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06/11/2020 A mulher que lida com os egos do Barça: “Só os egoístas sobrevivem” | EL PAÍS Semanal | EL PAÍS Brasil

A mulher que lida com os egos do


Barça: “Só os egoístas sobrevivem”
Há 15 anos Imma Puig trabalha no clube catalão para prevenir
eventuais tormentas entre os funcionários

Borja Hermoso

16 OUT 2017 - 19:40 BRST

Imma Puig em seu escritório. / VANESSA MONTERO

MAIS INFORMAÇÕES

Neal Goldsmith, um psicólogo psicodélico

Não sorrir nem sair: é disso que você precisa quando está triste

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Por que as pessoas acreditam nas teorias da conspiração, e como conseguir que mudem de
opinião

Imma Puig se dedica a cuidar das pessoas. Por dentro. Formada em


Psicologia Clínica pela Universidade de Barcelona, professora no
departamento de recursos humanos do IESE, estudiosa de Freud e
Jung e seguidora dos métodos do psicanalista húngaro Michael
Balint, essa barcelonesa de 64 anos, amável e enérgica como uma
faísca, é especialista em gestão de emoções e conflitos na empresa
familiar. É autora do livro de referência Retratos de familia. Lo que
quiso saber y no se atrevió a preguntar sobre la empresa familiar
(Retratos de Família. O que você queria saber e não se atreveu a
perguntar sobre a empresa familiar, em tradução livre).

A liderança, o comportamento e a excelência no rendimento


empresarial não têm segredos para ela. Também as invejas, os ciúmes
e os assédios que costumam pairar sobre toda dinâmica de grupo. Por
isso foi contratada pelo F.C. Barcelona há 15 anos: desde então,
medeia no clube entre os Iniesta, os Messi e os Suárez, os técnicos e
os diretores (é também especialista em psicologia esportiva).
Também foi contratada pelos irmãos Roca há quatro: para prevenir
eventuais tormentas e resolver brigas e descontentamentos entre
cozinheiros, garçons, sommeliers e maîtres. Um dia por semana vai
ao restaurante de Girona e se reúne em grupos com os funcionários
do El Celler. Nessa conversa não contará histórias pessoais de uns e
outros: uma cláusula de confidencialidade a impede de falar com
nomes e sobrenomes.

Puig, que também trabalhou a psicologia de tenistas, gerentes,


vendedores e diretores comerciais, passou boa parte da vida
percorrendo meio mundo dando conferências sobre um tema
excitante: as coisas que nos acontecem sem que suspeitemos.

P. Qual é o ponto de partida para poder prevenir e solucionar


conflitos na gestão de equipes?

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R. Para poder ver a quantidade de coisas que acontecem nas relações


é preciso entender as pessoas. E para isso, como para subir em uma
montanha, existem dois caminhos: um é mais longo e fácil, o outro é
mais curto e difícil.

P. Como é o curto e como é o longo? Pode explicar?

R. O curto é colocar-se no lugar da outra pessoa. Isso é difícil, mas é


possível com treino. O outro, o longo, está ao alcance de todos.
Consiste em seguir a anatomia. Temos dois ouvidos e uma boca, de
modo que, se queremos entender o outro, precisamos escutar o
dobro do que falamos. E com um ouvido precisamos escutar o que
nos dizem e com o outro o que não nos dizem..., que às vezes é mais
importante.

P. Hoje em dia escutar não parece estar muito na moda...

“Se queremos entender o outro, precisamos


escutar o dobro do que falamos. E com um
ouvido precisamos escutar o que nos dizem e
com o outro o que não nos dizem”

R. Não nos ensinaram a escutar. Nas escolas existem cursos de como


falar em público, mas não de como escutar. Existem conversas em
que só esperamos que o outro acabe para soltar o que já tínhamos
preparado. Isso estabelece uma conversa sem sentido que faz com
que as pessoas não se entendam.

