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All content following this page was uploaded by Luiz Eduardo Ricon on 01 June 2016.
Introdução
Este trabalho relata um exercício de pesquisa onde se buscou identificar e analisar
as representações sociais contidas na figura dos cientistas, conforme expressas nos
discursos e produções de um grupo de crianças e em articulação com personagens de
desenhos animados de grande audiência e que possuem, entre seus protagonistas, figuras
identificadas claramente como cientistas.
Os dados para esta pesquisa foram colhidos de três fontes distintas:
•A primeira foi um grupo focal1 de 10 crianças de ambos os sexos (com predominância
masculina), entre 04 e 11 anos, moradores de um subúrbio do Rio de Janeiro, alunos
1
O grupo focal (ou focus group), que MINAYO, Assis, Souza et al (1999: 23) definem como "uma técnica
de entrevista, direcionada a um grupo que é selecionado pelo pesquisador a partir de determinadas
características identitárias, visando obter informações qualitativas", ocupa uma posição intermediária
entre a observação participante e as entrevistas em profundidade e, segundo VEIGA e Gondin (2001),
pode ser caracterizado também como um recurso para compreender o processo de construção das
percepções, atitudes e representações sociais de grupos humanos. Por essas características, o grupo
focal foi escolhido como o instrumento primário de coleta de dados dessa pesquisa.
de escolas particulares e oriundas das camadas médias (portanto com acesso a TV por
assinatura, vídeo-cassete, DVD, videogames, internet etc). A maioria delas vive em
casas e já se conhecia, seja por laços de família, de amizade e/ou escolares. Esta foi a
fonte primária, sendo as demais utilizadas como apoio e subsídio para a análise dos
dados obtidos a partir do discurso e da produção das crianças.
•A segunda fonte foram desenhos animados, exibidos por canais e programas
direcionados ao público infantil. Foram analisados episódios das séries “Laboratório
de Dexter”, “Jimmy Neutron” e “As Meninas Super-Poderosas”, tanto por estarem
entre os mais populares (segundo os índices de audiência) quanto, logicamente, por
apresentarem entre seus protagonistas figuras identificadas como “cientistas”. Além
desses, foram analisados personagens identificados como “cientistas” em outros
desenhos (desde os mais recentes como “Pokémon” até os mais antigos como “Tom &
Jerry”, “Pernalonga” e “Pica-Pau”).
•A terceira e última fonte dessa pesquisa foram sites de busca na internet (Google, Yahoo
etc.), onde procurou-se um repertório de imagens identificadas pelo vago título de
“cientista” (ou “scientist”), gerando-se um rol de imagens que foi instrumentalizado na
análise dos dados, como mecanismo de conferência ou comparação na identificação
das representações imagéticas mais recorrentes.
Mídia e Infância
Cada vez mais, a cultura da mídia vai se constituindo como uma esfera efetiva de
socialização e constituição das identidades. Cada vez mais, as crianças e os jovens
dedicam mais horas à TV do que à escola. E a reboque de transformações globais que
passam por novos arranjos comunicacionais, familiares, de consumo, políticos e sociais,
vislumbra-se um cenário no qual a infância vem se construindo cada vez mais como uma
esfera marcada pela autonomia, na qual as crianças assumem o papel de protagonistas de
suas próprias narrativas pessoais, o que vem se refletindo também nas narrativas
midiáticas, através da recorrência dos “heróis-crianças” nas séries e sagas mais populares
dentro da ficção audio-visual infanto-juvenil.
É assim com os livros e filmes como os de Harry Potter (um bruxinho
adolescente, órfão de pai e mãe, que vive aventuras na companhia de dois colegas na
escola de bruxaria de Hogwarts) ou Desventuras em Série (onde três órfãos, herdeiros
de uma grande fortuna enfrentam os maiores infortúnios nas mãos de seu tutor legal, o
maligno conde Olaf), os animes e mangás como Pokémon (no qual o herói Ash, de
apenas 10 anos, sai de casa e parte pelo mundo em busca de aventuras, na companhia de
outras três crianças) e Yu-Gi-Oh! (um grupo de jovens que enfrenta batalhas épicas
durante as partidas de um jogo de cards) e os desenhos animados norte-americanos como
Rugrats (que mostra um grupo de bebês vivendo numa “cultura” totalmente à parte da
dos adultos), As Meninas Super-poderosas (três meninas com super-poderes, que
defendem o mundo “antes da hora de dormir”), Jimmy Neutron ou Laboratório de
Dexter (ambos meninos-gênios, vivendo aventuras científicas e tecnológicas), só para
citar alguns.
