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CURSO
DE PREPARAÇÃO
DE MATEMÁTICA
MÓDULO II:
Introdução ao estudo
de funções reais de
variável real
Sandra Félix
Setembro de 2018
1. Propriedades das funções
Definições
Uma função pode ser definida por diferentes processos tais como diagrama de setas, tabela,
expressão analítica ou gráfico cartesiano. Quando temos uma função definida pela sua expressão
analítica, o domínio da função é o domínio dessa expressão.
Podemos encarar cada uma das propriedades que fazemos corresponder como variáveis.
Dizemos então que a “variável imagem” é a variável dependente, e a “variável objecto” é a
variável independente. Num gráfico cartesiano, a variável independente corresponde ao eixo das
abcissas (xx) e a dependente ao eixo das ordenadas (yy). Podemos então dizer que uma
correspondência entre duas variáveis é uma função se a cada valor da variável independente
corresponde um e um só valor da variável dependente.
Variável dependente y
x Variável independente
Extremo relativo de uma função f é a ordenada de todo o ponto onde é alterado o sentido
da monotonia da função. Se a função é crescente até esse ponto, e depois passa a decrescente,
então o extremo é um máximo relativo. Se a função é decrescente até esse ponto, e depois passa
a crescente, então o extremo é um mínimo relativo.
Uma função pode ter vários extremos relativos, ou não ter nenhum.
O maior de todos os máximos de uma função recebe o nome de máximo absoluto. O
menor de todos os mínimos de uma função recebe o nome de mínimo absoluto.
Quando a função tem extremos, as suas abcissas também recebem um nome especial. À
abcissa de um máximo chama-se maximizante da função. À abcissa de um mínimo chama-se
minimizante da função. Estes valores são os extremos dos intervalos de monotonia da função.
Classificação de funções
A correspondência inversa de uma função não injectiva não é unívoca e, por isso, não é
uma função.
Uma função que admite inversa diz-se invertível. Para que uma função seja invertível,
basta que seja injectiva.
As constantes a e b podem ser quaisquer elementos de R, pelo que podem também ser
zero. As situações em que a ou b é zero são casos especiais da função afim, como veremos a seguir.
Trata-se de uma função da forma y = b, b R, e cujo gráfico é uma recta paralela ao eixo
das abcissas (xx), ou seja, com declive nulo.
Função linear b = 0
Trata-se de uma função da forma y = ax, a R, e cujo gráfico é uma recta que contém a
origem. Traduz uma relação de proporcionalidade directa entre as duas variáveis, ou seja, estas
são directamente proporcionais.
Para construirmos o gráfico de uma função deste tipo, necessitamos de conhecer dois
pontos.
Claro que no caso da função constante, esta tarefa é facilitada pelo facto de todos os
objectos terem a mesma imagem.
y
y=4
x
y = -3
Se a função for linear, já sabemos à partida que o seu gráfico contém o ponto (0,0), pelo
que nos basta calcular um outro.
1 x
Nos outros casos, conhecendo a expressão analítica da função, o que se faz normalmente é
determinar os valores da ordenada na origem (ponto em que a recta “corta” o eixo dos yy) e da
abcissa na origem, também conhecido como zero da função (objecto cuja imagem é zero; ponto
em que a recta “corta” o eixo dos xx).
y
y= x+3
3
x = 0 y = 3 ponto (0,3)
-3 x y = 0 0 = x + 3 x = -3 ponto (-3,0)
Trata-se de funções cuja definição varia ao longo do seu domínio. Cada uma dessas
diferentes definições é designado por troço da função no intervalo respectivo.
Função módulo
É um dos exemplos mais representativos de funções deste tipo. Trata-se de uma função da
forma:
y ax b, ax b 0
y = ax + b , a, b R, a 0.
y (ax b), ax b 0
y
a=1
y=x
y = -x b=0
vértice (0,0)
a=1
y = - (x - 2) y=x-2 b = -2
vértice (2,0)
2 x
b
V = ,
a
3 x
y a=1
b=0
= -1
= 1/2
vértice (0,-1)
x
-1 -
y = -x + 1
y a=1
b=0
1- =1
= -1
x
vértice (0,1)
2 (x - 4) + 1 , x 4 2x – 7, x 4
y = 2x - 4 + 1 y= y =
2 (-x + 4) +1 , x < 4 -2x + 9 , x < 4
Podemos ter as mais variadas funções definidas por ramos. Temos que ter em conta a
expressão de cada troço e relacioná-la com os tipos de funções que conhecemos para, a partir dos
“gráficos parciais”, podermos esboçar o gráfico total.
