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1.3.1 A Globalização
2
MÓDULO 5 - Programas de Formação de Professor
5.1 O Lugar da Reflexão na Construção do Conhecimento Profissional
3
MÓDULO 1 – A Universidade e a Sociedade do Conhecimento
4
Conversa inicial
Ótimo aprendizado!
5
1.1 A função da Universidade na Construção do Conhecimento
6
superior para o mercado de trabalho. Neste sentido, pode-se afirmar que na
realidade no mundo atual, a universidade está intrinsicamente ligada à
sociedade por meio do conhecimento, o qual representa a única forma de
transformação social.
7
Para aprofundar mais a análise da inserção da universidade no domínio
da “sociedade do conhecimento” é preciso compreender as relações internas e
externas da universidade (como a divisão de sua estrutura em pesquisa, ensino
e extensão), bem como as mudanças que essas relações sofreram ao longo de
sua existência no século XI.
8
a todas as outras o fundamento comum, ou seja, o objeto a que todas elas se
referem e os princípios dos quais todas dependem.
Contudo, a universidade não tinha plena autonomia sobre a pesquisa
científica e os estudos de metafísica e, consequentemente a própria ciência,
permaneceram atrelados ao campo da religião.
Aliás, a questão da autonomia da universidade frente a pesquisas e ao
ensino é um dos pontos que contribuíram para a falência do modelo universitário
medieval e, consequentemente, para a desfragmentação da relação entre razão
e fé. Dentre os fatores que impulsionaram a laicização da universidade estão os
movimentos de reforma protestante e a formação do Renascimento, o que
significa que os motivos que levaram a laicização da universidade são externos
a ela.
Na Idade Moderna (século XVI a XVIII), surge um novo modelo de
universidade fundamentado na autonomia sobre a pesquisa cientifica e
vinculado às necessidades da sociedade. De acordo com Lacerda & Álvares
9
surgimento de tecnologias que facilitam o processo de ensino- aprendizagem
(formação EAD, videoconferências).
Convém destacar que o uso de tecnologia para a aquisição do
conhecimento traz novos desdobramentos para a educação superior
(Universidades e Institutos), pois no mundo digital as informações são
absorvidas de forma intensa e o conhecimento do “novo” torna-se obsoleto
rapidamente. Sobre isso, Celso Candido (2003) afirma que a Universidade do
século XXI deverá estreitar cada vez mais a relação com o mercado do
conhecimento digital seja como produtora de talentos para o mercado de
trabalho, seja como produtora de conhecimento na forma digital.
Assim, na realidade contemporânea o conhecimento produzido e
adquirido no ensino superior impôs o ritmo de desenvolvimento da sociedade.
Síntese
10
1.2 Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária
11
Apesar do relevante reconhecimento da pesquisa como fonte de produção
do conhecimento, observa-se certo embate burocrático entre a pesquisa e as
instituições acadêmicas. Na maioria das vezes, a pesquisa científica deve
obedecer a procedimentos para sua realização que podem comprometer a
efetivação do resultado final. Conforme afirma Candido (2003), quanto maior for
o número de pesquisas científicas, maiores serão as possibilidades de
sobreviver no mercado de trabalho.
No que diz respeito à metodologia do trabalho científico também não há
diferenciação do conhecimento acadêmico ou mercadológico. Segundo Eco
(1995), de forma geral o estudo científico deve apresentar quatro apontamentos:
centralizar-se sobre um objeto de análise que seja reconhecido por todos;
esclarecer algo sobre o objeto que ainda não foi dito ou revisitá-lo a partir de um
ponto de vista diferente do que já foi tratado; o estudo deve ter utilidade para os
demais da sociedade; prover elementos para observação das hipóteses
apresentadas.
13
Superior divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2013 o Brasil registrou mais de 7
milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação no ensino superior.
Embora esse período da segunda metade do século XX tenha sido de
crescimento de oportunidades/matrículas no ensino superior, observa-se uma
desigualdade nessa expansão dentro dos próprios países, revelando que as
oportunidades não são dadas a todos de forma igualitária.
No gráfico a seguir, apreende-se uma concentração no número de
oportunidades educacionais, em nível superior, de uma região brasileira em
detrimento de outras.
Gráfico 1:
14
Outra informação que revela o desequilíbrio no acesso a universidade no
Brasil está nos dados do programa de Financiamento Estudantil (Fies), do
Ministério da Educação, que demonstram que juntos, os estados de São Paulo,
Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro possuem mais da metade dos contratos
firmados no Brasil (1,08 milhão) no cumulativo do período de janeiro/2010 a
junho/2015.
Essas informações são bases relevantes não apenas para fundamentar a
análise da situação da educação superior no país, mas servem também como
instrumentos para atingir os objetivos promulgados pela UNESCO em sua
Declaração Mundial sobre o Ensino Superior. Dessa forma, tendo ciência da
realidade deficitária do ensino superior, com o uso de novas tecnologias é
possível pensar na formação de toda uma geração de pessoas críticas e
qualificadas para a pesquisa e o mercado de trabalho.
Os desafios da universidade e da sociedade do conhecimento são
inúmeros, mas adequar às instituições acadêmicas a uma lógica de produção e
Síntese
15
1.4 O Conhecimento Técnico-Científico
16
Observe o gráfico a seguir:
Gráfico 2
4.998,40 5.030,00
17
A sociedade do conhecimento é governada pela lógica do mercado
(sobretudo o financeiro) de tal modo que não é propícia nem favorável à
ação política da sociedade civil e à promoção efetiva da informação e do
conhecimento necessários para a vida social e cultural. (BERNHEIM &
CHAUÍ, 2003, p.6)
18
Síntese
19
Considerações Finais
20
MÓDULO 2 - Docência no Ensino Superior
21
Conversa Inicial
INTRODUÇÃO
22
educação nos cursos de formação docente. A seguir, iniciaremos a nossa
jornada de estudos. Ótimo aprendizado!
2. A CONCEITUALIZAÇÃO DE DOCÊNCIA
1
Machado (2007) – Por uma concepção ampliada do trabalho do professor – In GUIMARÃES; MACHADO;
COUTINHO. (2007). O Interacionismo Sociodiscursivo.
23
Para completar essa linha de pensamento, Libâneo (2007, p.23), ao fazer
uma reflexão acerca da Docência no Ensino Superior, afirma que o conceito de
docência não se restringe apenas ao ato de ministrar aulas, inclui-se ainda a
amplitude do trabalho pedagógico, toda atividade educativa que ocorre em
espaços escolares ou não escolares.
