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CENTRO UNIVERSITÁRIO IESB

CAMPUS LILIANE BARBOSA

CURSO DE BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL

MARIA DA CONCEIÇÃO MENDES DE LIMA

A QUESTÃO URBANA E A LUTA PELA MORADIA NA ÁREA DE


REGULARIZAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL — ARIS: SOL NASCENTE.

CEILÂNDIA, DISTRITO FEDERAL

2017
MARIA DA CONCEIÇÃO MENDES DE LIMA

A QUESTÃO URBANA E A LUTA PELA MORADIA NA ÁREA DE


REGULARIZAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL — ARIS: SOL NASCENTE.

Trabalho apresentado como requisito parcial para a


aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão
de Curso II de Bacharel em Serviço Social do
Centro Universitário IESB.

Orientadora:
Profª. Doutora Ieda Maria Nobre de Castro

CEILÂNDIA, DISTRITO FEDERAL

2017
BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Orientadora: Profª. Drª. Ieda Maria Nobre de Castro
IESB-DF

________________________________________________
Prof. Dr. Wederson Rufino dos Santos
IESB-DF

________________________________________________
Profª. Mestra Mirela Berendt Pinto da Luz
IESB-DF
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus pela oportunidade de estar


terminando esta nova jornada.
Agradeço aos meus pais pela concepção e aos ensinamentos que aqui me
fizeram chegar.
Agradeço ao meu esposo Marcos Batista de Lima que soube aceitar minha
ausência nas atividades domésticas e sempre me incentivou.
Agradeço a todos os professores do curso de Serviço Social do IESB Campus
Oeste - Liliane Barbosa, pelos ensinamentos que compartilharam comigo e com
meus colegas nesse curso.
Um agradecimento em especial a minha Professora Orientadora Dra. Ieda
Maria Nobre de Castro pela parcimônia e pela maestria no ensinamento de novos
saberes.
Agradeço a equipe da Federação Habitacional Sol Nascente, onde tive a
oportunidade de fazer Estágio e colocar em prática a teoria aprendida, sob a
supervisão da Assistente Social Elizabete Alves Ramos dos Santos.
Não posso esquecer-me de agradecer aos meus filhos e netos que souberam
entender a minha ausência em alguns momentos.
Ao meu amigo Marcus Maciel
Aos amigos que conheci nessa jornada pela amizade e incentivo de todas as
horas.
No princípio era o ermo...
Eram antigas solidões sem mágoa,
O altiplano, o infinito descampado...
No princípio era o agreste:
O céu azul, a terra vermelho-pungente
E o verde triste do cerrado.
(Vinicius de Moraes
In Sinfonia da Alvorada)
RESUMO

O presente estudo tem como tema a questão urbana, o conflito, a disputa da terra e
a luta pela moradia e como objetivo identificar os efeitos das ações realizadas pela
FEHSOLNA no sentido de oferecer resposta as necessidades da comunidade do Sol
Nascente em Ceilândia, Brasília, DF, além de compreender e explicar a importância
da atuação do Serviço Social na política habitacional, enquanto colaborador das
políticas sociais, levando-se em consideração o trabalho profissional realizado na
Federação Habitacional Sol Nascente.

Palavras-chave: Sol Nascente, Aglomerados Urbanos, Serviço Social.


LISTA DE FIGURAS
Figuras Assunto Pág.

1 Fac-símile da Certificação oficial da UNESCO - Domínio 17


público Fonte: Wikimedia.org.
Reprodução adaptada Mobilidade residencial e segregação
2 espacial: um estudo de caso do condomínio sol nascente em 18
Ceilândia, DF. Fonte: Lima (2011).
No mapa do DF, é mostrada a distância da Ceilândia a
3 Esplanada dos Ministérios, ao alto uma aero foto da 21
Ceilândia. Fonte: Google Maps.
4 Na foto, a imagem polêmica publicada de “ponta 25
cabeça”,Fonte: Instituto Akatu.
5 Na foto a imagem na posição correta. Fonte: Instituto Akatu. 25
6 Sociedade Primitiva Fonte Google imagens. 26

07 Temos os primórdios do Sol Nascente com os currais 33


comunitários. Fonte: Acervo FEHNASOL.
08 A reunião quando da criação da Associação do Parque Sol 33
Nascente. Fonte: Acervo FEHNASOL
Fac-símiles das Atas de fundação e alterações da
09 Associação do Parque Sol Nascente. Fonte: Acervo 34
FEHNASOL.
10 Fac-símiles das Atas de fundação e alterações Prefeitura 34
Comunitária do Sol Nascente. Fonte: Acervo FEHNASOL.
11 Fac-símiles das Atas de fundação e alterações Federação 34
Habitacional do Sol Nascente. Fonte: Acervo FEHNASOL.
12 Na foto a Placa do Edifício Santa Edwiges. Fonte: Acervo 36
FEHNASOL.
13 Na foto a Placa do Edifício Sol Nascente 36
Fonte: Acervo FEHNASOL.
14 Na foto a Equipe que proferiu a Palestra sobre Câncer de 37
Mama Fonte: Acervo FEHNASOL
15 Gráfico Estatístico do ‘Projeto Natal Solidário’ Fonte: 38
Relatório FEHSOLNA.
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

AGEFIS Agência de Fiscalização do Distrito Federal


APP Área de Preservação Permanente
Aris Área de Regularização e Interesse Social
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CEB Companhia Energética de Brasília
CEF Centro de Ensino Fundamental
CEI Campanha de Erradicação de Invasões
CF Constituição Federal
CODEPLAN Companhia de Planejamento do Distrito
Codhab/DF Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal
DF Distrito Federal
DTA Departamento de Terras e Agricultura
EPIA Estrada Parque Indústria e Abastecimento
FEHSOLNA Federação Habitacional Sol Nascente
FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviço
FGV Fundação Getúlio Vargas
GDF Governo do Distrito Federal
HRC Hospital Regional de Ceilândia
HRT Hospital Regional de Taguatinga
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
JK Juscelino Kubitscheck
MID Movimento dos Inquilinos do DF
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONGs Organizações Não Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
Pdad Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
QNP Quadra Norte ‘P’
QNQ Quadra Norte ‘Q’
RA Região Administrativa
RIDE/DF Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno
SEDHAB Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação
SEDUMA/DF Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
TERRACAP Companhia Imobiliária de Brasília
UDN União Democrática Nacional
UF Unidades Federadas
UnB Universidade de Brasília
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
UPA Unidade de Pronto Atendimento
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 11
CAPITULO 1 .................................................................................................................................. 13
ABORDAGEM SOCIOHISTÓRICA DO FENÔMENO DA GRILAGEM EM BRASÍLIA........... 13
1.1 Brasília era apenas um projeto ................................................................... 13
1.2 Sol Nascente, um Contraste da Vida Urbana ............................................ 18
1.3 A criação da Ceilândia ................................................................................ 20
1.4 Sol Nascente como tudo começou ............................................................. 22
CAPITULO 2 .................................................................................................................................. 25
ASSENTAMENTOS HUMANOS E A LUTA PELA MORADIA.................................................. 25
2.1 O Homem procura moradia ........................................................................ 25
2.2 Assentamentos Humanos ........................................................................... 27
CAPITULO 3.................................................................................................................................. 30
A FEDERAÇÃO DE MORADIA DO SOL NASCENTE E O SERVIÇO SOCIAL ..................... 30
3.1 Breve Histórico da FEHSOLNA .................................................................. 30
3.2 Ações desenvolvidas pela FEHSOLNA ..................................................... 36
3.3 Conhecendo a área onde se localiza a FEHSOLNA ................................. 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS. ............................................................................................. 45
11

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema a questão urbana, o conflito, a


disputa da terra e a luta pela moradia e como objetivo identificar os efeitos das
ações realizadas pela FEHSOLNA no sentido de oferecer resposta as
necessidades da comunidade do Sol Nascente, além de compreender e
explicar a importância da atuação do Serviço Social na política habitacional,
enquanto colaborador das políticas sociais, levando-se em consideração o
trabalho profissional realizado na Federação Habitacional Sol Nascente.
A escolha desse tema se deu a partir da experiência de estágio
realizado na Federação durante o processo de formação no Curso de Serviço
Social quando tive a oportunidade de conhecer, mesmo que superficialmente a
comunidade do Sol Nascente, as condições de vida das pessoas que vivem lá
e o trabalho desenvolvido pela Federação Habitacional Sol Nascente que não
mede esforços para apoiar a mobilização da comunidade na defesa de
condições mais dignas de sobrevivência.
A pergunta inicial que se constituiu problema a ser investigado foi: Em
que medida as estratégias adotadas pela Federação Habitacional Sol Nascente
– FEHSOLNA tem produzido respostas as necessidades de moradia para
aquela comunidade?
A investigação foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica,
documental e de campo, que ao longo do processo, permitiram acúmulo de
conhecimentos acerca do objeto de estudo e possibilitaram análise e
compreensão do trabalho realizado pelo Serviço Social na mais antiga
organização da sociedade civil organizada que atua na área de regularização
de interesse social — ARIS Sol Nascente, tida pelo IBGE como sendo a maior
favela urbana do país.
No primeiro capitulo é feita uma rápida abordagem sobre o fenômeno da
ocupação da terra e das questões fundiárias no Distrito Federal (DF) desde
data anterior ao inicio da construção de Brasília. O objetivo é situar
historicamente a disputa pelo espaço urbano e a luta social por moradia, que
acabaram por redesenhar a cidade de Brasília e seu entorno. Este capitulo está
subdividido em quatro momentos: Brasília era apenas um projeto, Sol
12

