Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
R. C. N. Uamir¹ e N. C. L. Zandamela²
Maputo-Moçambique
RESUMO
1
INTRODUÇÃO em análise, e prever como futuras
inconstâncias ambientais afectaria a
O sedimento costeiro sustenta um
estruturação da comunidade Bentónica. Por
abundante e diversificado grupo de
outro lado, os Bentos permitem a aeração e
organismos, os diferentes sedimentos
remobilização dos fundos marinhos,
condicionam comunidades distintas, não só
acelerando a mineralização e
quanto a composição específica mas também
consequentemente a produção primária e
quanto a dominância em termos de grandes
secundária (Belúcio, 1999).
grupos taxonómicos (Cardoso, 2006). As
comunidades bentónicas, são Neste artigo pretende descrever a
intrinsicamente dependentes do sedimento, e composição da Macrofauna bentónica de
por via disso a dinâmica das praias e os diferentes substratos na Ilha da Inhaca (na
factores abióticos (temperatura, salinidade, praia em frente a EBMI), determinar a
humidade) exercem grande influência sobre densidade e a abundância total por grupos
estas comunidades (Salvat, 1964 e Pormory taxonómicos nos três substratos, determinar
et al., 1985 citado por Amaral e Nallin, o padrão de distribuição da espécie mais
2001). Defeo et al, (1992) e Mc Ardle e comum nos três extractos, o índice de
McLachlan (1992) citado por Amaral e diversidade e o índice de equitabilidade e
Nallin (2001) explicam que a granulometria relacionar os parâmetros físicos
do sedimento e a estruturação das praias (granulometria do substrato, matéria
estão entre os principais factores dominantes orgânica, teor de humidade, temperatura
na estruturação dos bentos. salinidade) com a distribuição e abundancia
dos organismos.
Os Bentos, representam a biota dos
organismos ligados ao fundo, e de interface
da água com materiais sólidos,
desempenhando um papel importante no
fluxo de energia nos ambientes marinhos e
estuarinos (Belucio, 1999). O conhecimento
destes organismos, e a sua distribuição,
proporciona uma visão de como é regida a
dinâmica de energia e de nutrientes nas áreas
2
METODOLOGIA Técnicas de Campo e áreas de
Amostragem
Área de Estudo
A amostragem foi realizada durante
A Ilha da Inhaca Localiza-se no sul
o período da baixa-mar, foram feitas três
de Moçambique, a 32Km defronte a Cidade
quadrículas de 50m² cada e divididas em 25
de Maputo, com uma área total de 42Km² é
quadradinhos de 2m2, nos três substratos de
a maior das duas ilhas que formam o
estudo (Arenoso e Ervas Marinhas, em
Arquipélago da Inhaca. Situa-se entre
frente ao EBMI, e Lodoso, no Mangal
25º57’49”S e 26º05’00”S (Pereira e
adjacente). Fez-se a amostragem aleatória de
Nascimento, 2016). Na costa ocidental da
5 quadradinhos.
Ilha, abrigada da ondulação oceânica, as
praias são arenosas de grãos finos e rasas Colheita de Sedimento
(Moreira, 2005). A área de colecta das
Com o auxilio de um ponto de
Amostras localiza-se em frente a EBMI e no
referencia prosseguiu-se a colecta de
mangal junto a ponta Rasa como se verifica
sedimento com o tudo de substrato móvel,
no mapa que se segue (figura 1).
tendo-se armazenado o sedimento de cada
quadradinho, em um saco plástico
devidamente etiquetado.
Parâmetros
3
antes do inicio da colheita das amostras e no Granulometria
final do trabalho.
As amostras para o tamanho dos
Crivagem grãos, foram submetidas a crivagem, em
uma organização de crivos que compreendia
Fez-se a crivagem de todo o
as malhas de 2.0mm; 0.90mm; 0.55mm;
sedimento colhido (no ponto 1) com o crivo
o.25mm; 0.125mm; 0.70mm; e a base.
de 2mm, de forma a recolher todos os
Nisto, retirou-se o peso do conteúdo
organismos nas amostras, e armazenou-se
presente em cada malha (vide tabela 4).
em formalina. No laboratório, fez-se a
identificação dos organismos colectados, e Matéria Orgânica
retirou-se o peso dos mesmos, agrupados em
As amostras para o teor de MO,
Filos.
foram queimadas em uma incineradora a
Analises Laboratoriais 550ºC durante duas horas e meia. De
seguida, fez-se a pesagem do conteúdo
Após 1 semana de secagem ao ar
presente nos cadinhos, tendo se registado o
livre do material colectado (para
peso das cinzas (vide tabela 5).
