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eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #001 – 2015/2018.

Primeiro Passo...

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Prezados Maçons Crípticos brasileiros, no dia 23 de novembro de 2015, apenas alguns
dias após termos assumido a direção do Supremo Grande Conselho, nossa diretoria se dirigiu
aos senhores com um comunicado, cujo trecho destacamos abaixo:

Nos próximos três anos, focaremos nossos esforços em três frentes que consideramos
mais emergenciais para o desenvolvimento da Maçonaria Críptica no Brasil: 1)
consolidação dos Conselhos Crípticos: temos ciência de que alguns Conselhos estão
com dificuldades de funcionamento, tendo alguns desses trabalhado sem a
disponibilidade de todos os utensílios ritualísticos necessários. Buscaremos colaborar
na solução desses entraves; 2) disponibilidade de literatura: enquanto a literatura em
língua portuguesa sobre os graus simbólicos e os graus capitulares do Rito de York são
escassas, sobre a Maçonaria Críptica essa escassez é ainda maior. Incentivaremos a
publicação de obras sobre os graus crípticos, de forma a auxiliar na formação do
maçom críptico brasileiro; 3) expansão responsável: sendo os graus crípticos essenciais
para a completa formação hiramita de um Maçom do Real Arco, buscaremos colaborar
para a criação de Conselhos Crípticos nas regiões em que o Real Arco esteja bem
consolidado, garantindo, assim, as condições ideais para o pleno funcionamento
desses futuros Conselhos Crípticos.

Temos, desde então, trabalhado nessas três frentes que nos propomos, de forma a
consolidar a Maçonaria Críptica em nosso país. Uma dessas frentes, a segunda, de
disponibilidade de literatura, é o alvo deste comunicado. A partir deste, nosso Supremo
Grande Conselho publicará mensalmente suas SUPREMAS INSTRUÇÕES, que terão por
objetivo compartilhar informação e conhecimento da Maçonaria Críptica a todos os
companheiros de nosso Supremo Grande Conselho. Pedimos auxílio a cada maçom críptico,
na divulgação dessas Supremas Instruções mensais que publicaremos a todos os seus pares
de seu Conselho, além de solicitarmos aos Ilustres Mestres e Companheiros Secretários que
utilizem essas Supremas Instruções como instruções complementares nas reuniões de seus
Conselhos.
Inauguraremos o ano de 2017 com uma Suprema Instrução sobre “O que é a
Maçonaria Críptica”, divulgada em Janeiro. Aqueles companheiros que quiserem colaborar
com nossas Supremas Instruções, por favor, enviem seus artigos para
kennyoismail@gmail.com, de forma que possamos avalia-los e acrescentá-los em nossa
programação de publicação.
Aproveitamos o ensejo para desejar, em nome de nossa Diretoria, composta também
pelos poderosos companheiros Leonardo, Lazzaroto, Curi e Miguel, um Feliz Natal e Próspero
Ano Novo a todos os maçons crípticos.
Com Fervor e Zelo,
KENNYO ISMAIL
Mui Ilustre Grão-Mestre

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Instrução #002 – 2015/2018.

O que é a Maçonaria Críptica


Por Jaimar Gomes & Kennyo Ismail

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A Maçonaria Críptica busca complementar os estudos maçônicos dos Companheiros
em sua senda de desenvolvimento moral e, ainda, preencher aspectos alegóricos da
Maçonaria não esclarecidos pela Maçonaria Simbólica e pelo Real Arco. Ou seja, enquanto o
Real Arco complementa o conhecimento adquirido no Simbolismo, a Maçonaria Críptica
completa e conclui o conhecimento adquirido em ambos: Simbolismo e Real Arco.
Dadas as peculiaridades dos Graus Crípticos, muitos são os estudiosos que os
consideram uma Maçonaria à parte, daí a menção comum de “Maçonaria Críptica” e, algumas
vezes, até de “Rito Críptico”. Isso por se tratar de uma parte da Maçonaria cheia de
peculiaridades e ensinamentos impressionantes, transmitidos pelos rituais mais bem escritos
de toda a Maçonaria.
Mas o que poucos Companheiros sabem é que os Graus Crípticos não faziam parte da
versão original do Rito de York, como apresentada por Thomas Smith Webb, em 1797,
somente tornando-se essa “pedra-chave” do Rito de York no século XIX. Inicialmente, o grau
de Mestre Escolhido era trabalhado como um Grau lateral de destaque do Rito de Perfeição
(antecessor do REAA), quando se chamava “Mestre Escolhido dos 27”. Já quanto ao Grau de
Mestre Real, não se sabe muito sobre sua origem, apesar de muitos estudiosos defenderem a
tese de origem comum ao de Mestre Escolhido. De qualquer forma, por conta de suas estritas
ligações alegóricas com o Real Arco, começaram a surgir Conselhos Crípticos, que concediam
esses graus a Maçons do Real Arco. Tais iniciativas contavam com o apoio e, muitas vezes,
participação de Grandes Inspetores Gerais do recém-criado REAA, que, sendo também
adeptos do Rito de York, enxergavam maior utilidade instrucional desses graus no sistema
yorkista do que no escocês.
O Estado de Connecticut criou o primeiro Grande Conselho de Maçons Crípticos, em
1819. Em Virgínia e West Virgínia, os graus eram concedidos nos próprios Capítulos de Maçons
do Real Arco. Em 1870, um Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos foi formado nos
Estados Unidos. Hoje, esse Grande Conselho é Internacional e tem a si filiados Grandes
Conselhos de diversos países, incluindo o Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do
Brasil.
Os Graus trabalhados no Conselho recebem o nome de Crípticos porque fazem
referência a uma cripta ou câmara abaixo do Templo, construído sob encomenda do Rei
Salomão. Eles tratam da verdadeira palavra perdida, revelada no grau de Maçom do Real Arco,
mostrando como ela foi preservada e como pôde ser encontrada. Na verdade, os graus
crípticos são imprescindíveis para se compreender plenamente os demais graus do Rito de
York. Há ainda um último Grau, de Super Excelente Mestre, que é considerado um grau lateral
da Maçonaria Críptica, embora seu conteúdo seja de extrema importância a todo maçom do
Rito de York. Sua visão como “lateral” é apenas porque sua lenda não se passa em uma cripta,
nem tem relação alegórica direta com os demais graus crípticos.
Digamos que a aventura maçônica começa com a perda da Palavra de Mestre. Depois
da conclusão do Templo, o maçom do Rito de York é transportado para décadas à frente,
durante os trabalhos de reconstrução do Templo, quando então se encontra a palavra
perdida. Mas como ela foi parar ali? Quem a depositou e porquê? Estas perguntas e muitas
outras são respondidas nos Graus Crípticos, que preenchem todas as lacunas dessa aventura.
Partindo desse prisma, não podemos imaginar a Maçonaria sem esses Graus.

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Instrução #003 – 2015/2018 (Fevereiro de 2017).

O Simbolismo do Grau de Mestre Real


Por Ícaro Emanoel & Leonardo Abreu

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O presente trabalho fora baseado no simbolismo do Ir. Albert Mackey (1897).
Ressaltamos, desde já que não está escrito na íntegra, mas foi adaptada à forma do ritual
atualmente praticado por nosso Conselho. O simbolismo de outros autores fora também
incorporado. O pensamento deste Conselho, é o de que, se os nossos membros entenderem
o belo simbolismo da nossa Ordem, eles vão se tornar melhores membros de outros corpos
subordinados.

Nós buscamos encorajar os Irmãos no estudo e no aprendizado sobre o nosso grande


Rito, uma vez que não foi possível incluir tudo de interesse e/ou importância neste trabalho.
Aprendemos no grau de Mestre Real, que havia um acordo entre os nossos três mui
excelentes Grandes Mestres, de que a Palavra não seria comunicada aos Obreiros até que o
templo estivesse concluído, e que apenas somente seria comunicada na presença dos três.
Aprendemos no Grau de Mestre Maçom, como perdeu-se a Palavra e, no Grau de Maçom do
Real Arco, como ela fora recuperada.
Nos Graus Simbólicos, temos um relato da perda da Palavra, da sua procura, mas não
da sua descoberta. No Capítulo, nós procuramos e encontramos a Palavra, mas não
entendemos o significado do que encontramos. Deixou-se, portanto aos Graus Crípticos a
responsabilidade para esclarecimento e explicação, sobre como a Palavra foi preservada e o
que isso significa.
No grau de Mestre Real, aprendemos que quaisquer que sejam as incertezas de vida,
a recompensa é certa para os obreiros fiéis. No grau de Mestre Escolhido, nós aprendemos
que a Palavra é para ser preservada no Câmara Secreta da Alma. Enquanto no grau de Super
Excelente Mestre, descobrimos que a catástrofe ultrapassa o infiel, seja ele um príncipe ou
mendigo, e que, sem a fidelidade, o sucesso é impossível.

