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Katana 刀

É uma tradicional espada japonesa que foi usada pelos samurais do Japão antigo e
feudal. A katana é caracterizada por: uma lâmina curva de um único fio, com uma
guarda (tsuba) circular ou esquadrada e um cabo longo para acomodar duas mãos.
Apesar dos samurais terem desenvolvido tradicionalmente a esgrima usando uma
espada manejada pelas duas mãos juntas existem estilos de kenjutsu que possuem
técnicas com ambas as espadas ao mesmo tempo.
A Katana era muito mais do que uma arma para um samurai: era a extensão de seu
corpo e de sua mente. Forjadas em seus detalhes cuidadosamente, desde a ponta, até
a curvatura da lâmina eram trabalhadas totalmente a mão. Assim, os samurais
virtuosos e honrados faziam de sua espada uma filosofia de vida. Para o samurai, a
espada não era apenas um instrumento de matar pessoas, mas sim uma forma de
fazer a justiça e ajudar as pessoas. A espada ultrapassava seu sentido material;
simbolicamente, era como um instrumento capaz de "cortar" as impurezas da mente.
Havia ainda um sabre pequeno, chamado tantô, que era utilizado não apenas para
combates, mas também para o ritual do haraquiri (suicídio honroso).
Estilos de Katana

Aikuchi: O aikuchi é uma forma de koshirae (elementos que constituem a montagem


da espada como um todo) para pequenas espadas em que o punho e a bainha se
encontram sem uma guarda entre eles. A palavra significa literalmente ai ("reunião") +
kuchi ("boca; abertura"), em referência à forma como o punho se encaixa diretamente
na bainha. Originalmente usado no koshigatana (um precursor do wakizashi) para
facilitar o uso próximo com armadura, tornou-se um estilo de montagem de classe alta
para um tantō (literalmente, "espada pequena", hoje considerado como um punhal)
do período Kamakura em diante.
Kodachi: é a tachi curta, com lâmina que mede mais de 1 shaku e menos de 2 (entre
30 e 60 cm).
Tanto: arma de corte cujo comprimento da lâmina seja inferior a 1 shaku (30,3
centímetros). Em alguns períodos da história do Japão, alguns samurais utilizavam-no
em conjunto com um tachi ou substituindo o wakizashi no daisho. As mulheres
também costumavam carregar uma adaga conhecida como kaiken para autodefesa.
Chisa-kataná: é uma kataná média, medindo entre 60 e 70 cm (um pouco mais longo
que a wakizashi, mas mais curto que a kataná).
Wakizashi: é a kataná curta, medindo de 30 a 60 cm. O wakizashi era o par curto da
katana. Desenvolvido para ser um complemento do sabre longo, o wakizashi era usado
em combates em florestas e castelos - onde o comprimento da katana prejudicava a
movimentação - ou em técnicas com duas espadas.
Kataná: espada curva com ponta em forma de cunha, empunhadura longa para duas
mãos e lâmina comprida com corte unilateral, medindo em média de 60 a 70 cm,
podendo ser mais longa. Ideal para rápidos golpes de corte e resistente.
No- Dachi: também conhecida como espada de três mãos e usada geralmente a
cavalo, essa arma de corte é significativamente maior que a Katana e a Tachi e sua
lâmina pode alcançar 3 shaku (90,9 centímetros).
Nagamaki: A Nagamaki era uma espada longa que podia chegar até 60 cm ou mais e
um cabo aproximadamente igual ao tamanho da lâmina. A lâmina era de um único
gume, semelhante a lâmina naginata, mas seu cabo (tsuka) da nagamaki não era um
simples pedaço de madeira como na naginata; era mais semelhante ao cabo de uma
katana. Inclusive o nome “nagamaki” (“Longo invólucro”) é dado pela tradição de
embrulhar o cabo. O cabo da nagamaki era enrolado com couro ou seda de forma
cruzada, bem similar ao da katana. A nagamaki é teorizada ser uma evolução das
extremamente longas espadas õdachi e nodachi que são descritas na literatura do
século quatorze em fontes pictóricas
Kenjutsu

Em tradução literal: "Técnica da Espada", é a arte marcial japonesa clássica do


combate com espadas. O Kenjutsu é a arte de combate com espadas, criada pelos
Samurais no Japão feudal. Hoje é a arte que transmite mais fielmente os ensinamentos
dos samurais em nossos dias, mantendo viva uma tradição iniciada há 600 anos.
Com o passar dos séculos surgiram centenas de estilos de Kenjutsu, muitos deles
existentes ainda hoje. Estas escolas (em japonês ryu), conservam as técnicas de seus
fundadores na forma de kata, seqüências de movimentos em combate que visam
preparar os praticantes para todas as situações que encontrará no combate.
Para o treino de combate, os praticantes contam com armaduras de proteção
chamadas bogu e espadas de bambu, shinai. Estes equipamentos possibilitam que
pratiquem as técnicas sem o risco de ferimentos. Com a segurança destes
equipamentos, todo o combate segue da mesma forma que na época dos Samurais. Os
mesmos golpes que eram capazes de encontrar os pontos fracos da armadura, as
mesmas posturas de luta, os mesmos estudos de estratégia e, sobretudo, a mesma
influência do Bushido.
Estilos de Kenjutsu

Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu


É considerado o estilo mais antigo de todo o Japão e é a única tradição marcial a ser
reconhecida como bunkasai (tesouro cultural nacional) pelo governo japonês. Foi
fundado em por Iisaza Choisai, da província de Chiba. Além do kenjutsu (espada longa,
curta e duas espadas), ensina uma ampla gama de outras técnicas, como iaijutsu,
bojutsu, naginatajutsu, shurikenjutsu, sojutsu e jujutsu.

Hyoho Niten Ichi Ryu


Hyoho Niten Ichi Ryu foi fundado na primeira metade
do século XVII por Miyamoto Musashi (1584-1645).
Essa técnica utiliza movimentos econômicos, sem
espalhafatoso ou movimentos inúteis. Os golpes são
exatos, e a distância exata e sem desperdício
movimento. O bokken utilizado em Niten Ichi Ryu
segue um modelo feito pelo fundador do estilo e que
existe ainda em nossos dias.
O Hyoho Niten Ichi Ryu possui técnicas com duas
espadas, espada longa, espada curta e bastão.

Kashima Shinden Jikishinkage Ryu


A Kashima Shinden foi criado por Matsumoto
Bizenno-Kami Naokatsu.

Kashima Shinto Ryu


Criado por Tsukahara Bokuden. É um estilo que ainda hoje é praticado pelos
sacerdotes xintoístas e seu representante atual é de uma das mais tradicionais
linhagens de sacerdotes xintoístas da região de Kashima, em Ibaraki. Suas técnicas
possuem profunda influência xintoísta e supõem combate com armaduras.

