Você está na página 1de 7

Os Samurais

Prof. Dr. Eurico P. César

I - Introdução
Os samurais são os legendários guerreiros de armadura do Japão antigo, conhecidos no Ocidente
como uma classe militar e retratados em incontáveis filmes de artes marciais. Embora a arte da
guerra fosse o centro da vida de um samurai, eles também eram poetas, políticos, pais e
fazendeiros. Os samurais desempenharam um papel essencial nos últimos 1.500 anos da história
japonesa.

Fig 1: reprodução do capacete de


batalha usado pelo famoso daimyo
Date Masamune (1566-1636)

1.1. O que é um samurai?

Os samurais desempenharam muitos papéis no Japão: coletores de impostos, servidores do


império, arqueiros, militares. Mas se tornaram mais conhecidos como guerreiros.
O que torna um samurai diferente de outros guerreiros em outras partes do mundo? Vestir uma
armadura e usar uma espada não é suficiente para transformar-se em um. Apesar dos costumes
terem mudado ao longo dos séculos, há quatro regras que sempre definiram um samurai:
1. o samurai é um guerreiro bem treinado e extremamente habilidoso;
2. o samurai serve seu daimyo, ou senhor, com absoluta lealdade, até a morte. Esse é o
próprio significado da palavra samurai: "aquele que serve";
3. o samurai é um membro de uma classe de elite, considerado superior a cidadãos comuns e
soldados ordinários de infantaria;
4. a vida do samurai é regida pelo bushido, um rígido código de guerreiro que coloca a honra
acima de tudo.

1.2. Treinando para a vida e para a guerra

O tipo e a freqüência dos treinamentos de um samurai dependiam Samurai e Zen


da riqueza de sua família. Em famílias de classe baixa, os filhos A religião nativa do Japão era
eram geralmente enviados às escolas dos vilarejos para receber o Xintoísmo, até que o
instrução básica, mas a maior parte de seu treinamento era dado Budismo o substitui no século
pelos seus pais, irmãos mais velhos ou tios. V d.C. Uma escola do
Treinar artes marciais era considerado muito importante e o ensinamento budista, o Zen
treinamento, freqüentemente começava muito cedo, por volta Budismo, encorajava seus
dos cinco anos. Filhos de famílias ricas eram enviados a academias seguidores a obter a
especiais, onde eram tutelados em literatura, artes e habilidades iluminação através de intensa
militares. meditação e contemplação.
Essa disciplina era popular
A imagem mais familiar que se tem dos samurais é, entre os samurais, que
provavelmente, a de um mestre espadachim empunhando a sua entendiam a necessidade de
katana com extrema habilidade. Entretanto, nos primeiros séculos treinar e praticar até que
de sua existência, os samurais eram mais conhecidos como suas habilidades de combate
arqueiros a cavalo. Disparar uma flecha ao mesmo tempo que se fossem como a respiração -
monta um cavalo é uma tarefa muito difícil e dominá-la requer anos algo que faziam
de prática. Alguns arqueiros praticavam em alvos amarrados a um naturalmente, sem ter que
poste, que poderiam ser balançados para criar um alvo móvel. Por pensar a respeito.
um certo tempo, cachorros vivos eram usados como alvos móveis,
até que um xogum (tinha poderes de governante e líder militar) aboliu essa prática cruel.
A arte da espada era ensinada de uma maneira igualmente implacável. Conta-se que um
certo mestre atingia seus alunos a qualquer momento do dia ou da noite com uma espada de
madeira, até que eles aprendessem a nunca relaxar sua guarda.

Fig. 2: os samurais eram mais conhecidos


como arqueiros a cavalo

Além da habilidade de guerrear, esperava-se que os samurais fossem bem educados em outras
áreas, como literatura e história. Durante o período Tokugawa, uma era pacífica, quando os
samurais não eram muito necessários como guerreiros, os seus conhecimentos acadêmicos foram
especialmente úteis. Entretanto, alguns mestres samurais advertiam seus alunos para não se
aterem muito às letras e à pintura, para que não enfraquecessem a mente.