DO GRAU DE MESTRE REAL - 1ª PARTE


Este grau se passa na Câmara do Conselho e representa o aposento privado do rei
Salomão, no qual ele se reuniu para conversar com seus dois colegas durante a construção do
templo.
Suas cores simbólicas são o preto e o vermelho - o primeiro simbolizando a dor e o
último, o martírio - e ambas referindo-se ao chefe da construção do Templo.
O período de tempo referido na primeira e segunda partes do grau são diferentes. Na
primeira, Hiram Abif está ativo na construção do templo. Na segunda, ele está ausente e o
Templo está bem próximo de ser concluído. Isto fica evidente pela presença da Arca da Aliança
e da investidura de Adoniram na responsabilidade de ser o Mestre Construtor. Sua busca não
está completa e ele é instruído de que, no devido tempo, receberá a sua recompensa, logo
após reassumindo seus trabalhos nos Solos Argilosos.
No simbolismo deste grau, a recompensa fora prometida e já estava chegando o
momento em que a promessa seria cumprida, ou assim Adoniram pensava. Aqui
reconhecemos o Obreiro Especulativo, que, tendo trabalhado para completar seu templo
espiritual, vem perante o Divino Mestre para receber sua recompensa, já que o seu trabalho
fora consumado pela aquisição da Verdade. Mas o templo que ele construiu é o templo da
vida; o primeiro templo deve ser destruído pela morte para que o segundo templo da vida
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futura possa ser construído sobre os seus alicerces.
Neste primeiro templo, a verdade não pode ser encontrada, e temos de nos contentar
com sua substituta.
Esta é uma bela Peça de Trabalho, que representa uma vida pura e completa, oferecida
ao Supremo Arquiteto do Universo, seguida de uma advertência a permanecermos firmes no
nosso propósito para que, no devido tempo, recebamos a nossa recompensa. A recompensa
virá depois que a nossa vida tenha sido concluída, e é ainda simbolizada pela nossa entrada
na 9ª Abóboda, depois de completar todas as instruções simbólicas dos Antigos Ofícios da
Maçonaria. A 9ª Abóboda é geralmente considerada, simbolicamente, como a Porta da Morte.
O meio dia é o momento oportuno para cessar os nossos trabalhos e comungar com o
Supremo Arquiteto do Universo. O número doze é considerado um número sagrado na
mitologia. É explicado por alguns como sendo o produto da multiplicação dos três lados de
um triângulo pelos quatro lados de um quadrado. O triângulo representa os três atributos
iguais da Divindade, Sua Onisciência, Onipresença, e Onipotência (sabedoria universal,
presença e poder). A meia noite consiste nos mesmos números, mas representa a morte ou a
meia noite de vida.
Hiram Abif passa da tábua de traçar espiritual para a tábua de traçar temporal, onde
ele se reúne novamente com o candidato ansioso, que ainda está empenhado em sua busca
pela Verdade Divina. Em seguida, ele tece um comentário sobre a morte, deslocando-se
lentamente ao redor da sala, seguindo a mesma forma e direção da eclíptica, o caminho do
sol. Ele explica que todos os homens são iguais aos olhos de Deus, do mais jovem Aprendiz ao
rei Salomão. Refere-se ao Pavimento Mosaico, lembrando-nos que há muito mal no mundo a
ser superado. É salientado, por último, que embora nós trabalhemos devotamente para
completar o nosso trabalho, nós podemos ser chamados antes de concluirmos o que
começamos.
A recompensa para a bela Peça de Trabalho está aqui descrita. O candidato retorna a
seu lugar de trabalho e Hiram Abif recebe sua recompensa.

DO GRAU DE MESTRE REAL - 2ª PARTE


No início, um alarme é ouvido, e ao ser atendido, verifica-se que é o candidato de novo,
ainda ansioso em sua busca pela Verdade Divina. Ele, agora, está disposto a provar seu valor,
mas ainda tem necessidade de auxílio.
Dar a volta ao Altar durante uma cerimônia é um dos costumes mais antigos conhecidos pelo
homem. Nas primeiras religiões estes altares eram o fogo e o sol. A adoração do sol no céu
era realizada, simbolicamente, pela adoração do fogo sobre pilhas de pedras, que foram os
primeiros Altares. O sol parece passear de leste a oeste, passando pelo sul. O homem primitivo
iniciado circulava o Altar na mesma forma que o Sol.
Os Querubins são posicionados como linhas atravessando a sala, tornando-se
necessário para o candidato passar por baixo das suas asas estendidas durante suas
circunvoluções pelo ambiente. Como o Shekinah, ou Presença Divina, habitou sob as asas de
os Querubins no propiciatório, parece apropriado que o buscador da luz e da Verdade Divina
deva ser recebido sob as asas estendidas dos Querubins, colocando-se, assim, sob a proteção
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do Poder Divino, que é a única verdade, e somente de Quem a única verdade pode ser obtida.
Assim como a primeira luz do dia vem do Oriente, somos ensinados a olhar para o Leste
para a iluminação.

A marcha simboliza a reverência em direção ao Altar. Nós alternarmos os passos


quando passamos através dos graus, até, e inclusive, o grau de Mestre Real. Acredita-se que
isso faz uma alusão ao caminho do sol atravessando os Hemisférios Norte e Sul, entre os dois
signos do zodíaco, Capricórnio e Câncer. Quando os dois hemisférios são dispostos de ponta
a ponta, ladeados por duas linhas paralelas, formam um quadrado oblongo, ou a forma de
uma Loja.
Alpha é a primeira e Omega é a última letra do Grego alfabeto, equivalendo ao início e
o fim de qualquer coisa. Alfa e Ômega são adotadas como símbolo da Divindade. Esta
passagem do Livro das Revelações, ou Apocalipse, é lida durante as circunvoluções.
O triângulo equilátero representa nossos três Grandes mestres neste ponto do ritual.
O triângulo quebrado representa a alegoria da vida. Alguns devem partir enquanto outros
devem permanecer e seguir em frente.
O triângulo equilátero poderia muito bem ter evoluído a partir do triângulo retângulo
citado no terceiro grau. O problema de número 47 de Euclides, ou Teorema de Pitágoras, se
refere a um triângulo retângulo. Alguns simbolistas dizem que um triângulo retângulo
representa o homem completo. A base do triângulo representa o físico; a linha vertical, o
mental; e a hipotenusa, a parte espiritual do homem. O triângulo equilátero, porém,
representa o homem perfeito quando a base está na parte inferior, com a ponta para cima.
Isto significa que uma vez que o triângulo equilátero tem os mesmos atributos, físicos, mentais
e espirituais que o triângulo retângulo, mas todos os seus lados são iguais, pois somente
quando a mente e corpo do homem respondem igualmente ao espírito é que o homem
completo se torna o homem perfeito. Quando o triângulo equilátero tem o lado liso na parte
superior, com o ponto para baixo, ele simboliza a Divindade. São três lados iguais que
representam onisciência, onipresença e onipotência.
O castiçal de sete braços é descrito em Êxodo XXV: 31-37. Sua altura é de cerca de
cinco pés, com três e meio de largura; foi colocado no lado sul do Santuário e em frente à
mesa dos Pães Sagrados no santuário de Tabernáculo. No Templo do Rei Salomão foi
substituído por candelabros de cinco braços, um de cada lado. Quando o Templo de Zorobabel
foi concluído, um único candelabro de sete braços foi novamente utilizado. As velas eram
acesas pelos sacerdotes menores todas as noites e apagadas a cada manhã. O castiçal de sete
braços é importante no grau de Mui Excelente Mestre. O número sete era sagrado nas
escrituras e cerimônias hebraicas. O sétimo dia é o dia do Sabat; Salomão levou sete anos para
construir o Templo; havia sete anos sabáticos; sete dias normalmente constituíam os períodos
de festa; e sete representa a completude.
É um símbolo do espírito do Senhor e da luz do Seu semblante brilhando sobre nós
através de Seus olhos, vendo e encorajando-nos na nobre e gloriosa obra de ajustar-nos como
pedras vivas nesse edifício espiritual, que deve ser nossa morada eterna.
Os pitagóricos chamam o número sete de número perfeito, porque é formado pelo
três e pelo quatro, do triângulo e do quadrado, que são duas figuras perfeitas.

No Templo, doze pães eram mantidos sempre em cima de uma mesa no santuário
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(provavelmente representando as doze tribos de Israel). Simbolizavam o pão da vida eterna,
pelo qual somos levados à presença de Deus.
O principal artigo do Templo de Salomão em Jerusalém era a Arca da Aliança. Era
encimada por dois Querubins e entre a asas destes personagens lendários se encontrava o
Shekinah ou nuvem perpétua, de onde o BathKol, a Voz de Deus, era emanado quando
consultado pelo Sumo Sacerdote.
A Arca foi feita por Aoliabe e Bezalel sob o comando de Moisés. Depois da destruição
do primeiro Templo, não houve nenhum registro sobre o que aconteceu à Arca.
O Altar dos Incensos era feito de madeira e coberto com ouro, como eram os demais
itens de mobiliário do Templo. Em seus quatro cantos eram encontrados chifres, como de
carneiro. Um incensário estava colocado no centro da parte superior do Altar, onde um doce
incenso era queimado todas as manhãs.
Sobre a mesa de vasos sagrados estavam panelas, pás, bacias, garfos e braseiros, bem
como todos os outros recipientes ou utensílios necessários para os serviços no altar. Estes
eram feitos de ouro e de bronze.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do. Ritual do Grau de Mestre Real.
Rio de Janeiro: Infinity, 2014.
BUNNELL, James C. Monitor The Grand Council, Cryptic Masons of the State of Indiana. Edited
in 1989.
CHASE, Jackson H. The text book of Cryptic Masonry. New York: Masonic Publishing Company,
1870.
MACKEY, Albert G. Cryptic Masonry - A Manual of the Council or Monitorial Instructions. New
York: Maynard, Merril, & Co., 1897.
ROBERTSON, J. Ross. The Cryptic Rite: History of the Degrees of Royal, Select, and Super-
Excellent Master. Toronto: Hunter, Rose & Co., 1888.

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Instrução #004 – 2015/2018 (Março de 2017).

