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2009
3
Ficha catalográfica
158 p.
CDU 159.9 : 140.30
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Editado pelo:
Introdução
a) Quanto aos objetos formais (fins) – A Ciência se interessa mais pelos acidentes
enquanto que a Filosofia pela essência dos seres. Pode-se dizer também que a Ciência se
interessa mais pela(s) causa(s) que precede(m) imediatamente a qualquer efeito
considerado, enquanto que a Filosofia está disposta a investigar até a última de uma série de
causas ou a razão final de qualquer efeito. Ambas têm o mesmo objeto material, o
conhecimento do universo em geral, mas diferem quanto ao objeto formal. A ciência visa
aos acidentes, propriedades ou aspectos funcionais do objeto. A Filosofia visa à substância,
natureza ou aspectos ontológicos do objeto.
1
Do grego hylé=matéria, e morphe=forma.
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Sem embargo, o cientista também usa o método dedutivo quando trata de idear suas leis
gerais, especialmente quando lança mão da observação e da introspecção, e o filósofo usa o
indutivo quando parte dos fatos observados, dados científicos ou de raciocínios prévios
para chegar a suas conclusões.
São Tomás ensina que um corpo doutrinário está subordinado a outro quando este
último é capaz de dar-nos a razão última das coisas de que trata o primeiro (E.B.T., q. 5, a.
1, r. a. obj. 5, apud BRENNAN, 1969b). Em conseqüência, o enfoque tomista subordina a
Psicologia Científica à Filosófica, uma vez que é a Filosofia que nos dá, em última
instância, as razões pelas quais o homem é o que é, e age como age.
Segundo os Padres Farges e Barbedette (1923, p. 1 e 3) a Psicologia se encaixa na
Filosofia dentro do estudo da Metafísica especial, seguindo o da Cosmologia e preparando
o da Teodicéia. Na tradição escolástica, encontramos a divisão entre Metafísica geral (ou
Ontologia), que estuda o ser e a realidade em seu sentido transcendente, e Metafísica
especial, que analisa os domínios específicos do real, a qual se subdivide em Cosmologia
(ou Filosofia natural), Psicologia filosófica (ou tratado da alma) e Teologia natural (ou
Teodicéia). A Cosmologia é o estudo do universo e da essência da realidade material e a
Teodicéia é a parte da Filosofia que estuda racionalmente a existência e os atributos de
Deus, sem o recurso à Revelação.
Além desse entrelaçamento, de especial interesse para o estudante de Filosofia e de
Teologia, a Psicologia se relaciona com praticamente todas as demais ciências humanas,
dada a abrangência de seu campo de atuação.
2) Métodos básicos
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Por “aspectos formais” se entende aqui os relativos à forma de um ser. A forma, segundo Aristóteles, é o
princípio que determina a matéria, fazendo-a ser aquilo que ela é. Uma comparação simples pode auxiliar a
compreensão do leitor não habituado à linguagem filosófica: uma mesma matéria, barro, por exemplo, poderá
se tornar um prato, um copo ou uma estátua, de acordo com a forma que lhe seja dada.
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Barbado (1943) compila também as correntes que discutem quais são as faculdades
de que se deve lançar mão para se obter os dados da experiência em Psicologia. Em outros
termos, quais os critérios de verdade para a experimentação nesse campo.
c) Posição mista – A maioria dos psicólogos adota um ou outro critério em função dos
dados que deseja recolher, “olhando para dentro” quando não se pode observar “de fora”, e
utilizando a experiência e observação externa sempre que a introspecção não seja
suficiente. Théodule Ribot (1915, p. 283, apud BARBADO, 1943, p. 54) afirmava: “Sans
introspeccion, rien ne commence; avec elle seule, rien ne s’achève” (“Sem introspecção,
nada se começa; apenas com ela, nada se completa”).
Só a consciência – Consciencistas
Critérios para
colher dados Só os sentidos – Sensistas
em Psicologia
Tanto os sentidos quanto a consciência – Posição mista
5
Voltaremos a nos referir a tal escola no capítulo destinado à história da Psicologia no século XIX.
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4) Variáveis da pesquisa
5) Exemplo concreto
6
Sobre tais escolas, vide capítulos 2 e 11.
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1) Testes
· As pessoas estudadas (sujeitos) devem ser protegidas contra qualquer dano físico e
mental, devendo ser tratadas com respeito e dignidade, evitando serem expostas a
riscos, ou minimizando estes.
· Os sujeitos deverão dar previamente seu consentimento informado, ou seja, estarem
cientes de tudo que possa influir sobre sua decisão na participação (objetivos da
pesquisa, riscos, tempo do estudo, etc).
· Naqueles estudos em que a informação prévia possa alterar os resultados, o
investigador deve procurar procedimentos alternativos para evitar qualquer engano ou
desinformação aos sujeitos. Se isto não for possível, deve assegurar-se de que o
engano não prejudique a pessoa e que esta será informada de tudo tão logo seja
possível.
· As pessoas estudadas devem ter a possibilidade de negar-se a participar de uma
investigação ou retirar-se dela a qualquer momento, ainda que sejam estudantes,
clientes ou empregados do pesquisador.
· O investigador chefe é o responsável por seu próprio comportamento ético bem como
pelo de toda a equipe, sendo cada qual também co-responsável.
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Como vimos no segundo capítulo, São Tomás de Aquino dava tal importância à
Metodologia que advogava a necessidade de se “conhecer o método de uma ciência antes
de estudá-la” (E.B.T., q. 6, a. 1, ob. à seg. parte, r. 3, apud BRENNAN, 1969b, p. 41).
Como conseqüência, a Psicologia Tomista é um feliz exemplo de equilíbrio na utilização
dos dois métodos básicos de estudo aplicáveis às ciências: o analítico e o sintético. Pois
quando se ocupa dos aspectos materiais do objeto que investiga, tende a empregar o método
analítico-indutivo, e quando trata dos aspectos formais, tende a usar o sintético-dedutivo,
partindo do já conhecido para atingir novas explicitações (BRENNAN, 1969b).
3) O método tomista
Em que pesem tantas e abalizadas opiniões, alguém poderia objetar que o método da
observação, especialmente quando introspectiva, estará sempre condicionado pelo caráter
subjetivo que lhe é intrínseco. Em outros termos, o indivíduo pode “observar” apenas
aquilo que lhe convenha, quer por razões conscientes, quer subconscientes, principalmente
quando o assunto diga respeito à sua subjetividade.
Tal objeção “objetivista”, entretanto, parece carecer de objetividade. Com efeito, a
mesma crítica poderia ser aplicada ao método experimental, ao estatístico ou ao
instrumental-científico. Pois onde está o ser humano, aí está a subjetividade, revista-se ela
do aparato tecnológico que se revestir. Nesse sentido, consta que Churchill teria chegado a
comentar, jocosamente, que só acreditava nas estatísticas que ele mesmo falsificava
(MANSEL, 2003)...
A exceção, portanto, não invalida a regra. A utilização fraudulenta ou inadequada de
um método científico, seja ele qual for, não é pretexto suficiente para invalidar o esforço do
conhecimento humano.
Controvérsias à parte, o fato histórico é que São Tomás serviu-se da introspecção,
além do raciocínio especulativo, indutivo e dedutivo, como método de trabalho. Se foi feliz
ou não em sua escolha, o estudo de suas contribuições à Psicologia poderá ajudar a julgar.
