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Figura 21.1. A região plana A, ao ser rotacionada em torno do eixo y, gerará um sólido
de volume V.
y y = f(x)
x
0 a b
Suponhamos f(x) contínua no intervalo [a, b], sendo a e b números reais tais que
0 ≤ a < b, e sendo f(x) ≥ 0 para cada x em [a, b]. Seja A a região do plano dada por
233
234 Aula 21
Ai
x
0 a x i-1 xi b
Sabemos que um cilindro circular reto, com base e topo circulares de raio r, e
altura h, tem volume π r2 h.
O volume Wi é a diferença de volumes de dois cilindros de altura hi = f(wi ). Para
o cálculo de Wi , o volume de um cilindro “interno”, de raio da base xi−1 (e altura hi ),
é subtraído do volume de um cilindro “externo”, de raio da base xi (e altura hi ). Assim
sendo, temos o volume Wi dado por
Wi = 2π wi f(wi )∆x
Tópicos adicionais de integração finita 235
Ri
x
a x i-1 wi xi b
x i-1
xi
xx
f(x)
x
a x b
n b
V = lim ∑ 2π wi f(wi )∆x = ∫ 2π x f(x) dx (21.2)
∆x→0 a
i=1
A ideia principal ao fazer uso do método das cascas cilíndricas é a seguinte. Para
cada x ∈ [a, b], uma superfície cilíndrica de raio x e altura f(x) é considerada (figura
21.4). A área desta superfície é 2π x f(x). A reunião dessas superfícies, quando x
percorre o intervalo [a, b] é o sólido de revolução da região A em torno do eixo y. A
b
integral definida dessas áreas no intervalo [a, b] nos dará o volume V = ∫a 2π x f(x) dx.
Exemplo 21.1. Calcular o volume obtido pela revolução, em torno do eixo y, da região
compreendida entre o gráfico de f(x) = x3 − 6x2 + 9x e o eixo x, para 0 ≤ x ≤ 3.
3
V = ∫ 2 π x(x3 − 6x2 + 9x) dx
0
3
3
4 3 x5 3x4
2
= 2 π ∫ (x − 6x + 9x ) dx = 2 π ( − + 3x3 )
0 5 2 0
35 3 5
= 2π ( − + 34 ) = 16,2 π ≈ 50, 8938 unidades de volume
5 2
Observação 21.1. Se f e g são funções contínuas em [a, b], sendo 0 ≤ a < b e
f(x) ≥ g(x) para cada x ∈ [a, b], e A é a região plana delimitada pelos gráficos de f e g
e pelas retas verticais x = a e x = b, então adaptando a dedução feita para obtenção da
fórmula 21.1, podemos deduzir que o volume do sólido obtido pela revolução da região
A em torno do eixo y terá volume
b
V = ∫a 2 π x(f(x) − g(x)) dx.
Tópicos adicionais de integração finita 237
(ii) f(x) é definida em [a, b] mas é descontínua em a, ou seja, lim+ f(x) ≠ f(a)
x→a
ou lim+ f(x) não existe.
x→a
(iii) f(x) não é definida em x = a mas o limite lim+ f(x) existe e é finito.
x→a
b
Então definimos a integral ∫a f(x) dx como sendo
b b
lim+ ∫ f(x) dx
∫a f(x) dx = t→a t
b b
Se lim+ ∫t f(x) dx = L, com L real, dizemos que ∫a f(x) dx é convergente. Se o
t→a
b
limite não existir ou for infinito, dizemos que ∫a f(x) dx é divergente.
a 1
Exemplo 21.2. Calcular ∫ √ dx (a > 0).
0 x
1
Solução. A função f(x) = √ é definida e contínua no intervalo ]0, +∞[, tendo uma
x
descontinuidade infinita no ponto 0.
√
Sendo 0 < t < a, ∫t √1x dx = ∫t x−1/2 dx = 2(x1/2 )∣t = 2( a − t).
a a a √
a √ √ √
Portanto ∫0 √1x dx = lim 2( a − t) = 2 a, sendo portanto convergente a inte-
t→0+
a 1
gral ∫0√ dx.
x
Definição 21.2. Sejam a e b números reais, a < b e suponhamos que a função f(x)
satisfaz uma das seguintes condições
(ii) f(x) é definida em [a, b] mas é descontínua em b, ou seja, lim− f(x) ≠ f(b) ou
x→b
lim− f(x) não existe.
x→b
238 Aula 21
(iii) f(x) não é definida em x = b mas o limite lim− f(x) existe e é finito.
x→b
b
Então definimos a integral ∫a f(x) dx como sendo
b s
∫a f(x) dx = lim− ∫ f(x) dx
s→b a
s b
Se lim− ∫a f(x) dx = L, com L real, dizemos que ∫a f(x) dx é convergente. Se o
s→b
b
limite não existir ou for infinito, dizemos que ∫a f(x) dx é divergente.