Além da esgrima (kendo), o samurai também devia dominar as artes do arco-e-flecha (kyudo),
a luta corporal desarmada e o manejo da lança. Na luta corporal desarmada os samurais criaram
um sistema de luta baseado em alavancas, utilizando pouco esforço para chaves e
estrangulamentos, que não enfatizava chutes nem socos porque, durante as batalhas, esses
guerreiros japoneses usavam poderosas armaduras, contra as quais chutes e socos eram muito
pouco efetivos. Utilizavam golpes de articulação, como torções de braço, tornozelo e
estrangulamentos, para imobilizar o oponente. Este sistema deu origem a modernas artes marciais
como o Judô, o Jiu-jitsu e o Aikidô.

1.3. Armas

Foi no século 14 que um ferreiro chamado Masamune desenvolveu a técnica de fabricação de


estruturas duras e flexíveis de aço para ser usada em espadas. Surgia assim a poderosa Katana,
a espada samurai, considerada até hoje uma das perfeitas espadas do mundo. O Samurai
utilizava diversas armas, mas a katana era a arma que era sinônimo de samurai. O Bushido
ensinava que a Katana era a alma do Samurai. Eles acreditavam que a Katana era tão valiosa que
muitas vezes lhe davam nomes e a consideravam com parte de suas vidas.

Fig. 3: Jogo de espadas (daisho):


katana, wakizashi e a tanto.

Acredita-se que sua origem tenha sido a espada reta chinesa. Construída de forma artesanal a
Katana sofreu diversas alterações ao longo da história do Japão, por isso seu nome varia de
acordo com o período ao qual pertence: Jokoto, Koto (espada antiga), Shinto (espada nova) e
Gendaito (espada moderna). Esta última é na verdade uma imitação da espada tradicional, usada
hoje para cerimoniais, pois, apesar de ter a aparência de uma espada tradicional, não é fabricada
artesanalmente. A Katana hoje é um símbolo da cultura japonesa, um verdadeiro tesouro vivo, o
que explica as leis que a protegem naquele país. Não é mais uma arma, mas um valioso objeto de
arte que atrai pessoas do mundo inteiro e continuará a exercer o seu fascínio por muito tempo.

Os ferreiros que criavam katanas para os samurais são considerados os melhores fabricantes de
espadas da história. Um dos maiores desafios de se fabricar uma espada é mantê-la afiada. Uma
arma feita com um metal duro irá manter o fio, mas é frágil e tem a tendência de se quebrar. Os
ferreiros japoneses resolveram o problema fazendo o núcleo da espada com um metal macio, que
não se quebra. Esse núcleo era coberto com camadas de metal mais duro que eram
repetidamente dobrados e martelados até que fossem literalmente milhões de camadas de metal
laminadas juntas. O corte era tão afiado que um espadachim habilidoso poderia partir um ser
humano em dois com um só golpe.
A katana é uma espada curva, que possui corte em apenas um dos lados e por ser mais longa, era
utilizada para lutas em campos abertos. Ela era sempre acompanhada de sua espada companheira
- a wakizashi, uma arma mais curta com a lâmina mais larga, utilizada em para lutar em
pequenos espaços. As duas espadas juntas são referidas como daisho, significando "grande e
pequena". A palavra dai (grande) representa a katana e a palavra sho (pequena) representa a
wakizashi.

Além de espadas e arcos, o samurai usava vários tipos de armas longas (lâminas presas a longos
bastões). Uma das mais comuns era a naginata, que consistia em uma lâmina afiada de 60 a 120
cm de comprimento montada em uma haste de madeira com 1,2 a 1,5 m. O alcance extra
proporcionado por estas armas permitia à infantaria conter os atacantes ou desferir o primeiro
ataque antes que um oponente com uma espada pudesse alcançá-los. Eram bastante eficientes
contra inimigos montados.

No século XVI, mercadores europeus chegaram ao Japão pela primeira vez. Os japoneses pagaram
grandes somas pelo seus mosquetes, dominando rapidamente as técnicas de fundição necessárias
à produção de armas em massa. Embora a arma de fogo não seja tradicionalmente associada ao
samurai, ela foi de uma grande influência na arte da guerra japonesa desde então, permitindo ao
daimyos formarem grandes exércitos de homens armados com relativamente pouco treinamento.
Muitos samurais adotaram essas armas pouco confiáveis, que eram mais usadas como apoio à tão
fiel espada. Alguns chegaram a usar armaduras sólidas com desenho de corpo inteiro, a
okegawa-do, com o objetivo de fazê-las à prova de balas.

