Pioneirismo Ação religiosa

Educação protestante
em Sergipe O trabalho missionário no
hinterland do Brasil

E
ster Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento nasceu em 24/9/64, em
Aracaju, SE. É filha do reverendo Gerson Vilas-Bôas, fundador da Igreja ■ Revista Mackenzie – Como sur-
Batista Betel de Aracaju, e de Nádia Fraga Vilas-Bôas, professora giu a idéia de escrever um livro
aposentada da Universidade Federal de Sergipe. É graduada em Biologia, mestre sobre o trabalho de pioneiros?
em Educação pela UFS. Desde agosto de 2001 faz doutorado em História da ● Ester Fraga Carvalho do
Educação, na PUC de São Paulo. É pianista. Como sua mãe foi aprovada para Nascimento – A Escola Americana:
fazer mestrado em Educação na UnB (1985) e seu pai assumiu cadeira na Origens da Educação Protestante
Câmara Federal, a família mudou-se para Brasília, onde morou durante quatro em Sergipe (1886-1913), meu primei-
anos – período em que continuou o curso de Biologia e tocou, acompanhando ro livro, foi publicado pela Editora
o Coral do Governo Federal. Ensinou no Centro de Artes Claude Debussy. Em UFS (2004).Faz parte da coleção Edu-
1990, passou em concurso público para professora da rede estadual, lecionando cação é História, que conta com o
no Colégio Lourival Fontes e no Conservatório de Música de Sergipe. fomento da Fundação de Amparo à
Em 1996/1997 foi diretora da Coordenadoria de Intercâmbio Cultural da Pesquisa de Sergipe – FAP-SE. Com o
Secretaria de Estado da Cultura, na gestão de Luiz Antonio Barreto. Em 2000, objetivo de divulgar a produção sergi-
foi assessora pedagógica do Departamento de Educação da Secretaria de Estado pana no campo da História da Edu-
da Educação. No mesmo ano ensinou Psicologia da Educação, no curso de cação,a coleção vem sendo publicada
Pedagogia da Faculdade Pio X. Desde 1997, início de seu mestrado, tem se pelo Grupo de Estudos e Pesquisas
dedicado a pesquisar a educação presbiteriana no Nordeste. É membro do em História da Educação: Intelectuais
Instituto Tobias Barreto de Educação e Cultura/ITBEC-SE, da Sociedade da Educação, Instituições Educacio-
Brasileira de História da Educação/SBHE, da Associação Nacional de nais e Práticas Escolares, do qual faço
História/ANPUH, além de integrante do Grupo de Pesquisa em História da parte. Criado pelo professor-doutor
Educação: intelectuais, instituições e práticas escolares da UFS. Jorge Carvalho do Nascimento
É casada com Jorge Carvalho do Nascimento, professor da Universidade Federal (2001), o Grupo de Estudos funciona
de Sergipe. Considera a família “o bem mais no Núcleo de Pós-Graduação em Edu-
precioso” – o marido, Jorge, os pais, Nádia e cação da Universidade Federal de
Gerson, a irmã, Rosa Raquel, os sobrinhos, Sergipe e constitui pólo dinâmico da
Raquel e Gerson Neto, o cunhado, Francisco pesquisa historiográfica educacional
Luiz, e as filhas de Jorge, Lícia e Denise.“São as do Mestrado em Educação da UFS.
pessoas mais importantes da minha vida,
sempre solidárias.” Conhece cidades ■ O estudo tem relação com os
dos EUA. Na Europa, missionários que criaram o
cinco países – Mackenzie?
Alemanha, França, ● As fontes confessionais que
Portugal, Espanha e levantei sobre a Missão Central do
Itália. Na América Brasil demonstram que alguns dos
do Sul, dois – missionários enviados para São
Argentina e Chile. Paulo pela Junta de Nova York foram
para o interior da Bahia e dali segui-
ram para Sergipe, Mato Grosso,
Goiás e norte de Minas Gerais.
Ester Fraga
Vilas-Bôas
Carvalho do
Nascimento
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Exemplo disso foi o
envio de George White-
hill Chamberlain, em
1892, e Willian Alfred
Waddell, em 1896. Em
1898, Waddell foi
designado superinten-
dente das escolas da
Missão Central do
Brasil. Aqueles ho-
mens foram respon-
sáveis pela implanta-
ção de escolas paroquiais e colégios
secundários naquela região.
■ Em suas pesquisas aparecem
historiadores mackenzistas?
