Você está na página 1de 16

Estilos de Karate

O Shotokan-Ryu

Shotokan (松涛館) é uma escola de karatê criada por Gichin Funakoshi (1868-1957). Inicialmente o
Mestre Funakoshi não acreditava em criação de estilos e sim que todo karatê deveria ser um só, mesmo
com as diferenças naturais de ensino que variam de professor para professor. Shoto era como Funakoshi
assinava seus poemas, significa pinheiros ondulando ao vento e kan significa edificação ou salão -
(literalmente, mas também possui o significado de escola - editado por Joil Sensei).

O original Shotokan Dojo

Os alunos de Funakoshi construíram um doju (道場, lugar do Caminho) em sua homenagem e o


chamaram de Shotokan (Edifício de Shoto). Acredita-se que a origem do nome do estilo seja essa. O
Shotokan foi destruído durante um bombardeio na II Guerra Mundial.

O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e golpes no corpo inteiro. Os giros sobre o calcanhar em
posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movimento começa com uma defesa. Este é um estilo
em que as posições têm o centro de gravidade muito baixo, e em que a técnica de um "simples" soco
direto pode nunca ser dominada, somente ocorrendo com anos de treino, mas quando a técnica é
dominada o seu poder é incrível e quase sobre-humano. No karatê shotokan são levados a sério fatos
como a concentração e o estado de espírito, pois sem concentração e um estado de espirito leve a técnica
de pouco serve, devendo estes dois atributos expandirem-se com a pratica e a determinação. As principais
bases do estilo Shotokan são: HEIKO-DACHI, KIBA-DACHI, KOKUTSU-DACHI, MUSUBI-
DACHI, NEKOASHI-DACHI, SANCHI-DACHI, SHIKO-DACHI, E ZENKUTSU-DACHI. Sendo
que as bases fundamentais, presentes na maioria dos katas são: Zenkutsu-dachi, Kokutso-dachi e Kiba-
dachi.

Niju Kun
• Não te esqueças que o Karate começa e termina com rei (saudação, cortesia, agradecimento).
• No Karate não existe atitude de ofensa.
• O Karate auxilia ao gui (a justiça).
• Primeiro conheça a ti mesmo e depois aos demais.
• O Espírito é mais importante que a técnica.
• É necessário deixar livre a tua mente (kokoro).
• O infortúnio nasce da negligência.
• O Karate não é somente no Dojo.
• A prática do Karate é para toda a vida.
• Enfrenta aos problemas com espírito de Karate.
• O Karate é como a água que ferve. (Se não a esquentas constantemente se esfriará).
• Não alimentes a idéia de vencer nem a de ser vencido.
• Transforma-te segundo o teu oponente (adapta-te ao teu oponente).
• O segredo do combate reside na arte de dirigi-lo.
• Pense que os braços e as pernas são como espadas.
• Quando deixas o umbral de tua casa, 10000 inimigos te esperam. (É teu comportamento o
convite a ter problemas com eles).
• O principiante necessita de kamae (defesa formal), depois deve buscar shizentai (defesa natural).
• Busca a forma (kata) correta, o combate real é outra coisa.
• Não te esqueças da intensidade alta e baixa da energia; extensão e retração de corpo; o ritmo alto
e baixo da técnica.
• Sempre busque estudar e expressar o melhor.

Dojo kun
Dojo kun (em japonês: 道场 训 Dōjō kun?) é o conjunto de regras a ser seguido pelos praticantes de
caratê no Dojo. É inspirado no Bushido. Diz-se que foi compilado forma atual por Kanga Sakukawa,
aproximadamente em 1750 e seriam obra original do monge budista Bodhidharma, ainda na Índia,
antigamente eram mais de 20 regras, mas um Sensei conseguiu resumir apenas em 5, para os ocidentais
também as poderem aprender.

São normalmente recitados no começo e no fim das aulas de caratê Shotokan no dojo (local de
treinamento). Estes preceitos representam os ideais filosóficos do caratê e são atribuídos a um grande
mestre da arte do século XVIII, chamado Tode Sakugawa.

HITOTSU JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO


Primeiro - Esforçar-se para formação do caráter

HITOTSU MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO


Primeiro- Fidelidade ao verdadeiro caminho da razão

HITOTSU DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO


Primeiro- Criar o intuito de esforço

HITOTSU REIGI O OMONZURU KOTO


Primeiro - Respeitar acima de tudo

HITOTSU KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO


Primeiro- Conter o espírito de agressão

Em japonês, o Dojo Kun sempre começa com a palavra Hitotsu (primeiro), pois, para o pai do caratê,
todos os preceitos são importantes e devem ser exercidos igualmente.
Obs: Correção de edição feita pelo administrador do Site da Seishin.

Texto 1- tirado do site http://pt.wikipedia.org/wiki/Shotokan

Texto 2.

ORIGEM DO ESTILO SHOTOKAN

O estilo Shoto-kan – SHOTO (pseudônimo com que o meste Funakoshi costumava assinar seus poemas
em sua juventude) transcrito em caracteres ocidentais e KAN (casa) foi fundado por Guchin Funakoshi
(1868 – 1957).

Iniciou seu aprendizado aos 11 anos de idade, sendo aluno do renomados mestre KOZAKU
MATSUMURA e com o mestre ITOSU, treinando extensivamente o Shuri-te, hoje conhecido como
Shorin Ryu.