Dessa forma, a docência no ensino superior precisa ser vista como uma
atividade complexa e de suma importância na construção do ser social crítico e
24
2.1 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA FRENTE À PROFISSÃO
DOCENTE
25
superior. Dentre os vários motivos que causam essa omissão, pode-se citar a
falta de obrigatoriedade do ensino superior a todos os cidadãos brasileiros nas
leis governamentais educacionais do país. Nesse sentido, Cunha (2010) aponta
que “a própria carreira dos professores da educação superior, na grande maioria
dos casos se alicerça em dispositivos ligados à produção científica decorrente
da pesquisa e pouco faz menção aos saberes necessários ao ensino” (CUNHA,
2010, p.34).
Campos (2006, p.4), em sua pesquisa, dialoga com alguns autores que
consideram que a preparação para a docência no ensino superior fica a cargo de
disciplinas como: “Metodologia do Ensino Superior e Didática do Ensino
Superior”, as quais são responsáveis pelas reflexões sobre o “papel do
professor; sobre a forma de como ensinar e de aprender; sobre planejamentos;
organizações de conteúdos, metodologias e avaliações” (ANASTASIOU E
PIMENTA, 2002, p.108). Disciplinas essas que possuem uma curta duração de
26
Sintese
2
Apresentado neste Plano a partir da página 28, anexado à LEI N° 010172, de 9 DE JANEIRO DE 2001.
(http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/L10172.pdf).
27
que a educação superior enfrenta, no Brasil, sérios problemas que serão
agravados se esse Plano não estabelecer uma política que promova sua
renovação e desenvolvimento. Assim, percebe-se
que o PNE se compromete em reverter essa situação em relação à educação
superior.
Ao apresentar suas diretrizes para o ensino superior, o PNE afirma que
nenhum país pode se desenvolver e ser independente sem um forte sistema de
educação superior, justificando que, “num mundo em que o conhecimento
sobrepuja os recursos matérias como fator de desenvolvimento humano, a
importância da educação superior e de suas instituições é cada vez maior”
(PNE, 2001, p.33). Justifica ainda que, o apoio público é decisivo para que as
Instituições de Ensino Superior (IES) possam desempenhar sua missão
educacional, institucional e social.
Este Plano também mostra a importância que as IES, universidades e
centros de pesquisa precisam ter no contexto educacional, pois são eles os
28
• Dessa forma, o PNE (2001, p.33) destaca o papel do Sistema de
Educação Superior, o qual deve contar com um conjunto diversificado de
instituições para atender a diferentes demandas e funções, tendo como núcleo
estratégico as universidades, as quais são responsáveis em cumprir funções
atribuídas pela Constituição Federal como ensino, pesquisa e extensão. Pois,
segundo esse documento oficial, as universidades têm a missão de contribuir
para o desenvolvimento do país e para a redução dos desequilíbrios regionais
dentro de um projeto nacional. Assim, essas instituições precisam estar
atreladas com as instituições de ciência e tecnologia, de acordo com a Lei de
Diretrizes e Bases (LDB – 9.394/96 Art. 86): “As instituições de educação
superior constituídas como universidades integrar-se-ão, também, na sua
condição de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e
Tecnologia, nos termos da legislação específica”.
3
Grifo da autora.
29
Quanto aos objetivos e metas a serem cumpridos pelo PNE que
dependem da iniciativa da União (2001, p.35), estão:
• Institucionalizar um amplo e diversificado sistema de avaliação
interna e externa que englobe os setores público e privado, e promova a
melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão
acadêmica;
• Incluir nas diretrizes curriculares dos cursos de formação de
docente4 temas relacionados às problemáticas tratadas nos temas transversais,
especialmente os que se referem ao gênero, educação sexual, ética (justiça,
diálogo, respeito mútuo, solidariedade e tolerância, pluralidade cultural, meio
ambiente, saúde e temas locais).
Quanto aos objetivos e prioridades do PNE (2001, p. 6) em relação à
valorização dos profissionais da educação, destacam-se:
4
Grifo da autora.
5
Grifo da autora.
6
Conselho Nacional de Educação - CNE
30
de qualidade no ensino superior comprovada em testes de cunho nacional e
internacional, como PISA7, ENADE8, PROVA BRASIL e outros, visando atender
às necessidades sociais e organizacionais do ensino.
Dentre essas reformas do sistema educacional, estão: a promulgação da
Nova Lei de Diretrizes e Bases – LDB (Lei Federal n. 9.394/96) que define e
regulamenta o sistema de educação brasileiro com base nos princípios
presentes na Constituição e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Os
parâmetros criados em 1994 e implantados em 1998, configura-se como um
documento oficial norteador para a Educação Básica no Brasil, com base em
diagnósticos e recomendações de Instituições Internacionais, como Banco
Mundial, Banco Internacional de Desenvolvimento e Fundo Monetário
Internacional (LEITE-OLIVEIRA, 2015, p. 26). Assim, pode-se perceber que
essas propostas e reformas curriculares incidem diretamente na escolha de
conteúdos e materiais didáticos e transposições didáticas que devem ser
ensinados e utilizados e sala de aula, os quais vão ao encontro de interesses
Síntese
Sabemos agora, que o PNE além de ser um documento oficial norteador que
rege a educação brasileira, atribui ao Ensino Superior responsabilidades,
Artigo 43:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e
do pensamento reflexivo;
32
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e,
desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive.
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através
do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e
profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os
conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual
sistematizadora do conhecimento de cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
Artigo 52:
As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos
quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e
cultivo do saber humano, que se caracterizam por:
33
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de
mestrado ou doutorado;
III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas
por campo do saber.
Artigo 53:
34
Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro
dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
II - ampliação e diminuição de vagas;
III - elaboração da programação dos cursos
IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão;
V - contratação e dispensa de professores;
VI - planos de carreira docente.
35
Síntese
36
oscilava entre a instabilidade das iniciativas realizadas “pelo imperial e as
limitações das escolas tradicionais burocráticas, sem articulações e totalmente
utilitárias em seus objetivos”.
(SCHWARTZMAN, 1979 apud Sampaio, 1991). Mesmo com a chegada da
República, a Constituição de 1891 omitia-se em relação ao compromisso do
Governo com a Universidade. Em 1912, por meio de forças locais, surge a
primeira Universidade Brasileira no estado do Paraná, durando apenas três
anos, mas em 1920, com o Decreto (14.343) de 07 de setembro de 1920, surge
a Universidade do Rio de Janeiro, hoje, Universidade Federal com cursos
superiores (Escola Politécnica, Faculdade de Medicina e de Direito). Em 1932,
após a Resolução Constitucionalista em São Paulo, surge a Universidade de
São Paulo – USP.
