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Preparação para o Cálculo

Representação gráfica

Referencial cartesiano

Um referencial cartesiano é constituído por duas rectas


perpendiculares (fixas), com ponto de intersecção O:
O diz-se a origem do referencial;
o eixo horizontal diz-se o eixo das abcissas (eixo do x ou
eixo OX);
o eixo vertical diz-se o eixo das ordenadas (eixo do y ou
eixo OY).

Os eixos dividem o plano em quatro regiões - os 4 quadrantes.

Um ponto do plano é um par ordenado de números a, b , (1ª


coordenada - abcissa; 2ª coordenada - ordenada).

Plano XOY - conjunto destes pares ordenados e respectivo


referencial.

y Eixo das Ordenadas

2º Quadrante 2 1º Quadrante

1 P = (2,1)
Eixo das Abscissas
-2 -1 0 1 2 x
-1
3º Quadrante 4º Quadrante
-2

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Representação gráfica de uma equação

Definição: Dados dois conjuntos não vazios A e B, chama-se


produto cartesiano entre A e B a
A B a, b : a A e b B .

No plano XOY, a curva associada a uma equação (ou "gráfico


da equação") é o conjunto dos pares ordenados que verificam a
equação (é um subconjunto do produto cartesiano 2 ).

Exemplos:
1. y x caracteriza a recta bissectriz dos quadrantes ímpares e
y x caracteriza a recta bissectriz dos quadrantes pares;

2. x 2 y 2 r 2 (c/ r 0) caracteriza a circunferência de centro


na origem e raio r.

Intersecções de gráficos

Pontos de intersecção de dois gráficos caracterizados por


y f x ey g x :

y fx
são as soluções do sistema .
y gx

Caso particular - pontos de intersecção com os eixos

Intersecção como o eixo do x :


y 0 caracteriza o eixo do x, portanto faz-se y 0 na
respectiva equação;

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Intersecção com o eixo do y :
x 0 caracteriza o eixo do x, portanto faz-se x 0 na
respectiva equação.

Observação: Uma condição em x e y representa uma região do


plano XOY.
Por exemplo, x 2 y 2 r 2 (c/ r 0) caracteriza o círculo de
centro na origem e raio r

Questões:
Indique uma condição que represente:

1. o círculo de centro 1, 2 e raio 3;

2. a metade superior do círculo anterior;

3. a linha que delimita a região anterior.

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Estudo de rectas

Declive de uma recta

Sendo r uma recta não vertical, o valor da razão


y2 y1
x2 x1
é igual para quaisquer dois pontos x 1 , y 1 e x 2 , y 2 , com
x2 x1.

Este valor traduz a variação na vertical por unidade de variação


na horizonal e designa-se por declive da recta (ou coeficiente
angular da recta).

Assim, o declive m de uma recta não vertical é dado por

y y2 y1
m x x2 x1 ,

quaisquer que sejam x 1 , y 1 e x 2 , y 2 , pontos (distintos) da


recta.
y

y2
∆y = y2 − y1
y1
∆x = x2 − x1

0 x1 x2 x

O declive não está definido para rectas verticais.

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O sinal de m permite-nos saber se o valor de y aumenta ou
diminui com a variação de x:

y m>0

m=0

m<0
m indefinido

O declive de uma recta é igual ao valor da tangente do ângulo


que esta forma com a parte positiva do eixo do x, isto é,

m tg , se 90º.

α
0 x

Quanto maior for o valor absoluto do declive, maior é a taxa de


variação de y (e "mais íngreme" é a recta).

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Equações de rectas

As diferentes formas de equações de uma recta:

Equação geral de uma recta: Ax By C 0;

Equação reduzida de uma recta não vertical (com o declive e


a ordenada na origem): y mx b;

Equação de uma recta não vertical (com o declive e um


ponto): y y 1 m x x 1 ;

Equação de uma recta horizontal: y b;

Equação de uma recta vertical: x a.

