66)
o

No final da segunda etapa obtém-se:

1  q  .o .  t 2  t1   I1  0 (67)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 19


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Isolando t 2 na expressão (67) obtém-se a equação (68).

 I1
t2  t (68)
1  q  .o 1
Substituindo (63) e (66) em (68) obtém-se a equação (69).

q.  2  q  arc cos 1  q 
t2   (69)
 q  1 .o o

Sabendo que em condução crítica o período de comutação é igual ao dobro do tempo de


duração da primeira mais a segunda etapa, temos:

 q.  2  q  arc cos 1  q  
TSmín  2.t 2  2.   
  q  1 .o o 
 

2  q.  2  q  
TSmín  .  arc cos 1  q   (70)
o  q  1 
 

Assim, a freqüência máxima de comutação será:

1 1
fSmáx  
TSmín 2  q.  2  q  
.  arc cos 1  q  
o  q  1 
 

1
fSmáx 
2  q.  2  q  
.  arc cos 1  q  
2 ..f o  q  1 
 

.f o
fSmáx  (71)
q.  2  q 
 arc cos 1  q 
q 1

Seja a definição (72).

fS fSmáx
o   omáx  (72)
fo fo

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 20


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Assim, a freqüência máxima de comutação normalizada será:

fSmáx 
 omáx   (73)
fo q.  2  q 
 arc cos 1  q 
q 1

Corrente média na fonte Vo

A corrente média na fonte Vo é dada pela equação (74).

Iomed 
1
TS
. 
t3
t4
sen  o .t  .dt  2. o . 1  q  .  t  t1   q.  2  q   .dt
t2

t1    (74)

Trabalhando a equação (74) temos:

Iomed 
1
TS
. 
t3
t4
sen  o .t  .dt  2. o .t  o .t1  o .q.t  o .q.t1o  q.  2  q  .dt
t2

t1   
 t 4 sen   .t  .dt 
1 t 3
 o

Iomed  . 
 2.   o .t.dt   o .t1.dt   o .q.t.dt   o .q.t1o .dt   q.  2  q  .dt  
t2 t2 t2 t2 t2
TS 
  t1 t1 t1 t1 t1  

 1 
  .   cos  o .t   t 3
t4

Iomed  fS .  o 
 
 2. o . t.dt  o .t1. dt  o .q. t.dt  o .q.t1. dt  q.  2  q  . dt  
t2 t2 t2 t2 t2
  
  t1 t1 t1 t1 t1 

 1 
  .   cos  o .t   t 3
t4

 o 
Iomed  fS .  
 t 2 t2 t2
t2

  2. o .  o .t1.t t 2  o .q.  o .q.t1.t t 2  q.  2  q  .t t 2  
t t t

  2 t 1
2 1 1
 
 1 t1

 cos  o .t 3   cos  o .t 4  
 
 o 
Iomed  fS .   t 2  t1
2 2
t 2  t1
2 2

o 1  2 1
 
 o 2
.   .t . t  t  o .q. 
  2.  2 
   o .q.t1.  t 2  t1   q.  2  q  .  t 2  t1   
 

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 21


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

 cos  o .t 3   cos  o .t 4  
  o .t 22 o .t12  2.o .t1.t 2  2 .o .t12 
Iomed  fS .  o 
  .q.t 2  .q.t 2  2. .q.t .t  2 . .q.t 2  2. q. 2  q . t  t 
 o 2 o 1 o 1 2 o 1    2 1

 cos  o .t 3   cos  o .t 4  
  o .t 22 . 1  q   2.o .t1.t 2 . 1  q  
Iomed  fS .  o 
  o .t1 . 1  q   2. q.  2  q  .  t 2  t1  
2

 cos  o .t 3   cos  o .t 4  
I omed  fS .   o . 1  q  .  t 22 .  2.t1.t 2  t12   2. q.  2  q  .  t 2  t1  
 o 

 cos  o .t 3   cos  o .t 4  
Iomed  fS .   o . 1  q  .  t 2  t1   2. q.  2  q  .  t 2  t1  
2

 o  (75)

Sejam as seguintes equivalências:

t3  t0  0 (76)

arc cos 1  q 
t 4  t1  (77)
o

Da equação (68) temos:

 I1
t2  t
1  q  .o 1

I1
t 2  t1  (78)
 q  1 .o
Substituindo (63) em (78) obtém-se a equação (79).

q.  2  q 
t 2  t1  (79)
 q  1 .o

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 22


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Substituindo (76), (77) e (79) em (75) obtém-se a equação (80).

  arc cos 1  q   
 cos  0   cos  o .  
  o  
 
 
Iomed  fS .  o 
 2 
  q.  2  q   q.  2  q  
  o . 1  q  .    2. q.  2  q  .

  q  1 .o 
   q  1 .o 

 1  1  q  q.  2  q  q.  2  q  
Iomed  fS .   o .  q  1 .  2. 


o  q  1 .o 2
2
 q  1 .o 

fS  q.  2  q  q.  2  q  
Iomed  .  1 1  q   2. 
o 
  q  1  q  1 

fS  q.  2  q  
Iomed  .  q  
o   q  1 

fS  q.  q  1  q.  2  q  
Iomed  . 
o   q  1 

fS  q q  2 .q q 
2 2

Iomed  . 
o 
  q  1 

1 fS  q 
Iomed  . . 
2. f o   q  1 
(80)

Considerando a definição (72) na equação (80) obtém-se a equação (81) que é a corrente
na fonte Vo normalizada ou em outras palavras a característica de saída do conversor.

o  q 
Iomed   
2.   q  1 
(81)

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 23


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Forma padrão do ganho de tensão do conversor Boost

Isolando q na equação (81) obtém-se a equação (82).

1
q (82)
o
1
2..Iomed

Assim, a forma padrão do ganho de tensão em um conversor Boost na equação (82) é


apresentada de maneira equivalente pela equação (83).

1
q (83)

1  F  o , Iomed 
1.5 Representação Gráfica dos Resultados da Análise
A fig. 10 mostra a freqüência máxima normalizada μomax em função do ganho estático q
traçada a partir da equação (73).

Fig. 10 – freqüência máxima normalizada μomax em função do ganho estático q

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 24


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

A fig. 11 mostra a característica de saída Iomed em função do ganho estático q tendo μo


como parâmetro traçada a partir da equação (81).

Fig. 11 – Característica de saída Iomed em função do ganho estático q


tendo μo como parâmetro

1.6 Metodologia e Exemplo de Projeto


Sejam as especificações:

Vi = 100 V
Vo = 150 V
Po_nom = 300 W
Po_min = 30 W
fs_max = 70 kHz

Operação com Potência Nominal

Escolhendo-se uma relação de freqüências μo=fS/fo de 0,7 para conseguir uma ampla
variação de carga temos:

q = Vi/Vo = 1,5
Io_nom = 300/150 = 2 A
fo = 70.10³/0,7 = 100.10³ Hz

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 25


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

Para o cálculo de L e C temos:

- Entrando na fig. 11 com os valores de q=1,5 e μo=0,7 temos:


Io nom .z
Iomed   0,334
Vi
Sabendo o valor da corrente média parametrizada na fonte Vo obtém-se uma relação para
L e C.
L 0,334.Vi 0,334.100
z    16, 711
C Io nom 2
L
 279, 267
C

- Com o valor de fo obtém-se outra relação para L e C.


1
o   2..f o  2..100.103  628,319.103 rad / s
L.C

L.C  2,533.1012

Assim:
L = 26,597 μH
C = 95,238 nF

O tempo de condução dos interruptores é calculado a partir da equação (66).

arc cos 1  q  arc cos 1  1,5 


t1    3,333s
o 628,319.103

Operação com Potência Mínima

Para operação em potência mínima temos:


q = Vi/Vo = 1,5
Io_min = 30/150 = 0,2 A
fo = 70.10³/0,7 = 100.10³ Hz
Mantendo os valores de L e C calculados para potência nominal será calculada a
freqüência de comutação fs_min para operação em potência mínima.
Com o valor de z, Io_min e Vi calcula-se o valor da corrente parametrizada na fonte Vo.
Io nom .z 0,3.16, 711
Iomed    0, 05
Vi 100
Com o valor da corrente parametrizada na fonte Vo e o valor de q calcula-se o valor de
μo_min a partir da equação (81).
2..  q  1 .Iomed 2..0,5.0, 05
 o min    0,105
q 1,5
Assim fS min é dada por:
fS min   o .f o  0,105.100.103  10,5kHz

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 26


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

1.7 Resultados de Simulação


A fig. 12 apresenta a característica de saída teórica e a obtida por simulação ponto a ponto
para μo=0,1 e μo=0,7.

