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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS – CECA


GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

EMANUEL ARAUJO DO NASCIMENTO


RONALD SANTANA DA SILVA
BARTOLOMEU SILVA DE SOUSA JÚNIOR
JOÃO CRUZ LIVINO DO SANTOS
JOSÉ WILLIAM ALEXANDRE DOS SANTOS

CICLO DO ENXOFRE

Rio Largo / AL
2019
EMANUEL ARAUJO DO NASCIMENTO
RONALD SANTANA DA SILVA
BARTOLOMEU SILVA DE SOUSA JÚNIOR
JOÃO CRUZ LIVINO DO SANTOS
JOSÉ WILLIAM ALEXANDRE DOS SANTOS

Obtenção de conhecimentos na área das ciências do ambiente e manejo


agrário de recursos naturais

Pesquisa apresentada ao professor da


disciplina de ciências do ambiente e
manejo agrário de recursos naturais,
Professor Carlos Frederico Lins e Silva
Brandão, utilizada como forma de
avaliação para obtenção de nota.

Rio Largo / AL
2019
Resumo

Neste documento apresentamos uma pesquisa cujo tema já mencionada é


decorrente do processo de transformação pelos seres vivos, como plantas e
animais, e outros processos químicos, o qual é um dos protagonistas dos ciclos
bioquímicos. O enxofre origina no solo minerais primários, especialmente sulfetos
metálicos de Fe, Zn, Cu, Ca e Mg. O enxofre tem sua forma orgânica e inorgânica.
Na sua forma orgânica, na mineralização, em solos bem drenados tem por benefício
em maior parte solos bem cultivado. As fontes de enxofre para as plantas incluem as
duas formas, orgânicas e inorgânicas no solo, como o este elemento químico em
água na precipitação e irrigação. O ciclo do enxofre apresenta semelhanças com o
ciclo do nitrogênio um dos aspectos de semelhanças é: oxidação, que é um grande
problema para o ambiente e que causa também por conta dos óxidos ácidos, a
chuva ácida.
Sumário
1 Introdução................................................................................................................................5
2 Ciclos biogeoquímicos.............................................................................................................6
3 Ciclo do enxofre.......................................................................................................................6
3.1 Enxofre no Solo e as suas Transformações.......................................................................7
3.2 Oxidação e Redução do Enxofre no Solo..........................................................................9
3.3 Mineralização e Imobilização.........................................................................................10
3.4 Enxofre nas plantas: avaliação da disponibilidade de enxofre no solo para as plantas e as
deficiências causadas pela ausência de enxofre....................................................................11
3.5 O enxofre no ar e a chuva ácida......................................................................................13
3.5.1 Chuva ácida..............................................................................................................15
3.5.2 Medidas de mitigação para a chuva ácida................................................................18
3.6 Processo Frasch de mineração do enxofre......................................................................19
3.6.1 Processo Claus de recuperação do enxofre do h2s..................................................20
3.7 Obtenção de enxofre dos sulfetos minerais.....................................................................21
3.7.1 Sulfato de cálcio.......................................................................................................22
4 Jazidas de enxofre.............................................................................................................22
5 Referências.............................................................................................................................23
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1 INTRODUÇÃO

O ciclo do enxofre é um processo essencial para a vida dos seres vivos, está presente
em aminoácidos, a exemplo: cisteína, onde atua na formação das proteínas.

Na atmosfera o enxofre é encontrado em menor quantidade, sua existência na


atmosfera se dá em virtude das explosões vulcânicas e ações humanas. O enxofre volta ao
solo através da chuva, sendo armazenado nas rochas abaixo do solo e nas rochas abaixo dos
ambientes aquáticos.

O ciclo do enxofre tem sofrido, pelas ações humanas, causando graves problemas para
o meio ambiente e a própria população. A energia para veículos, indústrias e usinas é gerada
pela queima de combustíveis fósseis. Dentro do processo é gerado e lançado dióxido de
enxofre em excesso na atmosfera, cujo se funde com moléculas de água transformando-se em
ácido sulfúrico, desta forma causando o efeito de chuva ácida.
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2 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS 

Os ciclos biogeoquímicos são circuitos fechados que compreendem o percurso e as


transformações dos diversos elementos constituintes da matéria viva ao atravessar as camadas
da Terra. Representam o caminho percorrido pela matéria de um organismo a outro, deles
para o ambiente físico e deste novamente para os seres vivos.

O planeta Terra funciona como um sistema vivo: recebe um contínuo fluxo


de radiação solar que é aproveitado como energia interna pela biosfera e como energia externa
pelas camadas sólida, líquida e gasosa (litosfera, hidrosfera e atmosfera) do planeta. A
circulação de matéria que se produz como consequência do recebimento dessa energia solar
acontece em circuitos fechados. Esses circuitos da matéria são denominados ciclos
biogeoquímicos.

