Você está na página 1de 3

Como eram os torneios medievais de cavalaria?

Como eram os torneios medievais de cavalaria?

Conhecidos pelo nome de justas, esses torneios eram combates travados com armas
especialmente modificadas para minimizar ferimentos. O cavaleiro tinha que derrubar o
oponente com um golpe de lança numa arena sem cair do seu cavalo. Realizadas em
momentos de paz, as justas ajudavam a manter o treinamento do cavaleiro e lhe
permitiam manifestar sua bravura fora da guerra, diz a historiadora Yone de Carvalho,
professora da PUC de São Paulo. Serviam também como divertimento da aristocracia
cortesã da Europa medieval, diz.

Numa época em que a guerra era um importante mecanismo de coesão social


propiciando os meios de sobrevivência de cavaleiros e reforçando a identidade dos
grupos, clãs e tribos , esses combates eram vistos também como uma oportunidade para
resolver pendengas entre inimigos e, em alguns casos, uma forma de recuperar a honra
ferida por alguma ofensa. A partir do século 12, as justas se tornaram verdadeiros
torneios esportivos com o surgimento de uma série de regras para determinar o
vencedor (veja no infográfico abaixo). Os embates passaram a ser realizados em feiras,
atraindo multidões de espectadores e séquitos de nobres, às vezes acompanhados por
centenas de familiares, pajens, tratadores de cavalos, escudeiros, armeiros e prostitutas.
Nessas ocasiões, os mercados das cidades que sediavam as justas realizavam grandes
negócios, alimentando, abastecendo e hospedando os visitantes, além de movimentar
dinheiro em apostas de aristocratas atraídos pela ocasião.

Por volta do século 14, os torneios tornaram-se eventos tão sofisticados que incluíam
festas, bailes, banquetes e outras cerimônias. Eram excelentes ocasiões para jovens
cavaleiros encontrarem beldades, filhas da aristocracia, selando alianças pelo casamento
entre poderosas famílias feudais. Mas, com a disseminação do uso da pólvora no
Ocidente, as justas entraram em decadência as armas de fogo mudaram drasticamente a
maneira de lutar e o avanço da tecnologia militar tornou obsoletas as pesadas armaduras
usadas pelos cavaleiros do período medieval.

Jogos de Guerra

Começa do duelo

A luta é iniciada com o cavaleiro cavalgando em direção ao adversário numa arena de


300 metros, atingindo uma velocidade média de 20 quilômetros por hora. Objetivo:
derrubar o adversário do seu cavalo com a lança de madeira

 
Quebrou, Ganhou

Para provar que o adversário caiu pelo impacto do golpe e não pela perda de equilíbrio a
lança do vencedor tinha que ser quebrada no momento do choque com o adversário.
Quanto mais perto do punho ela fosse quebrada, mais pontos ele ganhava

No cavalo, fora

Especialmente treinado para o combate, os cavalos eram protegidos por placas metálicas
na cabeça e nos flancos. Mesmo assim, algumas vezes a lança feria o animal em algum
lugar desprotegido. Resultado: o responsável pelo golpe era desclassificado
imediatamente

Pontos Perdidos

Além da desclassificação por ferir o animal, o cavaleiro perdia pontos simplesmente por
atingir a sela do adversário. Era punido também se o cavalo se esquivasse da luta ou se
atingisse por acidente a cerca no meio da arena que o separava do adversário

Mais de 30 quilos de peso e proteção1. Capacete

Também chamado de elmo, o capacete tinha uma viseira móvele era usado sobre um
capuz de cota de malha. Seu peso variava entre 1 quilo e 1,5 quilo

2. Escudo

No fim da Idade Média, escudos especiais de formato côncavo foram usados nas justas,
para facilitar que as lanças dos contendores se partissem ao atingi-los

3. Armadura

A armadura era tão reforçada que chegava a pesar 35 quilos. O calor era tanto que era
normal que o cavaleiro desmaiasse por exaustão nos combates mais longos

4. Lança: As lanças usadas na maioria das justas eram talhadas em madeira e tinham
pontas arredondadas para reduzir riscos de ferimento
Regras do torneio

Repartição de prêmios em um torneio

As regras do torneio eram as seguintes:

 1.º- não machucar de ponta ao adversário.


 2.º- não brigar fora das filas.
 3.º- não lutar vários cavaleiros contra um.
 4.º- não machucar o cavalo do rival.
 5.º- desferir os golpes apenas no rosto e no peito do adversário.
 6.º- não machucar o cavaleiro que levantar a viseira.

As damas elegiam um juiz de paz para lembrar a clemência quando por alguma falta de
cortesia ou violação das regras de cavalaria um combatente se visse rodeado por vários
adversários.

Foram seguidos com grande interesse os movimentos dos homens com grande coragem
e alegria pelo público presente no evento. A platéia aplaudia cara lance de sorte e jogos
em que era mais ilustre a habilidade e a coragem dos combatentes.

O vencido e as armas ficavam a disposição do vencedor. Os vencedores eram saudados


com frenéticas aclamações e com prolongados aplausos ao compasso de marchas
marciais. Os triunfadores eram conduzidos a receber das mãos dos juízes ou das damas
o justo prêmio de sua vitória.

Para terminar era realizado um banquete na que os cavaleiros participantes no evento


eram enchidos de atenção.

Armas

Henrique II da França, falecido durante um torneio

As armas utilizadas eram os bastões, varas, lanças sem ferro e com a ponta roma ou
espadas sem corte conhecidas pelo nome de armas cortesas ou graciosas por que evitava
ferir com gravidade ou matar o adversário.

Nestes jogos o principal objetivo era treinar o cavaleiro para a guerra e não podia
suportar a ideia de lesões perigosas, desgraças e até a morte de combatentes.

Embora acontecesse algumas vezes havia aqueles que esqueciam completamente da


índole especial dos torneios e cegos de cólera, lutavam contra seus adversários para
satisfazer alguma antiga inimizade ou vingar-se, dando voz ao ódio e a inveja de um
rival. Às vezes, era em vão que em tal conflito os arautos e reis de armas se
interpusessem entre os combatentes.

Você também pode gostar