O professor Funakoshi, considerado o Pai do karate moderno, foi quem introduziu oficialmente o karate
no Japão em 1922, através de uma memorável demonstração no Budo-kan a convite do Ministério da
Educação japonês. O estilo Shoto-kan teve tão rápido conhecimento de discípulos que Funakoshi decidiu
criar em 1936 seu próprio Dojo (local de treinamento).

O nome Shoto-kan surgiu no primeiro edifício de madeira que foi a primeira escola de Guichin
Funakoshi.

Característica do estilo Shotokan

O estilo Shotokan foi mais tarde aperfeiçoado pelo filho de Gishin Funakoshi, Yoshitaka Funakoshi,
sempre com algumas restrições do mestre Funakoshi, mas com seu consentimento. Entre as inúmeras
técnicas incluídas no estilo estão Yojo Gueri (sokuto), Mawashi Gueri, Ushiro Gueri, Ura Mawashi
Gueri, Uti Mawashi Gueri e outras variações de chutes que diferenciam de outros estilos.

As técnicas básicas do karate são passadas principalmente do kihon, sejam os chutes, golpes e defesas.

Para ser um bom karateca, primeiramente deve ser feito um bom kihon, pois deste treinamento é que
surge a base para fazer um bom kata e conseqüentemente o kumite.

É no kihon que o karateca vai ganhar base forte e firme além de velocidade e força nos seus golpes.

Através do kihon, o karateca consegue atingir uma potência muito forte, reflexo da velocidade com que
executa os golpes e somente a força muscular não permitirá que a pessoa se sobressaia nas artes marciais,
o poder do Kime (finalização) resulta da concentração de força máxima no momento do impacto, um
golpe de um karateca bem treinado pode chegar a ter uma velocidade de 13 milésimos de segundo e gerar
uma força equivalente a 700 kg.

No kihon também é treinado a movimentação em base com o movimento de quadris, essencial a um


movimento bem feito.

Os quadris estão localizados aproximadamente no centro do corpo humano e o movimento deles exerce
um papel crucial na execução de vários tipos de técnicas do karate.

Além de uma fonte de potência, os quadris constituem a base de um espírito estável, de uma forma
correta e da manutenção do equilíbrio.

O Shorin-Ryu
Shorin-ryu (小林流 ou 松林流 ou 少林流) é um estilo de Karate originário de Okinawa e de cujo
desmembramento surgiram vários dos demais estilos de Karate hoje praticados no mundo, como o
Shotokan. Shorin é a pronúncia japonesa da palavra chinesa Shaolin, que quer dizer "Pequeno Bosque ou
Floresta Jovem", sendo assim, como Ryu significa Estilo, Shorin-ryu seria o "Estilo do Pequeno Bosque
ou da Floresta Jovem".

As raízes do estilo Shorin-ryu se confundem com as raízes do próprio Karate e remontam ao final do
século XVIII, na ilha de Okinawa. Àquela época, a ilha era a sede do hoje extinto Reino de Ryukyu, que
englobava todas as ilhas do Arquipélago de Ryukyu, hoje pertencentes ao Japão. De fato, um preciso
estudo das origens do Karate não pode ser feito de forma dissociada do estudo da cultura de Ryukyu.
Nesta seção, a periodização histórica utilizada será baseada na vida dos mais importantes Mestres do
estilo Shorin-ryu.

Peichin Takahara (1683 - 1760)

Nascido na vila de Akata Cho, Takahara[1] viveu a maior parte da vida na cidade de Shuri, capital do
Reino de Ryukyu, e foi o maior Mestre de Te (mão) à sua época. O Te era uma arte marcial nativa de
Okinawa e cujo nome significava simplesmente "mão", por ser uma forma de luta praticada sem armas.

Bandeira do Reino de Ryukyu, berço do Karate, até 1875

O desenvolvimento do Te enquanto ate marcial se perde nas brumas do tempo, visto que o mesmo surgiu
de forma secreta entre os camponeses de Ryukyu, que eram proibidos de portar armas a fim de se evitar
revoltas. Dessa forma, o Te era ensinado em reuniões secretas e sua própria organização se assemelhava à
das Sociedades Secretas, com iniciações e graus de hierarquia interna.

Apesar de geograficamente pequena, a ilha de Okinawa era muito segmentada em termos culturais, de
forma que três micro-cosmos culturais acabaram por se desenvolver em torno das três cidades mais
importantes: Shuri (a capital), Naha (a cidade de comércio mais dinâmico) e Tomari (o principal porto).
Em cada uma dessas cidades e seus respectivos arredores, desenvolveu-se um tipo particular do Te; sendo
o que importa ao verbete em questão aquele desenvolvido em Shuri: o Shuri-Te.

Por volta de 1750, um monge budista chinês do Monastério Shaolin chamado Kusanku[2] foi enviado a
Okinawa como uma espécie de embaixador. Àquela época, Ryukyu era um reino independente, mas
cultural e comercialmente dependente da China Imperial.

Como a maioria dos monges Shaolin, Kusanku era praticante de Kung Fu (na época chamado Ch'uan Fa).
Como Shuri era a capital, foi para lá que ele foi enviado e lá, entrou em contato com Takahara, já com
uma idade bastante avançada. Ambos trocaram conhecimentos sobre artes marciais, mas não
desenvolveram nenhuma relação Professor-Aluno.
Uma curiosidade acerca de vida de Peichin Takahara é que se atribuem a ele os primeiros mapas da ilha
de Okinawa. Verdade ou não, consta que se tratava de uma pessoa muito instruída, que alguns afirmavam
se tratar de um monge budista.

