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O ano da morte de Ricardo Reis

Relações entre as personagens


Representações do amor
ppt adaptado
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Relações entre as personagens
Irmã
de Daniel
Salvador Figuras do Hotel
Bragança
Pimenta Lídia
Martins
Rámon Ricardo Relacionamento
Reis amoroso
Afonso
Marcenda
Espanhóis Sampaio
O fantasma
Fernando Pessoa
Filha do
Figuras de uma Dr. Sampaio
Lisboa sombria Figuras do
regime político

Vizinhas da Salazar
casa arrendada
O diretor-adjunto da PVDE
Os velhos do Alto
de Santa Catarina Victor, funcionário da PVDE
Relações entre as personagens 3

Figuras do Hotel Bragança

Salvador

 Gerente do Hotel Bragança,
«diplomaticamente fingidor»
Lídia Martins
Pimenta 
Afonso  Criada no Hotel Bragança

  Apaixona-se por Ricardo Reis,
 Paquete, «moço
Maître com quem se relaciona sexualmente
de profissão»

Rámon
 Daniel
 Empregado de mesa 
 Pede que Reis lhe explique  Referido várias vezes na narrativa,
as notícias de Espanha é irmão de Lídia e marinheiro do
Afonso de Albuquerque
 Representa os que são «contra
a situação política»
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Relações entre as personagens
Figuras do Hotel Bragança

Don Lorenzo, Don Alonso, Don Camilo



 Espanhóis que fogem à Guerra Civil —
permitem ligar a ficção e a História

Soldados republicanos sitiando o Alcácer de Toledo,


em 1936 (batalha importante da Guerra Civil Espanhola).
Relações entre as personagens 5

Figuras do Hotel Bragança

Marcenda Sampaio

 A «rapariga magra», cuja mão esquerda
se encontra paralisada
 Vem a Lisboa todos os meses com
o pai para uma consulta

Hóspedes do Hotel Bragança


 De «boas famílias»
José de Almada Negreiros (1893-1970)
Retrato de La Argentinita, 1925,
Doutor Sampaio

 Pai de Marcenda
 Notário de profissão
 Recomenda a Ricardo Reis leituras
Descreve Salazar como
de «nacionalismo […] hiperbólico»,
«homem de alto pensamento
considerando que contêm «boa doutrina»
e firme autoridade»
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Relações entre as personagens
Figuras do regime político

O diretor-adjunto Representam Incutem o medo


a Polícia de Vigilância 
O funcionário Victor e Defesa do Estado Regime ditatorial

O seu «cheiro a cebola»
é nauseabundo e impregna «[…] eu sou o Victor, estendeu a mão, Ricardo Reis
tudo à volta — tocou-lha com as pontas dos dedos, sentiu que ia
falta de liberdade ficar com o cheiro da cebola, o estômago deu-lhe
uma volta […]»

Salazar

Não interage com Reis,
«[…] Oliveira Salazar, homem enérgico
mas é uma figura
e simples, cuja clarividência e sensatez
omnipresente no romance
deram ao país a prosperidade e um
 A sua ideologia é alvo
sentimento de altivez nacional […]»
dos comentários irónicos
do narrador
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Relações entre as personagens

Fernando Pessoa

 O poeta morto que «já não sabe ler» e visita regularmente


Ricardo Reis (tem nove meses para o fazer)
 As palavras que dirige a Reis são «ácidas» e «irónicas»,
próprias de quem adquiriu uma sabedoria inútil depois de morto
 Reis acampanha-o no fim do romance

 Saramago inclui na obra alusões à poesia lírica de Pessoa,


a Mensagem e a textos dos outros heterónimos.
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Relações entre as personagens

Figuras de uma Lisboa sombria

Os velhos do Alto de Santa Catarina



 Assistem ao que se passa e conhecem o mundo pelas notícias
 Veem o rio que passa
 Representam a imobilidade que sente a morte próxima

Vizinhas da casa arrendada



 Representam a mentalidade retrógrada, alimentada
pelos mexericos e pela coscuvilhice
Representações do amor 9

Figuras femininas e relações amorosas

Ricardo
Reis

Relaciona-se
Escolhe
sexualmente com

Lídia Marcenda
Martins Sampaio

mas não pensa para se casar,


ter com ela abdicando de uma ligação
uma relação séria com a vida real
Representações do amor 10

Figuras femininas e relações amorosas no romance


Ricardo
Lídia Martins Marcenda Sampaio
Reis
Criada no Hotel Bragança Rapariga de «boas famílias»