granulometria e MO). As amostras foram
submetidas aos processos de pesagem em Análise de Dados
cadinhos (15g para a MO e 30G para a
A abundancia foi expressa por organismos
Granulometria). A posterior, as amostras
por 2m2. Os dados foram analisados e a
lodosas granulométricas foram lavadas com
posterior calculados a diversidade
um volume de 1L de água, usando um crivo
especifica, usando a formula de Shannon ( H’
de 4μm, filtrou-se a solução, e colocou-se o
= -Σ pi ln pi) e o índice de Equitabilidade (J=
filtro na estufa. O remanescente que se
H’ / ln s).
encontrava no crivo foi colocado no
respectivo cadinho e juntamente com as
restantes amostras foram submetidas a
secagem em uma estufa, durante dois dias.
4
RESULTADOS Depois 26 22 S
Parâmetros
Temperatura Salinidade
Antes 25,5 37
Depois 26 37
Temperatura Salinidade
Antes 25,5 37
Depois 25,5 37
Temperatura Salinidade
Antes 28 22
5
Densidade e
Abundância-Arenoso Abundância Poroonis/parAbundância
Abundância anis fulgens
Spaerodorum Pr
20%
gracile ca
De uma forma Pareulepis Acenicola
Vo
14% geayi loveni
geral, o filo Orbinia Se
2% 3%3% 20%
andicapequen 60% me
Guenia29%
3% 13% sis
Annelida mostrou- 2%
fUsiformes
2% Spinculus
2%
se bem nudus
14% Marhyza sp. 3%
Ophionereis
representado. dubia 2%
Marphysa
Fig. sanguinea 4.
15%Glycera 5%
Sendo que no tridactia Aricidea sp. da
Demonstração
substrato arenoso Osinia
Ootila angrapefrensi
abundância 8% de
a espécie mais 14% 14%
genestreta s
Capitella com
espécies,
abundante foi a capitela
2%
Sipunculus sp. Phyllodoce
destaque
8% para a
Pareulepsis geayi 14% 25% rosea
Nephtys
Protonela
com dois hombergii
2% Sipunculus
capensis
indivíduos, nas sp.
Fig. 2. Amphipholis
(gastropoda).
ervas nota-se squamata
Representação da
maior presença da Comparando os
abundância das
espécie Capitella Fig. 3. Ilustração três substratos, as
espécies no
capitata com 15 da abundância das ervas foram as
substrato arenoso.
indivíduos, e no espécies no mais ricas em
subtrato lodoso, substrato de Ervas espécies, e em
registou-se Marinhas, com abundância de
dominância da ênfase a espécie espécies, sendo
espécie Protonela Capitella capitata que o lodo foi o
capensis (vide como a mais substrato menos
figuras abaixo). abundante. rico com apenas
dois filos
(Mollusca e
Arthopoda).
Diversidade
Especifica
6
Das três áreas de específica entre os (vide figura 5 e Em suma,
amostragem, três substratos. tabela 3 em os resultados da
registou-se maior anexo). granulometria
diversidade indicam um índice
específica no Indice de equitabilidade
acentuado de
1
substrato ervas tamanho dos grãos
0.95
Indice de equitabilidade
Marinhas (vide 0.9 na manha de
figura 4), com o Índice de 0.85 0,125mmI. de (areia
0.8 equitabilidade
Índice de Shannon Equitabilidade fina) para os três
0.75
de 2.373 como se so s o
substratos, de
no ha os
Este índice mostra r e a
ir n
Lo
d
pode verificar na A m seguida a malha
s
como as diferentes va
Er
tabela em anexo de 0,25 (areia
espécies se Substratos
(vide tabela 2), o media). A tabela
encontram
índice de Shannon Fig. 6. de pesos dos grãos
distribuídas,
mede a Apresentação do retidos em cada
indica se as
diversidade de índice de malha nos
espécies presentes
uma comunidade. equitabilidade, diferentes
têm distribuição
distribuição substratos está em
divergente ou
Indice de Diversidade (Shannon) semelhante das anexo.
2.5 semelhante, se o
espécies nos três
2 índice for 1 indica
substratos.
Indice de diversidade
Granulometria - Are
1.5 que todas as
25
1 espécies têm
Indice de 20
0.5 Diversidade
distribuição
0 15
o s semelhante.
o No
os ha do
s
ir n
Peso (g)
n 10
A re a L caso
o presente
asm
v pode-se assumir
Er 5
m
s
substratos todas as
0m
Ba
90
00
55
Fig. 5. Diferenças
2
07
12
2,
espécies
na diversidade Granulometria Malhas
distribuem-se de
forma semelhante
7
Fig. 7. Ilustração
da diferença de
grãos de areia
retida em malhas
de diferentes
diâmetros, no
substrato arenoso.
