Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Instrumentum Laboris
Cidade do Vaticano
1997
© Copyright 1997 - Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e Libreria Editrice Vaticana.
Este texto pode ser reproduzido pelas Conferências Episcopais ou com a sua
autorização, desde que o seu conteúdo não seja modificado de modo algum e que duas
cópias do mesmo sejam enviadas à Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, 00120
Cidade do Vaticano.
APRESENTAÇÃO
O Instrumentum laboris, apresentado nos quatro idiomas oficiais definidos para esta
Assembléia Especial (espanhol, inglês, português e francês), mantém em suas grandes
linhas o esquema desenvolvido pelo documento de preparação, o qual, por sua vez,
segue os aspectos propostos pelo tema da assembléia sinodal: Encontro com Jesus
vivo - caminho de conversão - caminho de comunhão - caminho de solidariedade.
Deste modo, o documento de trabalho está composto por uma introdução, quatro
partes e uma breve conclusão.
Secretário Geral
INTRODUÇÃO
O tema da Assembléia Especial
1. Enquanto todo o Povo de Deus se prepara para celebrar com alegria o início do
terceiro milênio, e, portanto, os 2000 anos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo,
os Pastores da Igreja que está na América, respondendo à convocação do Santo Padre,
reúnem-se pela primeira vez em uma Assembléia Especial para este Continente do
Sínodo dos Bispos, com o objetivo de refletir sobre o tema: Encontro com Jesus
Cristo vivo, caminho para a conversão, a comunhão e a solidariedade na América.
(1) Este tema oferece a possibilidade de constatar qual é o estado atual da Igreja neste
Continente e como ela pode preparar-se melhor para enfrentar os novos desafios da
evangelização no futuro, dentro do marco das finalidades propostas pelo Sumo Pontífice
para a assembléia sinodal:(2)
4. Como resultado de todos estes fatores, as diversas nações da América são, hoje,
compostas por uma rica e variada família multi-étnica e pluricultural, na qual podem ser
relevadas as seguintes características fundamentais:
Uma raiz cristã comum, na qual se reconhecem os diversos povos com suas
tradições e expressões culturais, para além das diversidades humanas e
temporais. Este denominador comum apresenta-se com matizes diversos. Com
efeito, na América Latina, esta raiz comum, além de cristã, é católica, enquanto
ao resto do Continente convém somente o qualificativo de cristã, sem excluir
com isso, em menor proporção, a nota de catolicidade.
Uma história, rica em civilizações antigas, que, porém, recebeu o anúncio do
Evangelho somente há 500 anos. Pode-se dizer, então, que esta raiz cristã
comum possui uma história relativamente jovem. Por conseguinte, a Igreja neste
Continente é uma Igreja jovem, caracterizada por uma grande vitalidade e força
renovadora, que é fonte de esperança e de alegria.
A raiz cristã comum encarna-se em um pluralismo de expressões culturais que
abrangem um amplo espectro de realidades, tanto no aspeto sóciopolítico e
econômico como no aspeto étnico. Esta heterogeneidade é uma riqueza que se
apresenta como um fértil campo para o cultivo de relações de comunhão e de
solidariedade, que podem ser iluminadas pela Igreja através da nova
evangelização.
PRIMEIRA PARTE
6. Seguindo os traços do Apóstolo São Paulo, para quem a vida foi um anunciar o Cristo
morto e ressuscitado, evangelizare Iesum Christum (cf. Gl 1,16), a Igreja na América
deseja, uma vez mais, centralizar a sua missão evangelizadora no anúncio e na
apresentação da pessoa de Jesus Cristo vivo. As respostas aos Lineamenta, confirmando
a validade do tema sinodal, põem em evidência o consenso acerca da oportunidade de
anunciar Jesus Cristo a partir da categoria de encontro interpessoal, como uma resposta
à sensibilidade do homem contemporâneo em relação à dignidade da pessoa e ao valor
do indivíduo como sujeito.
É o Cristo vivo, morto e ressuscitado, presente hoje na sua Igreja, que deseja se
encontrar com quem vive neste Continente, para lhes oferecer a sua Palavra de amor e
esperança neste momento histórico crucial, que assinala a passagem do segundo ao
terceiro milênio. Em comunhão com o Santo Padre, os Bispos na América afirmam que
a missão fundamental da Igreja é evangelizar, isto é, orientar a consciência e os
corações de todos os homens e mulheres de boa vontade a um encontro com Cristo,
ajudando-os a experimentar uma familiaridade com a profundidade do mistério da
Redenção, que no Filho de Deus se realizou definitivamente. (5) O anúncio do mistério
de Jesus Cristo está orientado, portanto, a favorecer o encontro pessoal com Ele. A
Igreja na América deseja servir a Deus e ao homem, realizando a sua finalidade
principal, que o Santo Padre definiu ao iniciar o seu pontificado com as seguintes
palavras: «que cada homem possa encontrar Cristo, a fim de que Cristo possa percorrer
juntamente com cada homem o caminho da vida, com a potência daquela verdade sobre
o homem e sobre o mundo, contida no mistério da Encarnação e da Redenção, e com a
potência do amor que de tal verdade irradia».(6) Por conseguinte, cabe perguntar-se
hoje como anunciar Jesus Cristo no presente contexto geográfico, histórico e cultural da
realidade americana, de maneira a provocar eficazmente o encontro entre Deus,
encarnado em Jesus Cristo, e o homem, em cujo interior aninha-se um inextinguível
desejo de Deus.(7)
7. Neste diálogo de salvação com o homem, a Igreja oferece a verdade que lhe foi
confiada pelo próprio Jesus Cristo, com uma «abertura universal»(8) e missionária. Para
cumprir esta missão, seguindo a indicação do Papa João Paulo II na sua Encíclica
Redemptor hominis, ela dirige o olhar «na direção de Cristo, Redentor do homem; na
direção de Cristo, Redentor do mundo ... porque só n'Ele, Filho de Deus, está a
salvação»,(9) segundo as palavras do Apóstolo São Pedro: «Senhor, a quem iremos? Só
Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6,68). N'Ele realiza-se plenamente o mistério da
redenção, que possui uma dupla dimensão, divina e humana.(10)
11. Nas respostas às perguntas dos Lineamenta sobre o tema da cultura, são descritos
alguns traços da cultura contemporânea, à qual a Igreja deseja anunciar o Evangelho de
Jesus Cristo. A cultura moderna alcançou êxitos e progressos humanos no campo
científico e técnico, como também no campo da liberdade e dos direitos humanos; ela
conhece, porém, muitos traços negativos, como, por exemplo, a contaminação e o
esgotamento dos recursos naturais, o desconhecimento dos limites éticos em campo
científico e biogenético, o desenvolvimento material com grandes sacrifícios sociais, o
ceticismo filosófico e o relativismo moral.(23) Neste contexto complexo e desafiador, é
válido perguntar-se: como a mensagem da Igreja se torna acessível às novas culturas, às
formas atuais da inteligência e da sensibilidade? Como pode a Igreja de Cristo se fazer
compreender pelo espírito moderno, tão orgulhoso de suas realizações e, ao mesmo
tempo, tão inquieto pelo futuro da família humana? Quem é Jesus Cristo para os
homens e as mulheres de hoje? Para responder a estas perguntas, é necessário ter
presentes dois princípios fundamentais que a inculturação supõe, ou seja: a
compatibilidade das culturas com o Evangelho e a comunhão com a Igreja universal.