Nascente, um Contraste da Vida Urbana, A criação da Ceilândia e Sol


Nascente como tudo começou.
Enquanto que no segundo capítulo faz-se um breve histórico sobre as
lutas por um pedaço de terra para construir uma casa onde o trabalhador
espera ter um teto para seu abrigo e merecido descanso e sua relação com o
modo como se organizam as cidades. Este capitulo está subdividido em dois
momentos: O Homem procura moradia e Assentamentos Humanos.
No derradeiro capitulo, registra-se o ponto alto da pesquisa, subdividido
em: Breve Histórico da FEHSOLNA, Ações desenvolvidas pela FEHSOLNA e
Conhecendo a área onde se localiza a FEHSOLNA, pois aqui que vamos
discorrer sobre o objeto do nosso trabalho, a Federação Habitacional Sol
Nascente e toda sua luta pela moradia e assistência aos seus associados e a
comunidade.
13

CAPITULO 1
ABORDAGEM SOCIOHISTÓRICA DO FENÔMENO DA
GRILAGEM EM BRASÍLIA

Este capítulo aborda sobre o fenômeno da ocupação da terra e das


questões fundiárias no Distrito Federal (DF) desde data anterior ao inicio da
construção de Brasília. O objetivo é situar historicamente a disputa pelo espaço
urbano e a luta social por moradia, que acabaram por redesenhar a cidade de
Brasília e seu entorno.
Os Conflitos por terras na região do Centro Oeste existem desde as
datas mais remotas quando as terras do DF foram habitadas por índios
ceramistas, agricultores e caçadores, pertencentes à tribo dos Tapuias,
conhecida por Jê: Quirixá, Cinta-Larga, Tocantinitins, Arraés, Guayazes ou
Goyá, Xavante e Pedra Branca, afirma Ribeiro (1999) para quem a presença
deles na região está no legado deixado na denominação de locais, no nome de
frutos, animais e plantas.
Hoje, estes conflitos pela posse da terra são realizados por grileiros que
fragmentaram antigos lotes de chácaras - que no plano inicial formariam um
cinturão produtivo de hortifrutigranjeiros onde se localizavam as colônias
agrícolas e eram arrendadas, constituindo-se as localidades hoje denominadas
Águas Claras, Samambaia, Vicente Pires, entre outras.

1.1 Brasília era apenas um projeto

Quando foi escolhido o local para sediar a nova capital, já era de


conhecimento das autoridades que se tratava de um espaço localizado numa
região não muito favorável a agricultura, com terra semiárida, calcária, difícil de
ser cultivada. Naquela oportunidade, o presidente Juscelino Kubitscheck (JK)
ao tomar conhecimento disso determinou a organização de uma subcomissão
para fixar, dentro do polígono que estava sendo desapropriadas, áreas
destinadas à horticultura, à avicultura e à produção leiteira.
Uma capital moderna e revolucionária, como Brasília, não
poderia ficar sujeita a tais oscilações. Seu abastecimento teria
de ser racionalmente programado, de forma a evitar-se a
ocorrência de desníveis no fluxo dos gêneros alimentícios. Daí
14

minha decisão de ordenar à Novacap que solucionasse, antes


da inauguração da cidade, esse importante problema.
(KUBITSCHECK, 2000, p.92)

No seu Projeto, Lúcio Costa imaginou e criou um cinturão verde ao redor


de Brasília, ou seja: nas áreas que se transformariam em cidades satélites 1,
hoje Regiões Administrativas, e que não estavam previstas.
Nesse cinturão teria o cultivo de produtos hortifrutigranjeiros
para abastecer a população, pelos produtores rurais destas
localidades. No desencadeamento das ocupações das cidades
satélites as áreas rurais foram sendo urbanizadas. É o caso de
Vicente Pires, que surgiu na área rural de Taguatinga, o Sol
Nascente em Ceilândia e situações semelhantes estão
ocorrendo na zona rural de Samambaia e Sobradinho, entre
outras, dando início a conurbações 2. (SEDUMA: Meio Urbano
ZEE DF, 2007 p.41)

Essa foi à direção adotada pela Companhia Urbanizadora da Nova


Capital do Brasil (NOVACAP) 3 que no seu primeiro ano de trabalho, destinou
uma área de 30.000 hectares. Essa área, dividida em regiões agrícolas, foi
retalhada em lotes destinados a arrendamento. A primeira região loteada foi
denominada Vargem da Bênção, onde, em 1959, já se encontravam 42 granjas
particulares. Coube, ainda, ao Departamento de Terras Agrícolas (DTA)
administrar quatro grandes fazendas, designadas Granjas Modelo: Tamanduá,
Ipê, Torto e Riacho Fundo e “que, durante a fase inicial de vida da capital,
deveriam ter participação ativa no abastecimento alimentar da população”,
conforme explica a arquiteta Valéria Bertolini (2015) em sua Tese de Doutorado
pela Universidade de Brasília (UnB).

1
Cidade Satélite - Termo foi proibido e entrou em desuso através do decreto nº 19.040, de 18/02/1998,
durante o governo de Cristovam Buarque que o substituiu por Região Administrativa – RA. Disponível
em: http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br;distrito.federal:distrital:decreto:1998-02-18;19040 Acesso em
25/set/2017.
2
Conurbações - Aglomeração formada por uma cidade e pelos seus satélites, ou por diversas cidades
vizinhas de importância mais ou menos igual. Disponível em: https://dicionariodoaurelio.com/conurbacao
Acesso em 25/set/2017.
3
NOVACAP - Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil foi criada através de lei, em 19 de
setembro de 1956, pelo então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira. A finalidade única
era gerenciar e coordenar a construção da nova Capital do Brasil. Em 21 de abril de 1960, a Capital foi
inaugurada, entretanto muita coisa ainda deveria ser feita para que a cidade tivesse condições de ser a
Capital do País, efetivamente. Com este objetivo, a Novacap continua existindo, como uma empresa
pública, tendo como sócios a União e o Governo do Distrito Federal, com 48% e 52% de ações,
respectivamente. Por ser uma empresa do Governo do Distrito Federal, a Novacap é o principal braço
executor das obras de interesse do Estado, e sua vinculação é direta com a Secretaria de Obras.
Informações do sitio da empresa disponível em http://www.novacap.df.gov.br/sobre-a-novacap/a-
novacap.html, Acesso em 19/set/2017.
15

Dentre as áreas que mais se destacaram no “cinturão verde” para


abastecer a nova capital com incentivos do governo; destaca-se Vargem Bonita
(próxima ao aeroporto e Park Way), criada a pedido do presidente JK, antes
mesmo da inauguração de Brasília, essa colônia era composta em sua maioria
de imigrantes japoneses como arrendatários.
O ano de 1957 foi de intensa atividade no Planalto... Em
agosto, instalava-se nos arredores da capital o primeiro núcleo
de japoneses, dando-se início assim à formação do cinturão
verde — zona agrícola destinada a abastecer a população
pioneira. (KUBITSCHECK, 2000, p. 92).

No Projeto da NOVACAP/DTA, cada região agrícola disporia de um


mercado, denominado Mercado do Produtor. A localização desses mercados
decorreu de um estudo detalhado de cada região, para situá-los em ótimas
condições de acesso aos produtores que deles se serviriam.
De acordo com Bertolini (2015), a ocupação do Centro Oeste
caracterizou-se pela dispersão de sua rede urbana. Os períodos de expansão
da ocupação territorial e ampliação da rede de cidades ocorreram, num
primeiro momento, em função da mineração e, posteriormente, pela relação
com a economia cafeeira da região sudeste.
Sobre a ocupação do Centro-Oeste, a Professora Doutora Ignez Costa
Barbosa Ferreira, Professora Emérita da Universidade de Paris/Sorbonne,
pesquisadora da Universidade de Brasília, especialista na área de Geografia
urbana, com ênfase em urbanização, planejamento urbano, organização
territorial, Brasília e teoria da Geografia, traz importante contribuição para a
historicidade dos conflitos de terras no Centro Oeste.
Iniciada a penetração do território, a mineração de ouro e
pedras preciosas atraiu população de forma pontual em torno
dos núcleos mineradores. A fixação se deu pelo criatório de
gado extensivo nas áreas de campos naturais que se
desenvolveu para abastecer as zonas mineradoras. Com o
declinar da atividade mineira houve a emigração de população
e a região passa a uma economia de subsistência de base
agrícola descontínua. (FERREIRA, 2010, p.33).