Os Termos de Concessão de Graus no


Rito de York
Por Kennyo Ismail

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Em muitas crenças, as palavras têm poder. Na Maçonaria, em especial no Rito de York,
elas têm, pelo menos, significado. Algo que tem se perdido nos ritos mais novos, mas que tem
sido preservado, como tudo o mais, no Rito de York.
Quando cada um dos 13 graus e ordens é concedido a um irmão adepto do Rito de
York, há termos certos referentes a sua respectiva cerimônia. Essa tradição, existente desde
os graus simbólicos, é belissimamente observada e respeitada no Rito de York, apesar de ter
perdido seu valor em muitos ritos maçônicos.
Como diria João Guilherme, “tudo tem razão de ser e cada coisa tem seu nome”.
Enquanto o candidato é “iniciado” como Aprendiz, este é “passado” a Companheiro, e
posteriormente é “elevado” a Mestre. Qualquer irmão Mestre Maçom que parar para pensar
um pouco sobre esses termos, usados originalmente pela maçonaria anglo-saxônica,
compreenderá como são justos às respectivas cerimônias.
O ingresso de um candidato a uma fraternidade se dá por meio de iniciação, de um
“nascimento” simbólico. Mas quando se já é um membro da comunidade e busca uma
mudança de status, isso é comumente chamado de “ritual de passagem”. Principalmente
quando nesse ritual de passagem há uma alegoria tão forte quanto a passagem por um rio. E
então, a terceira etapa, de “queda”, você é literalmente “elevado”. Tudo faz muito mais
sentido no Rito de York! Inclusive os termos para se referir às cerimônias pelas quais se passa!
Vejamos uma tabela que resume bem o uso de tais termos no Rito de York:

GRAU/ORDEM TERMO ORIGINAL TRADUÇÃO


Aprendiz Initiated Iniciado
Companheiro Passed Passado
Mestre Raised Elevado
Mestre de Marca Advanced Avançado/Adiantado
Past Master Virtual Inducted Induzido
Mui Excelente Mestre Received and Acknowledged Recebido e Reconhecido
Maçom do Real Arco Exalted Exaltado
Mestre Real Introduced Apresentado
Mestre Escolhido Chosen Escolhido
Super Excelente Mestre Greeted Saudado
Ordem da Cruz Vermelha Constituted Constituído
Ordem de Malta Created Feito
Ordem do Templo Dubbed and Created Investido e Feito

Obviamente que, sendo tradução do inglês para o português, não há uma única palavra
que seja a correta. Comumente, uma palavra a ser traduzida pode ter mais de uma opção de
tradução, ou mesmo nenhuma. Assim sendo, peço que não levem as opções de tradução
apontadas a “ferro e fogo”, como única opção aceita, mas como uma tentativa deste
companheiro em facilitar a compreensão dos demais quanto ao sentido dos termos aplicados.
O termo em inglês “dubbed”, por exemplo, é difícil de ser traduzido. É um termo que
se refere exatamente àquele célebre leve toque sobre o ombro com uma espada quando se
concede um título de cavalaria.
Retomando as interpretações dos termos, o termo “avançado” ou “adiantado” a

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Mestre de Marca evidencia a posição alegórica do grau de Mestre de Marca depois do grau
de Companheiro e antes do grau de Mestre. Isso porque o irmão adiantado está trajado como
Companheiro e então passa a receber seu salário, antes pago em comida (trigo, vinho e
azeite), agora pago em moeda, o que é um grande avanço (dentre outros que não convém
serem expostos aqui).
Já o termo “induzido” no grau de Past Master Virtual está diretamente ligado ao
protagonismo da Cadeira do Oriente e a cerimônia que envolve a mesma. E assim por diante,
em cada cerimônia de concessão de grau ou ordem, com o termo devido e adequado a essa
experiência tão unicamente transmitida e vivenciada no Rito de York.
Convido a você, meu companheiro, a continuar por sua conta esse exercício de
compreensão do uso de tais termos, recordando em seu íntimo as cerimônias que eles
representam, e como elas ampliaram sua compreensão da Sublime Ordem maçônica e seus
ensinamentos, refletindo em seu aprendizado e comportamentos morais perante a
sociedade. Se assim for, as palavras, definitivamente, têm poder.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

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Instrução #005 – 2015/2018 (Abril de 2017).

A Linha do Tempo do
Rito de York
Por Kennyo Ismail

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O Rito de York tem uma característica única, já que seus graus seguem uma ordem que
não é cronológica, o que gera aquela sensação de “serendipidade”, de “eureca” entre seus
adeptos, já que, a cada grau avançado, é dada luz a conhecimentos ocultos de graus
precedentes, promovendo uma melhor reflexão e compreensão da sabedoria contida em suas
alegorias e símbolos. Somente o Rito de York proporciona isso ao sincero buscador, e é por
isso que nos dedicamos a manter esse sistema em sua forma mais tradicional e executá-lo da
melhor forma possível. Afinal de contas, junto das benesses vem a responsabilidade.
De tal forma, pode-se afirmar que, sem cursar os Graus Crípticos, um irmão não terá
um completo entendimento dos ensinamentos contidos nos Graus Simbólicos e nos Graus
Capitulares. Essa afirmação fica ainda mais clara ao observarmos a ordem cronológica dos
graus do Rito de York:

ORDEM DE CONCESSÃO ORDEM CRONOLÓGICA


Aprendiz (Loja) Aprendiz (Loja)
Companheiro (Loja) Companheiro (Loja)
Mestre (Loja) Mestre de Marca (Capítulo)
Mestre de Marca (Capítulo) Mestre Real – 1ª parte (Conselho)
Past Master Virtual (Capítulo) Mestre Escolhido (Conselho)
Mui Excelente Mestre (Capítulo) Mestre (Loja)
Maçom do Real Arco (Capítulo) Mestre Real – 2ª parte (Conselho)
Mestre Real (Conselho) Past Master Virtual (Capítulo)
Mestre Escolhido (Conselho) Mui Excelente Mestre (Capítulo)
Super Excelente Mestre (Conselho) Super Excelente Mestre (Conselho)
Ordem da Cruz Vermelha (Comanderia) Maçom do Real Arco (Capítulo)
Ordem de Malta (Comanderia) Ordem da Cruz Vermelha (Comanderia)
Ordem do Templo (Comanderia) Ordem de Malta (Comanderia)
Ordem do Templo (Comanderia)

É por essa razão que muitas das Grandes Comanderias Templárias, incluindo a do
Brasil, exigem que seus candidatos a ingresso na Ordem da Cruz Vermelha sejam Mestres
Escolhidos da Maçonaria Críptica.
E já que estamos falando de linha do tempo, você sabe como é o Calendário Críptico?
Na Maçonaria Críptica, adota-se o “Anno Depositionis” (Ano do Depósito), abreviado
como A. Dep., que é calculando adicionando 1.000 anos ao ano corrente. Como exemplo, na
Maçonaria Críptica estamos no ano de 3.017 do A. Dep. (2017+1000).

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

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Instrução #006 – 2015/2018 (Maio de 2017).

Três Personagens Bíblicos


nos Graus Crípticos
Por Kennyo Ismail

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INTRODUÇÃO
Os graus crípticos são, para muitos estudiosos da Maçonaria, os graus mais bem
escritos que se tem conhecimento dos sistemas maçônicos ainda em prática. Não é à toa que
maçons de destaque, como Frank Sherman Land, tinham um carinho especial por esse grupo
de graus.
Entre suas alegorias, além dos tão conhecidos SRI, HRT e HA, têm-se três personagens
bíblicos pouco comuns ao maçom médio, cujas histórias estão, de certa forma, entrelaçadas.
São eles: Zabud, Adoniram e Ahishar.

ZABUD
Zabud, personagem bíblico mencionado em um dos graus crípticos, é mencionado
apenas uma vez nas Sagradas Escrituras - "(...) e Zabud, filho de Natã, oficial-mor e amigo do
rei" (1 Reis, 4:5).
Natã, pai de Zabud, era profeta de Deus. Ele foi ordenado pelo Senhor a repreender o
rei Davi por causar a morte de Urias, o hitia, para que pudesse se casar com Betsabá, que era
a esposa de Urias. Para tanto, Natã contou a história de dois homens, um rico e um pobre, na
qual o rico possuía muitas ovelhas, enquanto que o pobre possuía apenas uma. E o rico,
atendendo o pedido de um andarilho por comida, dá a ele a única ovelha do pobre em vez de
uma das suas.
Considerando o relato bíblico de que Zabud era amigo do rei Salomão, imagina-se que
ambos possuíam idade aproximada e, provavelmente, cresceram e foram educados juntos,
donde surgiu tal amizade. Mas Zabud era mais do que amigo. Ele era o principal oficial militar
do rei Salomão. De certa forma, Zabud estava profissionalmente para Salomão como Urias
esteve para Davi. Mas Salomão, mais sábio que seu pai, não traiu a lealdade de seu amigo e
defensor como fizera seu pai.
Diz-se que o preço da liberdade é a eterna vigilância. O reinado de Salomão é
considerado como um reinado de paz com as nações vizinhas, mas isso não impediu o rei
Salomão de manter um exército tão grande quanto o de seu pai. Talvez, seu período de paz
deveu-se em parte por isso.

ADONIRAM
Adoniram é mencionado duas vezes na Bíblia em contexto com a obra do Templo de
Salomão:
1. "(...) Adoniram, filho de Abda, sobre o tributo" (1 Reis, 4:6).
2. "E o rei Salomão levantou um imposto de todo o Israel, e o imposto foi de 30 mil
homens (...) e Adoniram estava sobre o imposto" (1 Reis, 5:13-14).
Imaginem uma obra que envolvia a coleta de impostos e o pagamento de mais de 80
mil trabalhadores e de fornecedores de diferentes países. O trabalho de Adoniram era o de
planejar, organizar, dirigir e controlar todos esses recebimentos e pagamentos de forma justa
e perfeita. Tratava-se de um posto de confiança do rei Salomão, assim como era o de Zabud.
Outra atividade que gerava despesas era o famoso harém do Rei Salomão, com algo
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em torno de 700 esposas, além das concubinas (provavelmente 300), as quais possuíam servos
para atende-las. Vê-se que Adoniram teve muito trabalho gerindo essas duas empreitadas
desafiadoras do rei Salomão. Uma comparação da relação entre Adoniram e Salomão em
nossa história nacional, seria a de José Maria Alkimin, amigo e Ministro da Fazenda de
Juscelino Kubitschek.
Pode-se assim dizer que o trabalho de Adoniram era, basicamente, pagar aos
trabalhadores os seus salários e ver que ninguém saia insatisfeito. Não se tem notícias de que
Salomão exonerou Adoniram de suas obrigações em algum momento, o que torna plausível a
crença de que ele obteve sucesso em seu trabalho, tanto na coleta de impostos, quanto,
principalmente, no controle de pagamentos, não pagando duas vezes ao mesmo trabalhador
ou pagando a um impostor. Infelizmente, há indícios de que o governo de JK não obteve o
mesmo êxito nesse quesito, ao construir Brasília.
Enfim, uma coisa sabe-se sobre Adoniram: ninguém, além de Salomão, gostava dele.
Afinal de contas, ele era um cobrador de impostos. E ninguém gosta de cobradores de
impostos.

