Você está na página 1de 17

ZiwuYuānyāng yuè 鴛鴦鉞 Faca Chifre

de Cervo/ pato Mandarin / Rabo de peixe


Conhecido como eixos meridianos, facas de corça de cervo, facas
de lua crescente, rabo de peixe e facas pato Mandarim, esta arma
foi popularizada através do
Baguazhang, um estilo de
kung fu criado e popularizado
pelo mestre Dong Hai Chuan 董海川
(1813 – 1882). Estas facas de aço
(originalmente produzidas de ferro
fundido) são perfeitamente
ponderadas e dimensionadas, sendo
ocasionalmente também são
chamadas de: lâminas de matança.

O Yuānyāng yuè é uma arma tradicional chinesa com uma forte


associação com a arte marcial do BaGua Zhang. Normalmente
carregadas em um par, essas facas de combate chamam a atenção
pela sua excentricidade. As múltiplas lâminas e pontos com ferrões
são projetados para resguardar a mão, enrolar e desviar armas
maiores como lanças e espadas.
A proteção centrada em torno da mão faz do Yuānyāng yuè uma
arma previamente intuitiva de usar ao bloquear e desviar as
investidas de um inimigo. Capaz de cortes rápidos e profundos os
ferrões da parte inferior da mão também podem funcionar como
perfuradores afiados para um efeito previsivelmente doloroso.
Essas facas combinam graça e fluidez com precisão afiada sendo
essa uma excelente ferramenta de treinamento para quem aprimora
suas habilidades de coordenação motora e precisão.

Uma versão para o Baguazhang


O Yuānyāng yuè 鸳鸯 钺 na versão de quatro pontas ganhou
proeminência nas artes marciais no final da dinastia Qing (1644 –
1911). Embora referências sobre as datas de origem sejam motivo
de controvérsia entre estudiosos, a existência registrada de Dong
Hai Chuan reporta os anos entre 1813 -1882 (nascimento e morte
do grande mestre) que nos permite situar com razoável precisão o
surgimento da versão de quatro pontas do Yuānyāng yuè.
Alguns relatos afirmam que Dong Hai Chuan no auge de sua forma
foi desafiado a produzir uma arma com base na forma e teoria
circular do Baguazhang para ser inserido no seu novo sistema de
Kung Fu.
Dizem que após alguns estudos técnicos Dong Hai Chuan partiu um
aro circular em duas partes iguais e as juntou de forma invertida e
assim nasceu o “Yuānyāng yuè”. Apesar de a teoria ser condizente
com os elementos da época e indicar ser uma possibilidade na
criação dessa arma, não existe nenhum registro documental
que corrobore essa narrativa. Com relação à
aparência, a forma modificada dos aros seria
semelhante a um rabo de peixe na extremidade
inferior da arma, nome pelo qual se difundiu com
o passar do tempo e que se manteve
até os dias de hoje. Outros relatos
mencionam que o grande mestre
baseou-se em uma versão mais antiga
pré-existente dessa arma conhecida
como facas pato mandarim ou facas
chifre de cervo, nome atribuído à arma
devido à semelhança com as curvas da
galhada dos cervos descendentes de uma antiga forma de lutar
chamada “Goti” 與尖峰戰鬥 ou luta com pontas.

