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Capítulo 18

Integrais de campos escalares

18.1 Integrais duplas


Seja R uma região arbitrária do R3 limitada por uma superfície S. Queremos
definir uma operação matemática cujo resultado seja o volume desta região, cha-
mada integral. Sabemos calcular o volume de paralelepípedos, cilindros de base
circular ou base arbitrária desde que a área da base seja conhecida. Sabemos tam-
bém calcular volume de sólidos de revolução. Agora queremos calcular volumes
de regiões ainda mais gerais.
Por simplicidade, começamos pelo cálculo do volume limitado superiormente
por uma superfície representada pela equação z = f (x, y), abaixo pelo plano z = 0
e lateralmente pelos planos verticais x = a, x = b, y = c, y = d. Esta região pode
ser expressa da seguinte maneira.
R = (x, y, z) 2 R3 | a  x  b, c  y  d, 0  z  f (x, y) (18.1)
Neste caso temos f (x, y) 0 para todo (x, y) 2 Q onde Q é o retângulo definido
pelo produto cartesiano dos intervalos [a, b] e [c, d], ou seja,
Q = [a, b] ⇥ [c, d] = (x, y) 2 R2 | a  x  b e c  y  d . (18.2)
Seja V o volume da região R. Se f é limitada em Q, existem o valor máximo
de f (x, y) em Q denotado por M e o valor mínimo denotado por m, isto é, m 
f (x, y)  M se (x, y) 2 Q.A região R está contida no paralelepípedo de base Q e
altura M e contém o paralelepípedo da base Q e altura m. Portanto
m(b a)(c d)  V  M(b a)(c d) . (18.3)
Ainda não sabemos o valor exato de V , apenas uma estimativa inferior e superior.
Como ilustração deste conceito, seja R a região abaixo do paraboloide de re-
volução representado por z = 1 + x2 + y2 limitada inferiormente pelo plano z = 0
604 Integrais de campos escalares

com domínio Q = [1, 3] ⇥ [1, 2]. O volume a ser calculado está representado na
figura 18.1.

Figura 18.1: Região R cujo volume queremos calcular.

O máximo global desta função ocorre no canto superior direito do retângulo


Q, portanto M = f (3, 2) = 14. O mínimo global ocorre no canto inferior esquerdo,
ou seja, m = f (1, 1) = 3. A área do retângulo Q é A = (3 1)(2 1) = 2, portanto
se aproximarmos a região R por um paralelepípedo de base Q e altura M, encon-
tramos um paralelepípedo de volume 28 que contém a região R. Aproximando
por um paralelepípedo de mesma base Q mas agora com altura m encontramos
um outro paralelepípedo de volume 6 contido na região R, como ilustrado na fi-
gura 18.2.

Figura 18.2: Aproximações da região R por paralelepípedos.


18.1 Integrais duplas 605

Sabemos então que o volume V desta região satisfaz 6  V  28, o que não
é uma aproximação muito boa. Podemos melhorar esta aproximação da seguinte
maneira.
Dividimos o retângulo Q em quatro sub-
y

Q2 Q4
retângulos Q1 , Q2 , Q3 e Q4 de áreas
iguais como na figura ao lado. Em
cada sub-retângulo podemos calcular os
1.5

Q1 Q3 valores máximos e mínimos de f (x, y),


1
que novamente estão respectivamente no
x

canto superior direito e canto inferior es-


1 2 3

querdo.
Seja Mi o máximo global de f (x, y) no retângulo Qi e mi o mínimo global, onde
i varia de 1 a 4. A união dos quatro paralelepípedos definidos pelos máximos
forma uma região que contém a região V original, enquanto a união dos quatro
paralelepípedos definidos pelos mínimos forma uma região contida na região V
original, como ilustrado na figura (18.3).

Figura 18.3: Aproximações da região R por 4 paralelepípedos.