π/2
Exemplo 21.3. Calcular ∫0 sec x dx
1 1
Solução. A função sec x é contínua no intervalo [0, π/2[ e lim
π−
sec x = lim
π − cos x
= 0+ =
x→ 2 x→ 2
+∞.
s s
Agora, sendo 0 ≤ s < π/2, ∫0 sec x dx = (ln ∣ sec x + tg x∣)0 = ln ∣ sec s+tg s∣. Assim
sendo,
π/2
∫0 sec x dx = lim
π−
ln ∣ sec s + tg s∣ = +∞ (pois sec x → +∞ e tg s → +∞ quando
s→ 2
π−
s→ 2 ), sendo portanto uma integral divergente.
1 1
Exemplo 21.4. Calcular ∫ √ dx
−1 1 − x2
√
Figura 21.5. f(x) = 1/ 3 x tem descontinuidade infinita em x = 0 mas deixa áreas finitas
entre seu gráfico e o eixo x nos intervalos [−1, 0[ e ]0, 8].
y
y = x -1/3
x
-1 0 8
√
√ dx = ∫ x−1/3 dx =
1 3 3
Temos ∫ 3
x 2 x2 + C, logo
0 0
√ c √
∫−1 √1
dx = lim− ∫−1 √1
dx = lim ( 3 3 2
x ) = lim 3 3 2
( c − 1) = − 23 .
−1
3 3 2
x c→0 x c→0− − 2 c→0
8 8
√ 8 √
√ √ 3 3 2
1 1 3 3
∫0 3
x
dx = lim+ ∫0 3
x
dx = lim ( 2 x ) = lim+ 2
(4 − c2 ) = 6.
c→0 c→0 + c c→0
8 1
Portanto ∫−1 √
3
x
dx = − 32 + 6 = 92 .
240 Aula 21
Definição 21.4.
b +∞
Se lim ∫a f(x) dx = L, com L real, dizemos que ∫a f(x) dx é convergente.
b→+∞
+∞
Se o limite não existir ou for infinito, dizemos que ∫a f(x) dx é divergente.
b b
Se lim ∫a f(x) dx = L, com L real, dizemos que ∫−∞ f(x) dx é convergente.
a→−∞
b
Se o limite não existir ou for infinito, dizemos que ∫−∞ f(x) dx é divergente.
+∞ 1
Exemplo 21.6. Calcular ∫ dx.
−∞ x + 1
2
1 1
Solução. A função f(x) = é contínua em R e ∫ 2 = arctg x + C. Assim
x2 +1 x +1
sendo,
+∞ 1 a 1 a
∫0 2
dx = lim ∫ 2
, dx = lim (arctg x)0 = lim arctg a = π/2
x +1 a→+∞ 0 x + 1 a→+∞ a→+∞
0 1 0 1 0
∫−∞ x2 + 1 dx = lim ∫ 2
, dx = lim (arctg x)b = lim (− arctg b) = π/2
b→−∞ b x + 1 b→−∞ b→−∞
+∞ 1 π π
Portanto ∫ dx = + = π, sendo portanto uma integral convergente.
−∞ x + 1
2 2 2
Tópicos adicionais de integração finita 241
Muitas vezes não somos capaz de estabelecer a convergência de uma integral imprópria
pois não a conseguimos calcular diretamente. Mas por comparação (de desigualdade)
com a integral imprópria de uma outra função a convergência ou divergência da integral
pode ser estabelecida. Na sequência enunciamos alguns desses critérios de comparação
e desenvolvemos exemplos de aplicação. São teoremas que apenas enunciaremos, sem
fazer demonstrações.
Proposição 21.1. Suponhamos que f(x) e g(x) são funções contínuas no in-
tervalo ]a, b[, sendo cada uma delas descontínua apenas em a, ou apenas em b,
ou em ambos os extremos a e b. Suponhamos ainda que 0 ≤ f(x) ≤ g(x) para
cada x em ]a, b[. Então
b b
1. se ∫a g(x) dx converge então ∫a f(x) dx converge.
b b
2. se ∫a f(x) dx diverge então ∫a g(x) dx diverge.
Proposição 21.2. Suponhamos que f(x) é função contínua no intervalo ]a, b[,
sendo descontínua apenas em a, ou apenas em b, ou em ambos os extremos a
e b. Suponhamos ainda que 0 ≤ f(x) ≤ g(x) para cada x em ]a, b[, sendo g(x)
b
uma função contínua em [a, b]. Então a integral ∫a f(x) dx é convergente.
1 1
Exemplo 21.7. Estabelecer a convergência ou divergência da integral ∫ √ dx.
−1 1 − x4
1
Solução. Temos f(x) = √ contínua e positiva no intervalo ] − 1, 1[, tendo descon-
1 − x4
tinuidade infinita nos extremos −1 e 1.
1 1 1 1
Agora, f(x) = √ =√ =√ ⋅√
1 − x4 (1 − x2 )(1 + x2 ) 1 − x2 1 + x2
√ 1
Como 1 + x2 > 1, temos √ < 1. Logo, para cada x ∈ ] − 1, 1[ ,
1 + x2
1 1 1
f(x) < √ ⋅1 = √ . Sendo g(x) = √ , vimos no exemplo 21.4 que
1 − x2 1 − x2 1 − x2
1 1
1
∫−1 g(x) dx é convergente. Portanto a integral imprópria ∫−1 √ dx é convergente.