Ono-ha Itto Ryu


Estilo derivado do Itto Ryu criado por Itto Itosai. Foi criado por seu discípulo, Ono
Jirouemon Tadaaki durante o período Edo. Foi um dos estilos oficiais do xogunato
Tokugawa.
Pratica do Kenjutsu

O treinamento de kenjutsu varia de acordo com o estilo em questão. Na maior parte


dos estilos o treinamento se baseia em katas (formas pré-arranjadas). Em alguns
estilos, a prática dos katas é complementada por treino de luta utilizando
equipamentos de proteção.
No treinamento de katas, normalmente, é utilizada uma espada de madeira
semelhante a uma katana, chamada bokken ou bokuto. Cada estilo de kenjutsu
costuma impor medidas específicas de comprimento, largura e curvatura para o seu
bokuto.
Já no treinamento de luta, os dojos que o fazem utilizam alguma forma de proteção
para evitar lesões graves. A maior parte utiliza o mesmo equipamento de proteção do
kendo, composto por bogu (armadura) e shinai (espada de bambu). Outro
equipamento que também pode ser utilizado para lutar é o fukuro-jinai, uma espada
semelhante à shinai do kendo, mas com o mesmo comprimento que uma katana e
construído a partir de várias tiras de bambu cobertas por um revestimento de couro.
Alguns estilos praticam também corte (tameshigiri e suemonogiri) com shinken(espada
de metal com corte).
Cabe lembrar que cada estilo tem características próprias de treino. O praticante já
começa o combate com a espada desembainhada. Em alguns estilos, como por
exemplo o Niten Ichi Ryu, existem técnicas específicas para a utilização de duas
espadas, uma em cada mão.
O kenjutsu é uma disciplina física, mental e espiritual; para a sua prática é necessário o
equilíbrio entre corpo e mente, mais do que força física e vigor. Os ensinamentos mais
profundos do kenjutsu possuem um teor filosófico bastante forte.
Ninjas e Samurais

Antes de falarmos sobre os ninjas e samurais é preciso apresentar o contexto histórico


pelo qual o Japão passava, para que assim possamos entender o papel desses dois
tipos de guerreiros e suas ações naquela sociedade, cultura, política e arte da guerra.

Convenho-se no Ocidente chamar o período que vai do século XII ao XIX, da história
japonesa como sua época feudal devido ao fato de que neste longo período da história
japonesa, o imperador perdeu sua autoridade política e militar, sendo essa transferida
para os xoguns, e por sua vez, clãs poderosos e outros emergentes começaram a se
digladiar entre si, criando uma profunda divisão entre as províncias e os feudos. Por
tais características das quais algumas se assemelham ao feudalismo europeu, optou-se
em se empregar o termo feudalismo para os japoneses também.
A origem dos shinobis:

Os ninjas ficaram conhecidos na história e na cultura pop como habilidosos guerreiros,


especialistas em artes marciais, os quais empregavam táticas de batalha não
convencionais envolvendo armadilhas, emboscadas, espionagem, sabotagem, disfarce,
invasão e assassinato. Os ninjas ficaram conhecidos como um grupo de assassinos
especializados que usavam um uniforme preto, os quais eram temidos e respeitados
por suas habilidades, as vezes "sobre-humanas" ou "mágicas". No entanto, isso é a
lenda. Qual é a história real?
Stephen Turnbull (2007, p. 144), especialista em história militar japonesa, diz que os
shinobis surgiram a partir de dois tipos de guerreiros: o espião e o mercenário, e
ambos os tipos já eram bem antigos no Japão. A ideia de que a espionagem nasceu
com os ninjas, não é verdade. Séculos antes deles aparecerem por volta do século XV,
já havia espiões (sekko) e missões de espionagem (kancho). Não obstante, no que diz
respeito aos mercenários, não havia um exército nacional no Japão, mas sim milícias e
depois exércitos provinciais, subordinados a daimiôs (senhor feudal) e outros
samurais. Nesse caso, fazia-se necessário o recrutamento de mercenários para compor
as frentes de batalha, ou para exercer atividades de espionagem, sabotagem,
sequestro e assassinato.

Gravura do século XIX, retratando Hino


Kumawaka, o qual segundo algumas versões,
teria inspirado os shinobis. Kumawaka viveu
no século XIV, tendo sido conselheiro real do
imperador Go-Daigo. Quando descobriu um
plano para se matar o monarca, Kumawaka
decidiu matar o assassino antes que ele
cometesse o crime. Segundo a história,
durante a fuga, ele usou um bambu para
saltar sobre um rio.
Tradicionalmente alega-se que os ninjas
surgiram em Iga (atual prefeitura de Mie). No
mapa pode-se ver também Kyoto, a antiga
capital; e Tóquio, a atual capital. Percebe-se
que a proximidade de Iga para Kyoto, marcou
principalmente a área de atuação dos shinobis
daquela região, devido a proximidade com a
capital, embora como o país estava
politicamente dividido, as operações dos
shinobis ocorriam em vários outros locais.

Em meados do século XV, eclodiu em 1467 a Guerra de Onin, a qual lançou o país
numa série de conflitos, ao ponto de lançar o Japão numa violenta guerra civil que
durou pelo menos cem anos. A autoridade do Xogunato Ashikaga foi desafiada por
vários daimiôs e isso gerou uma divisão territorial no país, onde províncias começaram
a se rebelar e a atacar umas as outras. Alianças militares e políticas se faziam
necessárias, mas ao mesmo tempo, também eram perigosas, pois não raramente
traições banhavam de sangue algumas reuniões. E neste período turbulento, o qual
ficou conhecido como Sengoku ("país em guerra", "país dividido", "guerras feudais"),
os ninjas apareceram.

O surgimento dos ninjas é um mistério, pois não se sabe realmente quando eles
começaram a operar no século XV, pois hoje historiadores contestam a versão de que
Iga e Koga tenham sido o centro de origem desse grupo de guerreiros, embora se saiba
que de fato havia grupos operando nas regiões e até mesmo com sede em Iga, como
atestam alguns relatos da época. Não obstante, devido a efervescência do estado de
guerra que o Japão vivenciava, se fazia necessário estar pelo menos dois passos a
frente de seus inimigos, daí a necessidade de espioná-los, roubar informações, sabotar
armamentos, depósitos; incendiar mantimentos, sequestrar homens importantes ou
membros de sua família para negociar resgates, tréguas, etc., ou assassinar os
adversários e desestabilizar a ordem deles. (TURNBULL, 2004, p. 9).
A formação do shinobi:

a) Habilidades essenciais:
Vimos que os shinobi "surgiram" em meados do século XV, e já estavam envolvidos na
Guerra de Onin (1467-1477), e que ainda hoje, a cidade de Iga (antiga província),
reivindica como sendo o berço de origem dos shinobi.
As técnicas de batalha dos shinobi ficaram conhecidas como ninjutsu, embora não se
saiba quando essa arte marcial tenha surgido, pois lendas permeiam suas origens,
remontando seu início antes do século XV. De qualquer forma, no século XVII, eram
reconhecidas três escolas (ryûha) principais: Iga-ryû, Koga-ryû e Kishû-ryû. Estas
escolas originaram-se no século XV, e eram conhecidas por serem as referências no
treinamento da arte do ninjutsu (GREEN, 2001, p. 354).
Para além da habilidade de luta desarmada, o shinobi aprendia a lutar com espadas,
arco e flecha, lança e outros tipos de armamentos. Ele também era ensinado a andar,
prender a respiração, escalar, correr por diferentes terrenos; andar sorrateiramente,
evitando fazer barulho; aprendia cavalgar, preparar veneno, preparar medicamentos;
fazer explosivos; usar disfarces; usar camuflagem; técnicas de espionagem e
sabotagem; técnicas de estratégia; aprendia a ler, contar, informações sobre geografia,
topografia, meteorologia, etc. Como se tratava de um guerreiro que exercia várias
funções, diferente dos samurais os quais
basicamente lutavam a guerra convencional
ou realizavam escoltas e vigilância, o
shinobi, era treinado em distintas
habilidades. (GREEN, 2001, p. 355).