Sobre o Uso da Versão de Quatro Pontas


A rotina de treinamento na versão de quatro pontas tem por base as
linhas de deslocamento circular do Baguazhang, seguido de
oscilações para todos os lados semelhantes às formas dos
movimentos e exercícios de mão do Baguá.
Explora-se essa arma através da troca rápida de
bases enquanto giros contínuos perfazem
evoluções de 180° de um lado a outro o
que deixa o adversário confuso enquanto a
lâmina corta em sentido linear e circular de forma
constante. Em termos práticos a versão de quatro
pontas se utiliza de movimentos circulares de dentro
para fora de maneira expansiva. Apesar da beleza que as linhas do
Baguazhang expõem as técnicas dessa arma, temos como
desvantagem a falta de linearidade da linha central de combate
onde predominam a maior parte dos confrontos. Devido à alta
popularidade do método de Dong Hai Chuan (criador do modelo de
quatro pontas) o Baguazhang arrastou de contra peso todo seu
arsenal de armas e teorias existentes de uso como anexo.
Em função dessa proeza dezenas de técnicas similares de
Baguázhang assim como replicações do Yuānyāng yuè em versões
pobres e de construção duvidosa que só
funcionam na imaginação dos praticantes se
proliferaram aos quatro cantos da china. Como
resultado 90% das formações dessa arma
ensinada nas escolas marciais hoje em dia
agregam rotinas que não detém nenhum fluxo
marcial útil e funcional.
Um dos fatores que contribuíram para essa
disseminação desenfreada de técnicas não
fundamentadas e sem estudo funcional é a
própria aparência aterradora da arma que, faz
induzir a quem a segura uma forte sensação de
poder de destruição devido ao modelo incomum
que de forma inconsciente faz pressupor que a
arma agrega alguma surpresa quando manuseada.
Alguns fatores como historias que viram lendas e que se perpetuam
no meio marcial ainda sustentam uma imaginação fertil de muitos
praticantes e mestres de Kung Fu valorizando ainda mais algumas
formações marciais na forma de katis.
Hoje mais de 100 anos após sua morte ainda existem rumores e
histórias de que Dong Haichuan e sua lápide contêm muitos outros
registros secretos do uso do Yuān yāng yuè e de técnicas eficazes
contra homens fortemente armados.
Uma dessas histórias diz que, Dong Hai Chuan ao viajar para fora
da cidade foi atacado por uma turba de ladroes fortemente armados
até os dentes, mas de maneira extraordinaria ele se moveu como
um furacão sacou seu par de Yuān yāng yuè e derrotou a todos

saindo ileso do combate. Quando guardas locais chegaram, ficaram


impressionados com as lacerações em que um conjunto de doze
corpos foram encontrados.
Testemunhas diziam que um homem com uma arma estranha e
devastadora nunca vista dilacerou a todos numa fração de
segundos com incrível velocidade e precisão.

Yuānyāng yuè nos dias de hoje


Aperfeiçoadas durante gerações a maioria das facas Yuānyāng yuè
vistas nos tempos modernos são de quatro pontos ou ferrões, isso
aumenta a capacidade de prender a arma do oponente e desarmá-
lo. Do ponto de vista geométrico essa arma tem uma forma
imponente e assustadora com aparência bem destruidora, contudo
possui algumas limitações devido ao próprio formato da geometria
de construção.
Embora eficiente contra a maior parte das armas chinesas as
perfurações frontais requerem
certa prática devido à forma de
de arco e o grau de inclinação da
lâmina principal que detém em
média 15 cm de potencial para
perfuração direta e 2 cm a 6 cm
de profundidade em laceração
contínua vertical ou horizontal.
Devido à geometria não linear da lâmina
é natural que a trajetória da arma se
desvie um pouco durante a parábola da curva,
considerando-se o coeficiente de aceleração em relação à curva
defasada em um alvo em movimento. O deslocamento
descendente do arco não é constante e varia de acordo com a
distância. Quanto mais longe o alvo, maior sera o desvio.
Por isso ataques frontais e diagonais a curta distância devem ser
sempre a primeira opção devendo ser executados de forma rápida e
direta. Como virtude maior o Yuānyāng yuè destaca-se na
capacidade de bloquear outras armas como bastões, lanças e
espadas, o escudo protetor ou guarda a frente da mão garante
segurança e proteção adicional para o usuário sob diversas
circunstâncias. Como alvos principais no corpo humano as versões
de três e quatro pontas visam sempre áreas vitais como pescoço,
olhos, coração, mãos e joelhos. Como consideração final temos o
correto balanceamento das lâminas que é fundamental para uso
contínuo e são poucos os modelos funcionais que retém um
equilíbrio perfeito e harmonioso de todo o conjunto possibilitando
perfurações eficientes como punção e lacerações verticais e
horizontais simultâneas. Yuānyāng yuè é uma das armas mais
exóticas do kung fu, é sempre manipulada aos pares e geralmente
é ensinada a alunos com formação elevada em outras armas
chinesas..............................

