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CAMPUS LIBERDADE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM LINGUÍSTICA
MEMORIAL ACADÊMICO
São Paulo
Dezembro/2016
1 Introdução
Com o trabalho foi possível adquirir cada vez mais terras e quando eu
nasci meu avô Ângelo Rossi já era dono de suas próprias terras, a Fazenda
Cruzeiro do Sul, lugar onde fui criada e morei até meus 14 anos.
Por mais que desejemos ser fiéis ao que acreditamos ter acontecido,
surpreendemo-nos com os apagamentos da memória ou
esquecimentos, com lembranças, que nos parecem tão reais e, ao
mesmo tempo, fictícias: não mentimos, damos testemunho do que
fomos, vivemos e vimos [...] (CORACINI, 2011, p. 45).
Assim, entre acontecido e ficção, acredito ter sido uma aluna mediana,
nunca fui a melhor da sala, mas também nunca fiquei para recuperação ou repeti
o ano apesar de todas as dificuldades para estudar. Muitos colegas desistiram
no meio do caminho, pois precisavam trabalhar para ajudar na manutenção dos
sítios familiares. Minhas obrigações não eram muito complicadas, pois tinha que
ajudar a mãe na manutenção da casa e recolher o gado de leite no final da tarde
para ajudar o pai. Na verdade as maiores dificuldades estavam ligadas ao trajeto
até a escola, que era longe, difícil e demorado, mas eu gostava muito de estudar.
Na verdade estudar era fácil e sempre foi um prazer para mim.
A partir da quinta série, foram vários os professores que passaram pela
escola Berbet, pois como era distrital, apenas os professores com menos
experiência é que acabavam dando aula lá e quando já possuíam pontuação
suficiente para conseguir aulas na cidade de Martinópolis, eles pediam
transferência sem hesitar. A maioria dava aulas por um ano e depois não
voltavam mais, pois todos eles moravam em Martinópolis e tinham que viajar
todos os dias, por estrada de terra. Quando chovia, ninguém conseguia chegar
ao colégio.
Na contramão deste fluxo, posso citar a professora de português Dona
Crescência Chiarella, que apesar de toda a sua experiência, continuava a
lecionar no Berbet, chegando a assumir sua direção em algumas ocasiões. Uma
curiosidade sobre a professora Crescência Chiarella é que ela deu aulas para o
meu pai quando ele estava na escola e anos depois, também fui sua aluna.
No livro do escritor local José Carlos Daltoso há um relato desta
professora rememorando os tempos em que lecionava em escolas rurais, o que
deixa bem claro as dificuldades enfrentadas por estes profissionais.
Uma coisa que aprendi a gostar, morando em zona rural, foi ler. Durante
uma boa parte da minha vida, não havia energia elétrica onde eu morava, então
não tinha como assistir televisão durante o dia, pois a TV funcionava com a
bateria do Trator, que só ficava estacionado em casa à noite, pois durante o dia
estava sendo utilizado na lavoura. Então ler, era a melhor distração.
Ao finalizar o primeiro grau, meus pais decidiram que eu iria estudar em
Martinópolis para cursar o Magistério. O motivo principal era que o “Berbet” não
oferecia o 2º Grau durante o dia, apenas a noite e meus pais não gostaram da
ideia da filha na estrada, todas as noites, contando com uma condução que mais
estava quebrada do que funcionando.
Por ser uma cidade muito maior do que Martinópolis, Nova Friburgo
também oferecia muitas possibilidades de cursos paralelos à minha formação
docente. Neste ano de 1990, também aproveitei para fazer cursos de curta
duração no SENAC como o de Técnicas Básicas de Etiqueta Profissional e
Postura, Venda Varejista, Distribuição, Promoção de Vendas e Propaganda.
Estes cursos eu frequentava no período noturno.
Curso de Extensão para Estágio Supervisionado em Ensino de Ciências
na Escola de 1º Grau, oferecido pelo Centro de Ciências da Secretaria de Estado
de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, onde foram estudados temas
interdisciplinares, com procedimentos didáticos diferenciados, tais como:
experiências, visitas, dramatizações, jogos, debates, projeções em vídeo-
cassete, leitura e discussão de textos. O curso aconteceu de março a maio de
1990, com carga horária de 50 horas.
Curso/Treinamento de Primeiros Socorros, oferecido pela Secretaria de
Estado de Educação e Cultura – Núcleo de Educação Comunitária de Nova
Friburgo em parceria com a Cruz Vermelha Brasileira, no período de 21 a 26 de
maio de 1990, no horário das 12h às 18h.