Gravura do século XIX, do Hokusai manga (vol. 6, c. 1817),


retratando um shinobi escalando por uma corda.
Algumas habilidades treinadas pelos shinobis. 1) equilíbrio. 2)
prender o fôlego debaixo d'água. 3) treino de ataque e de
esquiva. 4) arremesso de shuriken. 5) fabricação de explosivos. 6)
instruções do mestre (sensei). 7, 8 e 9) técnicas para se subir
muros rapidamente. 10) salto com lança. Ilustrações de Wayne

No século XVII, época que se conhece os mais antigos livros e manuais sobre ninjutsu,
a escola Togakure-ryû, em Iga, estabeleceu 18 disciplinas de estudo para o ninjutsu,
sendo que algumas destas disciplinas ainda hoje são ensinadas. (WILHELM; ANDRESS,
2011, p. 10).
1. Refinamento espiritual (seishin teki kyoyo)
2. Combate desarmado (taijutsu)
3. Arte da espada (kenjutsu)
4. Arte do bastão (bojutsu)
5. Arte da shuriken (shurikenjutsu)
6. Arte da lança (yarijutsu)
7. Arte da naginata (naginatajutsu)
8. Arte da kusarigama (kusarigamajutsu)
9. Arte dos explosivos (kayakujutsu)
10. Arte do disfarce (hensojutsu)
11. Arte da furtividade (shinobi-iri-jutsu)
12. Equitação (bajutsu)
13. Treino aquático (sui-ren)
14. Estratégia (bo-ryaku)
15. Espionagem (cho bo)
16. Escapismo (intonjutsu)
17. Meteorologia (ten-mon)
18. Geografia (chi-mon)
b) Recrutamento e escolas:

Quanto ao "recrutamento" dos shinobis,


isso é algo que não se sabe ao certo como
era feito. A ideia de que apenas órfãos
seriam recrutados, não é totalmente
verídica, pois se conhece história de famílias
de shinobis, as quais pelo menos três
gerações estiveram envolvidos com estas
atividades (WILHELM; ANDRESS, 2011, p.
Hattori "Oni" Hanzô, samurai e shinobi. 11). Por outro lado, Turnbull (2003, p. 12)
lembra que na cultura japonesa, as artes
marciais são algo geralmente legado de pai para filho, e esse contexto familiar
eram bastante presente na época feudal. Embora que havia casos dos filhos
fossem enviados para serem treinados e educados por mestres (sensei). Neste
aspecto, Willhelm e Andress (2011, p. 11) assinalam que muitos shinibos, teriam
pertencido a famílias de ninja, as quais construíram uma tradição nisso. As
escolas shinobi parecem ter se tornado mais comuns, apenas no século XVII em
diante.

Como os shinobis eram mercenários na maioria das vezes, acredita-se que eram
pertencentes a classe baixa, filhos de agricultores, pescadores, pequenos
comerciantes, sacerdotes, artesãos, servos, etc. Porém, sabe-se que homens de
origem mais elevada e até mesmo samurais, treinavam ninjutsu ou tiveram suas
escolas.

Não obstante, não se sabe como as escolas de shinobi operavam exatamente,


além disso, a ideia de que elas ficassem em locais escondidos, não era uma
certeza. Uma das escolas era a Nakagawa-ryû, localizada na Província de Metsu,
e em meados do século XVII, era uma das principais escolas shinobis da região, e
curiosamente foi fundada por um samurai, Nakagawa Shoshunjin, o qual legou
aos seus filhos a escola, a qual treinava samurais na arte do ninjutsu (TURNBULL,
2003, p. 12).

Outro caso, bem mais conhecido dizia respeito a Hattori Hanzô (1541-1596),
samurai vassalo do clã Tokugawa, foi para a guerra aos 16 anos, lutou nas
importantes batalhas de Udo (1557), Anegawa (1570) e Mikata Hagara (1572).
Sua violência no campo de batalha lhe rendeu a alcunha de Oni-Hanzô "Demônio
Hanzô". No entanto, o que destaca aqui é o fato de que além de ter sido samurai,
Hattori era também um shinobi. O Clã Hattori de Iga, treinou vários ninjas ao
longo de três gerações pelo menos. Normalmente Hattori é mais lembrado como
sendo um samurai, mas ele possuía uma ryûha de ninjas, além de ter sido um
jonin. (TURNBULL, 2003, p. 12).
c) Vestimenta, equipamentos e armamento:

Os mais antigos manuais sobre ninjutsu conhecido, datam do século XVII, antes
disso, encontram-se fragmentos de outros escritos. O Ninpiden ("Lendas dos
ninjas secretos"), consiste numa coletânea de textos de histórias, contos e
manuais sobre técnicas de combate e treinamento, tendo sido escrito por
Hattori Kiyonobu, em 1655. O segundo livro é o Bansen shûkai ("Dez mil rios
fluíram para o mar"), redigido por Fujibayashi Yasutake, e concluído em 1675,
após dez anos de estudo. O terceiro livro é o Shôninki ("Registros do verdadeiro
ninjutsu"), de Fujibayashi Masatake, em 1681, consistindo no livro mais
conhecido sobre ninjutsu (GREEN, 2001, p. 358).

O Bansen shûkai dizia que um shinobi deveria saber escolher bem seus
equipamentos, e isso dependeria o objetivo da missão, o risco, os obstáculos
que poderiam haver; a distância a ser percorrida e o tempo que a missão
poderia demorar. Se um shinobi levasse muitos equipamentos, isso o deixaria
lento, ou se não soubesse escolher as ferramentas certas, isso poderia se
tornar um problema para ele. Todavia, o Bansen shûkai, recomendava seis
ferramentas básicas: chapéu de palha, corda (com o sem gancho), lápis,
medicamento, toalha pequena (tenugui) e uma pederneira (tsuketake). Caso a
viagem demorasse, o ninja levaria água e alimento seco (GREEN, 2001, p. 359)
Na ilustração, Stephen Turnbull apresenta os seis acessórios básicos do shinobi, como
comentado no Bansen shûkai, mas complementa com outros equipamentos:

1. Sandálias (waraji): consistiam em sandálias especiais, sendo leves, macias e


que tinham flexibilidade, como o fato de que o dedão podia se mover
independente do demais dedos, pois ajudava na hora de ter que escalar;
2. Capuz: pedaço de tecido que lembra uma pequena camisa, mas que eram
envolto na cabeça, para ocultar a face do shinobi.
3. Espinhos (tetsu bishi): usados para atrasar os perseguidores, os quais
espetariam os pés;
4. Shuriken: lâminas em formato de "estrela", usadas em curtas distâncias para
causar danos leves, caso os adversários estivessem sem armadura. Dificilmente
matava alguém. Mas poderiam perfurar olhos;
5. Corda com gancho (kaginawa): uma das cordas padrões usadas para escalar;
6. Chapéu de palha (amekusa): chapéu de palha comum, usado para se proteger
do sol e da chuva.
7. Toalha (tenugui): distintos usos;
8. Porta-pólvora (uchitake): usado para se acender fogueiras ou para causar
algum incêndio. O recipiente de bambu era impermeável. O shinobi também
costumava carregar uma pederneira junto, para fazer fogo;
9. Porta-
remédios (inro):
recipiente de bambu,
no qual se guardava
extratos, poções,
antídotos, etc.
10. Lápis (seki hitsu):
usado para fazer
anotações, deixar
mensagens para
companheiros, deixar
informações de
ameaça, informações
erradas, calcular,
desenhar, etc.