P. E é aí que a senhora entra.

R. Meu trabalho consiste em encontrar um espaço, um tempo e um


interlocutor neutro para poder falar e escutar todas aquelas coisas
para as quais no dia a dia não há espaço, tempo e interlocutor. Eu
utilizo o método Balint, que serve para entender o outro porque não
há pressa, porque ninguém julga. Julgar causa um dano terrível.
Estamos julgando todo mundo o tempo todo, sem provas. E emitimos
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sentenças, o que já acaba com toda a possibilidade de se continuar


tentando entender essa pessoa.

P. Se entendi bem, em sua terapia com jogadores, cozinheiros e


empresários a senhora se dedica a criar uma bolha, uma situação
irreal de comunicação.

R. Um pouco. São situações em que todos são iguais, não há


hierarquias, a única hierarquia sou eu, que sou a facilitadora. E se
aprende a não julgar. E a tentar interpretar os silêncios e o que não é
dito.

P. O que não é dito. Frequentemente, muito mais importante do que o


que se diz, não?

R. Em uma equipe de trabalho, o pior é o não dito, isso é muito


complicado de se gerir. Tudo o que é dito, por mais duro que seja, é
possível de se gerir.

P. Diríamos que acontece o mesmo nas rupturas amorosas.

R. Exatamente. “Eu pensei, já vi que, não gostei daquilo... Eu já sabia


que você...”. E por que não me falou? O pior presente que pode dar à
pessoa com quem você se relaciona é não dizer como se sente e não
escutar como como ela se sente. É a base. Mas vivemos em uma
sociedade em que mostrar seus sentimentos equivale a ser
vulnerável. E não é verdade, é ser mais forte.

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VANESSA MONTERO

P. Talvez exista muita gente que “sempre está muito bem”, não?

R. Claro. E também acontece que essa imagem que queremos


transmitir de que precisamos estar sempre ótimos nos é um pouco
empurrada pela sociedade em que vivemos. Não podemos estar
sempre contentes, bonitos, sem problemas de saúde e com dinheiro.
Isso são vicissitudes e não costumam acontecer todas ao mesmo
tempo. Existem pacientes que vêm e me dizem: “Ai, está tudo bem

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comigo, mas estou triste!”. Eu lhes digo: “Estar triste faz parte da
vida”. Tenho clientes que estão na crista da onda, que são os
maiorais..., mas sentem as mesmas coisas que os que não estão tão
bem. Estão tristes, sentem-se sozinhos... Os sentimentos não
entendem de dinheiro.

P. Bom, o dinheiro ajuda…

R. O ser humano, se tem atendidas as necessidades básicas, prefere


sentir-se querido do que pago.

P. Existem dúvidas sobre isso.

R. Alguém, em uma empresa, recebe a informação de que receberá


mais. Mas na verdade o que ela quer é sentir-se mais valorizada, mais
bem cuidada, que o seu chefe lhe pergunte por seu filho se sabe que
precisou ir ao hospital...

P. Mas como estou te pagando mais do que os outros...

R. Não pense em pedir que gostem de você. Isso acontece muito no


mundo do esporte de elite. E muita gente diz coisas como “com o que
recebem, deveriam correr por todo o campo sem parar”. E isso é
inveja.

P. Grande esporte nacional…, grande esporte humano, isso sim.

R. A inveja e o ciúme são males endêmicos dessas sociedades. E


levam, às vezes imperceptivelmente, ao mau trato psicológico. Que
ocorre entre iguais, entre superior e inferior e às vezes até de inferior
a superior.

P. Seu trabalho de resolução de conflitos com clientes poderosos e


ricos não deve ser fácil, se trata de certa forma de mergulhar em sua
lama. Eles deixam? [Risos]

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R. Outro dia, um executivo muito importante me disse: “Seu trabalho


é quase impossível”. “Por que?”, lhe perguntei. “Porque a senhora
recebe para dizer o que as pessoas não querem nem pensar”. É uma
boa definição.