AHISHAR
"E Ahishar estava sobre a casa" (1Reis, 4:6). Essas poucas palavras constituem a única
referência bíblica a Ahishar. “Estar sobre a casa” significa ser responsável pela casa. Por essa
razão, algumas traduções bíblicas modernizaram a tradução como Ahishar sendo o
“mordomo” da casa do rei Salomão.
Essa casa, na verdade, um palácio, foi erguida para a rainha egípcia de Salomão com
pedras esquadradas de 12 a 25 pés de comprimento. Levou-se 13 anos para construí-lo, tendo
sido empregado os mesmos artistas e trabalhadores da construção do Templo. O edifício
principal da casa era de 150 pés de comprimento, 75 pés de largura e 40 pés de altura,
contendo três andares. Possuía edifícios anexos nos quais viviam a corte e o harém do rei.
Podemos ter alguma ideia das despesas dessa casa, considerando o fato de consumir
diariamente 60 medidas de farinha, 30 bois e 100 ovelhas, além de carne de veado e aves. E
Ahishar provavelmente era o encarregado de fornecer os banquetes para a casa real e garantir
sua total manutenção e funcionamento. Imagina-se que ele era o ouvido paciente, que
precisava escutar e atender os pedidos e reclamações das mil mulheres do harém do rei
Salomão.
Imagine ter que lidar com toda a vaidade, ciúmes, comparações e pensamentos de mil
mulheres, que poderiam se queixar de que uma ou outra estava recebendo melhor
acomodação, etc. Ahishar precisava mantê-las satisfeitas, ou a culpa recairia sobre ele.
Com absoluta certeza, também tratava-se de posto de confiança, tanto quanto a de
Zabud e Adoniram. Particularmente, sinto por Ahishar... que homem não estaria morto de
cansaço após ter que lidar durante todo o dia com um palácio gigantesco e com todo o tipo
de reclamação de nada menos do que mil mulheres?

26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os três personagens foram titulares de cargos que, apesar de finalidades distintas, têm
como característica comum a proximidade e confiança do rei Salomão. Não é à toa que todos
são mencionados em 1 Reis: 4, que trata da apresentação dos “comandantes”, “oficiais-
chefes” ou mesmo “príncipes”, como são apresentados em algumas versões bíblicas. Eram
partes fundamentais da engrenagem que fez o reinado de Salomão funcionar e triunfar. E eles
ganham vida através dos graus crípticos.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

27
28
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #007 – 2015/2018 (Junho de 2017).

A(s) Origem(ns) da Maçonaria Críptica


Por Kennyo Ismail

29
30
INTRODUÇÃO
A Maçonaria Críptica, além de uma beleza e profundidade ímpar em toda a Maçonaria,
tem em sua origem um grande mistério. Aqui apresentaremos as 04 teorias mais famosas da
origem dos graus crípticos: 1) a de Baltimore; 2) a do Rito Escocês; 3) a dos Stuarts; e 4) a de
Berlim; interpretadas aqui com base nas informações contidas na obra “A History of the
Cryptic Rite”, autorizada pelo Grande Conselho Geral de Mestres Reais e Escolhidos
Internacional, e publicada em Tacoma, Washington, no ano de 1931.

A TEORIA DE BALTIMORE
Essa teoria defende que os graus crípticos ou, pelo menos, o de Mestre Escolhido,
surgiram em Baltimore - Maryland, sob autoridade de Philip P. Eckel. Isso porque havia uma
espécie de “Grande Conselho dos Maçons Escolhidos”, por volta de 1810, em Baltimore,
governado por Eckel e Hezekiah Niles.
Entre os irmãos que receberam o grau por intermédio de Eckel, estava Jeremy L.
Cross, que foi o grande responsável por espalhar o grau por todos os Estados Unidos. Como
ele alegava ter recebido permissão de Eckel e seu Grande Conselho para concedê-lo, muitos
acreditaram que o grau havia sido inventado por Eckel em Baltimore.
Essa foi a primeira teoria amplamente aceita quanto a origem do grau de Mestre
Escolhido, mas sem qualquer menção ao grau de Mestre Real. Alguns autores adeptos desta
teoria defendiam que isso é porque na época era apenas um grau, posteriormente dividido
em dois. No entanto, o próprio Hezekiah Niles, braço direito de Eckel no Grande Conselho de
Baltimore, declarou que o grau que concediam veio de Charleston (então sede do Supremo
Conselho do Rito Escocês “Mãe do Mundo”), não tendo sido originado em Baltimore.
De qualquer forma, a partir dessa teoria, uma séria discussão de jurisdição teve
ocorrência no Grande Capítulo de Maçons do Real Arco Internacional. O Companheiro
Stapleton, então Grande Sumo Sacerdote do Real Arco em Maryland, em 1827, informa por
carta ao Real Arco Internacional que, desde 1824, o Real Arco de Maryland havia assumido a
autoridade sobre o grau de Mestre Escolhido como parte de seus trabalhos, recomendando
que os outros Grandes Capítulos Estaduais do Real Arco também assumam jurisdição sobre
esse grau, até então concedido por Conselhos de Mestres Escolhidos independentes.
O Grande Capítulo de Maçons do Real Arco da Carolina do Sul responde à Maryland,
confirmando a afirmação de Niles, ao informar que Eckel havia recebido o grau de Henry
Wilmans, que era um Grande Inspetor Geral da Ordem (Rito de Heredom ou Perfeição).
Então Eckel fundou seu “Grande Conselho de Maçons Escolhidos”, em Baltimore, em 1792. E
é a partir desse ponto que passamos à Teoria do Rito Escocês.

A TEORIA DO RITO ESCOCÊS


Os defensores desta teoria acreditam que os graus crípticos surgiram na Europa, no
tsunami de graus que deu origem ao Rito de Heredom, que posteriormente serviu de base
para a criação do Rito Escocês Antigo e Aceito. Conforme tais autores, os graus foram da
França, quase que como apêndices dos graus do Heredom, para os Estados Unidos, em 1761,
por Stephen Morin.
Partindo de Morin, façamos uma breve viagem: Morin chega às Índias Ocidentais, em
31
1762, e concede os graus do Heredom a Henry A. Francken, dando a ele patente para passa-
los à frente.
Francken vai para Boston e concede os graus a Moses M. Hayes, em dezembro de 1768. Já
Hayes os concede a Moses Spitzer, em Charleston; Solomon Bush, na Pensilvânia (1781);
Isaac da Costa, na Carolina do Sul (1783); e Joseph M. Myers, em Maryland. E Moses Spitzer
confere os graus a Moses Cohen, em 1794. Desses, Francken, Myers e Cohen são os grandes
responsáveis pela promoção do Rito de Heredom por todo os Estados Unidos e, muitos
acreditam, também de graus laterais, como os graus crípticos.
Alguns autores afirmam que Myers estabeleceu, em 1788, um “Grande Conselho dos
Príncipes de Jerusalém”, em Charleston, tendo ali depositado um ritual dos graus crípticos de
Berlim, e conferido os graus crípticos em várias localidades, entre elas, Baltimore – Maryland
(vide teoria anterior).
Um forte indício da existência do grau de Mestre Escolhido como um grau apêndice do
Rito de Heredom é que, em 1802, pouco tempo depois da fundação do Supremo Conselho
“Mãe do Mundo” do Rito Escocês Antigo e Aceito, o mesmo emitiu um manifesto, que
mencionava que os Inspetores Gerais estavam concedendo um grande número de graus
distintos, de origem em diferentes partes do mundo, para todos aqueles irmãos dispostos a
pagar por eles, tais como o grau de “Mestre Escolhido dos 27”. Mas, até aqui, nenhuma
menção ao grau de Mestre Real, assim como na teoria anterior. Seriam os graus de Mestre
Real e Mestre Escolhido, originalmente, apenas um único grau?
Ponto fundamental dessa teoria é a de que os graus crípticos não teriam nascidos do
Rito Escocês Antigo e Aceito propriamente, mas teriam origem comum, ou seja, foram
juntos, “no mesmo navio”, da França para os Estados Unidos. Isso faz sentido ao refletir
sobre o quão incoerente soa a possibilidade de que as autoridades que criaram o Rito
Escocês a partir do Rito de Heredom iriam desenvolver os graus crípticos, em toda sua
complexidade de conteúdo e forma, para depois descarta- los do rol de graus de seu novo
sistema. Além disso, ao considerarmos a teoria de origem comum entre os Graus Crípticos e o
Rito Escocês, alguns dos fatos apresentados nas teorias seguintes são melhor iluminados.

A TEORIA DOS STUARTS


Neste caso, o termo “teoria” está mais próximo do sentido especulativo, já que não
há fatos históricos e documentais que suportam tal hipótese, que está diretamente ligada à
teoria do Rito Escocês. No entanto, por seu conteúdo interessante e atenção recebida de
alguns autores ao longo dos anos, a consideraremos nesta Suprema Instrução. Esta teoria
aborda o suposto motivo por trás do também suposto surgimento dos graus crípticos na
França: reunir os stuartistas com fins de recuperar o trono da Grã-Bretanha.
Sabe aquela palavra do grau de Mestre Maçom presente apenas nos ritos franceses,
cuja sigla é M. B.? Pois bem, os adeptos de tal teoria defendem que é uma expressão gaélica
que significa “filho abençoado”. Essa palavra teria sido adotada, sem necessariamente retirar
a palavra comum aos demais ritos, cujo significado está relacionado a “carne” e “ossos”, como
referência a Charles II, o “filho da viúva”, que perdeu o trono da Grã-Bretanha quando da
Guerra Civil Inglesa e se exilou na França com sua corte.
Nesse sentido, a elevação ao grau 3 seria, simbolicamente, a restauração do trono à
Casa dos Stuarts, enquanto que a busca pela palavra perdida em outros graus simbolizaria a
32
busca pelo trono perdido. E os adeptos de tal teoria vão além, ao creditar aos graus crípticos
um papel de círculo interno stuartista, no qual, pela restrição à quantidade de 27 membros no
grau de Mestre Escolhido, poderiam garantir apenas a entrada daqueles mais fiéis à causa,
evitando assim espiões. Isso dava à cripta (mesmo que simbólica) a segurança necessária
para que os stuartistas atuassem.
Como único argumento a favor de tal teoria, alguns apontam a existência do grau de
“Cavaleiro do Real Arco”, do Rito Escocês Antigo e Aceito, então chamado de “Real Arco de
Salomão” no Rito de Heredom, o qual teria sido baseado em um grau chamado de “Mestre
Escocês da Cripta Sagrada de James VI”, e que possui algumas semelhanças ao grau de
Mestre Escolhido da Maçonaria Críptica. E esse grau de “Cavaleiro do Real Arco”, na visão
desses teóricos, tem forte influência stuartista.