460 a.C.), Empédocles (490-430 a.C.), Anaxágoras (500-428 a.C.), Demócrito (460-370
a.C.), Pitágoras (570-497 a.C.) e Hipócrates (460-377 a.C.). Braghirolli et al. (2005),
consideram que foram Sócrates (470-395 a.C) e Platão (427-347 a.C.) os que despertaram o
interesse pela natureza do homem, trazendo, em conseqüência, muitas questões sobre a
psicologia humana para o centro das cogitações filosóficas.
Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, é considerado o primeiro filósofo a
formular uma doutrina sistemática sobre os processos da vida psíquica e sobre a alma
propriamente dita, especialmente nos seus três livros De Anima. Embora certos autores o
vejam como basicamente racionalista, ele é apontado como o primeiro a valorizar a
observação, inclusive a introspecção, como metodologia de estudo. Por conta disso, além
de ser visto como iniciador da Psicologia Filosófica, há quem o considere também o pai da
Psicologia empírica ou experimental, embora esta só tenha surgido oficialmente no século
XIX.
Com efeito, como já referido no capítulo anterior, Barbado (1943) traz em favor
dessa tese citações de Myers, Elsenhans, Ward, Soury, Mc. Dougall, Baldwin & Stout,
Hoffding, Villa, Dessoir, Dunlap, Ebbinghaus, Külpe, e Kiesov. Transcrevemos acima as
palavras de Myers e Kiesov. A título de exemplo, acrescentamos algumas de Dunlap (1922,
p. 7, apud BARBADO, 1943, p. 101): “A Psicologia Científica não é uma invenção nova,
senão simples desenvolvimento lógico da antiga Psicologia (...) e pela mesma razão resume
o trabalho realizado pelos psicólogos desde Aristóteles até nossos dias”; de Villa (1911, p.
6, apud BARBADO, 1943, p.99): “É inegável que a concepção de Aristóteles assinala o
primeiro passo da Psicologia Científica”; e de Baldwin e Stout (1902, verbete Psychology
no Dictionary of Philosophy and Psychology, apud BARBADO, 1943, p. 99): “Deve-se
dizer que a Psicologia, enquanto ciência sistemática dos processos psíquicos e de suas
condições, começou em Aristóteles”.
Naturalmente, existem autores que não concordam com estas opiniões, como Brett
(s.d.) por exemplo, geralmente por terem um conceito diferente do que seja ciência e
método científico. Brett (s.d.) – que aliás não era cientista, mas historiador – afirma que
Aristóteles foi um grande compilador, uma vez que era o diretor do Liceu de Atenas,
instituição que era uma espécie de central que selecionava e catalogava os descobrimentos
de numerosos investigadores da época, e que só os que equiparam a ciência à compilação
de uma enorme enciclopédia poderiam ver em Aristóteles o iniciador do método científico.
Apesar disso, Brett (s.d.) reconhece que sua obra representa um grande avanço, do ponto de
vista científico, em relação à de seu mestre, Platão. Tampouco nega o valor de sua obra
especulativa e de síntese.
O mesmo autor reconhece ainda que a morte de Aristóteles marcou o fim de uma
era, porque a inquietude especulativa dos gregos ter-se-ia diluído em sucessivas filosofias
de vida, do mesmo modo que seus estados se diluíram em sucessivos impérios. Após
Aristóteles, Brett (s.d) considera que os estóicos e os epicuristas, e que médicos como
Asclepíades (124-40 a.C.) e Cláudio Galeno (131-200 d.C), ainda trouxeram alguma
contribuição à Psicologia. Vale ressaltar que, segundo Brennan (1969a), Galeno é o autor
da célebre divisão dos temperamentos em sanguíneos, fleugmáticos, melancólicos e
coléricos. Brett (s.d.) registra que, por volta de 300-250 a.C., teria havido uma síntese das
histórico e quando aparecem pela primeira vez no texto, podendo repeti-las ou não nas referências
subseqüentes.
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Tanto Brennan (1969a) quanto Brett (s.d.) consideram que o período que vai da
morte de Santo Agostinho até São Tomás foi marcado mais pela conservação do saber
antigo, no tocante à Psicologia, do que por seu desenvolvimento ou difusão. Sem embargo,
citam alguns autores que teriam aportado contribuições ao seu estudo. Dentre os que
tiveram influência neste período, além de Santo Agostinho, Brett (s.d.) destaca alguns
autores pré-medievais, como o médico Alexandre de Afrodísia (séc. II), Porfírio (233-304
d.C.), um neoplatônico que combateu o Cristianismo e defendia que os animais teriam
almas semelhantes às dos homens, e Proclo (410-485 d.C.), considerado representante
dessa última fase do neoplatonismo pagão. Como o centro do interesse nessa época era
principalmente religioso, poder-se-iam incluir outros autores, inclusive cristãos, que
escreveram sobre a alma e temas congêneres, mas isto ultrapassaria os objetivos do
presente trabalho.
à Física, à Metafísica, aos livros sobre o Homem e a Moral. Desse modo, ele libertou-a dos
erros das traduções árabes e das lacunas do próprio Aristóteles que, em alguns pontos, não
tinha levado até o fim a inteira coerência dos princípios que adotava, consolidando dessa
forma uma obra mais aristotélica do que a do próprio Aristóteles, na opinião de Barros
(1945). Brennan (1969a), por sua vez, destaca ainda, nesse período, as contribuições de São
Boaventura (1218-1274), discípulo de Alexandre de Hales (1180-1245) e as de Jean de la
Rochelle (1200-1245).
c.3) Decadência da Escolástica – Não deixa de chamar a atenção que tanto São
Boaventura quanto São Tomás faleceram no mesmo ano (1274), que pode ser considerado
o marco inicial dessa decadência. Brennan (1969a) registra a projeção de três franciscanos:
o inglês Roger Bacon (1214-1292), professor em Oxford, considerado um dos precursores
do chamado espírito científico moderno, o escocês Beato João Duns Scotus (1265-1308), e
o inglês Guilherme de Ockham ou Occam (1300-1349), de tendência nominalista, também
professor em Oxford, que foi acusado de heresia e fugiu para a Alemanha, onde se aliou ao
imperador contra o Papa João XXII.
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A escola de Leipzig encontrou adeptos em várias partes do mundo, que para ela
convergiam como “para uma nova Meca” (BARBADO, 1943, p. 403), em especial nos
EUA, onde fez discípulos tais como: F. Angell, James Mckeen Catell, Granville Stanley
Hall, C. Judd, E. W. Scripture, G. M. Straton e, principalmente, o inglês Edward Bradford
Titchener (1867-1927) que se instalou no laboratório de Angell na Cornell University, onde
foi professor por 35 anos, e de onde difundiu as doutrinas de Wundt com suas inúmeras
publicações. Entre os discípulos de Wundt dissidentes, destacam-se Oswald Külpe (1862-
1915) e Alfred Binet (1857-1911).
Este último iniciou a chamada Escola de Paris, e Külpe, a de Würzburg. Afirmavam
que o campo de experimentação sensorial era muito estreito e que era possível ampliá-lo
para as funções psíquicas superiores, através da introspecção provocada. Fizeram discípulos
também nos EUA. Os “introspecionistas” concluíram que no mundo psíquico não há só
imagens mas também operações, e alguns deles afirmavam que podia haver destas sem
aquelas, donde o conceito de “pensamento sem imagens” (BARBADO, 1943, p. 411),
contradizendo o associacionismo, e estabelecendo a corrente da Psicologia funcional ou
funcionalismo, que se desenvolveu muito nos EUA.