“Outro dia, alguém me disse: ‘Seu trabalho é


quase impossível’. ‘Por que?’, lhe perguntei.
‘Porque a senhora recebe para dizer o que as
pessoas não querem nem pensar”

P. Porque as pessoas não gostam de escutar, mas, isso sim, há muito


que pagam a profissionais para que as escutem.

R. Sim senhor. Como as pessoas se sentem bem quando vão a um


lugar em que as escutam e não são repreendidas! Às vezes achamos
que estamos bravos com alguém, quando na realidade estamos bravos
com nós mesmos porque não estamos entendendo o outro. Somos tão
orgulhosos que, quando não entendemos alguém, damos de ombros e
dizemos: “Essa pessoa está louca”. E não nos damos conta de que, seja
qual for nossa profissão, quanto melhor entendermos o outro, melhor
faremos nosso trabalho.

P. Em suas palestras a astros do futebol, a grandes empresários, aos


maîtres de um grande restaurante… que valor você dá aos detalhes, ao
trivial?

R. No trivial existem muitas chaves, porque a verdade gosta de ficar


escondida. As coisas não são como parecem. Por exemplo, a primeira
coisa que penso quando vejo alguém que tenta parecer superseguro é
qual insegurança está tentando esconder. Tem gente que parece um
ogro e é um doce de pessoa. Por que se disfarçam de ogros? Para que
ninguém veja que são um doce e se aproveitem deles. Para perceber
essas coisas é preciso estar muito atento. Passamos o dia emitindo
sinais de como somos, de como queremos que nos tratem, que nos
cuidem, que nos amem, que nos valorizem…., mas para detectá-los é

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preciso estar na mesma onda que essa pessoa. E uma coisa crucial é o
olhar.

P. O olhar?

R. Se te olham com olhos de que confiam em você, de que você vale


muito, de que você consegue..., você, em agradecimento, dá o melhor
de si. Mas quando alguém te olha como se você fosse um inútil, faça o
que fizer, você começa a fazer cada vez menos e pior.

P. Você está tocando num tema crítico em nível educativo: o de


muitos alunos que ficam para trás porque não recebem a devida
atenção.

R. Porque muitos responsáveis por colégios só estão preocupados


com a sua reputação. Em poder dizer: “Aqui vem só a elite”. E no
mundo do esporte profissional, no qual trabalho há 35 anos, é ainda
pior.

P. Algum exemplo?

R. Lembro que o técnico de um dos melhores times de futebol do


mundo me contou isto com uma tremenda dor de coração: lhe
pediram para promover dois garotos do segundo para o primeiro
time. Escolheu dois, os dois eram ótimos. De repente, o clube
contratou um jogador, e então lhe disseram que precisava abrir mão
de um dos dois. Eram quase iguais. Ficou com um que hoje é um
astro. O outro deixou o futebol no ano seguinte. Esse treinador me
disse: “Nunca vou poder me perdoar por isso, caguei a vida ele”.

P. E em outros esportes?

R. Trabalhei muito tempo com o treinador que formou os melhores


tenistas espanhóis. Um dia me sentei com ele num treino e perguntei:
“Quem destes você acha que se destacará?”. Ele me confessou [quem
era o melhor], e acertou. “Eu nunca me engano”, me disse ele. E eu
lhe respondi: “Quem nunca se engana são eles. Se você bate o olho em
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um, lhe dá confiança e o estimula a continuar, é lógico que seja o


melhor. Você faz isso com alguns, sim. Mas os outros você destrói”.
Ele me respondeu que nunca tinha analisado assim e que eu havia
acabado de deixá-lo muito mal.