Se a área de cada retângulo Qi vale Ai , então o volume da região R original


pode ser aproximado por
4 4
 miAi  V   MiAi , (18.4)
i=1 i=1

que neste exemplo específico temos que 10.25  V  21.25. A aproximação su-
perior diminuiu enquanto a aproximação inferior aumentou, o que pode ser obser-
vado comparando as figuras (18.3) e (18.2). Temos neste caso uma aproximação
melhor para o volume V , mas ainda com uma diferença indesejada.
606 Integrais de campos escalares

Para melhorar ainda mais a aproximação, podemos repetir este processo em


cada um dos 4 sub-retângulos, o que na prática divide o retângulo original Q
em 16 sub-retângulos. Neste exemplo específico se dividirmos o retângulo Q em
N sub-retângulos de mesma área temos a seguinte sequência de aproximações,
truncando o valor encontrado em duas casas decimais.

N = 1 =) 6.00  V  28.00
N = 4 =) 10.25  V  21.25
N = 16 =) 12.68  V  18.18
N = 64 =) 13.98  V  16.73
N = 256 =) 14.65  V  16.02
N = 1024 =) 14.99  V  15.67
N = 4096 =) 15.16  V  15.50
N = 16384 =) 15.24  V  15.41
N = 65536 =) 15.29  V  15.37
N = 262144 =) 15.31  V  15.35
N = 1048576 =) 15.32  V  15.34
N = 4194304 =) 15.32  V  15.33
N = 16777216 =) 15.33  V  15.33

Neste exemplo foram necessários 16777216 sub-retângulos para calcular o


volume V com erro menor que 0.01 e estes resultados sugerem que o volume tem
valor aproximado V = 15.33. No entanto esta conta é como calcular um limite por
tabela, o que vimos que pode ser problemático, mas que parece funcionar neste
exemplo específico. Queremos agora definir todo este procedimento para uma
função f qualquer definida e limitada (para que o máximo e o mínimo exista) em
um retângulo Q = [a, b] ⇥ [c, d] qualquer de maneira matematicamente precisa,
bem definida, e rigorosa.
A divisão do retângulo Q em diversos sub-retângulos é chamada de partição
do retângulo. Seja Q = [a, b] ⇥ [c, d]. Seja Px uma partição unidimensional que
divide o intervalo [a, b] em n sub-intervalos, isto é, Px = {x0 , x1 , x2 , . . . , xn } tais que
a = x0 < x1 < x2 · · · < xn 1 < xn = b. Cada intervalo [xi 1 , xi ] possui comprimento
Dxi , onde i varia de 1 a n. Da mesma forma definimos uma partição Py que divide
o intervalo [c, d] em m sub-intervalos, ou seja, Py = {y0 , y1 , y2 , . . . , ym } tais que c =
y0 < y1 < y2 · · · < ym 1 < ym = d. Cada intervalo [y j 1 , y j ] possui comprimento
Dy j , onde j varia de 1 a m.
18.1 Integrais duplas 607

Seja P a combinação das partições Px e


y Δx1 Δx2 Δx3 Δx4

y =d

Q13 Q23 Q33 Q43 Δy3


Py . Esta partição divide o retângulo Q em
y2

nm sub-retângulos Qi j de áreas Dxi Dy j ,


como pode ser visto na figura Se f (x, y)
Q12 Q22 Q32 Q42 Δy2

y1

Q11 Q21 Q31 Q41 Δy1 é limitado em Q, em cada sub-retângulo


c=y

x
definimos
a=x x1 x2 x3 x =b

mi j = min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j } , (18.5)


Mi j = max{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j } , (18.6)

ou seja, o mínimo e máximo global de f (x, y) em cada sub-retângulo Qi j .