(24)
Evangelho e cultura
12. Uma síntese das respostas relativas à evangelização da cultura põe em evidência que
nas sociedades contemporâneas da América existem algumas tendências gerais que são,
ao mesmo tempo, um reflexo das correntes culturais em nível internacional, a saber:
13. A preocupação pela relação entre Evangelho e cultura estende-se, nas respostas aos
Lineamenta, ao tema da evangelização das culturas indígenas e afro-americanas, que,
em graus diversos, representam um componente que não pode ser ignorado em todos os
países da América. Estas culturas são o legado das civilizações que habitavam no
Continente antes da chegada dos primeiros evangelizadores, ou foram o fruto de
imigrações imediatamente sucessivas à chegada dos colonizadores. Em um e em outro
caso, pode-se dizer que ambas as culturas, desde o início, acolheram com simplicidade
de coração a mensagem da Boa Nova. No entanto, a tarefa de evangelização dessas
culturas não terminou com o anúncio do kerygma. Faz-se necessário ainda hoje - como
refletem as respostas ao questionário do documento de preparação da Assembléia
sinodal - uma maior inserção da Igreja nas culturas indígenas e afro-americanas, para
lograr uma íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a sua
integração no cristianismo e para iluminar com a fé as diversas culturas.
15. Não menos importante do que a evangelização das culturas indígenas e afro-
americanas é a evangelização das culturas dos imigrantes, que constitui uma realidade
em quase todas as sociedades da América desde os fins do século passado. As respostas
aos Lineamenta indicam a presença de dois grandes fenômenos migratórios: um
proveniente, fundamentalmente, da Europa e, em menor medida, da Ásia, e outro
movimento, interno ao Continente americano. O primeiro movimento migratório
verificou-se com maior intensidade em alguns países do que em outros, mas, em geral,
pode-se dizer que os imigrantes trouxeram autênticos valores humanos, como o sentido
de família e do trabalho, o amor à pátria, a solidariedade com os mais pobres, o valor da
palavra dada, o sentido da justiça, como também valores religiosos, tanto católicos (em
predominância, de rito latino, mas também de outras igrejas orientais), como de outras
religiões cristãs (diversos ramos protestantes e também igrejas ortodoxas) e, inclusive,
de religiões não cristãs (judaísmo e, em menor medida, islamismo). Enquanto em alguns
países, como o Canadá e sobretudo os Estados Unidos da América, o fluxo migratório
foi composto por muitas correntes provenientes principalmente de vários países e
culturas da Europa e, em menor medida, da Ásia, no resto do Continente o mesmo
fenômeno mostra a presença de imigrantes principalmente espanhóis e italianos.
17. Um outro aspecto que emerge das respostas aos Lineamenta, em relação ao tema da
evangelização da cultura, é a religiosidade popular. Nas populações da América Latina
e nos grupos latino-americanos que vivem no Norte, esta manifestação da cultura é,
fundamentalmente, expressão da fé católica, enquanto no resto do continente se pode
dizer somente que tal religiosidade assume um matiz genericamente cristão. De todos os
modos, em ambos os casos, constata-se que, nos últimos tempos, a religiosidade do
povo, simples porém não menos profunda, tem sido objeto de especial atenção na ação
pastoral das Igrejas locais de toda a América.
Alguns sinais indicadores da importância que assume a cultura popular religiosa são: a
participação sempre maior das pessoas nas peregrinações aos santuários (especialmente
marianos), a tradição familiar de batizar os filhos, o culto às almas do purgatório e a
celebração de Missas em sufrágio dos defuntos, as festas dos padroeiros com suas
características procissões e a celebração da Santa Missa (em geral com grande
participação do povo), o culto aos santos, não somente da Igreja universal mas também
os próprios do Continente americano,(26) etc. Estas e outras tantas expressões da
religiosidade popular oferecem excelentes ocasiões para que os fiéis se encontrem com
Jesus Cristo vivo. Com efeito, a comunidade eclesial, ao se reunir para celebrar a
Palavra e receber os sacramentos nas memórias dos santos, recorda de modo particular
aqueles que imitaram fielmente com suas vidas o Salvador do mundo e entra em
comunhão com aqueles que fazem parte da Igreja celeste. É por esse motivo que a
piedade popular, purificada e devidamente catequizada, pode chegar a ser um elemento
decisivo para a nova evangelização. Este é um ponto no qual converge a maior parte das
respostas aos Lineamenta.
Evangelho e educação
20. Com relação ao tema da evangelização da cultura, várias respostas aos Lineamenta
indicam a presença pastoral da Igreja na América no campo educacional, em todos os
níveis. Os motivos que levam a Igreja a se fazer presente neste âmbito são,
fundamentalmente, dois: 1) o interesse pela pessoa, cuja educação estimula as
capacidades especificamente humanas e, desse modo, prepara o terreno para a recepção
da Boa Notícia e 2) o interesse pela sociedade, pois através da educação são criados
modos de comportamento e valores que definem o perfil de uma cultura, na qual podem
crescer os valores evangélicos.
SEGUNDA PARTE
22. É um fato que na História da Salvação, após o pecado original, cada vez que Deus
vai ao encontro do homem para com ele dialogar, fá-lo para provocar no mesmo ser
humano a conversão do coração. Já no Antigo Testamento a pregação da penitência se
orienta a uma conversão interior do coração, isto é, a uma recusa do pecado e a uma
adesão a Deus (cf. Jn 3,4-10; Am 5,15; Ba 1,3-5; Sl 35,13; 51,3-6). Em continuidade
com a pregação do Antigo Testamento, Jesus Cristo iniciou o seu ministério anunciando
a Boa Nova do Reino e convidando à conversão: "Cumpriu-se o tempo e o Reino de
Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). Estas palavras de
Cristo constituem, em certo sentido, o compêndio de toda a vida cristã: "Ao Reino
anunciado por Cristo só se pode chegar mediante a metanoia, ou seja, a íntima e total
transformação e renovação do homem todo, de todo o seu sentir, do seu julgar e do seu
agir".(31) A Igreja primitiva seguiu fielmente as pegadas do seu fundador, anunciando a
sua mensagem de salvação e convidando todos a se converterem e a se deixarem batizar
em nome de Jesus Cristo para obter o perdão dos pecados (cf. At 2,37-38). O Apóstolo
São Paulo proclama inclusive a dimensão cósmica da reconciliação, ao dizer que ao Pai
aprouve "reconciliar por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus,
realizando a paz pelo sangue da sua cruz" (Cl 1,20).
24. A Igreja, enquanto comunidade dos fiéis a caminho rumo à pátria celeste, precisa
purificar-se e, enquanto prega a conversão ao Evangelho, sente-se ela mesma chamada a
se converter continuamente a Jesus Cristo, para poder cumprir melhor a sua missão
evangelizadora. Não é a Igreja enquanto instituição divina, assistida pelo Espírito Santo
e, por tanto, infalível na transmissão da Revelação, que se deve converter e sim a Igreja
enquanto comunidade constituída por homens pecadores, que precisa se converter
constantemente em seus membros e nas suas estruturas pastorais, para dar autêntico
testemunho da proximidade do Reino dos Céus.(34) Os Pastores da Igreja que vive na
América, respondendo ao chamado do Santo Padre em preparação à celebração do
Grande Jubileu do Ano 2000, convidam todos os membros do Povo de Deus no
Continente americano a realizarem um sincero exame de consciência, como primeiro
passo para uma verdadeira conversão: "No limiar do novo milênio, os cristãos devem
pôr-se humildemente diante do Senhor, interrogando-se sobre as responsabilidades que
lhes cabem também nos males do nosso tempo".(35)
TERCEIRA PARTE
29. A origem e o fim da comunhão na Igreja é Jesus Cristo, o Filho de Deus feito
homem, que redimiu do pecado o gênero humano com a sua paixão, morte e
ressurreição, e que, em sua Igreja, animada pelo Espírito Santo, deseja se encontrar com
cada homem e cada mulher, para lhe oferecer a salvação. Os Evangelhos são ricos de
relatos acerca de muitas pessoas que, ao encontrarem Jesus durante a sua vida terrena,
se transformam em discípulos seus: Pedro e os outros apóstolos (cf. Mt 4,18-22), Maria
Madalena (cf. Lc 8,1-3), Zaqueu (cf. Lc 19.1-10), os cegos de Jericó (cf. Mt 20,29-34), a
mulher samaritana (cf. Jo 4,4-42), Lázaro e suas irmãs (cf. Jo 11,1-44) e tantos outros.