Ao mesmo tempo, embora autores como POSTMAN (1999) e MEYROWITZ
(1985) acreditem num “desaparecimento da infância”, trazido e motivado, em grande
parte, pela relação cada vez mais estreita entre as crianças e a mídia audio-visual, a
infância vai se configurando também como uma parcela autônoma do mercado, com as
crianças assumindo cada vez mais o seu papel como consumidores ativos e
independentes, com uma grande rol de produtos e serviços, incluindo canais de TV, sites
na internet e muitos outros instrumentos de consumo e comunicação direcionados
especificamente ao público infantil
Obviamente, esse movimento não passa incólume pelo olhar de quem estuda o
enlace entre Educação, Antropologia, Sociologia, Psicologia e Comunicação, sobretudo
com ênfase na cultura de massa infanto-juvenil. GIROUX (2001), por exemplo, chama
sempre atenção em seus trabalhos para o “poderoso papel que a mídia está, de forma
crescente, assumindo na produção de imagens e textos que penetram em cada vez mais
áreas da vida cotidiana”(p.136)
Ele vê a mídia se firmando como uma poderosa e importante esfera pedagógica,
especialmente entre as crianças e jovens, que travam uma relação muito intensa com os
produtos da cultura de massa. GIROUX (1995) é um dos muitos autores que vêm
contribuindo ativamente para problematizar a relação entre a infância, a cultura de massa
e o currículo escolar, defendendo que as crianças aprendem tanto na escola quanto a
partir da exposição às formas culturais populares e que, de certa forma, isso “fornece um
novo registro cultural para o que significa ser alfabetizado.”(p.75)
Nada mais natural, portanto, do que abordar os desenhos animados, dentro desse
novo panorama cultural, como uma esfera privilegiada de transmissão de mensagens,
conceitos e representações dentro do universo infantil. Afinal, se as crianças se
“alfabetizam” através da “leitura” dos produtos da cultura de massa, pode-se indagar,
com mais do que mera desconfiança, quais seriam as representações que as crianças vêm
construindo de si mesmas e do mundo, através do diálogo e das mediações que
estabelecem com os desenhos animados.
Desenhando a Metodologia
Para que se respeitasse um requisito básico no estudo das Representações Sociais, a
metodologia escolhida para esta pesquisa teria de preservar a pureza e a espontaneidade
da expressão dos sujeitos, sendo estes pesquisados em um contexto real da sua vivência
social (SÁ, 1998: p.89). Mas essa metodologia deveria também (e acima de tudo)
respeitar as características específicas do público infantil.
Desde os estágios iniciais de concepção, ficou claro para este trabalho que os
procedimentos usados em outras pesquisas no campo das Representações Sociais não
poderiam ser aplicados. Uma tentativa exploratória com entrevistas a partir de um
questionário de perguntas ou mesmo de entrevistas de cunho mais “aberto” mostrou-se
bastante vulnerável à produção de discursos pouco autênticos. Adicionalmente, no caso
de se lidar com crianças muito pequenas, havia ainda a dificuldade óbvia de se formular
as perguntas de modo claro e objetivo o suficiente para não direcionar ou induzir as
respostas. Depois de dois testes exploratórios, tornou-se óbvia a necessidade de uma
metodologia alternativa.
