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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - DIRED
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

APRESENTAÇÃO

Este é um Memorial de Formação e tem como objetivo apresentar


acontecimentos marcantes que ocorreram em minha vida estudantil,
profissional e acadêmica, descrever minha trajetória educacional, destacando
situações que eu vivi e atividades que desenvolvi e que realizo atualmente e as
minhas perspectivas de estudo em relação a esse curso. Elaborá-lo é
reconstruir minha própria existência, é trazer para o presente, momentos
jamais esquecidos e vivenciados em diversas etapas e situações de minha
vida. Na opinião de Moraes (1992), memorial é um retrato crítico do indivíduo
visto por múltiplas facetas através dos tempos, o qual possibilita interferências
de suas capacidades.
Para facilitar a escrita e entendimento, o texto está dividido em partes,
como construindo um sonho profissional, onde descrevo o início de meu sonho
de lecionar, a importância do Magistério em minha vida, a trajetória profissional
em busca do meu sonho e a formação acadêmica tão sonhada e batalhada.
Este memorial, portanto, resulta de uma análise de minha trajetória
educativa. Os autores aqui citados foram selecionados para fundamentar os
conhecimentos pessoais, bem como uma preocupação em destacar em cada
período a questão que me pareceu mais ilustrativa e mais importante.
O desafio proposto é resgatar fragmentos das experiencias passadas
para que possam dar vida ao meu Memorial de Formação Construindo Minha
Vida Profissional, bem como as transformações percebidas no decorrer dessas
experiencias.

1. CONSTRUINDO UM SONHO PROFISSIONAL


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CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

     Nasci no dia 12 de dezembro de 1975, em Belo Horizonte, Minas Gerais.


Lá vivi até meus 8 anos. Em março de 1985, minha família e eu viemos para
Pimenta Bueno, onde resido até hoje. Minha mãe teve dois filhos, eu e o mais
novo. Era a segunda esposa de meu pai, que era viúvo com dez filhos. A
diferença de idade deles era muito grande, 28 anos. Quando nasci, meu pai
tinha 48 anos e já alguns netos. Ele era muito severo, sistemático, mas tinha
um amor enorme por nós. O sonho dele era dar o melhor para nós, por isso
iríamos para Rondônia, onde conseguiria um pedaço de terra para trabalhar e
garantir o nosso futuro. Nessa época eu estava cursando a antiga segunda
série do primeiro grau. Estávamos vivendo uma situação financeira muito difícil,
pois havia muito desemprego, e meu pai trabalhava muito, de sol a sol, tirando
areia do rio. Tínhamos acabado de nos mudar de Belo Horizonte para Betim e
não tínhamos nos adaptado ainda. Em nossa casa moravam duas crianças e
seis adultos. Recebemos visita de um irmão que morava aqui em Pimenta
Bueno e aproveitando o retorno dele, viemos todos para cá e chegamos aqui
no dia 31 de março de 1985.

1.1 O início do sonho

Com seis anos comecei a estudar no Jardim Escolar. Nossa escola ficava
no andar de cima de uma igreja. Não me lembro do nome da escola nem da
professora, mas de alguns fatos. Foi aí que começou iniciou meu sonho de ser
professora, pois quando chegava em casa, brincava de escolinha com meu
irmão. Lembro que brincávamos e cantávamos as cantigas de roda. A
professora sempre trazia desenhos para a turma colorir e tinha o momento de
cantar. No final do ano, tivemos uma apresentação de encerramento. Eu e uma
coleguinha dançamos de e um coleguinha tocava com um violãozinho de
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brinquedo. Da música não me lembro, mas o que me marcou foi participar do


evento.

Ao relembrar esses fatos de infância, faço uma ligação ao que estudamos


na disciplina de Educação Infantil sobre a importância da pré-escola na vida da
criança, sendo considerada etapa principal e primordial no desenvolvimento do
ser humano.

A educação Infantil é considerada a primeira etapa da Educação


Básica, tem a finalidade de desenvolver a criança até os seis anos de
idade, ou seja, desenvolver na criança uma imagem positiva de si,
reconhecendo o seu próprio corpo, brincando, expressando suas
emoções e seus sentimentos, socializando-se com os colegas e os
professores. (VERGES e SANA, 2009, p. 10)

Penso que o gosto pelas atividades artísticas, pelo brincar, venha do que
eu vivi na minha infância, graças a minha professora que soube despertar isso
em mim, o que com certeza influenciou na minha escolha profissional.