Posição social desfavorecida Tem a mão esquerda paralisada


 
Imperfeição social Imperfeição física

Enérgica e dinâmica Passiva e submissa

Aceita ter um filho Recusa a proposta de casamento


de Ricardo Reis de Ricardo Reis

Ligada ao mundo e à vida Distante do mundo e da vida


 Vida/ação 
Procura os prazeres do corpo Figura quase incorpórea, não cede
e quer viver o amor ao desejo e rejeita o amor
Morte/inércia
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Representações do amor

Marcenda Sampaio

• Rapariga «de boas famílias»;


• Filha do Dr. Sampaio, com quem vem a Lisboa
todos os meses para uma consulta.
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Representações do amor
Marcenda Sampaio
Nome de sonoridade latina Nome que a aproxima
 das musas de Reis
Significa «aquela que murcha» (Cloe, Neera, …)

Associada à morte
Incapaz de voar (de ser livre)

Representada • Oprimida pelo pai + Vive sem afeto
pela mão esquerda
• Dominada pela inércia e pela dor
paralisada, inerte
Recusa o pedido de casamento de Ricardo Reis

«[…] tenho-a aqui,
Rejeita a vida — a rebeldia, o prazer e o amor
na algibeira, como
um pássaro morto»
«[…] é a voz que pede, sumida, Deixe-me […]»
(Palavras de Marcenda, quando é beijada por Ricardo Reis)
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Representações do amor

«[…] eu não sei o que quer nem o que quero, se a vida fosse toda certos
momentos que há nela, […], se a vida fosse, mas a vida é este meu braço
esquerdo que está morto e morto ficará […]»
(Carta de Marcenda a Ricardo Reis)
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis.

«[…] Marcenda, pela primeira vez abraçada e beijada por um homem,


no entanto percebe, percebe-o todo o seu corpo dentro e fora da pele,
que quanto mais o beijo se prolongar maior se tornará a necessidade
de o repetir, sofregamente, num crescendo sem remate possível para si
mesmo, será outro o caminho, como este soluço da garganta que não
cresce e não se desata, é a voz que pede, sumida, Deixe-me […]»
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis.
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Representações do amor
Lídia Martins

• Humilde mulher do povo;


• Sabe ler e escrever, mas faz «muitos erros»;
• Lúcida e inteligente, capaz de surpreender
Ricardo Reis com as suas respostas e observações;
• Consciente e crítica da realidade política, como
o seu irmão revolucionário, Daniel.

«o povo é isto que eu sou»


Representações do amor 15

Lídia Martins

Nome de uma das musas É a negação da procura de uma


de Ricardo Reis perfeição e de um ideal abstratos

Ironia
Lídia é a antítese da «idealidade feminina Nas palavras de Pessoa,
incorpórea» das musas do poeta é uma «Lídia de encher as mãos»

No fim do romance, decide ter o filho


de Ricardo Reis sozinha, sabendo que
o poeta não assumirá responsabilidades

Simbolicamente, aceita prolongar


a semente da poesia

Continua ligada ao mundo e à vida Henri Matisse,
A criada (1896).
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Representações do amor

«[Fernando Pessoa respondeu] Bravo, vejo que você se cansou


de idealidades femininas incorpóreas, trocou a Lídia etérea por uma Lídia
de encher as mãos, que eu bem a vi lá no hotel […]»
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis.

«[…] Lídia entra, segura ainda a toalha à sua frente, com ela se esconde,
não delgado cendal, mas deixa-a cair ao chão quando se aproxima
da cama, enfim aparece corajosamente nua, […]»
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis.

«[…] o povo é isto que eu sou, uma criada de servir que tem um irmão
revolucionário e se deita com um senhor doutor contrário às revoluções […]»
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis.
Representações do amor 17

A escolha de Ricardo Reis


Marcenda Lídia

De condição diáfana, Real e interventiva,


incorpórea, quase irreal ligada à vida, mulher
«de encher as mãos»

Optar por Marcenda — Rejeitar Lídia — negar a possibilidade


escolher a contemplação de se converter numa personagem
do mundo como sabedoria real, capaz de intervir na realidade
do seu tempo (1936)
«Direi que O Ano da Morte de Ricardo
Reis foi precisamente escrito para
mostrar a Ricardo Reis o espetáculo No fim, desaparece do mundo
do mundo.» (ao qual não era capaz de pertencer)
José Saramago

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