Se Vi j é o volume da região entre o plano horizontal z = 0 e a superfície z =
f (x, y) com (x, y) 2 Qi j , então

mi j Dxi Dy j  Vi j  Mi j Dxi Dy j . (18.7)

Somando sobre todos os sub-retângulos de Q, a soma dos Vi j é o volume V que


queremos calcular, que é limitado por

n m n m
  mi j DxiDy j  V    Mi j DxiDy j (18.8)
i=1 j=1 i=1 j=1

Estas somatórias duplas são chamadas de somas de Riemann de f sobre a partição


P. As somas de Riemann definidas pelos valores mínimos e máximos de f são
chamadas respectivamente de soma inferior e soma superior, denotadas por

n m
I( f , P) = Â Â mi j DxiDy j , (18.9)
i=1 j=1
n m
S( f , P) = Â Â Mi j DxiDy j . (18.10)
i=1 j=1

Podemos definir somas de Riemann por qualquer critério de escolha de pontos em


Qi, j , mas entre todas somas de Riemann possíveis a soma de Riemann inferior é a
menor de todas, enquanto a soma superior é a maior de todas. Em outras palavras
se (x̄i , ȳ j ) é algum ponto de Qi j escolhido por qualquer critério,

n m
I( f , P)  Â Â f (x̄i, ȳ j )DxiDy j  S( f , P) . (18.11)
i=1 j=1
608 Integrais de campos escalares

y y

y =d y =d

y3

y1 y2

y1

c=y c=y

a=x x1 x2 x =b x a=x x1 x2 x3 x4 x5 x =b x

Figura 18.4: A partição da direita é um refinamento da partição da esquerda. Aqui


as linhas tracejadas indicam as novas divisões.

y y

y =d y =d

y2

y1

y1

c=y c=y

a=x x1 x2 x =b x a=x x1 x2 x3 x =b x

Figura 18.5: A partição da direita não é um refinamento da partição da esquerda.


O sub-retângulo destacado da partição da direita não está contido em apenas um
sub-retângulo da partição da esquerda.

Seja P0 uma segunda partição do mesmo sub-retângulo. Dizemos que P0 refina


P se cada sub-retângulo de P0 está contido em apenas um sub-retângulo de P,
como indicado na figura 18.4. Esta definição de refinamento é importante para
provar a seguinte propriedade.
Teorema 18.1. Sejam P e P0 partições do mesmo retângulo Q. Se P0 refina P,
então
I( f , P0 ) I( f , P) e S( f , P0 )  S( f , P) . (18.12)
Demonstração. Seja Qi j um sub-retângulo qualquer da partição P. Se P0 refina
P, o sub-retângulo Qi j pode ser escrito como a união de um número inteiro l de
sub-retângulos da partição P0 , denotados por Qi j(1) , Qi j(2) , . . . Qi j(l) . A soma da
área destes l novos sub-retângulos é igual à área de Qi j , que expressamos por
l
Dxi Dy j = Â Dxk Dyk . (18.13)
k=1
18.1 Integrais duplas 609

Como cada elemento de Qi j(k) é também um elemento do sub-retângulo maior


Qi j , temos que

min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j(k) } min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j } . (18.14)

Multiplicando a equação (18.13) pelo mínimo em Qi j(k) e aplicando a desigual-


dade (18.14) temos

l
 min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j(k)}Dxk Dyk min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j }Dxi Dy j .
k=1
(18.15)

Somando sobre todos os valores de i e j possíveis temos que


n m l n m
   min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j(k) }Dxk Dyk   min{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j }Dxi Dy j .
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1
(18.16)

O termo à direita é a soma de Riemann inferior de f na partição P. O termo à


esquerda varre todos os sub-retângulos da partição P e em cada um destes sub-
retângulos de P varre os retângulos menores da partição P0 , somando o volume
definido pelos mínimos da função f , portanto é a soma de Riemann inferior de f
em P0 . Em outras palavras,

I( f , P0 ) I( f , P) . (18.17)

A demonstração de que S( f , P0 )  S( f , P) é semelhante, trocando apenas a desi-


gualdade (18.15) por

max{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j(k) }  max{ f (x, y) | (x, y) 2 Qi j } . (18.18)

Este teorema possui um corolário importante.