Um exemplo:
y
f(x) = x + 1, x -1
4–
3–
f (x) = 2x –1, -1 < x 2
1-
f(x) = 4, x>3
-1 2 3 x
Df = R \ 2 , 3
D’f = - , 3 4 Positiva: 1/2 , 2 e 3 , +
Zeros = -1, 1/2 Negativa: - , -1 e -1 , 1/2
Crescente: - , -1 e -1 , 2 Máximos: 0, 3 (relativos) e 4 (absoluto)
Constante: 3 , + Mínimos: não tem
Os zeros de uma função deste tipo são as soluções da equação ax2 + bx + c = 0. Assim, a
função terá zeros (um ou dois) apenas se esta equação for possível (b2 - 4ac 0).
Se a função tem zeros, o eixo de simetria da parábola é a recta vertical que contém o ponto
médio dos mesmos.
b b
O vértice da parábola é o ponto de coordenadas , f , que é um ponto do
2a 2a
eixo dos xx quando b = 0.
1ª Série de Exercícios
É toda a função f: R R
x a0xn + a1xn-1 + ... + an-1x + an , a0, … , an R e n N0.
À expressão que define a função chama-se polinómio de grau n (ou do “enésimo” grau,
com a0 0), na variável x. As “parcelas” são os termos do polinómio (monómios) e os números
reais a0, … , an são os seus coeficientes.
Ao expoente de cada um dos termos chama-se grau desse termo. Ao termo de grau zero
(an) chama-se geralmente termo independente, pois é uma constante.
Debrucemo-nos agora sobre funções de grau superior ao segundo (n > 2), que são aquelas
a que geralmente nos referimos quando falamos de funções polinomiais.
Os zeros de uma função polinomial, se existirem, são as raízes do polinómio que define
essa função.
admite n raízes reais x1, … , xn, então podemos escrevê-lo como um produto de factores
p2(x) = (x + 1)2
p3(x) = (x + 1)3
admitem todos como único zero o valor –1. Contudo, em cada um dos casos, a factorização é
diferente, pois: no primeiro caso, -1 é raiz simples de p1(x); no segundo caso, -1 é raiz dupla ou
de multiplicidade 2 de p2(x); no terceiro caso, -1 é raiz tripla ou de multiplicidade 3 de p3(x).
Casos Notáveis
- Diferença de quadrados: a2 – b2 = (a – b) (a + b)
Obtido o primeiro resto parcial, cujo grau é superior ao do divisor, prossegue-se a divisão
inscrevendo no quociente o termo que multiplicado por x dá – 40x2, neste caso – 40x.
Como o segundo resto parcial ainda tem grau igual ao do divisor, prossegue-se a
divisão, colocando no quociente o termo + 50, que multiplicado por x dá 50x. Procedendo
como referido anteriormente, chega-se a resto 0.
Trata-se, neste caso, de uma divisão exacta, pelo que se pode escrever:
e pode dizer-se que 2x3 – 60x2 + 450x – 500 é múltiplo de (ou é divisível por) x – 10.
3
2x3 - x2 + x + 1
2
- 2x3 +x
3 x2 + x + 1
-
2
1
2x +
4
A divisão termina quando o resto obtido tem grau inferior ao divisor. Assim, podemos
escrever:
3 x2 + x - 3 ) + 2x +
A(x) = B(x) (- 1
2 4 4
Trata-se de um processo prático para efectuar a divisão inteira de dois polinómios, quando
o divisor é da forma x - . Esta regra permite-nos determinar os coeficientes do polinómio
quociente Q(x) e o resto R da divisão.
Apliquemos esta regra, como exemplo, à divisão de D(x) = 3x4 – 4x3 + 2x2 – 3x +1 por
d(x) = x – 2. Constrói-se uma tabela como a seguinte:
3 -4 2 -3 1 coeficientes do dividendo
valor de 2
3
3 -4 2 -3 1
+
2 6
3 2
Multiplica-se aquele coeficiente (3) por (2) e adiciona-se o produto (6) ao segundo
coeficiente do dividendo. O resultado desta soma escreve-se na linha de baixo.