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c) Síntese – Braghirolli et al. (2005) procuram sintetizar estabelecendo o ano de 1879 como
o do nascimento da Psicologia “propriamente dita” (BRAGHIROLLI et al., 2005, p. 17), ou
científica na conceituação de Brennan (1969b), com a fundação do laboratório de Wund.
Chama a escola por ele fundada de Estruturalismo, porque buscava entender a estrutura da
mente pela decomposição dos estados de consciência servindo-se do método da
introspecção, levada aos EUA por E. Titchener.
A reação a esta escola baseou-se na crítica ao método adotado, por não possibilitar o
estudo de crianças, pessoas anormais e animais, dificultando o desenvolvimento da
Psicologia Aplicada. Como reação, nasceu então nos EUA “movimento” (e não escola) do
Funcionalismo, por serem unidos mais por sua crítica ao estruturalismo do que por um
corpo doutrinário. Os funcionalistas mais conhecidos são os americanos William James,
John Dewey e James Cattel, e recebem este nome por se interessarem mais no que a mente
faz, nas suas funções, do que no que ela é ou como se estrutura.
Segundo Japiassú e Marcondes (1989), W. James é conhecido também como
fundador do Pragmatismo, segundo o qual a verdade seria aquilo que tem êxito prático e
traria o novo ao mundo, conceito que não deixou de influenciar a moderna mentalidade
norte-americana. A partir do funcionalismo os estudos psicológicos voltaram-se para
problemas práticos relevantes como o comportamento infantil, o anormal, o ocupacional,
etc. Tanto o Estruturalismo quanto o Funcionalismo deixaram de existir, mas influenciaram
as correntes que se projetaram ao longo do século XX.
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e) Psicologia cognitiva – Segundo Papalia e Olds (1988) esta teria se desenvolvido a partir
das correntes principais da Psicologia experimental, tencionando descobrir como a mente
processa, organiza, recorda e utiliza as informações que recebe. Tem como representantes
(todos psicólogos) o suíço Jean Piaget (1896-1980), conhecido também por seus estudos
sobre a psicologia infantil, o americano Jerome Seymour Bruner (1915-?), autor da teoria
do construtivismo, e o americano David Paul Ausubel (1918-?).
Segundo Braghirolli et al. (2005, p. 26) a “ciência pura” é aquela que procura
sistematizar conhecimentos sem ter em vista a aplicação direta dos mesmos, enquanto que a
“aplicada” os busca com o objetivo predeterminado de aplicá-los em alguma (s) área (s) da
atividade humana. Tal distinção, entretanto, existe apenas para efeitos acadêmicos e
didáticos, já que ambas formas de ciência estão intimamente relacionadas. Desse modo, a
Psicologia também pode ser dividida quanto à sua finalidade em duas grandes áreas: a
“pura” ou “de investigação básica”, e a “aplicada”. Estas, por sua vez, abrangem vários
setores cada uma.
2.1) Encéfalo
a) Telencéfalo – É o mais volumoso órgão do sistema nervoso, com 7/8 do peso total do
encéfalo. Tem forma ovóide e compreende dois hemisférios, separados pela fissura
longitudinal e associados pelo corpo caloso. Sua superfície (camada mais externa) é
chamada de Córtex cerebral. É composta pela substância cinzenta (núcleos dos neurônios) e
disposta em dobras (circunvoluções ou giros). Funções: Nele se localizam os centros
nervosos que coordenam as atividades sensoriais, motoras, da comunicação, da memória.
Áreas projetivas do Córtex são aquelas em que se projetam tais funções. As demais
são chamadas áreas de associação, porque nelas se supõe que haja uma associação geral das
informações neurais. O Córtex motor controla a movimentação dos músculos e o sensitivo
recebe e processa os estímulos provenientes da sensibilidade do corpo em geral (pele,
músculos, articulações e tendões). Os centros motores e sensitivos da visão, audição, fala, e
outros têm localização específica. A extensão da superfície do córtex sensitivo ou motor é
proporcional ao grau de complexidade dessa área (ex. as das mãos, dedos, lábios e língua,
são maiores do que as do cotovelo ou joelho).
O Sistema Límbico é considerado como o centro responsável pela coordenação das
emoções. Situa-se na superfície medial do Encéfalo e abrange várias estruturas do mesmo,
como as Amígdalas (reação às situações afetivas e de risco), o Hipocampo (memória de
longa duração e avaliação de ameaças – está relacionado com a potência Estimativa,
segundo a terminologia tomista, como veremos adiante), o Tálamo (reações emocionais), o
Hipotálamo (prazer, raiva, aversão, desprazer, ansiedade), o Giro Cingulado (feixe nervoso
que liga os dois hemisférios, relacionado aos odores, memória de emoções, reação à dor e
regulação da agressividade), o Tronco Cerebral (alerta, vigília, sono), a área tegumentar
ventral (prazer), e o Septo (prazer).
A área pré-frontal, embora não faça parte do Sistema Límbico, está muito
relacionada com ele por participar da expressão dos estados afetivos. Nessa região se
praticava um tipo de cirurgia chamado de lobotomia pré-frontal, para tratamento de
doenças mentais graves, em decorrência da qual o indivíduo muitas vezes ficava com uma
espécie de “tamponamento” afetivo.
Também os Lobos Temporais têm importante papel na regulagem da vida
emocional, sentimentos, instintos e resposta viscerais às alterações ambientais. A epilepsia
do Lobo Temporal geralmente é acompanhada de distúrbios emocionais.
É constituído pelo conjunto dos neurônios que vão dos receptores até a Medula
espinhal e ao Encéfalo, constituindo estas as chamadas vias aferentes, e ao conjunto dos
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O Pe. Brennan (1960) denomina substância corpórea toda coisa cuja natureza está
dotada de matéria. Existem quatro ordens hierárquicas de seres na criação corpórea: corpos
não viventes (minerais, substâncias químicas, etc), vegetais, animais irracionais e homens.
A doutrina hilemórfica afirma que toda substância corpórea incluída em qualquer uma
dessas espécies está composta de hyle, ou matéria, e morphe, ou forma.
Os dois princípios básicos de todo ser corpóreo são: a matéria prima (princípio
indeterminado mas determinável, que torna possível a transformação de uma substância em
outra) e a forma primeira (princípio determinante que faz com que uma substância seja o
que é e não outra).
Para ser substância completa ou “composto”, a matéria prima tem que estar
combinada com a forma primeira. Nada existe na natureza com matéria prima sem forma
primeira, já que não existe um semi-ser. Para adquirir qualidade, quantidade, tornar-se
concreta, a matéria prima deve possuir uma forma primeira. A matéria prima é sempre a
mesma, seja nos minerais, vegetais ou animais. O que a torna atualmente específica, ou
seja, este ou aquele ser concreto, é a forma primeira. É por isso que a matéria é potência
enquanto a forma, o ato do composto hilemórfico.
Por essa razão ainda que a forma primeira, assim como a matéria prima, é também
substancial, uma vez que é ela que atualiza, transforma em ato, a substância corpórea.
Separadas, porém, a matéria prima e a forma primeira seriam substâncias incompletas.
Aplicada ao homem, tal doutrina ensina que o corpo do homem, como matéria prima, é
uma substância incompleta, do mesmo modo que sua alma, que é a forma primeira do
homem. E que somente o corpo e a alma unidos é que constituem a substância completa
homem.
Segundo São Tomás (S.T., Ia., q. 78, a. 1), o homem tem os seguintes gêneros de
potências: cognoscitivo (que inclui as potências intelectiva e sensitivas), apetitivo (que
inclui o apetite racional, sensitivo e natural), locomotor e vegetativo.