Teorema 18.2. Se P e P0 são particões quaisquer do mesmo retângulo Q, então

I( f , P)  S( f , P0 ) . (18.19)

Demonstração. Seja P00 uma partição que refina simultaneamente P e P0 . Então

I( f , P)  I( f , P00 )  S( f , P00 )  S( f , P0 ) . (18.20)


610 Integrais de campos escalares

O que este corolário quer dizer é que a soma inferior de uma função sobre
qualquer partição nunca pode ser maior que a soma superior da mesma função
sobre qualquer outra partição. Estes dois teoremas nos permite definir as seguintes
sequências. Seja P0 , P1 , P2 , P3 , . . . partições do retângulo Q = [a, b] ⇥ [c, d] tais que
cada partição refina a anterior, ou seja, P1 é refinamento de P0 , P2 é refinamento
de P1 e assim por diante. Seja Sk a soma superior de f sobre a partição Pk e Ik a
soma inferior. O teorema 18.1 implica que a sequência S0 , S1 , S2 , . . . é decrescente,
enquanto o teorema 18.2 implica que esta sequência é limitada inferiormente por
qualquer valor Ik . Portanto existe um número real chamado ínfimo para o qual
este sequência converge quando o número de refinamentos tende ao infinito, isto
é,

lim Sk = inf{S( f , Pk )} . (18.21)


k!•

Pelo mesmo argumento, a sequência I0 , I1 , I2 , . . . é crescente e limitada superior-


mente por qualquer valor Sk e portanto converge para o seu supremo,

lim Ik = sup{I( f , Pk )} . (18.22)


k!•

Por enquanto tudo o que podemos afirmar sobre estes limites é que

sup{I( f , Pk )}  inf{S( f , Pk )} . (18.23)

Lembrando que os valores Ik e Sk se referem às estimativas inferior e superior


do volume V que queremos calcular, a diferença Sk Ik é o erro da aproximação
da região arbitrária de volume V pelos paralelepípedos definidos pelas somas de
Riemann. O valor exato do volume só pode ser calculado se a diferença tende a
zero, ou seja, quando a igualdade na equação (18.23) ocorre. Pelos argumentos
apresentados nada garante que esta igualdade ocorra, mas caso ocorra, damos um
nome especial à função analisada.

Definição 18.1. Uma função f : R2 ! R é dita integrável em um retângulo Q se


f é limitada em Q e se

sup{I( f , P)} = inf{S( f , P)} . (18.24)

Este número real é chamado de integral dupla de f sobre o retângulo Q, denotado


por
¨
f (x, y)dxdy . (18.25)
Q
18.1 Integrais duplas 611

Se f (x, y) 0 em todo (x, y) 2 Q, a integral dupla é o valor do volume da


região abaixo da superfície z = f (x, y) e acima do plano horizontal z = 0 de base
Q. Voltando à equação
n m
I( f , P)  Â Â f (x̄i, ȳ j )DxiDy j  S( f , P) , (18.26)
i=1 j=1

onde o termo do meio é uma soma de Riemann arbitrária, se f é integrável em


Q temos que tanto S( f , P) quanto I( f , P) tendem à integral dupla de f sobre Q
no limite em que n e m tendem ao infinito 1 . Logo pelo teorema do confronto
qualquer soma de Riemann de uma função integrável tende à integral dupla no
limite em que o número de partições tende ao infinito, isto é,
n m ¨
lim lim   f (x̄i , ȳ j )Dxi Dy j = f (x, y)dxdy . (18.27)
n!• m!• Q
i=1 j=1

Uma maneira equivalente de expressar a definição de integrabilidade é pela


equação

lim lim S( f , P) I( f , P) = 0 , (18.28)


n!• m!•

onde n e m se referem ao número de sub-intervalos nos intervalos [a, b] e [c, d]


do retângulo Q dados pela partição P. Pela definição de limite, essa equação
quer dizer que para qualquer valor de e > 0 existem valores N e M que definem
uma partição na qual |S( f , P) I( f , P)| < e. Como numa mesma partição a soma
superior é sempre maior ou igual à soma inferior, podemos eliminar o módulo e
definir integrabilidade da seguinte maneira.