Suposta Origem da versão de três pontas


Versão ensinada no Shaolin do Norte
Uma versão mais antiga pré-existente dessa arma conhecida como
versão de três pontas ou, três bifurcações foi
referenciada ao longo da história como um
modelo bem mais antigo do que o criado por
Dong Hai Chuan e usado no templo shaolin de
Honan. Informações documentadas desses
registros se perderam no tempo e a única
referência existente é a própria técnica que
chegou aos nossos dias através de e seu legado
transmitido de forma oral e não escrita.
Nesse ponto a antiga tradição marcial detém certa credibilidade
embora não possa ser comprovada efetivamente. O nome mais
antigo dessa arma seriam facas chifre de cervo na sua formação
mais primitiva devido à semelhança da galhada dos cervos e
veados.
Por ser disposta em pares foi posteriormente renomeada por alguns
mestres como facas pato-mandarim, um nome que referencia a
formação de elementos duplos inseparáveis.
O pato-mandarim na China é sinônimo de
pares complementares e muitos acreditam
que os casais da espécie criam laços
eternos, assim essas facas serão sempre
encontradas aos pares não existindo
formações de uso individual dessas facas.
Uma curiosidade com relação ao nome chifre de cervo é que a
galhada em algumas culturas representam a coroa ou poder, em
outras representa a ligação entre o céu e à terra, ou seja, ele seria
um mediador entre os mundos terreno e espiritual. Também é
considerado um símbolo de renascimento, porque quando os
galhos caem, eles se regeneram de tempos em tempos tornando-se
maior a cada ciclo. Significados a parte os nomes atribuídos a essa
arma de alguma forma se relacionam com parte de sua geometria,
associados a elementos comuns do folclore popular e elementos
místicos e mágicos da cultura chinesa.
O nome rabo de peixe pelo qual é mais conhecido hoje em dia, se
espandiu com o tempo em duas formações existentes de três e de
quatro pontas, pato-mandarim e chifre de cervo são nomes com
fortes referências regionais em outras partes da China não
existindo, portanto, um nome oficial definitivo para essa arma, elas
serão encontradas sempre com diversos nomes dependendo da
localização geográfica.

Diversos nomes conhecidos da Arma:

01 - Facas Chifre de Cervo - 鹿角刀Lùjiǎo dāo


02 - Pato Mandarim - 鸳鸯 Yuānyāng
03 - Rabo de Peixe - 鱼尾 Yú wěi
04 - Eixos Meridianos - 经轴 Jīng zhóu
05 - Lâminas de Matança - 杀死刀片 Shā sǐ dāopiàn
06 - Facas de lua Crescente -月牙刀 Yuèyá dāo

Reivindicando Ancestralidade
Apesar de menos popular o Yuānyāng yuè em sua versão de três
pontas ainda é referenciada por alguns estudiosos como a versão
mais antiga dessa arma. Um estudo prévio de um kati ensinado no
estilo shaolin do Norte no Brasil pelo grande mestre Chan Kowk Wai
demostra na mecânica de movimentos um elemento crucial que
atesta a antecedência desse formato em
relação à versão de quatro pontas. Um meio
círculo em forma de caminhada conhecido como
meditar em movimento cuja origem remonta o século II
foi inserido posteriormente na rotina linear do Yuānyāng
yuè. A prática de meditar em movimento andando em
círculos já existiam a séculos antes da criação do
Baguazhang de Dong Hai Chuan que o inseriu como
principal elemento base em seu estilo de kung fu criado
por volta do ano 1800.Com base nesse diferencial se
conclui que o estilo Shaolin do Norte composto
tecnicamente por 10 formas e o Yuānyāng yuè versão
de três pontas carregam em si essa assinatura em forma
de passos em suas rotinas o que nos permite crer que foi em um
período anterior a Doug Haum Chuan que se deu possivelmente os
alicerces dessas criações conceituais. Outros estudiosos afirmam
que as técnicas lineares surgiram posteriormente a partir do modelo
original de Dong Hauchuan e que foi necessário remover a quarta
ponta inferior externa porque essa ponta dificultava e execução de
movimentos cruzados e fechados. Ao lado temos um exemplar
antigo, uma referência a versão de três pontas feito em ferro
fundido dos primeiros modelos criados, nota-se que o ferrão
principal nesse modelo destinava-se mais a lacerações do que
perfurações. Cabe salientar que a disputa de qual versão surgiu
oficialmente primeiro nunca poderá ser provada com 100% de
exatidão porque a maioria dos registros históricos se perderam no
tempo e apenas suposições com base em analogias e
comparações estão disponíveis para o estudo dessa arma.

