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Tem medicamentos desse grupo que se usa para tratar uma doença específica na odontologia, que
é a neuralgia do trigêmeo. Dor crônica em geral, em casos mais graves de artrite da ATM, também é
necessário usar.
O que é epilepsia?
É um distúrbio das funções cerebrais, que é caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível
de convulsões ou ataques. Então para você ter epilepsia, você tem que ter convulsão.
O que é convulsão?
Então, a epilepsia:
Tem mais de 40 tipos de epilepsia, mas essas são as convulsões epiléticas mais comuns:
Parcial simples: frequência de 10%. O paciente tem a consciência intacta. Distúrbios sensoriais e
motores localizados. Duração variável. Descarga de neurônios de uma única área, que comanda
determinados movimentos.
Parcial complexa (psicomotora): frequência de 35%. Ocorre a diminuição da consciência.
Comportamentos complexos, intencionais, compulsivos (estereotipado). Duração varia. Tem
descarga no córtex e no sistema límbico. É uma variação mais de comportamento do que de
musculatura. Às vezes é confundido até com distúrbio psicótico.
Crise de ausência (pequeno mal): frequência de 10%. Ocorre só em criança (pode diminuir com o
tempo). Perda rápida da consciência. Interrompe tudo o que está fazendo. Fica com olhar
inexpressivo. Tremor palpebral. Pode durar 30 segundos ou mais. Tem descargas de baixa
amplitude em varias regiões neuronais.
Tônico/Clônica: frequência de 30%. É a que vê mais facilmente. Perda total de consciência.
Extensão rígida do tronco e membro (fase tônica). Contração rítmica e violenta dos membros (fase
clônica). Bloqueio intermitente da respiração. Salivação excessiva. Micção e defecação. Pode durar
de 1 a 5 minutos. O paciente tem picos de alta frequência em todo o cérebro.
Considerado uma emergência médica, onde o paciente corre o risco de morrer. A duração é
aproximada de 30 minutos, podendo resultar em lesão cerebral e morte. No estado epilético, o
paciente tem crises frequentemente repetidas ou que ocorrem por períodos de tempo suficientemente
prolongados para produzir uma situação epilética fixa e duradoura.
Possíveis causas
Tratamento farmacológico
Fenitoína
- é um dos mais usados, porque é usado em todo o tipo de epilepsia, exceto crises de ausência
- mecanismo de ação: age nos canais de sódio voltagem dependente, porque se você bloqueia canal
de sódio, você bloqueia liberação de qualquer neurotransmissor
- é altamente sedativo, altera muito o cognitivo
- Farmacocinética = é absorvida por via oral. Meia vida considerada longa, porque se liga a proteína
plasmática
- é extremamente teratogênico: o metabólito dele leva a falta de soldadura labial e palatal, alterações
cardíacas congênitas, diminuição do crescimento e deficiência mental
- pode causar: depressão intelectual, lentidão psicomotora, hiperplasia gengival (em 50% dos
pacientes/ em 65% dos casos de hiperplasia induzida por medicamento são induzidas por fenitoína),
hirsutismo (crescimento de pelos), descoloração da pele, anemia megaloblástica (por deficiência de
B12) e aumento das enzimas hepáticas tga e tgp, alguns paciente apresentam alergia.
Carbamazepina
- é o mais usado (tegretol), mas nem sempre ele consegue controlar todas as crises
- age sobre canais de sódio também, mas a fenitoína age em canais de sódio e torna inativo, a
carbamazepina não, ela só inibe, mas não inativa.
- é indutor enzimático
- produz uma variedade de efeitos colaterais, mas a incidência e gravidade são relativamente baixas
- pode causar: sonolência, vertigem, vômito, diarreia, erupções cutâneas, bradicardia (mas na medida
em que se vai aumentando a dose, o paciente vai sentindo menos efeitos colaterais)
A neuralgia do trigêmeo é uma dor paroxística cruciante, que dura alguns segundos (geralmente de
10 a 30 segundos), iniciando após a estimulação sensorial de regiões chamadas de “zonas de
gatilho”, essas confinadas à distribuição de um ou mais ramos aferentes do nervo trigêmeo (V par
craniano), sendo na maioria das vezes unilateral, sem déficit neurológico, onde o paciente após a
crise dolorosa passa por um período de remissão completa da dor.
A incidência é de 4 em cada 100.000 pessoas, onde as mulheres são mais afetadas que os
homens
Geralmente ocorre em pessoas com mais de 50 anos
Tem maior incidência do lado direito (60% dos casos) e geralmente envolve o ramo maxilar (33%
dos casos na região nasoorbital) e o ramo mandibular (62% na região situada entre a boca e a
orelha) do nervo trigêmeo
A etiologia é desconhecida
Existem três formas que ela acontece:
- compressão vascular do nervo trigeminal na altura do tronco do nervo
- tumor na fossa posterior do crânio
- pacientes portadores de esclerose múltipla
As drogas anticonvulsivantes são os medicamentos de eleição para o tratamento da neuralgia do
trigêmeo.
A carbamazepina para a maioria dos autores é o tratamento de primeira escolha.
A dose inicial é de 600 mg (a mesma dose para um paciente com convulsão), dividida em três
doses diárias (pode ser três de 200 mg), sendo que essa dose geralmente proporciona um alívio
para o paciente em torno de 24h.
A segunda escolha é a gabapentina (é um anticonvulsivante de 2º geração)
Fenobarbital (gardenal)
- mecanismo diferente dos dois anteriores: ele potencializa o gaba que é um neurotransmissor inibitório
mais importante do nosso organismo, inibe o glutamato que é o excitatório liberado nas crises (só que
quando você aumenta o gaba, se tem muito sono, mas o gaba deprime o glutamato, ele controla
negativamente o glutamato).
- efeitos colaterais: sedação, distúrbios cognitivos, reações alérgicas, ataxia (dificuldades de coordenar o
movimento), nistágmo (incoordenação palpebral) e anemia megaloblástica.
Valproato
- na epilepsia infantil ele é a primeira escolha porque tem baixa toxicidade e inexistência de ação sedativa.
- tem o mecanismo de ação múltiplo: inibe os canais de sódio, aumenta o gaba que é o neurotransmissor
inibitório e diminui o cálcio, super importante para a liberação de neurotransmissores (quando você tem a
liberação, o cálcio tem que entrar para promover a exocitose – tem a despolarização, entra sódio e sai
potássio, aí o cálcio inibe a calmodulina e faz exocitose).
- efeitos colaterais: baixa incidência de efeitos colaterais, queda de cabelo (calvície), anorexia, náuseas e
vômitos (em 18% dos casos), hepatoxicidade (raro), teratogênico.
Benzodiazepínicos
- usa na farmacologia para ansiedade como hipnótico, ansiolítico e sedativo, só que ele pode ser usado
para crise convulsiva, mas para tratar a crise (de maneira injetável).
- clonazepam (rivotril), diazepam (valium), lorazepam (lorax).
- potencializa a ação do gaba, só que quando ele é por via injetável faz efeito imediato.
É o que a gente chama de droga design/droga modelo. Dentro dos medicamentos excepcionais (de alto
custo).