Sempre estudei em escola publica, exceto na 1ª série do Ensino


Fundamental, pois não havia uma próxima a nossa casa, e para eu não ficar
muito atrasada, meu pai preferiu pagar. Dessa eu me lembro o nome Escola
Maria Madalena. Foi marcante porque era uma construção grande, com
andares. Minha sala ficava no segundo andar. Minha professora se chamava
Celma. Muito jovem, sempre arrumada, com unhas vermelhas e grandes, muito
séria. Tínhamos a cartilha “A galinha dos ovos de ouro”. Não lembro de
momentos de recreação como no jardim. Não cantávamos e nem brincávamos
e nem tivemos apresentação no final do ano, pelo menos não lembro.
Parecíamos todos soldadinhos, com nossos uniformes bem passados e em fila.
Tinha sempre atividade para casa, onde minha mãe me ajudava. E a
brincadeira de escolinha me acompanhava.

Quando chegamos em Rondônia, minha mãe não conseguiu nos


matricular, pois não havia vagas e perdemos um ano de estudos. Meu pai foi
trabalhar em um sítio e fez para mim um quadro com tábuas, onde eu usava
carvão para escrever, e assim, ensinava meu irmão o alfabeto. Creio que meu
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pai, em toda sua experiencia de vida, descobriu em mim uma vocação para o
Magistério.

Hoje lembro de fatos, professores e atividades ocorridas nesses anos de


estudos que só vem fortalecer meu trabalho. Não me lembro de fatos
negativos, mas de coisas boas. Sei que tive momentos de frustração, mas
diante de tudo que vivi, ficaram esquecidos. Entre todas essas experiencias
vividas, o lúdico me marcou bastante, assim como a disciplina de Fundamentos
e Prática do Ensino de Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
com o Orestes, que despertou em mim através de sua maneira de ensinar que
a matemática é muito gostosa e prazerosa, que eu posso ajudar meus alunos
construírem seus conhecimentos de maneira divertida, sem deixar de lado a
importância dos cálculos e outros conteúdos, pois um dos papéis da escola é
ensinar a decidir, com inteligência, se é mais adequado calcular com lápis e
papel, mentalmente, com a calculadora, ou ainda estimar o resultado. (Bigode,
1998, p.34)

1.2 O Magistério: momento mágico de aprendizagem

Ao terminar o Ensino Fundamental, optei por fazer o Magistério. Na


época havia o Colegial e Contabilidade. Creio que fiz a melhor escolha. O
desenvolvimento da industrialização e a urbanização, favoreceram o ingresso
das mulheres no mundo do trabalho, especialmente na Educação. Esse fator
juntamente com o desejo que tinha e o apoio e incentivo de meus pais,
impulsionaram minha escolha como professora. Falar que escolhi essa
profissão por só por amor é mentira. O financeiro também contou e muito, pelo
menos naquela época.

Concluir o curso foi prazeroso, mas também difícil. A escola ficava longe
de casa, do outro lado da cidade. Por um bom tempo ia debaixo de um sol
escaldante a pé e chegava em casa à noite, pois não tinha dinheiro para pagar
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circular. Alguns meses depois, ganhei uma bicicleta de meu pai, o que facilitou
minha caminhada. Na época dos estágios eram muitas horas em sala.
Analisando agora, parece que as disciplinas que estudava na época era a parte
pratica das disciplinas que estudei nesse curso de Pedagogia. Didática,
Metodologias das disciplinas, Psicologia, entre outras. Nós confeccionávamos
caderno de músicas, de recreação e brincadeiras, de planejamento, tudo muito
lindo e caprichado, mas não estudamos os teóricos como no curso de
graduação, por isso a comparação.

Depois de três anos de muito aprendizado, chegou a formatura. Meu pai


havia acabado de sofrer um acidente e minha mãe teve que trabalhar fora para
sustentar a casa. Mesmo com toda situação difícil que estávamos passando,
ela me presenteou com um anel. Não tive condições de participar da festa e
nem do cerimonial. Meus pais batalharam muito para me ajudar e isso foi o
mais importante. Consegui no final do curso, um trabalho temporário, de um
mês, numa escola onde estagiei. A professora separou seis de seus alunos
que não tinha condições de serem aprovados para eu dar reforço. Eram quatro
horas diárias com eles, pois eles “atrapalhavam” a aula dela. Hoje sei que essa
professora errou, mas não quero julgá-la. Quando recebi meu primeiro salário,
entreguei para minha mãe. Foi uma grande alegria em casa. Lembro de meu
pai chorando de alegria por mim.