No resgate histórico da autora, ao contrário do que se costuma afirmar, o


local em que foi implantada Brasília não era um vazio demográfico. Embora
pouco habitado, tinha uma ocupação efetiva, nos moldes do Centro-Oeste
brasileiro: grandes latifúndios de pecuária extensiva, lavouras de subsistência
16

(arroz, feijão e milho), indústrias de couros, peles, alimentos, calçados e


pequenos núcleos urbanos: a cidade de Planaltina e a vila de Brazlândia.
Mas foi com a transferência da capital federal – ligada ao
projeto de integração Nacional do Governo de Juscelino
Kubitschek – que ocorre maior impacto social e econômico na
região. Brasília surge como um Polo de desenvolvimento
regional, de atração de fluxos populacionais, atuando como um
‘centro de gravidade’ ao redor do qual orbitam realidades
tipicamente agrárias. (GUIA e CIDADE, 2010, p.149)

A criação de Brasília fez parte da concretização de um projeto nacional


de promover a interiorização do desenvolvimento econômico e a integração do
território, conforme aponta estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
- IPEA (2001): “O Objetivo era desconcentrar o desenvolvimento em curso,
fortemente concentrado na faixa litorânea e na região Sul.”
O que fica claro também nas palavras de JK:
O grande desafio da nossa História estava ali: seria forçar-se o
deslocamento do eixo do desenvolvimento nacional. Ao invés
do litoral - que já havia alcançado certo nível de progresso -,
povoar-se o Planalto Central. O núcleo populacional, criado
naquela longínqua região, espraiar-se-ia como uma mancha de
óleo, fazendo com que todo o interior abrisse os olhos para o
futuro grandioso do País. Assim, o brasileiro poderia tomar
posse do seu imenso território. E a mudança da Capital seria o
veículo. O instrumento. O fator que iria desencadear novo ciclo
bandeirante. (KUBITSCHECK, 2000, p.21)

Em fins de 2013, com a divulgação do resultado da Pesquisa Distrital por


Amostra de Domicílios (Pdad), pela Companhia de Planejamento do Distrito
Federal (Codeplan), o ‘mito’ de cidade planejada para Brasília ruiu de vez, sim,
porque muitos confundem Brasília com o Distrito Federal, e Brasília possui todo
o estigma de cidade planejada.
Brasília é citada como um exemplo dos princípios da arquitetura e
planejamento urbano modernista, expressão da concordância existente entre
modernismo e os projetos de ideologia desenvolvimentista.
Este ponto é importante, sobretudo em países do Terceiro
Mundo, onde a estética modernista exerce fascínio sobre os
mais diversos governos, independentemente de sua orientação
política. (HOLSTON, 1993, P.18)
17

Para os que desconhecem Brasília, hoje ela se restringe a área da Asa


Sul e Norte, Eixo Monumental, e alto do cruzeiro, sendo que o que foi tombado 4
foi o projeto urbanístico, em suas escalas “monumental, residencial, gregária e
bucólica.” tais como definidas por Lúcio Costa, o autor do projeto da cidade.
Um exemplo desta proteção é a proibição de cercamento das superquadras,
uma vez que se romperia com a proposta das escalas do projeto urbanístico.
Conforme o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), a área que compõe o Tombamento de Brasília, como Patrimônio
Cultural da Humanidade, é delimitada, a leste pela orla do lago Paranoá, a
oeste pela Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA), ao sul pelo
córrego Vicente Pires e ao norte pelo córrego Bananal.
Brasília foi reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) em 1987, tombada como patrimônio histórico, federal em 1990 e
pelo Governo do Distrito Federal em 1991. (IPHAN, 2010, p.12)
Figura 1

Fac-símile da Certificação oficial da UNESCO - Domínio público


Fonte: Wikimedia.org

4
Tombamento - Ato jurídico que pode ser aplicado aos bens, como edificações, objetos (bens móveis e
/ou integrados), núcleos urbanos, jardins e paisagens, podendo ser solicitado aos órgãos responsáveis pela
preservação: qualquer cidadão, pessoa jurídica ou o próprio Poder Público. Na Capital, a preocupação
com a sua conservação vem desde a implantação da cidade em 1960, e consta da Lei Santiago Dantas que
estabeleceu a organização administrativa do Distrito Federal (Art. 38 da Lei n° 3.751/60). IPHAN,
Coletânea Brasília 50 anos 2010, 1ª edição 2009 Disponível em:
http://www.brasiliapatrimoniodahumanidade.df.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id
=6&Itemid=8 Acesso em 18/ago/2017.
18

1.2 Sol Nascente, um Contraste da Vida Urbana

As manchetes na grande mídia no dia 29 de setembro de 2013 (Globo,


Estadão, Correio Braziliense, Carta Capital, Veja, IstoÉ) traziam os enunciados:
“Sol Nascente, no DF, tem a maior favela da América Latina, diz IBGE...”, “Sol
Nascente: a grilagem de terra em uma das maiores favelas da América Latina” ,
“Maior favela da América Latina: Sol Nascente toma posto da Rocinha”, “Favela
Federal”, “Sol Nascente é maior que a Favela da Rocinha”. Esse é o contexto
onde se situa a comunidade Sol Nascente; objeto do presente estudo.
Dados da NOVACAP (2008) delimitam o Condomínio Sol Nascente, da
seguinte forma:
 ao norte com a Região Administrativa Brazlândia – RA IV;
 ao sul com a Região Administrativa Samambaia – RA XII;
 a leste com a Região Administrativa Taguatinga – RA III e
 a oeste com o estado de Goiás,
Figura 2

Reprodução adaptada Mobilidade residencial e segregação espacial:


um estudo de caso do condomínio sol nascente em Ceilândia, DF.
Fonte: Lima (2011)
19

No mosaico apresentado por Alex Lima (2011) no seu artigo Mobilidade


residencial e segregação espacial: um estudo de caso do Condomínio Sol
Nascente em Ceilândia, DF, mostra o contraste de Ceilândia, IXª Região
Administrativa do Distrito, com a marcação do Setor Habitacional Sol Nascente
(SHSN) 5.
De acordo com a Codeplan, na Pdad de 2013 pela primeira vez, os
condomínios Pôr do Sol e Sol Nascente foram estudados isoladamente dos
outros espaços de Ceilândia. Juntas, segundo os dados às duas ocupações
possuíam 78.912 moradores, naquela ocasião este número apontava um
crescimento da população na região — que não conta com sistema de
saneamento básico, entre outros problemas de infraestrutura. Já pelo Censo de
2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população era
de 56.483 pessoas.
A Pdad, divulgada em 2013 pela Codeplan mostrou também que as
duas localidades: Sol Nascente e Por do Sol detêm os piores indicadores de
infraestrutura de toda a capital. Apenas 6,1% das residências são ligadas à
rede de esgoto. Os caminhões de lixo não atendem 54,15% dos domicílios, e
94% das ruas não são pavimentadas.
Com a nova marca, o Distrito Federal passou a abrigar a maior favela do
país — à frente da internacionalmente famosa Rocinha, no Rio de Janeiro, que
conta com 69.161 habitantes, de acordo com a pesquisa nacional de 2010 —
não há números atualizados do crescimento da favela carioca.
A Comunidade do Sol Nascente fica a 32 km da Praça dos
Três Poderes, a maior favela da América Latina, com 95 mil
habitantes, grilagem de terras virou negócio lucrativo e envolve
traficantes, policiais e pastores, noticia também que: lá não há
infraestrutura mínima, a população se vê amedrontada por
invasores e pela derrubada de casas realizada pela Agência de
Fiscalização do Distrito Federal (AGEFIS), em outubro de 2016
para conter seu aumento desenfreado. (Jornal Estado de São
Paulo, 15/jan./2017).

Na mesma reportagem no jornal Estadão, afirma-se que “a ocupação de


terras no Sol Nascente ganhou força no início dos anos 1990, quando a região
era ocupada basicamente por chácaras e nascentes de água.” (Idem).

5
SHSN - A Lei Complementar nº 330, de 19 de outubro de 2000, criou o Setor Habitacional Sol
Nascente, na Região Administrativa da Ceilândia (RA IX), e o transformou em área de interesse e
relevância social de baixa renda (GDF, 2009).
20

O próprio nome da favela, segundo a versão mais corrente sobre seu


batismo, teria se inspirado em uma dessas chácaras, uma propriedade que
pertencia a uma família japonesa. ‘Sol Nascente’ seria uma referência ao
Japão, a “terra onde nasce o sol”.
Os chacareiros japoneses já não residem no Sol Nascente e pouco se
planta no local, mas a favela do Sol Nascente, desconhecida até pouco tempo
pela maior parte do País, continua a experimentar um processo acelerado de
crescimento que avança sobre seus 940 hectares, uma área equivalente a 940
campos de futebol.