1.9 Curva teórica

1.8
Pontos simulados

1.7

1.6

1.5
o= 0,7
1.4

1.3

1.2
o= 0,1

1.1

1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Io
med
Fig. 12 – Característica de saída teórica Iomed em função do ganho estático q juntamente com a
característica de saída obtida por simulação ponto a ponto

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 27


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

As figuras de 13 a 22 apresentam os resultados de simulação para o projeto apresentado


na seção 1.6.

Resultados de simulação para potência nominal

As figuras de 13 a 17 apresentam resultados de simulação para o projeto da seção 1.6


operando em potência nominal.
A fig. 13 apresenta a tensão no capacitor C para operação com potência nominal.

152V

120V

80V

40V

0V
2.215ms 2.220ms 2.225ms 2.230ms 2.235ms 2.240ms 2.243ms
V(C1:2,C1:1)
Time

Fig. 13 – Tensão no capacitor C para operação com potência nominal

A fig. 14 apresenta a corrente no indutor L para operação com potência nominal.


6.0A

4.0A

2.0A

0A

2.2006ms 2.2020ms 2.2040ms 2.2060ms 2.2080ms 2.2100ms 2.2120ms 2.2140ms


I(L1)
Time

Fig. 14 – Corrente no indutor L para operação com potência nominal

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 28


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

A fig. 15 apresenta a corrente na fonte Vo para operação com potência nominal.

6.0A

4.0A

2.0A

0A

2.1934ms 2.1960ms 2.2000ms 2.2040ms 2.2080ms 2.2120ms 2.2160ms 2.2200ms


I(V1)
Time

Fig. 15 – Corrente na fonte Vo para operação com potência nominal

A fig. 16 apresenta a comutação nos interruptores para operação com potência nominal.

150

iS1 x 20
VS1
100

50

V(S2:3,0) I(S2:3)*20
150

iS2 x 20
VS2
100

50

SEL>>
-9
2.229ms 2.232ms 2.236ms 2.240ms 2.244ms 2.248ms 2.252ms 2.256ms
V(S1:3,D7:2) I(S1:3)*20
Time

Fig. 16 – Comutação nos interruptores para operação com potência nominal

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 29


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

A fig. 17 apresenta a comutação nos diodos D1 e D2 para operação com potência nominal.

182

iD1 x 30
100

-100

SEL>> VD1

V(L1:2,D5:2) I(D5)*30
182

iD2 x 30

100

-100
VD2

2.1934ms 2.1960ms 2.2000ms 2.2040ms 2.2080ms 2.2120ms 2.2160ms 2.2200ms


V(D6:1,D6:2) I(D6)*30
Time

Fig. 17 – Comutação nos diodos D1 e D2 para operação com potência nominal

Resultados de simulação para potência mínima

As figuras de 18 a 22 apresentam resultados de simulação para o projeto da seção 1.6


operando em potência mínima.

A fig. 18 apresenta a tensão no capacitor C para operação com potência mínima.

152V

120V

80V

40V

0V
2.2427ms 2.2600ms 2.2800ms 2.3000ms 2.3200ms 2.3400ms 2.3600ms 2.3800ms 2.4000ms 2.4200ms
V(C1:2,C1:1)
Time

Fig. 18 – Tensão no capacitor C para operação com potência mínima

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 30


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

A fig. 19 apresenta a corrente no indutor L para operação com potência mínima.


6.0A

4.0A

2.0A

0A

2.2855ms 2.3000ms 2.3200ms 2.3400ms 2.3600ms 2.3800ms


I(L1)
Time

Fig. 19 – Corrente no indutor L para operação com potência mínima

A fig. 20 apresenta a corrente na fonte Vo para operação com potência mínima.

6.0A

4.0A

2.0A

0A

2.200ms 2.240ms 2.280ms 2.320ms 2.360ms 2.384ms


I(V1)
Time

Fig. 20 – Corrente na fonte Vo para operação com potência mínima

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 31


Série Ressonante
I – Conversor Boost-1 Série Ressonante

A fig. 21 apresenta a comutação nos interruptores para operação com potência mínima.

150

iS1 x 20
VS1
100

50

V(S2:3,0) I(S2:3)*20
150

iS2 x 20
VS2
100

50

SEL>>
-10
2.142ms 2.160ms 2.180ms 2.200ms 2.220ms 2.240ms 2.260ms 2.280ms 2.300ms 2.320ms
V(S1:3,D7:2) I(S1:3)*20
Time

Fig. 21 – Comutação nos interruptores para operação com potência mínima

A fig. 22 apresenta a comutação nos diodos D1 e D2 para operação com potência mínima.
200

iD1 x 30

VD1
-200
V(D5:1,D6:1) I(D5)*30
200

iD2 x 30

VD2
SEL>>
-200
2.2854ms 2.3000ms 2.3200ms 2.3400ms 2.3600ms 2.3800ms 2.4000ms 2.4200ms 2.4400ms 2.4600ms
V(D6:1,D6:2) I(D6)*30
Time

Fig. 22 – Comutação nos diodos D1 e D2 para operação com potência mínima

Obtenção da Característica de Saída do Conversor Boost-1 32


Série Ressonante
Conclusão

Conclusão
Foi apresentada a análise das etapas de operação do conversor Boost–1 série ressonante
em condução descontínua, o equacionamento e plano de fase indicando cada uma das etapas,
bem como a característica de saída do conversor e validação dos resultados através de
simulação.
Através das formas de onda básicas e do plano de fase completo, foi possível observar as
duas comutações suaves dos interruptores (tanto na entrada em condução quanto no bloqueio).
Quando o interruptor S1 é comandado a conduzir, a corrente através dele é nula, pois na etapa
anterior não havia condução no circuito. O mesmo tipo de comutação (Zero Current Switching –
ZCS) ocorre durante o bloqueio, pois na primeira etapa a tensão no capacitor vC aumenta até se
igualar à tensão de saída VO. Nesse instante o diodo D2 entra em condução, grampeando a
tensão do capacitor em VO (o que caracteriza uma vantagem por ser uma tensão conhecida) e ao
mesmo tempo assumindo a corrente que estava fluindo através do interruptor. Assim, o
interruptor S1 pode ser bloqueado com corrente nula novamente. Com o interruptor S2 ocorre de
forma similar, sendo comandado após a etapa sem condução e bloqueado após a entrada em
condução de D1.
Analisando as curvas da característica de saída do conversor, observa-se que a corrente
média de saída e conseqüentemente a potência podem ser alteradas com a variação da relação
entre as freqüências O, podendo o conversor ser projetado para operar dentro de uma faixa de
interesse (região de operação). O que deve ser cuidadosamente observado é a curva de Omax
(Fig. 10), que representa a curva de condução crítica do conversor. A condução deve ser
descontínua de forma a preservar as comutações suaves dos interruptores. Tendo em vista
facilitar a visualização dessa restrição, a curva crítica foi traçada juntamente com a característica
de saída, delimitando a região de operação (Fig. 11).
Uma outra vantagem de operar no modo de condução descontínua que pode ser verificada
através da (Fig. 11) é o fato que nesta região para um valor fixo de μo a estrutura funciona como
fonte de corrente constante, ou seja, para uma certa faixa de variação em Vo a corrente Io na
saída praticamente não se altera.
Uma restrição peculiar desse conversor é o fato de que apesar de ser elevador de tensão
(Boost), a tensão de saída não pode exceder o dobro da tensão de entrada. Essa característica
pode ser facilmente observada através do plano de fase. Como o raio dos arcos presentes na
primeira e quarta etapas é igual a Vi, o diâmetro é o dobro de Vi, que é a tensão máxima que o
capacitor pode assumir nas etapas ressonantes (e, portanto a máxima tensão de saída). A
continuação dessa ressonância faria a corrente no indutor passar a ser negativa, o que não é
permitido pela estrutura.
É importante observar que a equação (81) encontrada para I omed pode ser colocada na
forma padrão do ganho de tensão dos conversores Boost (eq. (83)). Assim, por inspeção dessa
equação e conhecendo as formas padrão dos conversores Buck e Buck–Boost, as equações de
Iomed para esses conversores são rapidamente obtidas, e conseqüentemente as características de
saída.
Após toda a análise, a simulação revelou grande aproximação dos pontos levantados com
as curvas teóricas da característica de saída (Fig. 12), bem como formas de onda esperadas e
esforços sobre os semicondutores, utilizando a metodologia de projeto apresentada no item 1.6.

33
Referência Bibliográfica

Referência Bibliográfica

[1] BARBI, IVO e DE SOUZA, FABIANA PÖTTKER. Conversores CC-CC Isolados de


Alta freqüência com Comutação Suave. Ed. do autor. Florianópolis-SC, 1999.

34
Universidade Federal de Santa Catarina
Departamento de Engenharia Elétrica
Instituto de Eletrônica de Potência

ESTUDO DO CONVERSOR BUCK-BOOST


RESSONANTE

Alunos: Cícero S. Postiglione


José Flávio Dums
Professor: Ivo Barbi

Florianópolis, Julho de 2004.