Mesmo depois da ressurreição, Jesus apareceu a seus seguidores, como àqueles abatidos
discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35) para lhes explicar o sentido do seu sofrimento e
da sua morte à luz das Escrituras e para se fazer reconhecer no preciso momento em que
partiam o pão. Em todas essas ocasiões, com a sua presença, suas palavras e seus gestos,
Jesus anuncia a Boa Nova da salvação e, portanto, pode-se dizer que Ele é o
evangelizador por excelência, como se exprimia o Papa Paulo VI na Exortação
Apostólica Evangelii nuntiandi: "o próprio Jesus, Evangelho de Deus, foi o primeiro e o
maior dos evangelizadores".(47) Do mandato de Jesus Cristo a seus apóstolos nasce
toda a missão evangelizadora da Igreja.
Ao anunciar a Boa Nova, Jesus Cristo chama à conversão, para convidar a viver em
comunhão com Ele e com os seus discípulos. O fruto que se espera desta convivência na
caridade é a solidariedade fraterna. O conceito de comunhão encontra-se, portanto, "no
coração da autoconsciência da Igreja, enquanto Mistério da união pessoal de cada
homem com a Trindade divina e com os outros homens, iniciada na fé e orientada para a
plenitude escatológica na Igreja celeste, embora sendo já desde o início uma realidade
na Igreja sobre a terra".(48) As respostas aos Lineamenta confirmam a necessidade de
anunciar Jesus Cristo vivo, seguindo o seu exemplo de Evangelizador perfeito, para
fazer crescer a comunhão com Deus e com o próximo, como uma realidade já presente
no hoje da vida da Igreja e como um sinal escatológico da Vida eterna.
30. A evangelização do Novo Mundo, iniciada há mais de 500 anos, conduziu muitos
homens e mulheres ao encontro com Jesus Cristo e floresceu no testemunho de tantos
santos, que permeiam a história da Igreja na América. Os santos na terra americana
tornam presente o mistério de Cristo e o mostram como um ideal próximo e possível aos
homens e mulheres do Continente. A vida deles não só é um testemunho pessoal de
Jesus Cristo mas também uma expressão da comunhão em seu Corpo Místico que é a
Igreja. Esta dupla dimensão cristológica e eclesiológica da santidade contribuiu, e
continua contribuindo no presente, para que muitos possam se aproximar de Jesus
Cristo e entrar em comunhão com Ele na Igreja. A maioria das respostas confirmam a
importância, nesse sentido, da devoção aos santos na piedade dos povos da América.
A nova evangelização, que tem sido uma preocupação da Igreja Católica desde o
Concílio Ecumênico Vaticano II e continua a sê-lo, atualmente de maneira toda
particular, ao se aproximar a celebração jubilar do ano 2000, é vista, em muitas
respostas aos Lineamenta, como uma tarefa cujo principal objetivo é orientar a pessoa a
uma experiência profunda de Deus através do mistério de Cristo. Para isso, indica-se a
necessidade de entrar em diálogo com as pessoas individuais e com as culturas nas quais
vivem os indivíduos. A Assembléia Especial para a América oferece aos Pastores uma
ocasião especial para constatar como se vive o mistério da comunhão nas Igrejas
particulares, entre elas dentro de um mesmo país, e entre elas dentro de todo o
Continente americano. Igualmente, será possível verificar em que modo a Igreja na
América pode ser um sinal e instrumento da comunhão em todo o Continente.
32. Falando do papel especial que têm os Bispos na missão evangelizadora da Igreja e
na construção da unidade, o Concílio Ecumênico Vaticano II aponta os elementos
essenciais da comunhão eclesial nos seguintes termos: "Jesus Cristo quer que seu povo
cresça, sob a ação do Espírito Santo, através da fiel pregação do Evangelho e da
administração dos sacramentos, e mediante um governo amoroso, realizado pelos
Apóstolos e seus sucessores - os Bispos - e o sucessor de Pedro como chefe. E Ele
próprio, através de tudo isso e por obra do mesmo Espírito, realiza a comunhão na
unidade: na confissão de uma única fé, na comum celebração do culto divino e na
fraterna concórdia da família de Deus".(54) Portanto, os traços essenciais da
comunhão na Igreja são: a confissão de uma mesma fé, a celebração do culto e a
concórdia fraterna na vida da comunidade eclesial, tanto ad intra, isto é em sua unidade
interna, como ad extra, no esforço missionário de evangelizar o mundo.
33. O questionário aos Lineamenta não incluía uma pergunta sobre a visão da Igreja
como mistério de comunhão; perguntava-se, no entanto, sobre a situação concreta da
Igreja na América: quais são os fatores que produzem divisões no âmbito eclesial
(pergunta n· 4) e como foi acolhida a eclesiologia da comunhão proposta pelo Concílio
Vaticano II (pergunta n· 5). Por este motivo, as respostas têm um tom mais informativo,
que descreve a situação atual da Igreja na América. No entanto, é claro que as respostas
pressupõem uma eclesiologia de comunhão ao descrever os diversos aspectos da vida
eclesial (catequese, liturgia, testemunho cristão, etc.) e que tal concepção eclesiológica
se baseia na fé, nos sacramentos e em um espírito comunitário, que anima a vida interna
e o impulso missionário da Igreja. Levando em conta este postulado fundamental,
emerge também claramente das respostas que a comunhão requer a ativa participação de
todos os fiéis, segundo a variedade dos próprios carismas e ministérios. Neste sentido,
assinala-se que a participação em vista da comunhão é um dos mais preciosos frutos da
recepção do Concílio Ecumênico Vaticano II na América.
35. Muitas respostas aos Lineamenta indicam que a vida das Igrejas particulares, em
cada um dos países do Continente, é influenciada não somente pela diversidade de
origens étnicas dos membros das mesmas comunidades, mas também pelas específicas
circunstâncias históricas, culturais e econômicas. Na América Latina a comunhão
eclesial foi influenciada, muitas vezes, por um contexto social muito complexo, que deu
como resultado o nascimento das comunidades eclesiais de base e da teologia da
libertação.(56) No restante da América, em câmbio, a experiência da comunhão eclesial,
às vezes, foi influenciada pela tradição civil da democracia, provocando em alguns fiéis
que, com sã intenção desejavam participar da vida da Igreja, a tentação de construir a
comunidade eclesial com os mesmos critérios da comunidade civil (direito à
dissidência, a vontade da maioria como elemento decisivo nas questões governativas e
sociais, etc.). Em resposta ao questionário dos Lineamenta, indica-se criticamente que
tal concepção não leva na devida consideração o fato de que a Igreja, enquanto mistério
de comunhão, implica fundamentalmente a dimensão vertical (comunhão com Deus)
além da dimensão horizontal (comunhão entre os homens). É precisamente a primeira
dimensão que distingue a Igreja de qualquer outra instituição humana e que torna
possível a dimensão da comunhão entre as pessoas, em um sentido autenticamente
cristão. Com efeito, a Igreja é um povo cuja unidade se fundamenta na unidade do
mistério trinitário: o mesmo Espírito, que abraça a única e indivisa Trindade, uniu
indissoluvelmente a carne humana ao Filho de Deus e é o inesgotável manancial do qual
brota, sem cessar, a comunhão na Igreja e a comunhão da Igreja.(57)
36. A Assembléia Especial para a América do Sínodo dos Bispos oferece uma
oportunidade de incalculável valor, pois nela se encontram os Pastores do Povo de Deus
provenientes das Igrejas que pertencem a duas partes do Continente certamente
significativas: o norte e o sul. Com efeito, nestas duas grandes áreas - não somente
geográficas mas também socioculturais - manifesta-se a grande divisão que caracteriza a
situação do mundo no final do segundo milênio, ou seja, a tensão entre os hemisférios
norte e sul. À luz de uma eclesiologia de comunhão, aparece claro que a Assembléia
sinodal pode ser um sinal eficaz e um instrumento da união de todos os membros do
Povo de Deus e das Igrejas locais do Continente, em comunhão com o Pastor Universal
e, ao mesmo tempo, um válido testemunho de unidade e de solidariedade para a
sociedade civil na América e para o mundo inteiro.