De acordo com o Padre Royo Marín (1968), as potências da alma humana
(substância incompleta), são a inteligência e a vontade. São potências, portanto, puramente
espirituais. Como a alma humana é substancial e imortal, mesmo na alma separada do
corpo elas subsistem. Já as demais potências existem em ato apenas no composto (alma e
corpo), embora todas elas radiquem na alma, pelo que, segundo Farges e Barbedette (1923),
continuam a existir de modo virtual na alma separada, razão pela qual as pessoas
ressuscitadas, como Lázaro, voltaram a ter o funcionamento das demais potências.
Obs. Existe ainda o apetite natural, que se pode situar na ordem vegetativa. Porém,
como não consta no esquema proposto pelo Pe. Brennan (1960), não foi transcrito acima.
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à considera o objeto concreto que o gerou (aquele ser singular) e forma uma idéia reflexa
do objeto ou IDÉIA SINGULAR.
1) Introdução
2) Sentido comum
Segundo Brennan (1969b), o Sentido Comum recebe este nome por ter algo em
comum com os demais sentidos e integrar as informações sensoriais, repassando-as
primeiro aos outros sentidos internos (imaginação, memória e cogitativa) e depois, através
destes, ao intelecto. Brennan (1969b, p. 188) o define como: “A capacidade de perceber, de
um modo sensível, objetos que estão estimulando no momento presente o organismo”. O
Sentido Comum, portanto, é o responsável pelo fenômeno da percepção, embora esta só se
concretize plenamente após a entrada em ação do intelecto. O referido autor faz notar que o
objeto deste sentido são aqueles seres que o estimulam no presente momento, pois é este
ponto que distinguirá seu objeto do dos demais sentidos internos.
Ressalta ainda que, enquanto os sentidos externos captam os sensíveis próprios (a
cor, que estimula a visão, os sons, a audição, etc), o Sentido Comum percebe os sensíveis
comuns, que são aquelas qualidades comuns a todo objeto que exista no espaço e no tempo
(tamanho, forma, solidez, distância, constância, movimento, idade, etc). Contudo, adverte
São Tomás que, enquanto os sentidos externos têm por objeto os sensíveis próprios, os
sensíveis comuns não são o objeto próprio do Sentido Comum, pois, uma vez que ele “é
uma faculdade na qual terminam todas a imutações dos sentidos externos, é impossível que
tenha objeto próprio que não seja objeto de algum sentido” (AQUINO, in De Anima, b. II,
lect. 13, apud BRENNAN, 1960, p. 148).
Em outros termos, a diferença entre os sentidos externos e o comum não nasce da
diferença entre os sensíveis próprios e comuns, mas da diferença do modo como os objetos
sensíveis afetam aos sentidos externos e ao comum: aos primeiros através de seus sensíveis
próprios e ao segundo através dos aspectos espaço-temporais (sensíveis comuns) que estão
presentes nos mesmos objetos sensíveis (cfr. BRENNAN, 1960).
Brennan (1969b) destaca também que o Sentido Comum, como todos os demais
sentidos, são potências mistas, do composto hilemórfico, e por isso psicossomáticas. O
elemento psíquico do Sentido Comum verifica-se: 1) pelo fato da mente fornecer a
consciência, pela qual a pessoa é capaz de perceber que percebe; 2) pela capacidade de
distinguir uma sensação das outras; 3) e pela de realizar uma síntese consciente das
sensações. O elemento somático verifica-se pela necessidade do funcionamento saudável
dos sistemas receptor e conector (e em parte do efetor), segundo a terminologia de
Braghirolli et al. (2005), para que a percepção possa se dar.
3) Percepção
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da constância aplicada à forma explica porque vemos uma moeda redonda mesmo quando
ela está oblíqua, e sua imagem retiniana é oval. Aplicada à cor, por que “vemos” um
telhado como vermelho apesar de ser noite. À localização, porque não percebemos os
objetos rodando quando viramos a cabeça.
6) Erros perceptivos
São as ilusões e as alucinações. As ilusões são interpretações falsas dos dados dos
sentidos, e por isso podem ser visuais, auditivas, tácteis, etc. As alucinações são
experiências perceptivas sem existência de informações sensitivas reais. Também podem
ser auditivas, visuais, olfativas, etc. São estudadas na Psicopatologia. Algumas explicações
para as ilusões são:
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Fig. 1. Exemplo de
figura reversível.: alto
Fig. 2. Proximidade: Fig. 3. Semelhança:
ou baixo relevo?
4 colunas e não 7 7 filas e não 7
filas. colunas.
Fig. 4. Fechamento ou
preenchimento.
Fig. 5. Profundidade.
olfativas, etc. A dependência dos sentidos se reflete no fato, por ex., de que “os privados da
visão e audição têm uma surpreendente capacidade para utilizar as imagens cinestésicas”
(GALTON, F., 1883, pp 83-144, apud BRENNAN, 1969b 211.). 2º) Imagens eidéticas:
São aquelas imaginações que se afiguram tão claras e reais que tomam o aspecto de uma
percepção, embora o sujeito se dê conta de que se trata de uma imaginação. Foram estudas
primeiramente por Erich Jaensch. Ocorrem mais em crianças, fazendo parte normal de certa
fase de seu desenvolvimento, porém também nos adultos de tipo imaginativo, artistas,
poetas, etc. 3º) Imagens alucinatórias: São imaginações tão vívidas e reais que o sujeito se
convence de que são percepções verdadeiras. Enquanto o eidético sabe que suas
imaginações são fantasias, o alucinado está convencido de que são reais. São consideradas
objetivamente como pseudo-percepções. Ocorrem durante os estados induzidos por álcool e
drogas, e/ou por enfermidades mentais. A alucinação diferencia-se da ilusão porque esta é
um juízo errôneo sobre objetos atualmente presentes aos sentidos, enquanto que na primeira
não há base perceptiva. 4º) Imagens hipnagógicas: São aquelas que aparecem num estado
intermediário entre o sono e a vigília. Costumam aparecer mais no início, mas também
podem surgir no final do sono. Em geral são tão vívidas que têm as características de uma
alucinação, embora estejam dentro da normalidade. 5º) Imagens oníricas: São as que
ocorrem durante os sonhos. Estes podem ser provocados por estímulos imediatos (pássaros
cantando fazendo sonhar com os mesmos), recentes (leitura de um livro ao deitar) e
remotos (preocupações, problemas, desejos, etc).
2) Memória
· Lacunar – Amnésia para fatos ou situações específicas. Pode ser preenchida com
fabulações (síndrome de Korsakoff).
g) Regras de São Tomás para cultivo da memória – Adaptadas por Brennan (S.T., p. II-
II, q. 49, a. 1, resp. a obj. 2, apud BRENNAN, 1969b): 1º) Introduzirmo-nos no trabalho
com verdadeira vontade de aprender; 2º) Examinar cuidadosamente e dar uma certa ordem
ao que desejamos memorizar (intervenção da inteligência, gerando associações mais
potentes que as dos simples sentidos); 3º) Buscar exemplos claros do que procuramos reter
(as coisas menos freqüentes são mais úteis como exemplo, porque produzem impressão
maior que as corriqueiras – o que explicaria a facilidade mnésica das crianças, para as quais
tudo é novo); 4º) Repetir com freqüência o que tentamos reter, já que a repetição é a base
da aprendizagem (esta é a principal dessas regras).