A USP como um novo modelo, reunia a Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras que seria a Instituição de saber fundamentada em todas as áreas do
conhecimento humano e compensaria o isolamento das faculdades
preexistentes. Esta Faculdade9 viria integrar em uma base comum os
9
Novo modelo reunido pela USP.
1010
Dados extraídos do Portal UNIVERSIA.
37
iniciativa privada”, que persiste até os dias atuais. Fato este que contrapõe o que
é mencionado na LDB/1968 pela Lei 5.540
11
Grifo da autora.
12
Esta proposta de análise vem sendo feita pelos pesquisadores do Interacionismo Sociodiscursivo – ISD
(mais especificamente pelos Grupos de Pesquisa – ALTER CNPq /ALTER-LAEL – PUC-SP em conjunto com a
Clínica da Atividade Francesa e a Ergonomia da Atividade).
13
Aspectos investigados e analisados pelos grupos supramencionados no tem (10) desta nota de Rodapé.
38
compromissada com o real desenvolvimento profissional e pessoal dos
professores” (MACHADO & LOUSADA, 2013).
• Leite-Oliveira (2015, p. 19) com base em pesquisas do grupo
ALTER14, ressalta que a (re) valorização da profissão docente requer que sejam
conhecidas, compreendidas e clarificadas as questões relacionadas à
significação e às condições de realização desse métier particular que é o ensino.
Segundo esses pesquisadores,
“o ensino deve ser reconhecido como um verdadeiro trabalho, os professores
precisam aprender seu métier, adquirindo experiências sobre ele, para, assim,
tornarem profissionais mais valorizados” (LEITE-OLIVEIRA, 2015, p. 19). Alguns
resultados de suas pesquisas revelam que, com a compreensão do trabalho
docente e com uma melhor interação entre professor/alunos que envolva o
coletivo de trabalho15, o professor pode encontrar “meios, métodos,
procedimentos e formas de agir que possam ajudá-lo a superar as dificuldades
encontradas em seu métier” (LEITE-OLIVEIRA, 2015, p. 21-23).
14
ALTER-CNPq e ALTER-LAEL.
15
Refere-se aos outros envolvidos (professores, gestores, comunidade) que fazem parte do métier do
professor-participante.
39
Dessa forma, buscando detectar as ações didáticas realizadas pelo
professor e as ações que ele não consegue realizar em virtude dos conflitos
(internos e externos) com os quais se depara em sua atividade, é possível
chegar no “real da atividade docente”.
40
Ao analisarmos o trabalho docente precisamos nos dar conta que ele é
constituído por vários elementos. Dentre eles estão o trabalho prescrito,
o realizado e o “real da atividade docente”. Este último, por sua vez,
refere-se a tudo que o professor realiza para cumprir sua atividade
docente, mas também ao que ele é impedido de fazer por causa dos
impedimentos (internos e externos)...
16
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
41
políticas governamentais educacionais do país, representadas aqui pelo MEC.
Órgão que pertence à administração federal direta e que tem como área de
competência os seguintes assuntos voltados ao contexto universitário: “política
nacional de educação e de educação em geral”. O MEC exerce grande
influência nas políticas educacionais vigentes, portanto nas políticas internas das
instituições de ensino, pois representa o órgão maior que rege as ações e
comanda essas políticas educacionais, garantindo o cumprimento das normas e
as determinações educacionais do país. A função do MEC é, portanto, fiscalizar,
reconhecer e garantir a legitimidade, para que as instituições de ensino possam
manter-se em funcionamento (LEITE-OLIVEIRA, 2015, p. 24-26).
É nesse contexto sócio-histórico mais amplo17 que o MEC está
inserido18. Utilizando o esquema do trabalhado docente proposto por Machado
(2007), no quadro das representações, o MEC ficaria inserido no que a autora
(2007) intitula como “contexto sócio histórico particular”. Contexto este que rege,
regulamenta e controla os sistemas (educacional e de ensino)
Figura 1 – Esquema sobre o trabalho do professor proposto por Machado (2007) baseado em Clot (1999/2006) e
Amigues (2004).
17
Grifo da autora.
18
Ver figura 1 (Esquema de representação do trabalho docente proposto por Machado, 2007).
42
Segundo Leite-Oliveira (2015, p. 25) as universidades e instituições de
ensino, por sua vez, se inserem no contexto do sistema educacional19. Assim,
elas se empenham em atender às exigências de sua comunidade interna e,
principalmente, em atender às normas, leis e determinações impostas e
submetidas pelo MEC. O sistema educacional (aqui representado pelas
universidades e instituições de ensino superior) rege o sistema de ensino20,
que, por sua vez, rege o “trabalho do professor” de forma direta. Dessa forma, o
docente precisa levar em conta esses contextos e a influência que eles exercem
sobre suas ações e cumprir as prescrições explícitas contidas no trabalho
prescrito (Plano de Ensino determinado pelas instituições).
Assim, segundo a autora (2015), o trabalho docente não se reduzir
apenas ao ensino de conteúdos programáticos, pois não pode ser avaliado
apenas pelo trabalho realizado em sala de aula. Muitas vezes, “o próprio
professor não se dá conta dessa complexidade, de que seu trabalho é
19
Ver figura 1.
20
Ver figura 1 – Representação do trabalho docente proposto por Machado (2007).
43
professor, segundo a autora, pode ainda, partir da “própria prática profissional”
com a utilização de exemplos. De acordo com essa concepção, o professor
compreende que tudo que é próximo e real para o aluno tem maior significação.
Assim o “bom professor é aquele que sabe ensinar, que sabe fazer aprender”,
que se utiliza de variadas estratégias a partir do conhecimento cotidiano do
aluno para ensinar um novo conhecimento. Cunha (1995), parte da perspectiva
de que o conhecimento é criado e recriado pelo aluno e pelo professor,
rejeitando uma perspectiva mecanicista de transmissão do conhecimento (pronto
e acabado). Assim o conhecimento é resultado de uma construção conjunta
entre professor e alunos.