Os protagonistas desses ciclos são normalmente elementos químicos,


como carbono, nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio e outros compostos, como a água.

Há duas classes de ciclos biogeoquímicos: os gasosos, em que os elementos têm uma


reserva, importante ou muito ativa, em forma de gás na atmosfera, e os sedimentares, nos
quais não há uma reserva no compartimento atmosférico.

3 CICLO DO ENXOFRE

Ciclo do enxofre é o processo pelo qual o enxofre é transformado pelos seres vivos,
como animais e plantas, e outros processos químicos. Em muitos aspectos, o ciclo do enxofre
assemelha-se ao ciclo do nitrogênio, exceto quanto à inserção desse elemento proveniente da
litosfera através da atividade vulcânica e à ausência do processo biológico de fixação do
enxofre da atmosfera a terra ou à água. 

(http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=2112&evento=2#menu-galeria).
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3.1 ENXOFRE NO SOLO E AS SUAS TRANSFORMAÇÕES

O enxofre do solo está sujeito a transformações microbianas, influenciadas pelas


condições ambientais que afetam a composição e a atividade dos microrganismos. Em todos
os solos, em maior ou em menor intensidade, ocorrem os seguintes processos:

 Mineralização ou decomposição de enxofre orgânico com liberação de formas


inorgânicas;
 Imobilização ou conversão do enxofre do enxofre inorgânico em compostos orgânicos
dos microrganismos;
 Produção de sulfetos (S2-) pela redução de sulfatos;
 Produção de formas voláteis;
 Oxidação de enxofre elementar ou outras formas reduzidas.

Os minerais primários, especialmente sulfetos metálicos de Fe, Zn, Cu, Ca e Mg, são
fonte original do enxofre no solo. Seu intemperismo, com a ocorrência de processos físicos,
químicos e biológicos, origina outros compostos ou formas de enxofre que são utilizados por
outros micro-organismos ou plantas. A água da chuva, a água da irrigação, atmosfera, os
fertilizantes e os pesticidas à base de enxofre são outras fontes que contribuem para o
suprimento de enxofre ao solo.

A incorporação ao solo de formas gasosas de enxofre pela adsorção direta ou pela


dissolução na água da chuva é variável entre regiões e apresenta maior importância nas
proximidades de áreas urbanas e industriais.

O enxofre ocorre no solo em formas orgânicas e inorgânicas. O fracionamento do


enxofre orgânico, que em solos bem drenados de regiões úmidas constitui a maior parte do
enxofre total, indica a ocorrência de três formas:

 Compostos com ligação S-O (sulfato de ésteres);


 Compostos com ligação S-C;
 Enxofre inerte ou residual (Enxofre em compostos não identificados).

O enxofre ligado ao oxigênio consiste principalmente de sulfato de ésteres (Sulfato


orgânico com ligações C-O-S). Como exemplos destes compostos pode-se citar o sulfato de
colina, sulfatos fenólicos e polissacarídeos e lipídios sulfatados. Essa fração constitui em
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média cerca de 50% do enxofre orgânico e é obtida pela redução a H2S por ácido iodídrico
(HI) e é também denominado enxofre reduzível.

O enxofre ligado a carbono (Enxofre em compostos com ligação S-C) é encontrado


principalmente em aminoácidos (cisteína e metionina). Entretanto, estes aminoácidos são
poucos estáveis e não se acumulam no solo. Assim, outros compostos não conhecidos
participariam da fração C-S. A obtenção desta fração pode ser feita pela diferença entre o
enxofre total e o enxofre reduzível (S-O) ou pela sua redução a H 2S pela liga de Raney.
Porém, os teores encontrados por redução são menores que aqueles obtidos por diferença, o
que indica a existência de outras formas de enxofre orgânico não conhecidas, as quais
constituem a fração de enxofre residual ou inerte. As frações S-C e enxofre residual
representam em média cerca de 20 a 30% do enxofre orgânico, respectivamente. Em solos
brasileiros, encontraram-se valores médios de 7 e 42%, respectivamente, para estas frações.

O fracionamento das formas de enxofre orgânico tem sido estudado para auxiliar a
avaliação da disponibilidade para as plantas, já que certas formas são facilmente
mineralizadas. A fração S-O apresenta mineralização mais rápida por ser facilmente
hidrolisada a sulfato inorgânico. As frações S-C e, principalmente, enxofre residual são mais
estáveis no solo. Entretanto há indicações de que tanto as frações S-O como S-C podem
contribuir para o suprimento às plantas, tornando de pouca utilidade o fracionamento do
enxofre orgânico.