     Desde que conclui o Magistério, em 1996, sempre sonhei em cursar uma
faculdade, mas as condições financeiras não me permitiam no momento. Ainda
não havia decidido que curso queria fazer e na cidade onde moro não havia
faculdade particular ou pública. O jeito foi esperar, ainda tinha muitos caminhos
a percorrer.

O Magistério foi único na minha vida, de grandes aprendizagens e


expectativas. O clima de camaradagem com as colegas tornava os momentos
mais agradáveis. O estágio magisteriano foi totalmente diferente do curso de
graduação, com realidades totalmente diferentes, até porque as épocas
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também se diferem. Na ocasião, as professoras eram chamadas de “tias” e


isso era muito gostoso de ouvir.

No decorrer da história da educação brasileira, a função social do


magistério para a educação, tem por objetivos de contribuir com o
desenvolvimento, uma vez que os professores formam futuros trabalhadores,
ensinando questões necessárias à sociedade, questões estas que envolvem
leitura, escrita, a socialização, a moral, entre outros.

2. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL: EM BUSCA DO SONHO

Trabalhar com aquilo em que havia me formado parecia muito distante,


até que em 1999, fiz um teste seletivo para lecionar em uma escola da zona
rural onde meu pai tinha um sítio. E não é que passei. Nossa, parecia festa. Só
tinha um problema, era uma escola multisseriada. Eu não havia estagiado
numa escola assim. Os primeiros dias foram tensos, mas depois me acostumei.
É um formato de educação escolar onde a participação é efetiva. Minha escola
era bem simples, com paredes de madeira sem matajuntas, sem pisos e com
buracos no chão, havia um banheiro fora (um mictório, como era chamado) e
uma torneira também lá fora. Levava uma panela grande de água para dentro
da sala para fazer a merenda. Os alunos mais velhos lavavam as louças.
Cuidávamos da limpeza e até carpíamos o quintal. A cada bimestre os
Coordenador Municipal e o corpo de apoio da Secretaria de Educação iam
avaliar, ouvindo leitura, fazendo ditado, olhar os cadernos dos alunos e verificar
se o que eu havia planejado estava sendo mesmo executado. Era muita
cobrança. Alguns alunos quando viam o carro da SEMEC chegando, saiam
correndo, outros choravam e não liam. Dava tristeza de ver, mas foi um
aprendizado, uma experiencia. Para chegar a escola, eu caminhava uns
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trezentos metros pelo meio do pasto, por entre as vacas e mais uns três
quilômetros, na ida e na volta.

No ano 2.000 fiz o concurso e me tornei efetiva, mas permaneci na


mesma escola até o final de 2002. Lá trabalhei com a Educação de Jovens e
Adultos, no Projeto Reviver, de 5ª a 8ª série.

Quando estávamos estudando a disciplina da EJA, com o professor


Wendell Fiori de Faria, e fazendo minha análise, percebi que poderia ter feito
muito mais pelos meus alunos.

Paulo Freire em sua Pedagogia da Autonomia, defendeu essa


educação. Uma educação para a vida, onde se questiona e luta pelo bem-estar
social; uma educação emancipadora capaz de provocar, nos envolvidos, uma
verdadeira reforma nas práticas passivas de educação.

Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que


aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia,
das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra,
à educação, à saúde, quanto à que, pelo contrário, reacionariamente
pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta. (Pedagogia
da Autonomia, 2002, p. 68)

No início do ano de 2003 fui transferida para a cidade para trabalhar em


uma creche. Totalmente oposto ao que fazia antes. Foi um novo aprendizado
trabalhar com crianças de três anos, onde a dependência pelo professor era
maior. Em 2005, fui trabalhar na Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino
Fundamental Nair Barros, onde trabalhei com alfabetização até 2011.

Em 2012 fui trabalhar num Centro de Educação Infantil, onde fiquei por
dois anos e meio. Por motivos de saúde, voltei a Escola Nair Barros, onde
estou até hoje.