É importante ressaltar que Cunha (1995) destaca entre as habilidades
observadas na prática do “bom professor no Ensino Superior”, as relacionadas
com a parte organizacional da aula, momento em que o professor apresenta o
“roteiro da aula”, o “objetivo do estudo” a ser realizado e a “localização histórica
do conteúdo” para uma maior compreensão e motivação dos alunos. E, para
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
45
Módulo 3 – Acesso, Expansão e Equidade na Educação
Superior
46
Conversa Inicial
INTRODUÇÃO
47
3. ACESSO, EXPANSÃO E EQUIDADE NO ENSINO SUPERIOR.
49
desintegração do poder político nacional, abre espaço para possibilidades de
reorganização das relações sociais e econômicas em escala mundial e para o
tratamento de novas questões como: problemas ambientais; divulgação e
distribuição do conhecimento e de trabalho; crescimento de organizações de
representação de interesses multilaterais e de organizações internacionais com
a função crescente de que o governo estimule o processo de conscientização
(GREENPEACE; GIDDENS, 1991; LANNI, 1996 apud NEVES, RAIZER,
FACHINETTO, 2007, p. 126).
Dentre essas questões voltadas à globalização, está a “emergência da
sociedade do conhecimento e da informação” que tem um papel de destaque,
pois apresenta como objetivo o processo exponencial das novas tecnologias de
informação e comunicação (TIC), de acordo com os autores. Os avanços da
informática, segundo eles, relevam novas formas de organização social,
provocando uma verdadeira revolução social, econômica e política (CASTELLS,
50
Síntese
51
A pesquisa de Neve, Raizer e Fachinetto (2007, p.128) com base nos
pressupostos de Guadilha (2002), chama a atenção para possíveis aspectos que
se projetaram na América Latina no novo contexto de relacionamento entre
globalização, internacionalização do conhecimento e o sistema educacional
superior. Dentre esses aspectos estão:
52
Frente às necessidades e emergências do mundo contemporâneo, mais
especificamente, em relação à sociedade brasileira, podemos destacar a
importância do processo de democratização do acesso ao ensino superior, o
qual deve se dar pelos processos de extensão e equidade. Junto a eles estão
fatores que contribuem para a “revalorização do conhecimento”, tais como: o
processo de globalização; a sociedade do conhecimento e da informação e,
principalmente o papel da educação, pois reflete no desenvolvimento humano,
social, cultural e político.
53
Em relação ao processo de expansão ao ensino superior, pode-se citar a
influência das políticas públicas chamadas de “afirmativas e de inclusão social”
(NEVES, RAIZER, FACHINETTO, 2007, p.151) que se deu entre os anos de
2005 a 2006. Nesse período, o Governo Federal priorizou a Reforma do Sistema
da Educação superior e buscou enfrentar o processo de democratização com
algumas medidas como:
54
• Implantação de políticas afirmativas, com a reversa de cotas para
estudantes negros e um sistema especial de reserva de vagas
para alunos egressos de escolas públicas.
23
SEMESP (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior de São Paulo).
55
(37,5%), sendo um aumento de (50%) na rede privada e uma queda de (10,5%)
na rede pública. No período de 2012 a 2013, o crescimento na rede privada
alcançou (7,2%), representando (932) mil matrículas para (999) mil. No entanto,
na rede pública ocorreu uma queda acentuada de (14,9%) nas matrículas, ou
seja, eram 182 mil matrículas em 2012 e chegou a 155 mil em 2013.
Já nos cursos tecnológicos de nível superior presenciais de 2012 a 2013,
tiveram um crescimento baixo de (2,2%), sendo (1,2%) na rede privada e (6,2%)
na rede pública. No acumulado de 2009 a 2013, o crescimento chegou a
(26,4%). Para uma melhor visualização, veja esses dados24 representados nos
gráficos a seguir:
7000
6000
5000
700
600
500
400 Rede privada
300
Rede pública
200
Total
100
0
ano ano ano ano ano
2009 2010 2011 2012 2013
24
Fonte: Sindata/Semesp/Base: Censo INEP (gráficos 1, 2 e 3).
56
Entretanto, apesar dos dados supramencionados pelo SEMESP
apontarem uma evolução do número de matrículas desde 2000 a 2013, pode-se
perceber que pela atual condição da crise econômica que o Brasil vem
enfrentando, mais acentuadamente, desde 2014 a 2016, esses números tendem
a baixar porque milhares de alunos estão sem condições de frequentar o ensino
superior por causa de suas condições econômicas e, as universidades e
instituições de ensino superior (privadas), por sua vez, estão fechando suas
portas ou diminuindo drasticamente seus cursos e quadro de professores e
funcionários.
57
de Valorização do Magistério), instituído pela Emenda Constitucional n. 14 de
setembro/1996, regulamentado pela Lei 9.424 de 24 de dezembro de 1996, pelo
Decreto n. 2.264 de junho de 1997, sendo implantado oficialmente em 1º de
janeiro de 1998, o qual constitui na mudança da estrutura de financiamento do
ensino fundamental no país, subvinculando uma parcela dos recursos
governamentais destinada à educação. O FUNDEF foi implantado justamente na
época que vigorou a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados
ao ensino fundamental. Atualmente o FUNDEF foi substituído pelo
FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação), criado pela Emenda Constitucional
nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº
6.253/2007, estando em vigor desde 20 de junho de 2007 com o prazo de se
estender até 2020
Outra medida importante foi a criação do FIES (Fundo de Financiamento
58
Gráfico 3 (em milhares) – Contratos Firmados – FIES - BRASIL
800
700
600
500
400 FIES
300 NOVO FIES
200
100
0
1999 - 2012 2015
2009 (1ºsem.)
59
Quanto à democratização ao acesso ao ensino superior e ao alcance de
uma maior equidade educacional, percebe-se uma elevação, não só quanto ao
tempo de escolarização da população, mas, sobretudo, quanto à necessidade de
melhoria da qualidade da educação básica que é oferecida no país. Assim, é
preciso promover discussões, debates, reflexões que venham abordar tais
temáticas e consequentemente, possam surgir políticas nacionais que venham
sanar esses problemas.
Para Neves, Raizer, Fachinetto, (2007), uma das principais causas da
“iniquidade do acesso ao ensino superior é o insucesso do nível de ensino da
Educação Básica no país com relação à inclusão social”.
Síntese
O processo de expansão do acesso ao ensino superior se deu de forma
gradativa e com a intervenção de políticas públicas, tais como medidas
afirmativas e de inclusão social para que houvesse a universalização da
educação superior. No entanto, tais medidas não conseguiram garantir a
chamada “educação de qualidade” como também a equidade nesse nível
de ensino.