Fatores de divisão
38. Antes de tudo, é necessário indicar que muitas respostas aos Lineamenta assinalam a
existência de um sentido de unidade e de colaboração entre Bispos, sacerdotes,
consagrados e consagrados, movimentos eclesiais e leigos, que prevalece como um
traço característico das Igrejas locais e que é mais forte do que os elementos que causam
tensões.(61) Não obstante, isto não significa que não existam fatores de divisão, por
exemplo:
Indica-se, com freqüência, que, na base das divisões dentro da Igreja, existe o problema
da conduta pessoal dos membros envolvidos nestas tensões. Neste sentido, menciona-se
o papel importante que certas atitudes podem desempenhar na construção da unidade,
como, por exemplo: a oração pessoal e comunitária para pedir os dons do Espírito
Santo, a disposição interior para uma conversão contínua orientada a uma busca da
verdade e a uma vivência da caridade, a disponibilidade para participar de atividades
comunitárias em todos os níveis, o respeito e a paciência para compreender as posições
dos demais, a honestidade de expor claramente as próprias idéias e de aceitar as críticas
que refletem outros pontos de vista, etc.
40. Outra sugestão para superar as tensões em nível global em toda a Igreja na América,
que se evidencia como opinião comum nas respostas ao questionário, consiste na
promoção de maior contato, comunicação e colaboração entre as Igrejas particulares do
Continente, que se encontram nas diversas regiões e países. Nesta linha de ação já se
realizaram, por exemplo, diversos Encontros Internacionais de Bispos, dos quais
participaram representantes das Conferências Episcopais da América Latina, do
C.E.L.A.M. (Conselho Episcopal Latino-americano), da Conferência Nacional de
Bispos Católicos dos Estados Unidos da América e da Conferência Canadense de
Bispos Católicos. Tais reuniões, como também as Conferências Gerais do Episcopado
Latino-americano, constituem ótimas ocasiões para se viver uma experiência de
colegialidade episcopal. Estes eventos certamente contribuem para reforçar os laços de
comunhão na Igreja que está na América. Outro exemplo que põe em evidência a
comunhão intra-eclesial é o envio de sacerdotes de algumas dioceses a outras igrejas
locais com carência de vocações como missionários, ou ainda para acompanhar
pastoralmente os imigrantes (especialmente os latino-americanos nos Estados Unidos da
América e no Canadá).
41. As respostas ao questionário dos Lineamenta, relativas a este tema, distinguem três
tipos de comunidades religiosas com as quais a Igreja Católica na América entra em
contato: a) as comunidades cristãs com as quais se leva a cabo uma relação de
colaboração ecumênica, a caminho de uma comunhão que se vai realizando lentamente;
b) comunidades não cristãs com as quais é possível somente um diálogo inter-religioso
e c) diversos grupos conhecidos genericamente como movimentos religiosos e "seitas".
(63) Não é exagerado dizer que existe, com relação a este aspecto, uma significativa
diferença entre os países nos quais tradicionalmente a maioria dos habitantes pertence à
Igreja Católica e aqueles nos quais os católicos são uma minoria. As respostas dos
países deste último grupo, como os Estados Unidos da América e o Canadá,
caracterizam-se, em geral, por uma apresentação positiva dos contatos ecumênicos e
inter-religiosos. Em contraste, as respostas do primeiro grupo, isto é, dos países de
maioria católica, como os da América Latina, apresentam menos contatos ecumênicos e
inter-religioso. A diferença entre ambas as realidades encontra uma explicação evidente
na diversidade dos contextos históricos de cada uma das regiões, com relação à
respectiva tradição religiosa. No entanto, tampouco aqui as diferenças devem ser
exageradas, já que, por exemplo, a atividade dos movimentos religiosos e das seitas
parece alcançar proporções alarmantes em todo o território americano, a ponto de
muitos católicos deixarem a Igreja para passar às filas das referidas denominações
religiosas e seitas, ou para seguir os passos da corrente sincretista chamada
habitualmente New Age.
Ecumenismo
43. Nos países onde os católicos são tradicionalmente uma minoria, observa-se uma
atividade ecumênica mais intensa, tanto em nível diocesano como paroquial. A
sensibilidade ecumênica é promovida a partir das universidades e faculdades católicas,
como também a partir da catequese. Os membros do Povo de Deus nestas regiões da
América, clero e leigos, participam freqüentemente de Conselhos de Igrejas e de
organizações ecumênicas. A Igreja Católica "co-patrocina" diálogos bilaterais em nível
nacional, regional e local. Observa-se que os contatos com as comunidades cristãs não
católicas mais conservadores e fundamentalistas são mais fluidos quando se trata de
colaborar no campo das atividades em favor da vida, do que quando se tenta um diálogo
em nível teológico. Não obstante, nos últimos tempos, alguns temas relacionados com a
moral sexual e com o papel da mulher têm sido fonte de conflitos entre a Igreja Católica
e outras comunidades cristãs.
Diálogo inter-religioso
44. No que diz respeito às relações com as religiões não cristãs, algumas das respostas
provenientes do Sul do Continente mencionam as comunidades judaicas e, em menor
proporção, a comunidade islâmica, como as mais relevantes nesta categoria, embora a
presença de ambas não deixa de ser minoritária. Outras religiões, de origem asiática,
como o Budismo ou o Hinduísmo, encontram-se difundidas menos ainda; no entanto,
essas espiritualidades orientais exercem cada vez mais uma atração, mesmo em
ambientes cristãos, nos quais se impõem como uma espécie de "moda cultural". Ao
abordar este tema, algumas respostas aludem também à propensão de se valorizar certos
elementos das religiões indígenas da América. Estas tendências deram origem à assim
chamada teologia pluralista das religiões, que conecta as intuições filosóficas e
religiosas da Ásia com as do mundo indígena americano.(65)
45. A situação relativa aos novos movimentos religiosos e às seitas é muito complexa e
se apresenta com acentuadas variantes segundo os diversos contextos culturais.(66)
Entre as características que mais se realçam merecem ser citados o proselitismo e o
fanatismo religioso. Este problema foi abordado por muitas das respostas à pergunta n·
8 do questionário dos Lineamenta, nas quais se afirma que essas duas notas distintivas
anteriormente mencionadas opõem-se a qualquer tipo de diálogo. Com efeito, com tais
atitudes se tenta induzir as pessoas a mudar as próprias convicções religiosas através de
certos meios, como, por exemplo:(67)
46. Existe um consenso geral em todo o Continente acerca do sério problema que
representam os novos movimentos religiosos e as seitas, à raiz do proselitismo e do
fanatismo que os caracterizam. O seu crescimento é tão grande que, na América Central,
no Caribe e na América do Sul, fala-se de uma "invasão", aludindo, com essa expressão,
ao fato que muitos destes grupos vêm principalmente dos Estados Unidos da América,
com abundantes recursos econômicos para o desenvolvimento das próprias campanhas.
Fala-se, além disso, da existência de um "plano coordenado", por parte das seitas, para
alterar a atual identidade religiosa da América Latina que, como se diz na introdução do
presente documento, é não somente essencialmente cristã, mas também católica. Em
geral, os movimentos religiosos e as seitas pregam agressivamente contra a Igreja
Católica. Além disso, orientam as suas campanhas de proselitismo aos marginalizados
da sociedade, aos imigrantes, aos prisioneiros nas cadeias, aos enfermos nos hospitais e,
em geral, a todos os que vivem nas zonas periféricas das grandes cidades, onde a
presença da Igreja Católica, às vezes, não é consistente. Alguns propagadores destas
seitas interpretam a Bíblia de uma maneira fundamentalista, dando respostas concisas a
pessoas que se encontram em situações de grande incerteza, organizam grupos para o
estudo da Bíblia e também pronunciam discursos nas praças e convidam a participar nos
próprios lugares de culto. Com freqüência as seitas apelam para a emotividade e a
sensibilidade superficial, para desenvolverem a sua ação de propaganda. Em muitos
grupos coordenados por estes movimentos, reza-se pela cura dos enfermos e se
distribuem esmolas para conquistar as pessoas. Atraídos por estas motivações, nestes
últimos anos, muitos católicos têm abandonado a prática da própria fé para passar a
novos movimentos religiosos e seitas.
