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UMA VIDA: Autobiografia de Kennexiz Xavier

ISAAC KENETCHIPIVELA XAVIER,


Casado, filho de Manuel Fernandes Xavier Júnior e de Marta Lussinga
Fernandes. Antes de nascer, segundo a sua mãe, ele já era muito agitado.
Pelo menos era o que ela sentia quando colocava a mão na barriga e
sentia os seus energéticos pontapés. No dia 21 de Novembro, pela 01 hora
da tarde, no ano de 1986, nasceu num dos banheiros da antiga casa de
férias dos seus pais, no bairro da Chiva, Huambo. É de referir que, para
ele, esta cidade representa uma importante referência histórica da sua
vida enquanto angolano. Cresceu normal, como qualquer criança, tinha
muitas brincadeiras de rua e de casa, conheceu nessas brincadeiras muita
gente; não só os da família, da vizinhança assim como os que conhecia
noutras paradas de contacto infanto-juvenil. Descendente de uma família
numerosa de Camponeses e Operários de Cabo-Verde que vieram viver
para o distrito de Sá de Bandeira, Província Ultramarina de Angola,
colónia de Portugal. Ele é o quinto de 15 irmãos sendo que apenas nove
ficaram por estas terras, tendo os restantes emigrados à procura de
melhores condições de vida, na eternidade galáctica. Cônjuge de Irina
Lisandra das Neves Lino Xavier, pai de cinco filhos, com um agregado
familiar de Classe Social Média. Professor Diplomado do II Ciclo do
Ensino Secundário, Escritor, Poeta, Advogado e Consultor Jurídico,

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Palestrante e Músico Compositor. Escreve desde 1999. Isaac


Kenetchipivela Xavier; cresceu rodeado de livros de Filosofia, Direito,
Psicologia, Ciência e Religião, factor que tem contribuído no
desempenho das suas funções laborais, na motivação significativa da
sua formação e para a elaboração das suas obras; tem como hobby ler a
Bíblia ou compreender e interpretar toda a imaginação mítico-religiosa.
Ele começou desde cedo por declamar poesias nas Escolas e Igrejas que
frequentava, isto suscitou-lhe a argúcia de redigir poemas. Antes de ser
professor efectivo na Escola de Formação de Professores “Ferraz
Bomboko-Huambo”, primeiro foi Investigador Criminal e funcionário
efectivo da Direcção Provincial de Investigação Criminal do Huambo,
“DPIC-Huambo” (2008 – 2012).

Huambo é uma província das dezoitos de Angola independente, antigo


distrito de Nova Lisboa colonia portuguesa – os – Montes, daí a sua
escolha do Huambo quando foi proposto pelos seus pais estudar num
ambiente calmo, nobre e a propenso a intelectualidade e realização
pessoal.

Foi baptizado, fez a primeira comunhão, a profissão de fé, o crisma e o


casamento na Igreja Matriz do Huambo, Sê Catedral, onde frequentou a
catequese que consistia na aprendizagem dos princípios na fé católica. O
Crisma foi feito no dia em que o Bispo foi à sua congregação, situação
que acontecia de sete em sete anos. Para estas cerimónias, arranjava-se
sempre uma roupa nova, pois tinha que se ir vestido a rigor, a condizer
com a ocasião. Durante algum tempo foi acólito. Gostava daquela
situação em que vestia aquelas vestes, seguia o ritual até chegar ao altar.
O padre ia ao meio, os acólitos iam um de cada lado e quando mudavam
de direcção, era obrigatório ajoelhar em frente do sacrário e ajudar o
padre nas tarefas durante a celebração da missa. A Igreja nesta altura
funcionava como uma instituição de caridade, onde as pessoas mais
pobres iam buscar alimentos. Esse ritual entrou naturalmente na vida
dele uma vez que fazia parte das vivências dos jovens da sua idade.
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Por causa do fratricídio, genocídio, guerra civil e conflitos de


implementação de um sistema ideológico-político em Angola, até entrar
para a escola primária, fazia o seu dia-a-dia na companhia dos seus pais,
irmãos e vizinhos. Como já se disse acima teve uma infância idêntica à
de muitas outras. Divertiam-se com as brincadeiras normais dos miúdos.
Também tinha a seu cargo alguns afazeres, como por exemplo “ guardar
gado” e alguns trabalhos agrícolas.