60
3.3 ACESSO E EQUIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
61
universidades e IES pertence a classes mais privilegiadas, os quais tiveram uma
boa formação em instituições particulares no ensino básico. Já os alunos que
vieram de escolas públicas, na sua maioria, conseguiram o ingresso no ensino
superior pelas instituições particulares devido a algumas facilidades de acesso.
A pesquisa (2007) mostra ainda que, até a década de 70 o acesso nas
universidades e instituições de ensino superior se manteve inalterado, havendo
uma expansão na década de 90 com a abertura política. Após esse período,
houve uma expansão do ensino público e gratuito e ao ensino privado, mas
mesmo assim, esse acesso às instituições públicas de ensino superior favoreceu
as classes mais privilegiadas por causa do ensino básico em instituições
particulares ser mais consolidado, enquanto que nas instituições privadas de
ensino superior esse acesso resultou na “baixa qualidade de ensino”.
Atualmente, o ensino superior começa a se constituir como um processo
de ensino fragilizado que não assegura um processo vigoroso de
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
63
MÓDULO 4 - Novos desafios para o Ensino Superior: exigências
à docência universitária
Simone Natividade
64
Conversa Inicial
Simone Natividade
Bons Estudos!
65
1. DESDOBRAMENTOS HISTÓRICOS NO ENSINO SUPERIOR:
PERÍODOS BASILARES
66
O Ensino Superior no Brasil passou por momentos históricos relevantes
influenciados, sobretudo pelo contexto econômico da época. Dessa forma,
faremos um breve percurso histórico delimitando os principais marcos na
constituição/gênese do Ensino Superior Brasileiro.
67
1.4 Período Ditatorial
68
Mundial- BM, Organização das Nações Unidas (ONU) entre outros; operavam
com orientações que legitimassem e conservassem a política macroeconômica.
Desse modo, houve de forma acentuada a subordinação do conhecimento aos
parâmetros do capital.
As políticas internacionais para a educação foram difundidas em 1990
através da Conferência Mundial de Educação para Todos realizada em Jontiem,
na Tailândia, a Cúpula Mundial de Educação para Todos (Senegal em Dakar,
em 2000) promovidas pela ONU, UNESCO, Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e Banco Mundial.
Dessa forma, as décadas de 80 e 90 do século XX apresentaram
acontecimentos relevantes para o campo educacional. A transição do século XX
ao XXI será descrito em seguida tendo como enredo, novos formatos
educacionais representados em planos decenais, programas e projetos.
69
Em 2005 surgem as Políticas de inclusão como o Programa de Inclusão
de Jovens- PROJOVEM e em 2011 o Programa de acesso ao emprego e
trabalho-PRONATEC. Ainda em 2005 surge o Programa Universidade para
Todos- PROUNI e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior-
FIES. (BRASIL, 2005).
Em destaque surge em 2001, o Plano Nacional de Educação- PNE em
suas três versões (2001-2011) (2010-2020) e com o reajuste em Junho de 2014
ficou acordado um novo PNE (2014- 2024).
Portanto, o PNE tem a pretensão de cumprir estratégias e metas educacionais
durante dez anos.
70
Síntese
71
2. LEGISLAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR
72
Em 1951 adentra ao panorama das Universidades Públicas a criação das
agências de fomento, tais como: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
do Ensino Superior-CAPES e Conselho Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento- CNPQ.
Essa LDB/61 possuía 120 artigos e teve como relator o antropólogo Darcy
Ribeiro. Antigamente a Educação era mencionada apenas na Constituição
Federal de 1934. Desse modo, começam a surgir as primeiras iniciativas tendo
em seguida a criação de mais duas LDB,s.
73
Síntese
74
A reforma educacional remonta a década de 30 durante o Manifesto dos
Pioneiros da Escola Nova- Escolanovismo em 1932, pois desde essa época já
havia uma articulação voltada para a reforma educacional. Porém, passa a ter
um plano decenal mais organizado em 2001 na gestão de FHC e tem
continuidade na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Houve a criação de três planos decenais: 1º PNE (2001- 2011), 2º PNE
(2011- 2020), 3º PNE (2010- 2020) sofrendo um reajuste em junho de 201,
portanto surge uma nova duração e se cria o 3º PNE (2014-2024).
Segundo o PNE/2014 através da emenda Constitucional nº 59/2009 (EC
nº 59/2009) o que era uma disposição transitória da LDB, Lei nº 9.394/1996 tem
um ato regulatório em 2009 e com isso passa a ser exigência constitucional no
Plano Nacional de Educação- PNE no formato decenal, isto é, período de dez
anos.
As metas se apoiam em garantir o direito à educação básica de
75
plano decenal (2014 a 2024). E simultaneamente garantir formação continuada a
todos os profissionais da Educação.
No período de 2 (dois) anos promover o plano de carreira dos docentes da
educação básica e superior pública em todas as modalidades de ensino.
76
3.4 Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior-FIES
77
4- AS PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS DA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
78
4.2- O docente universitário no limiar do século XXI
25
O século XX sinalizou para complexos processos históricos cujo desfecho se deu em variadas
transformações sociais. Nesse cenário, Hobsbawn nomeou esse século anterior de “Era dos
Extremos” (HOBSBAWN, 1995).
79
Portanto, percebe-se que o docente universitário tem um grande desafio
pela frente, o que vai influenciar e impactar nesse processo é o engajamento
pedagógico desse docente. Uma vez que o profissional precisa se adaptar as
novas dinâmicas, que imprimem um novo rumo educacional para o século XXI.
80
Considerações Finais
81
MÓDULO 5. DESAFIOS EDUCACIONAIS PARA A DOCÊNCIA SUPERIOR
82
Conversa Inicial
INTRODUÇÃO
Nesse quinto módulo, apresentaremos um panorama histórico e teórico
da origem e atuação dos Programas de Formação de Professor no Brasil, com
intuito de revelar a importância e a influência desses programas na formação
profissional e no desenvolvimento do trabalho docente. Para tanto, abordaremos
algumas concepções de teóricos e de órgãos de políticas educacionais sobre o
papel dos formadores de professores tanto na formação inicial quanto
continuada. Essa abordagem visa uma melhor compreensão das ações
desenvolvidas nesses programas e suas contribuições para o desenvolvimento
da prática profissional do professor. Desse modo, no primeiro momento
discorremos sobre o “contexto histórico e os aspectos teóricos envolvidos nos
Programas de Formação Docente”, com o propósito compreendermos melhor os
84
Como se deram as reformas no Brasil, em relação ao preparo dos
professores, nos cursos de formação docente ou nas Escolas Normais
nos últimos séculos?