Kanga Sakukawa (1733 - 1815)

Quando Kusanku chegou a Okinawa, Sakukawa[3] contava cerca de 18 anos e era o mais prodigioso aluno
de Takahara. O velho Mestre percebeu que a chegada do estrangeiro seria uma boa oportunidade para
obter um aperfeiçoamento de sua arte marcial, mas como já estava com quase 70 anos, não se sentia apto
a aprender novas técnicas. Enviou, então, seu pupilo para ser treinado pelo monge chinês.

Templo Shaolin, em Henan, que Sakukawa teria visitado com Kusanku e cujo nome serviu de inspiração
para o batismo do estilo Shorin-ryu.

Sakukawa, já à época um grande praticante de Te, se tornou, então, discípulo de Kusanku, com quem se
diz, inclusive, que chegou a visitar a China e o próprio Monastério Shaolin. Quando Kusanku faleceu, em
1762, Sakukawa já dominava amplamente tanto o Te de Okinawa, quanto o Kung Fu da China. Passou,
então a ser o Grão-Mestre do Te de Shuri, assumindo o lugar de Takahara, falecido dois anos antes.

Em homenagem a Kusanku e também como forma de compilar seus ensinamentos de forma a passá-los
para seus alunos, Sakukawa criou os dois katas que levam o nome do monge Shaolin: Kusanku Sho
(Kusanku menor) e Kusanku Dai (Kusanku maior). Contudo, Talvez por azar, talvez por ter passado
muitos anos na China, talvez por seu Mestre ter vivido tanto, Sakukawa não conseguiu ter um aluno
brilhante e seus ensinamentos corriam o risco de não serem levados a diante após sua morte.

Por volta de 1812, contra a sua vontade, o idoso Sakukawa viu-se obrigado a honrar uma promessa que
havia feito a um nobre de Ryukyu e assim, aceitou seu filho, um adolescente conhecido como
encrenqueiro, como discípulo. O jovem se chamava Sokon Matsumura.

Sokon Matsumura (c. 1800 - c.1890)

Mesmo já não sendo uma criança, Matsumura[4] se destacou rapidamente nos estudos com o Mestre
Sakukawa e, quando ele faleceu, em 1815, já estava apto a dar prosseguimento a seus ensinamentos.

O treinamento de Matsumura naquela arte que vinha se configurando a partir da mistura do Kung Fu com
o Te não só lançou as bases do Karate (mão vazia), mas também fez com que a prática de artes marciais,
até então restrita ao campesinato, atingisse a nobreza, da qual o próprio Matsumura fazia parte.

De fato, Matsumura utilizou seus novos conhecimentos para galgar postos na administração do reino e
logo se tornou o General Supremo das Forças Armadas de Ryukyu. Sua vida é, contudo, coberta por
mitos que o fazem uma espécie de Miyamoto Musashi de Okinawa. Diz-se que nunca perdeu uma luta,
desde o início de seu treinamento até sua velhice, sendo seu embate mais famoso (e o único que não
venceu, mas empatou) contra um marinheiro náufrago oriundo provavelmente da China, cujo nome era
Annan.
Annan fora o único sobrevivente do navio em que estava, na costa de Okinawa, e conseguiu chegar à ilha
nadando. Como não sabia falar o idioma local e como era exímio lutador, estava se aproveitando de sua
habilidade para roubar comida e outras coisas das vilas próximas a Shuri. Matsumura foi, então, chamado
para lidar com o problema, mas o estrangeiro se mostrou um oponente muito superior a todos os outros
que já havia enfrentado ou que ainda viria a enfrentar. Num determinado momento da luta, ambos se
viram impossibilitados de vencer e resolveram parar o embate, chegando a um acordo. Matsumura deixou
que Annan partisse sem ter que responder pelos crimes que havia cometido e, em troca, Annan ensinou-
lhe algumas de suas técnicas, que Matsumura viria a compilar num Kata chamado Chinto (Marinheiro do
Leste).

Além de seus feitos militares quase-heróicos, Matsumura também deu uma grande contribuição pessoal
ao nascente Karate, tendo criado diversos Katas: Naihanchi (depois dividido em três partes), Passai
(depois dividido em duas versões), Gojushiho, Chinto e Hakutsuru (este não praticado pela Shorin-ryu).

Além das grandes contribuições que deu ao Karate, pelo fato de ser um nobre, Matsumura nunca abriu
mão do uso de armas (Kobujutsu) e chegou mesmo a introduzir o Jigen-ryu (Estilo de luta com espadas)
de Satsuma (Japão) em Okinawa.

O tempo de vida, bem como muitos dos feitos deste homem, considerado por muitos como o verdadeiro
fundador do Karate, não é precisamente conhecido, mas seu aluno mais brilhante e sucessor também no
posto de General Supremo de Ryukyu, foi Anko Itosu, outro membro da nobreza do reino.