Diferenças das Técnicas


Existem dois padrões de técnicas para o uso do Yuānyāng yuè de
três e de quatro pontas e são conhecidas como:
01 - Técnica de uso linear - utiliza movimentos de fora para dentro
como base.
02 - Técnicas de uso circular - utiliza movimentos de dentro para
fora como base.
Com base nas semelhanças entre as versões de três e quatro
pontas a arma Yuānyāng yuè é basicamente a mesma em estrutura
e se diferencia apenas pela retirada de uma das pontas baixas
destinada a evitar cortes no antebraço. Na versão de três pontas do
Shaolin do norte usam-se técnicas lineares de avanço cruzado de
braços em forma de X como base, logo a chamada “ponta extra” foi
removida para não cortar o antebraço, pois logo nos primeiros
movimentos esse fato se faz evidente.
Todas as técnicas de Yuānyāng yuè de uso linear utiliza a versão
de três pontas salvo raras exceções. O uso de golpes cruzados e
centrados, fisgadas, cortes assimétricos com bases baixas e
aplicações intuitivas seguem do início ao fim
nas sequências de três pontas.
Muitos praticantes por falta de
conhecimento e ignorância alegam que a
versão de três pontas é uma arma distinta e
diferente da versão de quatro pontas
quando, na verdade, é a mesma arma
apenas com uma ponta cortante a menos.
Nos modelos mais primitivos das primeiras
formações a versão de três pontas era
realmente diferente, o ferrão superior
lacerava ao invés de furar e a ponta baixa
se destinava a travar outras armas e não continha aguçamento.
Hoje em dia ambos os modelos são basicamente idênticos com
exceção do quarto ferrão. Uma característica do Yuānyāng yuè de
três pontas é que seus golpes são projetados para ataques frontais
e diretos de fora para dentro diferente do Baguazhang onde os
movimentos são de dentro para fora.
Na forma linear a arma atua muito próxima ao corpo do praticante e
pode gerar acidentes devido à proximidade das lâminas
dependendo do modelo que se usa. Existem técnicas específicas
nos dois modelos para se usar contra a lança, cajado, sabre e
especialmente a espada.
Um fator de eficiência a ser considerado é o tamanho dessa arma,
dimensões extrapoladas com o ferrão principal alongado superior a
25 cm torna a prática extremamente difícil tornando alguns golpes
impossíveis de se realizar, O fator peso é outro ponto a se
considerar, um par dessas facas situa-se entre 1,4 kg e 1,6 kg no
máximo quando em pares.
É por isso que os modelos dessa arma devem à nível de perfeição
ter em tese uma geometria particular e estudada embora existam
modelos gerais que se adaptam bem ao uso comum de forma geral.
As rotinas de três pontas são sempre mais agressivas do ponto de
vista marcial em relação a versão de quatro pontas. Não existem
floreios na versão de três pontas e todos os golpes são certeiros e
de precisão cirúrgica. Toda a técnica é construída sob as bases
tradicionais de cavalo, base do arqueiro e base vazia (gato) além de
bases complementares.
No estilo Baguazhang usa-se bases altas para o jogo de
movimentos. Apesar das diferenças nos dois estilos a prática sem
controle dessa arma sempre representam risco para o usuário.
Por isso é Yuānyāng yuè é considerada uma arma avançada dentro
do kung fu sendo reservada apenas a alunos formados com
domínio em outras armas. As rotinas lineares permitem sempre
uma rápida absorção da forma combativa da arma em relação às
formas circulares que requerem uma sólida base do Baguazhang e
entendimento do seu princípio de movimentação multidirecional.
As técnicas de Baguazhang para o Yuānyāng yuè diferem muito
nesse sentido onde o objetivo da técnica é andar em círculo com a
arma o tempo todo. A movimentação constante de forma circular
obriga o adversário a se reposicionar de forma constante e fazer
novo enquadramento pois, se movimentando em círculos ele não
consegue alcançar o praticante de Yuānyāng yuè nem focar sua
localização para um contra-ataque.
As sequências tradicionais também exibem muitas ações
repetitivas, no Shaolin do Norte a rotina de treinamento de
Yuānyāng yuè é longa e detalhada e não permite promover
habilidades num curto espaço de tempo. Se dominado corretamente
dentro do Baguazhang ou do sistema linear o Yuānyāng yuè é uma
arma fantástica difícil de contrapor e defender. Segundo o Mestre
Su Yu-Chang artista marcial de Taiwan (1940-2019), o Yuānyāng
yuè é uma arma incomum porque pode quebrar a energia de
qualquer outra arma, longa ou curta de modo firme e eficaz.