Definição 18.2. Uma função f : R2 ! R é integrável no retângulo Q se para todo


e > 0 existir alguma partição P de Q na qual S( f , P) I( f , P) < e.

Com esta definição podemos testar a integrabilidade de algumas funções como


nos exemplos a seguir.

Exemplo 18.1 (Função constante). Seja f (x, y) = K para todo (x, y) 2 Q = [a, b] ⇥
[c, d]. Para qualquer partição P de Q temos que Mi j = mi j = K. A soma superior
é dada por
n n n n
S( f , P) = Â Â Mi j DxiDy j = K Â Â DxiDy j = K(b a)(d c) , (18.29)
i=1 j=1 i=1 j=1

1 Supondo que todos os sub-retângulos tenham a mesma área ou que a área do maior sub-

retângulo tenda a zero.


612 Integrais de campos escalares

pois a soma das áreas Dxi Dy j resulta na área do retângulo Q. A soma inferior vale

n n n n
I( f , P) = Â Â mi j DxiDy j = K Â Â DxiDy j = K(b a)(d c) . (18.30)
i=1 j=1 i=1 j=1

Para qualquer n e m temos que S( f , P) I( f , P) = 0, portanto

lim lim S( f , P) I( f , P) = 0 , (18.31)


n!• m!•

o que prova que a função constante é integrável e


¨
Kdxdy = lim lim S( f , P) = K(b a)(d c) . (18.32)
Q n!• m!•

Assim provamos que o volume de um paralelepípedo é igual à sua altura vezes a


área da base.

Exemplo 18.2 (Função não integrável). Seja Q = [0, 1] ⇥ [0, 1] e uma função dada
por

1 se x é irracional
f (x, y) =
0 se x é racional

Seja P uma partição qualquer de Q. Em qualquer sub-intervalo [xi 1 , xi ] existem


números racionais e irracionais, portanto Mi j = 1 e mi j = 0 para qualquer valor de
i e j. Portanto a soma superior é dada por
n n n n
S( f , P) = Â Â Mi j DxiDy j = Â Â DxiDy j = 1 (18.33)
i=1 j=1 i=1 j=1

e a soma inferior por


n n n n
I( f , P) = Â Â mi j DxiDy j = Â Â 0DxiDy j = 0 . (18.34)
i=1 j=1 i=1 j=1

Em qualquer partição temos S( f , P) I( f , P) = 1 e

lim lim S( f , P) I( f , P) = 1 6= 0 , (18.35)


n!• m!•

portanto esta função não é integrável e a integral de Riemann desta função não
existe. 2
2 Esta função não é Riemann integrável mas é Lebesgue integrável.
18.1 Integrais duplas 613

