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É uma tradicional espada japonesa que foi usada pelos samurais do Japão antigo e
feudal. A katana é caracterizada por: uma lâmina curva de um único fio, com uma
guarda (tsuba) circular ou esquadrada e um cabo longo para acomodar duas mãos.
Apesar dos samurais terem desenvolvido tradicionalmente a esgrima usando uma
espada manejada pelas duas mãos juntas existem estilos de kenjutsu que possuem
técnicas com ambas as espadas ao mesmo tempo.
A Katana era muito mais do que uma arma para um samurai: era a extensão de seu
corpo e de sua mente. Forjadas em seus detalhes cuidadosamente, desde a ponta, até
a curvatura da lâmina eram trabalhadas totalmente a mão. Assim, os samurais
virtuosos e honrados faziam de sua espada uma filosofia de vida. Para o samurai, a
espada não era apenas um instrumento de matar pessoas, mas sim uma forma de
fazer a justiça e ajudar as pessoas. A espada ultrapassava seu sentido material;
simbolicamente, era como um instrumento capaz de "cortar" as impurezas da mente.
Havia ainda um sabre pequeno, chamado tantô, que era utilizado não apenas para
combates, mas também para o ritual do haraquiri (suicídio honroso).
Estilos de Katana
Convenho-se no Ocidente chamar o período que vai do século XII ao XIX, da história
japonesa como sua época feudal devido ao fato de que neste longo período da história
japonesa, o imperador perdeu sua autoridade política e militar, sendo essa transferida
para os xoguns, e por sua vez, clãs poderosos e outros emergentes começaram a se
digladiar entre si, criando uma profunda divisão entre as províncias e os feudos. Por
tais características das quais algumas se assemelham ao feudalismo europeu, optou-se
em se empregar o termo feudalismo para os japoneses também.
A origem dos shinobis:
Em meados do século XV, eclodiu em 1467 a Guerra de Onin, a qual lançou o país
numa série de conflitos, ao ponto de lançar o Japão numa violenta guerra civil que
durou pelo menos cem anos. A autoridade do Xogunato Ashikaga foi desafiada por
vários daimiôs e isso gerou uma divisão territorial no país, onde províncias começaram
a se rebelar e a atacar umas as outras. Alianças militares e políticas se faziam
necessárias, mas ao mesmo tempo, também eram perigosas, pois não raramente
traições banhavam de sangue algumas reuniões. E neste período turbulento, o qual
ficou conhecido como Sengoku ("país em guerra", "país dividido", "guerras feudais"),
os ninjas apareceram.
O surgimento dos ninjas é um mistério, pois não se sabe realmente quando eles
começaram a operar no século XV, pois hoje historiadores contestam a versão de que
Iga e Koga tenham sido o centro de origem desse grupo de guerreiros, embora se saiba
que de fato havia grupos operando nas regiões e até mesmo com sede em Iga, como
atestam alguns relatos da época. Não obstante, devido a efervescência do estado de
guerra que o Japão vivenciava, se fazia necessário estar pelo menos dois passos a
frente de seus inimigos, daí a necessidade de espioná-los, roubar informações, sabotar
armamentos, depósitos; incendiar mantimentos, sequestrar homens importantes ou
membros de sua família para negociar resgates, tréguas, etc., ou assassinar os
adversários e desestabilizar a ordem deles. (TURNBULL, 2004, p. 9).
A formação do shinobi:
a) Habilidades essenciais:
Vimos que os shinobi "surgiram" em meados do século XV, e já estavam envolvidos na
Guerra de Onin (1467-1477), e que ainda hoje, a cidade de Iga (antiga província),
reivindica como sendo o berço de origem dos shinobi.
As técnicas de batalha dos shinobi ficaram conhecidas como ninjutsu, embora não se
saiba quando essa arte marcial tenha surgido, pois lendas permeiam suas origens,
remontando seu início antes do século XV. De qualquer forma, no século XVII, eram
reconhecidas três escolas (ryûha) principais: Iga-ryû, Koga-ryû e Kishû-ryû. Estas
escolas originaram-se no século XV, e eram conhecidas por serem as referências no
treinamento da arte do ninjutsu (GREEN, 2001, p. 354).
