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Ondas em 2 e 3 dimensões - Trabalho de F228

André B. Rasera Eduardo Toffolo


RA: 231312, Turma C RA: 170812, Turma C
Felipe de Almeida Rafael A. B. P. Marrocos
RA: 169991, Turma A RA: 241960, Turma A

18/11/2020

1 Primeira Parte
A equação da onda em três dimensões é dada pela expressão

∂ 2u
= v 2 ∇2 u,
∂t2
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
em que u = u(x, y, z, t) e ∇2 u = + + .
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Por hipótese, a onda exibe simetria esférica, isto é, a função u é somente dependente do
tempo e da distância até um ponto de referência; nesse caso, o ponto de perturbação -
que, no sistema de coordenadas escolhido, ép a origem, por simplicidade de contas. Ou
seja, existe uma função f (r, t), em que r = x2 + y 2 + z 2 , tal que

u(x, y, z, t) = f (r(x, y, z), t) = f (r, t).

Para escrever o Laplaciano ∇2 u em função de f , observe que:

∂ 2u
     
∂ ∂f ∂f ∂r∂ ∂ ∂f x
2
= = = =
∂x ∂x ∂x ∂r ∂x∂x ∂x ∂r r
2
!
∂ 2 f x2 ∂f r − xr
 
∂ ∂f x ∂f ∂  x 
= + = + =
∂x ∂r r ∂r ∂x r ∂r2 r2 ∂r r2
∂ 2 f x2 ∂f 1 x2
 
= 2 2 + − 3 .
∂r r ∂r r r

Analogamente,

∂ 2u ∂ 2 f y 2 ∂f 1 y2 ∂ 2u ∂ 2 f z 2 ∂f 1 z2
   
= 2 2+ − ; = 2 2+ − .
∂y 2 ∂r r ∂r r r3 ∂z 2 ∂r r ∂r r r3

1
Logo, conclui-se que

∂ 2f x2 + y 2 + z 2 3 x2 + y 2 + z 2
   
2 ∂f
∇ u= 2 + − .
∂r r2 ∂r r r3

Usando que r2 = x2 + y 2 + z 2 ,

∂ 2f 2 ∂f
∇2 u = + .
∂r2 r ∂r
Logo, a equação da onda passa a ser

∂ 2u ∂ 2f ∂ 2f
 
2 ∂f
2
= 2
= v2 2
+ .
∂t ∂t ∂r r ∂r
g(r, t)
Escrevendo a função f (r, t) na forma , obtém-se
r
∂ 2f 1 ∂ 2g
 
∂ 1 ∂g ∂f 1 ∂g g
2
= = 2
; = − 2 ;
∂t ∂t r ∂t r ∂t ∂r r ∂r r
∂ 2f 1 ∂g 1 ∂ 2 g 1 ∂ 2g
 
1 ∂g 2g 2 ∂g 2g
2
= − 2
+ 2
− 2
+ 3
= 2
− 2 + 3.
∂r r ∂r r ∂r r ∂r r r ∂r r ∂r r

Na equação da onda,

1 ∂ 2g
 2  
2 1∂ g 2 ∂g 2g 2 1 ∂g g
=v − + 3 + −
r ∂t2 r ∂r2 r2 ∂r r r r ∂r r2
 2    
2 1∂ g 2 ∂g 2 ∂g 2g 2g
=v + − + − 3
r ∂r2 r2 ∂r r2 ∂r r3 r
2 2
v ∂ g
= .
r ∂r2
Finalmente,

∂ 2g 2
2∂ g
= v ,
∂t2 ∂r2

que nada mais é que a equação da onda em uma dimensão. Tomando h(kr − ωt),
uma função qualquer que é solução de tal equação, segue que a solução para o caso de
simetria esférica em três dimensões é da forma
1
u(x, y, z, t) = f (r(x, y, z), t) = f (r, t) = h(kr − ωt).
r

2
2 Segunda Parte
A equação de onda em duas dimensões é dada por

∂ 2u
2
= v 2 ∇2 u,
∂t
∂ 2u ∂ 2u
para u = u(x, y, t) e ∇2 u = + .
∂x2 ∂y 2
Por possuir simetria radial, u depende apenas da distância à origem da perturbação
que, assim como na primeira parte, é tomada como a origem do sistema de coordenadas
para efeito
pde simplificação de cálculos. Isto significa que existe uma função f (r, t),
para r = x2 + y 2 , tal que

u(x, y, t) = f (r(x, y), t) = f (r, t).