47. Além dos grupos genericamente identificados como novos movimentos religiosos e
seitas, assinala-se, nas respostas, a existência de uma corrente de pensamento conhecida
sob o nome de "New Age", que se estende aceleradamente em todo o âmbito geográfico
do Continente e que, além do mais, tem proporções de fenômeno mundial. Esta corrente
parte de um relativismo que propõe a superação da problemática da pessoa como
sujeito, através de um retorno extático a uma espécie de dança cósmica, enquanto, ao
mesmo tempo, oferece um modelo totalmente anti-racionalista da religião, uma mística
moderna, segundo a qual Deus não é uma pessoa que está diante do mundo, mas a
energia espiritual que invade o Tudo.(68) Em tal perspectiva, é simplesmente
inconcebível um encontro pessoal com Deus e, muito mais incompreensível ainda, o
mistério da encarnação do Filho de Deus. Por isso as respostas exprimem uma séria
preocupação diante do fenômeno da "New Age", que afeta negativamente a identidade
religiosa da América e, mais especificamente, a fé cristã e católica. Não se trata de um
"inimigo" cujo rosto pode-se ver claramente, pois não é um movimento religioso ou
uma seita que se apresenta com um perfil claro e delineado, mas se trata antes de uma
modalidade de pensamento que se difunde como corrente intelectual e espiritual, que
impregna silenciosamente a cultura contemporânea em muitas de suas expressões.
48. Várias são as sugestões para se responder ao desafio constituído pelos movimentos
religiosos, as seitas e as demais tendências como o New Age. Na IV Conferência Geral
do Episcopado Latino-americano foram propostas diversas medidas concretas que já
começaram, de alguma maneira, a serem postas em prática em várias partes do
Continente: melhoramento da formação através da catequese; maior atenção às
celebrações litúrgicas, sobretudo na preparação da homilia; mais colaboração entre
sacerdotes e leigos para uma evangelização mais personalizada (especialmente no
âmbito da família e da juventude); purificação e promoção da piedade popular;
fortalecimento da identidade da Igreja através do cultivo de aspectos que lhe são
característicos (devoção à Eucaristia e à Virgem Maria, comunhão com o Pontífice
Romano e com o próprio Bispo), etc.(69) Em geral, constata-se que existe um consenso
unânime acerca da oportunidade de fortalecer as comunidades católicas mantendo viva
a fé em Jesus Cristo através da meditação e da reflexão da Palavra de Deus, da oração
(pessoal e comunitária), da prática dos sacramentos (sobretudo da Eucaristia) e da
renovação da piedade popular. Um eficaz instrumento na superação destes desafios é a
colaboração dos Pastores entre si (em nível de Conferências Episcopais e de encontros
regionais dos Arcebispos Metropolitanos com os respectivos Bispos sufragâneos), para
poder desenvolver uma pastoral orgânica sobre o tema, que se traduza em ações
conjuntas concretas.
49. O mistério da comunhão, na Igreja, está intimamente relacionado com a sua missão
evangelizadora. Jesus Cristo mesmo referiu-se à unidade da Igreja como um aspecto que
impulsiona e reforça a missão: "Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu
em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21).
O tema da relação entre comunhão e missão pode ser abordado em dois contextos: o da
Igreja na América e o da Igreja Universal. Em referência ao primeiro contexto, o Papa
João Paulo II apresentou como objetivos da Assembléia sinodal: promover uma nova
evangelização em todo o Continente como expressão de comunhão episcopal,
incrementar a solidariedade entre as diversas Igrejas particulares nos distintos campos
da ação pastoral; iluminar os problemas da justiça e as relações econômicas
internacionais entre as nações da América.(70) Nesta terceira parte do presente
documento surgiram diversos elementos orientados a obter uma maior cooperação na
atividade pastoral entre as diversas Igrejas locais da América e que serão objeto do
debate sinodal. No entanto, para além desta perspectiva continental, a relação entre
comunhão e missão pode ser considerada em um horizonte mais amplo. Com efeito, a
Igreja Católica que está no Continente pode oferecer à evangelização do mundo inteiro
um testemunho evangélico de comunhão, de valor incalculável. Assim, por exemplo,
considerando que quase a metade dos católicos de todo o mundo vivem na América,
pode ser conveniente refletir - como sugerem as respostas aos Lineamenta - acerca do
papel que este continente pode exercer na evangelização de outras regiões continentais.
Analogamente, considerando que este Continente estende-se do hemisfério Norte ao
Sul, resulta evidente que todos os esforços que a Igreja na América poderá realizar para
viver mais intensamente a comunhão em nível eclesial, contribuirão eficazmente a que
se encontrem caminhos para superar as tensões em nível internacional entre o norte e o
sul.
QUARTA PARTE
53. Segundo revelam as respostas aos Lineamenta, nas Igrejas particulares da América
existe uma profunda convicção, à luz da revelação divina, da necessidade de uma
solidariedade global que abarque as distintas regiões e realidades humanas e espirituais
de todo o Continente. A Assembléia Especial para a América do Sínodo dos Bispos
oferece uma ocasião providencial: para promover a nova evangelização nas terras do
Continente americano; para incrementar a solidariedade entre as suas Igrejas
particulares; para iluminar os problemas da justiça nas relações entre Norte e Sul do
mesmo Continente.(72)
56. Segundo a procedência, a ajuda solidária recebida pela Igreja que está no Continente
pode ser classificada em: solidariedade eclesial e solidariedade extra-eclesial. Ao
responder à pergunta sobre o primeiro tipo de colaboração, menciona-se a ajuda
solidária que, há já várias décadas, as diversas Igrejas particulares no Continente
recebem de instituições eclesiais de outros continentes, especialmente da Europa. Entre
essas organizações são citadas: Misereor, Adveniat, Kindermissionwerk, Kirche in not, a
Conferência Episcopal Italiana e várias outras contribuições enviadas por dioceses e
paróquias européias, que agem como "madrinhas" de entidades do mesmo nível na
América. Muitas são as obras de promoção social e as estruturas de evangelização que
foram possíveis graças a esta ação solidária, atuada em diversos campos: educação,
saúde, habitação, construção de edifícios sagrados, formação catequética e teológica,
pastoral vocacional, ação missionária, etc. Com referência à solidariedade extra-eclesial,
as respostas mencionam a colaboração de alguns organismos civis em nível municipal,
provincial e nacional, que vêm na Igreja uma instituição digna de confiança e, ao
mesmo tempo, uma colaboração subsidiária aos seus programas de promoção social.
Constata-se, no entanto, que este tipo de colaboração é possível somente quando as
relações entre a Igreja e o Estado são cordiais.
58. Quanto à difusão da Doutrina Social da Igreja, muitas respostas aos Lineamenta
informam acerca de iniciativas várias, por parte de Igrejas locais e de Conferências
Episcopais: organização de cursos, debates, conferências e semanas sociais; publicação
de artigos e ensaios em jornais locais, revistas e boletins eclesiais; ensinamento em
seminários, universidades e escolas católicas; etc. São indicadas, ademais, as numerosas
instituições eclesiais que se interessam pela Doutrina Social da Igreja, tanto no que se
refere ao estudo e aprofundamento da mesma, como no que diz respeito à aplicação
prática dos seus princípios. Em muitas Conferências Episcopais existe uma Comissão
destinada a promover a Pastoral Social, cuja intervenção nos problemas sociais do país,
normalmente, é muito positiva, na medida em que contribui a iluminar, com os
princípios da Doutrina Social da Igreja, o diálogo entre sindicatos e empresários, entre
governo e operários. A ação de mediação da Igreja, nestes casos, é, em geral, bem aceita
por ambas as partes.