INSTITUTO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Eletrônica de Potência III

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO. ......................................................................................................... 3
2. ETAPAS DE OPERAÇÃO. ....................................................................................... 4
2.1. PRIMEIRA ETAPA DE OPERAÇÃO – (T0, T1). ............................................................ 4
2.2. SEGUNDA ETAPA DE OPERAÇÃO – (T1, T2). ............................................................ 7
2.3. TERCEIRA ETAPA DE FUNCIONAMENTO – (T2, T3). ................................................. 9
2.4. QUARTA ETAPA DE FUNCIONAMENTO – (T3, T4). ................................................... 9
2.5. QUINTA ETAPA DE FUNCIONAMENTO – (T4, T5). .................................................. 11
2.6. SEXTA ETAPA DE OPERAÇÃO – (T5, T6). ............................................................... 13
2.7. COMPORTAMENTO DO CIRCUITO. ........................................................................ 14
2.8. CARACTERÍSTICA DE SAÍDA. ................................................................................ 16
2.9. LIMITAÇÕES DA CARACTERÍSTICA DE SAÍDA. ....................................................... 17
2.10. OBTENÇÃO DA CARACTERÍSTICA BUCK-BOOST................................................... 20

3. EXEMPLO DE PROJETO. .................................................................................... 21


3.1. PROJETANDO PARA OPERAR COM POTÊNCIA NOMINAL. ....................................... 21
3.2. PROJETANDO PARA OPERAR COM POTÊNCIA MÍNIMA. .......................................... 22

4. CONCLUSÕES. ....................................................................................................... 27
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .................................................................. 28

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 2


Autores: Cícero S. Postiglione e José Flávio Dums.
INSTITUTO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Eletrônica de Potência III

1. INTRODUÇÃO.

O presente trabalho tem como objetivo estudar o conversor Buck-Boost


Ressonante operando no modo de condução descontínua. Uma das características
importantes deste conversor neste modo de operação está no fato de ele funcionar com
todas as comutações não dissipativas. Tanto a entrada em condução como o bloqueio dos
interruptores acontecerá sob corrente nula.
Inicialmente são apresentadas suas etapas de operação e o equacionamento de cada
uma delas. A partir do equacionamento desenvolvido, obtém-se sua característica de saída.
Por fim é apresentada uma simulação do conversor, com a finalidade de comprovar o
equacionamento desenvolvido.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 3


Autores: Cícero S. Postiglione e José Flávio Dums.
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Eletrônica de Potência III

2. ETAPAS DE OPERAÇÃO.

A seguir é apresentada uma breve descrição das etapas de funcionamento do


conversor Buck-Boost Ressonante, seguida de sua análise. Para tal, todos os elementos do
circuito foram considerados ideais. Durante esta descrição, poderá ser notado que as
comutações, tanto na entrada em condução como no bloqueio dos interruptores é não
dissipativa, já que elas ocorrem sob corrente nula.

2.1. Primeira Etapa de Operação – (t0, t1).

Como o conversor opera no modo de condução descontínuo, inicialmente o


capacitor e o indutor estão descarregados, isso significa que o indutor esta com corrente
nula e o capacitor esta com tensão nula.
No instante “t0” o interruptor “S1” é comandado a conduzir, fazendo com que o
capacitor se carregue. Isso ocorrerá com a circulação de uma corrente através do indutor.
O comportamento da corrente no indutor e da tensão no capacitor será senoidal. Esta etapa
se prolongará até que a tensão no capacitor atinja seu valor de grampeamento “V1+V2”.
Neste instante, tem-se o final da primeira etapa de operação.
Na Fig. 1 é mostrado o circuito que representa esta etapa de operação.

Fig. 1 – Primeira etapa de funcionamento.

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Baseado na Fig. 1 é possível então obter as equações a seguir.


iLr (t )
V1  Lr   Vcr (t ) (2.1)
t
VCr (t )
iLr (t )  iCr (t )  Cr  (2.2)
t
Fazendo a transformada de Laplace de (2.1) e (2.2), e aplicando as condições
iniciais de tensão no capacitor e corrente no indutor , tem-se:
V1
 s  Lr  iLr ( s )  VCr ( s ) (2.3)
s
iLr ( s )  s  Cr VCr  s  (2.4)

Substituindo (2.4) em (2.3), consegue-se:


V1
 s 2  Lr  Cr VCr ( s )  VCr ( s ) (2.5)
s
Isolando o termo VCr(s).
V1
VCr ( s)  (2.6)
s   s  Lr  Cr  1
2

Re-arranjando a equação, e considerando (2.7), tem-se (2.8):


1
0  (2.7)
Lr  Cr
02
VCr ( s)  V1  (2.8)
s   s 2  02 

Aplicando a transformada de Laplace inversa.


VCr (t )  V1  V1  cos  0  t  (2.9)

Esta equação pode ser parametrizada e função de V1, como segue.

VCr (t )  1  cos  0  t  (2.10)

Ao final desta etapa, a tensão no capacitor será “V1+V2”, ou de forma


parametrizada:
VCr (t )  1  q (2.11)
Substituindo (2.11) em (2.10) se obtém (2.12) que será fundamental mais adiante.

cos  0  t1    q (2.12)

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Relembrando a equação (2.2), é possível encontrar a equação da corrente no


indutor através da equação (2.9).
iLr (t )  Cr  V1   0  sin  0  t   (2.13)

Esta equação pode ser re-escrita como (2.14).


iLr (t )  Z  V1  sin  0  t  (2.14)

Onde o termo Z é dado por:

Lr
Z (2.15)
Cr
Parametrizando (2.14) em função de V1, se obtém:

iLr (t )  sin  0  t  (2.16)

Ao final desta etapa, a corrente no indutor ainda não se anulou, então o valor final
da corrente pode ser chamado de:
iLr (t1 )  I1 (2.17)
A Fig. 2 mostra o diagrama de fase que representa esta etapa.

Fig. 2 – Plano de fase da primeira etapa de funcionamento.

A partir deste plano de fase, uma equação importante pode ser obtida para o
instante t1, onde termina esta etapa.

 I1  Z   V12  V2 2 (2.18)

Parametrizando em função de V1:

I1  1  q 2 (2.19)

Onde o termo q é dado por:


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V2
q (2.20)
V1

2.2. Segunda Etapa de Operação – (t1, t2).

Com o grampeamento da tensão no capacitor no valor de “V1+V2”, o diodo D2 é


posto a conduzir até que a corrente no indutor cesse. Assim a tensão no capacitor não se
alterará nesta etapa, e a corrente passará a circular por um circuito de primeira ordem
indutivo, fazendo com que a corrente decresça linearmente segundo uma reta, cuja
inclinação é função V2 e da indutância Lr.

Esta etapa termina quando a corrente no indutor se anula, em t = t2. Importante


perceber que no início, a corrente irá partir de um valor I1 predefinido pela etapa anterior,
quando do grampeamento da tensão no capacitor.

A Fig. 3 mostra o circuito equivalente desta etapa.

Fig. 3 – Segunda etapa de funcionamento.

Com base na Fig. 3 é possível obter (2.21) e (2.22).


VCr (t )  V1  V2 (2.21)

iLr (t )
V2   Lr  (2.22)
t

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Re-arranjando (2.22):
V2
iLr (t )    t (2.23)
Lr
Integrando a expressão (2.23).
t t
V2
 iLr (t )  
t1 t1
Lr
 t (2.24)

V2
iLr (t )  iLr (t1 )    t  t1  (2.25)
Lr
Relembrando (2.17), e multiplicando a equação por Z.
V2
iLr (t )  Z  I1  Z   Z   t  t1  (2.26)
Lr
Parametrizando em função de V1.

iLr (t )  I1  q   0   t  t1  (2.27)

Ao final deste intervalo de tempo de comutação, a corrente no indutor irá se anular.


Pode-se então obter a expressão (2.30) como segue.
0  I1  q   0   t  t1  (2.28)

I1  q   0   t  t1  (2.29)

Buscando a relação (2.19), chegamos então a (2.30):

1  q2
 0   t2  t1   (2.30)
q

A Fig. 4 mostra o diagrama de fase correspondente a esta etapa de operação.

Fig. 4 – Plano de fase da segunda etapa de funcionamento.

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2.3. Terceira Etapa de Funcionamento – (t2, t3).

Durante esta etapa, nenhuma alteração acontece nos estados do circuito, ou seja, a
corrente no indutor se mantém nula e a tensão no capacitor se mantém em “V1+V2”.
Esta etapa se prolongará até que em t = t3 o interruptor S2 seja comandado a
conduzir. A Fig. 5 ilustra esta etapa de operação. O plano de fase não será mostrado, pois
se trata de um ponto sobre o eixo VCr(t) em “V1+V2”.

Fig. 5 – Terceira etapa de funcionamento.