O uso proibido de Adornos nessa arma

O uso de adornos (lenços coloridos) nas extremidades abaixo do


punho muito comum nas rotinas de Baguázhang são tecnicamente
proibidos nessa arma para formas lineares
de três e quatro pontas em demonstrações
públicas, pois em técnicas de cruzamento
de braços e cortes fechados podem
provocar acidentes devido à proximidade
das laminas além de uma perda de controle
das linhas que impedem a visualização
nítida dos golpes. Com o passar do tempo
muitas formas lineares e circulares de
Yuānyāng yuè tem surgido em vários estilos de kung fu como Xing
Yi, Shaolin e MizuQuan, contudo, as formas do norte da china
assim como a forma circular e original criada por Doug Hauchuan
ainda detêm as melhores formações técnicas existentes para a
prática real de treinamento.
Como consideração final deve-se entender que: na estrutura do
Baguazhang de movimento circular pode-se executar qualquer kati
ou rotina de exercícios com ambos os modelos três e quatro pontas
sem prejuízo da técnica devido a um conjunto harmonioso de
volteios e esquivas impares que atuam sempre em diversas
direções. Existe uma fórmula de dezesseis palavras-chave para as
várias técnicas de Yuānyāng yuè, isso inclui enganchar, travar,
cortar, puxar, perfurar arranhar, picar e cortar, só para citar
algumas. Abaixo vemos algumas variações do Yuānyāng yuè,
muitos modelos apresentados são recriações modernas que
conservam como padrão o fundamento original de sua criação.

Conhecendo os vários modelos


do Yuānyāng yuè
Yuānyāng yuè existe em vários modelos e tamanhos, muitas peças
são únicas e exclusivas de colecionadores apaixonados pela
estranha geometria dessa arma do kung fu. Assim cada modelo
agrega características únicas refletindo as virtudes de suas
dimensões e poder de destruição.

Analise de alguns modelos Existentes

Modelo antigo de três pontas feito em ferro fundido e de origem


ignorada.

Os detalhes da empunhadura mostram o uso de


diferentes materiais fixados por rebites, típicos de uma
produção artesanal. Nota-se que o ferrão principal foi
feito para lacerar e não perfurar, possivelmente uma
característica dos primeiros modelos de três pontas que
evoluíram para um design mais agressivo. Tudo indica
que esse modelo corresponda às primeiras facas de
chifre de cervo conhecidas.

Quando disposto lado a lado esse modelo


feito em ferro reflete os olhos de um ser
imaginário. Muitas criações chinesas
eram feitas para compor uma imagem
quando em duplicidade criando uma espécie de
impressionismo combinado, uma característica da cultura
oriental. O conjunto de empunhaduras nesse modelo
é reduzido e subdimensionado para ser erguido sempre
no meio da arma, com certeza um modelo que oferece bom
balanceamento entre a parte superior e inferior das lâminas.
Versão moderna de três pontas contém uma leve bifurcação na
ponta inferior recurvada semelhante à cabeça de um pato.
Inicialmente, as facas tinham apenas três pontos,
mas com o tempo a lamina inferior foi
ligeiramente curvada como a cabeça de um
pato. Dizem que essa alteração ou pequeno
recuo nas laminas na forma de pato servia
para fazer embeber uma pequena dose de
veneno mortal com poder extra para poder matar
lentamente, uma teoria pouco provável devido ao
constante perigo que essa arma oferece
também ao próprio praticante que a
empunha. O ferrão principal superior nesse modelo foi
reduzido drasticamente enfatizando o corte ascendente da lâmina
inferior o que parece ser a ideia desse modelo o que gera certa
dificuldade na defesa inimiga.
O modelo de três pontas moderno parece fazer uso intenso da
técnica do corte ascendente ao contrário da versão de quatro
pontas onde predomina ataques com o corte descendente.
Modelo de quatro pontas que corresponde a maior parte dos
modelos fabricados e vendidos
atualmente. Possui empunhadura
em madeira em todo o dorso que
permite segura-lo em diferentes
posições para enfatizar golpes
perfurantes. Modelo cortado a
laser e desbastado por lixadeira o
que garante bom equilíbrio de
massa entre os ferrões superior e
inferior, a excelente geometria desse
formato torna Ideal para treinamento de katis e apresentações
gerais. Apesar do processo de confecção ser industrializado o preço
desse par de Yuān yāng yu ainda é bastante alto devido as várias
etapas de produção.

Modelo compacto de quatro pontas curtas com ferrões muito


afiados, esse modelo é um pouco maior que a
palma da mão sendo ideal para ataques
rápidos em contato direto com o oponente.
Apesar do formato pequeno pode ser usado
como soqueiras desfigurando rapidamente o
rosto de um oponente, possui pouca
profundidade nas perfurações exigindo
maior esforço físico para compensar o
reduzido volume de massa. As partes inferiores das
lâminas detém maior poder destrutivo que a parte superior
enganando facilmente o adversário.