Não obstante esta ampla tarefa de divulgação, as mesmas respostas reconhecem que
ainda há muito a fazer, na Igreja na América, para a promoção do conhecimento e da
aplicação da Doutrina Social da Igreja. Esta situação é vista, pelas respostas aos
Lineamaenta, como a expressão de uma escassa sensibilidade pela dimensão social da
fé, que, por sua vez, reflete, de algum modo, uma formação incompleta, tanto dos leigos
como do clero. O tema da unidade essencial entre a fé e as obras (cf. Tg 2,14), entre o
culto e a vida cristã (cf. Mt 5,23-24), entre a vida espiritual e a prática do princípio
evangélico do amor ao próximo, ainda deve se incarnar mais profundamente na
consciência de muitos membros do Povo de Deus.
O desafio do Evangelho
59. O destinatário do desígnio de comunhão e de salvação em Cristo é o homem, "a
primeira e fundamental via da Igreja, via traçada pelo próprio Cristo e via que
imutavelmente conduz através do mistério da Encarnação e da Redenção".(79) Não
pode haver anúncio do Evangelho separado dos problemas da condição humana, na
ordem espiritual e temporal.(80) A comunidade dos discípulos de Jesus Cristo continua
sendo a Igreja do bom samaritano, que procura sempre socorrer os aflitos em suas
necessidades (cf. Lc 10,29-37). A promoção humana, portanto, está intimamente ligada
à evangelização, pois o homem a quem se deve levar os valores do Evangelho não é um
conceito abstrato, mas um sujeito atingido por problemas econômicos e sociais
concretos.(81)
62. Mantém sempre a sua validez, sobretudo para a América, a palavra do Papa João
XXIII, que declarava que a Igreja, sendo Igreja de todos, quer ser especialmente a Igreja
dos pobres.(85) Significativo foi o debate conciliar sobre a Igreja e os pobres: a Igreja
contempla nos pobres, como em um espelho moral, a imagem do seu divino Fundador,
pobre e humilde, procurando com solicitude aliviar os seus sofrimentos, como serviço a
Cristo.(86) Com insistência, se continuou a chamar a atenção sobre o drama da pobreza:
Paulo VI, dirigindo-se aos camponeses, na Colômbia, falou do pobre como "sacramento
de Cristo";(87) e na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi confirmou a vinculação
entre o Evangelho de Cristo e a questão da libertação da miséria, como exigência da
justiça e da caridade cristã.(88)
Em muitas Igrejas locais na América Latina, estas pequenas comunidades cristãs têm
sido consideradas como uma opção pastoral decisiva para a renovação da vida eclesial,
dadas as enormes dimensões e exigências da estrutura diocesana e paroquial. Não
obstante, os mesmos documentos do magistério episcopal latino-americano reconhecem
que em alguns lugares as comunidades de base têm sido manipuladas por interesses
políticos e separadas da comunhão com os Bispos, perdendo, desse modo, o seu sentido
eclesial.(94) De todos os modos, nas respostas aos Lineamenta são elogiadas as
pequenas comunidades eclesiais, como núcleos onde muitos cristãos podem realizar
uma experiência eclesial de comunhão e de solidariedade fraterna.
Mesmo quando a dívida externa não é a causa exclusiva da pobreza de muitos países em
vias de desenvolvimento, não se pode desconhecer que ela tem contribuído para criar
condições de extrema indigência que, hoje, se apresentam como um desafio urgente que
interpela a consciência dos membros do Povo de Deus. Muitas são as características
enumeradas nas respostas ao documento de preparação: carestia e miséria, falta do
necessário para a sobrevivência, para a saúde e para a alimentação, desocupação, falta
de moradia digna e de educação, etc. Esta situação de sofrimento em que se encontram
tantas famílias pobres da América, faz-se presente na população camponesa e nos
operários das cidades, entre afro-americanos e ameríndios. Um cristianismo
comprometido em favor da justiça tem diante de si um amplo campo de ação. Muitas
das respostas aos Lineamenta reafirmam o apelo do Papa João Paulo II a encontrar uma
solução ao problema da dívida internacional "propondo o Jubileu como um tempo
oportuno para pensar, além do mais, numa consistente redução, se não mesmo no
perdão total" da mesma.(96) Sugere-se ainda tratar o tema no contexto mais amplo da
globalização da economia mundial, buscando sempre um adequado restabelecimento da
ordem da justiça social.
66. O ser humano, chamado a uma plenitude de vida que consiste na participação da
vida divina, é o sujeito ao qual a Igreja anuncia a salvação realizada por Cristo através
do seu mistério pascal. O Magistério Pontifício destes últimos tempos revela a especial
preocupação do Papa pelo tema da família e da tutela da vida humana em todas as fases
da sua existência.(97) Também a Igreja na América tem manifestado, através de muitas
iniciativas pastorais, a sua adesão à preocupação do Sumo Pontífice com relação à
promoção da vida humana. Ele recorda na sua Carta Encíclica Evangelium vitae a
responsabilidade que todo ser humano tem diante de Deus, com relação à própria vida e
à do próximo.(98) Entre as principais áreas de promoção da vida, indicadas pelas
respostas aos Lineamenta, merecem ser citadas as seguintes:
CONCLUSÃO
67. A Assembléia Especial para a América do Sínodo dos Bispos, além de se inserir no
processo de preparação da celebração jubilar do Terceiro Milênio, representa para a
história da Igreja na América um acontecimento de singular importância. Com efeito, a
assembléia sinodal manifesta a solicitude pastoral do Vigário de Cristo e de todos os
Pastores do Povo de Deus que está na América em congregar a diversidade de povos e
nações na confissão de uma mesma fé em Jesus Cristo vivo, caminho de conversão, de
comunhão e de solidariedade. Deste modo, a celebração sinodal procura dar uma
resposta aos grandes desafios do contexto sociocultural americano, meditando, à luz do
mistério de Jesus Cristo - o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13,8) - sobre os temas
da nova evangelização, da promoção humana e da cultura cristã no Novo Mundo.
O Instrumentum laboris oferece à reflexão dos Padres Sinodais a síntese das respostas
ao questionário do documento de preparação. A exposição dos temas quer refletir a
complexa realidade do Continente americano e oferecer as bases para o debate sinodal,
que constitui um momento de discernimento e diálogo fraterno de grande importância.
Através da reflexão colegial sobre os temas abordados no documento de trabalho
poderão aflorar os problemas comuns e as ricas peculiaridades locais, os dons do
Espírito sob a forma de carismas e ministérios, como também os desafios e as
possibilidades que apresenta a cultura americana contemporânea. Tudo isso ajudará a
Igreja que vive no Continente a descobrir sua própria identidade, enquanto se empenha,
com renovado impulso, na tarefa da nova evangelização.
68. Diante da desafiadora tarefa de evangelização que representa o complexo panorama
da realidade do Continente americano, a Assembléia Especial para a América do Sínodo
dos Bispos deseja proclamar com nova força o mistério de Jesus Cristo vivo, morto e
ressuscitado, vivo no hoje da história e presente, de modo particular, na sua Igreja, para
que todos descubram n'Ele:
69. Assim como os Apóstolos, com Maria, perseveraram na oração e receberam a força
do Espírito Santo para dar início à proclamação da Boa Nova (cf. At 2,1-13), assim
também os Pastores do Povo de Deus na América, congregados na fé junto ao Sucessor
de Pedro e sob a proteção da Mãe de Deus e Mãe da Igreja, invocam a efusão do
Espírito Santo para continuar com força renovada a missão de anunciar a mensagem da
salvação em meio às alegrias e esperanças, às tristezas e angústias dos homens e
mulheres americanos do nosso tempo.(102) Nossa Senhora de Guadalupe, Estrela da
Primeira e da Nova Evangelização, guie os passos daqueles que peregrinam no
Continente americano rumo ao encontro com Jesus Cristo vivo, Senhor do tempo e da
eternidade, "Alfa e Ômega, Primeiro e Último, Princípio e Fim" (Ap 22,13).