Anko Itosu (1831 - 1915)

Aluno de Matsumura, Itosu[5] esteve presente em momentos decisivos da História de Ryukyu e do Japão.
Era ele o General Supremo do Reino quando de sua anexação ao Japão, em 1879. De fato, até o momento
em questão, Ryukyu vivia uma situação muito peculiar. Se por um lado, seus governantes e sua população
demonstravam uma ampla preferência pela China (em todos os sentidos), por outro, o Japão considerava
(desde 1609, quando o Daimyo de Satsuma obteve autorização do Shogun para invadir a região a fim de
puní-la por não ter aceitado participar na campanha de anexação da Coréia, em 1590) a região como um
protetorado e, inclusive, só não a tinha anexado formalmente a seu território, porque, com o fechamento
do Japão aos países estrangeiros, no século XVII, a situação de Ryukyu e seu intenso comércio com a
China funcionavam como uma forma de burlar o sistema e introduzir produtos estrangeiros
(principalmente chineses) no Japão. Contudo, com a Restauração Meiji, tal mecanismo já não se fazia
necessário e como a China, envolvida em milhares de problemas devidos à ocupação estrangeira de seu
território e às Guerras do Ópio, se encontrava impossibilitada de oferecer resistência ao expansionismo
nipônico, o Japão consolidou seu domínio sobre Ryukyu.

Mestre Anko Itosu

Percebendo que era impossível resistir a um adversário tão superior, Ryukyu se rendeu sem luta e sua
nobreza passou a colaborar com os japoneses a fim de manter o status de que dispunha. O próprio Rei
Sho Tai, último monarca de Ryukyu, foi morar em Edo (Tóquio), onde recebeu o título de Kazozu
(equivalente a Marquês). Com esse intuito colaboracionista, Itosu trabalhou incansavelmente para fazer o
Karate ser introduzido no Japão. Acreditava que, caso fosse bem sucedido, poderia vir a gozar de uma
posição influente junto às Forças Armadas do Imperador Meiji. Contudo, devido à grande influência
chinesa sobre o Karate da época (até mesmo muitos dos golpes possuíam nomes em chinês), a arte
marcial não encontrou receptividade num Império sinófobo como o japonês. Itosu fracassou.

A despeito de seu fracasso em tornar o Karate uma arte marcial japonesa, Itosu deu grandes contribuições
pessoais a ele. Uma das mudanças introduzidas pelo Mestre no Karate foi o treinamento com Makiwara,
espécie de boneco de madeira rígida, para calejar as mãos e os pés, a fim de potencializar os golpes. Outra
grande inovação de Itosu foi ter tornado o Karate mais acessível às crianças através da invenção dos
primeiros Kihons e da divisão do imenso Kata Naihanchi, criado por seu Mestre, em três Katas menores:
Naihanchi Shodan, Nahanchi Nidan e Nahanchi Sandan. Esses Katas seriam uma forma de se introduzir
as crianças ao Karate e, uma vez dominados, fariam delas praticantes de nível intermediário. Itosu,
contudo, acreditava que havia uma grande diferença nos níveis de dificuldade apresentados pelos três
Naihanchi e pelos demais Katas, criados por Matsumura e por Sakukawa, sendo assim, como forma de
ensino intermediário, ele particionou os dois Katas Kusanku (criados por Sakukawa) em cinco Katas
menores, os quais batizou de Pinan, a dizer: Pinan Shodan, Pinan Nidan, Pinan Sandan, Pinan Yondan e
Pinan Godan.

Há uma grande discussão histórica sobre o papel de Itosu em relação ao Karate em geral e ao estilo
Shorin-ryu em particular.

Quanto ao Karate, não se pode precisar se o criador da arte marcial foi Matsumura, Sakukawa ou Itosu.
Os que defendem a tese de que Sakukawa foi seu criador consideram que ele foi o primeiro a reunir os
ensinamentos do Te e do Kung Fu numa só arte. Os que defendem que Matsumura tenha sido seu criador
argumentam que ele foi quem mais contribuições deu àquela arte nascente e que Sakukawa teria sido um
mero praticante de duas artes marciais (como hoje existem tantos). Por fim, aqueles que argumentam que
Itosu teria sido o criador do Karate se apegam ao termo em si, que, ao que parece, não havia sido utilizado
antes de Anku Itosu. Contudo, aos defensores dessa tese, cabe lembrar que o termo só se popularizou
após a morte de Itosu, sendo que em sua época (como pode ser conferido na carta que escreveu e que hoje
é conhecida como "Os Dez Peceitos do Karate"), o Karate ainda era majoritariamente conhecido como
Tang Te, ou seja, Mão Chinesa e não Mão Vazia, como hoje.

Quanto ao estilo Shorin-ryu, a discussão parece mais simples. Embora pareça contracensual, visto que o
Shorin-ryu é um estilo de uma arte marcial (o Karate), ao que parece, sempre houve a consciência de que
aquela arte havia sido trazida da China e que advinha do Kung Fu dos monges Shaolin, sendo assim, é
muito provável que o Estilo praticado por Itosu já fosse chamado de Shorin-ryu mesmo em tempos
anteriores a esse Mestre (como também se pode supor através da leitura de "Os Dez Preceitos do
Karate"). De qualquer forma, como sempre ocorre com fatos históricos embasados na História Oral (uma
vez que a escrita era muito pouco disseminada em Ryukyu), há discordâncias sobre esse tema e, embora
alguns debatam sobre se Matsumura ou Itosu seria o fundador do Estilo, o único consenso que existe é
que Chibana foi seu primeiro Grão-Mestre.

