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1.

11 Volume de um Sólido de Revolução


Nesta seção usaremos a integral para calcular o volume de um tipo particular de região do espaço,
chamada de Sólido de Revolução.
Este sólido em particular é obtido girando uma região do plano em torno de um eixo chamado
eixo de revolução.

Exemplo 1.69 Considere R a região delimitada pelas retas y = 0, x = 0, x = 2 e y = 2. Girar


esta região em torno do eixo Ox. Obtemos um cilindro de volume igual V = π(2)2 (2) = 8π.

Figura 1.19: cilindro

Exemplo 1.70 Considere R a região delimitada pelas retas y = 0, x = 4 e y = x. Girar esta


região em torno do eixo Ox. Obtemos um cone.

Figura 1.20: cone

Seja f uma função contı́nua e não negativa em [a, b] e R a regão limitada pelo gráfico de f e
pelas retas x = a, x = b e y = 0. Calcular o volume do sólido T, gerado pela rotação da região R
em torno do eixo Ox veja a figura 1.21

Figura 1.21: sólido de revolução

Basicamente a ideia é a mesma das aplicações da integral anteriores, isto é, para comprimento
de arco usamos segmentos de retas, para área usamos retângulos e para volume usaremos cilindros.

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Figura 1.22: volume do cilindro

Consideremos P uma partição do intervalo [a, b], dada por a = x0 < x1 < .... < xi−1 < xi <
... < xn = b. ∆xi = xi − xi−1 o comprimento do intervalo [xi−1 , xi ]. Em cada subintervalo
[xi−1 , xi ] escolha um ponto arbitrário ci ∀i = 1, .., n.
Para cada i = 1, .., n podemos definir os retângulos Ri de base ∆xi e altura f (ci ). Fazendo
cada retângulo Ri girar em torno do eixo Ox, O sólido de revolução obtido é um cilindro veja
figura 1.23 cujo volume é dado por:

Vi = π[f (ci )]2 ∆xi

A soma dos volumes dos n cilindros é dada por:


n
X n
X
Vi = π [f (ci )]2 ∆xi
i=1 i=1

que é uma boa aproximação do volume do sólido T.

Figura 1.23: volume do cilindro

Definição 1.71 Seja f uma função contı́nua e não negativa em [a, b]. E R a região limitada pelo
gráfico de f e as retas x = a, x = b, e y = 0. O volume do sólido de revolução T gerado pela
revolução de R em torno do eixo Ox, é dado por:
n
X
V = lim π [f (ci )]2 ∆xi
max ∆xi →0
i=1

são as somas de Riemann da função [f (x)]2 .


Por outro lado, a continuidade de f nos garante que o limite existe em 1.71, então pela definição
de integral definida , temos
Z b
V =π [f (x)]2 dx
a

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Exemplo 1.72 Calcule o volume do sólido: R a região delimitada pelas retas y = 0, x = 4 e
y = x. Girar esta região em torno do eixo Ox.

Solução: Pela figura 1.20, temos que


Z 4
V = π x2 dx
0
x3 4
= π
3 0
43
= π
3
64
= π
3
Exemplo 1.73 Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo Oy da regão R
limitada pelas retas y = −1, y = 2, x = 0 e y = ln x.

Solução: Pela figura abaixo e y = ln x ou x = ey temos:

Z 2
V = π [ey ]2 dy
−1
Z 2
= π [e2y ] dy
−1
π 2y 2
= e
2 −1
e4 − e−2
= π
2
Observação 1.74 A hipóteses sobre a função f não negativa, não faz diferença no cálculo do
volume. Com efeito, para a função y = |f (x)| o volume quando giramos a região 1.24 em torno do
eixo Ox obtemos: Z b Z b
V =π |f (x)|2 dx = π [f (x)]2 dx
a a
A formula do volume permanece válida neste caso.

Figura 1.24: grafico de f (x) e |f (x)|

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Suponha que f (x) ≥ g(x), ∀x ∈ [a, b]. Considere a região limitada pelas retas x = a, x = b e os
gráficos de f e g veja figura ...

Figura 1.25: região entre gráficos

O volume do sólido T , gerado pela rotação da região R em torno do eixo Ox veja figura 1.25,
é dada por
Z b
V =π ([g(x)]2 − [g(x)]2 ) dx
a

Exemplo 1.75 Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo Ox da regão R
limitada pelas retas y = x, x = 2 e y = x1 .

Solução: Pela figura abaixo abaixo

Figura 1.26: região entre gráficos

temos que:

Z 2
1
V = π [x2 −
] dx
1 x2
h x3 1 i 2
= π +
3 x 1

h 8 1   1 i
= π + − +1
3 2 3
11
= π
6
Exemplo 1.76 Volume por Cascas ou Camadas Cilı́ndricas
Seja f uma função contı́nua não negativa em [a, b], com a > 0 Calcule o volume do sólido obtido
pela rotação, em torno do eixo Oy da regão R limitada pelas retas x = a, x = b e y = f (x).