As características desta etapa geram as equações (2.31) e (2.32).


VCr (t )  V1  V2 (2.31)

iLr (t )  0 (2.32)

2.4. Quarta Etapa de Funcionamento – (t3, t4).

No instante t = t3, o interruptor S2 é posto a conduzir, fazendo com que a tensão no


capacitor decresça senoidalmente até se anular. Esta descarga do capacitor ocorre através
do indutor e da fonte de saída, daí a origem do comportamento senoidal. No instante em
que a tensão no capacito se anular, a corrente ainda não terá se anulado. Ela apresentará o
mesmo valor instantâneo da corrente no final da 1a etapa.
A Fig. 6 mostra o circuito equivalente a esta etapa de operação.

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Fig. 6 – Quarta etapa de funcionamento.

Do circuito proposto, é possível obter:


iLr (t )
V2   Lr   Vcr (t ) (2.33)
t
VCr (t )
iLr (t )  iCr (t )  Cr  (2.34)
t
Fazendo a transformada de Laplace de (2.33) e (2.34), tem-se:
V2
  s  Lr  iLr ( s )  VCr ( s ) (2.35)
s
iLr ( s )   s  Cr VCr  s   Cr VCr (t3 ) (2.36)

Substituindo (2.36) em (2.35), consegue-se:


V2
 s 2  Lr  Cr VCr ( s )  s  Lr  Cr VCr (t3 )  VCr ( s ) (2.37)
s
Isolando o termo VCr(s).

VCr ( s) 
V2 V  V   Lr  Cr  s
 1 2 2 (2.38)
s   s  Lr  Cr  1
2
 s  Lr  Cr  1
Re-arranjando a equação, e considerando (2.7), tem-se (2.39):
02 s
VCr ( s)  V2   V1  V2   2 (2.39)
s   s  0 
2 2
 s  02 
Aplicando a transformada de Laplace inversa.

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VCr (t )  V2  V1  cos  0  t  (2.40)

Parametrizando (2.40) e função de V1 se obtém (2.41).

VCr (t )  q  cos  0  t  (2.41)

Relembrando a equação (2.34), é possível encontrar a equação da corrente no


indutor.
iLr (t )  Cr  V1   0  sin  0  t   (2.42)

Re-escrevendo:
iLr (t )  Z  V1  sin  0  t  (2.43)

Parametrizando (2.43) em função de V1:

iLr (t )  sin  0  t  (2.44)

Ao final desta etapa, a corrente no indutor ainda não se anulou e seu valor final é
igual ao valor final da corrente da 1a etapa, como mostrado em (2.45) e ilustrado pelo
plano de fase da Fig. 7.
iLr (t4 )  iLr (t1 )  I1 (2.45)

Fig. 7 – Plano de fase da quarta etapa de funcionamento.

2.5. Quinta Etapa de Funcionamento – (t4, t5).

Ao zerar a tensão no capacitor em t = t4 o diodo D1 é posto a conduzir pela


inversão instantânea da tensão no indutor, garantindo assim a continuidade da corrente no
indutor. Com isso a corrente irá circular pela fonte V2 e pelo indutor, fazendo com que

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esta decresça de forma linear, segunda uma rampa cuja inclinação é dada pela razão entre
V2 e Lr.

Esta etapa termina quando a corrente no indutor se anula, em t = t5. Importante


perceber que no início, a corrente irá partir de um valor I1 predefinido pela etapa anterior,
no instante em que a tensão no capacitor se anulou. A Fig. 8 mostra o circuito equivalente
desta etapa.

Fig. 8 – Quinta etapa de funcionamento.

Com base na Fig. 8 é possível obter (2.46) e (2.47).


VCr (t )  0 (2.46)

iLr (t )
V2   Lr  (2.47)
t
Re-arranjando(2.47):
V2
iLr (t )    t (2.48)
Lr
Integrando a expressão (2.48).
t t
V2
 iLr (t )  
t4 t4
Lr
 t (2.49)

V2
iLr (t )  iLr (t4 )    t  t4  (2.50)
Lr
Relembrando (2.45), e multiplicando a equação por Z.
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V2
iLr (t )  Z  I1  Z   Z   t  t4  (2.51)
Lr
Parametrizando em função de V1.

iLr (t )  I1  q   0   t  t4  (2.52)

Ao final deste intervalo de tempo de comutação, a corrente no indutor irá se anular.


Pode-se então obter a expressão (2.55) como segue.
0  I1  q   0   t  t4  (2.53)

I1  q   0   t  t4  (2.54)

Buscando a relação (2.19), chegamos então a (2.55):

1  q2
 0   t5  t 4   (2.55)
q

A mostra o diagrama de fase correspondente a esta etapa de operação.

Fig. 9 – Plano de fase da quinta etapa de funcionamento.

2.6. Sexta Etapa de Operação – (t5, t6).

Durante esta etapa, novamente nenhuma alteração acontece nos estados do


circuito, ou seja, tanto a corrente no indutor como a tensão no capacitor se mantém nulas.
Esta etapa se prolongará até que em t = t0 o interruptor S1 seja comandado a
conduzir, iniciando outro período de funcionamento. A Fig. 10 ilustra esta etapa de
operação. O plano de fase não será mostrado, pois se trata de um ponto sobre o eixo VCr(t)
em “0”.
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Fig. 10 – Sexta etapa de funcionamento.

As características desta etapa geram as equações (2.56) e (2.57).


VCr (t )  0 (2.56)

iLr (t )  0 (2.57)

2.7. Comportamento do Circuito.

Juntando os planos de fase apresentados nas etapas anteriores, é possível construir


um diagrama completo que representa todo o funcionamento do circuito. Este diagrama é
apresentado na Fig. 11, onde também é indicado o sentido de rotação.

Fig. 11 – Plano de fase completo do conversor.

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Juntando todas as etapas de operação, é possível também obter as principais


formas de onda do circuito. Estas são apresentadas na Fig. 12.

Fig. 12 – Formas de ondas básicas do conversor buck-boost ressonante.

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2.8. Característica de saída.

A fim de se conhecer o funcionamento do conversor, é de fundamental importância


conhecer a sua característica externa. Neste caso, o comportamento da corrente média em
função do ganho estático da planta e da relação entre a freqüência de comutação e a
freqüência de ressonância do circuito. A corrente média através da fonte V2 é obtida a
partir do cálculo da área da corrente IV2(t) apresentada na Fig. 12. A seguir são
apresentados os cálculos para este procedimento.
t t
2 2 1 1
i0 med    iLr (t )      iLr (t )   (2.58)
Ts t1 Ts t0
t t
2 2 1 1
I 0 med    I1  q   0    t1       sin  0    t1     (2.59)
Ts t1 Ts t0

Com alguma manipulação algébrica, é possível chegar em (2.60).

2  I1 q 0 1
I 0 med    t2  t1     t2  t1    1  cos  0  t1  
2
(2.60)
Ts Ts Ts   0 
Substituindo (2.12), (2.19) e (2.30) em (2.60), consegue-se finalmente a equação
da característica de saída, dada por .
1 1  q 
I 0 med  
Ts   0  q 
(2.61)

Definindo o período de comutação como segue:


1  f
 0 s (2.62)
Ts 2    f 0

Substituindo então (2.62) em (2.61), e chamando de 0 a razão entre as


freqüências de comutação (fS) e de ressonância (f0), obtém-se (2.63).

1 1  q 
I 0 med   0    (2.63)
2   q 
Com base na equação (2.63), é possível obter um ábaco que representa o
comportamento da característica de saída. Este ábaco é apresentado na Fig. 13.

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Fig. 13 – Característica de saída teórica do conversor buck-boos ressonante.

2.9. Limitações da característica de saída.

Para o correto funcionamento do conversor no modo de condução descontínuo e


em ressonância, algumas limitações são impostas ao conversor, o que na pratica reduz a
curva da característica de saída.
Uma primeira limitação está relacionada com a relação entre as freqüências de
ressonância e de comutação. Para uma determinada relação entre fS e f0, existe um valor
mínimo de “q” que pode ser aplicado. Quando este valor for superado, a condução passa a
ser contínua. O equacionamento a seguir foi feito na intenção de obter uma curva que
represente esta limitação.
Partindo da idéia de que um período de comutação pode ser representado por
(2.64) e lembrando de (2.62), consegue-se a relação (2.65).
Ts  2   t3  t0  (2.64)

  f0
 t3  t0   (2.65)
0  f S
Considerando agora que o intervalo de comutação (t2, t3) seja nulo, pois está se

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trabalhando na condução crítica, que é o limite da freqüência de comutação, pode-se re-


arranjar (2.65) como segue.
fS 
 (2.66)
f 0  0   t 2  t0 

fS 
 (2.67)
f 0  0   t2  t1    t1  t0 

Buscando agora as relações (2.12) e (2.30), obtém-se:


f S max 
 (2.68)
f0 1 q 2
   arccos  q  
q

De posse da equação (2.68), é possível então obter a curva da Fig. 14 que


representa o limite da máxima freqüência de comutação em função da freqüência de
ressonância. A mínima freqüência de comutação que se tenta adotar na pratica, é em torno
de 20kHz, de forma que o chaveamento não produza ruído audível. Esta freqüência
acarreta em uma mínima curva de μ0, o que limita ainda mais a área disponível no gráfico.
Outra limitação importante que pode ser concluída facilmente a partir da Fig. 11 é
o fato de a tensão de saída nunca poder ser superior a tensão de entrada. Na prática, a
tensão de saída deverá sempre menor que a tensão de entrada, pois caso isso não se
verifique, as curvas do plano de fase não se interceptarão, ou seja, o circuito não irá
funcionar corretamente.