Para além da habilidade de luta desarmada, o shinobi aprendia a lutar com espadas,
arco e flecha, lança e outros tipos de armamentos. Ele também era ensinado a andar,
prender a respiração, escalar, correr por diferentes terrenos; andar sorrateiramente,
evitando fazer barulho; aprendia cavalgar, preparar veneno, preparar medicamentos;
fazer explosivos; usar disfarces; usar camuflagem; técnicas de espionagem e
sabotagem; técnicas de estratégia; aprendia a ler, contar, informações sobre geografia,
topografia, meteorologia, etc. Como se tratava de um guerreiro que exercia várias
funções, diferente dos samurais os quais
basicamente lutavam a guerra convencional
ou realizavam escoltas e vigilância, o
shinobi, era treinado em distintas
habilidades. (GREEN, 2001, p. 355).
No século XVII, época que se conhece os mais antigos livros e manuais sobre ninjutsu,
a escola Togakure-ryû, em Iga, estabeleceu 18 disciplinas de estudo para o ninjutsu,
sendo que algumas destas disciplinas ainda hoje são ensinadas. (WILHELM; ANDRESS,
2011, p. 10).
1. Refinamento espiritual (seishin teki kyoyo)
2. Combate desarmado (taijutsu)
3. Arte da espada (kenjutsu)
4. Arte do bastão (bojutsu)
5. Arte da shuriken (shurikenjutsu)
6. Arte da lança (yarijutsu)
7. Arte da naginata (naginatajutsu)
8. Arte da kusarigama (kusarigamajutsu)
9. Arte dos explosivos (kayakujutsu)
10. Arte do disfarce (hensojutsu)
11. Arte da furtividade (shinobi-iri-jutsu)
12. Equitação (bajutsu)
13. Treino aquático (sui-ren)
14. Estratégia (bo-ryaku)
15. Espionagem (cho bo)
16. Escapismo (intonjutsu)
17. Meteorologia (ten-mon)
18. Geografia (chi-mon)
b) Recrutamento e escolas:
Como os shinobis eram mercenários na maioria das vezes, acredita-se que eram
pertencentes a classe baixa, filhos de agricultores, pescadores, pequenos
comerciantes, sacerdotes, artesãos, servos, etc. Porém, sabe-se que homens de
origem mais elevada e até mesmo samurais, treinavam ninjutsu ou tiveram suas
escolas.
Outro caso, bem mais conhecido dizia respeito a Hattori Hanzô (1541-1596),
samurai vassalo do clã Tokugawa, foi para a guerra aos 16 anos, lutou nas
importantes batalhas de Udo (1557), Anegawa (1570) e Mikata Hagara (1572).
Sua violência no campo de batalha lhe rendeu a alcunha de Oni-Hanzô "Demônio
Hanzô". No entanto, o que destaca aqui é o fato de que além de ter sido samurai,
Hattori era também um shinobi. O Clã Hattori de Iga, treinou vários ninjas ao
longo de três gerações pelo menos. Normalmente Hattori é mais lembrado como
sendo um samurai, mas ele possuía uma ryûha de ninjas, além de ter sido um
jonin. (TURNBULL, 2003, p. 12).
c) Vestimenta, equipamentos e armamento:
Os mais antigos manuais sobre ninjutsu conhecido, datam do século XVII, antes
disso, encontram-se fragmentos de outros escritos. O Ninpiden ("Lendas dos
ninjas secretos"), consiste numa coletânea de textos de histórias, contos e
manuais sobre técnicas de combate e treinamento, tendo sido escrito por
Hattori Kiyonobu, em 1655. O segundo livro é o Bansen shûkai ("Dez mil rios
fluíram para o mar"), redigido por Fujibayashi Yasutake, e concluído em 1675,
após dez anos de estudo. O terceiro livro é o Shôninki ("Registros do verdadeiro
ninjutsu"), de Fujibayashi Masatake, em 1681, consistindo no livro mais
conhecido sobre ninjutsu (GREEN, 2001, p. 358).