A minha formação no Magistério foi publicada no Diário Oficial do Estafo
do Rio de Janeiro , no Caderno Poder Executivo, em 10 de setembro de 1991,
ANO XVII, nº 174, PARTE I, com o título: Formação de professores de 1ª a 4ª
série do 1º Grau, Turma 3101, em 1990.
Após a formatura, eu voltei para Martinópolis, porém a docência foi
colocada de lado, pois a Delegada de Ensino, na época, não aceitou meu
diploma do Rio de Janeiro e fui proibida de lecionar na cidade.
Já que não podia exercer a profissão de professora, fui fazer cursinho
preparatório para vestibular em Presidente Prudente. Prestei letras na UNESP
de Presidente Prudente, mas minha família não tinha condições para me manter
numa cidade onde não havia ninguém da família para dar suporte.
Comecei a trabalhar no comércio em Martinópolis, exercendo a função de
balconista de uma locadora de vídeos por mais de ano, em seguida trabalhei
como vendedora no comércio em geral. Conheci meu marido. O casamento com
Flávio de Oliveira Martinez ocorreu em 16 de Julho de 1994, quando assumi o
sobrenome do cônjuge, vindo a assinar como Lirane Rossi Martinez.
Depois de casada, fomos morar em Presidente Prudente e passei anos
sem trabalhar fora. Eu passava o tempo fazendo cursos de Artesanato: crochê,
tricô, ponto cruz, macramê, pintura em gesso, pintura em madeira, confecção de
caixas artesanais etc.
Engravidei e em 2003 nasceu meu único filho, Vitor Hugo Rossi Martinez.
Meu amor pelos livros se manifesta na escolha do nome de meu filho – Meus
dois amores. Sempre disse a todos que se um dia eu tivesse um filho, seu nome
seria em homenagem a Victor Hugo, escritor francês autor de Les Misérables,
de Notre-Dame de Paris, Les Travailleurs de la Mer entre outros. Apenas retirei
o “c” para facilitar um pouco a escrita, já que mantive o “H”. Tais letras podem
dificultar a aprendizagem do nome pelas crianças quando estão sendo
alfabetizadas.
4 Graduação
Como eu já conhecia um pouco sobre promoção de vendas e
propaganda, tanto pelos cursos que havia feito no passado como por minha
experiência no comércio, decidi ingressar no curso de Publicidade e
Propaganda.
Assim, fiz o Curso de Comunicação Social com Habilitação em
publicidade e Propaganda na FAPEPE – Faculdade de Presidente Prudente,
entre os anos de 2007 e 2010.
Desde que entrei na faculdade sempre deixei bem claro para todos que
minha intenção não era seguir a profissão de publicitária, o que eu queria era me
formar e me capacitar para voltar a dar aulas. Todos os meus trabalhos e
estágios durante a graduação sempre estiveram voltados para este desejo.
5 Pós-Graduação
– Atividades profissionais
Aprovada em 2013 no processo seletivo para docente na Etec Professor
Adolpho Arruda Mello, em Presidente Prudente, unidade do Centro Estadual de
educação Tecnológica Paula Souza, onde exerci a função de Professor de
Ensino Médio e técnico por 2 anos (2014/15).
Finalmente o Mestrado!
No final do ano de 2015, meu marido, que é funcionário público foi
transferido para trabalhar na capital. Então neste ano encerrei minhas atividades
como docente no Centro Paula Souza e partimos para São Paulo. Nos seis
primeiros meses que aqui estava, me preocupei primeiramente com a adaptação
do meu filho à nova escola, novo bairro e nova cidade e dediquei-me ao curso
que estava fazendo pelo Centro Paula Souza do Programa Especial de
Formação Pedagógica de Docentes.
No segundo semestre eu participei do processo seletivo para o Mestrado
da Universidade Cruzeiro do Sul, onde fui aprovada e curso neste momento o
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Linguística.
Minha Orientadora é a Prof.ª Dr.ª Patrícia Silvestre Leite Di Iório que segue
a Linha de Pesquisa: Texto, Discurso e Ensino: processos de leitura e produção
do texto escrito e falado. Pertencente ao Grupo de Pesquisa: Teorias e Práticas
Discursivas. Baseada na Análise do Discurso Francesa, fundamentada
principalmente nos estudos de Dominique Maingueneau. O título do estudo
ainda é provisório “STORYTELLING: A construção do Ethos Institucional na
propaganda”, utilizando como Corpus de Análise propagandas de empresas
como Aurora Alimentos, Caixa Econômica Federal e Natura.
Estou apenas no início do processo, mas muito feliz com esta experiência.
A cada nova disciplina há uma sucessão de encantamento, descobrimentos e
aprendizagem, além, é claro, de memórias.