Guardar o gado consistia em levar a vaca ao monte para ela pastar,


levá-la ao rio a beber água e não a deixar fugir para os campos dos
vizinhos, onde eles tinham cultivado cereais ou hortaliças. Os trabalhos
agrícolas consistiam em sachar milho, semear, apanhar cereais,
hortaliças e legumes. Isso tudo deu-se em Caconda, Sá Bandeira, Huila
em tempos de conflitos armados entre o MPLA e a UNITA.

Frequentou a escola primária dos 4 aos 12 anos (de 1990 a 1997) onde
completou a quarta classe com interrupções por causa da guerra civil.
Neste período aprendeu a ler, escrever, fazer contas, localizar no mapa
as localidades, os rios, as serras, os distritos, os municípios, as
províncias, os países, etc. Aprendi a lidar com outras crianças que não
eram os irmãos ou os amigos mais chegados, com quem estava
habituado a conviver todos os dias, assim como a obedecer e respeitar os
professores. Nesta altura, cantavam o hino nacional de Angola,
declamavam as poesias dos heróis da revolução independentista e
rezavam todos os dias na escola. Foi nesta fase da sua vida, quando
completou a 4ª classe, altura em que se deu a derrogada do
revolucionário, independentista, nacionalista e pan-africanista - Dr.
Jonas Malheiro Savimbi – que ele – Isaac Kenetchipivela Xavier – com o
pseudónimo artístico de Ken-by, começou a ter a noção dos valores e
dos seus direitos e deveres para com a sociedade enquanto cidadão. Foi
nesse exacto momento que se transfigurou em Poeta, Escritor e Músico
compositor. De salientar que no ano de 1995 -1996, com os seus 10 e 11
anos de idade foi lotador de carros e retalhador de rebuçados, pastilhas
elásticas, bolachas e cigarros no Município do Caluquembe, Huila. Por
isso, tinha feito uma sociedade com um dos seus irmãos que tinha por

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objectivo ser empresário e ganhar dinheiro. A sociedade consistia na


exploração de madeiras nas matas. Tentaram planear para que tudo
desse certo. Os equipamentos como motosserra, tractor e machados, o
seu pai emprestou, juntaram as reservas monetárias dos dois e ainda um
carro de marca IFA que o seu irmão tinha – comprado pelo seu pai –
tentaram contactar uma Empresa do ramo, mas, por causa da guerra não
havia, salvamos, algumas que funcionavam em representação da Cruz
Vermelha e anexas as Nações Unidas, que os concedeu a exploração de
um lote de madeira, com cerca de vinte mil árvores (pinheiros bravos e
pinheiros silvestres). O dito lote ficava na comuna do Cuima, município
da Caala, Huambo, a cerca de 200 quilómetros do Caluquembe. As suas
tarefas consistiam em cortar as árvores pelo pé, cortar os ramos, traçar os
troncos em medidas de dois metros, juntá-los para carregar no tractor
até ao estaleiro e depois carregá-los em camiões, de marca IFA e VOLVO
do senhor Xavier Júnior, seu pai. Passado pouco tempo começaram a
surgir problemas de vária ordem. A empresa proprietária do referido
lote só nos pagava passados 90 dias após a madeira ter entrado nos seus
estaleiros, situação que nos complicou muito a vida, dado que as
reservas monetárias eram insuficientes para aguentar tanto tempo sem
receber. Daí à falência, foi um passo.

Após estes trabalhos e ao fim-de-semana, tinha os trabalhos agrícolas.


Neste intervalo de tempo, ainda esteve uns meses numa bomba de
gasolina que também tinha estação de serviço, em Luanda onde a sua
mãe vivia com os seus irmãos. Este trabalho permitiu-lhe aprender a
lavar e lubrificar automóveis, camiões e máquinas industriais e
agrícolas, assim como a fazer abastecimento de combustíveis e a
contactar permanentemente com o público.

Depois desta aventura, nada bem-sucedida, apanhou o autocarro em


direcção ao Huambo com seus pais - na sua cidade natal - e por cá se
encontra até aos dias de hoje. Onde frequentou com êxitos, o Ensino
Secundário e terciário de 1999-2002, na Escola do II e III Nível do bairro
da Chiva-Huambo.