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Fig. 14 – Relação entre a máxima freqüência de comutação e a freqüência de ressonância em função de q.

Traçando a interseção das curvas da Fig. 13 e da Fig. 14 obtém-se a curva I 0medmax

indicada na Fig. 15, que representa o limite entre a condução descontínua e condução
contínua.

Fig. 15 – Limite da condução descontínua devido a máxima freqüência de comutação.

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2.10. Obtenção da característica Buck-Boost.

Como este conversor leva o nome de “buck-boost ressonante”, será demonstrado


que é possível re-arranjar os termos de sua característica de saída de forma a se obter uma
representação similar a do conversor “buck-boost tradicional”. Contudo, é interessante
notar que o buck-boost ressonante operando no modo de condução descontínua tem
característica estática semelhante ao buck-boost tradicional operando em condução
contínua. A característica de saída do conversor tradicional é dada por:
V0 D
 (2.69)
V1 1  D
Onde V0 é a tensão de saída, “V1” é a tensão de entrada e “D” é a razão cíclica.
Partindo de (2.63), tenta-se isolar o termo “q”, que representa a relação entre a
tensão de saída e a tensão de entrada.
2    I 0 med 1 q
 (2.70)
0 q

 2    I 0 med 
q   1  1 (2.71)
 0 
1
q (2.72)
2    I 0 med
1
0

2    I 0 med
Multiplicando numerador e denominador por , obtém-se:
0
0
2    I 0 med
q (2.73)
0
1
2    I 0 med

0
Chamando D '  , chega-se a (2.74) que é idêntica a (2.69), como
2    I 0 med

esperado.
D'
q (2.74)
1 D '

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3. EXEMPLO DE PROJETO.

A fim de comprovar os resultados obtidos nas deduções até aqui apresentadas,


serão realizados o projeto e a simulação do conversor, bem como a obtenção, através de
simulação, da característica externa do conversor.
Sejam as seguintes especificações de projeto:
V1 = 50V
V2 = 30V
I2 = 5A
P2 = 150W
fS = 70kHz

3.1. Projetando para operar com potência nominal.

Devido às especificações, tem-se:


V0 30
q  q  q  0, 6
V1 50
Arbitrando uma relação entre as freqüências em:
fS
0   0, 7
f0
Calcula-se a freqüência de ressonância.
fS
f0   f 0  100kHz
0, 7
De posse do valor de f0, é possível obter uma relação para o cálculo de Lr e Cr.
1 1
 2    f0   2   100  103
Lr  Cr Lr  Cr
Também com o ábaco da Fig. 13 é possível obter o valor parametrizado da
corrente de saída:
Lr
I 0 med 
I 0 med  Cr  0, 29
V1

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Como I2 = I0med e V1 é conhecido, tem-se uma segunda equação para o cálculo de


Lr e Cr.

Lr
 2,9
Cr
Logo:
Cr = 550nF
Lr = 4,63μH

O tempo mínimo de condução dos interruptores é dado por:


  arccos  q 
 t1  t0     t1  t0   3,525 s
0

3.2. Projetando para operar com potência mínima.

O conversor operará com potência mínima, quando for reduzida a freqüência de


comutação. Adotando como limite mínimo fS = 20kHz, para não gerar ruido audível,
obtem-se a relação de freqüências:
20kHz
0   0  0, 2
100kHz
Com este valor de relação, a corrente média parametrizada será:
Lr
I 0 med 
I 0 med  Cr  0, 08
V1
Conseqüentemente:
I 0 med  1,34 A
E a potência na carga será:
P2  46,8W

Com estes parâmetros de projeto, gerou-se um circuito no Pspice, o qual foi


simulado para verificar se realmente acontece o que se espera após as deduções teóricas.
Na Fig. 16 tem-se ilustrado o circuito utilizado para esta implementação.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 22


Autores: Cícero S. Postiglione e José Flávio Dums.
INSTITUTO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Eletrônica de Potência III

Fig. 16 – Circuito implementado no Pspice, para simulação.

Com a simulação deste circuito, obteve-se o plano de fase mostrado na Fig. 17, que
como era esperado, é idêntico ao apresentado na Fig. 11.
A partir da simulação foram obtidas as formas de onda, apresentadas na Fig. 18,
para a situação de máxima potência, calculada anteriormente.
Também foi feita uma simulação para a situação de mínima potência, cujas formas
de onda obtidas estão na Fig. 19.

Fig. 17 – Plano de fase obtido a partir de simulação.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 23


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Fig. 18 – Formas de ondas para simulação na potência nominal.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 24


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Fig. 19 – Formas de ondas para simulação na potência minima.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 25


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Eletrônica de Potência III

Comparando as formas de onda das Fig. 18 e Fig. 19 com as apresentadas


na Fig. 12, percebe-se que estas estão muito próximas do esperado. Mas é importante
perceber que a potência na carga não é exatamente a prevista em projeto. Em ambos os
casos, ela ficou abaixo do esperado. Isso se deve a imprecisão dos valores obtidos do
ábaco na hora de realizar o projeto, bem como as perdas nos interruptores, e é claro, a
imprecisões do software de simulação. Independente disto verifica-se que o erro no valor
da potência é sempre menor que 15% do valor esperado. Para a potência nominal, tem-se
um erro de aproximadamente 6%, enquanto para a potência mínima, este erro se aproxima
de 13%.
Nas duas situações propostas, foram realizadas algumas simulações para diferentes
valores de tensão de saída, no anseio de levanta a característica de saída do conversor por
simulação. A Fig. 20 trás as curvas teóricas para os valores de μ0 simulados e trás ainda
alguns pontos obtidos por simulação. Fica claro que existe uma aproximação bastante
grande entre as curvas. Elas não coincidem exatamente, devido aos erros e imprecisões já
apontadas, o que levou a uma diferença na corrente média de saída desejada.

Fig. 20 – Característica de saída teórica e pontos simulados.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 26


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Eletrônica de Potência III

4. CONCLUSÕES.

No desenvolvimento apresentado, foram mostradas as etapas de funcionamento,


juntamente com uma breve descrição. O equacionamento de cada uma delas foi
apresentado e também foi obtido o plano de fase correspondente. Com estas informações
foi possível obter uma figura ilustrando comportamento das formas de ondas de corrente e
tensão nos componentes acumuladores de energia e na carga. Também um plano de fase
completo, ilustrando todo o funcionamento do circuito foi obtido.
Para comprovar que este conversor trata-se de um buck-boost, foi obtida a sua
característica de saída. Com um rearranjo dos temos desta característica, foi possível
coloca-la na forma do buck-boost tradicional. Contudo, ai invés da razão cíclica ser o
termo variante, neste conversor, este termo é função da corrente média e da freqüência de
ressonância do circuito.
Por fim, um projeto de um conversor foi implementado a fim de comprovar o
funcionamento da estrutura. Pode-se verificar que ela funcionou corretamente e que a sua
característica de saída aproximou-se bastante das curvas teóricas traçada. Também o plano
de fase desta simulação foi obtido, e verificou-se novamente que este era similar ao
encontrado no desenvolvimento teórico.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 27


Autores: Cícero S. Postiglione e José Flávio Dums.
INSTITUTO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Eletrônica de Potência III

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

[1] BARBI, IVO & SOZA, FABIANA PÖTTKER DE. Conversores CC-CC Isolados
de Alta Freqüência com Comutação Suave. Florianópolis, 1999. Edição dos Autores.
[2] BARBI, IVO & MARTINS, DENIZAR CRUZ. Conversores CC-CC Básicos Não
Isolados. Florianópolis, 2000. Edição dos Autores.