1.4. Bushido: o código de honra do samurai

Os samurais não eram guerreiros mercenários, vagando pelo Japão e lutando por qualquer senhor
de guerra que os pagasse. Eles estavam vinculados a um senhor específico, ou daimyo, e também
comprometidos com as suas comunidades por dever e honra.

Este código de honra é conhecido como bushido, e vem das palavras bushi, que significa
"guerreiro", e do que significa "o caminho". Bushido significa então: "o caminho do guerreiro".
Esse código evoluiu de um período anterior, quando os samurais eram arqueiros e cavaleiros. O
treino e a devoção para desenvolver essas habilidades e a ligação com o cavalo levou ao kyuba no
michi, "o caminho do cavalo e do arco". Embora refiram-se ao bushido como um código, ele não
era um conjunto formal de regras para todo samurai se guiar. Na verdade, o bushido mudou muito
através da história e mesmo de um clã para outro. Embora os samurais já existissem há muito
tempo, o bushido só foi escrito no século XVII.

O primeiro dever de um samurai era a lealdade a seu senhor. O Japão tinha um sistema feudal no
qual o senhor esperava a obediência dos seus vassalos, que em troca recebiam proteção
econômica e militar. Se o senhor não pudesse contar com a absoluta lealdade dos seus vassalos,
todo o sistema teria desmoronado. Este senso de lealdade e honra era geralmente levado a
extremos pelos japoneses, que lutavam até a morte em uma batalha sem esperança para proteger
a fortaleza de seu senhor, ou cometiam suicídio se sentissem que o haviam desgraçado.

O samurai também tinha um dever de vingança. Se a honra de seu senhor fosse manchada, ou se
este fosse morto, o samurai era obrigado a encontrar e matar os responsáveis. Uma das histórias
de samurai mais famosas, "Os 47 Ronin", ou samurais sem senhor, é um conto da tradicional
vingança dos samurais. Durante um período de paz, seu senhor foi condenado a cometer
seppuku (suicídio) devido a uma desavença com outro senhor. Dois anos depois, todos os 47
samurais invadiram o castelo do algoz de seu mestre e o mataram. Eles foram presos e
também forçados a cometer seppuku, não porque cumpriram com seu dever de vingança, pois
isso era o esperado, mas porque o fizeram em um ataque secreto, o que era considerado uma
desonra.
1.5. Seppuku

A honra era tão importante para os samurais que eles freqüentemente tiravam suas próprias vidas
em face de um fracasso, ou se tivessem violado o bushido. Esse suicídio vinculado à honra tornou-
se bastante ritualizado, tomando a forma do seppuku. Também conhecido por sua expressão
mais vulgar, hara-kiri, o seppuku era a maneira de o samurai restaurar a honra do seu senhor e
de sua família e cumprir a sua obrigação de lealdade ainda que tivesse falhado como samurai.

O ritual do seppuku consistia em que o samurai usasse vestimentas apropriadas enquanto lhe era
apresentada a faca ritual, embrulhada em papel. O samurai então tomava a faca e, com um
corte, abria seu ventre da esquerda para a direita, finalizando com outro corte para cima. O
seppuku porém, não era um ato solitário, e poucos samurais eram deixados para morrer a lenta
e dolorosa morte por desentranhamento. Outro samurai ficava em pé atrás do suicida e o
decapitava logo depois.

Nos anos seguintes, o ato se tornou ainda mais ritualizado, sendo algumas vezes usados leques de
papel ao invés de facas. Freqüentemente, o kaishaku-nin, ou segundo samurai, executava a
decapitação tão logo a faca ritual fosse tocada, bem antes que qualquer dor fosse experimentada.
Em tempos modernos, o ritual do seppuku tem ressurgido no Japão, tanto como uma maneira
tradicional de restaurar a honra em face da derrota quanto como uma forma de protesto.