3. FORMAÇÃO ACADEMICA EM CONSTRUÇÃO


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Tentei o vestibular na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em


2002, mas infelizmente não consegui. Então eu não tinha muita opção, mas
mesmo assim não desisti. Iniciei em 2007 o curso de Pedagogia pela
Universidade do Tocantins (UNITINS), mas parei no inicio do segundo
semestre, pois apesar de ser pela EAD, era aos sábados e ficava muito difícil
para mim. Tentei o curso presencial noturno, mas não me adaptei, pois
trabalhava o dia inteiro e não consegui conciliar. Em 2010, prestei o vestibular
pela UAB e depois de quase um ano, iniciamos as tão esperadas aulas. Na
época estava em uma segunda gravidez.

Estávamos muito eufóricos, Fred, Ana e eu. Nos primeiros encontros


presenciais, a sala estava sempre cheia. Passamos uns dois ou três finais de
semana estudando e como era distante, pernoitávamos em Rolim de Moura
mesmo. Lembro-me da professora Eleonice contando um conto, que já não me
lembro do nome, e que conseguimos descobrir o final dele quando tivemos a
atividade prática da disciplina de Recreação e Jogos, agora em agosto. Ela
falou sobre a importância da leitura na vida das pessoas, principalmente em
sala de aula para os alunos.

Ao se tratar do processo de leitura, é preciso saber quais as dificuldades


e o que se precisa para iniciar a leitura, para que novas atividades possam ser
desenvolvidas através da mesma.

Aprender a ler significa aprender a ler o mundo, e a função do


educador não seria precisamente a de ensinar a ler, mas a de criar
condições para o educando realizar a sua própria aprendizagem,
conforme seus próprios interesses, necessidades, fantasias, seguido
as dúvidas e exigências que a realidade lhe apresenta. (MARTINS,
1999, p.34).

A leitura é fundamental não apenas na formação do aluno, mas também


na formação do cidadão, e essa considerável parcela no cumprimento dessa
tarefa recai sobre a escola, que tem o objetivo de ensinar e educar para a
sociedade. Estudamos sobre essa importância também em outras disciplinas,
como Fundamentos da Língua Portuguesa, Didática, entre outras. Nesse meio
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de tempo, a UNIR entrou em greve e tivemos que dar uma pausa forçada.
Esperávamos que fosse bem rápida essa paralização, mas não. Demorou e
muito. Por um lado, foi bom, pois se tivéssemos voltado antes, talvez eu tivesse
desistido.

3.1 Cursando História

Por demorar muito voltar às aulas, decidi prestar no inicio de 2012 um


novo vestibular, mas adiei para o segundo semestre, pois ocorreu uma
fatalidade na minha família, que foi a morte de meu filho. No segundo semestre
de 2012 então, prestei o vestibular para o curso de Licenciatura em História, no
município de Cacoal. Lá eu iniciei o segundo período, mas por motivo de força
maior tive que parar. Meu pai faleceu e não tive forças para continuar.

Em agosto de 2013 retornei ao curso de História, agora aqui na minha


cidade. Era um curso a distancia, mas que requeria de mim muita dedicação.
Creio que deixei a desejar nesse curso, pois passei por muitos problemas
emocionais e de saúde. Muitas vezes eu quis desistir, pois não tinha forças
nem ânimo para estudar, mas meus companheiros não deixavam, dando apoio
necessário para eu me recompor.

Gosto muito de História. Ela me fascina, me envolve. A História Antiga,


das Artes é muito envolvente. Mas quando parti para o estágio, me desanimei.
Os alunos são em sua maioria adolescentes. E olha que boa parte dos alunos
da escola onde estagiei já me conhecia, pois estudaram onde trabalho. Eles
pareciam tão distante das professoras, não tinham o vinculo de afeto que
podemos observar nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Graças a Deus consegui concluir e colei grau no dia 29 de agosto de


2016. Hoje, refletindo minha vida, sei que o curso em Licenciatura em História
serviu e serve como uma realização pessoal, mas não creio que deixarei de
lecionar para alunos do 1º ao 5º ano para ir para o Ensino Fundamental II.
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4. A PEDAGOGIA

    

No inicio aos trabalhos acadêmicos do curso de Pedagogia, percebi que


iria ter que conviver com muitas pessoas diferentes de outras cidades, de
costumes e pensamentos diferentes. Mas fiquei contente, pois estava em um
grupo de quatro pessoas de minha cidade. Começamos a ir juntas para o
município de Rolim de Moura. Fizemos um compromisso de trabalharmos
juntas lutando pelo mesmo objetivo, mas não deu certo. Fiquei apenas eu e
Ana Lucia, sempre sendo companheiras acima de tudo e, deu muito certo.
Além de estudarmos juntas, trabalhamos na mesma escola, ambas somos
professoras. Percebemos que se continuássemos trabalhando da mesma
forma que começamos unidas tudo seria mais fácil, e assim passamos por
todos os trabalhos, seminários, projetos, estágios de cabeça erguida, com
dificuldade, mas nada que fosse impossível de realizar.