Título: Estudo do conversor buck-boost ressonante. 28


Autores: Cícero S. Postiglione e José Flávio Dums.
INSTITUTO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Departamento de Engenharia Elétrica
Centro Tecnológico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Estudo do Conversor Buck Série Ressonante com


Grampeamento da Tensão do Capacitor Ressonante

Responsável pelo Estudo:


Clóvis Antônio Petry (INEP/EEL – UFSC)

Professor Responsável:
Ivo Barbi (INEP/EEL – UFSC)

Julho/2000

Caixa Postal 5119, CEP: 88.040-970 - Florianópolis - SC


Tel. : (048) 331.9204 - Fax: (048) 234.5422 – Internet: www.inep.ufsc.br
Instituto de Eletrônica de Potência 2
Eletrônica de Potência III

Indice

Indice.................................................................................................................................................... 2
1. Introdução...................................................................................................................................... 3
2. Circuito Elétrico Equivalente ........................................................................................................ 4
3. Etapas de Funcionamento .............................................................................................................. 6
4. Formas de Onda Básicas ............................................................................................................... 8
5. Equacionamento .......................................................................................................................... 10
5.1. 1a Etapa ................................................................................................................................. 10
5.2. 2a Etapa ................................................................................................................................. 12
6. Característica de Saída ................................................................................................................ 15
7. Metodologia e Exemplo de Projeto ............................................................................................. 16
7.1. Operação com Potência Nominal ......................................................................................... 16
7.2. Operação com Potência Mínima ........................................................................................... 17
8. Simulação do Conversor ............................................................................................................. 19
8.1. Operação com Potência Nominal ......................................................................................... 19
8.2. Operação com Potência Mínima ........................................................................................... 20
9. Conclusão .................................................................................................................................... 22
10. Bibliografia .............................................................................................................................. 23

Conversor Buck Série Ressonante com Grampeamento da Tensão do Capacitor Ressonante.


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Eletrônica de Potência III

1. Introdução

Este trabalho tem por objetivo o estudo do conversor Buck série ressonante com
grampeamento da tensão do capacitor ressonante.
Como no conversor série ressonante com grampeamento da tensão do capacitor ressonante
apresentado no Cap. III de [1], a característica de saída do conversor em estudo é potência
constante. A tensão sobre o capacitor ressonante é conhecida e limitada no valor da fonte de tensão
de entrada. Assim, elimina-se o inconveniente do conversor série ressonante apresentado no Cap. II
de [1], no qual a tensão sobre o capacitor ressonante, para condução contínua atinge altos valores.
Um inconveniente do conversor hora em estudo é não ter-se característica de saída de fonte de
corrente, que muitas vezes pode ser desejável.
O conversor em estudo não utiliza transformador, perdendo-se assim uma característica
importante que é a isolação entre a entrada e a saída.
Na Fig. 1 tem-se o circuito elétrico do conversor série ressonante com grampeamento da
tensão do capacitor ressonante.
S1
L

C1 D1

+ Vi + Vo

- -
C2 D2

S2

Fig. 1 - Conversor Série Ressonante com Grampeamento da Tensão do Capacitor Ressonante.

A seguir serão apresentadas as etapas de funcionamento do conversor, o equacionamento e


plano de fase de cada etapa. Realizar-se-á o levantamento da característica de saída para com esta,
apresentar-se a metodologia e projeto de um conversor e simulação para comprovação dos
resultados obtidos.

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2. Circuito Elétrico Equivalente

O circuito original do conversor apresentado na Fig. 1 pode modificado, facilitando a análise


das etapas de funcionamento do mesmo, bem como o equacionamento matemático.
Na Fig. 2 tem-se a chave S1 conduzindo. Mostra-se nesta figura o sentido da corrente para
esta etapa de funcionamento, e também arbitra-se polaridade para as tensões relevantes ao
equacionamento apresentado a seguir.
S1
Iv1 L

+ il il + Vl -
C1 D1
Vc1
+ Vi ic1 + Vo
- 1
+ -
- C2 il D2
Vc2
- ic2 il

S2

Fig. 2 - Circuito para S1 conduzindo.

Para a malha externa pode-se escrever:

dil
Vi  Vo  L  Vc2 (Eq. 1)
dt

Para a malha interna tem-se:

dil
L  Vo  Vc1  0 (Eq. 2)
dt

Somando-se a (Eq. 1) com a (Eq. 2) e dividindo-se por dois tem-se:

Vi dil Vc2  Vc1


 Vo  L  (Eq. 3)
2 dt 2

Da malha dos capacitores e da fonte de entrada tem-se:

Vi  Vc1  Vc 2 (Eq. 4)

Derivando-se a (Eq. 4) e multiplicando-se por C/2 tem-se:

C dVc1 C dVc2
0  (Eq. 5)
2 dt 2 dt

Da (Eq. 5) pode-se escrever que:

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ic1  ic2 (Eq. 6)

Fazendo-se o somatório das correntes no nó 1 tem-se:

ic1  il  ic 2  0 (Eq. 7)

Usando-se a (Eq. 6) na (Eq. 7) tem-se:

il  2  ic2  2  ic1 (Eq. 8)

Pode-se escrever então as tensões nos capacitores:

1 1
Vc1 
C/2  ic1dt  
C/2 
il 2 dt (Eq. 9)

1 1
Vc2 
C/2  ic2dt 
C/2 
il 2 dt (Eq. 10)

Substituindo-se a (Eq. 9) e a (Eq. 10) na (Eq. 3) tem-se:

Vi dil 1
dt C 
 Vo  L  ildt (Eq. 11)
2

Da (Eq. 11) pode-se desenhar o circuito elétrico equivalente, mostrado na Fig. 3. Portanto o
circuito da Fig. 1 pode ser redesenhado conforme mostrado na Fig. 4.
C L iL

+ Vc - + Vl -

+ Vi/2 + Vo

- -

Fig. 3 - Circuito Elétrico Equivalente.


S1
L iL

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 4 - Circuito Equivalente do Conversor Série Ressonante com Grampeamento da Tensão


no Capacitor Ressonante.

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Eletrônica de Potência III

3. Etapas de Funcionamento

Para o conversor em estudo, o filtro de saída, juntamente com a carga foram substituídos por
uma fonte ideal de tensão. Os componentes são considerados ideais, ou seja, despreza-se os
fenômenos de comutação das chaves e dos diodos, bem como suas perdas. O capacitor também é
considerado ideal.
Para a descrição das etapas de funcionamento é considerado o conversor operando em
regime permanente, ou seja, é desconsiderado o transitório. Os sentidos das correntes e as
polaridades das tensões são os mostrados na Fig. 4.

1a Etapa (to, t1)

Nas etapas que precederam esta, tinha-se a chave S2 conduzindo, portanto o capacitor
encontra-se com uma tensão de –V1. No instante to a corrente na carga é zero, pois estava
circulando em roda livre pelos diodos D1 e D2. No instante to a chave S1 é habilitada a conduzir,
com corrente zero, portanto sua comutação é suave do tipo ZCS. A corrente no indutor começa a
crescer senoidalmente. O capacitor é descarregado e então carregado com polaridade oposta. Esta
etapa é finalizada quando a tensão no capacitor se torna igual a da fonte V1.
S1
L iL

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc=-V1 + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 5 - Primeira Etapa.

2a Etapa (t1, t2)

No instante t2 a tensão no capacitor se torna igual a da fonte V1, e assim o diodo D1 é posto
em condução. A tensão no capacitor fica grampeada no valor de +V1 e a corrente no indutor
começa a decrescer em roda livre pelos diodos D1 e D2. Deve-se aproveitar esta etapa para
bloquear a chave S1 com corrente zero, assim sua comutação será suave do tipo ZCS. Esta etapa
termina quando a corrente no indutor atinge zero.
S1
L iL

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc=V1 + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 6 - Segunda Etapa.

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Eletrônica de Potência III

3a Etapa (t2, t3)

A corrente se anula na carga no instante t2, e assim os diodos se bloqueiam. Como a chave
S2 ainda não recebeu ordem de comando a corrente no circuito é nula e nenhuma chave está
conduzindo. A tensão no capacitor é mantida em +V1.
S1
L iL=0

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc=V1 + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 7 - Terceira Etapa.

4a Etapa (t3, t4)

No instante t3 a chave S2 é habilitada a conduzir com corrente nula. Portanto sua comutação
é suave do tipo ZCS. A partir do instante t3 a corrente no indutor cresce senoidalmente devido a
ressonância entre L e C. A tensão no capacitor inicialmente diminui e depois inverte de polaridade
até atingir o valor de –V1, quando então esta etapa é finalizada.
S1
L iL

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc=V1 + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 8 - Quarta Etapa.

5a Etapa (t4, t5)

No instante t4 a tensão no capacitor se torna igual a da fonte V1, e assim o diodo D2 é posto
em condução. A tensão no capacitor fica grampeada no valor de -V1 e a corrente no indutor
começa a decrescer em roda livre pelos diodos D1 e D2. Deve-se aproveitar esta etapa para
bloquear a chave S2 com corrente zero, assim sua comutação será suave do tipo ZCS. Esta etapa
termina quando a corrente no indutor atinge zero.