1 − x4
242 Aula 21
π 1
Exemplo 21.8. Estabelecer a convergência ou divergência da integral ∫ x3 sen dx
0 x
Proposição 21.4. Suponhamos que f(x) e g(x) são funções definidas e contí-
nuas no intervalo [a, +∞[.
+∞
1. Se 0 ≤ f(x) ≤ g(x) para cada x ≥ a, e ∫a g(x) dx é convergente, então
+∞
∫a f(x) dx é convergente.
+∞
2. Se 0 ≤ f(x) ≤ g(x) para cada x ≥ a, e ∫a f(x) dx é divergente, então
+∞
∫a g(x) dx é divergente.
+∞ +∞
3. Se ∫a ∣f(x)∣ dx é convergente então ∫a f(x) dx é convergente.
f(x) +∞
4. Se lim = L, sendo L real e positivo, então as integrais ∫a f(x) dx
x→+∞ g(x)
+∞
e ∫a g(x) dx são ambas convergentes ou ambas divergentes.
As quatro propriedades enunciadas também são válidas para o caso das integrais
b b
impróprias ∫−∞ f(x) dx e ∫−∞ f(x) dx, se f(x) e g(x) são definidas e contínuas
no intervalo ] − ∞, b] (neste caso, no limite do item 4, toma-se x → −∞).
+∞ 1
(a) ∫ dx sendo p > 0 constante e a > 0.
a xp
+∞
e−x dx
2
(b) ∫
0
+∞ 1
(c) ∫ √3
dx
2 x5 − x2
Tópicos adicionais de integração finita 243
Solução.
1 x−p+1
(a) Se p ≠ 1, temos ∫ p dx = ∫ x−p dx = + C. Neste caso teremos
x −p + 1
+∞ x−p+1 b−p+1 a−p+1
b
1 b 1
∫a = lim ∫ = lim ( ) = lim ( − )
xp b→+∞ a xp b→+∞ −p + 1 a b→+∞ −p + 1 −p + 1
+∞ se p < 1 (pois − p + 1 > 0)
={ 1
(p−1)ap−1
se p > 1 (pois − p + 1 = −(p − 1) < 0)
1 1
Se p = 1, ∫ p dx = ∫ dx = ln x + C. Neste caso,
x x
+∞ 1 +∞ 1 b 1
b
∫a p
dx = ∫ dx = lim ∫ dx = lim (ln x)a = lim (ln b−ln a) = +∞
x a x b→+∞ a x b→+∞ b→+∞
+∞ 1
Concluímos então que a integral ∫ dx é convergente se p > 1 e divergente
a xp
se 0 < p ≤ 1.
(b) Temos x2 > x se x > 1, portanto −x2 < −x se x > 1. Daí f(x) = e−x < e−x = g(x)
2
+∞ +∞
Daí ∫0 e−x dx = ∫0 e−x dx + ∫1 e−x dx é convergente.
2 1 2 2
1 1
(c) Sendo f(x) = √3
, consideremos g(x) = 5 . Temos f(x) e g(x) contínuas no
x5
− x 2 x
intervalo [2, +∞[.
f(x) x5 1 1
Agora lim = lim 5 lim = 1.
x→+∞ 1 − x−13/3
= =
x→+∞ g(x) x→+∞ x − x2/3 1−0
+∞ 1 +∞ 1
Pela proposição 21.4, ambas as integrais ∫ √ dx e ∫ dx possuem
2 x5 − x2
3
2 x5
o mesmo comportamento quanto à convergência ou divergência. Como a segunda
integral é convergente, a primeira também o é.
21.3 Problemas
Calcule o volume do sólido de revolução obtido pela rotação da região dada em torno
do eixo y.
244 Aula 21
5. Região delimitada pelo gráfico de f(x) = 3x3 − 4x2 − x + 5/2, pelos eixos x e y, e
pela reta x = 4/3 (sabendo que f(x) > 0 quando x > 0). Resposta. 8π/5.
6. Região delimitada pela circunferência (x−b)2 +y2 = a2 , sendo b > a > 0. Resposta.
2π2 a2 b.
3 1
1. ∫ dx. Resposta. Diverge.
0 (x − 1)2
+∞ 1 √
2. ∫ dx. Resposta. π/ 5.
−∞ x2 + 4x + 9
1/2 1
3. ∫ dx. Resposta. 1/ ln 2.
0 x2 ln x
+∞ ax
4. ∫ dx (a > 0). Resposta. Diverge.
a x ln x
+∞ arctg x
5. ∫ dx. Resposta. π/8.
0 x2 + 1
+∞ 1
6. ∫ √ dx. Resposta. Converge.
−1
3
x2 + x4 + 1
+∞ 1
7. ∫ √
3
dx. Resposta. Diverge.
1 2x + x2 + 1 + 5
2 1
8. ∫ dx. Resposta. Diverge.
1 ln x
Tópicos adicionais de integração finita 245
+∞ sen x
9. ∫ dx. Resposta. Converge.
π/2 x2
1 1
10. ∫ √ 3
dx. Resposta. Converge.
0 1 − x2