O Bansen shûkai dizia que um shinobi deveria saber escolher bem seus
equipamentos, e isso dependeria o objetivo da missão, o risco, os obstáculos
que poderiam haver; a distância a ser percorrida e o tempo que a missão
poderia demorar. Se um shinobi levasse muitos equipamentos, isso o deixaria
lento, ou se não soubesse escolher as ferramentas certas, isso poderia se
tornar um problema para ele. Todavia, o Bansen shûkai, recomendava seis
ferramentas básicas: chapéu de palha, corda (com o sem gancho), lápis,
medicamento, toalha pequena (tenugui) e uma pederneira (tsuketake). Caso a
viagem demorasse, o ninja levaria água e alimento seco (GREEN, 2001, p. 359)
Na ilustração, Stephen Turnbull apresenta os seis acessórios básicos do shinobi, como
comentado no Bansen shûkai, mas complementa com outros equipamentos:
Gravura de um shinobi atravessando o fosso de um castelo, por uma corda, durante à noite. Cerca de 1801. Fonte: TURNBULL,
Stephen. Ninja AD 1460-1650, 2003. p. 12. Considerada a representação mais antiga de um ninja vestido de preto.
Green (2001, p. 359), diz que os shinobis só se vestiam com uniforme preto em
missões noturnas ou quando estavam na escola, mas em missões de dia ou mesmo de
noite, mas onde houvesse luminosidade alta, era preferível usar roupas em tom de
marrom ou de cinza, pois ajudava mais na camuflagem do que o preto. Além disso, ele
lembra que os ninjas eram treinados também para se disfarçarem. Inclusive até
mesmo em missões noturnas, eles poderiam estar disfarçados.
No que se refere ainda ao traje dos shinobis, eles usavam roupas leves, dependendo
do objetivo da missão, pois um traje leve era mais útil caso tivesse que nadar, escapar
a pé, escalar e se movimentar em locais apertados e sorrateiramente, pois armaduras
tendem a chacoalhar. No entanto, em missões que se requeria combate direto, e se
dispensava a furtividade, o shinobi poderia usar uma armadura leve como vista na
figura abaixo.
Na armadura acima nota-se semelhanças com outros trajes militares usados no Japão,
como no caso da couraça de placas, normalmente feita de couro cozido ou de couro
cru. Embora que no século XVII e posteriormente, se encontrem couraças revistadas
com placas de metal ou até de aço, devido ao uso de armas de fogo no campo de
batalha, embora que essas começaram a serem usadas ainda no século XVI. Porém,
outra característica que se destaca na roupa do ninja era sua simplicidade, pois como
veremos, as armaduras samurais eram mais coloridas, e eles também usavam
máscaras e capacetes com chifres.
Mas como dito, os shinobi eram treinados para se disfarçarem. Houve casos de
samurais que se disfarçavam, mas a conduta de honra deles, normalmente presava
para não fazerem isso, pois estavam sendo desleais. Mas no caso dos shinobis, eles
geralmente se vestiam de monges, pois geralmente você não desconfia de um monge.
Assim, encontram-se relatos de ninjas vestidos de komusô (tipo de monge que usava
um cesto na cabeça) ou de yamabushi ("monge da montanha"). Mas além dos clérigos,
os shinobis também se disfarçavam de agricultores, pescadores, soldados, serviçais,
artesãos, músicos, dançarinos, etc.
KUNOICHI - Mulher Ninja
Kunoichi, na linguagem antiga dos
Ninja, era a palavra usada para referir-
se a mulher Ninja. Na verdade, o termo
era utilizado quando se empregava
uma mulher para executar uma missão
na qual seria utilizado o Ninjutsu, dizia-
se então “técnica da mulher Ninja” ou
Kunoichi Jutsu.
Kunoichi é a fragmentação do kanji de
mulher, não tendo significado próprio,
formando uma espécie de código.
único registro histórico de uma
Kunoichi está atrelado ao nome de
Chiyome Mochizuki, uma mulher que
seria originária da região de Koga e que
esposou Moritoki Mochizuki. Quando
seu marido foi morto em guerra,
Chiyome Mochizuki fortaleceu Takeda
Shingen montando o Kai Shinano Miko
do Shuren Dojo, em que formava, de
forma disfarçada, um grupo de
guerreiros invisíveis aos olhos dos
homens: as Aruki Fujo, o grupo de
mulheres treinadas no Kunoichi Jutsu.