Choshin Chibana (1885 - 1969)

Ao contrário de Matsumura, que teve grande dificuldade para encontrar um discípulo à altura de suas
técnicas, Itosu encontrou discípulos de qualidade em grande abundância, talvez por ter se empenhado na
disseminação do Karate por Okinawa através de sua implantação no ensino público regular. Seja como
for, ao menos quatro de seus discípulos merecem alguma nota de importância: Anbun Tokuda (1886 -
1945), Choki Motobu[6] (1870 - 1941), Gishin Funakoshi[7] (1868 - 1957) e Choshin Chibana[8].
Mestre Choshin Chibana

(Clique na foto e saiba quem foi Choshin Chibana)

Gishin Funakoshi, fundador do estilo Shotokan

Com a morte de Itosu, seus discípulos se desentenderam acerca de sucessão do Mestre, mas coube a
Chibana ocupar o título de Grão-Mestre do estilo. Muitos vêem neste ato a criação do Shorin-ryu,
enquanto outros apenas vêem a consolidação de sua existência já então muito antiga. Seja como for,
Tokuda e Motobu mantiveram-se fiéis ao estilo que aprenderam com seu Mestre e, embora não
aceitassem plenamente a autoridade de Chibana, não ousaram criar dissidências. Funakoshi, contudo,
tentou fazer o que seu Mestre não havia logrado: levar o Karate para o Japão.

Tecnicamente, com a anexação de Ryukyu, o Karate já era uma arte marcial japonesa, mas a verdade é
que ele era quase desconhecido (e visto com maus olhos) no arquipélago principal; assim como tudo o
que vinha de Okinawa que, até hoje, é a prefeitura mais pobre e negligenciada do Japão.

Para levar o Karate ao arquipélago principal, Funakoshi dedicou-se a alterá-lo a fim de contornar a
intolerência japonesa para com os costumes e idéias de origem chinesa. Assim, alterou nomes (traduzindo
todas as palavras chinesas para o japonês; diz-se, inclusive, que o próprio nome Karate seria uma
niponização de Tang Te, usado até então, sendo que o som das duas expessões é muito semelhante e
Funakoshi teria passado a escrever Karate também a fim de nipozar a arte marcial) e algumas bases, de
modo a criar diferenças sutis, mas suficientes para tornar a arte marcial palatável aos japonses. Fundou
então um dojo, ao qual deu (ou, segundo outra versão da história, seus alunos deram) o nome de
Shotokan, literalmente, "Escola do Shoto", sendo que Shoto (Vento nos Pinheiros) era seu apelido. Até
mesmo o uniforme de treino do Karate foi niponizado, uma vez que o primeiro Karate-Gi utilizado por
Funakoshi era, na verdade, um Judo-Gi, ou seja, um kimono de Judo.

Enquanto Funakoshi fazia progressos na inserção do Karate no Japão, Chibana via seus antigos colegas,
inspirados por Funakoshi, criarem Escolas próprias que, embora vinculadas ao Estilo Shorin-ryu, eram
independentes em todos os sentidos.

Katsuya Miyahira (1918 - atual)

Após a morte de Chibana, o título Grão-Mestre do estilo Shorin-ryu passou a seu mais proeminente
discípulo: Katsuya Miyahira.

Miyahira assumiu um estilo em franca fragmentação, com o surgimento de diversas escolas a ele filiadas,
mas independentes em termos de autoridade. Ele percebeu que se não fizesse nada, não só o eixo nuclear
do Shorin-ryu estaria comprometido, como também a sua própria existência, visto que a tendência das
diferentes escolas era virem a se tornar estilos propriamente ditos, como acontecera com a Shotokan de
Funakoshi no Japão.

A fim de competir com as escolas nascentes, Miyahira criou ele próprio uma escola: a Shidokan ("Escola
do Caminho do Coração do Guerreiro"). Com sua criação, o Mestre passou a atuar mais diretamente na
disseminação do estilo e, dessa forma, pôde mantê-lo unido, como vem fazendo até hoje.

Uma recente alteração introduzida por Miyahira no estilo Shorin-ryu foi a renomeação dos dois Katas
Passai: o antigo Passai Sho (Passai menor) passou a ser chamado Itosu no Passai (Passai de Itosu, em
homenagem àquele Grande Mestre do passado); já o antigo Passai Dai (Passai maior) passou a se chamar
Matsumura no Passai (Passai de Matsumura).

História no Brasil

O Karate Shorin-ryu chegou ao Brasil junto com Yoshihide Shinzato (aluno dos mestres Tokuda e
Choshin Chibana - contribuição do Mestre Ari - Santos - SP), em 1954. Sua disseminação por aqui se deu
no contexto do racha de escolas ocorrido no final da vida de Chibana e, sendo assim, até os dias de hoje
ainda existe certa disputa entre os membros das diferentes escolas deste estilo no Brasil.

Unindo, inicialmente, os imigrantes japoneses (especialmente os oriundos de Okinawa) de Santos, a


Shorin-ryu começou a ganhar notoriedade a partir de 1962, quando Shinzato fundou a primeira academia
do estilo e quando realizou uma demonstração pública de Karate no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Atualmente a Shorin-ryu no Brasil se divide em duas Escolas principais:

Shinshukan

Originalmente chamada de Associação Okinawa de Karate-do Shorin-ryu, essa escola passou a se chamar
União de Karate-do Shorin-ryu do Brasil e, finalmente, quando Yoshihide Shinzato alcançou o 10º Dan,
Shinshukan. Seu nome deriva dos ideogramas do nome de Shinzato, sendo o Shin de Shinzato, o Shu de
Yoshihide e o Kan, de Escola, sendo assim, ela é, literalmente, a "Escola de Yoshihide Shinzato".
Mestre Yoshide Shinzato

Por ter sido fundada pelo introdutor do estilo no Brasil, a Shinshukan é hoje a escola Shorin-ryu com
mais praticantes no país, algo em torno de 7000 segundo suas próprias contas. Contudo, a escola
considera que todos os praticantes do estilo no Brasil tenham, de alguma forma, sido seus alunos. Daí o
alto número.