P. Esse mau trato, de fato, pode acabar sendo paralisante.

R. Mas o sucesso não paralisa também? Sim, pode ser anestesiante, e


ainda mais em esportistas de elite. Somos preparados para o sucesso,
não para o fracasso. Todo mundo persegue o sucesso, mas ninguém
sabe o quanto ele pode fazer mal à pessoa. Carl Jung dizia: “Quando
alguém vem me contar um êxito, sempre digo que espero que isso
não tenha lhe prejudicado muito”. Às vezes é mais difícil recuperar-se
de um êxito do que de um fracasso. “E se eu tentar repetir e não
conseguir?” Isso paralisa.

VANESSA MONTERO

P. Não deve ser fácil ser um astro do futebol 24 horas por dia, 365 dias
ao ano, com todo mundo sempre adulando.

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R. Isso de que estão adulando os astros do futebol é uma visão parcial.


Eles também têm que conviver com a inveja de todo o mundo nas
costas. Convivem com a admiração de muitos, claro, mas às vezes a
admiração é uma inveja encoberta e pode se transformar em ódio.
Viver na vitrine tem isto.

P. Mas que assuntos específicos você trata, por exemplo, com um


jogador do Barça numa sessão?

R. Trabalho exatamente igual num time como o Barça, num


restaurante como o El Celler ou numa empresa familiar. É que, afinal,
todos passamos pelas mesmas coisas; basicamente, as pessoas são
iguais. Aplico minha terapia sobretudo nas equipes técnicas, porque,
se a equipe não for bem, não vão demitir os jogadores nem a
diretoria, irão em cima do treinador...

P. É fácil pensar que, para um time da elite ou um três-estrelas


Michelin, sai barato investir para manter o seu pessoal contente.
Fazem isso?

R. Não muito, embora cada vez mais. Cuidar é um investimento, não é


um gasto. E é prevenir. É o que o El Celler faz, por exemplo:
prevenção para evitar que coisas ruins aconteçam. Mas muitos
empresários continuam achando uma perda de tempo entender
como estão seus empregados.

P. Supõe-se que seus clientes não cuidam das suas equipes por
altruísmo, e sim para tentarem ser eficazes. Nem que seja só por
egoísmo.

R. Claro, e não sei por que o egoísmo é tão mal falado. Só os egoístas
sobrevivem.

P. O que opina desses chefes que apostam na estratégia da tensão, que


acham bom que seus subordinados se deem muito mal entre si?

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R. É um modelo de gestão velho, que precisa ser jogado fora. Essa


estratégia só serve em momentos pontuais e para metas concretas,
mas a competição feroz prolongada no tempo termina com a
aniquilação de todo mundo.

P. Como são administrados os egos individuais dentro de um coletivo?

R. Deveriam ensinar a todos desde pequenos a administrarmos


equipes e a nos comportarmos dentro delas, porque passamos a vida
toda em equipe. Nascemos numa família, que é uma equipe. Vamos à
escola, em que a classe é uma equipe. Vivemos com os vizinhos do
prédio, que são uma equipe. Fazemos parte de um grupo de amigos,
que é outra equipe. Ou jogamos futebol numa equipe. Trabalhamos
numa empresa tal, que é uma equipe.

P. Administrar os filhos é gestão de equipes?

R. É que no caso dos filhos entra outro fator: não se ama igualmente a
todos, embora seja muito chato para nós reconhecermos isso. Não
queremos reconhecer e dizemos que todos os filhos são iguais, mas
não é verdade. Isso é muito fácil de ver nas famílias dos outros, mas
na nossa própria custa muito. É algo que não se diz, porque o dano
que pode causar é grande. A ofensa comparativa é o cupim das
relações, porque sempre estamos medindo o quanto nos amam.
Somos viciados em reconhecimento. E tem pessoas que acham que,
como alguma vez as amaram por terem feito algo extraordinário, só
vão continuar sendo amadas se passarem a vida perseguindo o
extraordinário, um grave erro.

ARQUIVADO EM:

El Celler de Can Roca - FC Barcelona - Restaurantes - Psicologia


- Restauración - Jogadores - Times esportes - Hotelaria - Futebol

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