O Pedagogo é um educador que planeja, organiza e desenvolve


atividades e materiais voltados para a Educação Básica. Sua atribuição central
é a docência - na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental
-, mas pode desempenhar outras atividades relacionadas à educação e ao
ensino: coordenação de equipes, acompanhamento, orientação e gestão de
escolas ou sistemas de ensino. A elaboração e análise de materiais didáticos
(livros, vídeo, programas computacionais, ambientes virtuais de aprendizagem,
entre outros) também integram seu campo de atuação.

Sobre a Pedagogia, Maria Amélia Santoro Franco nos faz refletir quando
nos questiona.

Se não é a Pedagogia como ciência da educação a condutora e


operacionadora desse movimento de formação de professores
reflexivos, qual outra ciência pode assumir esse papel? Qual
alternativa, em relação à formação de professores se não a
racionalidade crítico-reflexiva? É possível transformar essas
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propostas em projeto educacional? Se não os pedagogos, quem deve


assumir a condução deste projeto? (p. 124).

Essa é a reflexão que devemos fazer. Significa que o professor precisa


saber lidar com os alunos de diferentes repertórios, uma vez que há diferenças
socioculturais, emocionais e intelectuais entre eles. Será que o professor
conhece, suficientemente bem, conteúdos de outras áreas além dos de sua
área de formação e atuação profissional? Será que conhece, com propriedade,
os temas sociais que deverá abordar “transversalmente” em sua área de
conhecimento. Estará preparado para ensinar sobre ética, educação ambiental,
orientação sexual, pluralidade cultural e saúde? Sabemos que, de forma geral,
não, e isto nos permite prever o quanto pode ser morosa a concretização da
transversalidade.

Paulo Freire afirma que ninguém educa ninguém, ninguém educa a si


mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.

Por isso a Pedagogia tem como objetivo principal a melhoria no


processo de aprendizagem dos indivíduos, através da reflexão, sistematização
e produção de conhecimentos. Como ciência social, a pedagogia esta
conectada com os aspectos da sociedade e também com as normas
educacionais do país.

         Durante o período acadêmico, um dos momentos mais importantes que


achei foi o momento de estagio, pois foi o momento que tive certeza, terminaria
esse curso que parecia não ter fim. Tudo que estava aprendendo na teoria era
muito importante na minha formação, na área que escolhi para me tornar uma
profissional competente e capacitada assumindo minha profissão com
dignidade e acima de tudo com amor pelo que faço. No momento do
Seminário, quando nos reunimos para apresentar nossos estágios, ao ver
minhas colegas falarem de seus aprendizados, suas dificuldades, percebi quão
vitoriosas somos por ter chegado até aqui.
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Sabemos que o estágio é necessário e importante. Apesar de já estar


em sala, foi no estágio que consegui associar com clareza a teoria e a prática.
Comecei então a assimilar tudo àquilo que aprendi e tenho aprendido
teoricamente. As experiências se adquirem na prática, essa que permite ao
acadêmico vivenciar o cotidiano da profissão escolhida. No caso do curso de
Pedagogia, no estágio se aprendemos as peculiaridades do dia a dia e rotinas
de um ambiente escolar, mas com um olhar diferenciado.
Para melhor compreensão do que tenho aprendido, contei e conto com o
importante apoio dos teóricos como Jean Piaget quando se refere ao fato de
que o docente precisa respeitar o ritmo e o desenvolvimento de cada educando
quando for planejar e aplicar suas aulas.

Segundo Piaget, a criança não é um adulto em miniatura.