Ele mostra também que os instintos são psicossomáticos, pois interagem com um
conjunto de potências do composto. Em seu elemento psíquico, encontramos o Sentido
Estimativo que dá o conhecimento (o qual no homem se complementa com a razão),
acompanhado de imagens, sobre o que pode ou deve fazer; o Apetite Sensível, que dá
origem às emoções; e a Potência Locomotora, que dá origem ao comportamento motor
instintivo. Em “The Battle of Behaviorism”, McDougall (1929, apud BRENNAN, 1969b)
destaca a necessidade da consciência (ou seu equivalente no animal) para que se trate de
instinto. Sem ela, trata-se apenas de reflexo. Com base nisso, critica o Behaviorismo, cujos
seguidores excluiriam a consciência de seu conceito de instinto.
Seu elemento somático se verifica pela necessidade da existência e maturação dos
sistemas receptor-efetor-conector (exemplo a águia não voa senão depois de um pouco
crescida). Caso ambos elementos estejam normais, o instinto tende a ser inerrante
(exemplo: uma aranha tece sua teia sob um modelo de espiral logarítmica, um castor faz
sua represa como se conhecesse os princípios hidráulicos). Este caráter finalista que chega a
tomar uma semelhança de inteligência só se explica, segundo São Tomás (S. T., p. I-II, 13,
a. 2, r. a obj. 3; tb q. 11, a. 2., apud BRENNAN, 1969b), se considerarmos os instintos
como um dom de Deus.
Como vimos, pode ser esquematizado, com base em São Tomás (apud BRENNAN,
1960), como segue:
6) Desenvolvimento emocional
Braghirolli et al. (2005) afirmam que ele depende tanto da aprendizagem como do
desenvolvimento das células, tecidos e órgãos. John Watson e sua corrente behaviorista
(apud BRAGHIROLLI et al., 2005) consideravam apenas 3 tipos de reações emocionais
inatas: medo, raiva e amor, e as demais desenvolver-se-iam a partir destas. Os que
defendem o papel da aprendizagem, apontam três processos de aquisição de respostas
emocionais: imitação, condicionamento (associação de um estímulo neutro com um que
provoca emoção) e compreensão (recepção e interpretação racional das informações). A
maturação do sistema nervoso tem papel decisivo. Nele, estão especialmente relacionadas
com as emoções o Hipotálamo e o Sistema Límbico. Braghirolli et al. (2005) referem que,
para comprová-lo, no ano de 1950 o psicólogo experimental espanhol José Delgado
implantou eletrodos no Sistema Límbico de um touro e o dominou numa arena com um
rádio emissor portátil
7) Controle emocional
Na relação das emoções com o comportamento, registra Brennan (1969b) que São
Tomás considera o papel do conhecimento como diretivo, o da emoção como imperativo e
o do movimento muscular como executivo. Daí advém muitas vezes a perda do controle
emocional. Refere também que Aristóteles propõe: 1º) A compreensão do valor biológico
das emoções (servem para estimular as ações de manutenção e defesa da vida, bem como
para estimular o conhecimento intelectual e reforçar os atos voluntários). 2º) A criação de
hábitos que nos protejam contra o uso excessivo ou insuficiente de nossos apetites (“regra
do justo meio”: ex. nem covarde, nem temerário). São Tomás, como toda a Teologia
Ascética, acrescenta a necessidade da graça e da prática das virtudes, em especial da
Temperança, e que as virtudes Cardeais estão no meio de dois erros opostos. Quanto às
Teologais, quanto mais, melhor.
Na relação das emoções com o desempenho, Braghirolli et al. (2005) ressalta que
esta relação pode ser representada por uma curva em “U” invertido, ou seja, a emoção até
determinado grau pode melhorar o desempenho, ultrapassado o qual, o piora. Referem-se
também ao detector de mentiras ou polígrafo, inventado por Leonard Keller em 1920, o
qual registra as alterações fisiológicas autonômicas (ritmo cardíaco, pressão sanguínea,
temperatura e resposta galvânica da pele). Para submeter uma pessoa ao polígrafo,
apresentam-se primeiro perguntas neutras (que não provocam reações autonômicas) e
perguntas críticas (relacionadas com a investigação). Depois comparam-se os resultados
das reações às mesmas, avaliando desse modo a sinceridade do investigado nas respostas às
críticas. A confiabilidade não é total, pois há criminosos que não apresentam ansiedade e
culpa em relação aos seus delitos, enquanto inocentes nervosos podem dar “falso-positivo”.
Capítulo 24 – Inteligência
1) Conceito de inteligência
b) Solução tomista – Segundo São Tomás (apud BRENNAN, 1969b) o termo vem do
Latim intus legere (ler dentro). Ele define o intelecto como a capacidade para a abstração,
por meio da qual podemos generalizar e chegar a captar a substância subjacente aos
acidentes, as causas por trás dos efeitos, os fins remotos para os quais tendem as atividades
momentâneas (in Petri Lombardi Quatuor Libros Sententiarum,1. III, d. 35, q. 2, a.2; q. 3,
solução 1; S. T., p. I, q. 79, a.10; p. II-IIIm q. 8, a.1, apud BRENNAN, 1969b). Brennan
(1969b) esclarece que o conceito tomista essencial de inteligência é a capax abstractionis,
mas que o completo abrange também a capax infiniti do homem, ou seja, a capacidade de
obter o conhecimento da Verdade, de Deus (cfr. S.T., p. I-II, q.2, a. 8, r. a obj. 3; q. 3, a. 8;
q. 5, a. 5, r. a obj. 2). Spearman (in The Abilities of Man, N.Y., Macmillan, 1927, p. 21-22,
apud BRENNAN, 1969b) sustenta que o conceito de capax abstractionis pode utilizar-se
para uma definição científica, sendo mais preciso que os critérios ambíguos de
adaptabilidade, capacidade de êxito, de ser educado, também aplicáveis aos animais.
2) Metodologia de estudo
através de composições e divisões dos dados da simples apreensão para formar juízos, e de
novas composições e divisões comparando estes. Nisto consiste o conhecimento ou
raciocínio discursivo, próprio ao homem (no Anjo o conhecimento é dito intuitivo, que é
imediato).
O silogismo é um método inferencial, pois compara juízos (premissas maiores e
menores) para chegar a conclusões. Brennan (1969b) faz notar que o método natural do
raciocínio humano não é o silogismo, porque na prática acaba saltando uma ou outra
premissa (o que se chama entimema), ou considerando-as sem se dar conta. O silogismo é
um método mais seguro de repetir o processo lógico, comprovando-o passo a passo. O
sofisma é um silogismo falso.
4) Tipos de inteligência
Existem várias teorias a respeito dos tipos de inteligência. Dentre as recentes, refere-
se a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner. Embora esteja longe de ser um
tomista, ele considera a inteligência como “um potencial, cuja presença permite que
indivíduo tenha acesso a formas de pensamento apropriadas para tipos específicos de
conteúdo” (KORNHABER e GARDNER, 1991, p. 15, apud ATKINSON et al., 2007, p.
463, sublinhado nosso). Sua teoria postula a existência de oito tipos distintos de
inteligência: lingüística, musical, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica,
intrapessoal, interpessoal e naturalista (esta última em seus estudos mais recentes, de 1999).
Atkinson et al. (2007) fazem notar que as propostas de Gardner são criticadas por
outros autores, tais como Messick (1992) ou Scarr (1985), por considerarem que nenhuma
capacidade intelectual é totalmente distinta das outras. Referem também as objeções de
Mike Anderson (1992), que considera os tipos de inteligência de Gardner mal definidos, e
propõe uma teoria baseada na idéia da inteligência geral sugerida por Thurstone e outros.