Para escrever o Laplaciano espacial em função de f , mais uma vez observe que:

∂ 2u
       
∂ ∂f ∂ ∂f ∂r ∂ ∂f ∂r ∂f ∂ ∂r
2
= = = +
∂x ∂x ∂x ∂x ∂r ∂x ∂x ∂r ∂x ∂r ∂x ∂x
 2
∂ 2 f ∂r ∂f ∂ 2 r ∂ 2 f x2 ∂f y 2
= 2 + = +
∂r ∂x ∂r ∂x2 ∂r2 r2 ∂r r3

De maneira análoga,

∂ 2u ∂ 2 f y 2 ∂f x2
= + .
∂y 2 ∂r2 r2 ∂r r3
Com esse resultado, segue que

1 ∂f ∂ 2f
∇2 u = + 2.
r ∂r ∂r
A segunda derivada da solução da equação em relação ao tempo é dada por

∂ 2u ∂ 2f
=
∂t2 ∂t2
e a equação de onda em duas dimensões na sua forma polar e com simetria radial se
transforma em

∂ 2f ∂ 2f
 
2 1 ∂f
=v + 2 .
∂t2 r ∂r ∂r
1
Seja h(r, t) = 1 g(kr − ωt), para g(kr − ωt) solução de onda plana. Seja ainda, para
r2
economia de notação, u(r, t) = kr − ωt. Isso significa que a primeira derivada parcial
de h em relação a r é dada por

3
∂h −g k dg
= 3 + 1 ,
∂r 2r 2 r 2 du
a segunda derivada parcial de h em relação a r é dada por

∂ 2h 3g k dg k 2 d2 g
= 5 − 3 + 1
∂r2 4r 2 r 2 du r 2 du2
e a segunda derivada parcial de h em relação a t é dada por

∂ 2h ω 2 d2 g
= 1 .
∂t2 r 2 du2
Então o operador de Laplace em relação às variáveis espaciais de h pode ser expresso
por

g k 2 d2 g
∇2 h = 5 + 1 ,
4r 2 r 2 du2
e aı́ a função h é solução da equação de onda para duas dimensões se, e somente se,

∂ 2h ω 2 d2 g k 2 d2 g ω2 d2 g(u)
   
2 2 g g(u)
= v ∇ h ⇔ 1 = v2 5 + 1 ⇔ = − k2 .
∂t2 r 2 du2 4r 2 r 2 du2 4r2 v2 du2

No entanto, como u = kr − ωt, é possı́vel variar r e t de modo que u permaneça


constante. Mas isto significa que r−2 é constante (desde que g(u) não seja a função
nula) e, portanto, tem-se um absurdo. Segue desse resultado que as soluções de onda
plana definitivamente não satisfazem a equação de onda em duas dimensões, excetuada
a função nula.

Um tipo de solução (trivial) para a equação de onda em duas dimensões, sem si-
metria radial, é a onda plana, isto é, funções do tipo f (k1 x + k2 y − ωt) para f :
R → R e k1 , k2 ∈ R. Outra possı́vel solução da equação, desta vez para ondas
em membranas retangulares e, portanto, também sem simetria radial, é f (x, y, t) =
A.sen(k1 x).sen(k2 y).cos(ωt + φ)[1] . Já soluções envolvendo simetria radial não pare-
cem tão simples: para membranas circulares[2] , por exemplo, a solução normalmente
envolve a função de Bessel, que é uma função não-elementar.

4
3 Referências

[1] MORIN, David. 2D waves and other topics. Disponı́vel em: https://scholar.
harvard.edu/files/david-morin/files/waves_miscellaneous.pdf. Acesso em: 17
nov. 2020.

[2] YONG, Darryl. LECTURE 14: Playing the Timpani: Vibrations of a circular
membrane. Separata de: YONG, Darryl. An Introduction to Partial Differential
Equations in the Undergraduate Curriculum. cap. 14. Disponı́vel em: https://www.
math.hmc.edu/~ajb/PCMI/lecture14.pdf. Acesso em: 17 nov. 2020.

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