Shinobigatana ou Ninja-tô: espada padrão usada pela maioria dos shinobis. Sua lâmina
permitia ser usada para se forçar janelas e portas, a fim de arrombá-las. Também
poderia ser usada como ponto de apoio para se escalar o muro, pois o ninja amarrava o
punho por uma corda ao seu cinto ou na sua bainha;
Ninja tanto: tipo de adaga. Poderia ser usada também para se forçar janelas e portas;
Bo: bastão comum de madeira, usado principalmente como arma;
Yari: tipo de lança;
Naginata: tipo de lança com a lâmina maior, a qual além de furar, permitia também
cortar;
Kusarigama: kunai em forma de foice acoplada a uma corrente com contra-peso;
Kusarifundo ou manriki: corrente com dois pesos, um em cada ponta. Diferente da
kusarigama, não possuía uma lâmina. Era mais usado para incapacitar, desarmar e
imobilizar o oponente;
Shoge: arma similar ao kusarigama, mas a lâmina era diferente, ao invés de ser em
formato de foice, era reta e possuía um ganho em um dos lados;
Chigikiri: lembra uma maça com corrente, usada na Europa. Consistia num cabo de
bambu acoplado a uma corrente, com um peso cheio de espinhos;
Fukiya: tipo de zarabatana feita de caniço, na qual se colocavam pequenos dardos,
geralmente envenenados, então se soprava para dispará-los. Era uma arma eficiente a
curtas distâncias e silenciosa;
Shuriken: peças que variavam de forma desde um simples dardo a uma estrela de
quatro ou seis pontas. Eram usadas para serem arremessadas a curta distância;
Nunchaku: consiste em dois bastões de madeira ou de ferro, presos um ao outro por
uma corrente;
Yumi: arco e flecha;
Happô: bomba de fumaça. Usada para distração;
Kayaku: diferentes tipos de artefatos explosivos, que eram usados desde para causar
apenas barulho e fumaça, como para iniciar incêndios ou para causar uma explosão
forte a ponto de ferir gravemente ou matar;
Além dos Minamoto, Taira no Masakado acabou fazendo outros inimigos como
Okiyo Okimi, Taira no Sadamori (parente seu) e Fujiwara Hidesato (político e
militar, primo de Tadahira). Além de lutar contra estes homens, Masakado
entrou em disputas de terra e políticas, envolvendo a província de Hitachi e
outros territórios vizinhos, o que levou a ser investigado e acusado pelo Estado,
por alguns crimes. Neste ponto, Masakado tornou-se um rebelde, pois negou-se
duas vezes a comparecer ao tribunal da corte para se explicar. Sua fama levou
ao surgimento de contos como o Shomonki, o qual narra de forma parcialmente
ficcional a "rebelião de Masakado". Nesta história e em outros contos é dito que
Taira no Masakado pretendia se proclamar "imperador". Foi morto em combate,
como um rebelde. (TURNBULL, 2005, p. 10).
Não obstante, o que pouca gente sabe é que havia samurais mulheres. Não
existe um termo específico para samurai mulher como kunoichi ("shinobi
mulher"), o que revela que o significado
da palavra samurai "aquele que serve",
era aplicado tanto a homens quanto a
mulheres. Todavia, é preciso salientar que
houve poucas mulheres samurais, mas
chegou haver tropas de mulheres as quais
até participaram de algumas batalhas.
A presença de mulheres na guerra não era algo inédito, embora não fosse
regular, apenas eventualmente acontecia. Os relatos históricos apontam que nos
séculos anteriores ao surgimento dos samurais, houve casos de guerreiras e até
de tropas femininas, atuando em algumas batalhas.
a) Habilidades essenciais:
Como visto, os samurais num primeiro momento eram os recrutas que formavam a
guarda real e a polícia na capital imperial, ou os camponeses convocados pelos
senhores da aristocracia e da nobreza, nas províncias para servir em suas milícias.
Turnbull (1996, p. 11) aponta que antes da fama do samurai como incrível espadachim,
manejando sua "lendária" catana, algo que surge bem depois, os primeiros samurais
essencialmente eram uma infantaria leve, armada com arco e lança. As vezes para a
batalha, levavam também uma espada, a qual ainda não era a famosa catana.