A TEORIA DE BERLIM
Outra teoria de certa forma ligada à do Rito Escocês. Lembra-se do já mencionado
Myers, que havia depositado cópia do ritual dos graus crípticos de Berlim em Charleston, em
seu Grande Conselho dos Príncipes de Jerusalém? Esta teoria se baseia única e
exclusivamente nessa afirmação, contida em um relatório do século XIX do Grande Capítulo
de Maçons do Real Arco da Carolina do Sul.
O argumento a favor dos adeptos desta teoria, além da menção no referido relatório,
é a da existência de um grau chamado de “Cavaleiro da Águia ou Mestre Escolhido” na Royal
York Grand Lodge, em Berlim, ao final do século XVIII. Infelizmente, como sabemos, os
nomes dos graus na Maçonaria não nos dizem muito quanto ao seu conteúdo, e o conteúdo
desse específico grau é atualmente desconhecido, de forma a impossibilitar a verificação de
alguma semelhança com nosso atual grau de Mestre Escolhido da Maçonaria Críptica.
Deve-se lembrar ao companheiro que lê esta Suprema Instrução de que Berlim era
então a capital do Reino da Prússia, cujo Rei Frederico II teve seu nome indevidamente
utilizado pelos “cavalheiros de Charleston” quando da fundação do Supremo Conselho “Mãe
do Mundo” do Rito Escocês Antigo e Aceito. É interessante observar que da mesma cidade,
basicamente do mesmo grupo de irmãos, e não muito tempo depois, surja a afirmação que
deu origem a essa teoria de que os graus crípticos vieram de Berlim.
Entretanto, não podemos deixar de citar a afirmação do Companheiro Edward Thomas
Schultz, em “História da Maçonaria em Maryland”, de que Wilmans (já citado na Teoria de
Baltimore), foi da Alemanha para os Estados Unidos, mais precisamente para Charleston, na
mesma época do suposto depósito do ritual dos graus crípticos feito por Myers (citado na
Teoria do Rito Escocês).

OUTRAS TEORIAS
Há ainda autores que defendem que os graus crípticos foram desenvolvidos no seio
do Real Arco da Grande Loja dos Antigos, na Inglaterra, durante o século XVIII.

Outros que acreditam que o próprio Real Arco teve origem na França, pós-discurso de
Ramsay, migrando em seguida para a Inglaterra. Para estes últimos, o grau de Mestre
Escolhido também surgiu na França, após o Real Arco, mas não migrou para a Inglaterra
junto deste, e sim para os Estados Unidos.

33
O indício do surgimento do grau de Mestre Escolhido na França está nos registros
acerca do chamado “Capítulo de Clermont”, criado em 1754, e cujo 5º grau era o de “Mestre
Escolhido”. O que não se sabe é se esse grau de Mestre Escolhido possui a mesma lenda,
alegoria e simbologia, ou mesmo semelhanças com o nosso grau de Mestre Escolhido da
Maçonaria Críptica. Se isso for verdade, então nossos graus crípticos teriam surgido antes de
1754, sendo ainda mais velhos que o Rito de Heredom (1758) e, consequentemente, o Rito
Escocês Antigo e Aceito (1801), que seriam um irmão mais novo (Heredom) e um sobrinho
(REAA) nosso.
Mas se o Rito de Heredom e a Maçonaria Críptica têm uma origem comum, porque o
grau de Mestre Escolhido não está incluso no rol dos 25 graus do Rito de Heredom? A
hipótese, nesse caso, é a de que ele ficara de fora porque seu conteúdo estaria diluído em
alguns graus daquele rito, como o 13º, “Real Arco de Salomão” (atual Cavaleiro do Real Arco,
no REAA), e o 14º, “Grande Eleito, Antigo e Perfeito Mestre” (atual Grande Eleito, Perfeito e
Sublime Maçom, no REAA).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma reflexão sobre as teorias aqui resumidamente apresentadas nos mostra que elas
não são excludentes, mas, de certa forma, estão relacionadas entre si. Por conta da espessa
névoa do tempo e o pouco cuidado de nossos antecessores no século XVIII em registrar os
acontecimentos e documenta-los, as migalhas de indícios que os irmãos pesquisadores
dedicados ao tema recuperaram nos proporciona uma hipótese plausível de que os graus
crípticos (pelo menos, o de Mestre Escolhido) surgiram na França, anterior até mesmo ao
surgimento do Rito de Heredom, tendo então migrado para os Estados Unidos, seja
diretamente da França, como um apêndice do Rito de Heredom, ou via Berlim, que havia
recebido da França muitos de seus graus e ritos. E, tendo sido originado na França num
período anterior a 1754, há uma grande possibilidade de ter sofrido influência stuartista, já
que muitas das lideranças maçônicas na época eram partidárias da Casa dos Stuarts. Já nos
Estados Unidos, ganhou forte projeção a partir de Baltimore, graças aos esforços de Eckel e
seus “escolhidos”, como Cross.

Se chegou nos Estados Unidos pelas mãos de Morin, Myers ou Wilmans, talvez nunca
saibamos. Creio que a maior certeza que podemos ter, após o conteúdo apresentado nesta
Suprema Instrução, é a de que aquela afirmação, tão evidente para nós, adeptos do Rito de
York no Brasil, de que o Rito de York não é concorrente do Rito Escocês Antigo e Aceito, mas
que um complementa, de forma ímpar, o outro, é a mais pura e historicamente constatada
verdade.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

34
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #008 – 2015/2018 (Julho de 2017).

Albert Pike e os Graus Crípticos


Por Kennyo Ismail

35
36
1. INTRODUÇÃO

Albert Pike é, sem sombra de dúvidas, o maçom mais famoso do mundo. Em especial
quando se fala em Rito Escocês Antigo e Aceito, não há como não mencionar Pike. O que
muitos maçons brasileiros não sabem é que a militância maçônica de Pike não foi restrita ao
REAA. Ele não apenas foi iniciado nos graus simbólicos em uma Loja do Rito de York, como foi
um irmão extremamente atuante nos Altos Graus do Rito, tendo ocupado diversos cargos de
liderança.

2. RESUMO HISTÓRICO DE ALBERT PIKE NO RITO DE YORK

Real Arco:
 Adiantado a Mestre de Marca – 12 de novembro de 1850.
 Induzido a Past Master (Virtual) – 21 de novembro de 1850.
 Recebido e Reconhecido como Mui Excelente Mestre – 22 de novembro de 1850.
 Exaltado a Maçom do Real Arco – 29 de novembro de 1850.
 Membro fundador do Grande Capítulo de MRA do Arkansas, em 28 de abril de 1851.
 Grande Sumo Sacerdote do Grande Capítulo de MRA do Arkansas – eleito e
empossado em 15 de novembro de 1853; reeleito em 14 de novembro de 1854.
 Membro da Comissão do Real Arco Internacional de desenvolvimento do ritual de
instalação e posse de Oficiais de Grandes Capítulos de MRA – 1856.
 Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Real Arco Internacional – 1859.
 Membro da Comissão de Jurisprudência do Real Arco Internacional – 1877.

Crípticos:
 Apresentado como Mestre Real e Escolhido como Mestre Escolhido – 22 de dezembro de
1852.
 Membro fundador e Ilustre Mestre do Conselho “Ocidental” No.1 de Maçons Crípticos, em
Little Rock, Arkansas – 5 de julho de 1853.
 Mui Ilustre Grão-Mestre fundador do Grande Conselho de Maçons Crípticos do
Arkansas – 6 de novembro de 1860.

Cavalaria:
 Investido nas Ordens de Cavalaria na Comanderia No. 1, de Washington, DC – 9 de
fevereiro de 1853.
 Membro fundador e Comandante da Comanderia “Hugh de Payens” No. 1, em Little Rock,
Arkansas – de dezembro de 1853 a outubro de 1856.

3. BREVE ANÁLISE

Quando Albert Pike ingressou no REAA, tendo recebido os graus 4º ao 32º, em


Charleston, Carolina do Sul, em um único dia, 20 de março de 1853, ele já havia galgado
37
todos os altos graus da escada do Rito de York, algo que realizou no prazo de 28 meses. E
nos anos seguintes, ele não se restringiu a um ou ao outro rito, tendo se dedicado
exemplarmente a ambos. Tanto que, já como
Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho Jurisdição Sul dos EUA, presidiu a
fundação do Grande Conselho de Maçons Crípticos do Arkansas, em 1860.
Mas talvez a maior contribuição que Albert Pike deu aos Graus Crípticos seja o
relatório que apresentou, enquanto Presidente da Comissão de Leis e Costumes do Grande
Capítulo de Maçons do Real Arco do Arkansas, quanto a questão, tão discutida à época, se o
Real Arco deveria assumir o controle sobre os graus crípticos.
Considerando a extensão do relatório e o fato de que muitas das informações
preliminares relatadas no mesmo já foram abordadas na última Suprema Instrução, sobre as
teorias de origem dos graus crípticos, apresentarei apenas os trechos introdutórios e
concluintes.

4. RELATÓRIO DE PIKE EM DEFESA DOS GRAUS CRÍPTICOS

Relatório da Comissão de Leis e Costumes


Por Albert Pike, 1853.

Aos Mui Excelentes Grandes Sumo Sacerdote, Rei e Escriba do Mui Excelente Grande Capítulo
do Real Arco do Arkansas.

Na última Convocação Anual do Mui Excelente Grande Capítulo do Real Arco do Arkansas, ficou
decidido que tanto a comunicação do Mui Excelente Grande Sumo Sacerdote para aquela
convocação, como a ação sugerida por parte do Grande Capítulo, deveria ser encaminhada à
Comissão de Leis e Costumes, com instruções para que a mesma se manifeste na próxima
Convocação Anual.

Apenas três questões parecem estar sujeitas à Comissão pela comunicação referida, para ação
do Grande Capítulo: e infelizmente cada um é importante e, devido às autoridades conflitantes,
de solução duvidosa.