1º período:
Ensaios intermitentes de formação de professores (1827 – 1890):
85
longo do século XIX, como sendo Escolas Normais muito onerosas, ineficientes
de qualidades e insuficientes em quantidade, pois formavam apenas um
pequeno número de alunos.
Devido a essas ineficiências, o presidente da província do Rio de Janeiro,
na época, Couto Ferraz, determinou o fechamento da Escola Normal de Niterói
em 1849 e a substituiu por professores adjuntos que atuaram nas escolas como
ajudantes de regentes de classe, sendo aperfeiçoados nas matérias e práticas
de ensino. Dessa forma, começou-se a preparar os novos professores sem a
instalação de Escolas Normais. No entanto, essa medida não prosperou, os
cursos normais continuaram a ser instalados e a escola de Niterói foi reaberta
em 1859.
2º período:
Estabelecimento e expansão do padrão das Escolas Normais (1890 –
1932). Iniciados com a reforma paulista da Escola Normal tendo como anexo a
86
Assim, essa reforma da Escola Normal da capital se estendeu para as
principais cidades interioranas do estado de São Paulo, se tornando referência
para outros estados que enviavam seus professores para observar e estagiar em
São Paulo. Este modelo de Escola Normal se firmou e se expandiu por todo o
país (SAVIANI, 2009, p. 145).
3º período:
87
4º período:
5º período:
Substituição da Escola Normal pela Habilitação Específica de
Magistério (1971 – 1996).
88
Com essas novas mudanças as Escolas Normais desapareceram, dando
lugar a habilitação específica de 2º grau para o exercício do magistério de 1º
grau (HEM). O parecer n. 349/72 (Brasil- MEC-CFE, 1972) de 06/04/72, também
trouxe modificações como, a habilitação específica do magistério que
foi organizada em duas modalidades básicas: a primeira com duração de três
anos (2.200 horas), habilitando o professor de magistério a dar aulas até a 4ª
série. Já, a segunda, habilitando o professor a dar aulas até a 6ª série do 1º
grau. Dessa forma, o currículo mínimo compreendia o núcleo comum obrigatório
em todo o território nacional para todo o ensino de 1º e 2º graus, garantindo a
formação geral e uma parte diversificada, visando à formação especial.
Segundo Saviani (2009), o antigo curso normal cedeu lugar a uma
habilitação de 2º grau. Para o autor a formação de professores do antigo
primário foi reduzida a uma habilitação dispersa em meio a outras, configurando
assim, a uma precariedade bastante preocupante. Devido a esses problemas,
em 1982, o governo lançou o projeto Centros de Formação e Aperfeiçoamento
89
6º período:
Advento dos Institutos Superiores de Educação, Escolas Normais
Superiores e o novo perfil do Curso de Pedagogia (1996 – 2006). Quanto a
esse último período, Saviani (2009) relata que o quadro de mobilização dos
educadores alimentou a expectativa de que o problema da formação docente no
Brasil seria mais bem resolvido com a Nova LDB – Lei n. 9.394/96 (20/12/1996).
Todavia, para o autor, a promulgação dessa lei não correspondeu a essa
expectativa. A Nova LDB introduziu como alternativa os cursos de pedagogia e
licenciatura nos institutos superiores de educação e nas Escolas Normais
Superiores. Esta lei sinalizou ainda, uma política educacional com um
nivelamento baixo, segundo o autor, ou seja, os institutos de nível superior de
educação emergiam como instituições de ensino superior de segunda categoria,
promovendo “uma formação mais aligeirada, mais barata, por meio de cursos de
curta duração” (SAVIANI, 2008c, p. 218-221).
90
5.2 Aspectos teóricos
91
Segundo Saviani (2009, p. 149), quando se afirma que a universidade não
tem interesse pelos problemas na formação docente, na verdade, o que se quer
dizer é que esta nunca se preocupou com a formação específica dos
professores, ou seja, com a preparação pedagógico-didática desses docentes.
Para o autor (2009), o que está em jogo não é propriamente a omissão da
universidade em relação à formação docente e sim, a luta entre dois modelos
diferentes de formação. De um lado está o primeiro modelo voltado à formação
docente, que se esgota na cultura geral e no domínio específico dos conteúdos
da área de conhecimento referente à disciplina ministrada pelo professor. Alguns
teóricos consideram que a formação pedagógico-didáticavem no decorrer do
domínio dos conteúdos do conhecimento logicamente organizado, sendo
adquirida na própria prática docente ou mediante mecanismos como
“treinamento em serviço”. Quanto ao segundo modelo, é o que propriamente se
refere ao preparo pedagógico-didático, além da cultura geral e da formação
específica. Neste modelo, a instituição formadora deverá assegurar de forma
92
mesmos currículos formativos. Sendo que este modelo de currículo formativo
está centrado nos conteúdos culturais-cognitivos sem a preocupação com a
formação pedagógico-didática. Quanto aos referidos conteúdos são
considerados formativos em si só, não dando margens aos preceitos
pedagógicos. Quanto ao modelo pedagógico-didático, o autor (2009) considera
que, de acordo com Comenius, qualquer conteúdo quando considerado
adequado, é suscetível de ser ensinado a todos os sujeitos, sendo antielitista por
excelência.
Segundo Saviani (2009), a universidade brasileira, apesar de certa
influência no nível organizacional do modelo anglo-saxônico, segue também o
modelo napoleônico. Para o autor, o modelo brasileiro apresenta certa
depreciação, por parte dos professores universitários, pelos aspectos
pedagógicos. Entretanto, seja pela influência anglo-saxônica, nas universidades
brasileiras, o modelo pedagógico-didático conseguiu abrir espaços no nível
organizacional dos currículos formativos, tornando-os um componente
93
Quais os modelos de formação docente, segundo Saviani (2009), que
prevalecem nos programas ou cursos de formação de professores atualmente
no Brasil?
Síntese
94
5.3 PROGRAMAS DO MEC VOLTADOS À FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
95
licenciatura); para professores que já possuem essa formação, mas já lecionam
em área diferente de sua formação (segunda licenciatura); e bacharéis sem
licenciatura, que necessitam de estudos complementares que os habilitem ao
exercício do magistério, segundo o MEC. Os cursos de primeira licenciatura têm
carga horária de 2.800 horas mais 400 horas de estágio supervisionado. Os de
segunda licenciatura têm carga horária de 800 horas para cursos na mesma
área de atuação ou 1.200 horas para cursos fora da área de atuação.