1.3 A criação da Ceilândia

A notícia que ficava em Brasília a maior favela brasileira superando a


Rocinha no Rio de Janeiro surpreendeu a mídia nacional e a própria população
já que os habitantes de Brasília estão habituados com atitudes governamentais
de tempos em tempos para reorganizar o espaço geográfico do Distrito Federal
como em 1969.
A Brasília criada pelos arquitetos não comporta em seu traçado
todos habitantes desde sua criação. Com apenas nove anos de
fundação em 1969 enquanto o Distrito Federal prometia
atender 500 mil habitantes, 79.128 deles já não se abrigavam
sob o traço planejado, moravam em aglomerados próximos ao
centro da capital, local de trabalho da maioria dessas pessoas.
(ISAIAS, 2017, p.20)

Naquele mesmo ano, um seminário sobre o processo de urbanização e


os principais agravantes daí decorrentes apontou para a precarização das
áreas urbanas e o processo de favelização. A partir de então a agenda do
governo se concentrou na criação de mecanismos de controle e erradicação
das chamadas invasões. Desse processo originou-se o nome da cidade, CEI
(referência à Comissão de Erradicação das Invasões) + o sufixo lândia6 =
Ceilândia.
Os registros sobre a memória histórica da comunidade indicam que em
1971, já estavam demarcados 17.619 lotes, numa área de 20 quilômetros

6
Lândia - exprime a ideia de espaço territorial, domínio territorial, espaço geográfico, região,
pertencente ou ocupado por um povo ou figurativamente por um certo elemento.
21

quadrados, que, posteriormente, foi ampliada para 231,96 quilômetros


quadrados 7.
Os lotes ficavam ao norte de Taguatinga, nas antigas terras da Fazenda
Guariroba. E para estes lotes foram transferidos mais de 15 mil barracos e
quase 80 mil moradores residentes nas invasões do IAPI — nome devido a
residirem candangos do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
— das Vilas Tenório, Esperança, Bernardo Sayão e Colombo; dos morros do
Querosene e do Urubu; e Curral das Éguas e Placa das Mercedes.
Hoje Ceilândia é a Região Administrativa IX do Distrito Federal, estando
situada a 26 quilômetros do Plano Piloto de Brasília e inserida na região oeste
do território e no macrozoneamento urbano do DF. Ceilândia é tida como a
Região Administrativa com a maior população do Distrito Federal, e
consequentemente possui o maior colégio eleitoral da região. Possui como
cidades limítrofes: Taguatinga, Samambaia, Brazlândia e no entorno do DF
Águas Lindas de Goiás e Santo Antônio do Descoberto.
Figura 3

No mapa do DF, é mostrada a distância da Ceilândia a Esplanada dos Ministérios,


ao alto uma aero foto da Ceilândia.
Fonte: Google Maps

7
Disponível em: http://www.ceilandia.df.gov.br/category/sobre-a-ra/conheca-a-ra/ Acesso em 13/09/2017
22

1.4 Sol Nascente como tudo começou

O Setor Habitacional Sol Nascente faz parte da Área de Regularização e


Interesse Social (Aris) criada pela Lei Complementar nº 785 de 14 de
novembro de 2008. Estes condomínios surgiram na década de 1990 e se
desenvolveram na Região Administrativa IX - Ceilândia, numa área
considerada de fragilidade ambiental, situada entre o P Norte e P Sul desta
Região Administrativa. Possui Áreas de Preservação Permanente (APP),
rupturas de relevo e solos hidromórficos. Estão inseridos em parte na Zona
Urbana de Dinamização e Zona Rural de Uso Diversificado, conforme a Lei nº
17 de 1997. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –
(ICMBio) atua como administrador responsável desta área. (CODEPLAN:
Pesquisa Distrital Por Amostra de Domicílios - Pdad-2013).
É dentro da área da Ceilândia que em 1998, conforme o Relatório de
Avaliação Ambiental do GDF (2009) originou-se o Sol Nascente nas
proximidades das quadras QNP Norte e Sul de Ceilândia e foi em direção à
Vicinal 3118 e aos córregos do Meio, do Grotão e do Valo.
Em 2008 numa primeira tentativa de organização da região, a
comunidade ganhou ares oficiais e até uma sigla própria, bem no estilo
brasiliense, passou a ser o SHSN, ou Setor Habitacional Sol Nascente,
atualmente o setor está dividido em três trechos (I, II e III) tendo vários
loteamentos, cada um com suas respectivas unidades domiciliar como, por
exemplo, Zélia Macalão, Vila Madureira, e Residencial Conquista Gênesis,
Buriti, Casa Branca, Vitória, Novo Horizonte, entre outros.
Mesmo com a constante chegada de novos imigrantes para a
comunidade, a Codeplan diz que 53% da população do Sol Nascente é do
próprio DF e que entre os imigrantes, a maior parte saiu do Maranhão e do
Piauí.
Como nos outros 35 aglomerados subnormais — nomenclatura dada
pelo governo para definir área de ocupação irregular e com ausência de
serviços públicos — do DF, sem esgoto, sem segurança e sem saúde a Área
de Regularização de Interesse Social (Aris) Sol Nascente é um gigantesco

8
VC-311 - é uma rodovia vicinal do Distrito Federal. Liga a DF-180 ao Setor P Norte, na Ceilândia.
23

loteamento. Ali, poucos exploradores ganharam muito, vendendo terras da


União ou se apossando de chácaras mal preservadas para enriquecer nas
barbas do poder.
De acordo com a percepção dos próprios moradores a quantidade de
pessoas ali residentes são bem maior do que os registrados nos dados oficiais,
conforme afirma o líder comunitário Carlos Botani, em reportagem do jornal
Correio Braziliense (2013):
Há, pelo menos, 120 mil pessoas vivendo no Pôr do Sol e no
Sol Nascente. É muito complicado uma pesquisa por domicílio
ser eficaz aqui. Há lotes com dezenas de casas, residências
com mais de uma família morando. Enfim, uma estrutura
domiciliar completamente diversa da dos outros locais do DF.
(Carlos Botani – Líder Comunitário – Correio Braziliense, 2013)

A superpopulação da comunidade e a precária infra-estrutura urbana


vem sendo denunciada com frequência nos jornais de grande circulação.
O que mais nos chamou a atenção na pesquisa foi o tamanho
do Pôr do Sol e do Sol Nascente. A população supera muito a
de outros bairros populares. A Estrutural, por exemplo, têm 30
mil habitantes. Além disso, por serem ocupações mais
recentes, elas estão em uma situação muito ruim de
infraestrutura. O Estado ainda não chegou lá em muitos
pontos, e a demanda por infraestrutura é grande (Júlio
Miragaya – Presidente CODEPLAN – Correio Braziliense,
2013)

Também em entrevista ao jornal Correio Braziliense (2013) o


diagramador Daniel Ribeiro Soares, morador do Sol Nascente há 10 anos,
comemorou a chegada de tratores e operários na rua onde mora há cerca de
dois meses. “Era para, finalmente, colocarem a tubulação de esgoto. Mas, mal
deu tempo de furarem o chão, o edital foi suspenso e eles (trabalhadores)
foram embora”, contou o Daniel, que mora com a esposa e a filha de 16 anos,
e conta que, com a chuva, a falta de estrutura transforma-se em transtornos e
riscos à saúde. “É mais fácil contornar a falta de asfalto, o lixo espalhado e o
esgoto correndo na rua quando não chove. Quando a água cai, vira um rio,
cheio de lixo”, afirmou.
Esses relatos expressam as precárias condições de vida na comunidade
Sol Nascente e são reveladoras das contradições de uma cidade fundada sob
o signo da modernidade e que traz em seu território uma comunidade que
24

carrega o atributo de maior favela da América Latina, a partir do Censo


IBGE/2010, pela sua superpopulação e condições precárias de infraestrutura.
É no meio deste cenário, que temos hoje atuando no Setor Habitacional
Sol Nascente a FEDERAÇÃO HABITACIONAL SOL NASCENTE
(FEHSOLNA), uma associação civil cultural, democrática, de direito privado
sem fins lucrativos, criada com o objetivo defender o direito e promover o
acesso à moradia, da qual falaremos mais amiúde no terceiro capitulo.
25

CAPITULO 2
ASSENTAMENTOS HUMANOS E A LUTA PELA MORADIA

Este segundo capítulo aborda sobre as lutas por um pedaço de terra


para construir uma casa onde o trabalhador espera ter um teto para seu abrigo
e merecido descanso e sua relação com o modo como se organizam as
cidades.
Em 2003 um jornal americano publicou inadvertidamente uma foto de
uma comunidade do Rio de Janeiro, de cabeça para baixo (foto 2), a agência
de propaganda Leo Burnett Tailor Made, utilizou a mesma imagem em uma
campanha publicitária para o “Movimento Cuide” do Instituto Akatu 9, a
campanha fazia uma crítica ao consumismo, demonstrando que do mesmo
modo que as pessoas não perceberam que a foto/anúncio estava de cabeça
para baixo, elas também não conseguem enxergar o consumo inconsciente.
Figuras 4 e 5

Na foto 4, a imagem polêmica publicada de “ponta cabeça”,


Na foto 5 a imagem na posição correta.
Fonte: Instituto Akatu

Esta imagem retrata de forma lúdica o quanto os assentamentos


humanos no Brasil são realizados de forma inconsequentes, ao ponto das
pessoas não saberem distinguirem qual é a imagem original — foto 5.