Rectas paralelas e perpendiculares

Sejam r 1 e r 2 rectas não verticais, com declives m 1 e m 2 :

as rectas são paralelas se e só m 1 m 2 (isto é, têm o


mesmo declive);
1
as rectas são perpendiculares se e só m 1 m2 .
Rectas paralelas: m1=m2 Rectas perpendiculares: m1= -1/m2

y Y=m1.x+b1
y Y=m1.x+b1

Y=m2.x+b2

Y=m2.x+b2
x
x

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Funções
Conceito de função
Uma relação (ou correspondência) entre dois conjuntos X e Y é
um conjunto de pares ordenados da forma x, y , com x X e
y Y.
Uma função (ou aplicação) f de um conjunto A para um
conjunto B é uma correspondência que a cada elemento x A
associa um único elemento y B.

Simbolicamente escreve-se
f:A B
x y fx .
Terminologia usual:
A designa-se por domínio de f e representa-se por D f ;
B é o conjunto de chegada da função;
os elementos de A designam-se por objectos;
se a x A corresponde o elemento y de B, y diz-se a
imagem de x;
o conjunto das imagens por f diz-se o contradomínio de f e
representa-se por CD f .

Uma função cujos domínio e conjunto de chegada são


subconjuntos de diz-se uma função real de variável real
(f.r.v.r.):
f : Df .
Nota: Dada a expressão de uma f. r. v. r., salvo indicação contrá-
ria, o domínio é o maior subconjunto de onde está definida.

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Representação gráfica de uma função

Sendo f uma função, chama-se gráfico de f a


2
Gf x, y :x Df y fx .

Dada a representação gráfica de f :


a sua projecção sobre o eixo do x dá o domínio de f ;

a sua projecção sobre o eixo do y dá o contradomínio de f ;

toda a recta vertical correspondente a um valor do domínio


da função intercepta o gráfico da função num e num só ponto.

Alguma transformações nas representações gráficas

y fx c , com c 0 - deslocamento para a direita;

y fx c , com c 0 - deslocamento para esquerda;

y fx c , com c 0 - deslocamento para baixo;

y fx c , com c 0 - deslocamento para cima;

y fx - reflexão em torno do eixo do x;

y f x - reflexão em torno do eixo do y;

y f x - reflexão relativamente à origem;

fx ,fx 0 reflexão da parte negativa


y |f x | -
fx ,fx 0 em torno do eixo do x.

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Exemplos:
y
4

-4 -2 2 4
x
-2

y |x|
deslocamento para a direita deslocamento para a esquerda

4 4
y y
3 3
2 2
1 1

-4 -2 2 4 -4 -2 2 4
-1 x -1 x
-2 -2

y |x 1| y |x 1|
deslocamento para cima deslocamento para baixo

4 4
y y
3 3
2 2
1 1

-4 -2 2 4 -4 -2 2 4
-1 x -1 x
-2 -2

y |x| 1 y |x| 1
reflexão em torno do eixo do x reflexão em torno do eixo do y

4 4
y y
3 3
2 2
1 1

-4 -2 2 4 -4 -2 2 4
-1 x -1 x
-2 -2

y |x| y | x|

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Classificação de funções
Seja f uma função de A em B:
f diz-se injectiva se a objectos diferentes correspondem
imagens diferentes.

f diz-se sobrejectiva se o seu contradomínio coincide com o


seu conjunto de chegada.

f diz-se bijectiva se é simultaneamente injectiva e


sobrejectiva.

Simbolicamente,
f é injectiva sse x1, x2 A : x1 x2 f x1 f x2 ;

[o que é equivalente a x1, x2 A : f x1 f x2 x1 x2]

f é sobrejectiva sse y B x A :y fx ;

1
f é bijectiva sse y B x A :y fx .

Nota: Recorde-se que


1
f é uma função de A em B sse x A y B :y fx .

Daqui para a frente, salvo menção explícita em contrário,


quando nos referimos a uma função estamos a considerar
uma função real de variável real.