Segundo o MEC, o objetivo desse programa é oferecer a todos os
professores em exercício condições de obter um diploma específico na sua área
de formação. O MEC justifica que foi realizado um levantamento das
necessidades de formação a partir do censo da educação básica, com a oferta
de vagas por instituição, por campus e por curso, colocando todas as vagas à
disposição dos professores e contou com o apoio das secretarias estaduais e
municipais que promoveram a inscrição desses professores em atividade.
Lembrando que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
96
5.3.2 PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO CONTINUADA
PARA PROFESSORES
97
- PROINFO INTEGRADO: é um programa de formação voltado para o uso
didático-pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC, no
cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas
escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo
Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo
Banco Internacional de Objetos Educacionais
98
5.4 OS PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DOCENTE: uma reflexão
crítica de Isabel Alarcão segundo o pensamento de Schön.
99
uma forte componente de reflexão a partir de situações práticas reais. E, esta
reflexão a partir de reflexões sobre as práticas reais levarão o profissional a se
sentir capaz de enfrentar as situações sempre novas e diferentes com que irá
deparar na vida real e de tomar as decisões apropriadas nas zonas de
indefinições que a caracteriza.
Para Schön (1987 apud ALARCÃO, 1996, p.13), a compreensão da
própria atividade profissional é apresentada como atuação inteligente e flexível,
situada e reativa, produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e arte,
caracterizada por uma sensibilidade artística aos índices manifestados ou
implícitos, em suma, uma criatividade que dá o nome de “artistry”. Segundo o
autor é um “saber-fazer” sólido, teórico e prático, inteligente e criativo que
permite ao professor agir em contextos instáveis, indeterminados e complexos,
caracterizados por zona de indefinição que, a cada situação, surge uma
“novidade”, a qual exige uma reflexão e uma atenção dialogante com a própria
realidade que lhe fala (back talk).
100
5.4.1 A FALTA DE CONFIANÇA NOS PROFISSIONAIS RECÉM
FORMADOS PELA SOCIEDADE
101
Para Schön (1987) só assim, poderão ser encontradas as respostas para
esses problemas nas teorias que foram aprendidas. Esse processo implica em
manusear a mente com uma flexibilidade cognitiva, capaz de arquitetar cenários
interpretativos possíveis. Segundo o autor para construir o problema é preciso
nomear os elementos envolvidos, identificá-los, estruturá-los e relacioná-los com
outras visões, ser capaz de considerar aspectos irrelevantes e ignorar os que
aparentemente são de suma importância. Assim, poderá se chegar a intuições
subjetivas que poderão dar origem a uma reorganização de conceitos
interpretativos que, em sua nova configuração, permitem vislumbrar os futuros
resultados. Para Schön a componente formativa deste discurso se manifesta na
verbalização do diálogo entre o arquiteto com a situação, com a prática e com a
dificuldade que se encontra. O autor ressalta que nessa concepção os “bons
profissionais” se utilizam de um conjunto de processos que não dependem da
lógica, mas sim, de manifestações de talento, sagacidade, intuição, sensibilidade
e arte. Por esse motivo, o autor propõe “um olhar para esses aspectos não
102
Síntese
103
Segundo Alarcão (1996, p. 20), quando “alguém aprende uma profissão
se depara com dificuldades, exigências, limitações, saberes e linguagens
específicas, sistemas de valores, conhecimento de casos típicos, esquema de
pensamento e de ação”. Esta aprendizagem profissional pode se dar por si só;
por meio do auxílio de outro profissional da mesma área ou por um profissional
orientador (formador), no caso do professor, o orientador do estágio. Esse
orientador terá o papel de organizar situações em que o estagiário (futuro
professor) praticará suas ações, confrontando-se com situações-problema cuja
solução implica em uma reflexão, levantamento e verificação de hipóteses, de
experiências de erros cometidos, consciência da necessidade e do valor do
auxílio de outras pessoas.
De acordo com a autora, esta aprendizagem vem do aperfeiçoamento
constante que tem a sua origem no autoconhecimento operativo, como ainda,
nas ações desenvolvidas pelo orientador para direcionar o estagiário (futuro
professor) como uma prática orientada, cujo objetivo principal é a iniciação à
profissão, não considerada por Alarcão (1996) como “imitação do mestre”, mas
104
recriar, transformar por meio de um processo de reflexão “sobre o que faz e
sobre o que vê fazer” (ALARCÃO, 1996, p. 20).
105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste módulo (5), esperamos que você, a partir dos estudos
apresentados, possa analisar os Programas de Formação Docente desde sua
formação histórica aos aspectos teóricos que os embasam. Analisar ainda, os
modelos de formação docente cristalizados por conceptores tradicionais,
políticas educacionais e/ou por concepções que não dão conta da complexidade
e importância da formação profissional do professor. Perceber também como os
programas de formação são desenvolvidos no Brasil, e como suas ações são
realizadas para atender as necessidades dos formandos (professores). É
importante ressaltar que muitos programas de formação docente são criticados
pela sociedade por apresentarem ineficiência, maus resultados e, muitas vezes,
despreparo, descaso ou omissão em relação ao tipo de formação que oferecem
106
MÓDULO 6 - Desafios da Sociedade e do Conhecimento
107
Conversa Inicial
108
1. Informação x Conhecimento
109
O conhecimento se tornou a base para o processo produtivo e evolução
da sociedade, traçando regras para o mercado econômico e definindo o poder
entre os países.
2. Sociedade do Conhecimento
110
Hoje é imprescindível que o sistema educacional, em todas as suas
esferas, tenha a capacidade de acessar as informações, interpretá-las e depois
as compartilhar, propiciando a construção de novos conhecimentos e
desenvolvimento social, ao invés de ser apenas o receptáculo de dados que
devem ser memorizados.
Dessa forma, o conhecimento produzido não deve ser monopolizado, a
partir do momento em que se pode produzir um material significativo, é possível
produzir infinitos outros para serem compartilhados, o que proporciona a criação
de uma rede de conhecimento sobre determinado tema. Vale ressaltar que os
conhecimentos produzidos dentro de uma rede não necessariamente precisam
ser concordantes, as divergências surgidas durante os debates contribuem para
o aprimoramento e enriquecem a reflexão sobre temas discutidos.
No decorrer da história o conhecimento era objeto de poder e encontrava-
se restrito àqueles que estavam em situação de dominância, vide o
111
A educação na sociedade do conhecimento tem o desafio de ir além da
administração de conteúdos, dado que o conhecimento deixou de ser algo a ser
guardado, memorizado, mas sim algo para ser pensado, discutido, analisado,
interpretado. Para tanto, desenvolver a capacidade crítica, raciocínio,
capacidade de análise e intepretação, e estimular a criação ao invés da
repetição dos conteúdos existentes, a indivíduo deve aprender a aprender,
mostra-se como desafio para a sociedade do conhecimento a ser transposto
pelo sistema educacional.