 O enxofre inorgânico pode ocorrer no solo com vários estados de oxidação. As


principais formas são:
 Sulfato (SO42-) em solução;
 Sulfato adsorvido à fração sólida;
 Formas reduzidas como dióxido de enxofre (SO2), sulfito (SO32-), enxofre elementar
(SO) e sulfeto (S2-).

Em solos bem drenados, as formas reduzidas são facilmente oxidadas a SO 42-, sendo
esta forma inorgânica predominante e pela qual o enxofre é absorvido pelas plantas via
sistema radicular. Entretanto as formas reduzidas, principalmente sulfetos e H 2S, são
importantes em solos alagados ou em condições de anaerobiose. Em condições de má
drenagem ou aridez pode ocorrer o acúmulo de sais solúveis de enxofre, enquanto que em
solos alcalinos ou calcários pode haver o acúmulo de sais insolúveis de enxofre ou co-
cristalizados com CaCO3, os quais são pouco disponíveis às plantas.
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O teor de enxofre total nos solos pode variar de 0,002 a 3,5%. Os valores mais
elevados ocorrem em solos alcalinos ou calcários, principalmente em regiões secas, pelo
acúmulo de sulfatos; em solos não calcários o teor de enxofre é inferior a 0,1%.

Geralmente os solos de regiões tropicais apresentam menores teores de enxofre total e


orgânico que os solos de regiões temperadas devido à maior mineralização e ao maior
intemperismo, que determinam maiores perdas. Por ser constituído principalmente por frações
orgânicas, o teor de enxofre total no solo não é um parâmetro adequado para indicar a
disponibilidade para as plantas a curto prazo. Entretanto pode indicar o potencial de
suprimento de enxofre pelo solo.

Os fatores de formação do solo influenciam o teor de enxofre total, sendo que


provavelmente o clima e a vegetação são os mais importantes. O material de origem seria o
fator mais importante em relação às formas inorgânicas de enxofre, pois tem grande
influência sobre as propriedades físico-químicas do solo.

A maior parte do enxofre do solo, em geral mais de 90%, encontra-se em formas


orgânicas. Isto é comprovado pelas altas correlações verificadas entre os teores de carbono
orgânico ou nitrogênio total e os teores de enxofre total ou orgânico. A estreita relação entre o
carbono orgânico e o enxofre supõe uma relação C/S relativamente constante em solos de
diferentes regiões climáticas, o que, entretanto, não é observado. Esta
variação estaria relacionada aos fatores de formação do solo.

Figuras: Molécula de Enxofre vista de dois ângulos diferentes. A maneira como os átomos estão ligados em uma molécula de Enxofre
determina seu formato.

3.2 OXIDAÇÃO E REDUÇÃO DO ENXOFRE NO SOLO

A especificidade de atuação de grupos de microrganismos em oxidação ou redução de


enxofre depende principalmente das condições ambientais (aeróbicas ou anaeróbicas), com
variação do estado de oxidação do enxofre. Algumas espécies de microrganismos, como a
bactéria Thiobacillus denitrificans, oxidam formas reduzidas a sulfato mesmo em condições
de anaerobiose, com redução de nitrato a N2.
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Parte dos sulfetos formados são liberados na atmosfera (H 2S), onde podem ser
oxidados a SO42-. Altas concentrações de sulfetos podem ser tóxicas aos cultivos em solos
alagados. Entretanto, estas são diminuídas pela oxidação de S 2– a SO e, posteriormente, a
SO42- por algumas espécies de microrganismos, como as bactérias do gênero Beggiatoa.

3.3 MINERALIZAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO

A mineralização é o processo de maior importância em relação à disponibilidade para


as plantas, já que as formas orgânicas constituem a maior parte do enxofre do solo. Muitas
espécies de fungos, bactérias e actinomicetos atuam no processo de mineralização do enxofre,
utilizando a matéria orgânica como substrato para seu crescimento. Isto ocorre tanto em
condições de aerobiose como de anaerobiose, tendo-se como produtos finais SO 42- e H2S,
respectivamente.

A mineralização do enxofre orgânico em solos bem drenados, que constituem a maior


parte dos solos bem cultivados, é influenciada por fatores de solo e clima e pelo manejo a que
os mesmos são submetidos. Os principais fatores são: formas do enxofre inorgânico do solo,
tipo de material orgânico adicionado ao solo, população microbiana, temperatura, aeração,
umidade e pH do solo. Estes fatores são influenciados pelo manejo, sendo mais importantes
os aspectos de revolvimento e cultivo do solo, adição de resíduos orgânicos e a calagem. Os
fatores ambientais refletem-se na população e atividade microbiana.

