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Psicologia - FAESO

A Psicologia Social: correntes do


pensamento = cultura e sociedade?

Psicologia Social
Prof Felipe Ética, política e sociedade...
2020.2
Retomando...

O que estamos construindo e o que já


caminhamos...
Social não é caridade…

As análises estão em constante


movimento e a historiografia do fazer na
Psicologia é (re)significado a todo tempo:
Para tanto, é preciso reconhecer...

- O que é produzido e o que é “natural”...


- A Influência Positivista...
- A intenção do mensurar: modificar para
controlar?
Que o natural não é social...

Ou seja..

- Se há relação entre o sujeito e o contexto social há um


saber/fazer que se propõe a construir aproximações com a
história – sujeito e sociedade – de forma a refletir sobre as
possibilidades que está relação apresenta.
E assim...

Considerar os aspectos sociológicos e os aspectos Psicológicos:

O que se sabe sobre o social não se resume a reconhecer os


aspectos individuais e os coletivos...
No entanto, não podemos esquecer...

Que a “auto -explicação” coletivo e individual não pode ser


considerado o “ começo” e o “fim” do olhar para o sujeito e o
meio em que ele vive...
Pois nos interessa o “entre” destas relações....
Estamos construindo nossa trajetória...

Considerando os aspectos da historiografia e sua relação com o


campo da Psicologia. Ou seja, a possibilidade de pensar o sujeito na
sua relação com a cultura e as implicações para o fazer cotidiano...
Para tanto, é preciso considerar...

Qual a relação entre o que a sociedade “espera/ imagina” do fazer de


Psicólogas(os) e o que efetivamente podemos contribuir?
Neste caminho estamos propondo algumas
aproximações. Isto é...

Discutimos como o Projeto Wunditiano produziu influências no modo de


pensar a Psicologia. Mais do que isso, refletimos sobre como a sua
concepção positivista reafirmou um jeito de fazer ciência psicológica sob os
aspectos individuais...
Nesta direção...
Podemos pensar a continuidade da concepção experimental e
também estruturalista, tendo em vista as teorias Psicológicas que
ainda hoje se destacam como campo de pesquisa e da prática
profissional de Psicólogas(os).
Isso quer dizer...
Que estamos conhecendo e (re)conhecendo a discussão acerca dos
saberes e das práticas do campo da Psicologia enquanto Ciência e
Profissão, de forma que a Psicologia Social está inserida neste
contexto...

Psicologia Social ou Social da Psicologia?


Alguns exemplos de teorias consideradas como
práticas Psicológicas para o campo Social...

- O movimento gestaltista...

- O movimento Behaviorista...
Movimento Behaviorista;

De maneira mais ampla, podemos dizer...

Trata-se da proposta que considera os aspectos sociais


para determinar o comportamento dos indivíduos em
uma sociedade.
Mas isso não parece “óbvio” para a Psicologia Social?

Mas há especificidades do Behaviorismo e elas


condicionam um jeito de pensar e agir sobre a
sociedade...
Por que é preciso pensarmos nesta especificidade?

Como já sabemos...

O uso e a intenção de uma ciência representa a


necessidade e os interesses de uma sociedade, bem
como sua capacidade de reflexão.
Pois, nesta história cientifica da Psicologia...

O behaviorismo pode ser visto...


Enquanto a chance de apresentar soluções para os conflitos sociais e éticos, tendo em
vista, por exemplo, o uso de algumas técnicas. Ou seja, a sociedade na forma como se
apresenta é entendida nesta perspectiva, dentre outras coisas, como “justa”. Cabe a nós
nesta interação – coletivo e individual - mudar a realidade. Isso quer dizer que há um
entendimento sobre o Social . Para tanto, podemos pensar, por exemplo, que nesta forma
de entender o mundo e as relações o sucesso e o insucesso depende apenas do esforço

individual? SERÁ MESMO ?


Na junção dos fatores da vida de sucesso...

Se adapte ao meio = capacidade de


resiliência

Naturalizar o modo de viver?