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ......................................................................III
INTRODUÇÃO ............................................................................1
Capítulo IV:
Em geral .......................................................................................... 41
Ecumenismo .................................................................................... 42
Capítulo I:
CONCLUSÃO .......................................................................................... 64
ÍNDICE .................................................................................................... 67
NOTAS
(1) Cf. João Paulo II, Carta Apostólica Tertio millennio adveniente (10 de novembro de
1994), 38: AAS 87 (1995), 30. Cf. também como antecedente: Discurso inaugural, IV
Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (12 de outubro de 1992), 17:
L'Osservatore Romano, edição semanal portuguesa, 18 de outubro de 1992, p. 13.
(3) Esta pequena ilha, chamada Guanahani, foi rebatizada por Cristóvão Colombo com
o nome de São Salvador; hoje em dia ela é conhecida como ilha Watling e se encontra
nas Bahamas.
(4) Cf. João Paulo II, Carta Apostólica aos Religiosos e Religiosas da América Latina
por ocasião do V Centenário da Evangelização do Novo Mundo, 29 de junho de 1990,1:
AAS 83 (1991), 22.
(5) Cf. João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis (4 de março de 1979), 28:
AAS 71 (1979), 275.
(8) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis (4 de março de 1979), 4: AAS 71
(1979), 261.
(12) Cf. João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis, 11: AAS 71 (1979), 277.
(13) Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (8 de dezembro de 1975) 27:
AAS 68 (1976), 23.
(15) João Paulo II, Discurso inaugural, IV Conferência Geral do Episcopado Latino-
americano (12 de outubro de 1992), 20: L'Osservatore Romano, edição semanal
portuguesa, 18 de outubro de 1992, 13.
(16) Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi (8 de dezembro de 1975), 20:
AAS 68 (1976), 19.
(18) Ibidem, 20: AAS 68 (1976), 18; Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição
Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje Gaudium et spes, 53.
(19) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor missio (7 de dezembro de 1990) 52: AAS
83 (1991), 300.
(21) João Paulo II, Discurso aos representantes do mundo da cultura na Universidade
Católica de Santiago do Chile (3 de abril de 1987), 2: AAS 80 (1988), 158.
(22) João Paulo II, Carta fundacional ao Pontifício Conselho para a Cultura (20 de
maio de 1982): texto original italiano em L'Osservatore Romano, 21-22 de maio de
1982, 3.
(23) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo
de hoje Gaudium et Spes, 4-9.
(24) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris missio (7 de dezembro de 1990) 54:
AAS 83 (1991), 301.
(25) Os documentos do Magistério do Santo Padre João Paulo II sobre esta temática são
abundantes: Discurso aos índios do Amazonas, Manaus, 10 de julho de 1980; Discurso
aos índios de Guatemala, Quetzaltenango, 7 de março de 1983; Discurso aos índios do
Equador, Latacunga, 31 de janeiro de 1985; Discurso aos índios do Perú, Iquitos, 14 de
fevereiro de 1985; Discurso aos índios da América do Norte, Phoenix, 14 de setembro
de 1987; Discurso aos povos indígenas do Canadá, Fort Simpson, 20 de setembro de
1987; Discurso às populações autóctones do Paraguai, Missão de "Santa Teresinha",
17 de maio de 1988; Carta Apostólica aos Religiosos e Religiosas da América Latina
por ocasião do V Centenário da Evangelização do Novo Mundo, 29 de junho de 1990,
7: AAS 83 (1991), 26-27; Mensagem aos indígenas do continente americano, Santo
Domingo, 12 de outubro de 1992; Mensagem aos afro-americanos do Continente
americano, Santo Domingo, 12 de outubro de 1992; Discurso às comunidades
autóctones do México e de outros países latino-americanos, Izamal, 11 de agosto de
1993. Sobre os indígenas pronunciaram-se abundantemente as Conferências Gerais do
Episcopado Latino-americano de: Rio de Janeiro, 84; Medellín 1,14; 4,3; 12,11; de
Santo Domingo, 20, 107, 110, 245, 248; e sobre os afro-americanos: Puebla 365, 410,
415; Santo Domingo 107, 110, 167, 244 e 249.
(26) Entre os santos mais populares, merecem ser citados, entre outros: os Santos
Mártires João de Brebeuf, Isaac Jogues e seus companheiros,Roque González; os
santos: Rosa de Lima, Turíbio de Mongrovejo, Francisca Xavier Cabrini, Martinho de
Porres, Isabel Ann Seton, João Macías, Rosa Philippine Duchesne, Ezequiel Moreno,
Pedro Claver, Francisco Solano, Teresa dos Andes, Francisco Febres Cordero, Maria
Ana de Jesus Paredes y Flores; os beatos: Kateri Tekawitha, Junípero Serra, Catarina
Drexel, João Diego, Maria da Encarnação, Miguel Pro e Rafael Guizar y Valencia,
Maria de São José, José de Anchieta e tantos outros santos e beatos que deram
testemunho do Evangelho na América.
(27) João Paulo II, Discurso inaugural, IV Conferência Geral do Episcopado Latino-
americano (12 de outubro de 1992), 245: L'Osservatore Romano, edição semanal
portuguesa, 18 de outubro de 1992, 13; Cfr. Documento da III Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano de Puebla, 446; Documento da IV Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano de Santo Domingo, 15.
(28) João Paulo II, Ibidem, 31: L'Osservatore Romano, edição semanal portuguesa, 18
de outubro de 1992, 14; Cf. Carta Apostólica aos Religiosos e Religiosas da América
Latina por ocasião do V Centenário da Evangelização do Novo Mundo, 29 de junho de
1990, 31: AAS 83 (1991), 45.
(29) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris missio (7 de dezembro de 1990) 37:
AAS 83 (1991), 284.
(31) Paulo VI, Constituição Apostólica Paenitemini (17 de fevereiro de 1966), I: AAS
58 (1966), 179.
(32) Cf. João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Reconciliatio et poenitentia (2
de dezembro de 1984), 4: AAS 77 (1985) 189-195.
(33) João Paulo II, Homilia no Santuário Mariano de Zapopan (México - 30 de janeiro
de 1979), 3: AAS 71 (1979), 230. Cf. também: Documento da III Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano de Puebla, 452.
(36) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo
do hoje Gaudium et spes, 1.
(38) Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição dogmática sobre a Igreja Lumen
gentium, 33-34.
(39) Ibidem,8.
(42) João Paulo II, Exortação Apostólica Catechesi tradendae (16 de outubro de 1979),
35-50: AAS 71 (1979), 1307-1317.
(44) Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de
hoje Gaudium et spes, 4.
(45) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris missio (7 de dezembro de 1990), 59:
AAS 83 (1991), 307.
(46) João Paulo II, Carta Apostólica Tertio millenio adveniente (5 de novembro de
1994), 51: AAS 87 (1995), 36.
(48) Congregação para a Doutrina da Fé, Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre
alguns aspectos da Igreja considerada como comunhão (28 de maio de 1992) 3: AAS 85
(1993), 839.
(51) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição dogmática sobre a Igreja Lumen
gentium, 1,3, 48.
(52) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia
Sacrosanctum concilium, 5-10, 47-48.
(53) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Pastoral sobrte a Igreja no
mundo de hoje Gaudium et spes, 42.
(55) Cf. Secretaria de Estado, Annuarium Statisticum Ecclesiae, Typis Vaticanis 1995,
18.
(56) Sobre as comunidades eclesiais de base: cf. Paulo VI, Exortação Apostólica
Evangelii nuntiandi (8 de dezembro de 1975), 58: AAS 68 (1976), 46-49; João Paulo II,
Carta Encíclica Redemptoris missio (7 de dezembro de 1990), 51: AAS 83 (1991), 298-
299; Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa (14 de setembro de 1995), 89:
AAS 88 (1996), 56. Sobre a teologia da libertação: cf. Congregação para a Doutrina da
Fé, Instrução sobre a liberdade cristã e a libertação, Libertatis conscientia (22 de março
de 1986), AAS 79 (1987), 554-599.