Uma grande quantidade de informação está disponível, porém, deve-se
garantir o acesso a estas informações, seja por vias digitais ou tradicionais, e,
sobretudo, proporcionar aos que irão acessá-la a capacidade de analisar e
interpretar dados. A oportunidade de criar conhecimento resulta numa atitude
democrática e de transformação social no intuito de gerar a possibilidade de
visibilidade recebida pelos produtores de conteúdo.
112
Assim, o conhecimento evolui para um modelo de produção em que a
qualidade é mais valorizada em detrimento da quantidade produzida (sistema de
produção industrial).
Para que esse tipo de profissional seja formado é necessário que o
sistema educacional se modifique, utilizando e produzindo novas tecnologias
sem, no entanto, continuar propagando os métodos tradicionais sob uma nova
roupagem, ou servindo como seus auxiliares.
Tal situação aponta para a necessidade do sistema educacional não se
ater a mera função de transmissor de conteúdo. Isso faz com que principalmente
a universidade exponha seus alunos a experiências pedagógicas, as quais
independentemente do curso, promovam o desenvolvimento pessoal, a
formação continuada, a partir das modalidades presencial e a distância, criando
redes de troca de informações conhecimentos que proporcionam a inúmeras
pessoas oportunidade compartilhar e descobrir novas maneiras e criar e validar
experiências.
113
Síntese
114
3. A formação de professores na Sociedade do Conhecimento
115
Na passagem pode-se verificar como é dada importância para atividades
promovam a interação entre áreas de conhecimento que num primeiro momento
não seriam próximas, tal promoção de interdisciplinaridade pode ser
potencializada pelo uso tecnologias. A proposta destaca que atividades
curriculares diversificadas fomentam a qualidade ação do docente no meio
educacional.
A orientação das atividades diversificadas tem como foco servir de
alicerce para o conhecimento do corpo docente na área da cultura e propiciar
novas oportunidades de interação com a conjuntura atual.
A ação do docente se dá por meio de análises e argumentações, suas
ações são reflexivas e atreladas ao contexto, observando as dificuldades
presentes e agindo como um ator reflexivo-argumentativo.
A docência reflexiva visa à superação da separação entre teoria e prática
por meio da utilização de variados recursos, entre eles, conhecimentos obtidos a
partir da reflexão tanto sobre o processo pedagógico, como sobre a vida pessoal
116
A partir das diretrizes estabelecidas as novas tecnologias devem ser
utilizadas como instrumentos pedagógicos numa nova prática educativa. Durante
a formação de professores deve-se conferir um sentido pedagógico/educativo às
novas tecnologias, contextualizando as mesmas por meio da análise crítica e
assim produzir conhecimento.
Dadas essas novas diretrizes, sua implantação também passa por uma
questão cultural, pois algumas vezes pode haver resistência em relação à
implementação, já que esta altera o plano já estabelecido. A atual formação
docente por vezes leva a uma rejeição acrítica e aborda de forma rasa a questão
do uso de novas tecnologias e obstruem possibilidades pedagógicas. A
integração entre formação acadêmica no processo de ensino e as tecnologias se
mostra como desafio, quando se observa que há inúmeras possibilidades de
integração entre a atividade pedagógica e as novas tecnologias, tal
característica pode ser um impulso para superar resistências que possam
117
Através dessas novas habilidades que o docente pode avaliar o
conhecimento que se constrói, se são pertinentes à realidade experenciada.
Para a utilização da informática na prática docente é necessário não
confundir o controle e o entendimento dos conceitos com sua manipulação, e
também não atrelar tecnologia com a técnica, já que a informática se apresenta
como um grande campo de reflexão propiciador de construção e
compartilhamento de novos conhecimentos.
A atual conjuntura leva o professor a deparar-se com um cenário de
múltiplas faces que aproxima variados campos de saberes e também se
caracteriza pela velocidade de mudança e construção de conhecimento.
Devido à abrangência ilimitada das novas tecnologias é preciso que o
professor esteja sempre em constante atualização e aperfeiçoamento
profissional.
A produção e compartilhamento de conhecimento estão em um patamar
jamais visto na história da humanidade, a mobilidade, a velocidade e a
118
procure buscar metodologias que se adequem a realidade presente, tomando
para si linguagens disponíveis na mídia e fazendo uso de análise crítica dos
conteúdos disponíveis no meio digital, a comunicação se destaca e promove
significativas mudanças no meio social o que torna indispensável um perfil
profissional que aborde estas caraterísticas em sua formação.
119
como trabalhar com a mesma, não a considerando como um viés importante em
sala de aula.
Problemas dessa ordem podem superados durante a formação do
professor, por meio de uma formação que viabilize a crítica as práticas
pedagógicas. A crítica a partir da observação e análise da realidade pode levar a
utilização com mais presteza de técnicas que estimulam a criatividade, o que
leva a um enriquecimento da atividade pedagógica.
A partir do pensamento crítico é possível superar obstáculos culturais que
se encontram como questões reificadas pelo senso comum, o uso da
criatividade como uma habilidade que pode ser desenvolvida no ambiente
educacional é uma delas. Tal proposta de pensamento leva a ampliação dos
campos de conhecimento e propicia uma formação voltada para esta ampliação
de horizontes.
120
Considerações Finais
121
Referências Bibliográficas
Módulo 1
ECO, U. Como se faz uma tese. Trad. Gilson César Cardoso de Souza. São
Paulo: Brasiliense, 1995.
122
Módulo 2
CUNHA, M.I. O professor e sua prática. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 1995,182
p.
123
da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,
2015.
LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2007.
Módulo 3
BRASIL, Governo Federal. Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de
outubro de 1988.
Módulo 4
125
KUENZER, Acácia Z. Da dualidade assumida à dualidade negada: o discurso
da flexibilização justifica a inclusão excludente. Educação e Sociedade.
vol.28. nº 100 Campinas.2007.
Módulo 5
126
DUARTE, S. G. Dicionário brasileiro de educação. Rio de Janeiro:
Antares/Nobel. 1986.
127
HARGREAVES, A. O Ensino na Sociedade do Conhecimento: A educação na
era da insegurança. Porto Alegre: Artmed, 2004.
128
129
Desafios Educacionais para a Docência Superior