Para ele há uma diferença entre o adulto e a criança quanto ao modo de
funcionamento intelectual são dotados do mesmo equipamento básico, mas
com menos aptidões ou com aptidões menos desenvolvidas. Isso ficou bem
claro quando realizamos o estágio, pois tivemos contato com alunos da
Educação Infantil aos alunos da EJA. De acordo com ele, pensamos e
raciocinamos de forma qualitativamente diferente em diferentes fases do
desenvolvimento intelectual. 
Sobre o lúdico aprendi e fiquei encantada ao conciliar as teorias de Lev
S. Vygotsky com a realidade vivenciada, no que  se refere às atividades lúdicas
como meio de aprendizagem. Aborda que há uma grande influência da
brincadeira no desenvolvimento infantil e assim consequentemente sua
motivação para o sucesso da aprendizagem. Os professores Célio Borges,
Wendell, Orestes, Rafael Ademir e outros, sempre nos orientaram sobre o
lúdico em sala de aula. É necessário aproveitá-lo como facilitador do ensino
aprendizagem. Os jogos e as brincadeiras pedagógicas despertam nas
crianças o gosto pela vida.
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Brincar é aprender, na brincadeira, a base daquilo que mais tarde


permitirá a criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se,
assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das
dificuldades no processo de ensino na escola. (Vygotsky, 1998,
p.168)

Essa caminhada de estudos me proporcionou saberes sobre Legislação


Escolar, onde foi possível aprender e compreender o quanto é necessário obter
conhecimento, saber sobre a realidade das crianças, o Projeto Político
Pedagógico (PPP) e planejar com ações voltadas para o interesse da criança
visando o seu pleno desenvolvimento. 

Paulo Freire diz que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina,
aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Isso é o professor.
Não transfere conhecimentos, mas auxilia o aluno a construí-lo

O professor Nilson em suas várias disciplinas trabalhadas nos levava


sempre a buscar mais e mais. Educação no Campo foi a mais marcante para
nós. Ela pode ser aplicada de modo diferenciada, mas o objetivo é o mesmo:
educação para todos. Igualitária. Familiar. A construção de um ambiente
educacional perfeito realmente consiste em ter o envolvimento tanto da família
quanto da sociedade inserida dentro do mesmo contexto. É o momento para a
reflexão de como pais e professores poderiam ajudar nesta etapa do
aprendizado, respeitando a individualidade de cada criança, zelando pela sua
integridade física e moral.

CONCLUSÃO: SONHO CONCRETIZADO

Cheguei ao final dessa escrita com muito choro derramado. Lembranças


dos que passaram por minha vida deixando saudades. Poderia ter escrito mais
de minha vida, ou seria menos? Não sei. Creio que foi o necessário. Tantos
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projetos foram perdidos devido essa etapa da minha história não ter sido
concluída, mas sei que dias melhores virão. Foi um encontro comigo mesma.
Muitas lembranças ainda vão ecoar para que eu perceba que o processo de
conhecimento próprio, como um sujeito letrado e seu modo de agir e
consequências estão só iniciando.

Nóvoa diz que a abordagem (auto)biográfica permite ao adulto apropriar-


se de seu processo de formação, pautando-se no princípio de que é a própria
pessoa que se forma, à medida que vai entendendo a sua própria trajetória de
vida.

Hoje posso afirmar que aprendi que o educador deve ser


constantemente um pesquisador, buscando sempre soluções. Faz-se
necessário que ele se auto-avalie para buscar embasamentos teóricos
essenciais à reconstrução de sua prática pedagógica.

Acrescento que esta graduação me abriu um leque de possibilidades


para novas concepções e novas ações para o exercício de minha profissão.
Nesse processo, educamos e somos educados, internalizamos conhecimentos,
experiências e valores, buscando uma práxis que vise a justiça e igualdade.
Isso é Pedagogia.
Agora posso dizer que o sonho está construído.
Obrigada meu pai.
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REFERÊNCIAS

CURRY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, professores fascinantes. Rio de


Janeiro. Ed. Sextante, 2003;

FRANCO, Maria Amélia Santoro; Pedagogia como Ciência da Educação.


Campinas: Papirus, 2003, 144p
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v.
22, n. 37, 1999.

________. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática


educativa. 31ª Ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996(Coleção Leitura)

_______,.Pedagogia do Oprimido.17ª.ed.Rio de Janeiro,Paz e Terra,1987.

 ______. Reflexões sobre a relação professor-aluno a partir das pesquisas


de Piaget e Vygotsky. In: PASCUAL, Jesus Garcia; 

SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Inez; CÂNDIDO, Patrícia. Os jogos na


aulas de matemática. In:______. Jogos Matemática de 1º ano ao 5º. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
VERGÉS, Maritza Rolim de Moura; SANA, Marli Aparecida. Limites e
Indisciplina na educação infantil. 2 ed. São Paulo: Alínea, 2009.

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