As teorias de Anderson são contrastadas pelos anteriores estudos de Robert Sternberg
(1985, 1988), os quais, por sua vez foram criticados por Richardson (1986), e reformulados
por Stephen Ceci (1990). Outras teorias e contrateorias provavelmente se sucederão...
5) Distúrbios do pensamento
Bleuler (1985) faz uma síntese didática, à qual aditamos uma ligeira modificação ao
incluir a categoria “perturbações objetivas”. Embora ele não a nomeie, vê-se que está
subjacente ao seu esquema:
85
a) Teoria dos dois fatores – Charles Spearman (apud BRAGHIROLLI et al., 2005)
observou haver uma correlação positiva nos resultados de testes de diferentes tipos de
inteligência (verbal, aritmética, espacial, etc) aplicados a uma mesma pessoa. Para explicá-
lo, postulou a existência de um Fator G, comum a toda atividade intelectual. Em alguns
testes específicos, contudo, a correlação não era tão perfeita, pelo que supôs a existência de
Fatores S (“specifics”), presentes em diversos graus para certas atividades. Propôs, em
conseqüência, que um teste de inteligência geral avaliasse tanto o Fator G quanto os S.
b) Teoria dos fatores múltiplos – Edward Lee Thorndike (1927, apud BRAGHIROLLI et
al., 2005) propôs que a inteligência seria composta por muitos fatores inter-relacionados e
que operam simultanemente. Guilford (1961, apud idem, 2005) procurou detectá-los por
meio da análise fatorial e postulou a existência de 120 fatores na composição da atividade
intelectual. Embora não tenha sido confirmada suficientemente, procurou-se demonstrar a
existência de muitos desses fatores através da construção e aplicação de testes.
c) Teoria dos grupos de fatores – Thurstone (apud BRAGHIROLLI et al., 2005) propôs,
com base em estudos estatísticos, a existência de seis grupos de fatores primários, que
atuam com relativa independência entre si. São eles: numérico, verbal, espacial, fluência
verbal, raciocínio e memória. Análises posteriores observaram que eles de fato estão
relacionados entre si, o que veio a corroborar a teoria do Fator G de Spearman. Dessas e
outras teorias derivaram os diversos testes para medir a capacidade intelectual.
2) Mensuração da Inteligência
2) Tipos de volição
3) Atos da vontade
São Tomás (apud BRENNAN, 1960) distingue dois tipos: 1º) Atos elícitos, que são
os que procedem diretamente da vontade; 2º) Atos imperados, que são os atos das demais
potências que agem sob o comando da vontade, ou seja, procedem indiretamente da
vontade. Tais atos podem, muitas vezes, contrariar a vontade natural, porque pressionados
91
3) Qualidades da atenção
O desequilíbrio da atenção pode se dar tanto por excesso quanto por falta, e ser
provocado por causas hereditárias, fisiológicas, psicológico-comportamentais, etc. Só um
atento exame clínico pode determinar a causa com precisão: um indivíduo hiper-atento
pode estar apenas sujeito a um perigo ou acometido de uma crise de pânico, de um surto
psicótico, etc. Já um hipoatento pode ser portador, por exemplo, de um hipotiroidismo, ou
de um retardo mental, uma crise epiléptica de pequeno mal, uma depressão, uma
preocupação com vários assuntos, ou até mesmo de um excesso de atenção a um tema.
Este último caso é chamado por Brennan (1969b) de “abstração” e, na realidade, é
sinal de uma capacidade de atenção muito desenvolvida, que lhe permite concentrar-se
intensamente num determinado objeto, alheando-se dos demais. Este autor ressalta que tal
forma de abstração pertence ao intelecto possível, aquele que compreende, distinguindo-a
da abstração do intelecto agente, que é aquela que faz a abstração na ideogênese. Também
pode ser classificado como “não-habitual” o funcionamento da atenção no estado de
hipnose. O Cardeal Mercier (1942) o compara com o estado do intelectual absorto em seu
trabalho, com a diferença de que o hipnotizado concentra toda sua atenção no hipnotizador,
que assim adquire grande poder de sugestão.
Alonso-Fernández (1979) sintetiza os distúrbios da atenção com o seguinte quadro:
ritmos diversos. O desenvolvimento físico tem estreita relação com o social e psíquico,
podendo haver prejuízo na auto-imagem da criança ou adolescente se há falhas na
maturação biológica, e vice-versa. Os períodos críticos são aqueles em que a criança está
pronta para aprender determinadas respostas, como falar ou andar, havendo prejuízo
quando não são devidamente aproveitados. Entre os fatores que podem prejudicar
irreversivelmente o desenvolvimento estão a privação de estimulação da inteligência, dos
sentidos, de adequada alimentação, condições de saúde, e relacionamento social (exemplo:
caso de um menino cego que ficou retardado mental por ser deixado no berço).
Capítulo 29 – Aprendizagem
1) Conceito
3) Tipos de aprendizagem
fortalecida pela repetição, pelo exercício). Alguns autores afirmam que o ensaio-e-erro,
apesar de semelhante ao condicionamento operante, é mais complexo do que este porque
envolve a intenção do aprendiz em adquirir algum efeito específico. Muitas aprendizagens
quotidianas se dão por ensaio e erro, principalmente as de natureza motora (uso de talheres,
bicicleta, etc).
4) Doutrina tomista
Capítulo 30 – Motivação
1) Conceito
a) Motivo – Segundo Sawrey e Telford (1976, p. 18, apud BRAGHIROLLI et al., 2005, p.
90) é “uma condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o
predispõe a persistir num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando a
transformação ou a permanência da situação”. Exemplos: a fome, a sede, o intuito de
realização pessoal.
2) Tipos de motivos
muito tempo depois que a idéia do valor desejado se tenha desvanecido do nível consciente.
Isto é o que poderia dar a impressão de uma “motivação” não consciente.
2ª) O motivo deve possuir uma intensidade adequada para que possa atuar sobre a Vontade,
de modo que o reforço de um valor ajuda a evitar a indecisão. Este princípio explicaria o
que há de real no condicionamento behaviorista, ou no condicionamento operante através
dos reforços, de Skinner, mas elevando-o ao nível humano.
São fatores que podem reforçar um valor: a análise do mesmo, a comparação com
outros, a combinação com outros, o hábito, a opinião alheia, a repetição (influências
anteriores). Em outros termos, como indica o Pe. J. Lindworsky, S. J. em seu livro
Experimental Psychology (apud BRENNAN, 1969b), há dois modos para se chegar até a
Vontade: um direto, por uma franca apresentação do valor, e outro indireto, no qual o
costume e outras variáveis proporcionam o impulso necessário para efetuar a escolha.
Princípio que não deixa de ter múltiplas conseqüências para a vida prática.
111
tomaria na vida normal. Esta técnica vem sendo muito empregada nos últimos anos,
inclusive em testes admissionais.
115
controvertidas e desacreditadas pela ciência atual. Sobre este descrédito pode-se ver, por
exemplo, o artigo on line de Renato Sabattini [1997] intitulado “Frenologia: a história da
localização cerebral”.