À medida que o samurai foi se profissionalizando na arte da guerra, ele aprimorou suas
habilidades, não apenas como espadachim, mas na luta desarmada, no arco e flecha,
na luta com lança e no uso de armas de fogo a partir do século XVI. O treinamento dos
samurais variou com o tempo, se pensarmos que eles agiram continuamente ao longo
de sete séculos, todavia, algumas habilidades básicas foram mantidas:
Luta desarmada (taijutsu)
Luta com espada (kenjutsu)
Arte de desembainhar a espada (iaijutsu)
Luta com bastão (jojutsu)
Luta com lança (sojutsu)
Luta com naginata (naginatajutsu)
Equitação (bajutsu)
Treino com arco (kyujutsu)
Treino com arma de fogo (hokajutsu)
Refinamento espiritual (seishin teki kyoyo)
Nos séculos X ao XII, fase da formação dos samurais como uma força militar específica,
o recrutamento ocorria basicamente de duas formas: a primeira dizia respeito a
convocação de homens para servir na capital Kyoto, os quais se alistavam para formar
a guarda dos nobres, a guarda palaciana, a guarda policial da cidade e compor as
tropas de reserva. Nessa época, no século X, usava-se o termo samurai para se referir a
esses recrutas que iam servir na capital (TURNBULL, 2003, 13). A segunda forma de
recrutamento era particular, neste caso, o samurai era recrutado para formar a milícia
de algum nobre, aristocrata ou senhor.
No século XI e XII, esse recrutamento se manteve, pois os samurais ainda não eram
uma classe guerreira, como também as famílias samurais ainda estavam em
desenvolvimento. Nesse período duas famílias samurais se destacavam: o clã
Minamoto e o clã Taira, os quais se confrontaram de 935 a 1185, várias vezes,
mantendo uma rivalidade de mais de duzentos anos. (BRYANT, 1989, p. 7).
Nos séculos XIV ao XVI, verdadeiros exércitos samurais seriam formados, compostos por
milhares de guerreiros, auxiliados pelos ashigaru (soldado de infantaria leve), os quais
formavam o grosso dos exércitos samurais. Muitas famílias samurais tornaram-se tradicionais,
referências por seus descendentes dedicarem-se a arte da guerra ao longo de gerações, como
também apresentavam-se como referências de honra e lealdade, e até mesmo de autoridade e
poder (TURNBULL, 2007, p. 24). Nesse período também se destacou a participação de
samurais mulheres em guerras entre 1574 a 1590 (TURNBULL, 2010, p. 6).
No século XVII e XVIII, com a diminuição das guerras, o recrutamento massivo caiu, no entanto,
as linhagens samurais ainda se mantiveram, ao mesmo tempo em que as guerras tivessem
diminuído, ainda havia grande procura pelas escolas marciais (GREEN, 2001, p. 190). Parte dos
samurais tornaram-se professores, outros ainda continuaram a servir no exército, outros
migraram para o funcionalismo público, alguns se tornaram monges, poetas, escritores; alguns
mais influentes receberam terras, mas a maioria teve que procurar um senhor para servir em
sua guarda ou em suas terras. Em outros casos, alguns tornavam-se ronin (samurai sem
mestre), vagando pelo país, atrás de duelos, aventura, etc.
Na segunda metade do século XIX, quando foi criado o exército nacional, muitos samurais que
estavam desempregados ou não se acostumaram com a vida civil, ingressaram nas forças
armadas, mas o prestígio social não era mais o mesmo. Algumas pessoas consideravam os
samurais de baixa estirpe como encrenqueiros e representantes de um legado decadente.
Comecemos pela vestimenta militar. Enquanto os shinobis usavam uniformes simples na cor
preta, marrom, cinza e talvez em outros tons; e por sua vez, adotavam trajes leves, o que
contribuía para a mobilidade e o sigilo, usando as vezes uma armadura leve, os samurais usavam
desde armaduras leves a armaduras pesadas, coloridas e capacetes bem adornados, alguns até
extravagantes.
As armaduras dos samurais eram chamadas de ô-yoroi ("grande armadura"), surgida no século
X, e em voga até o século XIV, foi principalmente usada pelos samurais comandantes ou
samurais cavaleiros. A armadura era bastante pesada, chegando a pesar de 20 a 30 kg. Devido
ao fato dos comandantes se moverem a cavalo ou lutarem sobre estes, eles compensavam a
falta de mobilidade das armaduras e seu excessivo peso, além de que os samurais cavaleiros,
essencialmente lutavam com arco e flecha, o que garantia distância do inimigo. (TURNBULL,
2000, p. 95).