A fração S-O (reduzível) do enxofre orgânico é a considerada de mais fácil


mineralização e então o seu teor no solo afeta as quantidades de SO 42- liberadas. A adição de
materiais orgânicos com alta relação C/S pode provocar a imobilização de SO 42- da solução do
solo, enquanto relações baixas determinam maior taxa de mineralização dependendo do nível
dos demais nutrientes.

A população microbiana afeta a mineralização, dependendo da quantidade de


microrganismos em de sua capacidade em hidrolisar compostos com enxofre.

A temperatura do solo afeta a mineralização de enxofre pelo efeito sobre os


microrganismos, sendo esta mais efetiva na faixa de 30-40ºC. O mesmo efeito é
proporcionado pela aeração e umidade. A mineralização é maior em condições de aerobiose e
no solo com umidade equivalente a 60-80% da capacidade de campo.

O pH do solo pode ser considerado o principal fator que afeta a mineralização, devido
o seu marcante efeito na população e na atividade microbiana. O aumento do pH determina
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maior mineralização de enxofre, principalmente em solos com maior teor de matéria orgânica.
A faixa mais favorável à mineralização de matéria orgânica encontra-se próxima à
neutralidade.

A mineralização de enxofre no solo é maior na presença de plantas em crescimento.


Isto é provavelmente devido à maior atividade microbiana na rizosfera das plantas e à
excreção pelas raízes de substâncias catalisadoras da decomposição da matéria orgânica.

Por ser um processo intensamente afetado por fatores ambientais, a mineralização de


enxofre apresenta flutuações estacionais. Em termos médios, estima-se que a taxa de
mineralização encontra-se entre 1 e 2% ao ano.

O cultivo de solos virgens, por seus efeitos nas condições de aeração, umidade e
temperatura do solo e consequentemente na atividade microbiana, provoca a redução do teor
de matéria orgânica e do enxofre orgânico. Observa-se com o tempo a diminuição do teor de
enxofre total e orgânico no horizonte superficial e o aumento do enxofre em horizontes
subsuperficiais pelo efeito de lixiviação. Em solos de cerrado, há um decréscimo de 25 a 75%
no teor de enxofre orgânico após seu cultivo por 20 a 30 anos.

A mineralização do enxofre orgânico, com liberação de SO42-, pode ocorrer por


processos químicos, quando o solo é submetido a tratamentos físicos, como secagem e
umedecimento. Esse fenômeno é comprovadamente não biológico, pois é imediato e o SO 42- é
liberado em quantidades maiores daquelas obtidas pela incubação do solo sob condições
adequadas para a mineralização.

3.4 ENXOFRE NAS PLANTAS: AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE ENXOFRE NO SOLO PARA


AS PLANTAS E AS DEFICIÊNCIAS CAUSADAS PELA AUSÊNCIA DE ENXOFRE

As fontes de enxofre para as plantas incluem o enxofre orgânico e inorgânico do solo,


o enxofre das águas de precipitação e irrigação, o SO 2 atmosférico e o enxofre veiculado por
fertilizantes e pesticidas, logo, podemos deduzir que o enxofre disponível no solo para as
plantas é aquele em formas químicas que podem ser absorvidas pelas raízes. Entretanto, o
conceito de disponibilidade envolve também formas de enxofre que podem a curtos ou
médios prazos ser transformada por processos físicos, químicos ou biológicos em formas que
possam ser absorvidas pelas plantas.

Geralmente os métodos utilizados para estimar o enxofre baseiam-se no uso de


extratores químicos em amostras de solos coletadas antes do cultivo e são desenvolvidos em
estudos que utilizam apenas a camada superficial do solo. Assim, não são consideradas as
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contribuições pela mineralização do enxofre orgânico, da atmosfera e do enxofre do subsolo,


e as perdas por lixiviação que podem ocorrer durante o cultivo.

A obtenção de índices de disponibilidade de enxofre por métodos químicos


compreende as etapas de extração de formas de enxofre e sua determinação nos extratos.
Alguns métodos podem apresentar boas correlações com parâmetros das plantas mesmo que
se desconheça a natureza do enxofre medido.

Os métodos químicos para a avaliação da disponibilidade de enxofre incluem extração


com água, extração com sais ou ácidos, extração com resina de troca aniônica, diluição
isotópica com uso de 35S e a composição de plantas.

Os extratores químicos podem ser agrupados de acordo com as formas extraídas ou


determinadas tendo-se os seguintes grupos:

 Enxofre em solução (água, CaCl2, LiCl e NaCl);


 Enxofre em solução + enxofre adsorvido [Ca(H2PO4)2, NaOAc + HOAc pH 4,8,
NH4OAc e resina de troca iônica];
 Enxofre em solução + enxofre adsorvido + parte do enxofre orgânico [NaHCO 3,
Ca(H2PO4)2 em ácido acético e água quente];
 Enxofre total (digestão nítrico-perclórica).