Principais acessórios de um shinobi. Ilustrações de Wayne Reynolds. Fonte:


TURNBULL, Stephen. Warriors medieval Japan, 2007, p. 158
Além destes equipamentos e acessórios gerais, os shinobis também dispunham de
outros, os quais os auxiliavam em distintas atividades, como se pode ver na imagem
abaixo, a qual representam oito tipos de equipamentos shinobis:

1. Ganchos de escalar (uchikagi): como o próprio nome sugere, tratavam-se de


ganchos de ferro, os quais lembram os martelos usados por escaladores e
alpinistas. Todavia, tais equipamentos também poderiam ser usados como arma;
2. Dispositivo de escuta (saoto hikigane): um cilindro simples de metal, mas oco, o
qual era colocado diante de portas, paredes, cercas, divisórias, etc., o que
permitiam amplificar o som e os
ruídos;
3. Ferramenta de
arrombamento (tsubogiri): consistia
numa ferramenta com duas pontas,
as quais eram usadas normalmente
para se arrombar frestas de cercas,
portas, janelas ou de divisórias de
paredes, lembrando que muitas casas
de nobre, a divisória das paredes era
feita de madeira ou com papel de
parede;
4. Serra (shikoro): uma serra
dobrável, o que a tornava compacta e
mais fácil de ser transportada.
Geralmente era usada para se serrar
janelas e portas.
5. Kunai: tipo de adaga com
lâmina grossa, ponta dura e gume nos
dois lados. Poderia ser usado como
arma, mas também era empregado
para se quebrar madeira, e até
mesmo escavar a argamassa de muros, para remover pedras;
6. Kunai com corrente (kusarigama ou shinobi-gama): consistia numa lâmina em
forma de pequena foice, acoplada a uma corrente com um peso na outra ponta,
o que ajudava a equilibrar a arma, quando movimentada e arremessada.
Dependendo da habilidade do shinobi, a kusarigama poderia ser mortal. Ela
permitia que o ninja não apenas efetuasse ataques rápidos e a distância, mas
também poderia ser usada para amarrar e imobilizar o oponente;
7. Soqueira e sapato de escalar (tekken): ambos possuíam espinhos que auxiliavam
a escalar-se muros ou terrenos rochosos. Todavia, a soqueira poderia ser usada
como arma também;
8. Garras (hokude): outro equipamento para se escalar, embora também pudesse
ser usado como arma.
Quanto ao traje preto, o qual se popularizou, necessariamente eles não o usavam toda
a vez. Turnbull (2003, p. 16-17) aponta que pouquíssimas imagens antigas de shinobis
são conhecidas, muito da representatividade dele que se tem, surgiu no século XVIII e
XIX. Inclusive ele salienta que a imagem mais antiga de um ninja vestido de preto,
conhecida, data do começo do século XIX. Porém, não se pode descartar que
eventualmente em missões noturnas, eles usassem preto.

Gravura de um shinobi atravessando o fosso de um castelo, por uma corda, durante à noite. Cerca de 1801. Fonte: TURNBULL,
Stephen. Ninja AD 1460-1650, 2003. p. 12. Considerada a representação mais antiga de um ninja vestido de preto.

Green (2001, p. 359), diz que os shinobis só se vestiam com uniforme preto em
missões noturnas ou quando estavam na escola, mas em missões de dia ou mesmo de
noite, mas onde houvesse luminosidade alta, era preferível usar roupas em tom de
marrom ou de cinza, pois ajudava mais na camuflagem do que o preto. Além disso, ele
lembra que os ninjas eram treinados também para se disfarçarem. Inclusive até
mesmo em missões noturnas, eles poderiam estar disfarçados.
No que se refere ainda ao traje dos shinobis, eles usavam roupas leves, dependendo
do objetivo da missão, pois um traje leve era mais útil caso tivesse que nadar, escapar
a pé, escalar e se movimentar em locais apertados e sorrateiramente, pois armaduras
tendem a chacoalhar. No entanto, em missões que se requeria combate direto, e se
dispensava a furtividade, o shinobi poderia usar uma armadura leve como vista na
figura abaixo.

Fotografia de uma armadura leve shinobi. Museu


Histórico de Kyoto. Fonte: TURNBULL, Stephen.
Ninja AD 1460-1650, 2003. p. 16.

Na armadura acima nota-se semelhanças com outros trajes militares usados no Japão,
como no caso da couraça de placas, normalmente feita de couro cozido ou de couro
cru. Embora que no século XVII e posteriormente, se encontrem couraças revistadas
com placas de metal ou até de aço, devido ao uso de armas de fogo no campo de
batalha, embora que essas começaram a serem usadas ainda no século XVI. Porém,
outra característica que se destaca na roupa do ninja era sua simplicidade, pois como
veremos, as armaduras samurais eram mais coloridas, e eles também usavam
máscaras e capacetes com chifres.

Mas como dito, os shinobi eram treinados para se disfarçarem. Houve casos de
samurais que se disfarçavam, mas a conduta de honra deles, normalmente presava
para não fazerem isso, pois estavam sendo desleais. Mas no caso dos shinobis, eles
geralmente se vestiam de monges, pois geralmente você não desconfia de um monge.
Assim, encontram-se relatos de ninjas vestidos de komusô (tipo de monge que usava
um cesto na cabeça) ou de yamabushi ("monge da montanha"). Mas além dos clérigos,
os shinobis também se disfarçavam de agricultores, pescadores, soldados, serviçais,
artesãos, músicos, dançarinos, etc.
KUNOICHI - Mulher Ninja
Kunoichi, na linguagem antiga dos
Ninja, era a palavra usada para referir-
se a mulher Ninja. Na verdade, o termo
era utilizado quando se empregava
uma mulher para executar uma missão
na qual seria utilizado o Ninjutsu, dizia-
se então “técnica da mulher Ninja” ou
Kunoichi Jutsu.
Kunoichi é a fragmentação do kanji de
mulher, não tendo significado próprio,
formando uma espécie de código.
único registro histórico de uma
Kunoichi está atrelado ao nome de
Chiyome Mochizuki, uma mulher que
seria originária da região de Koga e que
esposou Moritoki Mochizuki. Quando
seu marido foi morto em guerra,
Chiyome Mochizuki fortaleceu Takeda
Shingen montando o Kai Shinano Miko
do Shuren Dojo, em que formava, de
forma disfarçada, um grupo de
guerreiros invisíveis aos olhos dos
homens: as Aruki Fujo, o grupo de
mulheres treinadas no Kunoichi Jutsu.