Kubi bukuro: "saco de cabeça" usado para se colocar a cabeça do inimigo. Alguns
samurais decapitavam seus oponentes e os levava até seu mestre;
Shiko: aljava;
Quando um samurai não estava em guerra ou treinando, ele realizava outras atividades, as
quais variavam principalmente de acordo com sua condição social. Os primeiros samurais
eram essencialmente camponeses, recrutados para servir por alguns meses ou por poucos
anos na capital, ou convocados para servir na tropa de um senhor por tempo indeterminado.
Eles ainda não eram guerreiros profissionais.
No século XIII, temos samurais exercendo atividades administrativas e burocráticas, mas isso
era reservado para samurais de condição social mais elevada ou que ganharam a confiança dos
xoguns ou de outros samurais que pertenciam a aristocracia ou nobreza. Estes samurais
também cuidavam de assuntos políticos.
No século XVIII, o Hagakure expressa vários aspectos do cotidiano dos samurais, e neste caso,
como consistia num período de paz, muitos samurais já não tinham guerras para lutar, e
acabavam tendo mais tempo livre, e assim alguns se dedicavam a religião, aos estudos, as
artes, política, comércio, agricultura, etc., uns se tornaram ronins, e viajavam atrás de
aventura ou de problemas. Miyamoto Musashi passou vários anos nessa vida como ronin,
desafiando outros samurais, a fim de provar que era o melhor espadachim do Japão. No que se
refere aos samurais mulheres, estas estavam ligadas as funções de dona de casa, esposa e
mãe, já que praticamente os homens não cuidavam de afazeres domésticos naquele tempo.
Considerações finais:
Após a Rebelião de Shimabara (1637-1638) ter sido violentamente reprimida, tendo ocorrido
verdadeiros massacres, uma era de paz se assentou sobre o Japão. A política de isolamento
dos Tokugawa, cortou gradativamente laços com outras nações. Os portugueses e espanhóis já
havia sido banidos, os holandeses seriam proibidos de retornar ao país na década de 1640. Os
chineses e coreanos reduziram drasticamente seus contatos comerciais com os japoneses.
Com o término das grandes guerras, os exércitos diminuíram e muitos ex-soldados voltaram a
vida civil.
A partir do século XVII começaram a surgir contos folclóricos sobre histórias prodigiosas e até
mesmo fantásticas sobre ninjas e samurais. O bushido foi formalizado no final do XIX, baseado
em alguns livros de samurais do Xogunato Tokugawa, havendo dúvidas de quão antigo seria
esse código. O ninjutsu ainda continuou a ser ensinado. Ninjas continuaram a serem treinados,
embora se desconheça suas ações nessa época. A segunda metade do século XVII, passando
por todo o século XVIII e chegando ao século XIX, o país não vivenciaria grandes conflitos,
apenas questões pontuais e esparsas.
De qualquer forma vimos que os shinobis e samurais não eram guerreiros com habilidades
sobre-humanas e mágicas, embora algumas lendas contassem isso; mas eram homens e
mulheres altamente treinados em diferentes forma de guerrear. Por outro lado, ninjas e
samurais não eram inimigos mortais como a literatura e outras artes acabaram perpetrando,
mas essencialmente eram guerreiros que "serviam", logo, não foi incomum ver samurais e
shinobis como aliados em guerras, como no caso da Batalha de Sekigahara, no Cerco de Osaka
e na Rebelião de Shimabara. Por outro lado, também não foi incomum que samurais
requisitassem o serviço de ninjas para seus próprios interesses, além de haver escolas de
samurais que lecionavam ninjutsu a eles, e até samurais que chegaram a usar armamento
ninja. Além do mais curioso, o fato de que houve samurais que eram também shinobis, como
Hattori "Oni" Hanzô.
Não obstante, devido a natureza sigilosa e secreta das atividades dos shinobis, pouco se
conhece de suas ações ao longo da História, inclusive suas origens ainda hoje não são certezas,
e estão em voltas em lendas e suposições equivocadas, pois não podemos considerar que todo
assassino secreto tenha sido um shinobi. Logo, credita-se que eles tenham surgido por volta do
século XV e já estavam participando da tumultuosa e sangrenta fase do Sengoku jidai.
Essencialmente, as atividades dos ninjas e dos samurais em meados da Idade Moderna, foram
reflexos do estado de guerra pelo qual o Japão passava. Um estado tão caótico, no qual a
honra e a trapaça, lutaram juntos.