(57) Cf. João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici (30 de
dezembro de 1988), 19: AAS 81 (1989), 424.
(59) Cf. João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Vita consacrata (25 de março
de 1996), 14-16, 41-58, 72-74: AAS 88 (1966) 387-390, 414-431, 447-450.
(61) João Paulo II qualificou o papel específico dos leigos, do clero e dos religiosos, no
contexto de uma visão da Igreja como comunhão, nas Exortações Apostólicas pós-
sinodais: Christifideles laici (30 de dezembro de 1988), 18-31: AAS 81 (1989), 421-448;
Pastores dabo vobis (25 de março de 1992), 11-18: AAS 84 (1992), 673-686; e Vita
consacrata (25 de março de 1996) 41-58: AAS 88 (1996), 414-431.
(62) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição dogmática sobre a Igreja Lumen
gentium, 8.
(63) Uma distinção semelhante é feita pelos Bispos das Comissões Ecumênicas e de
Assuntos Hispânicos da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos da
América e da Seção Ecumênica do C.E.L.A.M., no relatório final intitulado Fostering
Ecumenism in the U.S. Hispanic Community, Origins 24, 1994-1995, 659: "We
recognize the difference between those historic Christian churches and eclesial
communities who are open to dialogue and the quest for full unity and those Christian
groups who are not open to dialogue, some of whom take a negative attitude toward
Catholicism, and also those aggressive movements which are outside the Christian
community. We realize that we have different relationships with all of these groups"
(texto original em inglês).
(64) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis
redintegratio, 8a; João Paulo II, Carta Encíclica Ut Unum Sint (25 de maio de 1995),
21-27: AAS 87 (1995) 934-938.
(66) Cf. Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Diretório para
a aplicação dos princípios e normas sobre o ecumenismo (25 de março de 1993), 36:
AAS 85 (1993), 1052. Este documento distingue claramente entre atividades ecumênicas
e a resposta ao desafio que representam as seitas e os novos movimentos religiosos,
estabelecendo como critério para esta distinção o mútuo reconhecimento das partes que
intervêm na relação e uma certa comunhão já existente, ainda que imperfeita, entre as
mesmas. Para um aprofundamento do tema, veja-se o documento do mesmo Pontifício
Conselho, intitulado: Sects or New Religious Movements: A Pastoral Challenge, em
"Information Service", N. 61, 1986, 144-154 (texto original em inglês).
(67) Cf. Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Documento de
estudo do grupo mixto de trabalho entre a Igreja Católica e o Conselho Ecumênico das
Igrejas, Le defi du prosélytisme et l'appel au témoignage commun (25 de setembro de
1995), 19: Service d'Information, 91 (1996), 80 (texto original em francês).
(70) Cf. joão Paulo II, Carta Apostólica Tertio millennio adveniente (10 de novembro de
1994), 38: AAS 87 (1995), 30; Discurso inaugural, IV Conferência Geral do Episcopado
Latino-americano (Santo Domingo - 12 de outubro de 1992), 17: L'Osservatore
Romano, Supl., 16 de outubro de 1992; IX; Assembléia Especial para a América,
Lineamenta 2.
(71) Cf, Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução sobre a liberdade cristã e a
libertação Libertatis conscientia (22 de março de 1986), 44-45: AAS 79 (1987), 571-
573.
(74) Cf. João Paulo II, Discurso aos participantes da primeira reunião conjunta sobre a
cooperação internacional para o desenvolvimento africano, A solidariedade humana é
respeito pela dignidade (22 de novembro de 1984), 3: Insegnamenti VII (1984), 1266
(texto original em inglês).
(75) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo
de hoje Gaudium et spes, 4.
(76) Cf. João Paulo II, Encíclica Centesimus annus (1· de maio de 1991), 39: AAS 83
(1991), 841-843; Concílio Ecumênico Vaticano II, Decreto sobre o apostolado dos
leigos Apostolicam actuositatem, 11.
(77) Cf. Paulo VI, Carta Apostólica Octogesima adveniens (15 de maio de 1971) 4: AAS
63 (1971), 403-404; João Paulo II, Encíclica Sollicitudo rei socialis (30 de dezembro de
1987) 8: AAS 80 (1988), 520; Discurso inaugural da Conferência de Puebla (28 de
janeiro de 1979) III, 7: AAS 71 (1979), 203.
(78) Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução sobre a liberdade cristã e a
libertação Libertatis conscientia (22 de março de 1986), 73: AAS 79 (1987), 586.
(79) João Paulo II, Encíclica Redemptor hominis (4 de março de 1979), 14: AAS 71
(1979), 284-286.
(80) Cf. João Paulo II, Carta encíclica Redemptoris missio (7 de dezembro de 1990), 59:
AAS 83 (1991), 307-308.
(81) Cf. Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi (8 de dezembro de 1975),
31: AAS 68 (1979), 26-27.
(82) Cf. Pontifícia Comissão "Justiça e Paz", Ao serviço da comunidade humana: uma
consideração ética da dívida internacional (27 de dezembro de 1986).
(83) Cf. Paulo VI, Carta Apostólica Octogesima adveniens (15 de maio de 1971), 18-
19: AAS 63 (1971), 414-415; João Paulo II, Encíclica Laborem exercens (14 de
setembro de 1981), 18: AAS 73 (1981), 622-625.
(84) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo
de hoje Gaudium et spes, 26.
(85) Cf. João XXIII, Nuntius Radiophonicus, Universis catholici orbis christifidelibus,
mense ante quam oecumenicum Concilium semeret initium (11 de setembro de 1962):
AAS 54 (1962) 682.
(86) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição dogmática sobre a Igreja Lumen
gentium, 8.
(87) Cf. Paulo VI, Discurso aos camponeses da Colômbia (23 de agosto de 1968): AAS
60 (1968) 620.
(88) Cf. Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi (8 de dezembro de 1975)
38: AAS 68 (1976), 30.
(89) Cf. João Paulo II, Discurso inaugural da III Conferência Geral do Episcopado
latino-americano (28 de janeiro de 1979 - Puebla) III, 1-7: AAS 71 (1979), 198-204.
(90) Cf. III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (1979 - Puebla) 382,
707, 1134.
(92) Cf. III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (1979 - Puebla) 641.
(93) Cf. Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi (8 de dezembro de 1975)
58: AAS 68 (1976), 46-49.
(94) Cf. III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (1979 - Puebla) 98,
630.
(95) Cf. Pontifícia Comissão "Iustitia et Pax", A serviço da comunidade humana: uma
consideração ética da dívida internacional (27 de dezembro de 1986).
(96) João Paulo II, Carta Apostólica Tertio millennio adveniente (10 de novembro de
1994), 51: AAS 87 (1995), 36.
(97) Cf. Paulo VI, Encíclica Humanae vitae (25 de julho de 1968): AAS 60 (1968) 481-
503; João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris consortio (22 de novembro de
1981): AAS 74 (1982) 81-191; Encíclica Evangelium vitae (25 de março de 1995): AAS
87 (1995) 401-522.
(98) Cf. João Paulo II, Encíclica Evangelium vitae (25 de março de 1995) 75-77: AAS
87 (1995) 488-490.
(99) Cf. João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris consortio (22 de novembro de
1981) 18-64: AAS 74 (1982) 100-158.
(100) João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium vitae (25 de março de 1995) 12: AAS
87 (1995) 414.
(101) Cf. João Paulo II, Discurso inaugural da IV Conferência Geral do Episcopado
Latino-americano, III, 15: L'Osservatore Romano, edição semanal portuguesa, 18 de
outubro de 1992, 11.
(102) Cf. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição pastoral sobre a Igreja no
mundo de hoje Gaudium et spes, 1.