Popularmente as Kunoichi são relacionadas com a arte da sedução, mas é preciso


atentar que a sedução era apenas um dos subterfúgios que poderiam ser lançado para
que ela alcançasse sua missão.
A forma com que se ressalta o uso das técnicas Kunoichi concentradas apenas na
sedução é uma visão ocidental distorcida sobre as características femininas e sobre a
vida oriental. Se a Kunoichi fosse restringida apenas ao uso do sexo, não teria sido
necessário haver mulheres especializadas e treinadas por anos a fio em tantas
habilidades quanto às técnicas Ninja sugerem.
A Kunoichi estava sempre preparada tanto para o uso de habilidades pertinentes às
mulheres, como também para o combate corporal e armado comum aos homens.
Embora tivessem muitas peculiaridades, o seu aprendizado do Ninjutsu era igual ao
dos Ninja, mas sua mente, tipo de estratégia e vantagens, obviamente eram
diferentes.
As mulheres Ninja, além do Yuwaku no Jutsu (técnicas de sedução), eram treinadas
também em Doku no Jutsu (técnicas de envenenamento), Henso Jutsu (técnicas de
disfarce), no conjunto de armas e instrumentos próprios ao gênero feminino e ao seu
comportamento, como por exemplo, o combate adaptado às suas vestimentas
(pesados Kimono), adereços e aos seus calçados (zori ou geta). Mais que isso havia
também treino físico para combate corporal, Kunoichi Tai Jutsu, que diferenciava e
adaptava as práticas e estratégias do Shinobi Tai Jutsu (combate corporal do Shinobi).
A sociedade japonesa, nitidamente machista, não atribuía às mulheres qualquer tipo
de periculosidade, sendo sempre tidas como o gênero delicado, incapaz de grandes
atos de violência e geralmente subestimada mesmo em tomadas de decisões simples,
como registrado no livro Onna Dai Gaku (livro de regras e etiqueta da mulher
japonesa). Mais que isso, quando destoantes da sociedade, estando fora de seu papel
tradicional, por vezes eram abandonadas, direcionadas ao suicídio, conventos ou tidas
como doentes mentais. Essa concepção machista permitia que as mulheres pudessem
manipular situações, se deslocar transitando por diversos locais e se inserir em
contextos nos quais um homem jamais passaria despercebido.
No que se refere ao armamento dos ninjas, foi comentado que eles usavam para além das três
armas básicas: espada, arco e lança, outros tipos de armas. Agora passemos para ver algumas
destas suas armas.

 Shinobigatana ou Ninja-tô: espada padrão usada pela maioria dos shinobis. Sua lâmina
permitia ser usada para se forçar janelas e portas, a fim de arrombá-las. Também
poderia ser usada como ponto de apoio para se escalar o muro, pois o ninja amarrava o
punho por uma corda ao seu cinto ou na sua bainha;
 Ninja tanto: tipo de adaga. Poderia ser usada também para se forçar janelas e portas;
 Bo: bastão comum de madeira, usado principalmente como arma;
 Yari: tipo de lança;
 Naginata: tipo de lança com a lâmina maior, a qual além de furar, permitia também
cortar;
 Kusarigama: kunai em forma de foice acoplada a uma corrente com contra-peso;
 Kusarifundo ou manriki: corrente com dois pesos, um em cada ponta. Diferente da
kusarigama, não possuía uma lâmina. Era mais usado para incapacitar, desarmar e
imobilizar o oponente;
 Shoge: arma similar ao kusarigama, mas a lâmina era diferente, ao invés de ser em
formato de foice, era reta e possuía um ganho em um dos lados;
 Chigikiri: lembra uma maça com corrente, usada na Europa. Consistia num cabo de
bambu acoplado a uma corrente, com um peso cheio de espinhos;
 Fukiya: tipo de zarabatana feita de caniço, na qual se colocavam pequenos dardos,
geralmente envenenados, então se soprava para dispará-los. Era uma arma eficiente a
curtas distâncias e silenciosa;
 Shuriken: peças que variavam de forma desde um simples dardo a uma estrela de
quatro ou seis pontas. Eram usadas para serem arremessadas a curta distância;
 Nunchaku: consiste em dois bastões de madeira ou de ferro, presos um ao outro por
uma corrente;
 Yumi: arco e flecha;
 Happô: bomba de fumaça. Usada para distração;
 Kayaku: diferentes tipos de artefatos explosivos, que eram usados desde para causar
apenas barulho e fumaça, como para iniciar incêndios ou para causar uma explosão
forte a ponto de ferir gravemente ou matar;

Alguns equipamentos e armas usados pelos


shinobis. Nota-se vários tipos de ganchos com
cordas e escadas. Museu do Ninja de Iga
Ueno. Fonte: TURNBULL, Stephen. Warrrios
the Medieval Japan, 2007, p. 155.
d) A vida diária de um shinobi:

Os ninjas não passavam o tempo todo em missões, havia necessidade de


aprimorar o treinamento, estudar, descansar e principalmente, viver a sua vida.
Mas o que eles faziam quando não treinavam ou estavam em missão? Eles
seguiam com suas rotinas. Antes do século XX, o Japão era massivamente rural,
logo, grande parte da população vivia em aldeias, vilarejos e
nos shoen (feudos). A província de Iga, a qual defende ter sido o berço dos
ninjas, é uma região montanhosa, a qual na Idade Média e Moderna, era
povoada de aldeias e vilarejos, e muitos dos clãs shinobi que se conhece, viviam
nestas pequenas comunidades.

Logo, pelo fato de viverem em comunidade agrícolas, supõe-se que os shinobis


exercessem atividades relacionadas ao mundo rural, como plantar, cultivar,
lavrar a terra, construir ferramentas, casas, armazéns, coletar lenha, caçar,
pescar, criar animais, comercializar produtos, enviar mensagens, vigiar, etc. No
caso dos samurais, como veremos, eles exerciam outras atividades, algumas já
mencionadas, as quais estavam relacionadas a administração pública.

Representação de um vilarejo shinobi, na província de Iga. Ilustração de


Wayne Reynolds. Fonte: TURNBULL, Stephen. Warriors the Medieval
Japan, 2007, p. 170.
A origem dos samurais:

Como veremos, a história dos samurais é melhor documentada e estudada,


havendo com isso uma enorme quantidade de livros e outros trabalhos a
respeito, enquanto trabalhos (acadêmicos) sobre ninjas, são poucos devido as
dificuldades de se estudá-los, pela falta de material escrito e a própria natureza
das atividades deles, as quais prezavam-se pela discrição e anonimato. Mas no
que se refere aos samurais, primeiramente é preciso salientar que embora os
samurais tenham surgido séculos antes do Período Sengoku, a tradição samurai
foi mudando ao longo do tempo, logo, não podemos pensar no samurai do XVI,
como sendo igual ao do XII, como sendo igual ao do IX.

Para Stephen Turnbull (2005, p. 9), os


samurais surgiram no século X, pois
naquele século, já se encontram relatos
históricos de alguns líderes notórios, como
Taira no Masakado (c. 903-940), bisavô do
imperador Kanmu. Masakado pertencia ao
tradicional e importante Clã Taika, o qual
possuía ligações com a nobreza. De fato
ele pertencia a baixa nobreza, tendo
servido ao imperador por alguns anos em
data ainda não precisada. No entanto, em
931, o estadista Fujiwara Tadahira, como
recompensa pelos serviços de Masakado,
lhe deu terras ao norte, próximo do que Taira no Masakado (c. 903-940), considerado o
hoje é Tóquio. Masakado se mudou para lá e primeiro comandante samurai (935-940).
estabeleceu sua vida, no entanto, o fato dele ser
um Taika, acabou atraindo a atenção de um clã poderoso da região, os
Minamoto. Não se sabe ao certo, os motivos pelos quais Masakado entrou em
conflito com os Minamoto, pois em 935, tentaram matá-lo. Em resposta, ele
formou uma milícia e decidiu retalhar o ataque.