Em 2003 na tendência de encontrar patrocínios para a edição da sua obra


discográfica que até ao momento não se concretizou, regressou à
Luanda, onde no mesmo ano ingressou no Ensino médio, no PUNIV
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Central de Luanda onde frequentou com êxitos somente a 9ª classe e; no


ano seguinte, voltou a sua terra natal onde culminou o ensino médio,
isto é de 2004-2005 no Centro dos Cursos Pré-Universitários PUNIV-
Huambo. E, ingressou em 2007 na Universidade Agostinho Neto (na
altura) concretamente no Instituto Superior de Ciências da Educação
ISCED-Huambo, onde cumpriu e conclui com aproveitamento suficiente
o plano curricular de Licenciatura na Opção de Psicologia, no ano lectivo
2010.

Em 2013, Inscreveu-se na CESPU – Formação Angola, S.A. e foi chamado


para frequentar um Curso de Pós-Graduação Conducente a Mestrado
em Ciências da Educação, na “Cooperativa de Ensino Superior
Politécnico e Universitário”. Este curso teve formação prática e formação
teórica.

A formação teórica era baseada nas bibliografias de Teorias de Ensino-


Aprendizagem – em Psicopedagogia e Biblioteconomia - a qual
determinava os métodos, as ferramentas, os utensílios e as medidas de
segurança para a execução de cada trabalho no Processo de Ensino-
Aprendizagem. Nesta formação também teve aulas de matemática, onde
desenvolveu competências matemáticas essenciais como resolver
problemas, nomeadamente relacionados com horas, minutos e
segundos, o que lhe é muito útil no dia-a-dia para gerir de forma
equilibrada as solicitações profissionais, académicas e familiares. A
Formação Prática consistia na execução dos trabalhos conforme
determina as Teorias de Ensino-Aprendizagem. Não defendeu a tese de
fim do curso - porque o país - Angola, entrou em crise financeira, o
colapso de falta de divisas o impediu de viajar à Portugal com o fim de
fazer a dissertação para efeitos de obtenção do Grau de Mestre em
Ciência da Educação na Universidade Portucalense; então, sócia da
CESPU-FORMAÇÃO ANGOLA, S.A. “Cooperativa de Ensino Superior
Politécnico e Universitário”.

Ainda em 2013, em Janeiro, tudo à sua volta começa a girar em volta da


Ciência Jurídica e sentiu que não estava a acompanhar esta evolução. Foi
então que resolveu frequentar um curso de Direito. Inscreveu-se no
ISUPE-Ekukui II, Instituto Superior Politécnico Humanidades e
Tecnologias, filiação que se mantém até hoje do Grupo Lusófona, onde
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cumpriu e conclui com aproveitamento suficiente o plano curricular de


Licenciatura em Direito, na Opção de Direito Publico-Administrativo, no
ano lectivo 2018.

Em 2014, em Fevereiro, sob o pseudónimo artístico de KENNEXIZ


XAVIER; entre muitos projectos literários que tem engavetado, publicou
o seu primeiro livro – do modo literário narrativo (Romance) - intitulado
Efeitos da Vida – Olhos nos Olhos.

Entretanto participa em alguns plenários e manifestações das


associações juvenis de Angola, inclusive já foi indicado ad hoc secretário
dos projectos e planeamento do CPJ-HUAMBO (Conselho Provincial de
Juventude do Huambo) em 2016 e, também, já foi proposto secretário de
gabinete jurídico de um dos sindicatos dos trabalhadores, cargos que
não os aceitou por considerar que não tinha o perfil adequado para a
função. Também recusou porque pensa que as sindicatos e ou
associações juvenis e trabalhistas são uma faixada por se encontrarem ao
serviço do partido político-estado, MPLA que (des) governa o país desde
1975 ao seu egocentrismo e bel-prazer. Ele entende que as associações
juvenis/trabalhistas são de extrema importância para manter e apoiar o
sentido crítico e reivindicativo dos jovens e, dos trabalhadores e de certa
forma, manter uma mediação isenta entre estes e a entidade estatal ou
patronal, caso contrário o poder de reivindicação dos jovens ou dos
trabalhadores fica muito limitado. Na sua opinião as plataformas juvenis
e as organizações sindicais que temos no País deviam ser renovadas com
gente nova para os jovens ou trabalhadores voltarem a acreditar nelas.

