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Artigo... Disciplina 2020..
Artigo... Disciplina 2020..
Alice Teles*
(Graduanda em filosofia-UEPA-)
RESUMO
Este trabalho pretende trazer uma pequena reflexão sobre a crítica que Nietsche faz à moral cristã e para tanto
interessa-se analisar de ante mão alguns conceitos como bem e mal os juízos que fundamenta todos os processos
avaliativos dos valores morais, e que em determinando momento sofreu uma inversão de sentidos de valorativos,
busca entender o que é o ressentimento e como caracteriza na má consciência e, e tentar compreender o termo
transvaloração dos valores, no qual quer inferir numa nova forma de conceber novos . Pois para Nietzsche a moral
Cristã a partir do contexto histórico de seus ancestrais -os judeus- inverteram os valores que era exaltados pela
moral aristocrática, para um modo valorar dos escravos, essa nova forma de conceber trouxe uma grande
degeneração na consciência humana, que busca incessantemente se desfazer de sua natureza e de seus instintos;
essa forma de agir e pensar faz do homem um animal adestrado, de consciência pesada, o que Nietzsche vem
chamar de má consciência, como meio de superação desse caráter reativo, que é o princípio do ressentimento o
filosofo aponta a Transvaloração os valores seria um modo inverter esses novos valores, não de modo
transcendental. Esse trabalho busca entender como o cristianismo se proliferou e como é visto seu modo de valorar
moral.
ABSTRAT
This work intends to bring a little reflection on the criticism that Nietsche makes to Christian morals and for this it is interested to analyze beforehand some
concepts as well and evil the judgments that underlies all the evaluative processes of moral values, and which in determining moment suffered an inversion
of meanings of valortives, seeks to understand what is resentment and how it characterizes in bad consciousness and , and try to understand the term
transstocking of values, which you want to infer in a new way of conceiving new ones. For Nietzsche christian morality from the historical context of his
ancestors -the Jews- reversed the values that were exalted by aristocratic morality, for a valued way of slaves, this new way of conceiving brought a great
degeneration in the human consciousness, which constantly seeks to get out of its nature and instincts; this way of acting and thinking makes man a trained
animal, with a heavy conscience, what Nietzsche comes to call bad conscience, as a means of overcoming this reactive character, which is the principle of
resentment the philosopher points to Transvalorization values would be a way to reverse these new values, not in a transcendental way. This work seeks to
understand how Christianity has progressed and how its way of moral valorization is seen. Key words: Christian morality, resentment and
transvalorization
O filosofo da suspeita
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em um vilarejo de Rocken, na Prússia, no dia
15 de outubro de 1844.O pai, Karl Ludwig, era pastor protestante sua mãe, Franziska
Oehler, também vem de uma família de pastores. Ele tem dois irmãos: Elizabeth e Josep,
porém o segundo morreu ainda quando pequeno. Seu pai em 1849 sofreu um acidente,
decorrente uma queda ficou paralitico e sego. Sua mãe, viúva, teve que mudar com os
filhos para Naumburgo, neste lugar Nietzsche começa seus estudos não se adaptando a
convivência social, passa, aos quatorze anos, a ingressar no Colégio Real de Pfort onde
dedica-se à leitura, dedica grande parte de seu tempo ao estudo de teologia, pois
pretendia tornar-se pastor. Funda uma associação literária chamada "Germânia" junto
com os amigos Carl Von Gersdoff (1844-1904) e Paul Deussen (1845-1919) em 1863.
Em 1879 é um dos piores anos de sua vida, com fortes dores de cabeça e na vista
impedindo com frequência de ler e escrever, impossibilidade que lhe sobrevinha já fazia
seis anos. Com a saúde debilitada as obrigações profissionais começam a ter um grande
peso, interrompida em 1889 por uma crise de loucura que durou até sua morte em 25 de
agosto de 1900. Em maio entrega a carta de demissão a Universidade de Basiléia, e com
a ajuda de Overbeck, passa a receber uma pensão de quatro mil francos por ano,
servindo de ajuda até seus últimos dias. Nietzsche abraça uma vida errante: percorre
vilarejos da suíça, passa alguns tempos em Naumburgo. Publica dois apêndices- humano
demasiado humano, Miscelânea de opiniões e sentenças, O andarilho e sua Sombra- Até
setembro de 1888, Nietzsche era parcialmente desconhecido, suas obras eram quase
despercebidas, mas com o livro " Assim Falava Zaratustra" começou a sair um pouco do
Anonimato. É, portanto, na obra genealogia da moral (1886), que Nietzsche vem tratar
com mais precisão sobre a origem da moralidade, além disso, como essa moral se aplica
em todos os atos do ser humano, e é neste contexto que surge o binômio bem e mal- bom
e mau, que se ergue de alguma maneira como forma de manipulação e interesse.