1.6. As batalhas

Em duelos ou nos campos de batalha havia um extenso ritual a ser cumprido antes de lutar. Na
batalha, um samurai galopava até o inimigo para anunciar sua ascendência, uma lista de feitos
pessoais, bem como as façanhas de seu clã. O mesmo acontecia nos duelos, os samurais se
apresentavam, reverenciavam seus antepassados e enumeravam seus feitos. Somente após estes
rituais eles entravam em combate. Não eram comuns ataques de surpresa ou sorrateiros, pelas
costas, pois os samurais consideravam estas táticas desonrosas. Por isso, quando um governante
necessitava de serviços onde fosse necessário utilizar de sutileza e furtividade era necessário
chamar um Ninja, um guerreiro quase tão poderoso quanto um samurai, mas que não estava
atrelado ao rígido código de honra do bushido.

Os samurais e os ninjas estavam em extremos opostos (o que não impediu que alguns samurais
se tornassem ninjas secretamente), pois os samurais eram oriundos de famílias nobres e
tradicionais e ligados aos senhores feudais aos quais deviam obediência, enquanto os ninjas eram
pessoas comuns, a maioria camponeses, e deviam obediência apenas aos seus clãs. Assim como
os samurais, os ninjas também pertenciam a um grupo familiar, eram treinados deste a infância
nas artes militares e também obedeciam a um código de honra, porém bem mais flexível que o
dos samurais.

1.7. A história dos samurais

Ninguém sabe com certeza quem foi o primeiro samurai. Historiadores contam que nos séculos V,
VI e VII d.C., havia rivalidades entre príncipes e clãs, bem como guerras de sucessão quando um
imperador morria. Todavia, a maioria das lutas ocorria contra os nativos das ilhas do Japão, aos
quais o Japão Imperial se referia como emishi, ou bárbaros.

Alguns imperadores perceberam que os emishi eram bons lutadores e os recrutaram para lutar em
batalhas contra outros clãs ou ordens religiosas rebeldes. Algumas das táticas militares e tradições
dos emishi foram incorporadas pelos soldados japoneses e, mais tarde, usadas pelos samurais.
O status do samurai como uma classe de elite vem da proliferação das famílias poderosas que
viviam longe da capital, transferindo suas terras e seu prestígio de uma geração para outra por
centenas de anos. Os membros dessas famílias de guerreiros ou clãs alcançaram o status de
nobreza.

Tradições militares bárbaras se combinaram com o status de elite e o código do guerreiro kyuba
no michi para formar o molde do antigo samurai. De acordo com algumas fontes, a palavra
samurai apareceu pela primeira vez no século XII. Por um longo tempo, os samurais constituíam a
principal força militar usada contra os emishi e outros clãs.

Em 1100, dois poderosos clãs serviam ao Imperador do Japão: o clã Taira e o clã Minamoto. Estas
duas famílias se tornaram rivais e, em 1192, Minamoto Yoritomo liderou seu clã à vitória sobre o
clã Taira. O imperador, chefe tradicional do governo japonês, declarou Minamoto Yoritomo como
xogum, o chefe militar. Mas Yoritomo usou seu novo cargo para tirar do imperador todo o poder
político, tornar permanente sua posição de xogum, e montar uma ditadura militar conhecida como
bakufu. Assim, os samurais passaram de servos dos daimyos proprietários de terras a regentes do
Japão, sob o xogum.

Depois que Yoritomo morreu, sua esposa, Masa-ko, procurou manter o xogunato. Embora não
fosse completo, os Hojos, sua família, mantiveram o controle do Japão por mais de 100 anos.
O clã Ashikaga arrancou o controle dos Hojos em 1338. Os Ashikagas falharam ao tentar impor
uma autoridade central forte no Japão e os clãs entraram em decadência devido às lutas
constantes. Durante esse período, o daimyo construiu castelos impressionantes, com muros,
portões e fossos que os tornavam inexpugnáveis.