Sheldon reconhecia que poucas pessoas seriam tipos “puros”, e que a maioria
mesclaria características, embora predominassem as de um deles. Suas pesquisas não foram
corroboradas em investigações posteriores. Alguns, como Max e Hillix, (1974, apud
BRAGHIROLLI et al., 2005) opinam que haveria um processo bidirecional na relação tipo-
117
1) Teorias psicológicas
1º) Estrutura e dinâmica da personalidade: Esta seria composta por três grandes
“sistemas”, o ego, o superego e o id. O id seria a fonte da libido (que ele conceitua como
energia psíquica), isto é, os instintos “inconscientes” que impulsionam o organismo e que
seriam de dois tipos, os instintos de vida (fome, sede, reprodução) e os de morte
(agressividade). O id funcionaria com base no princípio da redução da tensão ou princípio
do prazer, e não teria conhecimento da realidade objetiva. Freud veria no acervo das
normas transmitidas pelos pais e pela sociedade ao indivíduo um outro “sistema”, o
superego, que se oporia ao id, punindo-se com o sentimento de culpa ou recompensando-se
com o orgulho e a satisfação, conforme o id se adaptasse ou não a tais normas. As
principais funções do superego seriam, portanto, inibir os impulsos do id (principalmente
os de natureza agressiva e reprodutora) e lutar pela perfeição (pelo que ele considerava a
religião, aliada do superego, como “neurotizante”).
Deixando entrever a influência hegeliana, Freud concluía que, do confronto entre o
superego e o id, “surgiria” o ego, que seria o “sistema” encarregado de adaptar os impulsos
do id às normativas do superego, adaptando o indivíduo às exigências da realidade e da
sociedade. O ego operaria, portanto, com base no princípio da realidade e teria o controle
do que chamava de funções cognitivas, nas quais ele incluía a percepção, o pensamento e a
vontade, embora não empregando estes termos. Braghirolli et al. (2005) ressaltam que, de
modo geral, o id corresponderia ao componente biológico da personalidade, o superego ao
social, e o ego ao psicológico. E que o comportamento seria a resultante da “dinâmica” ou
interação entre estes três sistemas. Quando houvesse desajustes, com o superego
“recalcando” ou “reprimindo” demais o id, surgiriam os sintomas neuróticos.
2º) Níveis de consciência: Haveria três níveis: o consciente, que incluiria tudo de que a
pessoa está ciente em determinado momento; o pré-consciente (ou sub-consciente),
119
comum aos sistemas sofísticos da História. Mais adiante devemos analisá-la do ponto de
vista da Psicologia Filosófica, especialmente o tomista.
Mesmo do ponto de vista científico atual, não lhe faltam opositores. Braghirolli et
al. (2005) ressaltam que muitos destes questionam sua metodologia pouco científica e o
fato de não permitir predizer determinados comportamentos, mas apenas explicá-los a
posteriori. Hans Eysenck (1993), por exemplo, sustenta que as teorias freudianas servem
mais à Literatura do que à Psicologia por não terem fundamento científico nem oferecerem
garantia de cura. Podemos constatar também a influência de tais teorias na sociedade atual,
especialmente na educação infanto-juvenil e no permissivismo em geral.
Neste particular, um estudo interessante a ser desenvolvido seria avaliar os efeitos
do enfoque psicanalítico sobre a psicologia individual. Ou ainda, suas repercussões do
ponto de vista pedagógico e do sociológico. Investigar, por exemplo, porque numa
sociedade influenciada por ela ocorreriam fatos como o noticiado pela France Presse, de
4/8/2004, segundo a qual no Reino Unido há tanto consumo do antidepressivo Prozac que
sua eliminação chega a contaminar a água de consumo doméstico. O fato é que a
Psiquiatria contemporânea vem colocando cada vez mais a psicanálise no campo do estudo
histórico, substituindo o emprego de suas técnicas terapêuticas, reconhecidamente
ineficazes, pela psicofarmacoterapia (também ela insuficiente, segundo o enfoque tomista).
8º) Dissidências: Seria necessário mais um capítulo para expor as teorias dos discípulos e
dissidentes de Freud, como Alfred Adler (1870-1937), Carl Gustav Jung (1875-1961), e
Erik Erikson (1902-1994). Basta registrar, com base em Papalia e Olds (1988) que Jung
discordou da ênfase freudiana na sexualidade, dando um enfoque mais “otimista” da
personalidade como uma auto-realização e não como uma luta interna, sendo por isso
considerado precursor da escola humanista. Ao conceito de ego e de inconsciente pessoal,
ele acrescentou o de inconsciente coletivo, fruto das recordações ancestrais, que seria
formado pelos arquétipos, ou idéias emocionalmente carregadas que unem conceitos
universais com a experiência pessoal. Estudou a mitologia e o misticismo como fontes
dessa “personalidade coletiva”. Dividiu também as pessoas em personalidades introvertidas
(voltadas a seu mundo subjetivo) e extrovertidas (ao objetivo), mas que poderiam mudar de
tipo, em geral na meia-idade.
Já Adler acreditava que os motivos sociais predominariam sobre os reprodutivos, e
que o mais importante seria o impulso de superioridade, não tanto sobre os demais, mas
sobre o próprio sentimento de inferioridade oriundo da falta de poder da infância. Cunhou
os termos complexo de superioridade e de inferioridade. Erikson, por sua vez, propôs a
teoria das oito idades ou etapas da vida, já estudada no capítulo sobre motivação.
121
oferecendo-lhe álcool... No total, parece ser uma tentativa frustra de contestação de certas
tendências psicanalíticas que atenderia aos insatisfeitos com estas.
Outro teórico “humanista” é Abraham Maslow (1908-1970), que deu à sua corrente
o nome de “terceira força” da Psicologia (entre a psicanálise e o behaviorismo). Segundo
Papalia e Olds (1988), ele deu um enfoque mais “otimista” à Psicologia, estudando temas
como o entusiasmo, a alegria e o bem-estar, voltando-se mais para os sadios que para os
enfermos, ao contrário de Freud. Filosoficamente se aproxima de Jean-Jacques Rousseau e
da fenomenologia. É autor da teoria da hierarquia das necessidades (pirâmide de Maslow),
que seriam de dois tipos básicos: as necessidades D (que corrigem deficiências) e as B (que
conseguem um nível mais alto na existência), visando à auto-atualização.
2) Concepção Tomista
1) Ajustamento
2) Conflitos
b) De evitação-evitação – Que aparece quando se sente repulsa por dois ou mais resultados
ou atividades indesejáveis (exemplo: adoecer de tuberculose ou de diabetes).
5) Transtornos neuróticos
entre seu eu ideal e seu eu real. O indivíduo, e não seu problema, é o foco da terapia.
Compete a ele encontrar a direção e progresso de seu tratamento. O que deixa, aliás, o
terapeuta numa posição muito confortável...
d) Outras tendências – Além dessas, outras correntes tendem a se firmar, tais como as
terapias cognitivas (identificação das alterações do pensamento e substituição por
interpretações corretas), dentre as quais se encontram a terapia racional emotiva de Albert
Ellis (procura identificar quais pensamentos equivocados provocam emoções inadequadas,
discuti-los e indicar soluções) e a cognitiva-condutual (que associa técnicas
comportamentais); a terapia breve (focalizam um tipo ou um grupo de problemas
específico, num curto número de sessões), a terapia de grupo (que permuta seus
problemas sob a coordenação de um terapeuta, filiado a qualquer tipo de escola) e um
subtipo desta, a familiar (onde o “paciente” é a família como um todo).