[...] Descobri que, em toda a parte “nobre”, “aristocrático”, no sentido de ordem social, é o conceito
fundamental, a partir do qual se desenvolve necessariamente “bom” no sentido de “que possui
uma alma de natureza elevada”, de que “possui uma alma privilegiada” Esse desenvolvimento se
efetua sempre paralelamente a outro que acaba por evoluir de “comum”, “plebeu”, “baixo” para o
conceito de “mau”. (NIEZSTCHE,2020, p 24)
Creio poder interpretar o termo latino Bonus (Bom) como “o guerreiro”: uma vez que possa fazer
remontar Bonus a sua forma antiga de duonus (compara-se Bellum= duellum=duen-lum, que me
parece conter também esse duonus). Bonus seria o homem da discórdia (duo- dois), o guerreiro:
nota-se o que, na Roma antiga, constituía a “bondade” de um homem. Nossa palavra alemã gut
(bom) não significaria gottlich (divino), o homem de origem divina? E não seria sinônimo de goth
designativo de um povo (mais originalmente da nobreza)? As razões em favor dessa hipótese
surgem do tema presente. (NIETZSCHE, 2020, p.27)
É na inversão dos valores que o povo sacerdotal começa a ter sua sede de
vingança a ser realizada, para Nietzsche, os judeus que souberam inverter os valores
com uma coerência terrificante, o bom= nobre=poderoso=belo=feliz, torna-se os maus,
enquanto os miseráveis são bons, os pobres, os impotentes, os pequenos, aqueles que
sofrem, os necessitados, enfermos, feios, esses sim são os seres piedosos, os únicos
abençoados por Deus, somente neles existe a boa aventurança- os outros, os poderosos,
guerreiros são por todo a eternidade os maus, os cruéis, os concupiscentes, os
insaciáveis, ímpios, por toda eternidade os malditos e condenado. Ocorre que os judeus
foram a árvore que gerou frutos, e o fruto dessa herança, adivinha, foi o cristianismo, diz
Nietzsche:
[...] -do tronco dessa arvore da vingança e do ódio, do ódio judeu- do ódio mais profundo e mais
profundo e mais sublime, aquele que cria ideias, que inverte os valores, que nunca teve
semelhante na terra- do tronco desse ódio surgiu uma coisa de todo incomparável, um novo
amor, a mais profunda e mais sublime forma de amor [...] Esse jesus de Nazaré, evangelho do
amor encarnado, esse “redentor” que traz a bem aventurança e a vitória aos pobres, enfermos,
aos pecadores. (NIEZSTCHE, 2020, p.30)
O que Nietzsche identificou no seu estudo sobre a origem do “bom e do mau” foi
que existiu uma moral dos escravos e uma moral dos aristocráticas. A rebelião escrava
começou com a união dos sacerdotes com o povo, os sacerdotes vivam em conflitos com
os reis, estes não cediam espaço para os sacerdotes manifestar o seu poder resolveram
levar a mensagem do divino ao povo, como o povo era escravo, a mensagem sacerdotal
se “vestiu de outras roupas”. Os sacerdotes e os escravos formam essa casta de
ressentidos; o ressentimento é aquele que não reage diante de uma ação, ou nega a
ação, essa castra aposta em uma vingança imaginaria; enquanto toda a moral
aristocrática nasce de uma afirmação de si mesma, a moral dos escravos põe um “não” a
tudo que não é seu, a um outro jeito, que não é ele mesmo; esse não é seu ato criador.
Uma grande questão da moral escrava foi precisamente o ressentimento, a moral escrava
necessitou emergir de um mundo oposto e exterior, em uma expressão fisiológica de
estimulantes externos para agir, ou melhor dizer sua ação é alicerçada em uma reação, o
contrário, o modo de avaliar aristocrático é respaldado no agir, em dizer sim a si mesmo,
e para ele o mau é um ser pouco, ser comum, servil. Enquanto a moral escrava o mau é
quem pode imprimir nele alguma força, quem o faz ficar ferido, e foi, portanto, a moral dos
escravos que prevaleceu.
Não traz oculta em si vingança que vê longe, subterrânea, que progride lentamente e que calcula com
antecipação, o fato que Israel teve de negar de fronte do mundo e pôr na cruz o verdadeiro instrumento da
vingança, como esse instrumento fosse seu inimigo mortal, a fim de que o mundo todo, isto é, os inimigos
de Israel, tivessem menos crepúsculo em morder a isca mais funesta e perigosa. (NIETZSCHE, 2020, p.30)
O que ocorre nesta fabula é simplesmente uma avaliação entre duas possíveis
posições morais. A moral do rebanho, escrava ou sacerdotal (ovelhinhas) observa a ave
de rapina e diz que eles são maus, e, portanto, ele é bom, uma premissa que é
sustentada sempre numa negação do outro para assim se afirmarem. Exige que a força
daquele caçador de tal modo se anula, pois assim, não será diferente, será como eles; as
aves de rapina são vistas como maus às ovelhinhas por serem carnívoras, violentas e
perseguidoras.