Exemplos: x 2 não é injectiva nem é sobrejectiva; x 3 é injectiva


e é sobrejectiva (é bijectiva); 1x é injectiva mas não é
sobrejectiva; 2 x é injectiva mas não é sobrejectiva.

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Simetrias nos gráficos de funções

Seja f uma função:


f diz-se uma função par se x Df :f x fx .

f diz-se uma função ímpar se x Df :f x fx .

Exemplos: A função x 2 é par e a função x 3 é ímpar.

Função periódica

Seja f uma função e T um número real positivo.


Diz-se que f é uma função periódica de período T se

x Df :fx T fx .

Ao menor número positivo T nestas condições chama-se período


de f.

Exemplos: As funções sen x e cos x são periódicas, com


período 2 .

Polinómios e funções racionais


Função polinomial (ou polinómio)
1
px anxn an 1xn . . . a2x2 a1x a 0 , com a n 0,

em que a n , a n 1 , , a 0 são números reais, designados por


coeficientes de p x , e n 0 , designado por grau do
polinómio.

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Função racional
px
fx
qx
onde p x e q x são polinómios.
Observação: Recorde a decomposição de polinómios e a Regra
de Ruffini.

Composição de funções
Sendo f e g funções, chama-se composta de f com g à função h
definida por

hx f g x fgx ,

nos valores do domínio de g cuja imagem por g esteja no


domínio de f , isto é, à função

f g : Df g
x y f g x fgx

com D f g x :x Dg gx Df .

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Função inversa

Definição: A função g diz-se função inversa da função f se


D g CD f e
g fx x, para todo x D f .
f gx x, para todo x Dg
A função g denota-se por f 1 .

Observação 1: Uma função tem inversa se e só se é injectiva.


Em particular, uma função estritamente monótona num intervalo
é invertível nesse intervalo (e a sua inversa tem o mesmo tipo de
monotonia).

Observação 2: O gráfico de f contém o ponto a, b se e só se o


gráfico de f 1 contém o ponto b, a .
Ou seja, os gráficos de f e de f 1 são simétricos relativamente à
bissectriz dos quadrantes ímpares.

Exemplos: Vejam-se os gráficos das funções x 3 e 3 x :

y 4 y = x3
3

1 y=3 x
[Plot]
-2 -1 1 2
-1
x

-2

-3

-4

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Funções logaritmo e exponencial

A função exponencial
fx ex
tem domínio , contradomínio e é estritamente crescente.

A sua inversa é a função logaritmo neperiano, ln x, com domínio


e contradomíno , caracterizada por
y ln x ey x.
As conhecidas propriedades

e ln x x, x
ln e x x, x

traduzem, precisamente, que estas funções são a inversa uma da


outra.

y 4

3 y=ex
2

1
y =lnx
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
x
-1

-2

-3

-4

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Funções trigonométricas (seno, coseno e tangente)
A função seno tem domínio e contradomínio 1, 1 , é
periódica (com período 2 , é ímpar, anula-se em x k , com
k , não é injectiva nem sobrejectiva; tem-se
sen sen 2k 2k , com k .

A função coseno tem domínio e contradomínio 1, 1 , é


periódica (com período 2 , é par e anula-se para x k 2
,
com k , não é injectiva nem sobrejectiva; tem-se
cos cos 2k 2k , com k .

sen x
A função tangente, definida por tg x cos x , tem domínio
\ k 2
:k e contradomínio , é periódica (com
período , é ímpar e anula-se em x k , com k , não é
injectiva mas é sobrejectiva; tem-se
tg tg k , com k .

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Algumas fórmulas importantes
sen 2 cos 2 1 Fór. Fundamental da Trigonometria

Donde se conclui que


1
tg 2 1 cos 2

Seno e coseno da soma

sen sen cos cos sen ;

cos cos cos sen sen .

Donde se conclui que

sen sen cos cos sen ;

cos cos cos sen sen .


e
sen 2 2 sen cos ;
cos 2 cos 2 sen 2 .

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