Além dos Minamoto, Taira no Masakado acabou fazendo outros inimigos como
Okiyo Okimi, Taira no Sadamori (parente seu) e Fujiwara Hidesato (político e
militar, primo de Tadahira). Além de lutar contra estes homens, Masakado
entrou em disputas de terra e políticas, envolvendo a província de Hitachi e
outros territórios vizinhos, o que levou a ser investigado e acusado pelo Estado,
por alguns crimes. Neste ponto, Masakado tornou-se um rebelde, pois negou-se
duas vezes a comparecer ao tribunal da corte para se explicar. Sua fama levou
ao surgimento de contos como o Shomonki, o qual narra de forma parcialmente
ficcional a "rebelião de Masakado". Nesta história e em outros contos é dito que
Taira no Masakado pretendia se proclamar "imperador". Foi morto em combate,
como um rebelde. (TURNBULL, 2005, p. 10).
Não obstante, o que pouca gente sabe é que havia samurais mulheres. Não
existe um termo específico para samurai mulher como kunoichi ("shinobi
mulher"), o que revela que o significado
da palavra samurai "aquele que serve",
era aplicado tanto a homens quanto a
mulheres. Todavia, é preciso salientar que
houve poucas mulheres samurais, mas
chegou haver tropas de mulheres as quais
até participaram de algumas batalhas.

As primeiras samurais mulheres que se


tem notícia data do século XII, sendo
Tomoe Gozen (c. 1157-1184), a mais
famosa samurai mulher daquela época,
tendo lutado nas Guerras Genpei (1180-
1185), onde veio falecer em combate.
Gozen, segundo os relatos, decidiu apoiar
os Minamoto na guerra, então
acompanhou Minamoto Kiso Yoshinaka
na Batalha de Awazu (1184), onde faleceu
em combate. Embora tenha morrido
prematuramente, o fato de uma mulher Tomoe Gozen. Considerada a primeira samurai mulher da História.
vestir uma armadura samurai e seguir ao
campo de batalha foi notável na época (TURNBULL, 2010, p. 9).

A presença de mulheres na guerra não era algo inédito, embora não fosse
regular, apenas eventualmente acontecia. Os relatos históricos apontam que nos
séculos anteriores ao surgimento dos samurais, houve casos de guerreiras e até
de tropas femininas, atuando em algumas batalhas.
a) Habilidades essenciais:

Como visto, os samurais num primeiro momento eram os recrutas que formavam a
guarda real e a polícia na capital imperial, ou os camponeses convocados pelos
senhores da aristocracia e da nobreza, nas províncias para servir em suas milícias.
Turnbull (1996, p. 11) aponta que antes da fama do samurai como incrível espadachim,
manejando sua "lendária" catana, algo que surge bem depois, os primeiros samurais
essencialmente eram uma infantaria leve, armada com arco e lança. As vezes para a
batalha, levavam também uma espada, a qual ainda não era a famosa catana.
À medida que o samurai foi se profissionalizando na arte da guerra, ele aprimorou suas
habilidades, não apenas como espadachim, mas na luta desarmada, no arco e flecha,
na luta com lança e no uso de armas de fogo a partir do século XVI. O treinamento dos
samurais variou com o tempo, se pensarmos que eles agiram continuamente ao longo
de sete séculos, todavia, algumas habilidades básicas foram mantidas:
 Luta desarmada (taijutsu)
 Luta com espada (kenjutsu)
 Arte de desembainhar a espada (iaijutsu)
 Luta com bastão (jojutsu)
 Luta com lança (sojutsu)
 Luta com naginata (naginatajutsu)
 Equitação (bajutsu)
 Treino com arco (kyujutsu)
 Treino com arma de fogo (hokajutsu)
 Refinamento espiritual (seishin teki kyoyo)

Nessa pintura vemos


cinco samurais
montados a cavalo e
três soldados a pé. Na
direita, o samurai
usando um elmo com
dragão era Minamoto
Yoshiie, durante a
Guerra dos Três anos
(1083-1087). Nota-se
que além de
montados, os
samurais portavam
arcos e espadas, por
sua vez, os soldados
usavam naginatas.
b) Recrutamento e treinamento:

Nos séculos X ao XII, fase da formação dos samurais como uma força militar específica,
o recrutamento ocorria basicamente de duas formas: a primeira dizia respeito a
convocação de homens para servir na capital Kyoto, os quais se alistavam para formar
a guarda dos nobres, a guarda palaciana, a guarda policial da cidade e compor as
tropas de reserva. Nessa época, no século X, usava-se o termo samurai para se referir a
esses recrutas que iam servir na capital (TURNBULL, 2003, 13). A segunda forma de
recrutamento era particular, neste caso, o samurai era recrutado para formar a milícia
de algum nobre, aristocrata ou senhor.

No século XI e XII, esse recrutamento se manteve, pois os samurais ainda não eram
uma classe guerreira, como também as famílias samurais ainda estavam em
desenvolvimento. Nesse período duas famílias samurais se destacavam: o clã
Minamoto e o clã Taira, os quais se confrontaram de 935 a 1185, várias vezes,
mantendo uma rivalidade de mais de duzentos anos. (BRYANT, 1989, p. 7).

Todavia, quando chegamos ao Xogunato Kamakura (1185-1333), no qual o clã


Minamoto estabeleceu o governo militar do xogunato, famílias samurais já estavam
estabelecidas, assim como, samurais já ocupavam cargos públicos. O recrutamento
militar já estava formalizado, como também o samurai já era visto como um guerreiro
de elite. Tal visão manteve-se quase inalterada pelos séculos seguintes. Os samurais já
não assumiriam postos de subordinado, mas passavam a assumir postos de comando
ou atuar como infantaria e cavalaria pesada.

Desenho representando três importantes líderes samurais do final do Período Kamakura:


Ashikaga, Takauji, Nitta Yoshisada e Kusonoki Massahige. Na direita vê-se um oficial auxiliar.
Ilustração de Angus Mcbride. Fonte: BRYANT, Anthony J. Early Samurai: AD 200-1500, 2001.
Acampamento de treinamento militar de samurais.

Nos séculos XIV ao XVI, verdadeiros exércitos samurais seriam formados, compostos por
milhares de guerreiros, auxiliados pelos ashigaru (soldado de infantaria leve), os quais
formavam o grosso dos exércitos samurais. Muitas famílias samurais tornaram-se tradicionais,
referências por seus descendentes dedicarem-se a arte da guerra ao longo de gerações, como
também apresentavam-se como referências de honra e lealdade, e até mesmo de autoridade e
poder (TURNBULL, 2007, p. 24). Nesse período também se destacou a participação de
samurais mulheres em guerras entre 1574 a 1590 (TURNBULL, 2010, p. 6).