Isso não quer dizer e as ovelhas são boas, pelos contrários, são acumuladores de
medo, inveja e sentimentos que não podem serem capazes de ser lançados para fora,
ocorre é que as ovelhas sabem sua fraqueza, e quer se salvar, logo o único método
possível de poder garantir isso, é persuadir. Então o bom é todo aquele que não brutaliza
e que espera sua vingança em Deus, que se resguarda, que exige pouco da vida, os
pacientes, humildes, os justos, esse é o modo dos cordeirinhos viver, e esse é o modo
também que os valores estão sendo pregado, a partir dessa nova moral que venceu. A
moral que prega a bondade está escondida numa impotência da represália, no a qual
eles chamam de humildade; ficam submisso a alguém que dizem que ordena essa
submissão (Que chamam de Deus).
Os juízos aristocráticos de avaliar eram ditos como “bom e ruim “, enquanto que os
escravos e sacerdotes concebiam como “bom e mau” que travou durante anos milhares
de combate terríveis e que por mais que o segundo valor seja o mais preponderante, não
faltam até os dias atuais áreas de combate. Nietzsche põe até em questão os romanos e
os judeus, os romanos fortes e nobres viveram intensamente seus valores, e os judeus?
Estes Nietzsche os chamam de ressentidos que dotam de uma genialidade ímpar em
matéria de moralidade e que lutou com bastante astucia e silêncio até conceber seu,
enfim, canto de vitória, invertendo os valores do valor “bom e mau”.
FUNDAMENTOS DO RESSENTIMENTO
Nietzsche considera que a relação do homem com o mundo é assinalada por uma
competição. Essa competição é marcada por uma vontade de poder, ou seja, o homem
quer sempre impor mais dele no mundo. Ele concebe o corpo como um campo de forças,
no qual há um combate de poderes e estímulos que se confrontam e se dilatam a todo
momento, e esses impactos produzem, eventualmente, ilustrações na nossa consciência,
decorrente dos nossos aparelhos sensoriais. O processo saudável de uma boa apreensão
psíquica, segundo Nietzsche, é quando a consciência recebe as ilustrações, estes dados
emitidos por essas forças e que depois passa por um estado de digestão no inconsciente.
O responsável por essa digestão é o esquecimento, uma força ativa, que trabalha em prol
de manter a consciência sempre limpa não permitindo que os afetos fiquem alojados nela.
Cabe evidenciar que para o filosofo o esquecimento não apaga uma
memória, mas converte em uma condição de fonte alimentícia, no qual, o sujeito possa
está apto para receber novos estímulos. Pois essa força ativa, funciona como protetora da
nossa ordem psíquica, sem ela não haveria felicidade, jovialidade, esperança, orgulho e
“presente”. Todavia, aquele no qual prevalece as forças reativas, nos ressentidos, este
tem o mal funcionamento do esquecimento e é caracterizado como aquele que não
consegue dá conta de nada, simplesmente, pois não conseguir fazer a digestão dos
afetos, bem como aquilo que sentiu, ou que lhe foi causado em sua máxima potência,
Nietzsche diz:
Diferentemente, a alma, é eterna, perfeita, harmoniosa e que sofre por estar num
corpo que atrapalha sua ação, que a impede de ser perfeita e universal. É assim que a
razão Socrática-platônica surge. De acordo com a noção Nietzschiana, a abominação
socrática pela existência, no qual o homem é dotado de uma razão já existente dentro
dele; o planejamento metafisico de dividir o sensível do inteligível em Platão é início de
resultado de uma desvaloração da vida, onde diversos princípios morais, em principal a
moral cristã mais se apoia para fundamentar suas crenças existências, Bittencout
esclarece
Má consciência
Todo um mundo interior, originalmente pequeno, como que encerrado entre duas peles, cresceu e
eclodiu, ganhou em profundidade, em largura, em altura, na medida em que a exteriorização do
homem foi inibida. As formidáveis barreiras que a organização social construía para defender
contra os antigos instintos de liberdade- os castigos fazem parte da primeira linha dessas
barreiras- conseguiam que todos os instintos do homem selvagem, livre e vagabundo, se
voltassem contra o próprio homem. A hostilidade, a crueldade, o prazer em perseguir, na
agressão, na mudança, na destruição, tudo isso se dirigia contra o detentor desses instintos, essa
é a origem da “má consciência” (NIETZSCHE, 2020, p.75)
BITTAR, EDUARDO. nietzsche: niilismo e genealogia moral. São Paulo: USP.2013. p.25
consciência.org. 2013.Site:
www.revistas.usp.br/rfdusp/article/download/67598/70208/0PDF 28 de outubro 2020.