3 -4 2 -3 1
2 6 4 12 18
3 2 6 9 19
Exemplo: Analisemos uma função cúbica (de grau 3), da qual temos a curva, onde nos é indicado
um do zeros.
8 6 -9 -5
1 8 14 5
8 14 5 0
Daí resulta que 8x3 + 6x2 – 9x –5 = (x – 1) (8x2 + 14x + 5) . Sendo o polinómio quociente
uma expressão do segundo grau, facilmente calculamos as suas raizes.
1 5
x x
2 4
Assim, a função g admite como zeros os valores 1, -1/2 e –5/4. Podemos então construir
o seu quadro de sinal:
x -5/4 -1/2 1
g(x) Neg. 0 Pos. 0 Neg. 0 Pos.
e, mesmo não tendo acesso ao seu gráfico, poderíamos prever que a função apresenta um primeiro
troço em que é crescente, um segundo em que é decrescente e um terceiro em que é novamente
crescente.
2ª Série de Exercícios
Chama-se função racional a toda a função cuja expressão algébrica é o quociente de dois
polinómios.
Dentro destas, debruçar-nos-emos sobre as funções do tipo
ax b
f(x) , a, b, c, d R, c 0 .
cx d
Neste tipo de funções, o domínio é o conjunto de todos os valores que não anulem o
denominador, isto é, será o conjunto definido por
Df x R : cx d 0.
Note-se que uma função deste tipo terá sempre uma assímptota vertical, no zero do
denominador. Poderá também ter assímptotas não verticais.
O estudo duma função deste tipo implicará sempre o recurso ao cálculo.
Chama-se função irracional a toda a função cuja expressão designatória envolve radicais,
e na qual a variável aparece no radicando.
Estudaremos funções do tipo
f(x) a b n p(x) , a, b R, p(x) é um polinómio em x ,
cujo domínio depende do índice da raíz (n).
n ímpar Df R
n par Df x R : p(x) 0
No caso das funções mais simples, do género y x , poderá ser feita uma abordagem
da mesma a partir da função inversa, neste caso a função y x 2 . No caso de funções com
expressões mais complexas, o seu estudo implicará o recurso ao cálculo.
Contudo, podemos definir potências com qualquer expoente real. Para um melhor
entendimento do seu significado, vejamos algumas Propriedades das Potências:
a0 = 1, a0
0x = 0 e 1x = 1, x R
1
a x
x a, x N
1
a x x , a 0
a
(ax)y = ax y Potência de potência
ax ay = a x + y ax
y
a x y
a
ax bx = (a b)x ax a
x
bx b
Função exponencial
Trata-se de funções cuja expressão é uma potência de base positiva e expoente real, ou
seja, é qualquer função da forma:
f: R R+
x ax (a > 0).
Se a > 1, sabemos que x1, x2 Df x1 > x2 ax1 > ax2, ou seja, a função é crescente.
Contudo, se a < 1, temos que x1, x2 Df x1 > x2 ax1 < ax2, ou seja, a função é
decrescente.
Quanto a zeros, esta função não admite nenhum. Por definição, a base é positiva (a > 0), e
não existe expoente nenhum capaz de transformar uma potência de base não nula em zero. Além
disso, sabemos que se a = 1, teremos uma função constante da forma y = 1, pelo que neste caso
não se tem uma função exponencial.
a>1 a<1
loga a = 1
loga 1 = 0
p 1
loga = loga p - loga q , e em particular, tem-se: loga = - loga q
q q
1 1
loga pr = r loga p , e em particular, tem-se: loga n p = loga p n
= loga p
n
Os valores dos logarítmos que se podem encontrar em tabelas, ou que são fornecidos
directamente pelas calculadoras, referem-se geralmente a duas bases:
Base 10 logarítmos decimais: log10 x ou simplesmente log x
Base e logarítmos nepperianos: loge x ou simplesmente ln x
Função logarítmica
Façamos um breve estudo da função logarítmica, pensando nela como função inversa da
função exponencial y = ax, que vimos ser bijectiva.
f: R+ R
x loga x , a > 0, a 1.
a>1 a<1
3ª Série de Exercícios