Uma alteração feita por Shinzato nos costumes da Shorin-ryu brasileira foi a introdução do uso de
Hachimaki (bandana de cabeça), que o próprio Mestre utilizou até o fim de seus dias, mesmo
contrariando recomendações do próprio Katsuya Miyahira e diretrizes internacionais da WKF e da
WUKO. O uso de hachimaki é considerado proibido porque seu significado tradicional é de vingança, o
que indicaria que seu usuário estaria buscando vingança contra algo ou alguém, o que é incompatível com
o ideal do Karate moderno. Seja como for, a Shinshukan não concorda com essa linha de pensamento e
chegou mesmo a incentivar seus alunos a comprarem hachimakis decoradas à moda da bandeira do Japão,
como as utilizadas pelo personagem Daniel San, de Ralf Macchio, em Karate Kid.

Com o falecimento de Yoshihide Shinzato, em 13 janeiro de 2008, a escola é hoje comandada por seu
filho, Masahiro Shinzato, Hanshi de 9º Dan e ex-presidente da Federação Paulista de Karate - FPK[9].
Masahiro, apesar dos constantes problemas de saúde, vem tentando conduzir o legado de seu pai
buscando manter os padrões da escola e objetivando seu crescimento.

A principal luta da Shinshukan nos últimos anos tem sido no sentido de que o Shorin-ryu seja aceito pela
WKF[10] (World Karate Federation) no rol dos estilos de Karate de competição. Isso implicaria na
possibilidade de seus atletas virem a fazer Katas do próprio estilo sem terem que ser avaliados pelo
embusen (padrão de movimento) similar ao do estilo Shotokan, aceito pela entidade.

Kata

As técnicas do estilo são aperfeiçoadas através do treino de kihon (exercícios fundamentais), kata
(exercícios formais) e kumite (luta), incorporando princípios filosóficos, tanto na teoria quanto na prática.

Há, ao todo, 21 kata, aprendidos[11] pelos praticantes do estilo nesta ordem:

01- Naihanchi Shodan 09- Pinan Yondan 14- Kusanku Dai


02- Fukyu-gata Dai Ichi 10- Pinan Godan 15- Chinto
03- Naihanchi Nidan 11- Itosu no Passai 16- Jion
04- Naihanchi Sandan (anteriormente denominado Passai Sho) 17- Gojushi-ho
05- Fukyu-gata Dai Ni 12- Kusanku Sho 18- Teesho
06- Pinan Shodan 13- Matsumura no Passai 19- Koryu Passai
07- Pinan Nidan (anteriormente denominado Passai Dai) 20- Unshu
08- Pinan Sandan 21- Ryuko

Ao chegar ao 5º DAN, o karateca do estilo Shorin-ryu deve saber fazer e demonstrar com maestria as
técnicas contidas nestes 21 Kata.

Progressão de Faixas

No estilo Shorin-ryu os Karatecas começam na faixa branca, como na grande maioria dos estilos de
Karate e a coloração de suas faixas vai escurecendo até chegar à preta, quando se inicia uma nova
contagem de progressão, muito mais lenta. Karatecas que não são faixas pretas são chamados de
Mudansha ou Dangai (sem Dan), enquanto os que já atingiram a faixa preta são chamados de Yudansha.
A progressão de faixas do estilo é a seguinte[12]:

Algumas das faixas (ou Obi) de Dangai

Os Dangai ou Mudansha são:

• 7º Kyu = Branca
• 6º Kyu = Amarela
• 5º Kyu = Laranja
• 4º Kyu = Azul
• 3º Kyu = Verde
• 2º Kyu = Roxa
• 1º Kyu = Marrom

Obs.: Alguns dojos ainda utilizam uma faixa vermelha entre as faixas branca e amarela, destinada a
karatecas considerados muito jovens para progredirem à faixa amarela. Esta faixa vermelha não é
internacionalmente reconhecida, assim como não o são os graus atribuídos às pontas das demais faixas
dos Dangai, e era muito mais amplamente utilizada até o final do século XX, quando a idade mínima para
se atingir a faixa preta era de 18 anos completos. Hoje, como a idade mínima para a faixa preta é de 14
anos, dificilmente existe a necessidade de se atribuir essa faixa a alguém, por isso, além de não ser
reconhecida, a faixa vermelha (também chamada pejorativamente de vermelhinha) está praticamente
extinta.

Os Yudansha são:

• 1º ao 5º Dan = Faixa Preta com uma listra horizontal para cada Dan
• 6º Dan = Faixa Preta com as pontas em Vermelho e Branco (Ponta Coral) ou apenas Faixa Preta
sem ponta alguma
• 7º e 8º Dan = Faixa Vermelha e Branca (Coral)
• 9º e 10º Dan = Faixa Vermelha

Obs.: Karatecas de 1º e 2º Dan são chamados de Sensei (embora esse título possa ser usado para designar
qualquer karateca de 1º Dan em diante, ele é mais comumente empregado para designar o mais graduado
de um dado lugar), os de 3º e 4º Dan são chamados de Shihan, os de 5º e 6º Dan são chamados Renshi, os
de 7º e 8º Dan são chamados Kyoshi e os de 9º e 10º Dan são chamados Hanshi. Karatecas acima do 7º
Dan podem ser designados como responsáveis por grandes extensões territoriais, sendo os mestres de
todos os Karatecas de graduações inferiores naquela área. Um indivíduo nessas condições receberá o
título honorífico de Kodansha.