Este sengoku, ou período de guerra civil, durou até que Tokugawa Ieyaso tomou controle do
Japão em 1603. Tokugawa aplicou uma rígida política isolacionista e manteve o controle sobre os
daimyos ao forçar suas famílias a viverem na capital, enquanto o próprio daimyo vivia na sua
propriedade. Cada daimyo era obrigado a visitar a capital pelo menos uma vez ao ano (daimyos
que caíam em desaprovação recebiam propriedades longe da capital, tornando a viagem mais cara
e demorada). Isso garantia o controle sobre os daimyos porque suas famílias eram mantidas
basicamente como reféns, e as caras viagens anuais os impediam de conseguir demasiado poder
econômico.
Tokugawa também proibiu o porte de espadas, exceto pelos samurais. Todas as espadas
possuídas por aqueles que não eram samurais eram confiscadas e derretidas para fazer estátuas.
Isso marcou os samurais como uma classe muito distinta, acima dos cidadãos comuns.
Durante a paz forçada de Tokugawa, os samurais raramente entravam em combate. Foi durante
esse período que os samurais assumiram outras funções, acompanhando seus senhores na ida e
na volta da capital, trabalhando como burocratas no bakufu e cobrando tributos em arroz dos
vassalos do daimyo.

1.8. O fim dos samurais

Tokugawa e seus descendentes governaram um Japão pacífico por dois séculos e meio. Nesses
tempos de paz, o poder dos samurais declinou gradualmente, mas foram dois fatores específicos
que os levaram à ruína definitiva: a urbanização do Japão e o fim do isolacionismo.
À medida que mais japoneses se mudavam para as cidades, havia menos fazendeiros para
produzir o arroz necessário para alimentar a crescente população. A vida luxuosa desfrutada pelos
xoguns e muitos daimyos começou a se desgastar nesse sistema econômico. Muitos japoneses,
inclusive samurais de classes mais baixas, começaram a ficar insatisfeitos com o xogunato devido
às difíceis condições econômicas.

Em 1853, navios dos EUA entraram na baía de Edo. O comodoro Matthew Perry havia chegado
para entregar uma mensagem do presidente Millard Fillmore ao imperador (que ainda existia como
uma autoridade simbólica, ainda que, na realidade, fosse o xogum que governasse o país).
Fillmore queria abrir relações comerciais com o Japão, desejava que os marinheiros americanos
fossem bem tratados pelos japoneses e propunha abrir o Japão como um porto de
reabastecimento para navios americanos. Perry entregou a sua mensagem, disse aos japoneses
que retornaria em alguns meses e partiu.

Como conseqüência da visita de Perry, o Japão se dividiu. Alguns queriam recusar a oferta
americana, manter o isolacionismo e ficar com suas tradições. Mas outros perceberam que o Japão
nunca poderia resistir à melhor tecnologia dos ocidentais. Eles propuseram a abertura do Japão
para aprender tudo que pudessem sobre os americanos, para que saíssem de seu isolamento e se
tornassem uma potência mundial. No final, o bakufu decidiu abrir os portos japoneses para
reabastecimento de navios americanos e, posteriormente, para o comércio.

O imperador negou-se a concordar com o tratado, mas como era apenas uma figura simbólica não
conseguiu impedir que o bakufu o levasse adiante. Vários grupos de samurais rebeldes, que
queriam que o Japão preservasse as tradições, apoiaram o imperador e iniciaram uma guerra civil
contra o bakufu. Surpreendentemente, eles depuseram o xogum, terminando o período Tokugawa
e restaurando o poder do imperador. Samurais de classes mais baixas tomaram posições de
liderança, controlando o governo do novo imperador um jovem garoto que era chamado
Imperador Meiji. Este evento foi conhecido como a Restauração Meiji.

O poder foi tirado dos daimyos à medida que o governo desapropriava suas terras. Sem ninguém
para pagar os muitos samurais, o governo decidiu lhes entregar títulos baseados na sua categoria.
Isso afetou os samurais de baixo e alto escalão de formas diferentes, mas teve o mesmo resultado
para ambos: eles usaram os títulos para investir em terras ou iniciar um negócio ou então
perceberam que não tinham renda suficiente para se sustentar e retornaram para o campo como
fazendeiros e para as cidades como trabalhadores. Os samurais não tinham mais função no Japão.
Finalmente, em 1876, o imperador baniu o uso de espadas pelos samurais, levando à criação de
um exército de reservistas. Os samurais já não existiam mais. Embora tenha havido algumas
rebeliões de samurais em províncias afastadas, aos poucos todos foram adotando novas funções
na sociedade japonesa, enquanto seu país entrava na Era Industrial.

Você também pode gostar