No século XVII e XVIII, com a diminuição das guerras, o recrutamento massivo caiu, no entanto,
as linhagens samurais ainda se mantiveram, ao mesmo tempo em que as guerras tivessem
diminuído, ainda havia grande procura pelas escolas marciais (GREEN, 2001, p. 190). Parte dos
samurais tornaram-se professores, outros ainda continuaram a servir no exército, outros
migraram para o funcionalismo público, alguns se tornaram monges, poetas, escritores; alguns
mais influentes receberam terras, mas a maioria teve que procurar um senhor para servir em
sua guarda ou em suas terras. Em outros casos, alguns tornavam-se ronin (samurai sem
mestre), vagando pelo país, atrás de duelos, aventura, etc.

Na segunda metade do século XIX, quando foi criado o exército nacional, muitos samurais que
estavam desempregados ou não se acostumaram com a vida civil, ingressaram nas forças
armadas, mas o prestígio social não era mais o mesmo. Algumas pessoas consideravam os
samurais de baixa estirpe como encrenqueiros e representantes de um legado decadente.

No que se refere ao treinamento, os primeiros samurais eram essencialmente camponeses, os


quais possuíam ou não conhecimento militar. Quando eram recrutados passavam por um
treinamento básico de luta com espada, lança e arco. Posteriormente, no século XI é que
começaram a especializar alguns samurais no combate de arco montando a cavalo, formando
a cavalaria arqueira. Com a consolidação do bakufu, os samurais passaram a serem treinados
mais cedo, alguns iniciavam a formação na infância, outros na adolescência.
O século XVI se notabilizou pelo uso das armas de fogo. No século XIII os japoneses haviam tido
contato com o poder explosivo da pólvora preta, durante as invasões mongóis em 1274 e 1281,
pois os soldados sino-mongóis usaram bombas, porém, o uso de tais armas não foi recorrente,
apenas alguns conflitos pontuais (TURNBULL, 2000, p. 129-130). No entanto, o emprego da
pólvora como armamento se intensificou com uso das armas de fogo.

Os japoneses passaram a chamar os


arcabuzes de tanegashima (em
referência a ilha na qual aportaram os
primeiros portugueses e onde as
primeiras armas foram compradas),
mas também usavam expressões
chinesas para estas armas como niao
chong ("arma-pássaro") e niao zui
chong ("arma bico de pássaro").
(TURNBULL, 2000, p. 134).

Os japoneses desde o século XIII já


possuíam conhecimento sobre a
pólvora e até sabiam fabricar bombas e
lança-chamas, então copiaram os
arcabuzes e mosquetes portugueses e
passaram a fabricá-los em massa,
armando suas infantarias com centenas
e depois milhares de armas. Muitos
samurais relutaram em usar tal
armamento, sobrando aos ashigarus o
uso massivo das armas de fogo até que
alguns samurais aderissem ao poder de
fogo da pólvora.

samurai Inaue Masatada usando um


canhão de mão (kebiki-laced domaru).
Fonte: TURNBULL, Stephen. Samurai
warfare: arms & armor, 1996, p. 75.
c) Vestimenta, equipamentos e armas:
Falar sobre os equipamentos, armas e armaduras usados pelos samurais ao longo da história é
um assunto bem extenso. Como veremos, as armas e equipamentos dos samurais não eram tão
diversificados quanto dos shinobis, pois os samurais se restringiram mais a guerra e combate
convencional.

Comecemos pela vestimenta militar. Enquanto os shinobis usavam uniformes simples na cor
preta, marrom, cinza e talvez em outros tons; e por sua vez, adotavam trajes leves, o que
contribuía para a mobilidade e o sigilo, usando as vezes uma armadura leve, os samurais usavam
desde armaduras leves a armaduras pesadas, coloridas e capacetes bem adornados, alguns até
extravagantes.

As armaduras dos samurais eram chamadas de ô-yoroi ("grande armadura"), surgida no século
X, e em voga até o século XIV, foi principalmente usada pelos samurais comandantes ou
samurais cavaleiros. A armadura era bastante pesada, chegando a pesar de 20 a 30 kg. Devido
ao fato dos comandantes se moverem a cavalo ou lutarem sobre estes, eles compensavam a
falta de mobilidade das armaduras e seu excessivo peso, além de que os samurais cavaleiros,
essencialmente lutavam com arco e flecha, o que garantia distância do inimigo. (TURNBULL,
2000, p. 95).

As ô-yoroi eram divididas em


três partes: o capacete
(kabuto), o qual recebia abas
para proteger o rosto e a nuca,
além de conter adornos. A
segunda parte era a couraça
(dô), formada de quatro placas
móveis (tsurubashiri).
Posteriormente as placas foram
costuradas. Complementando o
dô, estavam as ombreiras (kote)
e o distintivos de comando
(kyubi-no-ita e sendan-no-ita),
os quais indicavam a patente do
samurai e a quem ele servia. A
terceira parte era o saiote
(kusazuri), o qual possuía de
quatro a dez camadas.
(TURNBULL, 2000, p. 95).

Componentes de uma ô-yoroi do período Kamakura. Fonte: BRYANT, Anthony J. Early


Samurai AD 200-1500, 2001, p. 30.
Na parte de trás da ô-yoroi
nota-se a complexidade dos
laços e cordas, os quais
amarravam a armadura ao
corpo do guerreiro. Isso
lembra algumas armaduras
medievais e modernas da
Europa, as quais o cavaleiro
necessitava da ajuda do
escudeiro para vesti-la e
retirá-la, não apenas devido
ao peso, mas a necessidade
de dar e abrir os nós. Tal fato
é importante, pois como
dito, apenas os samurais
comandantes e da cavalaria
usavam armaduras desse
tipo.

As ô-yoroi eram feitas a


partir da junção de várias
placas de couro cru
envernizado, de madeira e
no século XVI e XVII, alguns
dô eram feitos de ferro ou de
aço. Mas essencialmente a
armadura não levava ferro,
exceto o capacete (kabuto),
Componentes da parte de trás de uma ô-yoroi do período o qual poderia ser de couro
Kamakura. Fonte: BRYANT, Anthony J. Early Samurai AD 200-1500, ou conter partes metálicas.
2001, p. 31.
Completando a ô-yoroi, havia braçadeiras, luvas, caneleiras e até protetores para as coxas, tudo
feito de couro. O uso de botas não foi comum, pois os samurais usavam um tipo de sandália
para lutar.

O samurai antes de por o kabuto, geralmente ele colocava um


lenço par proteger a cabeça, chamado hachimaki, em seguida
colocava o kabuto, então dava-se o nó sob o queixo para prender
o capacete. Complementando o capacete, também usava-se uma
máscara (hoate), a qual se prendia por um laço (shinobi-no-ô),
atrás da cabeça. A máscara tinha função tanto de ocultar a
identidade do samurai, como de proteger sua face de estilhaços
e flechas, mas também a função de intimidação, pois geralmente
as máscaras possuíam um aspecto horripilante, com bocas
monstruosas, narizes grandes, bigodes, presas, etc.
Os samurais a pé, usavam uma armadura mais leve chamada dô-maru, a qual possuía um
capacete (kabuto), podendo ser simples ou conter adornos, ou poderia usar um chapéu (eboshi)
e outros tipos de elmos. As ombreiras largas (kote) permaneciam ou poderiam consistir em
partes acolchoadas e revistas de couro, as quais cobriam todo o braço, ou poderia estar
ausentes. O saiote (kusazuri) era mais curto, com menos camadas e mais leve, o que facilitava
para posicionar a bainha e desembainhar a espada. No entanto, o dô continuava a ser feito do
mesmo material, embora alguns no século XVI e XVII, fossem feito de ferro ou de aço, mas isso
para o caso de alguns comandantes ou samurais poderosos. (TURNBULL, 1996, p. 47).