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Eletrônica de Potência III

S1
L iL

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc=-V1 + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 9 – Quinta Etapa.

6a Etapa (t5, t6)

A corrente se anula na carga no instante t6, e assim os diodos se bloqueiam. Como a chave
S1 ainda não recebeu ordem de comando a corrente no circuito é nula e nenhuma chave está
conduzindo. A tensão no capacitor é mantida em -V1.
S1
L iL=0

+ Vi/2=V1 + Vl -
D1
- - Vc=-V1 + + Vo

+ Vi/2=V1 C -
D2
-

S2

Fig. 10 - Terceira Etapa.

4. Formas de Onda Básicas

Nas Fig. 11, Fig. 12, Fig. 13, Fig. 14 e Fig. 15 tem-se as formas de onda mais importantes,
com a indicação dos intervalos de tempo correspondentes às etapas de funcionamento descritas no
Cap. 2.
iL(t) Vc(t)

+V1

I1

-V1

to t1 t2 t3 t4 t5 to+T t1+Tt2+T t3+T t4+T t5+T to t1 t2 t3 t4 t5 to+T t1+Tt2+T t3+T t4+T t5+T

Fig. 11 - Corrente no indutor Ressonante. Fig. 12 - Tensão no Capacitor Ressonante.

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Vi(t) Vi(t)

Vs1(t) Vs1(t)

I1 x 20 I1 x 20

Is1(t) x 20 Is1(t) x 20

to t1 t2 t3 t4 t5 to+T t1+Tt2+T t3+T t4+T t5+T to t1 t2 t3 t4 t5 to+T t1+Tt2+T t3+T t4+T t5+T

Fig. 13 - Tensão e Corrente na Chave S1. Fig. 14 - Tensão e Corrente na Chave S2.

Comando de S1

Comando de S2

to t1 t2 t3 t4 t5 to+T t1+Tt2+T t3+T t4+T t5+T

Fig. 15 - Tensões de Comando das Chaves.

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Eletrônica de Potência III

5. Equacionamento

5.1. 1a Etapa

As condições iniciais da primeira etapa de funcionamento são:

il( to)  o
Vc( to)  V1

Do circuito equivalente da primeira etapa obtém-se:

dil
 V1  L  Vo  Vc  0 (Eq. 12)
dt

dvc
il  C
dt (Eq. 13)
Aplicando-se a transformada de Laplace na (Eq. 12) e na (Eq. 13) tem-se:

il(s)  SCVc(s)  cVc( to) (Eq. 14)

V1  Vo
LSil(s)  Lil( to)  Vc(s) 
S (Eq. 15)
Substituindo-se a (Eq. 14) na (Eq. 15) tem-se:

(V1  Vo)o 2 V1
Vc(s)  S
S(S  o )
2 2
S(S  o 2 )
2

(Eq. 16)
Onde:
1
o 
LC
Aplicando-se a anti-transformada de Laplace na (Eq. 16) tem-se:

Vc( t )  (2V1  vo) cos(ot )  V1  vo (Eq. 17)

Da (Eq. 17) pode-se obter a (Eq. 18), que é a corrente no indutor:

il( t )  (2V1  Vo)sen (ot ) (Eq. 18)

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Eletrônica de Potência III

Define-se a relação entra a tensão na saída e a tensão na entrada como:

Vo
q
V1

Dividindo a (Eq. 17) e (Eq. 18) por V1 tem-se:

________
Vc( t )
Vc( t )   (2  q) cos(ot )  1  q (Eq. 19)
V1

_______
il( t )z
il( t )   (2  q)sen (ot ) (Eq. 20)
V1

Esta etapa termina quando Vc(t) = V1, assim:

1  (2  q) cos(ot )  1  q

E portanto:

 q 
ot  cos 1  
 2  q 

 q 
o( t1  to)    cos 1  
 2  q  (Eq. 21)

A corrente no indutor no final desta etapa é:

___
il( t1)z   q 
I1   (2  q )sen   cos 1    
V1   2  q 

Por trigonometria obtém-se:

___
I1  2 1  q (Eq. 22)

Na Fig. 16 tem-se o plano de fase da primeira etapa de funcionamento:

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Eletrônica de Potência III

il z

I1

-1 0 +1 Vc
Fig. 16 - Plano de Fase da Primeira Etapa.

5.2. 2a Etapa

As condições iniciais da segunda etapa de funcionamento são:

il( t1)  I1
Vc( t1)   V1

Do circuito equivalente da segunda etapa obtém-se:

Vo
il( t )  I1  ( t  t1) (Eq. 23)
L

Vc( t )  V1 (Eq. 24)

Normalizando a (Eq. 23) e a (Eq. 24) tem-se:

________
Vc( t )
Vc( t )  1 (Eq. 25)
V1

_______
il( t )z ___
il( t )   I1  qo( t  t1) (Eq. 26)
V1

Esta etapa termina quando a corrente no indutor é zero, portanto:

0  2 1  q  qo( t 2  t1)

2 1 q
o( t 2  t1)  (Eq. 27)
q

Na Fig. 17 tem-se o plano de fase da segunda etapa de funcionamento:

Conversor Buck Série Ressonante com Grampeamento da Tensão do Capacitor Ressonante.


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Eletrônica de Potência III

il z

I1

-1 0 +1 Vc
Fig. 17 - Plano de Fase da Segunda Etapa.
Na Fig. 18 tem-se o plano de fase completo, ou seja, para um período de funcionamento do
conversor.

il z

I1

-1 0 +1 Vc

Fig. 18 - Plano de Fase Completo para um Período de Funcionamento.

A operação do conversor, em estudo, em condução descontínua é limitada em freqüência,


tanto na máxima como na mínima. Na máxima freqüência de chaveamento tem-se a limitação da
tensão de saída, pois a relação entre as freqüência de chaveamento e de ressonância (o) é função
da relação das tensões (q). Na mínima freqüência tem-se a limitação do ruído audível causado pelas
comutações dos semicondutores do circuito, tendo-se então como patamar inferior de freqüências o
valor de 20kHz. Se o limite superior de freqüência não for respeitado o conversor entrará no modo
de operação em condução contínua, perdendo-se a comutação suave das chaves.
Pela Fig. 11 pode-se verificar que para que o conversor opere em condução descontínua
deve-se ter:

Ts
 t 2  to (Eq. 28)
2

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Instituto de Eletrônica de Potência 14
Eletrônica de Potência III

Multiplicando-se a (Eq. 28) por o em ambos os lados da igualdade tem-se:

o
 o( t 2  to) (Eq. 29)
2fs

fs 
 (Eq. 30)
fo o( t 2  t1)

Portanto a relação entre o e q é explicitada pela (Eq. 31), e deve ser satisfeita para que o
conversor opere em condução descontínua.


o  (Eq. 31)
 q  2 1 q
1
  cos   q
2  q

Desta mesma expressão pode-se determinar então a freqüência máxima de operação do


conversor, dada pela (Eq. 32):

fs max 
 (Eq. 32)
fo  q  2 1 q
1
  cos   q
2  q

Na Fig. 19 tem-se um ábaco mostrando a relação entre o e q. Pode-se notar que para
o = fsmax/fo tem-se um qmin de operação, o que denota que a tensão de saída do conversor não pode
ser zero. O valor de qmin calculado é 0,35693.
fs
max 1
fo

0.5

0 q
0 0.2 min 0.4 0.6 0.8 1
q

Fig. 19 - Relação entre a frequência de chaveamento e a frequência de ressonância em função


do ganho estático q.

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Eletrônica de Potência III

6. Característica de Saída

A corrente na carga é igual a corrente no indutor ressonante. Na (Eq. 33) tem-se a corrente
média na carga parametrizada em função de z e de V1.

2  
_________ t1 t2
Iomed    il( t )dt   il( t )dt  (Eq. 33)
Ts  to t1 

_________
2fs 2fs
Iomed   (1  q) (Eq. 34)
fo foq

_________
Iomed  z 2fs
Iomed   (Eq. 35)
V1 qfo

Na Fig. 20 tem-se a característica de saída do conversor em estudo.

q 1

0.8

1,0

0.6
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

0.4

0.2

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Iomed

Fig. 20 - Característica de Saída.

A potência média parametrizada é dada pela (Eq. 36):

__________
Pomed  z 2fs
Pomed   (Eq. 36)
V12 fo

Pode-se notar que a mesma depende apenas da relação de freqüências. Por isto uma
característica deste conversor é potência média constante na saída.

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7. Metodologia e Exemplo de Projeto

Com o equacionamento realizado anteriormente pode-se apresentar a metodologia de


projeto para o conversor em estudo.
Tomar-se-á as especificações abaixo para apresentação da metodologia:

Vi  400V - tensão de entrada;

Vo  160V - tensão de saída;

Io  3,125A - corrente média na carga;

Po  500 W - potência média na saída;

fs  100kHz - máxima freqüência de chaveamento.