Modelo de Yuānyāng yuè com ferrão principal estendido ideal para


perfurações profundas, porém, devida a
parábola da curva a precisão desse
modelo fica comprometido mesmo a
curta distância. O brilho em excesso nas lâminas
oferece a vantagem de refletir a luz o que pode
ofuscar o adversário por alguns instantes
dificultando a defesa inimiga. Os ferroes extra
longos também sugerem ao agressor um
grande poder destruidor. Essa é uma herança antropológica que
está fixa em nosso subconsciente quando enormes animais
erguiam suas potentes garras ou chifres para caçar.
A simples visão dessa arma de garras alongadas desperta como
um gatilho como um sentido de alerta e de perigo bem mais do que
pontas retas de lanças e espadas.

Modelo de três pontas artesanal de pouco estudo geométrico. O


ferrão principal é predominantemente curto o que
obriga a um contato muito próximo do
oponente.Também possui pouca poder de
perfuração mas com lacerações fortes o que
permite longos rasgos em pontos estratégicos. O
ferrão inferior permite movimentos ascendentes de
forma furtiva e de difícil defesa. Apesar de não ser o
melhor projeto dessa arma os modelos curtos detém
certas vantagens em relação a formas maiores.

Modelo de ferrão acentuado mas com


penetração limitada devido a alta
proeminência do ferrão inferior que
duficulta a penetração por completo da
ponta principal. Esse modelo goza de boa
empunhadura e rica beleza estética
mas eficácia reduzida. O ângulo
invertido do ferrão superior menor confere
excelente repuxo para cortes limpos na garganta e áreas sensóveis
do corpo.

Modelo de ferrão lacerante projetado


para longos rasgos horizontais e
verticais. Devido a falta de
aguçamente o poder de perfuração na
lâmina principal fica parcialmente
comprometido devido a pequena massa
acentuada na extremidade. O ferrão inferior é
bem projetado ideal para cortes de baixo para
cima. O ferrão superior secundário apesar de
curto pode lançar ofensiva na linha dos
olhos atuando como uma pequena faca de penetração.
Detalhes de construção em série

Modelos em madeira são uma boa opção para treinamento, pois


além de custo reduzido oferecem menor risco a acidentes tendo em
vista que essa arma corta de um extremo ao outro

Modelos em metal oferecem mais realismo assim como maior risco


de acidentes. A maior vantagem dos modelos em metal é que o
praticante se obriga a redobrar a atenção durante a prática
propiciando um maior controle de fluxo durante os cruzamentos das
lâminas. O uso de lâminas afiadas é mais adequado ao
aperfeiçoamento pois em níveis avançados é incomcebível um
praticante manusear uma arma que não seja plenamente funcional
e afiada. Caso o praticante insista em modelos sem fio ele deve
rever seriamente sua formação básica que não o habilita a usar
exemplares reais com poder de destruição.

Qual modelo devo usar ?


Atualmente existe a venda várias configurações dessa arma que
ultrapassam os 50 modelos, todas possuem pontos recurvados ou
invertidos e facas com três, ou quatro pontos cada.
O Mestre, Liu Yun Qiao ao descrever sobre as armas de bagua,
disse que elas são curvas como o próprio Baguazhang (referindo-se
as rotinas) para as formas de Baguazhang com essa arma..
Em regra as facas Yuānyāng yuè detêm dois padrões únicos de
técnicas que são, circulares e lineares.
No Baguazhang sua forma de execução é sugestiva como a metade
de uma bola de Yin Yang enquanto seu uso também é. Enquanto
uma polaridade ou metade está bloqueando, a outra está atacando.
Enquanto uma faz armadilha, a outra corta. Com lâminas em todas
as direções, elas são como as "garras de um dragão".
Para o padrão linear os modelos são mais exigentes respeitando
sempre uma boa geometria de construção.
Para os que deseja aprofundar seus estudos nas formações
lineares do qual o shaolin do norte e o estilo Mizuquan detém a
melhor formação já desenvolvida recomenda-se o uso da versão de
três pontos ou Bifurcações. A versão abaixo é um protótipo feito em
3D baseado nas formas mais populares encontradas a venda. .

Texto: Alexandre Riegel

Bibliografia.
Mestre: Liu Yun Qiao, mestre em armas brancas.
Mestre: Alexandre Riegel, Especialista em armas chinesas.
Chinese Martial arts Manual

Você também pode gostar