O enxofre total é mais utilizado para caracterizar o solo, pois em geral não se relaciona
com parâmetros das plantas. O enquadramento de cada extrator num dos grupos não é rígido,
pois pouco ainda é conhecido sobre a natureza das formas extraídas por determinado método.
Exemplificando, métodos tidos como extratores apenas do enxofre solúvel podem extrair
porções do enxofre orgânico mais lábil. Revisão e discussão amplas dos métodos para a
avaliação da disponibilidade de enxofre no solo foram já apresentadas desde 1985.

A maior parte dos métodos de determinação da disponibilidade de enxofre procura


avaliar o enxofre da solução + enxofre adsorvido, já que métodos apenas para enxofre solúvel
são adequados apenas para solos com pequena capacidade de adsorver enxofre.

Para a condição dos solos brasileiros poucos trabalhos tem sido desenvolvidos para a
obtenção de índices de disponibilidade de enxofre para as plantas. Todos os trabalhos já
realizados até hoje, foram efetuados em vasos em casa de vegetação, utilizando a camada
arável dos solos. O comportamento dos extratores parecem estar relacionados com as
características dos solos brasileiros, que em geral apresentam a maior quantidade do enxofre
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inorgânico (SO42-) adsorvido às partículas. O SO42- é então deslocado pelos íons fosfato
presentes nestas soluções.

As deficiências constatadas de enxofre, no período dos anos 10 e 20 deste século


foram mascaradas, posteriormente, pelo uso de superfosfato simples usado como fonte de
fósforo. Nas décadas de 50 e 60, em diversas partes do mundo, foram reconhecidos os
problemas ocasionados pela deficiência de enxofre. Constatou-se que muitas das respostas
obtidas com o uso de superfosfato eram devidas ao enxofre, componente daquele fertilizante.

A deficiência de enxofre tem sido observada cada vez com mais frequência para
diferentes culturas, em solos sob vegetação de cerrado. A incidência desta deficiência deve-se
à pobreza natural destes solos em enxofre, aliada ao uso crescente de formulações
concentradas, que propiciam condições para que seu aparecimento se torne mais evidente e
frequente.

Muito menos frequente tem sido os problemas por excesso. Deficiências e excessos
deste nutriente podem ser corrigidos pelo uso de corretivos, fertilizantes e adubos orgânicos,
assim como práticas que melhorem sua disponibilidade.

3.5 O ENXOFRE NO AR E A CHUVA ÁCIDA

As reações e processos químico-biológicos do enxofre na biosfera se assemelham aos


do nitrogênio em vários aspectos:

 Apresentam vários estados de oxidação;


 Ocorrem nos solos agrícolas predominantemente em formas orgânicas;
 A maioria das transformações são decorrentes da atividade microbiana;
 Ocorrem em formas gasosas na atmosfera, com grande influência em processos físico-
químicos que nela ocorrem.

As formas mais comuns do enxofre encontradas no ar são combinadas, sendo: SO 2,


H2S e SO22-. Formas gasosas de enxofre pode ser uma fonte importante de suprimento de
enxofre para as plantas, embora o suprimento de enxofre para as plantas possa ser feito em
parte pela atmosfera, o estudo das formas e transformações do mesmo no solo é importante
para o conhecimento dos mecanismos de disponibilidade para as plantas.

Fenômenos naturais, como a atividade vulcânica e a decomposição de plantas, liberam


dióxido de enxofre na atmosfera, isso aumenta a acidez da água da chuva, mas não chega a
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causar danos ecológicos, pois o efeito do ácido é neutralizado ao entrar em contato com
substâncias alcalinas presentes na água e no solo.

Ilustração 1: Situação Natural (equilibrada)

A industrialização e o advento dos automóveis começam a romper este equilíbrio,


logo, o dióxido de enxofre, resultante da queima de carvão nas usinas termoelétricas e dos
motores dos automóveis também entram na atmosfera e, em contato com o oxigênio e vapores
de água esse gás transforma-se em ácido sulfúrico que voltam à superfície sob a forma de
chuva, neve ou microscópicas partículas de poeira ácida. Essa chuva ácida provoca a corrosão
de construções e metais e causam também sérios danos à natureza.

Ilustração 2: Industrialização causa o rompimento do equilíbrio natural

Ilustração 3: Precipitação da Chuva Ácida


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3.5.1 CHUVA ÁCIDA

A emissão de gases poluentes na atmosfera, como óxidos ácidos e gases de efeito


estufa, tem causado graves problemas ambientais, sendo que um deles é a chuva ácida. Esse
nome foi usado pela primeira vez pelo químico e climatologista inglês Robert Angus Smith ao
descrever a precipitação ácida que ocorreu sobre a cidade de Manchester no início da
Revolução Industrial.