Exemplo 18.3 (Função quadrática). Seja f (x, y) = 1 + x2 + y2 definida no retân-


gulo Q = [1, 3] ⇥ [1, 2]. Dividindo o intervalo [1, 3] em n sub-intervalos de mesmo
tamanho Dx = b n a = 2n e o intervalo [1, 2] em m sub-intervalos de mesmo tamanho
Dy = d n c = m1 temos
2
xi = x0 + i ⇤ Dx = 1 + i , (18.36)
n
1
y j = y0 + j ⇤ Dy = 1 + j . (18.37)
m
Em cada sub-retângulo Qi j = [xi 1 , xi ] ⇥ [y j 1 , y j ] o valor máximo de f (x, y) está
no canto superior direito enquanto o mínimo global está no canto inferior es-
querdo. Portanto Mi j = f (xi , y j ) e mi j = f (xi 1 , y j 1 ). Calculando a soma inferior
temos
n n n n
I( f , P) = Â Â mi j DxiDy j = Â Â f (xi 1 , y j 1 )DxDy
i=1 j=1 i=1 j=1
✓ ◆ ✓ ◆ !
2 n n
2(i 1) 2 ( j 1) 2
= Â Â 1+ 1+ n
nm i=1
+ 1+
m
j=1
✓ ◆
2 n n 4(i 1) 4(i 1)2 2( j 1) ( j 1)2
= Â Â 1 + 1 + n + n2 + 1 + m + m2
nm i=1 j=1
!
n n
2 4i 4 4i2 8i 4 2j 2 j2 2 j 1
= Â Â 3 + n n + n2 n2 + n2 + m m + m2 m + m2 .
nm i=1 j=1

Lembrando que as somas variando i de termos que não dependem de i é igual a n


vezes o próprio termo (e a mesma coisa com a soma em j) temos
! ! !
2 4m n 4 4m n 2 8m n 4
I( f , P) =
nm
3nm +
n i=1Â i
n
nm + 2 Â i
n Â
n2 i=1
i +
n2
nm
i=1
! ! ! !
2n m 2 n m
2n m
1
+
m j=1Â j m nm + m2 Â j2 m2 Â j + m2 nm
j=1 j=1

Aplicando as fórmulas Âni=1 i = n(n+1)


2 e Âni=1 i2 = n(n+1)(2n+1)
6 (e o equivalente
em j) temos
✓ ✓ ◆ ✓ ◆
2 4m n(n + 1) 4 4m n(n + 1)(2n + 1)
I( f , P) = 3nm + nm + 2
nm n 2 n n 6
✓ ◆ ✓ ◆
8m n(n + 1) 4 2n m(m + 1) 2
+ nm + nm
n2 2 n2 m 2 m
✓ ◆ ✓ ◆ ◆
n m(m + 1)(2m + 1) 2n m(m + 1) 1
+ 2 + 2 nm
m 6 m2 2 m
614 Integrais de campos escalares

que com manipulações algébricas escrevemos como


n + 1 8 4 n + 1 2n + 1 8
I( f , P) = 6 + 4 + + 2
n n 3 n n n
m + 1 4 1 m + 1 2m + 1 2
+2 + + 2,
m m 3 m m m
o que pode ser simplificado como
46 8 4 3 1
I( f , P) = + 2 + 2. (18.38)
3 n 3n m 3m
A conta da soma superior é mais simples,
n n n n
S( f , P) = Â Â Mi j DxiDy j = Â Â f (xi, y j )DxDy
i=1 j=1 i=1 j=1
✓ ◆ ✓ ◆ !
2 n n
2i 2 j 2
=
nm i=1Â Â 1+ 1+ n + 1+ m
j=1
n n ✓ ◆
2 4i 4i2 2j j2
= Â Â 1 + 1 + n + n2 + 1 + m + m2
nm i=1 j=1
!
2 4m n 4m n 2 2n n n n
=
nm
3nm +  i + n2  i + m  j + m2  j .
n i=1 i=1 j=1 j=1

Repetindo as contas feitas anteriormente chegamos ao resultado


46 8 4 3 1
S( f , P) = + + 2+ + 2 . (18.39)
3 n 3n m 3m
A diferença entre a soma superior e a soma inferior é dada por S( f , P)
I( f , P) = 16 6
n + m , então

lim lim S( f , P) I( f , P) = 0 , (18.40)


n!• m!•

o que prova que a função é integrável no retângulo Q e a integral dupla pode ser
calculada pelo limite de uma destas somas de Riemann,
46
¨
(1 + x2 + y2 )dxdy = lim lim S( f , P) = = 15.333 . . . (18.41)
Q n!• m!• 3

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