Já que as entrevistas formais (ou em profundidade) não seriam o instrumento mais
indicado, a solução foi dar mais atenção à coleta de informação com base na observação e
análise daquilo que Sarmento chama de “documentos reais”, ou seja, de textos
produzidos com uma determinada finalidade, além das conversas informais, pelas quais
perpassa o que ele chama de “uma voz autónoma e livre, tão difícil de captar na forma
estruturada da entrevista formal.” (SARMENTO, 2003: p. 163)
O instrumento a ser utilizado, portanto, deveria ser simples em sua execução (em
virtude do tempo e dos recursos disponíveis para a pesquisa) e, acima de tudo, adequado
ao público com o qual se buscava dialogar. Porém, ao mesmo tempo, ele deveria
preservar os cânones que vêm sendo observados em pesquisas reconhecidas no campo
das Representações Sociais.
A primeira grande dificuldade, nascida da própria natureza dos fenômenos de
Representação Social, foi compreender onde e como (sob que forma) esses fenômenos se
manifestam e, por conseguinte, como observá-los, captá-los ou analisá-los. Ou mais
claramente: como, afinal, seria possível analisar as representações sociais contidas na
figura dos cientistas e difundidas nos desenhos animados infantis?
Logicamente, o primeiro impulso foi o de centrar o olhar sobre os próprios
desenhos animados que, por serem produtos (no sentido de produções) destinados à
veiculação para as massas, carregam e disseminam toda sorte de conceitos, estereótipos e
representações. Mas estariam as representações sociais contidas apenas em seu suporte
midiático?
A partir da idéia de que toda representação é a representação de alguém a respeito
de algo, percebe-se a necessidade de se incluir na equação a dimensão do indivíduo, se
quisermos realmente captar a representação social. No caso deste trabalho, era necessário
portanto incluir a criança como sujeito que constrói sua identidade e suas representações
no contato e nas mediações estabelecidas (entre outros) com os produtos da cultura de
massa, tanto na esfera individual quanto (primordialmente) na social.
Além disso, como o que se buscava eram as representações sociais difundidas e
expressas (sobretudo, mas não exclusivamente) através da linguagem gráfica ou pictórica
– através de desenhos – era necessário construir um instrumento que pudesse ser utilizado
para captar esses enunciados de forma espontânea, dentro do contexto social do grupo
estudado. Em outras palavras: era necessário que tanto o instrumento quanto o momento
de sua aplicação fossem incorporados a uma situação real da vivência social das crianças.
A esse respeito, vale reproduzir um trecho do meu caderno de campo, que ilustra a
forma como essa questão foi operacionalizada:
“Minha pesquisa foi realizada num momento de intensa atividade
e interação social, totalmente representativo do universo infantil: uma
festinha de aniversário. (...) Como nesse ambiente as crianças já estão
dispostas a participar de algum tipo de atividade (na verdade até
mesmo esperam por isso) como parte da diversão, simplesmente
incorporei as atividades de coleta de dados da pesquisa às atrações
oferecidas.
Ali, em meio a balões coloridos, correrias e gritos, brincadeiras
(...) brigadeiros, hot-dogs, pipocas e refrigerantes (...) ofereci uma
mesa com papel e muitos lápis coloridos, para quem quisesse
desenhar.”
Fig. 1 Fig. 2
Fig.3 Fig.4
O jaleco, também associado ao professor e ao médico, parece carregar a marca do
saber, do conhecimento e da pesquisa, todos relacionados ao cientista em mais de uma
maneira. Todos os cientistas desenhados pelas crianças vestem jalecos brancos,
cuidadosamente abotoados. A única exceção (v. fig. 4) foi o desenho que representa um
cientista de jaleco verde-claro, claramente com feições jovens, falando palavrões e
visivelmente irritado. Porém, como este personagem é identificado pela autora do
desenho com o nome de uma outra criança (o aniversariante), ele parece carregar um
forte traço “caricatural”, retratando o amiguinho como cientista, com os atributos e
identidades de ambos se misturando e contaminando.