As chuvas comuns já são naturalmente ácidas, pois mesmo em lugares não poluídos,
na atmosfera há, por exemplo, o gás carbônico (CO2),que é um óxido ácido que reage com a
água da chuva e gera o ácido carbônico, conforme mostrado abaixo:

CO2(g) + H2O(l)→ H2CO3(aq)


Esse tipo de chuva naturalmente ácida possui pH em torno de 5,6 e não é considerada
nociva.

Poluição e liberação de gás carbônico para a atmosfera

Chama-se de chuva ácida qualquer chuva com pH menor que 5,6. Em lugares
populosos em que há grande quantidade de veículos e em centros industriais, são comuns
chuvas ácidas com pH igual a 4,5. Já se registraram chuvas com pH igual a 2; para se ter ideia
de como isso é perigoso, esse é o valor do pH do limão ou do vinagre concentrados.
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O pH da chuva diminui tanto em virtude, principalmente, dos óxidos de nitrogênio e


de enxofre.

Entre os óxidos de nitrogênio, o principal é o NO2, que pode estar presente na


atmosfera naturalmente por meio de reações entre os gases nitrogênio e oxigênio catalisadas
por relâmpagos ou ser originado das combustões em motores a explosão dos automóveis
movidos a combustíveis fósseis.

O dióxido de nitrogênio reage com a água da chuva e gera dois tipos de ácidos, o ácido
nitroso e o ácido nítrico, mostrados, respectivamente, na equação química abaixo:

2 NO2(g) + H2O(l)→ HNO2(aq) + HNO3(aq)


O ácido nítrico é considerado o segundo maior responsável pela chuva ácida. Esse tipo
de chuva ácida pode, ao longo do tempo, causar graves problemas ambientais.

Entretanto, os grandes vilões são os óxidos de enxofre (SO2 e SO3), pois eles reagem
com a água formando o ácido sulfúrico, um ácido muito forte:

S(s) + O2(g) → SO2(g)


SO2(g) + H2O(l)→ H2SO3(aq) (Ácido sulfuroso)
SO2(g)+ ½ O2(g) → SO3(g)
SO3(g) + H2O(l)→ H2SO4(aq) (Ácido sulfúrico)
Abaixo temos um esquema que mostra as principais fontes de óxidos ácidos que
geram a chuva ácida:
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Esquema de causas da chuva ácida

Entre os impactos ambientais que a chuva ácida causa, temos:

Principais consequências da chuva ácida


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Os combustíveis fósseis, tais como os derivados do petróleo, sofrem combustão


completa, liberando gás carbônico para a atmofera, mas conforme as impurezas presentes,
também são produzidas óxidos de nitrogênio, NO e NO 2, e óxidos de enxofre, SO2(g) e SO3(g). A
chamada gasolina Podium é livre de enxofre.

Com o avanço industrial e o uso descontrolado desses combustíveis fósseis, o


problema da chuva ácida vem se agravando cada vez mais. Daí a necessidade urgente de se
diminuir a emissão desses gases poluentes na atmosfera.

A combustão de combustíveis fósseis emite gases poluentes para a atmosfera

3.5.2 MEDIDAS DE MITIGAÇÃO PARA A CHUVA ÁCIDA

No Canadá, uma das soluções colocadas em práticas é uma gigantesca chaminé


chamada Inco. Superstack de aproximadamente 380 metros que lança os compostos contendo
enxofre em camadas mais altas da atmosfera, assim deixando que o vento leve para outros
lugares.

Nos EUA, muitas usinas de energia que queimam carvão usam o sistema de
dessulfuração de gás de fumeiro (FGD) para retirar os gases contendo enxofre de suas
chaminés. Um exemplo de FGD é o depurador molhado que geralmente é usado nos EUA e
em muitos outros países. Um depurador molhado é basicamente uma torre de reação equipada
com um ventilador que extrai a fumaça de gases quentes da chaminé de uma usina de energia.
O calcário ou a pedra calcária em forma de slurry também é injetado na torre para se misturar
com os gases da pilha e combinar-se com o dióxido de enxofre presente. O carbonato de
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cálcio da pedra calcária produz sulfato de cálcio de pH neutro, que é fisicamente retirado do
depurador. Ou seja, o depurador transforma a poluição de enxofre em sulfatos industriais.

Outras medidas que existem para reduzir o impacto associado ao acúmulo de enxofre
podem serem citadas a seguir:

 A Redução no consumo de energia;


 O Incentivo ao uso do transporte público;
 O uso de um sistema de tratamento de gases industriais;
 O uso de combustíveis mais limpos: álcool, biogás entre outras;
 Utilização de fontes energéticas mais limpas como células fotovoltaicas, aero
geradores, biodigestores entre outras.