Jurisdição sobre a Maçonaria Críptica

A primeira é quanto à jurisdição e o poder dos Capítulos e dos Grandes Capítulos de conferir os
graus de Mestre Real e Escolhido. É verdade que o último Grande Sumo Sacerdote sugere a
questão da existência desse poder nos Grandes Capítulos, e apenas nos Estados onde os
Grandes Conselhos não existem. Mas a reivindicação de jurisdição é, de longe, mais extensa. É,
como afirmado por altas autoridades em outros lugares, que todos os Capítulos têm o direito
de conferir esses graus como preparatórios ao grau do Real Arco, sem levar em conta a
existência de Conselhos ou Grandes Conselhos dentro de suas jurisdições.

Desde a última Convocação Anual deste Grande Capítulo, foram estabelecidos dois Conselhos
de Mestres Reais e Escolhidos neste Estado por autoridade direta do Supremo Conselho do 33º
Grau para a Jurisdição Sul dos Estados Unidos, sediado em Charleston. E esses Conselhos e seus
membros se recusam a reconhecer como Mestres Reais e Escolhidos regulares aqueles que
recebem esses graus em um Capítulo. Esta questão, portanto, tornou-se de importância prática
nesta jurisdição. E, de acordo com o direito, a jurisdição para conferir esses graus deve,
imediatamente e de forma explícita, ser reivindicada ou renunciada por este Grande Capítulo,
para si próprio ou seus subordinados.

Não reivindicação da Maçonaria Capitular

Esta comissão pensa ser lamentável que a jurisdição para conferir esses graus ainda seja
38
reivindicada pela Maçonaria Capitular. Não há a menor probabilidade de que os Grandes
Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos, já existentes em vários Estados, ou os Supremos
Conselhos do Grau 33 de Charleston (Sul) e Boston (Norte), renunciem a esses graus aos
Capítulos ou Grandes Capítulos. E mesmo que a jurisdição pertencesse mais adequadamente
aos Capítulos, e foi usurpada por parte dos outros corpos, a união e harmonia são tão
importantes, que seria muito melhor para o Capítulo ceder e conceder o poder, do que criar
disputa contínua e dissensão, enervando as reivindicações por uma jurisdição que pode nunca
ser exclusiva e não deve ser concorrente por questões óbvias.

O Rito Escocês, enumerando os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre como os três


primeiros de seus 33 graus, e, sem dúvida, com direito a conferi-los, tem, em nome da
harmonia, renunciado a esse direito em favor do Rito de York. E, embora não os confira, exige
que eles sejam recebidos em uma Loja de York (Yorkista, do Rito de York), antes que o candidato
possa receber qualquer um dos graus os quais ele (Rito Escocês) ainda confere.

(…)

Reivindicação Capitular

Nunca vimos qualquer outro argumento alegado para a reivindicação dos Capítulos além do
fato de que estes graus pertencem naturalmente ao Real Arco, que é incompleto e imperfeito
sem eles, que explicam o que, nesse grau (MRA), é deixado no escuro. Mas ninguém já foi
suficientemente robusto para insinuar que, de fato, algo foi recortado ou cortado desse grau
(MRA). Ou que, originalmente, dado na Inglaterra como a conclusão do Grau de Mestre, era
menos imperfeito do que agora. Ou que, em seguida, foi incluído como uma parte componente
de si mesmo, esses graus ou seus equivalentes.

O Irmão Moore, de Boston, diz que a Maçonaria do Real Arco data da construção do segundo
templo, e os graus de Mestre Real e Escolhido da conclusão do primeiro, "o que prova que os
Graus Crípticos são 465 anos mais velhos do que o Real Arco, e foram instituídos na conclusão
do primeiro templo ". A Comissão de Correspondência Estrangeira da Flórida (do Real Arco)
concorda com este argumento e considera isso como a solução de todo o assunto.

Imaginamos que, neste dia, nenhum maçom inteligente considerava o mundo ou a fraternidade
tão crédulo e ignorante, a ponto de se arriscar a falar sobre qualquer grau na Maçonaria que
tenha sido instituído no período de construção ou conclusão do primeiro Templo, exceto talvez
os três graus simbólicos. Todo escritor maçônico admite que nenhum outro grau é antigo.
Exceto eles, nenhum título pode ser rastreado autenticamente até o início do século XVIII. O
argumento do Irmão Moore também provaria que um grau ou dois na Maçonaria Escocesa
foram instituídos antes do dilúvio. Tais alegações absurdas causam danos incalculáveis à
Maçonaria. E fazer disso prova, apenas reivindica o assunto ao desprezo e ao ridículo.

(…)

Direitos dos Conselhos

Os Conselhos tinham certamente o mesmo direito de estabelecer uma organização separada e


independente como os Capítulos tiveram. Se os Grandes Capítulos ou o Grande Capítulo Geral
desejam se entregar à invenção de novos graus, não entendemos que os maçons de outra
jurisdição tenham o direito de se opor. Se eles mesmo optarem por pedir emprestado e se
comprometerem a conferir os graus de Mestre Real e Escolhido, ou os do Príncipe do Líbano e
do Patriarca Noaquita, ou todo o Rito de Misraim, e seus constituintes concordarem com isso,
tudo o que pode ser dito é que a cortesia que reconhece o direito internacional maçônico
proíbe essa invasão em outra jurisdição. Mas que se eles optarem por violar essa cortesia, não
há poder em qualquer lugar para prejudicá-los. A Grande Loja pode, da mesma forma, chegar
a conferir os Graus do Capítulo. E o Conselho pode aproveitar e conceder os Grau de Cavalaria,
por um lado, e os Graus Capitulares, por outro. A cortesia, o fundamento do direito das nações,
sozinha mantém as linhas de jurisdição.

Uma coisa, é claro, está clara: que um Conselho não reconhece um Mestre Real e Escolhido
39
feito em um Capítulo, assim como um Capítulo não reconhece um Maçom do Real Arco feito
em um Conselho ou em um Consistório do Rito Escocês. Nenhum poder ou autoridade
maçônica pode expulsar o Grande Conselho ou corpos subordinados a esses de sua jurisdição,
a menos que eles optem por render-se. O que é muito certo de que não farão.

Se o Grande Capítulo Geral ou Grandes Capítulos devem ter esses graus, será muito melhor e
mais simples fazê-lo como um ato justificado pela necessidade, e não com qualquer pretexto
de título. Pois parece para esta comissão, que, como foi dito por uma altíssima autoridade, "a
proposição de conferir a jurisdição dos Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos aos Grandes
Capítulos abraça um dos maiores absurdos maçônicos que poderiam, por qualquer
possibilidade, ser apresentados à mente".

(…)

Reivindicação Capitular II

Os méritos da reivindicação da Maçonaria Capitular, ou, como podemos chamar mais


adequadamente, do Rito do Real Arco, aos Graus do Conselho, podem ser condensados em
poucas palavras. Eles explicam o Grau de Maçom do Real Arco, mostrando o fato real do que o
grau de Maçom do Real Arco apenas conjectura.

Eles acrescentam, embelezam, concluem e aperfeiçoam o grau do Real Arco: então, o Rito do
Real Arco diz ao Rito Escocês, “você tem, e nós queremos: renda-se, ou nós pegamos à força”.
1
É meramente a reafirmação, em uma nova forma, da antiga lei pirata , mais antiga do que as
incursões de gado sobre a fronteira escocesa, que

“Ele deve tomar isso à força,


E ele deve manter como pode”.

O precedente, se mais uma vez estabelecido (foi estabelecido quando o Grau de Past Master
foi capturado (pelo Real Arco)), não estará longe de ser seguido. A Maçonaria Escocesa,
achando que as linhas entre diferentes jurisdições, estabelecidas e definidas por prescrição,
que é a base da lei maçônica, bem como de todas as outras leis, não são mais respeitadas,
reviverão seu direito aos três primeiros graus. O Mestre-Maçom do Rito de York (Simbolismo)
irá recapturar o Real Arco, a conclusão e, quando de sua criação, parte do grau de Mestre; e
fazer do grau de Mestre de Marca o que ele era originalmente, o Mestre de uma Loja de
Companheiros-Maçons; e, ao mesmo tempo, para fazer o grau de Mestre-Maçom “totus teres
2
atque rotundus” , os Mestres terão também os graus de Mestre Real e Escolhido, aos quais eles
têm, na medida do argumento, uma reivindicação muito mais forte do que os Capítulos. O Grau
de Mestre e os graus de Mestre Real e Escolhido, assim como os graus de Mestre Secreto e
Perfeito, referem-se ao mesmo período. Enquanto isso, os Conselhos não serão ociosos,
porque, ao reverter o argumento, pode-se alegar que o Real Arco é a conclusão do Mestre
Escolhido, uma vez que a descoberta vem depois da perda e, assim, aproveitando esse despojo,
e talvez ultrapassando um pouco as fronteiras do Rito Escocês, e pegando algumas
“trivialidades não consideradas” lá, na forma de graus que vão fazer para se encaixar, eles
também podem criar um sistema ou Rito.

Não é óbvio que uma confusão ainda mais confusa seria o resultado? Uma aniquilação total de
tudo no que tange a limites de jurisdição, uma guerra interna, que terminaria na destruição
total da Maçonaria em si? Alguém dirá que nenhum desses resultados ocorreria? Certamente,
Maçonaria do Real Arco não tem uma carta de monopólio especial que lhe permita, à parte de
todas as autoridades e sistemas maçônicos, se entregar ao luxo de espoliação de seus vizinhos
por incursões no seu território. O mal não vai parar com uma aquisição ou anexação. Que
conquistador já parou em uma única província? O domínio da maçonaria escocesa é amplo e

1 Pike usa o termo em inglês “reiver”, que está mais próximo a “pirata de rio”, mais precisamente aos saqueadores do Rio Mississipi do século XIX.
2 Termo em latim, presente em “Sátiras de Horácio”, que significa “inteiro, suave e redondo”, no sentido de algo concluído e completo em si
mesmo.
40
fértil. Existe vários graus que serão encontrados como tentadores como os de Mestre Real e
Escolhido - conforme necessário, mesmo se não for necessário, para completar o Grau de
Mestre e o Real Arco. E a consciência se torna mais facilmente satisfeita por todo processo
adicional de "apropriação".