2.1 O Homem procura moradia

Desde a antiguidade, com o domínio da agricultura, o homem buscou


fixar-se próximo às margens dos rios, onde teria acesso à água potável e a

9
Disponível em: https://www.akatu.org.br/campanhas/movimento-cuide/
26

terras mais férteis. Nesse período, a produção de alimentos, que antes era
destinada ao consumo imediato, tornou-se muito grande, o que levou os
homens a estocarem alimentos. Consequentemente a população começou a
aumentar, pois agora havia alimentos para todos. Começou a surgir às
primeiras vilas e, depois, as cidades, a vida do homem deixa de ser simples
para tornar-se complexa.
As aldeias e vilas, especialmente onde havia agricultura
intensiva, evoluíram para a formação de cidades e resultaram
na formação das primeiras grandes civilizações da
humanidade. Nos vales de importantes rios floresceram estas
primeiras culturas, como a mesopotâmica, entre os rios Tigre e
Eufrates; a egípcia, no rio Nilo; a indiana, no rio Indo; e a
chinesa, no rio Amarelo. (VICENTINO, 1997, p. 48)
Figura 6

Sociedade Primitiva
Fonte Google imagens

Com toda essa evolução foi necessária à organização da sociedade que


surgia. A terra passa a ser bem de trabalho e deixa de ser pública para ser
particular, de acordo com Emília da Viotti Costa (1977). Desta forma passa-se
a atribuir à terra um caráter mais comercial e não apenas um status social,
como era característico da economia dos engenhos do Brasil colonial.
No caso específico de Brasília, conforme Holston (1993) tratou-se de um
projeto anunciado no programa da campanha presidencial de JK e
27

correspondia às teorias desenvolvimentistas formuladas na década de 50 pela


CEPAL10 e o ISEB 11.

2.2 Assentamentos Humanos

Aliás, esse é um traço da política desenvolvimentista brasileira, cujo


modelo tem impulsionado o inchaço das cidades. A projeç ão do Programa da
Organização das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos – ONU-
Habitat (2016) é que até 2030 mais de 90% dos brasileiros viverão em cidades.
Ferretti12 lembrou ainda que o Brasil está localizado no continente mais
urbanizado do mundo, visto que em 2010, o censo IBGE já indicava 84,4% da
população brasileira vivendo em áreas urbanas.
O curioso é que em 1945, no pós-Guerra, quando a ONU foi criada, dois
terços da população viviam na zona rural. Cinquenta e cinco anos depois, o
mapa de distribuição da população havia mudado, com metade da população
mundial vivendo agora nas cidades. A expectativa é que em 2050, dois terços
da população mundial – cerca de seis bilhões de pessoas – estejam vivendo
em cidades.

10
CEPAL - (Comissão Econômica para América Latina e o Caribe) é uma das cinco comissões
econômicas das Nações Unidas (ONU), criada em 1948 com o objetivo de monitorar as políticas
direcionadas à promoção do desenvolvimento econômico da região da América Latina, assessorando
ações encaminhadas para sua promoção, e deste modo contribuindo para o reforço das relações
econômicas dos países da área. Posteriormente seu campo de atuação ampliou-se para os países do
Caribe, buscando promover junto a estes e as nações latino-americanas o desenvolvimento social e
sustentável. A ONU instalou desde meados dos anos 40 outras quatro comissões cobrindo o restante das
áreas geográficas do globo terrestre: a ESCAP, para a região da Ásia e Pacífico; a ESCWA, que agrupa os
países da parte oeste da Ásia (países todos de língua árabe, além do Sudão e Egito, ligados aos de língua
árabe, mas localizados no norte da África); a CEA, cobrindo todos os países do continente africano; e a
ECE, comissão econômica destinada aos países europeus, todas essas comissões configuram-se como
"irmãs", originadas e subordinadas ao ECOSOC, sigla em inglês do Conselho Econômico e Social das
Nações Unidas, instituído em 1945 com o objetivo de promover o progresso das políticas nas áreas de
saúde, economia, direitos infantis, direitos da mulher, etc. Disponível em: https://www.cepal.org/pt-br
acesso em 10/out/2017.
11
ISEB - Instituição cultural criada pelo Decreto nº 37.608, de 14 de julho de 1955, como órgão do
Ministério da Educação e Cultura. Gozando de autonomia administrativa e de plena liberdade de
pesquisa, de opinião e de cátedra, destinava-se ao estudo, ao ensino e à divulgação das ciências sociais,
cujos dados e categorias seriam aplicados à análise e à compreensão crítica da realidade brasileira e à
elaboração de instrumentos teóricos que permitissem o incentivo e a promoção do desenvolvimento
nacional. Desapareceu em 1964.
Disponível em http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/instituto-superior-de-
estudos-brasileiros-iseb Acesso em 10/out/2017.
12
FERRETI - Rayane. Encarregada da Organização das Nações Unidas para os Assentamentos
Humanos – ONU-Habitat em entrevista oficial outubro 2016. Disponível em
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-10. Acesso em 19/09/2017.
28

Esses dados revelam que as cidades vêm se constituindo o eixo central


da produção e do consumo nacional – processos econômicos e sociais que
gerando riquezas e oportunidades, mas contraditoriamente produzindo
doenças, crimes, poluição e agravando a pobreza.
Nos países em desenvolvimento, moradores de favelas, periferias e
entorno, constituem mais de metade da população urbana, com pouco ou
nenhum acesso a abrigo, água e saneamento básico, situação motivadora da
criação do Programa ONU-Habitat. Criado em 1978 para melhorar esta
situação, esse programa das Nações Unidas também apoia os países a
implementar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos em
2000 para promoção do desenvolvimento sustentável e combate à pobreza
extrema. As metas relacionadas à melhoria das vidas de pelo menos 100
milhões de moradores de favelas – o equivalente a cerca de 10% da população
dos moradores de favelas em todo o mundo – até 2020 são acompanhadas
pela ONU-Habitat.
Para a encarregada da ONU, Ferreti (2016) a urbanização tanto pode
ser uma oportunidade para o desenvolvimento como pode agravar problemas
de ordem econômica e social. A expansão desordenada, a segregação
econômica, a falta de saúde, a insegurança dentre tantos outros, tem sido
efeitos perversos de um crescimento desordenado.
O dia-a-dia de boa parte dos moradores do Setor Habitacional Sol
Nascente — SHSN vivenciam exatamente estes problemas mencionados pela
representante da ONU-Habitat.
A gente identifica algumas necessidades muito especiais para
as cidades latino-americanas e caribenhas. A gente fala muito
dos três ‘R’ do redesenvolvimento urbano, que seriam a
Regeneração, a Renovação e Reabilitação das nossas
cidades. A América Latina é, ao mesmo tempo, o continente
mais urbanizado e também o mais desigual do mundo e a
gente não pode fechar os olhos para isso. (ONU-Habitat, 2016)

Hoje o Programa ONU-Habitat é parte integrante do conjunto de


sistemas criados pelas Nações Unidas como estratégia de apoio à redução da
pobreza no mundo. O seu foco principal está relacionado à conquista de terras
e moradias para todos; ao planejamento participativo e à governança; a
29

habitações inovadoras e às finanças urbanas, reunindo um conjunto de


esforços em uma campanha global sobre urbanização sustentável.
Trata-se de um programa de abrangência mundial, cujos objetivos têm
alcance na comunidade Sol Nascente no Distrito Federal. É uma Rede global
que trabalha em níveis locais para desenvolver as capacidades dos governos
nacionais, fortalecer o poder de decisão das autoridades locais e promover a
inclusão da comunidade no processo decisório.
Alinhada com as diretrizes e objetivos estabelecidos no Programa ONU-
Habitat, a Federação Habitacional do Sol Nascente, vem conduzindo suas
atividades nessa direção: mediar à questão da terra, promover o acesso à
moradia, mas principalmente, mobilizar e organizar a população residente
naquela comunidade para a luta em defesa de uma sobrevivência digna e uma
comunidade que lhes permita realizar sonhos. Afinal como afirma Ferreti (2016)
à vida urbana digna não é feita apenas de tijolos e cimento, ela é também
significada como oportunidades de realização de sonhos e aspirações.
E é uma entidade comunitária, nascida da luta pela moradia e melhores
condições de vida na comunidade do Sol Nascente. Inicialmente Associação
Parque do Sol Nascente, depois Prefeitura Comunitária do Sol Nascente, hoje
denominada Federação Habitacional do Sol Nascente FEHSOLNA, objeto do
presente estudo.
30