3.6 PROCESSO FRASCH DE MINERAÇÃO DO ENXOFRE

Uma porcentagem grande, embora decrescente, de todo suprimento mundial de


enxofre é obtido a partir de calcário poroso portadores de enxofre das rochas encaixantes dos
domos salinos do Texas, da Lousiana e do México; o método usado é o processo Frasch.

No final da década de 1890, Herman Frasch inventou um método engenhoso de fundir


o enxofre no subsolo, ou em jazidas submarinas, e bombear o líquido até a superfície. O
equipamento para perfurar os poços até o fundo dos estratos sulfurosos é o usado comumente
na perfuração de poços de petróleo; a profundidade alcançada fica entre 150 e 760 m.

Por dentro da perfuração do poço, introduzem-se três tubos concêntricos, com


diâmetros de 20 a 3 cm. O tubo mais externo, de 20 cm de diâmetro, passa pelo estrato
sulfuroso e apoia-se sobre a face superior da camada de anidrita. Pelo tubo de 20 cm passa
concentricamente outro tubo de 10 cm, de modo a formar um modo anular entre os dois, que
se estende até quase o fundo da rocha sulfurosa; na parte inferior o tubo apoia-se em um anel,
que veda o espaço entre os tubos de 20 e 10 cm. Um tubo condutor de ar com 3 cm, por
dentro dos outros dois, atinge uma profundidade bem menor que a do colar mencionado
acima. O tubo de 20 cm é perfurado em dois níveis diferentes, um deles acima do anel
vedante e outro abaixo. O conjunto de perfurações superiores permite o escapamento da água
quente, e o enxofre fundido entra no sistema através das perfurações debaixo.

Para a operação do poço, a água quente a 160 ºC é injetada pelo espaço anular entre os
tubos de 20 e 10 cm, e descarregada, através das perfurações, na formação porosa ao pé do
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poço. A rocha sulfurosa nas vizinhanças do poço, por onde a água circula, é aquecida a uma
temperatura acima do ponto de fusão do enxofre, a 119 ºC. O enxofre fundido, mais denso
que a água, afunda e forma um depósito na base do poço, entrando pelas perfurações
inferiores do tubo e ascendendo pelo tubo de 10 cm. A altura a que o enxofre é forçado pela
pressão da água quente corresponde a cerca da metade da distância à superfície. O ar
comprimido injetado pelo tubo de 3 cm, aera e torna mais leve o enxofre líquido, de modo que
ele se eleva até a superfície.

O volume de ar é controlado de maneira que a velocidade de produção seja igual à


taxa de fusão do enxofre, para que o depósito de enxofre fundido não se esvazie e faça com
que o poço produza água.

A água deve ser retirada da formação numa velocidade aproximadamente igual à


velocidade de injeção, para impedir o desenvolvimento de uma pressão que chegaria ao ponto
de impedir a continuação da operação. Os poços de sangria da água são usualmente
localizados nos flancos mais profundos do domo, e recolhem a água fria, mais densa que ali
se acumula. A capacidade de aquecimento das usinas em operação chega a 1 – 10 milhões de
galões por dia (3,8 a 38 milhares de metros cúbicos por dia).

Na superfície, o enxofre líquido passa por linhas aquecidas a vapor até um separador,
onde se remove o ar. O enxofre pode ser solidificado em grandes cubas de depósito, ou pode
ser mantido em estado líquido, em tanques de armazenamento aquecidos a vapor.

Cerca de 95 % de todo enxofre, nos Estados Unidos, são transportados líquidos, em


vagões-tanque isolados, ou em carros-tanque isolados, ou em barcaças ou navios com
calefação.

3.6.1 PROCESSO CLAUS DE RECUPERAÇÃO DO ENXOFRE DO H2S


A remoção do sulfeto de hidrogênio na purificação do gás natural ácido ou do gás de
coqueira, e nas refinarias de petróleo, está sendo feita de forma crescente pela dissolução em
solução de carbonato de potássio, ou em etanolamina, seguida pelo aquecimento. O sulfeto de
hidrogênio que assim se obtém é queimado em fornos especiais, a fim de fornecer o dióxido
de enxofre para o ácido sulfúrico. Entretanto é crescente a quantidade convertida em enxofre
recuperado mediante diversas modificações do Processo Claus original, cujas reações são:

H2S(g) + 3/2 O2(g)? SO2(g) + H2O(g)


SO2(g) + 2 H2S(g)? 3 S(l) + 2 H2O(l)
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Os regulamentos contra a poluição da atmosfera exigem que as novas usinas atinjam


conversão superior a 98%; na Província de Alberta, Canadá, a exigência sobe a 99,5%.
Diversos processos foram desenvolvidos para diminuir os teores do enxofre residual nos gases
de descarga das usinas de recuperação, visando a satisfazer às novas regulamentações
relativas às emissões industriais. Outras fontes existentes ou potenciais de enxofre a partir de
combustíveis incluem os gases de coqueira e o óleo sintético cru de areias oleíferas ou do
xisto. Há um projeto de uma usina de 1.000 barris por dia para a extração do óleo do xisto, no
Brasil.