Nós falamos, e pretendemos falar francamente, de forma clara e forte, respeitosa e


gentilmente, sobre esse assunto. O processo até agora tinha sido dividido e subdividido, e esse
processo criou a Maçonaria do Real Arco e a Maçonaria Críptica. Todos os graus capitulares
foram divididos. Agora, propõe-se reverter o processo. Condensar. O que será da Maçonaria
do Real Arco nesse processo?

Três Organizações

O tempo criou essas organizações distintas. O Rito de York viu a Maçonaria Capitular se separar
dele, organizar-se e configurar-se por si mesma. Os Supremos Conselhos (do Rito Escocês)
viram os Mestres Reais e Escolhidos estabelecerem Grandes Conselhos, e recusarem fidelidade
ao poder de onde derivaram sua existência. Muitos anos depois, o mesmo processo estava
acontecendo. A Maçonaria dividiu-se em diferentes Ritos e jurisdições, cada um com seu
próprio grupo de graus, à medida que os povos se organizam em comunidades políticas: o
tempo confirmou cada um em suas respectivas posses e a prescrição transformou a posse em
título. Tornou-se lei maçônica, se existe alguma lei maçônica, que é clandestino e antimaçônico
invadir a jurisdição dos demais, ou meter-se com graus aos quais essa outra jurisdição tem
título original ou uma possessão longa e contínua. Ninguém invade a Maçonaria do Real Arco.
As fronteiras da sua jurisdição estão em paz. Ela não tem que construir fortes e muros, para
evitar qualquer invasor. Por que, então, ela deveria botar a mão e tomar o que não é dela? Ela
ainda está envolvida em uma obra de restituição, ao render o grau de Past Master à Grande
Loja. Não cobiçarás - qualquer coisa que seja do teu próximo. Maldito seja aquele que retire o
marco de seu vizinho.

Como Maçons do Real Arco, negamos que o Grande Capítulo Geral, ou qualquer outra
autoridade inferior do Real Arco, tenha, sob os poderes derivados de seu eleitorado, qualquer
direito ou poder constitucional para inventar um novo grau ou pegar emprestado de qualquer
outro Rito ou Jurisdição um grau existente, e torná-lo uma parte componente da Maçonaria do
Real Arco. E afirmamos que qualquer ação desse tipo seria totalmente nula por tal falta de
poder. E que nenhum Maçom do Real Arco seria obrigado, por seus juramentos ou outra razão,
a pagar a menor consideração ou atenção a tal legislação. Pelo contrário, está obrigatoriamente
vinculado por sua fidelidade à lei maçônica para definir isso como um completo nada.

E, como membros da Maçonaria em geral, declaramos que todo o eleitorado do Grande


Capítulo Geral - toda a Fraternidade do Real Arco, não tem direito ou poder para despojar outra
jurisdição estabelecida há muito tempo de graus que lhe pertencem. E que nenhuma ação
desse tipo seria vinculativa para qualquer maçom no mundo: que tal tentativa seria
peculiarmente perigosa para a própria Maçonaria do Real Arco, na medida em que sua própria
existência como jurisdição separada data apenas de 1798 e depende da mesma lei de
prescrição que protege suas jurisdições irmãs. O tempo, que fez o Mestre de Marca e o Mui
Excelente Mestre, e até mesmo o Real Arco, graus regulares, partindo de graus secundários ou
auxiliares, ou modificações de tais, que originalmente foram, prestou o mesmo serviço ao
Mestre Real e Escolhido. O mesmo grande médico, que curou a ilegalidade original da
organização Real Arco, fazendo revolta, revolução e independência com sucesso, fez o mesmo
para os Conselhos e Grandes Conselhos.

Maçons Crípticos Clandestinos

Qualquer que seja a ação de um, ou de todos os Grandes Capítulos, ou do próprio Grande
Capítulo Geral, todos os Maçons Crípticos regulares, e nós estamos entre eles, sempre
consideraremos aqueles que recebem os graus de Mestre Real e Escolhido em um Capítulo
como clandestinos até serem regularizados. Nunca estaremos presentes quando esses graus
41
forem conferidos em um Capítulo: e, em todos os aspectos, todos os Maçons Crípticos, sob
todas as circunstâncias e perigos, preservarão sua fidelidade ao Grande Conselho ao qual
pertencem.

Conclusão

Quando a parte anterior deste Relatório foi concluída e enquanto estava passando pela
impressão, recebemos, com os procedimentos, do Grande Capítulo do Kentucky, a decisão do
Grande Capítulo Geral sobre esta questão - confirmando, como será visto, nossas opiniões
sobre o assunto, e sustentando autoritariamente nossas conclusões.

A decisão do Grande Capítulo Geral foi a seguinte:

No Grande Capítulo Geral do Real Arco dos Estados Unidos da América (atualmente
“Internacional”), sediado na cidade de Lexington, no 16º dia de setembro de 1853 A.D.

As seguintes Resoluções, recomendadas pelo relatório dos Companheiros John A. Lewis, Jr., de
New York; E. A. Raymond, de Massachusetts; J. A. D. Joslin, de New Jersey; P. C. Tucker, de
Vermont; e A. P. Pfister, do Alabama, foram lidas e aprovadas, viz:

RESOLVE: Que este Grande Capítulo Geral e os órgãos de governo da Maçonaria do Real Arco
afiliados e que tenham jurisdição sob ele, não têm jurisdição ou controle legítimos sobre os
graus de Mestre Real e Escolhido.

RESOLVE: Que este Grande Capítulo Geral, daqui em diante não terá dúvidas ou questões
adicionais quanto ao governo ou funcionamento desses graus, quanto a sua posição atual.

A essa decisão autoritária, simplesmente acrescentamos que não nos arrependemos do


trabalho que a investigação desta questão e a elaboração deste Relatório nos custou, embora,
se tivesse sido conhecida a tempo, ambos nos tivessem sido poupados. Uma vez que essa
decisão não está acompanhada dos motivos e dos fatos em que se baseia, será ainda
interessante para os Companheiros desta jurisdição compreender a questão por si e conhecer
a história desses graus, para que elas possam dar um consenso mais ativo para a decisão,
quando fornecida com os meios de determinar a si mesmos que é o correto.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É interessante observarmos alguns detalhes no relatório de Albert Pike quanto à


questão da jurisdição dos graus crípticos àquela época:
 Ele chama os graus simbólicos de Rito de York em mais de uma ocasião.
 Apesar do Supremo Conselho do REAA naquela época ainda fundar Conselhos
de Mestres Reais e Escolhidos, a maioria do público interessado em ingressar
nesses era composta de Maçons do Real Arco, que buscavam a
complementação de suas formações maçônicas capitulares, enquanto um
típico maçom do REAA recebia os graus 4 ao 32 em um único dia, sem
necessidade ou mesmo qualquer incentivo para ingressar em um Conselho de
Mestres Reais e Escolhidos, cuja lenda e alegorias pouco se harmonizavam
com os graus escoceses já obtidos.
 Ele utiliza o termo “união e harmonia”, presente na obra de William Preston e
relativamente conhecido entre os maçons adeptos do Rito de York.
 Pike destaca que o Real Arco é incompleto e imperfeito sem os graus crípticos.
 Apesar de um maçom proeminente no REAA, Pike deixa explícita sua opinião a
favor da existência de um Grande Conselho Geral e Grandes Conselhos
Crípticos, totalmente independentes do REAA, com estrutura similar à do Real

42
Arco e tidos como parte integrante do Rito de York, o qual ele vê como uma
estrutura composta de três organizações distintas: A Loja de York, o Capítulo
do Real Arco e o Conselho Críptico.
 Há mais de 160 anos, Pike já demonstrava pouca paciência com a ignorância
ou ingenuidade de alguns irmãos que acreditavam que os graus maçônicos
são tão antigos quanto as histórias que contam. Ele se espantaria ao saber
que atualmente ainda há irmãos perpetuando tal crença.
 A cada parágrafo, fica ainda mais nítida a admiração de Pike pelos graus crípticos.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

6. REFERÊNCIAS

MARPLES, J. A. Albert Pike's Masonic, Templar, and Rosicrucian Record. Repositório do


Nebraska College M.S.R.I.C.F. Acesso em: 04/07/2017. Link:
http://masonic.benemerito.net/msricf/papers/marples/marples-
AlbertPikeMasonicRecord.pdf
HINMAN, E. E.; DENSLOW, R. V.; HUNT, C. C. A History of the Cryptic Rite. Volume II, 2a.
reimpressão. Tacoma, Washington: GGR&SMI, 2012.

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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #009 – 2015/2018 (Agosto de 2017).

A Caridade da Maçonaria Críptica


Por Kennyo Ismail

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NOSSA FUNDAÇÃO
A Fundação de Pesquisa Médica dos Maçons Crípticos foi fundada em 6 de março de
1986, substituindo uma antiga fundação do Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos
Internacional. Tem, portanto, apenas 31 anos de existência. O Grande Conselho Geral
mantém uma Comissão Especial de três membros, atualmente os companheiros Paul W.
Friend (Presidente da comissão), Vernon R. Atkinson, e L. Alvin Hill, Sr., para servirem de
ponte com a fundação, a qual conta com o companheiro Gary G. Wyne, Mui Ilustre Past Grão-
Mestre do Grande Conselho de Maçons Crípticos de Indiana, como Secretário Executivo.
Tendo por base financeira uma pequena anuidade paga por todos os maçons
crípticos regulares do mundo, a fundação tem dedicado esforços no financiamento de
pesquisas médicas do Centro de Biologia e Medicina Vascular de Indiana, na Faculdade de
Medicina da Universidade de Indiana. E, nesses 31 anos, já doou algo próximo a quatro
milhões e meio de dólares para a manutenção de pesquisas médicas voltadas às relações
entre doenças e vascularidade.
As pesquisas financiadas pela Fundação dos Maçons Crípticos podem impactar na
prevenção e em novos tratamentos para uma série de enfermidades, como diabetes, AVC,
má circulação, insuficiência cardíaca e problemas de cicatrização. E, apesar das pesquisas
serem realizadas nos Estados Unidos, os avanços médicos que podem ser alcançados com as
mesmas têm alcance internacional, já que tais enfermidades não são restritas
geograficamente.
Atualmente, pesquisas estão sendo desenvolvidas para as seguintes enfermidades:
AVC, osteoartrite, pancreatite, lesão renal aguda, diabetes, doença pulmonar obstrutiva
crônica, insuficiência cardíaca congestiva, doença das artérias periféricas, e úlceras de
decúbito (escaras).
Além da taxa anual, cada maçom críptico pode fazer doações via PayPal, de qualquer
valor. A fundação, inclusive, possui um programa de reconhecimento de doações, no qual
concede pins distintos para os diferentes níveis de doações, a partir de 50 dólares (pin de
bronze) até 2 mil dólares (pin de ouro com diamantes). Os interessados em doar podem
fazê-lo pelo link: http://www.cmmrf.org/donate1.html

Cada um de nós, maçons crípticos brasileiros, deve se sentir orgulhoso em pagar em


dia sua anuidade única aos grandes corpos do Rito de York do Brasil, pois, além de garantir o
bom funcionamento e expansão do Rito de York no país, está, de certa forma, ajudando a
salvar vidas.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIA:

CRYPTIC MASONS MEDICAL RESEARCH FOUNDATION. Website Oficial. Link: http://www.cmmrf.org/


Acesso em: 03 de agosto de 2017.
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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #010 – 2015/2018 (Setembro de 2017).