CAPITULO 3.
A FEDERAÇÃO DE MORADIA DO SOL NASCENTE E O SERVIÇO
SOCIAL

Este terceiro capitulo é o ponto alto da pesquisa, pois aqui se discorre


sobre o objeto deste trabalho, a Federação Habitacional Sol Nascente e toda
sua luta pela moradia e assistência aos seus associados e a comunidade.
A experiência de frequentar um curso universitário deixa marcas para
toda a vida, da mesma forma a oportunidade de fazer um estágio em
cumprimento à carga horária e a grade curricular, em atenção às normas
vigentes é outra experiência impar, uma vez que ora se coloca na prática todas
àquelas informações vista na teoria e na sala de aula e/ou plataforma
acadêmica no ambiente virtual.
Desde quando foi sugerido o aproveitamento da experiência e
convivência durante o estágio não renumerado na Federação Habitacional Sol
Nascente – FEHSOLNA, para desenvolver este trabalho de conclusão de
curso, veio a duvida se era possível, pois parecia ser um objeto não palpável e
volátil: os movimentos sociais, dos sem terra, dos sem moradia...
Acatando as orientações para a produção deste Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC), utilizou-se a metodologia qualitativa, a pesquisa documental, a
revisão bibliográfica e a pesquisa de campo onde para a coleta de dados foram
realizadas entrevistas e analise documental.
No que tange as duas pessoas entrevistadas não serão identificadas vez
que o presente estudo precisa seguir as orientações éticas. A entrevista
membro da diretoria está referenciada como Entrevista A e a segunda, a
trabalhadora Assistente Social que realiza trabalho voluntário na organização,
mencionada como Entrevistada B.

3.1 Breve Histórico da FEHSOLNA

Com a consolidação de Brasília como polo irradiador de


desenvolvimento para as regiões Centro Oeste, Norte, e Nordeste a moradia
acabou se tornando um grande problema, passando a mostrar as
31

desigualdades sociais da cidade que acabava de ser inaugurada e que no


sonho de Dom Bosco 13 prometia “correr leite e mel”.
Uma vez que a contínua chegada de trabalhadores acelerava as
aglomerações em torno dos canteiros de obras, a ponto de se proibir a
permanência de candango na região do Plano Piloto. Estas controvérsias foram
muito exploradas por Carlos Lacerda, político, jornalista e proprietário do jornal
Tribuna da Imprensa 14; contrário à construção de Brasília e sempre que podia
trazia manchetes pejorativas, a Tribuna da Imprensa já em sua edição de 16 de
maio de 1958 trazia a seguinte manchete de primeira página: “Começou a
formação de “favelas” na área destinada à ‘nossa’ capital”, provavelmente foi a
primeira vez que se falou em “favela” na área da nova capital.
Após todos esses anos, desde a inauguração de Brasília, conforme
Censo/IBGE (2010) registram-se 36 favelas no seu entorno, entre as quais
desponta a comunidade Sol Nascente. Uma comunidade criada em 2008 (Lei
Complementar 785), é constituída Área de Interesse Social – Aris localizada
entre “P” Sul e “P” Norte e quadras QNQ da tradicional cidade da Ceilândia,
conforme indica a Pdad 2015. (CODEPLAN: Pesquisa Distrital Por Amostra de
Domicílios - 2015)
A história da Federação Habitacional do Sol Nascente está
intrinsecamente ligada ao surgimento do Setor Habitacional Sol Nascente. Em
1998, cerca de 180 famílias de carroceiros ocuparam um espaço próximo às
Quadras QNQ da Ceilândia, onde havia um curral comunitário para que os
carroceiros deixassem suas carroças e cavalos. Com o tempo os carroceiros,
que não tinham onde morar ou moravam de aluguel, começaram a fazer
barracos no curral e ali fixaram moradia.

13
Dom Bosco - O relato de um sonho de São João Bosco, santo italiano fundador da Congregação dos
Salesianos, aparece no livro “Memórias Biográficas de São João Bosco”, escrito por seu assistente, padre
Lemoyne: “Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um
ponto onde se formava um lago. Disse então uma voz repetidamente: - Quando se vierem a escavar as
minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui à terra prometida, de onde jorrará leite e mel.
Será uma riqueza inconcebível.” Disponível em:
http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/brasilia50anos/not08.asp Acesso em 22/set/2017.
14
Carlos Lacerda - Carlos Frederico Werneck de Lacerda foi um jornalista e político brasileiro membro
da União Democrática Nacional (UDN), vereador, deputado federal e governador do Estado da
Guanabara. Fundou em 1949 o jornal Tribuna da Imprensa, e a editora Nova Fronteira em 1965. Após
voltar do exílio reassumiu sua cadeira de deputado e continuou a oposição a Juscelino Kubitschek,
atacando, entre outras coisas, a construção de Brasília. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Lacerda Acesso em 25/set/2017.
32

Cansados de serem ameaçados de terem suas casas derrubadas se


organizaram, liderados por Josias José de Castro e iniciaram uma luta pela
permanência legal na área.
A Pedagoga Marize Raimunda dos Santos Rocha (2014) em sua
monografia Lado a lado: questão habitacional e questão ambiental num recorte
sobre o Setor Habitacional Sol Nascente e a Lagoa do Japonês em Ceilândia,
no DF, ilustra seu trabalho com uma fala do Geógrafo Francês Yves15 Lacoste
(1976), vejamos:
Em seu livro “A Geografia, isso serve, em primeiro lugar, para
fazer a guerra”, apresenta a geografia escolar em seu potencial
transformador, tendo em vista que esse conhecimento permite
identificar as especificidades de cada localidade. Assim, afirma
que quem domina os conteúdos de Geografia dispõe de
vantagem no jogo de interesses e disputas políticas,
econômicas e culturais em todos os níveis, local, estadual,
nacional, bem como mundial. (ROCHA, 2014)

Rocha (2014) depois de refletir sobre a fala de Yves Lacoste e a


importância da Geografia sentencia:
Essa abordagem evidencia que a formação de aglomerados
como o Sol Nascente e Pôr do Sol, não acontecem por acaso,
pois há tramas envolvendo o conflito Capital-Trabalho que
interferem na formação desses espaços. Afirma ainda que
esses (espaços) não são neutros e que esses são apropriados
pelas classes sociais de acordo com seu poder aquisitivo,
político, entre outros. Assunto também abordados por Santos e
Cavalcanti, em suas inquietações. (SANTOS apud
CAVALCANTI, 2004, p. 99).

Ao trazermos a fala da professora Rocha (2014) pretendemos ilustrar os


conflitos de interesses, sociais, políticos e econômicos que é vivenciado no Sol
Nascente, desde sua criação até os dias atuais.

15
Yves Lacoste - Geógrafo e geopolítico francês. Lançou no início de 1970 revista Hérodote, que nos
últimos trinta anos procurou revelar a face oculta da Geografia, isto é, seu caráter político. Contribui com
obras críticas e inovadoras, como La géographie, ça sert, d'abord, à faire la guerre "A Geografia serve,
em primeiro lugar, para fazer a guerra" para uma discussão do conceito da geografia política e
geopolítica, especialmente na França. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Yves_Lacoste Acesso
em 7/11/2017.
33

Figuras 7 e 8

Na foto 7 temos os primórdios do Sol Nascente com os currais comunitários,


Foto 8 a reunião quando da criação da Associação do Parque Sol Nascente.
Fonte: Acervo FEHNASOL

Surgiu então, a primeira associação oficialmente constituída, a


Associação do Parque Sol Nascente (AMPSN) aos vinte e sete dias do mês de
agosto do ano de 1999, que foi presidida pelo seu fundador, Josias José de
Castro, de 1999 a 2001. Por ocasião da segunda eleição em 2001, a
associação foi transformada em Prefeitura Comunitária do Sol Nascente, com o
objetivo de defender o direito à moradia dos habitantes do Sol Nascente.
Com o falecimento do Presidente Josias no dia 21 de setembro de 2006,
assumiu a Prefeitura a Vice-Prefeita Vilnia Araújo Milhomem, que renunciou ao
cargo em 01 de abril de 2007, ocasião em que a também Vice, Edilamar de
Souza e Souza (Dila) assumiu a Presidência e, em Assembleia Geral, os
associados votaram pela transformação da Prefeitura Comunitária do Sol
Nascente em Federação Habitacional do Sol Nascente.
Uma das primeiras vitórias que a AMPSN obteve foi o reconhecimento
junto ao Governo do DF de que o antes setor rural Sol Nascente teria se
transformado em mais zona urbana mais precisamente em uma Aris.
No projeto de Lei que justificava a criação do Setor Habitacional Sol
Nascente, consta que este surgiu numa área antes destinada à zona rural
pertencente à Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, administradora das
terras rurais do DF e Terracap, nos termos dispostos na Lei n° 4.545, que
estabelece áreas rurais em todo o Distrito Federal, como um cinturão verde ao
redor de cada RA, com finalidade de abastecer as cidades com produtos
hortifrutigranjeiros. (SEDUMA: ZEEDF, 2007, p. 14)
34

Desta forma após o reconhecimento, demarcação e inicio da


regularização, através do Decreto n° 363 de 1999, que cria o Núcleo
Habitacional Sol Nascente, o GDF dividiu o Sol Nascente em três trechos, o
que possibilitou o nascedouro de diversas outras entidades cada um
defendendo seu nincho.
A FEHSOLNA funciona hoje na avenida principal do Trecho I, Chácara
579, onde mantém um grande salão para realizar suas atividades sociais e
também as oficinas de corte e costura e mais recentemente o ‘Atelier
Recomeçar com Arte’ que inclui inclusive um Salão de Beleza.
Abaixo temos os fac-símiles das Atas ilustrando toda essa evolução de
uma das mais atuantes organizações do Setor Habitacional Sol Nascente.