Na equação da vida...

Se esforce mais e terá sucesso!

Será?
Do ponto de vista da episteme deste fazer...

Como os sujeitos são pensados: participação na construção


da análise ou objeto de investigação?
É preciso pensar como está a participação dos sujeitos na
construção e resolução dos problemas neste modo de
pensar a sociedade e as relações. De que forma é possível
entender o lugar do outro quando a perspectiva de análise
está, dentre outras coisas, restritas a vontade do
observador?
Já a Gestalt...

Em linhas gerais, podemos conceber a teoria...


Como a chance de trabalhar com a percepção sobre a realidade. Um
elemento pode ser visto de outras formas . Portanto, essa reorganização
leva a produção de novas imagens. Ou melhor dizendo, de novas
percepções. E isso se efetivará a partir dos recursos internos de cada um ao
interagir com as condições sociais.
Para a Psicologia Social – nós neste momento em diálogo
com a proposta da Gestalt e do Behaviorismo - estamos
interessados em problematizar e se apropriar dos aspectos
que produzem (re) produzem o fazer “social” no
contemporâneo.
Estamos pensando...
Que a Gestalt, por exemplo, enquanto terapia...

Se interessa, dentre outras coisas, pela complexidade


do agora. O objetivo não é incluir o passado, mas
apenas o presente para pensar e agir sobre os
problemas. Isto é, o olhar do indivíduo no “seu mundo”
buscando recursos internos para lidar com o cotidiano
e os conflitos...
E fazendo uma relação com o Social...

Se os sujeitos se produzem no campo das relações...

Quais os riscos de não incluir as trajetórias ? Como “ limpar” a


consciência para que não haja julgamentos e concepções anteriores na
solução dos problemas ?
Quando nos reconhecemos apenas enquanto
profissionais do “campo psicológico” corremos o risco de
compreender a Psicologia como uma intervenção
curativa e terapêutica. Ou seja, independe dos cenários e
condições que os sujeitos estejam seremos capazes de
apresentar a “cura” para o sofrimento...
Portanto, pensar o uso destas teorias que fazem parte do
campo mais estruturalista da Psicologia...

É para que tenhamos a chance de refletir conjuntamente


sobre a intenção e o uso de uma proposta de Psicologia que
tende, por vezes, a produzir reducionismos...
Continuando os diálogos e os olhares sobre o “Social”

Vamos nos aproximar...

Das contribuições da Psicologia Sócio – Histórica e sua


relação com a atuação profissional.
Psicologia Sócio Histórica / Psicologia
histórico Cultural

Quais contribuições para a continuidade das nossas


discussões no campo social?
A psicologia sócio histórica...

Considera que o ser humano traz consigo elementos da sua


estrutura biológica;
E essa dimensão da biologia como parte essencial do estar
no mundo – nosso corpo...

Encontraremos um sistema de relações sociais e um modo


de organização da vida em sociedade que vem se
perpetuando ao longo das gerações.
Isso que dizer, por exemplo,

Que a sociedade se produz por instituições, crenças e


costumes que não estão acima dos indivíduos, bem como
os indivíduos também não estarão acima da sociedade.
Portanto, esse processo estará sempre em relação.
Basicamente, a Psicologia Histórico Cultural nos ajuda a perceber
que..

Não há contradição entre o indivíduo e a sociedade.


Ou seja...

Quando andamos, falamos e perpetuamos alguns hábitos só conseguimos


realizar todo este processo porque ele foi construído socialmente...
Mesmo que a sociedade tente nos fazer acreditar...

Que a única forma de estar no mundo seja a competição e


o sucesso individual.

Logo, essa dimensão traz para o centro o debate as


condições que produzem e organizam nosso momento
histórico...
E o que isso tem a ver com a Psicologia Social?