Outros pontos de relevância

Takahara e o conceito de "Do"

O nome completo do Karate é Karate-Do, ou seja, Caminho da Mão Vazia. Sendo Kara o
correspondente a vazio, Te a mão e Do a caminho. O conceito contido na partícula Do permeia as artes
marciais orientais e tem significados muito variados de região para região. Em geral, no entanto, ele pode
ser definido como uma forma de encarar as artes marciais como uma filosofia de vida, algo com uma
forte conotação religiosa, especialmente relacionada ao Budismo.

O conceito de Do encerra em si o comportamento ético esperado de um artista marcial e é o seu ensino ou


não que acaba por diferenciar um bom dojo e um mal dojo (McDojo), visto que saber dominar seu corpo
de modo a utilizar adequadamente as técnicas aprendidas para derrotar um oponente não deve ser o único
(e talvez nem mesmo o mais importante) ensinamento de um bom sensei. Não há honra nenhuma em se
nocautear um adversário inferior técnica ou fisicamente, ou em se tornar um causador de problemas, o
famoso "valentão" referenciado por Anko Itosu em seus "Dez Preceitos do Karate", apenas porque se tem
competência física para tanto.

Tradicionalmente se atribui, ao menos no que tange ao Karate, a criação do conceito de Do a Peichin


Takahara. Vejamos seus três preceitos básicos[13]:

• ijo: o caminho da compaixão, da humildade e do amor;


• katsu: a completa compreensão de todas as regras e formas do Karate;
• fo: dedicação - a seriedade do Karate precisa ser entendida não apenas no treino, mas no combate
real.

Uma tradução coletiva considerada apropriada para esses preceitos é: "A obrigação de cada um para
consigo mesmo e para com o seu próximo". Isso seria o Do.

Itosu e "Os Dez Preceitos do Karate"

Além de sua imensa contribuição pessoal para o Karate em geral e para o estilo Shorin-ryu em especial,
Anko Itosu deixou ainda um importante legado numa carta endereçada aos Ministros da Guerra e da
Educação do Japão. Essa carta, de outubro de 1908, chamada de "Os Dez Preceitos do Karate" (Tode
Jukun) [14] tinha o objetivo de desvincular o Karate de influências religiosas opostas ao Xintoísmo então
em voga no Japão, bem como de ressaltar os benefícios militares da arte marcial. A missivia não logrou
seus objetivos, mas segue transcrita abaixo:
Os Dez Preceitos do Karate

1. O Karate não é praticado apenas para o benefício individual, pode ser usado para proteger sua
família e seu mestre. Ele não é pensado para ser utilizado apenas contra um único bandido, mas
sim, como uma forma de se evitar uma briga caso se venha a ser confrontado com um vilão ou
um valentão.
2. O propósito do Karate é tornar os músculos e ossos duros como rochas e usar as mãos e pernas
como lanças. Se as crianças começarem a treinar Tang Te (sic) enquanto ainda estiverem no
Primário, então elas se tornarão bem preparadas para o serviço militar. Lembre-se das palavras
atribuídas ao Duque de Wellington depois de ter derrotado Napoleão: "A Batalha de Waterloo
foi vencida nos playgrounds de Eton."
3. O Karate não pode ser aprendido rapidamente. Como um búfalo que se move lentamente, ele
acaba viajando mil milhas. Quando alguém treina diligentemente todos os dias, então, em três ou
quatro anos, irá entender o Karate. Aqueles que treinarem dessa forma descobrirão o Karate.
4. No Karate, o treinamento das mãos e dos pés é importante, então faz-se necessário um
meticuloso treinamento na makiwara. Para fazê-lo, relaxe os ombros, abra os pulmões, agarre-se
às suas forças, prenda-se ao chão com seus pés e concentre suas energias no baixo ventre. Treine
usando cada braço cem ou duzentas vezes por dia.
5. Quando estiver praticando as bases do Tang Te (sic), certifique-se de manter sua coluna reta,
relaxar os ombros, colocar força nas pernas, manter-se firme e buscar energia no seu baixo
ventre.
6. Pratique cada uma das técnicas do Karate repetidamente, seu uso é transmitido oralmente.
Aprenda bem cada explicação e decida quando e de que forma aplicá-las quado se fizer
necessário. Avançar, contra-atacar e recuar é a regra para se soltar a mão (torite).
7. É necessário decidir se o Karate será para a sua saúde ou para auxiliar em seus deveres.
8. Quando treinar, faça-o como se estivesse no campo de batalha. Seus olhos devem brilhar, seus
ombros devem ficar relaxados e seu corpo rígido. Você deve sempre treinar com intensidade e
espírito e, dessa forma, você vai estar naturalmente preparado.
9. Não se deve treinar além do limite; isso ocasiona a perda de energia no baixo ventre e é
agressivo para o corpo. O rosto e os olhos enrubrecem. Treine com sabedoria.
10. No passado, os mestres de Karate desfrutaram de longas vidas. O Karate ajuda a desenvolver os
ossos e os músculos. Ajuda na digestão, bem como na circulação. Se o Karate for introduzido
logo no início do Primário, nós produziremos muitos homens capazes de derrotarem dez
agressores. Eu acredito piamente que isso pode ser feito se todos os estudantes da Escola de
Professores de Okinawa aprenderem Karate. Dessa forma, depois de se formarem, eles poderão
ensinar nas Escolas Primárias aquilo que aprenderam. Eu acredito que isso será um grande
benefício para nossa nação e para nossas Forças Armadas. Espero que o senhor considere minha
sugestão.