Nos dias de hoje, é pequena a quantidade de enxofre recuperado do carvão, é possível,


no entanto, que os esforços visando diminuir as emissões de dióxido de enxofre e a
desenvolver combustíveis mais limpos a partir do carvão levem à produção, num futuro não
distante, de quantidades significativas de enxofre libertado do carvão de pedra. A tecnologia
de depuração do carvão cerca da metade da pirita presente no carvão bruto; o enxofre
orgânico, entretanto, só pode ser removido pela gaseificação, ou liquefação ou hidrogenação.

Diversos destes processos estão em vários estágios de desenvolvimento. Quando se


queimam combustíveis contendo enxofre, os óxidos de enxofre devem ser removidos
mediante métodos de depuração dos fumos da chaminé, ou por meio de novas técnicas de
combustão destinadas a remover o enxofre durante a queima.

3.7 OBTENÇÃO DE ENXOFRE DOS SULFETOS MINERAIS

As quantidades de enxofre extraídas das piritas ferrosas atingiram a 5,01 milhões de


toneladas no mundo ocidental, em 1973, enquanto que os gases da metalurgia dos sulfetos não
ferrosos contribuíram com 4,93 milhões de toneladas de equivalente em enxofre.

A metalurgia dos minérios não ferrosos e das piritas converte o enxofre a dióxido de
enxofre, que é em geral, recuperado para conversão a ácido sulfúrico ou, ocasionalmente,
liquefeito. Nas fundições de cobre, a capacidade de recuperação de enxofre é limitada, pois
parte dos gases tem teor de dióxido de enxofre muito baixo para que seja econômica a
fabricação do ácido sulfúrico. Os fornos elétricos e a arco produzem dióxido de enxofre mais
concentrado, conveniente para a recuperação do enxofre elementar ou do ácido sulfúrico.

Existem diversos processos industriais para a recuperação do enxofre elementar a


partir de piritas, inclusive o processo Outokumpu a arco, Orkla e o Noranda. Somente o
Outokumpu é usado industrialmente.
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3.7.1 SULFATO DE CÁLCIO


No Nordeste Brasileiro temos grandes jazidas de gipsita, estimadas em 620 milhões de
toneladas e que contém 18 % de enxofre. Como fonte de sulfato de cálcio podemos citar
também o fosfogesso que, considerando a capacidade instalada de 660.000 t/ano de P2O5 das
fábricas de ácido fosfórico, poderá ser produzido em quantidade superior a 3 milhões de
toneladas por ano, com 15 % de enxofre. O sulfato de cálcio pode ser decomposto
termicamente obtendo-se SO2 ou enxofre, dependendo das condições em que se processa a
reação.

4 JAZIDAS DE ENXOFRE

O enxofre, junto com o hidrogênio e o oxigênio, é um dos poucos não-metais que pode
ser encontrado livre na natureza. De grande aproveitamento industrial, está presente em
compostos minerais e também em grandes depósitos de origem vulcânica, tanto no subsolo
como a céu aberto. As principais jazidas de enxofre estão situadas no México, Japão,
Finlândia, Espanha, Chile, Itália e sul dos Estados Unidos.

Foto: Jazida de Enxofre de origem vulcânica, a céu aberto, no sul dos EUA.
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5 REFERÊNCIAS

COLA DA WEB. Ciclos biogeoquímicos. Disponível em: 23/06/2019


https://www.coladaweb.com/biologia/bioquimica/ciclos-biogeoquimicos
DIA A DIA EDUCAÇÃO. Ciclo do enxofre. Disponível em: 22/06/2019
http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=2112&evento=2#menu-
galeria
COLA DA WEB. Ciclo do enxofre. Disponível em: 23/06/2019
https://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/estudo-do-ciclo-do-enxofre
MANUAL DA QUÍMICA. Chuva ácida. Disponível em: 23/06/2019
https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/chuva-acida.htm
WIKIPEDIA. Chuva ácida – soluções. Disponível em: 24/06/2019
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva_%C3%A1cida
ENGQUÍMICASANTOSSP. Chuva ácida: causas, consequências e métodos de
prevenção. Disponível em: 24/06/2019
https://www.engquimicasantossp.com.br/2013/11/chuva-acida.html

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