7.1. Operação com Potência Nominal

Para as especificações acima o valor de q será:

Vo Vo 160
q    0,8
V1 Vi / 2 200

Escolhendo-se como relação entre a freqüência de chaveamento e a freqüência de


ressonância o  0,5 tem-se:

fs 100k
fo    200kHz
o 0,5

Portanto pode-se obter uma relação para L e C por:

1 1
LC    6,3325 10 13
o 2
(2fo) 2

Da expressão da corrente média parametrizada tem-se:

_________
Iomed  z 2fs 2 100k
Iomed     0,4
V1 qfo   0,8  200k

Portanto obtém-se outra relação entre L e C:

L 0,4  200
z   25,6
C 3,125

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Desta forma os elementos ressonantes do circuito são determinados:

L  20,372H

C  31,085nF

Os tempos de condução das chaves e dos diodos são dados por:

1  1  q 

t S  t1  to    cos   
o   2  q 

t S  1,8307s

1  2 1 q 
t D  t 2  t1   
o  q 

t D  0,8897s - tempo de condução dos diodos em roda livre.

O valor da corrente no instante da comutação dos diodos é:


V1 2 1  q 200  2 1  0,8
I1  
z 25,6

I1  6,99A

A corrente de pico no indutor é dada por:

V1 200
ILpico  
L 20,372u

ILpico  9,817A

7.2. Operação com Potência Mínima

Para uma potência mínima de 20kHz tem-se uma relação entre as freqüências dada por:

fs min  20kHz

Desta forma fica determinada a relação entre as freqüências:

20k
o   0,1
200k

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A corrente média parametrizada na saída é dada por:

_________
2fs
Iomed   0,1
qfo

_________
Iomed  0,079577A

E assim a corrente média será:

_________
Iomed  V1 0,079577  200
Iomed  
z 25,6

Iomed  0,621699A

Portanto a potência mínima será:

Po  Iomed  Vo  0,621699 160

Po  100 W

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8. Simulação do Conversor

Para comprovar os valores obtidos matematicamente simulou-se o conversor série


ressonante com grampeamento da tensão do capacitor ressonante. Para tanto usou-se o software de
simulação Pspice 9.1. Os componentes semicondutores foram considerados ideais.
O circuito simulado está mostrado na Fig. 21.

Vg1
+ -

S1
R1 L

1m 20.372uH
+ Vi/2
200 D1
-

31.085nF + Vo
160
C -

+ Vi/2
200 D2
- R2

1m
S2

Vg2 + -

Fig. 21 - Circuito Simulado.


Os resistores R1 e R2 foram inseridos com o propósito de obter-se a corrente na chave.

8.1. Operação com Potência Nominal

Na Fig. 22 mostra-se a tensão sobre o capacitor ressonante. Nota-se que a mesma atinge os
valores máximos de  Vi/2.
Na Fig. 23 tem-se a corrente no indutor, onde verifica-se que o valor de pico está próximo
do calculado. As comutações das chaves podem ser observadas na Fig. 24, na qual nota-se a
comutação como sendo suave do tipo ZCS. A tensão e corrente nos diodos é mostrada na Fig. 25.
Pela Fig. 26 verifica-se que a potência média na saída corresponde ao valor calculado. Portanto
pode-se concluir que a metodologia de projeto apresentada está condicente e pode ser usada para
projeto de conversores série ressonantes com grampeamento da tensão do capacitor ressonante.

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400V 500
Vc(t)

Vs1
200V

Is1 x 20
0
0V
500

-200V
Vs2

Is2 x 20
0
-400V 0s 5us 10us 15us 20us
0s 5us 10us 15us 20us

Fig. 22 - Tensão no capacitor ressonante. Fig. 24 - Tensão e corrente nas chaves.

10A 300
iL(t)
Id1 x 20

Vd1

-500
5A
300
Id2 x 20

Vd2

-500
0A 0s 5us 10us 15us 20us
0s 5us 10us 15us 20us

Fig. 23 - Corrente no indutor ressonante.


Fig. 25 - Tensão e corrente nos diodos.
10A

iL(t)

iLmed

0A

600W
Pomed

0W
20us 25us 30us 35us 40us

Fig. 26 - Corrente instantânea e média e potência média na saída.

8.2. Operação com Potência Mínima

Realizou-se uma simulação para potência mínima. Na Fig. 27 mostra-se a corrente no


indutor. Pode-se notar que o tempo de condução é bem menor do que para potência nominal. Isto
mostra que o controle de potência deste conversor é feito alterando a freqüência de chaveamento do
circuito, para uma tensão de saída fixa.
As tensões e correntes nas chaves e nos diodos são mostradas nas Fig. 28 e Fig. 29. Nota-se
que os valores máximos das correntes são os mesmos que na operação com potência nominal.
Conclui-se daí que as perdas por condução nas chaves permanecem as mesmas.

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A corrente média na saída e a potência média podem ser observadas pela Fig. 30. Nota-se
que os valores correspondem aos determinados pela metodologia de projeto anteriormente
apresentada.
10A 400
iL(t)

Id1 x 20

Vd1

-400
5A
200

Id2 x 20

Vd2

-400
0A 0s 5us 10us 15us 20us 25us 30us 35us 40us
0s 5us 10us 15us 20us 25us 30us 35us 40us

Fig. 27 - Corrente no indutor. Fig. 29 - Tensão e corrente nos diodos.

10A
500

iL(t)

Vs1

Ilmed
0A
Is1 x 20
0
150W
500 Pomed

Vs2

Is2 x 20 0W
0 40us 50us 60us 70us 80us 90us 100us
0s 5us 10us 15us 20us 25us 30us 35us 40us

Fig. 28 - Tensão e corrente nas chaves. Fig. 30 - Corrente instantânea e média e


potência média na carga.

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9. Conclusão

Este trabalho teve como objetivo o estudo do conversor Buck série ressonante com
grampeamento da tensão do capacitor ressonante.
Nota-se que o conversor em estudo difere na sua topologia do apresentado no Cap. III de
[1]. No entanto suas etapas de funcionamento, equacionamento e característica de saída são muito
semelhantes as do referido conversor.
Obtendo-se o circuito equivalente do conversor em estudo, notou-se a grande semelhança
com o apresentado no Cap. III de [1], e a partir daí pôde-se desenvolver os capítulos apresentados
neste trabalho tomando-se por base a metodologia apresentada na citada referência.
Na característica de saída deste conversor identifica-se que a potência do mesmo é
constante. A corrente média na saída depende diretamente da relação entre as freqüências de
chaveamento e de ressonância (o). Em sendo assim, aumentado-se a freqüência de chaveamento
aumenta-se a corrente média na saída, e portanto controla-se a potência fornecida à carga. Já em
relação à relação entre as tensões (q), nota-se que desejando aumentar a tensão de saída tem-se
como conseqüência uma diminuição na corrente de saída, pois estas relacionam-se inversamente.
Identifica-se assim que a potência de saída é constante para uma combinação de o e q que atendam
a uma dada tensão de saída em função do conhecimento da máxima freqüência de chaveamento.
No estudo realizado considerou-se a saída como sendo uma fonte de tensão ideal. Num
circuito prático, onde juntamente com a carga tem-se um capacitor de grande valor notar-se-ia
variações da tensão na saída em função da variação da corrente solicitada pela carga. Assim torna-
se necessário o uso de um circuito de controle em malha fechada que sensibilizado pelas variações
na tensão da saída altere a freqüência de chaveamento a fim de manter a tensão de saída constante,
dentro de uma faixa de ondulação pré-determinada.
No que tange as comutações das chaves, verifica-se que tanto a entrada em condução como
o bloqueio das chaves é suave, pois em ambos os casos a corrente é nula. Alia-se o fato de que nas
etapas de condução dos diodos é permissível o bloqueio das chaves com corrente nula.
No conversor estudado, não tem-se limitação do valor da corrente na carga quando da
ocorrência de problemas de sobrecorrente. Portanto devem ser previstas proteções contra
sobrecorrente e sub-tensão na carga.
A máxima tensão sobre o capacitor ficou limitada ao valor da fonte de alimentação da
entrada devido a interrupção da etapa ressonante através do grampeamento da tensão no capacitor
ressonante.
Se comparado ao conversor apresentado no Cap. II de [1] tem maiores esforços nos diodos,
pois estes conduzem a corrente da etapa ressonante e da etapa de roda livre.

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10. Bibliografia

[1] BARBI, Ivo & SOUZA, Fabiana Pötker – Conversores CC-CC Isolados de Alta Freqüência com
Comutação Suave.

[2] VIEIRA, José Luiz Freitas – Concepção, Análise e Projeto de Sistemas de Alimentação em
Corrente Contínua de Alto Desempenho com Altas Frequências e Potências, Dissertação de
Mestrado, UFSC-SC/BRASIL, 1993.

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