Figuras 9, 10 e 11

Fac-símiles das Atas de fundação e alterações da Associação do Parque Sol Nascente


Fac-símiles das Atas de fundação e alterações Prefeitura Comunitária do Sol Nascente
Fac-símiles das Atas de fundação e alterações Federação Habitacional do Sol Nascente
Fonte: Acervo FEHNASOL

Na analise documental do Estatuto Social da FEHSOLNA foi possível


identificar: os seguintes objetivos:
a. Mobilizar pacificamente o associado com vista à concessão
de moradia própria e desenvolver projetos de cunho habitacional;
viabilizar recursos para custeio dos mesmos, junto ao GDF;
b. Promover, em nível de mutirão, a execução de serviços,
atendendo as necessidades da comunidade: com habitação,
infraestrutura, transporte, segurança alimentar, erradicação do
35

analfabetismo incorporando-o a participação na distribuição de


bens;
c. Promover a participação e conscientização da comunidade
diretamente com as decisões relativas aos assentamentos
humanos, determinando estratégias e procedimentos de
planejamentos e execuções de programas de gestões dos
assentamentos; objetivo de colaborar na redução dos custos de
construção de moradia e obtenção de recursos visando o
fortalecimento das atividades assistenciais as famílias carentes.

Foi trabalhoso levantar a historicidade da FEHSOLNA, devido o


‘extravio’ de boa parte da massa documental da entidade que por duas vezes
teve suas instalações alagadas pelas fortes chuvas que acontecem a cada
início da estação chuvosa no Distrito Federal e também porque outra parcela
encontra-se sub judice, devido uma operação da Policia Civil do DF
desencadeada ano passado envolvendo grilagem de terras, conforme relata a
Entrevistada A.
Na Federação vivemos sempre muito apreensivos, pois quer
queira ou não, estamos no ‘olho do furacão’ da grilagem de
terras públicas, bem como a ‘venda de chaves’ – quando a
pessoa vende a casa e não o terreno – nosso fundador Jose
Joias de Castro, foi brutalmente assassinado numa emboscada
porque conseguimos com o GDF a regularização do Sol
Nascente, nosso fundador era muito cortejado pelos políticos
tanto do governo como da oposição ai conseguiu costurar um
acórdão e saiu a tão esperada regularização que beneficiou
mais de vinte mil famílias, o processo regulatório ainda
continua, mas tanto os moradores do trecho I onde estamos
como do trechos: II e III foram beneficiados, já que naquela
época era tudo Park Sol Nascente. (Entrevistada A)

A FEHSOLNA procura sempre estar alinhada aos objetivos e diretrizes


da ONU-Habitat, vem mantendo um respeitoso e profissional relacionamento
com os órgãos públicos, organizações governamentais e similares para garantir
suas atividades voltadas para a política habitacional e pró-moradia participando
dos editais voltados para cooperativas e afins, afirma a (entrevistada A) :
Já fizemos a entrega de setenta e nove apartamentos em
Samambaia, no primeiro empreendimento, tínhamos uma
parceria com o Movimento dos Inquilinos do DF (MID), era o
Edifício Santa Edwiges na quadra 410 de Samambaia Norte,
36

eram vinte e três unidades distribuídas para nossos associados


e as outras vinte e três eram responsabilidade do MID.
(entrevistada A)
Figuras 12 e 13

Na foto 11 a Placa do Edifício Santa Edwiges.


Na foto 12 a Placa do Edifício Sol Nascente
Fonte: Acervo FEHNASOL

A (entrevistada A) informou que a FEHSOLNA também mantém


cadastro junto a Codhab e frequentemente seus associados são inseridos nos
programas daquela instituição o ‘Morar Bem’, um similar local do ‘Minha Casa,
Minha Vida’ do governo Federal. Inclusive com associados agraciados nos
empreendimentos ‘Condomínio Parque Mangueiral’, em São Sebastião e no
Riacho Fundo II.
Outro empreendimento foi entregue mês passado também em
Samambaia, foram agraciados cinquenta e seis associados no
empreendimento ‘Edifício Sol Nascente’, estes associados aguardavam desde
2013 suas unidades habitacionais.

3.2 Ações desenvolvidas pela FEHSOLNA

Sendo hoje uma das entidades representativas da comunidade do Sol


Nascente, a Federação tem atuado na defesa dos interesses da comunidade,
no apoio à profissionalização de mulheres para geração de renda e ocupação
do tempo ocioso dos jovens.
A Entidade mantém projeto de apoio ao desenvolvimento da população
carente através de fomento á geração de renda, por meio de atividades de
costura e artesanato, desenvolvendo ainda apoio aos jovens, oferecendo
37

atividades de lazer e acompanhamento escolar, indo de encontro ao anseio


social premente de ocupação do tempo ocioso destes jovens com atividades
saudáveis, visando afastá-los da violência urbana causada principalmente pela
falta de oportunidades de trabalho e pelo avanço desenfreado do tráfico de
drogas.
A (entrevistada B) destacou que a entidade também desenvolve
atividades na proteção social básica a mulheres em situação de vulnerabilidade
social e de violência doméstica no projeto RECOMEÇAR COM ARTE, inclusive
com palestras sobre a Lei Maria da Penha e de Prevenção do Câncer de
Mama. Existem também os Projetos ARTESOL, para crianças e adolescentes
de 04 a 13 anos de idade, ALIMENTAÇÃO SAUDAVEL/SOPA SOLIDARIA
para os usuários atendidos pela instituição.
Figuras 14

Na foto a Equipe que proferiu a Palestra sobre Câncer de Mama


Fonte: Acervo FEHNASOL

“No ‘Ateliê Recomeçar com Arte’ as mulheres não apenas aprendem


simplesmente a costurar, recebem do projeto todo um
acompanhamento psicológico, jurídico, atendimento médico com
profissionais da rede pública de saúde que atendem pessoas da
comunidade Sol Nascente. Participam de palestras de boas
maneiras, atendimento ao público, gestão de negócios, planejamento
e educação financeira,. é um projeto que busca o empoderamento
feminino, por meio de capacitação, emprego e renda, bem como ao
combate a desigualdade social, ao alcoolismo e as drogas.
(Entrevistada B)

Para cada oficina são ofertadas quinze vagas, com duração do curso de
6 (seis) meses, 4 (quatro) vezes por semana, em cada turno de 2hs (duas)
curso, nos períodos matutinos e vespertinos, “esta é uma das Ações mais
38

procuradas, existe um cadastramento e após analise as eleitas são chamadas,


de acordo com o índice de vulnerabilidade de cada caso.” Concluiu a
(Entrevistada B).
Uma das Ações mais aguardadas pela comunidade do Sol Nascente é o
‘Natal Solidário’, onde cartinhas enviadas pelas crianças até doze anos são
repassadas para ‘padrinhos e madrinhas’ que se disponibilizam a doar o
presente de natal pedido, que normalmente é um brinquedo, uma roupa ou
sapato.
Durante o ano, em outras quatro ocasiões é feito uma versão trimestral
para comemorar o ‘Aniversário Solidário’, quando da mesma forma voluntários
pessoas físicas e empresários deixam na FEHSOLNA pequenos presentes que
numa reunião animadíssima são distribuídos aos aniversariantes cadastrados a
cada trimestre.
O gráfico mostra a evolução deste tipo de atendimento, desde quando
começou com apenas vinte participantes e que ano passado atingiu duzentos e
oitenta e cinco beneficiados.
Figuras 15

Gráfico Estatístico do Projeto Natal Solidário


Fonte: Relatório FEHSOLNA

Conforme a (entrevistada B), além desta ação a FEHSOLNA promove


um extenso cardápio de atividades voltadas para a comunidade como: HIP
HOP, Capoeira, Oficinas de Artesanato, de Crochê e de Reforço Escolar, todas
acompanhadas por estagiários de Artes, Serviço Social, Pedagogos e
Professores, já que mantém convênios com varias Faculdades e Universidades
para Estágio não Renumerado. Entre as Faculdades e Universidades
39

conveniadas podemos destacar a Anhanguera, a Católica, o UNICEUB, o IESB


e a UnB.