Que estamos diante do desafio de pensar uma construção


social que reconheça a dimensão singular dos sujeitos sem
desconsiderar as responsabilidades sociais coletivas...
E isso quer dizer, dentre outras coisas, que podemos entrar em
contato com alguns pontos importantes da Teoria Sócio
Histórica/ Psicologia Histórico Cultural e também com quatro
questões mais gerais que nos ajudam a construir algumas
reflexões...
- Relação entre cultura e Cognição – condições variáveis
– 1960/1970 – apenas interação e não produção conjunta

- Supera a ideia da interação independente para dizer que


a mente está inserida nas práticas e atividades de um
grupo cultural – transmissão da cultura
- A cultura na mente – Cultura como sistema simbólico; Isso quer
dizer que as situações cotidianas não serão pensadas como
fenômeno da cognição – Ex: aprendizagem mediada e
aprendizagem não mediada.( se ingerimos um alimento, é porque
ele já foi classificado como alimento anteriormente)

- O indivíduo como agente intencional – o uso que faz dos objetos e a


incorporação do outro como diferente;
Em suma, podemos dizer...
Que os sujeitos se constituem por um sistema cultural
previamente construído e que alimenta uma rede de
relação de forma dialética, ou seja, um processo contínuo
e que está em constante movimento...
Para tanto, a mente é entendida...

Como uma condição que não se limita ao sujeito,


ou melhor dizendo, o sujeito não se limita ao
funcionamento da mente, pois ela será produto
desta inter - relação
Trazendo para o nosso contexto...

Enquanto alguns lugares a noção de cultura, por exemplo, é pensada


na relação com o outro como a diferença que me compõe...

Em outros..

O pesadelo é não se firmar, não ser notado. Ou seja, é individualmente


que vou produzir minha relação com o mundo. Meu ser e estar...
Isso nos permite pensar, dentre outras coisas,

Que os processos de padronização não nos


permitem questionar a realidade e, tampouco, o
que acontece cotidianamente nas relações entre os
sujeitos e a cultura...
Pois...

Quando os valores globais são apresentados


enquanto verdades absolutas isso tende a produzir
resistências nos sujeitos e, sobretudo, não altera o
quadro social em que vivemos...
Talvez possamos experenciar um fazer...

Capaz de estudar a relação dialética que há entre


os valores globais, nacionais e regionais...
E assim, quem sabe, tenhamos condições...

De refletir sobre como os processos


culturais afetam a aquisição de
conhecimentos e habilidades produzidos
socialmente...
Por que as pessoas fazem o que
fazem ?
Qual a noção de Ética levamos para
nossas relações?

O que isso tem a ver com a


Psicologia ?
Se as nossas ações se sustentarem
a partir da “neutralidade” ,
corremos o risco de negar os
processos de reflexão capazes de
construir outras formas de vida..
A noção de Ética está sempre em
movimento...
O pensamento liberal, ao partir da definição de ser humano como
“indivíduo”, centraliza tudo no “eu”, no sujeito da proposição. Perdemos a
dimensão relacional, e como consequência mistificamos o verdadeiro sentido de
ética. Chegamos, assim, a absurdos sociais como os que vivemos hoje, em que
um terço da população não possui seus direitos garantidos, e nos blasonamos
como éticos, ou como um país onde exista a ética. Por incrível que pareça, quem
vai decidir se somos, ou não, éticos, são os outros. Isso parece chocante, e de
fato o é, dentro da cosmovisão egocêntrica e individualista, como é a
cosmovisão do liberalismo ( GUARESCHI, 2013, p. 89)
Podemos acreditar na possibilidade...

Assumir um compromisso social em nossa profissão é estar voltado para


uma intervenção crítica e transformadora de nossas condições de vida. É
estar comprometido com a crítica desta realidade a partir da perspectiva de
nossa ciência e de nossa profissão. É romper com 500 anos de desigualdade
social que caracteriza a história brasileira, rompendo com um saber que
oculta esta desigualdade atrás de conceitos e teorias naturalizadoras da
realidade social. ( BOCK, 1999, p.327)
Seguimos...

Afinal, nossa realidade não nos parece acabada.

Ou seja, para problemas complexos = abordagens


complexas!

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