Nos desenhos animados, os cientistas sempre usaram e continuam usando jalecos
brancos. Desde os mais antigos, como o Professor Ludovico (da Disney) até os mais
modernos, como o Professor Carvalho (de Pokémon), o jaleco acompanha e
verdadeiramente define o cientista nos desenhos. Tanto isso é verdade que, enquanto o
menino gênio Dexter (que usa jaleco branco) é reconhecido imediatamente pelas crianças
como um cientista, Jimmy Neutron (outro menino gênio bastante parecido com Dexter)
não é lembrado por elas espontaneamente como tal. Quando indagadas se Jimmy Neutron
seria ou não um cientista, elas responderam: “Não, ele é criança!” (v. fig. 5 e 6)
A gravata, por sua vez, parece representar a formalidade, a sisudez e a seriedade do
trabalho científico. Afinal, mesmo as crianças cujos pais e professores normalmente não
usam gravata representaram os cientistas com claras e às vezes muito bem destacadas e
desenhadas gravatas (v. fig. 2, 3 e 4). O trabalho formalizado e metódico (em referência
ao método científico) dos cientistas se manifestaria e estaria representado na forma
metódica e formal pela qual ele se veste? Detalhe: mesmo os cientistas “loucos”
desenhados pelas crianças usam gravatas (v. fig 2).
Outra representação muito associada à gravata é a de “adulto”. Uma criança de
gravata é logo vista como um “adulto em miniatura”. Ao desenharem seus cientistas com
gravatas, as crianças poderiam estar representando o fato da ciência ser uma ocupação de
adultos, de “velhos”. Vale ressaltar que nos desenhos animados, o Professor Toni, o “pai”
das Menina Super-poderosas veste jalecão e gravata, enquanto Dexter, o menino gênio,
usa apenas jaleco. E a gravata? Será que o fato de Dexter vestir um jaleco mas não usar
gravata representaria sua dupla (e dúbia) condição de cientista-criança? (v. fig. 5 e 7)
As imagens colhidas ao acaso num site de buscas da Internet utilizando apenas os
termos “cientista” ou “scientist” demonstraram a mesma onipresença do jaleco e da
gravata.
Óculos e canetas
A grande maioria dos cientistas desenhados pelas crianças usa óculos. Geralmente
desenhados com aros grossos, indicando os notórios “fundo-de-garrafa”, os óculos
poderiam estar sendo identificados com o saber, a sabedoria acumulada, o hábito de
muitas leituras e o consequente desgaste da visão ao longo dos anos. O estereótipo do
“quatro-olhos”, do “CDF” ou do “nerd” parecem estar relacionados de mais de uma
forma aos cientistas.
Tanto é assim que quando uma das crianças desenhou um cientista sem óculos (v.
fig. 4), preocupou-se em mostrar claramente as canetas em seu bolso, remetendo a outro
elemento bastante associado aos “nerds”, seja em filmes ou desenhos animados. Assim,
tanto os óculos quanto as canetas parecem carregar a representação social do saber, do
trabalho intelectual, da pesquisa, da leitura e da escrita, do conhecimento acumulado e
sistematizado.
Nos desenhos animados, Dexter usa óculos, que são incorporados de tal forma à sua
figura (e, portanto, à sua identidade como personagem) que assumem inclusive uma
dimensão tremendamente expressiva, variando o seu formato para denotar diferentes
estados de espírito (v. fig. 5 e 8). O Professor Toni (Meninas Super-poderosas) não usa
óculos, mas em compensação possui claramente duas canetas em seu bolso (v. fig. 7).
Bigode e carecas
Os cientistas retratados pelas crianças trazem quase todos grossos e fartos bigodes,
muitos deles indicando serem grisalhos ou brancos (v. fig. 1, 2, 9 e 10). Alguns são
carecas, outros não. E muitos têm cabelos brancos. Poderia essa escolha indicar um
requisito de idade para ser um cientista? Seria essa uma recorrência ou estaria ecoando o
arquétipo dos sábios de longas barbas e cabelos brancos da antiguidade?
Ou seria a calvice (e a careca brilhante que mais de uma das crianças fizeram
questão de indicar em seus desenhos - v. fig 1 e 10) uma referência alegórica do “uso
intensivo” do cérebro, do mesmo jeito que os óculos poderiam sugerir a idéoa do
desgaste progressivo da visão pelo excesso de leitura? Não se pode afirmar com
segurança a partir do reduzido alcance da presente pesquisa, mas sem dúvida essa é uma
questão sobre a qual se poderia refletir mais profundamente.