● Usei os livros dos reverendos
Boanerges Ribeiro, Júlio Andrade
Ferreira, Osvaldo Henrique Hack e
João Gomes da Rocha, além dos
Anais da Primeira Igreja Pres-
biteriana de São Paulo, do reveren-
do Vicente Themudo Lessa, que
foram primordiais para minha
compreensão do presbiterianismo
brasileiro. Nas visitas que fiz a São
Paulo para coletar documentação,
tive o privilégio de discutir o tema
com o doutor Boanerges Ribeiro,
juntamente com o doutor Hermis-
ten Maia Pereira da Costa e o reve-
rendo Eliezer Bernardes, enquanto
tomávamos vários cafés expressos.
■ Qual a relação existente com
a Escola Americana do Mac-
kenzie em São Paulo?
● A ação educativa presbiteriana
norte-americana no Brasil iniciou-se
a partir de 1870, na Província de São
Paulo, com a Escola Americana, fun-
dada por George W. Chamberlain,
enviado pela Igreja Presbiteriana do
Norte dos Estados Unidos, e sua
esposa, Mary Annesley. A instituição
educacional, oferecendo os cursos
primário, secundário e superior ci-
entífico, fora escolhida pela denomi-
nação como modelo, utilizando mé-
todos e livros didáticos traduzidos,
além da organiza-
ção, similares aos
de suas escolas nos
Estados Unidos. O
êxito do estabeleci-
mento possibilitou a
abertura de institui-
ções educacionais
em outras Provín-
cias. Segundo o livro
de minutas da Missão
Central do Brasil, em
1898 Waddel enviou
ao diretor da Escola Americana de
São Paulo, Horace Manley Lane,
plano que subordinava as escolas
sob sua jurisdição ao modelo da Es-
cola Americana de São Paulo.
■ Do que trata Evangelização e
Educação: a Missão Central do
Brasil, que será apresentado no
V Congresso Luso-Brasileiro de
História da Educação?
● Numa perspectiva historiográfica
e utilizando principalmente a docu-
mentação levantada nos arquivos
confessionais presbiterianos, o traba-
lho aborda a ação religiosa e educa-
cional da Missão Central do Brasil, no
hinterland brasileiro, levando em
consideração que suas instituições
são objetos privilegiados de análise
do padrão pedagógico presbiteriano
norte-americano.
■ Sua atenção particularmente
ao presbiterianismo despertou
interesse em graduar-se ou pós-
graduar-se pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie?
● Apesar do meu interesse em cur-
sar pós-graduação em tão conceitua-
da instituição como o Mackenzie,
surgiu a oportunidade de fazer dou-
torado em História da Educação,
minha área de atuação, na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo,
onde atualmente desenvolvo pesqui-
sa sobre a ação educacional da
Missão Central do Brasil, na Bahia.
Cartas
Ao diretor-
presidente
Foi com redobrado prazer que
recebi a revista Mackenzie nº 27.
Além da publicação, agradeço as
palavras tão amáveis, do cartão com
o qual você a encaminhou.
Tomo, assim, a liberdade de diri-
gir-me diretamente a você, solicitan-
do que repasse à editoria pequeno
reparo à publicação de minha entre-
vista. Pequeno, tanto que passou
despercebido em minha primeira
leitura, porém grande o suficiente
para modificar um dado histórico.
Um certo trecho registra como
declaração minha: “... em 64 houve
o golpe, e a distensão em 68.”
O que disse e ocorreu foi exata-
mente o contrário: é a partir de 68,
com o AI-5, que o golpe assume
explicitamente seu caráter autori-
tário, sua face mais tenebrosa.Tenho
certeza de que foi engano involun-
tário e que você saberá como me-
lhor encaminhar a questão.
Um grande abraço do colega
Renato Viegas
São Paulo, SP
Nota da Redação
O leitor que enviou carta ao
doutor Custódio Pereira, diretor-
presidente do Instituto Presbiteria-
no Mackenzie, é o mackenzista Re-
nato Pires de Carvalho Viegas,
diretor de Planejamento e Ex-
pansão dos Transportes Metro-
politanos.
Juntamente com Luiz Carlos
Frayze David, presidente da enti-
dade, ele foi entrevistado na
matéria Dois Mackenzistas Dirigem
o Metrô de São Paulo.
O arquiteto tem razão. O erro,
involuntário, foi nosso.
O Editor
Sua opinião sobre a revista
Mackenzie será divulgada aqui.
Pode sugerir, criticar e até... elogiar!
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