Solução: Para aplicar a formula do volume seria necessário escrever x como função de y, problema
complicado. Então vamos usar cascas cilı́ndricas:

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Figura 1.27: casca cilı́ndrica

Consideremos P uma partição do intervalo [a, b], dada por a = x0 < x1 < .... < xi−1 < xi <
... < xn = b. No intervalo [xi−1 , xi ], escolha ci = xi +x
2
i−1
ponto médio. Pela figura 1.27 temos:

V = Vi − Vi−1
= π[x2i ]f (ci ) − π[xi−1 ]2 f (ci )
= π f (ci )[x2i − x2i−1 ]
= π f (ci )(xi + xi−1 )(xi − xi−1 )
xi + xi−1
= 2π f (ci ) (xi − xi−1 )
2
= 2π f (ci ) ci ∆xi
= 2π ci f (ci ) ∆xi

Então é razoável tomar como volume do sólido:


Z b
V = 2π xf (x) dx (1.7)
a

Exemplo 1.77 Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo Oy da região R
limitada pela reta y = 0 e a parábola y = −x2 + 3x − 2.

Solução: Usando a formula 1.7 e as raizes x = 1, x = 2 da equação 0 = −x2 + 3x − 2 temos:


Z 2
V = 2π x[−x2 + 3x − 2] dx
1
Z 2
= 2π [−x3 + 3x2 − 2x] dx
1
h x4 i 2
= 2π − + x3 − x2

4 1
h 1 i
= 2π (−4 + 8 − 4) − (− + 1 − 1)
4
π
=
2
Exemplo 1.78 Eixo de rotação paralelo aos eixos coordenados
Seja f uma função contı́nua em [a, b]. O volume do sólido obtido pela rotação, em torno do
eixo y = L da regão R limitada pelas retas x = a, x = b, y = L e y = f (x) veja figura 1.28 é:
Z b
V =π [f (x) − L]2 dx (1.8)
a

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Figura 1.28: eixo paralelo

Exemplo 1.79 Determine o volume do sólido gerado pela rotação, em torno do eixo y = 2, da
região R limitada por y = 2x2 , x = 0 e y = 2.

Solução: Usando a formula 1.8 e o ponto de interseção da parábola e a reta é x = 1, temos

Z 1
V = π [2x2 − 2]2 dx
0
Z 1
= π [4x4 − 8x2 + 4] dx
0
h4 i 1
= π x5 − 4x2 + 4x

5 0
h4 i
= π −4+4
5
4
= π
5
Exemplo 1.80 Determine o volume do sólido gerado pela rotação, em torno do eixo x = 1, da
região R limitada por y = x2 , y = 0 e x = 1.

Solução: Usando a formula 1.8, trocando x por y, isto é, x = y temos

Figura 1.29: eixo paralelo

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1

Z
V = π [ y − 1]2 dy
0
1

Z
= π [y − 2 y + 1] dy
0
h y24 3 i 1
= π − y2 + y

2 3 0
h1 4 i
= π − +1
2 3
1
= π
6

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EXERCÍCIOS de VOLUME de um SÓLIDO de REVOLUÇÂO

Determine o volume do sólido de revolução gerado pela rotação, em torno do eixo Ox, da região
R limitada pelas curvas dadas:
1. y = x + 1, x = 0, x = 2 e y = 0;

2. y = x2 e y = x3 ;
3. y = x3 , x = −1, x = 1 e y = 0;
π
4. y = cos x, y = sen x, x = 0 e x = 4;

5. 2x2 + y 2 ≤ 1 e y ≥ 0;
6. 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4 e y ≥ 0;
Determine o volume do sólido de revolução gerado pela rotação, em torno do eixo Oy, da
região R limitada pelas curvas dadas:

7. y = ln x, y = −1, y = 2 e x = 0;
8. y = x3 e y = x2 ;
9. x = y 2 + 1, x = 12 , y = −2 e y = 2;

10. 0 ≤ x ≤ 8, e 0 ≤ y ≤ 3 x;
Determine o volume do sólido de revolução gerado pela rotação, em torno do eixo dado, da
região R limitada pelas curvas dadas:
11. y = 2x2 , x = 1, x = 2 e y = 2; ao redor do eixo y = 2;
12. y = x + x2 , y = x2 − 1 e x = 0; ao redor do eixo y = 1;

13. y = 1 − x2 , x = −2, x = 2 e y = 2; ao redor do eixo y = 2;


14. y = cos x, y = −2, x = 0 e x = 2π; ao redor do eixo y = −2;
Determine o volume do sólido de revolução gerado pela rotação, em torno do eixo dado, da
região R limitada pelas curvas dadas (use camadas cilı́ndricas):

15. y = cos(x2 ), x = 0, x = 12 π e y = 0; em torno do eixo Oy;
16. y= √ 9x , x = 3 e y = 0; em torno do eixo Oy;
x3 +9

17. y= x, y = 0 e x = 4.

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