3) Terapias médico-psiquiátricas
2) Conceitos básicos
a) Percepção social – Braghirolli et al. (2005) a entendem como o processo pelo qual um
indivíduo forma impressões a respeito de outro ou de um grupo de pessoas. O princípio
básico da percepção social é a unificação da impressão. Desse modo, nunca formamos
135
9
Os interessados poderão encontrar resumos sobre as mesmas em Atkinson et al. (2007), que apresenta, entre
outros, os estudos de Jones e Harris (1967), Schneider e Miller (1975), Ross, Amabile e Steinmetz (1977),
Fishman (1983), West e Zimmerman (1983), Gilbert e Jones (1986).
137
PAPALIA e OLDS, 1988). Muitas vezes o comportamento pode não ser coerente com a
atitude por razões circunstanciais. É o que acontece, por exemplo, quando alguém é
obrigado a tratar muito bem um outro por razões comerciais, diplomáticas ou outras
quaisquer, apesar de ter para com ele sentimentos de antipatia ou prevenção.
Pode-se dizer, isto sim, que em geral as atitudes precedem os comportamentos.
Desse modo, as pessoas ou grupos que objetivam modificar o comportamento dos demais
procuram formar atitudes ou alterar as pré-existentes, apoiando-se numa seqüência de
interações que visam a influenciar primeiramente as tendências do indivíduo ou grupo-alvo,
de modo a que estas repercutam sobre suas idéias, as quais acabarão por condicionar o seu
comportamento. Este é um dos princípios básicos do marketing e da propaganda, ou dos
que trabalham com condução da opinião pública de um modo geral.
139
Numa empresa, por exemplo, a do diretor é uma posição formal, mas a do funcionário mais
antigo é uma informal, embora autêntica, por ter direitos e deveres diferentes dos demais.
Portanto, quanto mais um regime for eficiente para conservar a unidade da paz,
tanto mais útil será. Pois dizemos ser mais útil aquilo que melhor conduz ao fim.
Ora, é manifesto que mais pode produzir a unidade aquilo que de si é uno, do que o
que é múltiplo, do mesmo modo que a causa mais eficaz do aquecimento é aquilo
que de si é quente. Portanto, é mais útil o governo de um que o de muitos.
(AQUINO, 1950. p.259).
143
c) Distinção entre povo e massa – Pio XII, na sua Rádio-Mensagem de Natal de 1944,
mostra como a verdadeira OP existe no “povo” e não na “massa”, que ele distingue:
“O povo vive e move-se por vida própria; a massa é em si mesma inerte e não pode mover-
se senão por um elemento extrínseco. O povo vive da plenitude da vida dos homens que o
compõem, cada um dos quais (...) é uma pessoa cônscia das suas próprias responsabilidades
e das suas próprias convicções. A massa, pelo contrário, espera o impulso que lhe vem de
fora, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões,
pronta a seguir, sucessivamente, hoje esta, amanhã aquela bandeira” (PIO XII, 1945, p.
239).
E por isso, já em 1950, em sua Alocução ao 3º Congresso Internacional da Imprensa
Católica, dizia que: “O que hoje se chama opinião pública, freqüentemente não passa de um
nome vazio de sentido, qualquer coisa como um vago rumor, uma expressão artificiosa e
superficial”. Pois, como diz mais adiante: “Condição sine qua non para que essa opinião
145
“jornais”, como agentes formadores da OP. Os progressos técnicos favorecem cada vez
mais esta evolução.
9) Psicologia da OP
c) Sobre a Imaginação – O predomínio dos meios audiovisuais (canções, tv, rádio, etc)
tende a hipertrofiar a imaginação em detrimento das faculdades espirituais. A conseqüência
social é a influência dos profissionais de mídia sobre a dos pregadores, legisladores,
professores, etc. Uma aula de filosofia tem 40 alunos, um sermão, 200 pessoas, um
romance, 10 mil leitores, enquanto o rádio e tv têm milhões de espectadores.
1) Conceito
Segundo o Pe. Willibald Demal, O.S.B. (1968), a Psicologia Pastoral é uma ciência
auxiliar da Teologia Pastoral que oferece os conhecimentos psicológicos necessários para a
assistência espiritual. De acordo com o Pe. Bless (1957), podemos ampliar sua aplicação a
todos os aspectos da vida religiosa. Como parte integrante da mesma, podemos considerar
ainda o conceito de Psicologia do Apostolado oferecido pelo Prof. Ugo Sciascia, da
Pontifícia Universidade Lateranense, que o entende como: “os ensinamentos da psicologia
individual e social aplicados a quanto concerne ao apostolado” (SCIASCIA, s. d., p. 10).
2) Finalidade
Apoiados no Pe. Bless (1957), podemos dizer que a Psicologia Pastoral tem por fim
primordial facilitar o desenvolvimento da vida espiritual e da atividade pastoral, tanto a
nível individual quanto coletivo, seja para as pessoas normais, seja para as que padecem de
enfermidades, especialmente as mentais.
3) Utilidade
4) Divisões
A Psicologia técnica e a prática saibam que não podem perder de vista nem as verdades
estabelecidas pela razão e pela Fé, nem os preceitos obrigatórios da Moral. (...) No que diz
respeito ao método psicanalítico no domínio sexual, a Nossa alocução de 13 de setembro
(de 1952), citada mais acima, já indicou seus limites morais. Com efeito, não se pode
considerar, sem mais, como lícita, a evocação à consciência de todas as representações,
emoções e experiências sexuais, que dormiam na memória e no inconsciente, e que se
atualizam assim no psiquismo. Se se ouvem os protestos da dignidade humana e cristã,
quem ousaria afirmar que esse processo não traz consigo nenhum perigo moral, quer
imediato, quer futuro, ao passo que, embora se defenda a necessidade terapêutica de uma
exploração sem limites, esta necessidade, de resto não está provada? (PIO XII, 1953, apud
FRIEDRICHS, 1959, p. 130. Grifo nosso).
A influência psicanalítica tem sido objeto de críticas inclusive quanto ao seu papel
na formação do Clero. Por exemplo, o presidente do Estúdio Teológico de Treviso, G.
Mazzocato (2005), que conduziu um estudo sobre o tema no âmbito italiano, declarou ao
jornal Avvenire que a crise de espiritualidade e moral cristã tem entre suas causas que os
seminaristas são submetidos aos critérios da psicanálise.
Quanto às demais escolas, todas aquelas que forem tendentes ao reducionismo da
psicologia humana à simples reatividade sensitiva animal, como o behaviorismo e suas
variantes, ou a psicofarmacoterapia biológica (que se limita à administração de
medicamentos), bem como aquelas que são influenciadas por escolas filosóficas pouco
compatíveis com a Escolástica, como a Gestalt e a Humanista, também correm o risco de
não atingir os resultados esperados pela cosmovisão católica. A negação da alma enquanto
objeto da Psicologia e da Psicoterapia, e mesmo enquanto realidade existente, presente na
maioria dessas tendências, é, ademais, um obstáculo sério à consciência moral de quem
deseja fazer bem espiritual a qualquer pessoa. Em termos práticos, seria como encaminhar
um paciente com uma enfermidade hepática a um hepatologista que negasse a existência do
fígado...
7) Psiquiatria preventiva
Que a sanidade mental seja um dos bens fundamentais da natureza, é coisa óbvia. Mas
igualmente evidente é que a mesma sanidade também é fundamental no campo religioso e
sobrenatural. De fato, não é concebível numa alma o pleno desenvolvimento dos valores
religiosos e da santidade cristã, se não se parte de uma mente sã e equilibrada nos seus
impulsos. (...) Apesar do que o sectarismo de outros tempos pretendia falsamente afirmar, é
hoje admitido que a vida em conformidade com os preceitos cristãos, preceitos cuja
151
Referências
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