Granulometria - Lodoso
4
Granuometria - Ervas
3.5
16
3
14
12 2.5
10 2
Peso (g)
8 1.5 Lodoso a
Ervas a
Peso (g)
6 1 Lodoso b
Ervas b
4
0.5 Ervas c
2
0 0
0, m
0, m
0, m
0, mm
0, mm
m
se
0, m
0, m
0, m
0, mm
0, mm
m
00 se
m
m
m
0m
Ba
m
m
m
0m
2, Ba
25
5
90
55
00
55
25
5
90
12
07
12
07
2,
Malhas Malhas
8
Matéria Orgânica
Materia Organica
4
3.5
3
2.5
2
Peso (g)
1.5 M.O
1
0.5
0
c
c
a
a
b
b
b
as
o
so
as
o
so
as
so
o
os
os
os
do
v
do
v
do
Er
Er
en
Er
en
en
Lo
Lo
Lo
Ar
Ar
Ar
Amostras
9
inconsolidado que pode estar
10
mostra uma fauna morta era Acções v.br/capitalhuman
uniformidade nos elevada, facto que Prioritárias da o/arquivos/prh05/
tamanhos dos pode explicar a Biodiversidade do carolina-delfante-
grãos (0,125mm), quantidade de Bentos Marinho de-padua-
porque todas matéria orgânica. no Brasil. 54pp. cardoso_prh05_un
amostragens de Disponível em esp_g.pdf.
REFERENCIAS
todos os http://www.brasil- Consultado no dia
substratos foram Amaral, A. C. Z. e rounds.gov.br/rou 26 de Novembro
feitas em zona de S. A. H. Nallin. nd6/arquivos_r6/g de 2016.
praia abrigada, e (2001). uias/PERFURAC
Costa, L. A. et al.,
um declive muito Biodiversidade e AO/PERFURAC
(2009). Estrutura
baixo, de acordo Ecossistemas AO_R6/refere/Be
da macrofauna
com Cardoso bentónicos ntos.pdf.Consulta
bentonica em
(2006) quanto Marinhos do do no dia 26 de
relação a
maior o declive Litoral Norte de Novembro de
diferentes tipos de
menor a São Paulo 2016.
sedimento. Sao
diversidade de Sud1este do
Cardoso, C. D. P., Lourenco. Brasil.
organismos e Brasil. 574pp.
(2006). Estudo da
quando maior a Disponível em Gray, J. S., Elliot,
Macrofauna
partícula de http://www.bibliot M., (2009).
Béntica na Praia
sedimento maior a ecadigital.unicam Ecology of marine
do Parque
diversidade. p.br/document/? sediments: from
Estadual da Ilha
down=000812694. science to
A quantidade do Cardoso como
pdf. Consultado management. 2a
de matéria Subsídio e
no dia 11 d Edição. Oxford
orgânica, foi Elaboração de
Novembro de University Press.
maior no substrato Cartas de
2016. New York.
arenoso e menor Sensibilidade
no substrato de Belúcio, L. F. Ambiental e Júnior, F. W. et
ervas. No (1999). Derrames de al., (2013).
substrato arenoso Diagnostico para Petróleo. Anelídeos
a quantidade de Avaliação e http://www.anp.go Poliquetas da
11
costa oeste do Portugal.121- Fig. 12.
Abundância - Grupo
Ceará. 135pp. Representação da
http://www.mma.go abundância dos
Pereira, I. J. J. F e
v.br/estruturas/chm/ 3% 8%
grupos no
2%
_arquivos/24_06_P
F. R Nascimento, Poliquetas
substrato lodoso.
Patelmintes
olychaeta.pdf (2016). Avaliação
Equinodermata
dos Recursos Artropoda
Moreira, M.E
Naturais na Ilha
(2005). A
da Inhaca (Oceano 87%
Dinamica dos
Indico,
sistemas litorais
Moçambique):
do sul de
Primeira Fig. 13.
Moçambique
Aproximação. Representação da
durante os ultimos
ISSN: 1984-8501 abundância dos
30 anos. Vol.79.
Bol. Goia. Geogr. grupos no
Finisterra.
(Online), 19 (1) substrato de ervas.
Universidade de
307-326.
Lisboa.
Abundância - Grupo
14%
Poliquetas
14% Crustaceos
20%
Platelmintes
Gastropodes
Crustaceos
71%
80%
Fig. 11.
Representação da
12
Tabela. 4. GranulometriaX
13
Substrato Número de Numero de Índice de Shannon Índice de equitabilidade
especies/substrato individuos/substrato
Arenoso 6 7 1,742 0,972228711
Ervas marinhas 17 60 2,373 0,837564882
Lodoso 3 5 0,948 0,862906787
14