O Shorin-ryu e o Karate Esportivo


Atualmente a WKF (World Karate Federation) considera como "oficiais" apenas quatro estilos de Karate.
Esses quatro são considerados os estilos de Karate tradicional japonês e, apesar de o Shorin-ryu ser mais
antigo do que muitos deles; tendo, inclusive, dado origem ao estilo Shotokan; não entra nesse rol porque
nunca foi aceito no arquipélago principal do Japão, sendo considerado pelos japoneses como um estilo de
Karate de Okinawa.

Parece contracensual, já que o Karate enquanto arte marcial nasceu em Okinawa, mas o fato de o estilo
Shorin-ryu ser batizado em homenagem a um templo budista chinês e o fato de ainda utilizar muitas
palavras em chinês somado ao reconhecimento de suas raízes chinesas faz com que o Japão, sinófobo
como sempre foi, tenha se recusado a aceitá-lo no rol de estilos tradicionais.

A recente aproximação entre Japão e China, com o pedido de desculpas do Japão pelas atrocidades
cometidas contra China durante a Segunda Guerra Mundial aumentou as esperanças dos atletas do estilo
Shorin-ryu de que seu estilo finalmente receba o reconhecimento que merece e seja aceito no rol dos
estilos tadicionais de Karate japonês, podendo fazer parte da WKF.

A importância de se ser aceito como um estilo reconhecido na WKF está nas competições de Kata, onde
apenas os Katas praticados pelos estilos aceitos são permitidos. Os praticantes do estilo Shorin-ryu (bem
como de outros estilos não aceitos) se vêem obrigados a tomar uma dessas duas atitudes caso queiram
competir nessa modalidade: ou aprendem e executam Katas de um dos estilos aceitos; ou, na hora de
nomearem o Kata que irão fazer, dizem o nome japonês do correlato Kata Shotokan e são avaliados pelo
embusen semelhante, já que, como foi demonstrado, os Katas da Shotokan (bem como todo o estilo em si)
vêm de modificações do estilo Shorin-ryu feitas por Gishin Funakoshi a fim de fazer o Karate ser aceito
no arquipélago principal do Japão.

Uma alternativa aos atletas do estilo é a WUKO[15] (World Union of Karate-Do Organizations), entidade
anterior à WKF, que havia entrado em declínio no início da década de 1990, mas que vem sendo
revitalizada nos últimos cinco anos. A WUKO inclui no rol de estilos por ela reconhecidos como tais,
além dos aceitos pela WKF, também os estilos Shorin-ryu, Uechi-ryu, Kyokushinkai e Budokan. Embora
a WUKO conte com menos integrantes e países filiados do que a WKF, enquanto o Karate não integrar as
Olimpíadas de fato, não haverá qualquer diferença real entre as duas federações, que promovem
campeonatos mundiais e internacionais independentes uma da outra. Se, contudo, o Karate vier a integrar
os Jogos Olímpicos, apenas atletas filiados à WKF poderão obter índice olímpico, visto que esta entidade
é a única reconhecida pelo COI.

Os estilos de Karate Olímpico são:

• Shotokan-ryu;
• Wado-ryu;
• Shito-ryu;
• Goju-ryu.

Embora o Karate não tenha conseguido os três quintos de votos do Conselho do COI (Comitê Olímpico
Internacional) necessários para se tornar um esporte olímpico, como obteve o voto de mais da metade dos
países componentes do conselho, adquiriu o status de aspirante às Olímpíadas[16], podendo vir a ingressar
nelas num futuro próximo. Daí a expressão Karate Olímpico. A principal justificativa dos conselheiros
que votaram contra a aceitação do Karate como esporte olímpico foi justamente o fato de haver uma
grande multiplicidade de estilos com regras diferentes, o que dificultaria uma competição unificada que
ambragesse a todos. O fato é que nas competições de Shiai Kumite (luta), as diferenças de estilo não têm
grande importância, mas nas competições de Kata, têm. É provável que, enquanto os principais estilos
dessa arte marcial (aí incluído o Shorin-ryu, visto ser um dos mais antigos e praticados no mundo) não
deixarem de lado suas disputas internas por poder e se reunirem visando um concenso acerca do Karate
enquanto esporte, o Karate nunca venha a integar os Jogos Olímpicos. Um bom exemplo a ser seguido
seria o do Taekwondo, que conseguiu integar as Olimpíadas depois de acertos internos entre seus diversos
estilos.

Após as Olimpíadas de Atenas, em 2004, ficou decidido que, em 2008, o Karate e o Squash integrariam
os Jogos no lugar de Baseball e Softball, mas alguns países componentes do conselho interno do COI,
como Estados Unidos e Japão, onde os esportes que seriam excluídos têm grande aceitação, foram contra
a troca e se basearam na votação que não atingiu os três quintos para vetarem a entrada dos dois novos
esportes no rol das disputas de Beijing.

Você também pode gostar