Cientista ou criança?
Uma das discussões mais interessantes dessa pesquisa surgiu do confronto entre
dois personagens dos desenhos animados. Um deles - Dexter - foi citado imediatamente
pelas crianças como exemplo de cientista. Questionados sobre o personagem Jimmy
Neutron, um outro menino gênio dos desenhos (que estranhamente não fora mencionado
espontaneamente), as crianças responderam que Jimmy Neutron não era cientista, pois
era criança.
Seriam então o cientista e a criança papéis excludentes? Mas o personagem Dexter
não é criança e (ao mesmo tempo) um cientista? “Ah, mas ele tem laboratório...” foi a
resposta. Pode ser... Mas será que o fato de Dexter se vestir com jaleco e usar óculos
poderia ser igualmente (ou muito mais) determinante nessa definição dele como
cientista? Até porque Jimmy Neutron não usa óculos e nem jaleco, o que o representa
visualmente como uma criança “normal”.
Esta questão parece sintetizar de forma expressiva toda a discussão acerca das
representações sociais presentes na figura dos cientistas e difundidas nos desenhos
animados infantis. Dexter, que se veste com jaleco, usa óculos “fundo de garrafa” e
trabalha (no sentido de realizar diversas atividades) num laboratório é identificado como
cientista. Já Jimmy Neutron, que se veste com calção, camiseta e tênis, não usa óculos e
que, apesar de realizar experimentos e construir as mais incríveis geringonças
tecnológicas (exatamente como Dexter), não habita um laboratório, acaba identificado
(visual e essencialmente) como “criança”. Do contraste entre esses dois personagens
poderíamos extrair muitas indagações e inquietações.
Afinal, no momento em que as crianças vêm assumindo cada vez mais o papel de
protagonistas nas narrativas da cultura de massa, será que ainda existiriam territórios
(como a ciência) que seriam interditos a elas? Para ocupar esses espaços e ser
reconhecida, a criança teria então de se “travestir”, mimetizando as características do
adulto? Seria esse movimento análogo ao da erotização precoce através da moda, dos
cosméticos, das músicas e danças e da mídia em geral?
Pela natureza limitada e eminentemente exploratória deste exercício de pesquisa, é
natural que as questões que emergiram durante essa busca inicial por uma articulação do
campo das representações sociais com algumas reflexões críticas a respeito da cultura de
massa infanto-juvenil fiquem ainda sem resposta. E, se não foi possível avançar na
análise dos problemas e questões levantados, pelo menos fica bem claro o potencial desse
viés de investigação.
Afinal, as estatísticas vêm apontando uma sempre crescente e quase avassaladora
presença da mídia no cotidiano de crianças e jovens em todo o mundo. Segundo pesquisa
da Kaiser Family Foundation (2005), quem tem hoje entre 8 e 18 anos nos EUA consome
mídia durante seis horas e meia diariamente, o que representa dedicar mais de um quarto
do seu dia aos meios de comunicação. Se descontarmos as horas de sono diárias, os
números tornam-se ainda mais alarmantes.
Portanto, entendo que uma articulação mais estreita entre o campo das
representações sociais e os estudos sobre a influência da cultura da mídia na constituição
das identidades e na produção de sentidos por parte de crianças e jovens pode ajudar a
iluminar essas e outras questões relevantes, profundas e decisivas para a nossa
compreensão dessa verdadeira “geração mídia” (media generation), para a qual a cultura
da mídia se torna cada vez (e cada dia) mais parte daquilo que Silverstone (2002)
caracteriza como a “textura geral da experiência” no mundo de hoje.
Referências Bibliográficas
FERNANDES, Adriana Hoffmann (2003). As mediações na produção de sentidos
das crianças sobre os desenhos animados. Dissertação (mestrado) - Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, Rio de Janeiro
SILVESRTONE, R. (2002) Por que estudar a Mídia?, São Paulo: Edições Loyola