Em 2006, surgiu um Concurso Publico na Policia Nacional, para


efectivos do Comando Nacional da Policia de Angola, fez a sua
candidatura. Foi chamado a fazer uma prova de aptidão. Esta prova
consistia em responder a perguntas relacionadas com conhecimentos de
manutenção/conservação da ordem pública, defesa e segurança
nacional, matemática e português. Em seguida foi chamado a exames
médicos e exames psicotécnicos. Todos os exames correram bem. Foi
frequentar o curso de recruta durante seis meses. Este curso consistia na
manobra de máquinas de pequena e grande porte de guerra e
construção civil, artes marciais, como por exemplo, metralhadoras,
sapadores, Krav Magá, Taekwando, Jiu-jitsu, cilindros, retroescavadoras e
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máquinas giratórias. No fim do curso fiquei aprovado. Este trabalho


permitiu-lhe conhecer quase todas as linhas de caminho-de-ferro do
País, assim como muitas localidades.

Este trabalho, também, permitiu-lhe conhecer muita gente boa e fazer


grandes amizades de Norte a Sul e do Mar ao Leste do País assim como
visitar muitas localidades que não conhecia.

Em 2007, frequentou uma escola de condução, tendo ficado habilitado


para a condução de veículos ligeiros profissionais. A razão de ter tirado
carta de profissionais, ficou a dever-se à possibilidade de fazer da
condução a sua profissão e gostar da ideia de ir para os transportes
interprovinciais. Essa ideia ficou parcialmente pelo caminho, dado que
entrou na Policia Nacional de Angola em 2008.

Frequentou e conclui com êxito o curso de informática – na óptica do


operador - no Centro de Formação Profissional Fadário Muteka no ano
2004. O curso de Gestão e Administração no Centro de Formação
Profissional Fadário Muteka no ano 2005 e o curso básico de Inglês na
FISK no ano 2009.

De algum modo toda essa quantidade de conhecimento invasivo


influenciou-lhe nesses moldes do dever, ser e fazer. Contudo considera-
se cada vez mais um consumidor consciente dos seus deveres e direitos,
fruto da educação que recebeu dos seus pais, assente no sentido de
responsabilidade e da formação permanente ao longo da sua vida.

Decorria o ano de 2019, sentiu que estava a ser ultrapassado a nível


profissional, devido à falta de qualificações, foi então que resolveu
inscrever-se na Ordem dos Advogados de Angola, com o domicílio
profissional na província do Huambo. Realizou o processo de estágio
para obtenção da cédula profissional de Advocacia.

Dado que somos todos os dias inundados com novas tecnologias e ele
sempre gostou de estar actualizado, achou por bem continuar e ficar
mais qualificado, para quando surgirem novas oportunidades a nível de
concursos e novas qualificações na sua carreira vital não existir o
obstáculo da falta de habilitações literárias.
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Portanto, está aqui resumido o trajecto de vida de Isaac Kenetchipivela


Xavier até aos dias de hoje, vida esta que tentou sempre levar com
dignidade, cumprindo com os seus deveres de Cidadão, também
consciente dos seus Direitos. Tentou sempre evoluir dentro do que lhe
foi possível, tanto a nível pessoal como a nível profissional. Esperamos e
é o seu desejo continuar a evoluir a todos os níveis. Por essa razão, está
agora neste início de carreira como Advogado. Este curso de Direito
proporcionou-lhe um crescimento/aprofundamento em várias áreas do
conhecimento. Desenvolveu diversas competências que lhe são presente
e futuramente bastantes úteis na sua área profissional e no seu
quotidiano, como cidadão informado e interventivo, tais como:
aquisição de conhecimentos no domínio da informática, capacidade de
se expressar/argumentar oralmente e através da escrita, ficar ainda mais
sensibilizado/informado sobre determinadas questões pertinentes na
sociedade actual. Está convicto que a carreira de advocacia constituiu
para ele um óptimo investimento nos planos pessoais e cultural. Está
bastante satisfeito com a sua prestação, dado o seu empenho para ser
bem-sucedido neste desafio.

Está grato a todos os formadores e colegas que lhe ajudaram neste


processo e contribuíram para que ele fosse mais interessante e
diversificado.

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