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Shao Zi Gun ou Bastão Articulado

Conhecendo a Origem
Arma de origem rural usada como debulhador de grãos
cuja marcialidade se perde no tempo. Sua forma nasceu
pela primeira vez no Antigo Egito,
cerca de 3500 anos atrás
descritos nas ilustrações dos
faraós. Os registros escritos na
China foram vistos pela primeira
vez no período primavera e
outono Chinês que se passa
entre 770 e 446 a.C conhecidos também como: Os Anais
de Primavera e Outono. Outras referências
aparecem desde 1500 anos no ocidente,
mas foi somente a partir do século IV em
uma versão curta de mão adaptada que
ficou sendo conhecido popularmente como
“mangual”. No oriente foi usada pelos
chineses como formação marcial adaptada
em virtude da proibição do uso de armas a
população civil. Os modelos originais
usavam crina de cavalo ou tiras de couro para compor uma
rústica ferramenta de trabalho campeiro. Os primeiros
registros de uso marcial na China são imprecisos e
carecem de referência histórica.
Os vários nomes conhecidos
O nome dessa arma varia conforme o período e a região da
china. Na década de 1940 em uma tentativa de catalogar
historicamente as armas chinesas, o governo central
percebeu que muitos nomes originais se perderam e muitas
armas foram rebatizadas a partir de suas características
físicas, sendo essa ferramenta rebatizada por nomes
populares como: vassoura mata cabrito 山 羊 殺 死 掃 帚 ,
bastão articulado 鉸 接 桿 , bastão flexível duplo 雙 彈 性 棒 ,
bastão longo de cabeça dançante 舞 頭 長 棍 e bastão pai e
filho 父 子 棒 , além de uma variação menor dessa arma
conhecida como “vara de sentinela” 崗哨, uma versão curta
de mão e de uso duplo, feita conectando-se duas varas de

bastão curta de mão a duas seções menores.


O uso de copos metálicos interligando as seções tem
aparecido com muita frequência nas ultimas décadas
sendo padronizadas como os modelos comerciais mais
vendidos atualmente. O uso de
argolas comuns na maioria dos
modelos à venda permite uma
conexão mais resistente entre as
seções, mas deixa os movimentos
quebradiços dificultando a fluência
rítmica. A adaptação de argolas
como elementos que interligam as seções parecem ser
uma adaptação predominante moderna e evolutiva do
século XX e não corresponde aos modelos originais de
uso. Como resultado além da quebra do movimento temos
um arraste que reduz o tempo de giro em relação ao couro
e crinas de cavalo usadas originalmente em modelos
rurais. Em contra partida a união das seções por argolas ou
correntes tem sido justificada de modo a equilibrar melhor o
funcionamento das duas seções, aumentando a
intensidade de luta o que em parte é verdade.

Os tamanhos existentes
O tamanho exato varia muito de escola p/ escola, mas
baseados no modelo rural com algumas variações a
cabeça menor tem de 30 cm a 45 cm e a haste maior
também chamado de corpo do bastão possui entre 150 cm
a 170 cm com 2,8 cm de diâmetro em média. Essas
medidas variam muito de cada fabricante e não existe um
padrão oficial regulamentar de medida para essa arma
devendo o praticante ajustar o tamanho do bastão a sua
altura. Alguns estudiosos afirmam que, o conjunto total não
deve ultrapassar 2 metros a fim de não dificultar a
mobilidade dos giros e arremetidas. Alguns fabricantes
também enfatizam medidas extremas como sendo ideais
para a prática, mas é apenas um argumento de venda
devendo o senso prático de uso ser o melhor fator
determinante.

Formas de Manejo
As formas de uso do debulhador de grãos, tem por base
giros rotativos da cabeça menor em um jogo de
açoitamento e arremetes. É uma arma fácil de carregar e
muitos afirmam ser mais eficaz que o bastão convencional.
A cabeça articulada quando bem manuseada torna-se
difícil de defender, motivo pelo qual encontramos varias
combinadas desse bastão contra escudos com sabre e
versões contra lança. A seção curta e flexível permite
rebater com extrema força ataques centrados sem qualquer
dano a arma.
Nos formulários de estudo de uso podemos encontrar oito
técnicas principais padronizadas para a prática que são:

1 – Qù dǎsǎo -去打掃 -Varrer


2 – Biāndǎ 鞭打 - Açoitar
3 – Zuǒyòu dǎng -左右擋 - Bloquear esquerda e direita
4 – Bāo qǐlái -包起來 - Embrulhar
5 – Fěnsuì - 粉碎 - Esmagar
6 – Chuō - 戳 - Cutucar
7 – Xuánzhuǎn - 旋轉 - Girar
8 – Dǔsè - 堵塞 - Bloquear

A maioria das rotinas que detém elementos marciais


construtivos e sérios deverá conter a maior parte dessas
técnicas para uso. Durante os exercícios o praticante
sustenta o bastão com uma mão e com a outra guia sua
extensão para direcionar a seção flutuante nos chamados
movimentos de dança circular. Nas versões metalizadas
sons metálicos são produzidos pelas argolas o que causa
grande espanto em demonstrações marciais.
Um ponto a se considerar na prática é que, a seção menor
articulada quando pequena cerca de 30 cm não detém
massa suficiente para impactar grandes danos, sendo
necessário um grande jogo de direcionamento e projeção
do bastão menor para causar danos consideráveis a um
oponente devido a pouca massa da seção menor.
Uma solução seria de usar madeira pesada na construção
o que garante maior impacto visto que a energia é a
resultante da soma entre
massa x, velocidade. A forma de conexão do eixo entre as
seções longa e curta limita em parte a direção de ataque da
seção curta porque essa depende da força que vem do
bastão maior para gerar energia potencial. Temos portanto,
a energia passando por dois estágios evolutivos ates de
impactar o alvo. O controle cinético e de varreduras deve,
ser sempre forte e preciso para se obter os melhores
resultados dessa arma. Entre os vários estilos que mais
fazem uso dessa arma se destacam, o Shaolin do Norte,
Mizuquan, Hungar, Choy lee Fut e louva a Deus.

Considerações Finais
O Espírito do bastão Articulado
A ideia de diferentes seções trabalhando conjuntamente
esta associada filosoficamente a conceitos como dois
amigos que vindo de diferentes locais trabalham de mãos
unidas em sintonia onde o espírito de cooperação se gera
quando diferentes forças trabalham para alcançar o mesmo
objetivo. O significado da harmonia para a interpretação
humana representa um elo para manter unido, ideais que
devem existir entre todas as associações que almejam
construir algum propósito, esse é o espírito que o bastão
articulado representa. Considerações à parte, a prática
desse artefato como arma é muito importante no contexto
marcial porque desenvolve a noção de distância, estimula o
deslocamento cinético da linha central e controle de giro
além de projeção de massa sobre alvos estáticos e em
movimentos.

Texto: Alexandre Riegel

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