Enquanto as ô-yoroi eram


armaduras que requeriam ajuda
para que o samurai as vestissem, o
dô-maru era mais simples, e o
samurai poderia vesti-la sozinha,
inclusive, necessitava apenas de
uma corda, localizada na cintura,
para que pudesse prender a
couraça (dô). Muitas samurais
mulheres usavam dô-maru, por
serem armaduras mais leves,
embora elas também adotassem
armaduras usadas pelos ashigaru.
Embora que no século XIX, as
samurais mulheres não usassem
armaduras, mas trajes normais.
No que se refere as espadas, os samurais do século X ao século XIII, usavam a tachi, uma espada
um pouco menor do que a catana e com uma leve diferença na lâmina. A tachi não era tão
resistente e afiada quanto a catana. E mesmo com a chegada da catana, a tachi ainda continuou
a ser usado por outros tipos de guerreiros, já que catanas eram espadas bem mais caras e
levavam meses para ficar pronta. Além do tachi, os samurais também usavam uma espada curta
chamada wakizashi, a qual também era usada para cometer o seppuku. Ou eles poderiam usar
uma adaga, chamada tanto. Os samurais também usavam uma espada longa chamada ôdachi
(ou nodachi), a qual media mais de 1,65m, sendo maior até que a catana (TURNBULL, 2007, p.
35-37).

Além dessas armas, os samurais no final do século XVI e


começo do XVII, também usaram armas de fogo, como o
arcabuz e o mosquete, e mais raramente outros tipos de
armas como o canhão de mão (kebiki-laced domaru),
todavia, para encerrar essa seção, listaremos os
equipamentos e acessórios que um samurai
normalmente usava na guerra:

 Kate-bukuro: bolsa de provisões usada para se


guardar alimento;

 Uchi-bukuro: bolsa de dinheiro;

 Yo-bukuro: lenço que poderia ser usado para


cobrir o rosto, guardar algo, entre outras
utilidades;

 Inro e Kinchaku: porta medicamentos;

 Tenugui: toalha; Nessa imagem de época, podemos ver o samurai


portando quatro espadas: duas tachi, uma wakizashi e
 Koshinawa: corda; ao lado em destaque, a ôdachi. Normalmente o samurai
carregava duas espadas consigo, mas há imagens e
 Kaginawa: corda com gancho; relatos de samurais portando três e até quatro espadas

 Naga tenugui: toalha grande;

 Kubi bukuro: "saco de cabeça" usado para se colocar a cabeça do inimigo. Alguns
samurais decapitavam seus oponentes e os levava até seu mestre;

 Shiko: aljava;

 Kusune: cartucheira para balas;

 Uwa-obi: cordas usadas para prender as bainhas das espadas;


d) A vida cotidiana de um samurai:

Quando um samurai não estava em guerra ou treinando, ele realizava outras atividades, as
quais variavam principalmente de acordo com sua condição social. Os primeiros samurais
eram essencialmente camponeses, recrutados para servir por alguns meses ou por poucos
anos na capital, ou convocados para servir na tropa de um senhor por tempo indeterminado.
Eles ainda não eram guerreiros profissionais.

No século XIII, temos samurais exercendo atividades administrativas e burocráticas, mas isso
era reservado para samurais de condição social mais elevada ou que ganharam a confiança dos
xoguns ou de outros samurais que pertenciam a aristocracia ou nobreza. Estes samurais
também cuidavam de assuntos políticos.

Os demais samurais continuavam a ser soldados e quando não estavam em treinamento ou no


quartel, retornavam as suas funções rurais, ou poderiam exercer outros serviços militares no
feudo de seu mestre ou em outros locais.

No século XVIII, o Hagakure expressa vários aspectos do cotidiano dos samurais, e neste caso,
como consistia num período de paz, muitos samurais já não tinham guerras para lutar, e
acabavam tendo mais tempo livre, e assim alguns se dedicavam a religião, aos estudos, as
artes, política, comércio, agricultura, etc., uns se tornaram ronins, e viajavam atrás de
aventura ou de problemas. Miyamoto Musashi passou vários anos nessa vida como ronin,
desafiando outros samurais, a fim de provar que era o melhor espadachim do Japão. No que se
refere aos samurais mulheres, estas estavam ligadas as funções de dona de casa, esposa e
mãe, já que praticamente os homens não cuidavam de afazeres domésticos naquele tempo.
Considerações finais:
Após a Rebelião de Shimabara (1637-1638) ter sido violentamente reprimida, tendo ocorrido
verdadeiros massacres, uma era de paz se assentou sobre o Japão. A política de isolamento
dos Tokugawa, cortou gradativamente laços com outras nações. Os portugueses e espanhóis já
havia sido banidos, os holandeses seriam proibidos de retornar ao país na década de 1640. Os
chineses e coreanos reduziram drasticamente seus contatos comerciais com os japoneses.
Com o término das grandes guerras, os exércitos diminuíram e muitos ex-soldados voltaram a
vida civil.

A partir do século XVII começaram a surgir contos folclóricos sobre histórias prodigiosas e até
mesmo fantásticas sobre ninjas e samurais. O bushido foi formalizado no final do XIX, baseado
em alguns livros de samurais do Xogunato Tokugawa, havendo dúvidas de quão antigo seria
esse código. O ninjutsu ainda continuou a ser ensinado. Ninjas continuaram a serem treinados,
embora se desconheça suas ações nessa época. A segunda metade do século XVII, passando
por todo o século XVIII e chegando ao século XIX, o país não vivenciaria grandes conflitos,
apenas questões pontuais e esparsas.

De qualquer forma vimos que os shinobis e samurais não eram guerreiros com habilidades
sobre-humanas e mágicas, embora algumas lendas contassem isso; mas eram homens e
mulheres altamente treinados em diferentes forma de guerrear. Por outro lado, ninjas e
samurais não eram inimigos mortais como a literatura e outras artes acabaram perpetrando,
mas essencialmente eram guerreiros que "serviam", logo, não foi incomum ver samurais e
shinobis como aliados em guerras, como no caso da Batalha de Sekigahara, no Cerco de Osaka
e na Rebelião de Shimabara. Por outro lado, também não foi incomum que samurais
requisitassem o serviço de ninjas para seus próprios interesses, além de haver escolas de
samurais que lecionavam ninjutsu a eles, e até samurais que chegaram a usar armamento
ninja. Além do mais curioso, o fato de que houve samurais que eram também shinobis, como
Hattori "Oni" Hanzô.

Não obstante, devido a natureza sigilosa e secreta das atividades dos shinobis, pouco se
conhece de suas ações ao longo da História, inclusive suas origens ainda hoje não são certezas,
e estão em voltas em lendas e suposições equivocadas, pois não podemos considerar que todo
assassino secreto tenha sido um shinobi. Logo, credita-se que eles tenham surgido por volta do
século XV e já estavam participando da tumultuosa e sangrenta fase do Sengoku jidai.

Essencialmente, as atividades dos ninjas e dos samurais em meados da Idade Moderna, foram
reflexos do estado de guerra pelo qual o Japão passava. Um estado tão caótico, no qual a
honra e a trapaça, lutaram juntos.

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