3.3 Conhecendo a área onde se localiza a FEHSOLNA

O Sol Nascente é extremamente deficitário no que se refere à


infraestrutura e equipamentos públicos, os moradores reclamam da falta de
segurança e de saneamento básico (esgoto), com o inicio da regularização
algumas ruas começaram a receber infraestrutura, mas de forma lenta.
Obtivemos algumas informações com a (entrevistada A) para os itens de
infraestrutura, a saber:
No item Educação, existem duas escolas uma localizada na área central
do Sol Nascente, o Centro de Ensino Fundamental CEF/66 onde oferece
apenas educação infantil e fundamental até o 6º ano e outra próxima ao setor
P. Norte, em um local conhecido como Vaquejada, o CEF/28 que oferta
educação infantil e o ensino fundamental até o 9º ano, no local conhecido como
Vaquejada, na época das Olimpíadas – Rio/2016 – foi construído um Centro
Olímpico.
As duas escolas apresentam boas condições físicas, por serem
construções recentes, contudo, a maior dificuldade que possuem é para manter
um quadro fixo de professores, já que a maioria é contratada de forma
temporária.
Não existem hospitais, postos de saúde ou Unidade de Pronto
Atendimento (UPA), em caso de necessidade os moradores recorrem a UPA
do Setor P Norte, ao Hospital Regional da Ceilândia (HRC) ou ao Hospital
Regional de Taguatinga (HRT).
No que tange a segurança existem dois postos de polícia, sendo um na
entrada da avenida principal do SHSN e outro na área denominada Vaquejada.
A coleta de lixo acontece de forma irregular e realizada por uma
empresa terceirizada, o abastecimento de água e o fornecimento de energia
elétrica são realizados pelas empresas públicas Companhia de Saneamento
Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e pela Companhia Energética de Brasília
(CEB).
40

Corroborando com as informações passadas pela (entrevistada A) existe


a monografia: O acesso a moradia por famílias de baixa renda sem respaldo
das políticas de habitação do governo do distrito federal: uma abordagem do
núcleo habitacional sol nascente, produzida por Ricardo Fideles dos Santos
(2010), que afirma que os lotes no SHSN variam de 125 m² a 180m² em sua
maioria, em uma área de aproximadamente 845 hectares, equivalente a 845
campos de futebol.
Ainda na sua monografia da graduação em Geografia, SANTOS (2010)
reporta:
As famílias que compõe o setor viviam em sua maioria sob o
regime de coabitação (aluguel ou casa de parentes) nas várias
regiões administrativas do DF, em especial na de Ceilândia, ou
do entorno de Brasília. As famílias que moravam no entorno do
DF estavam interessadas em viver em uma área dentro de
Brasília e mais próxima ao centro da cidade, isso possibilita a
redução de gastos com transportes, economia do aluguel e
permite a utilização da rede de atendimento do DF, como
escolas e hospitais. (SANTOS, 2010, p.49)

A seguir trazem-se alguns dados da Pdad/2015, onde pela segunda vez


são estudados de forma separada os núcleos habitacionais: Sol Nascente e o
Por do Sol extraímos as seguintes informações:
 A maioria da população da Ceilândia é constituída por
pessoas do sexo feminino, 51,82%, exceto no Pôr do Sol e Sol
Nascente onde o percentual é mais equilibrado.
 Destaca-se que nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente, o
percentual de crianças é mais expressivo, 27,84% e o de idosos
menor que 5,69%,
 Nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente, 61,06% dos
entrevistados declararam-se pardos;
 Dos residentes nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente,
observa-se que 36,12% são solteiros, 30,85%, casados e 27,76%
têm união estável;
 O percentual de população nascida no DF é expressivo no
Pôr do Sol e Sol Nascente, 52,86%;
 Na composição da condição na estrutura domiciliar dos
setores Pôr do Sol e Sol Nascente a predominância entre os
41

entrevistados são os filhos, 42,62%, que respondem


financeiramente pelo domicilio;
 Nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente, a escola pública
responde por 29,63%, e a particular, por apenas 2,64%;
 Quanto ao nível de escolaridade, a população do Pôr do Sol
e Sol Nascente concentra-se na categoria fundamental
incompleto, com 39,68% e para o nível superior somam apenas
3,13% da população;
 Nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente o número dos que
não acessam a internet é, 44,94% e 18,53% dizem acessar no
celular;
 No que diz respeito à ocupação remunerada, o setor que
mais se destacou na cidade foi o Comércio, 32,60%, seguido por
Serviços Gerais, 21,69%;
 Nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente, entre os
entrevistados, 64,53% são assalariados, mas chama atenção o
expressivo percentual dos autônomos, 29,57% e dos assalariados
sem carteira de trabalho, 8,17%;
 De acordo com os entrevistados nos setores Pôr do Sol e
Sol Nascente, 46,54% trabalham na própria RA, 17,10% no Plano
Piloto e 11,72%, em Taguatinga;
 Informações sobre a renda individual média mensal do
responsável pelo domicílio da Ceilândia que, em valores
absolutos, é de R$ 1.892,17 o equivalente a 2,40 salários
mínimos. Na Ceilândia Tradicional é superior ao do Pôr do Sol e
Sol Nascente;
 Nos setores Pôr do Sol e Sol Nascente, destaca-se, entre
os entrevistados que 63,83% têm forno de micro-ondas, 66,67%
máquina de lavar e 93,17% telefone celular pré-pago.

Estas informações servem para trazer um panorama mais atualizado


sobre a Aris do Sol Nascente, quatro anos depois que ganhou destaque na
mídia nacional como sendo a maior favela do Brasil, o tempo passou e seus
42

moradores ainda aguardam ações públicas mais eficazes para o saneamento,


esgoto e águas pluviais, asfalto, linhas de ônibus, saúde, educação e
segurança.
Enquanto isso a FEHSOLNA e sua congêneres tentam amenizar a
ausência do Estado, “uma vitoria a população já ter a regularização do
aglomerado que começou com aquela reunião dos carroceiros comandados
pelo nosso fundador Jose Josias de Castro” enfatizou a (entrevistada A).
43

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Extremamente gratificante a experiência de pesquisar A questão urbana


e a luta pela moradia na área de regularização de interesse social — Aris: Sol
Nascente. Foi possível voltar ao local onde o estágio não remunerado foi
realizado e colocar no papel tudo quilo que estava somente na memória, para
assim compartilhar no meio acadêmico.
Foram momentos onde o aprendizado teórico se transpôs para o papel,
com uma orientação extremamente eficaz para dirimir as dúvidas que por
acaso resistiam no caminho.
O objetivo foi alcançado ao esclarecer que a Federação Habitacional Sol
Nascente tem respondido as demandas da sociedade onde se encontra
atendendo suas necessidades de moradia e apaziguando conflitos; sua grande
vitoria foi conseguir a regularização do aglomerado urbano Sol Nascente
quando de sua fundação, e no passar de quase uma década de atuação tem
somado outras vitórias menos ambiciosas porem que vão ao encontro c om os
ideais de seu fundador.
O Serviço Social como uma profissão bastante resiliente, está aberta
para as novas demandas que a sociedade tem apresentado e com certeza os
profissionais que trabalham na FEHSOLNA tem correspondido ao juramento
profissional e realizado um trabalho diferenciado.
O conflito pela terra e consequente pela moradia sem dúvida é um novo
viés que se abre para que se possa atuar como mediadores, tanto que o
governo já tem exigido de empreendimentos imobiliários a presença de
Assistentes Sociais para desenharem e se responsabilizarem pelos Projetos
Técnicos Sociais, que nada mais é do que apaziguar conflitos humanos e
sociais.
Ao fim do presente estudo que teve como tema a questão urbana, o
conflito, a disputa da terra e a luta pela moradia e como objetivo identificar os
efeitos das ações realizadas pela FEHSOLNA no sentido de oferecer resposta
as necessidades da comunidade do Sol Nascente, além de compreender e
explicar a importância da atuação do Serviço Social na política habitacional,
44

enquanto colaborador das políticas sociais é possível identificar o trabalho


profissional realizado na Federação Habitacional Sol Nascente.
É hora de comemorar, pois a pesquisa se deu exitosa, se mais detalhes
não se trouxe à tona, deve-se ao fato de está sub judice a parte documental
que a enxurrada por duas vezes não levou, mas com a boa vontade da direção
e dos associados foi possível responder à pergunta norteadora e atingir o
objetivo que era explicar que Serviço Social tem sim importância no nincho da
moradia e suas ramificações.
A sociedade muda, com elas as demandas sociais e consequente as
profissões, e o Serviço Social tem mostrado que apesar de seis décadas de
reconhecimento se encontra bastante aberto para atualizações.
45

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS.

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processos sócio espaciais ocorridos nas áreas rurais do Distrito Federal de
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das maiores favelas da América Latina: Em comunidade do Distrito Federal,
facção vai além do tráfico e comercializa terras ilegalmente; negócio já atrai
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12. Disponível em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,sol-nascente-a-
grilagem-de-terra-em-uma-das-maiores-favelas-da-america-
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mais moradores que a famosa ocupação carioca. O problema dos dois locais
não é a renda, mas a falta de infraestrutura. CORREIO BRAZILIENSE, Brasília,
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http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2013/09/28/interna_cid
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