O Ilustre Mestre, o Círculo de Perfeição e a


Trolha de Prata
Por Kennyo Ismail

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O ILUSTRE MESTRE
O Ilustre Mestre é o governante da Maçonaria Críptica em seu Conselho e deve ser
exemplo de diligência, trabalho e fidelidade. O emblema de seu posto é um esquadro e
compasso com uma trolha, inscritos em um triângulo. O esquadro recorda-lhe de seu dever
em ser honrado e reto em todas as suas relações com a humanidade; o compasso, em
manter seus pensamentos, palavras e ações dentro do círculo de perfeição; a trolha em
espalhar o cimento do amor fraternal e companheirismo entre os membros do Conselho; e o
Triângulo é um emblema da nossa fé no Grande Arquiteto do Universo e na imortalidade da
alma.

O CÍRCULO DE PERFEIÇÃO
Veja que destacamos o termo “círculo de perfeição”. Esse termo é muito utilizado na
Maçonaria Críptica porque os graus crípticos são conhecidos por completar e fechar esse
círculo de perfeição, que é o círculo moral de formação do maçom antigo, o maçom hiramita,
tendo início na Loja Simbólica, passando pelo Capítulo do Real Arco e somente sendo
concluído no Conselho Críptico, no qual se vislumbra a plenitude simbólica e alegórica da
jornada lendária maçônica enquanto sistema moral.

DEVERES DO ILUSTRE MESTRE


Cabe ao Ilustre Mestre:
1. Esforçar-se para promover a paz e a prosperidade do Conselho.
2. Não permitir que o Conselho seja aberto ou fechado, ou execute qualquer trabalho, a
menos que haja no mínimo nove maçons crípticos.
3. Não permitir que ninguém passe o Círculo de Perfeição no Conselho sem cuja
integridade, fervor e zelo possa se confiar.
4. Não reconhecer ou manter comunicação fraterna com qualquer Conselho que não
funcione sob autoridade constitucional regular, que, no caso do Brasil, é o Supremo
Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil.
5. Não admitir um visitante no Conselho que não tenha recebido os graus em um
Conselho legalmente reconhecido, a menos que ele tenha sido devidamente
regularizado.
6. Promover o bem geral da Maçonaria e, em todas as ocasiões apropriadas, estar
pronto para dar e receber instruções.
7. Prestar o devido respeito e obediência ao Grão Mestre no cumprimento de seus
deveres legais.
8. Preservar as solenidades das cerimônias e se comportar no Conselho aberto com o
mais profundo respeito e reverência, como um exemplo para seus Companheiros.

A TROLHA DE PRATA
O corresponde à instalação de um Venerável Mestre de Loja Simbólica, ou unção de
um Sumo Sacerdote do Real Arco, para o Ilustre Mestre é a Ordem da Trolha de Prata,
também chamada de Ordem do Três Vezes Ilustre Mestre ou, modo menos usual, como
51
Ordem dos Reis Ungidos. Cronologicamente, a história do grau se passa antes dos
acontecimentos narrados nos graus de Mestre Real e Mestre Escolhido. Ao que tudo indica, o
grau surgiu na Escócia e estava sob governo do Supremo
Grande Capítulo do Real Arco da Escócia, que o concedeu ao Grande Conselho de Maçons
Crípticos da Carolina do Norte, o qual elaborou a versão inicial norte-americana e autorizou
o uso aos demais Grandes Conselhos.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIAS
ARIZONA GRAND YORK RITE. Order of the Silver Trowel. Link:
http://www.azyr.org/index.php/order- of-the-silver-trowel
GRAND YORK RITE OF IDAHO. Order of the Silver Trowel. Link:
http://idyorkrite.org/index.php/order- of-the-silver-trowel
MONITOR AND GUIDE FOR CRYPTIC MASONS. First Edition. Published by Authority of The
Grand Council Royal & Select Masters of Washington. 2013.
WHAT IS CRYPTIC MASONRY? A Presentation. Property of the Grand Council of Cryptic
Masons of the State of New York. Revised. May, 2010.

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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #011 – 2015/2018 (Outubro de 2017).

O grau de Super Excelente Mestre


Por Kennyo Ismail

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INTRODUÇÃO
Considerando a realização de mais um Encontro Anual do Rito de York no Brasil no
próximo mês, nada mais justo que dediquemos esta Suprema Instrução para tratar um
pouco sobre o grau de Super Excelente Mestre, o terceiro e último grau críptico, que não
pode ser concedido pelos Conselhos Crípticos, se não somente pelo Supremo Grande
Conselho de Maçons Crípticos do Brasil, em seu encontro anual.

ORIGEM
O grau de Super Excelente Mestre certamente era um dos chamados “graus
destacados” do Rito Escocês Antigo e Aceito, ou seja, um dos graus que não compunha a
relação de 33 graus, mas que era concedido pelos Grandes Inspetores Gerais, de forma
honorífica a irmãos de destaque. Dalcho, um dos “11 Cavalheiros de Charleston”, registrou
que:

Além desses graus que estão em sucessão regular, a maioria dos Inspetores
possui uma série de graus separados, e que geralmente os comunicam, sem
custos, àqueles irmãos que são suficientemente dignos para entende-los
(DALCHO, F. Dalcho’s Orations. Charleston, 1801, p.68 apud MACKEY, A. G.,
1897, p.78).

Conforme as atas do histórico Conselho “Columbian”, de New York, o grau de Super


Excelente
Mestre fora adotado por aquele Conselho e, assim, introduzido na Maçonaria Críptica, em 1817.

RELAÇÃO COM DEMAIS GRAUS


Quando de sua adoção pela Maçonaria Críptica, muitos foram os críticos que
destacaram o fato do grau de Super Excelente Mestre não ter qualquer relação com os graus
de Mestre Real e Escolhido ou com a alegoria da cripta, que o qualificasse para se tornar um
grau críptico. No entanto, esse grau cumpre aquele importante papel da Maçonaria Críptica
que tanto destacamos em Supremas Instruções anteriores, que é o de esclarecer,
complementar e explicar conteúdos, trechos ou elementos ocultos ou não mencionados nos
graus capitulares, em especial do grau de Maçom do Real Arco. No caso do Super Excelente
Mestre, sua posição cronológica, sem revelar maiores detalhes, está exatamente após os
fatos narrados no grau de Mui Excelente Mestre e antes dos fatos narrados no grau de
Maçom do Real Arco, dando ao maçom críptico um entendimento muito mais profundo e
íntimo das cenas e diálogos presenciados na exaltação a Maçom do Real Arco.

ENSINAMENTOS MORAIS
No grau de Super Excelente Mestre, as virtudes de Lealdade e Fidelidade, esta última
em especial aos compromissos assumidos por juramento, são ilustradas de forma ímpar e
com beleza sem igual. Assim, o Super Excelente Mestre é chamado a prevenir e combater a
perfídia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grau de Super Excelente Mestre, considerado o grau mais longo de todo o Rito de
55
York (lembrando que as ordens de cavalaria não são graus e, portanto, não são consideradas
nessa afirmação), apesar de não ser literalmente um grau “críptico”, tem em seu cerne a
finalidade da maçonaria críptica, de trazer mais luz ao Real Arco e, consequentemente, à
maçonaria simbólica.
Sua colação é opcional, não sendo necessário que o Mestre Escolhido tenha o grau de
Super Excelente Mestre para ser investido na Ordem da Cruz Vermelha. Entretanto,
aconselho que lembre- se daquele primeiro ensinamento recebido após a Loja Simbólica, ao
ser adiantado a Mestre de Marca, quando ingressou pela primeira vez em um Capítulo de
Maçons do Real Arco, não descartando uma peça que desconhece. Essa, do Super Excelente
Mestre, garanto, tem beleza e forma peculiares...

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIAS
CHASE, J. H. Text Book of Cryptic Masonry. New York: Masonic Publishing Company, 1870.
HINMAN, E. E.; DENSLOW, R. V.; HUNT, C. C. A History of the Cryptic Rite. Volume II, 2a.
reimpressão. Tacoma, Washington: GGR&SMI, 2012.
MACKEY, A. G. Cryptic Masonry: manual of the council. New York: Maynard, Merrill & Co., 1897.

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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #012 – 2015/2018 (Novembro de 2017).

Os diferentes Calendários do Rito de York


Por Kennyo Ismail

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INTRODUÇÃO
A Maçonaria possui diferentes tipos de calendários, usados nos mais diversos ritos e
épocas, cada um com sua própria lógica e significados. O Rito de York utiliza um calendário
distinto em cada um de seus 04 níveis ou corpos: Graus Simbólicos, Graus Capitulares, Graus
Crípticos e Ordens de Cavalaria. Tomemos aqui por base alguns trechos do artigo “Os
Calendários Maçônicos e suas corretas aplicações”.

CALENDÁRIO “PROFANO” (CRISTÃO)


Era Comum, Era Corrente ou Era Vulgar (E.´. V.´.), Também conhecido como Anno
Domini, termo em latim que significa “Ano de nosso Senhor”, o qual pode ser encontrado
por sua sigla, A.´. D.´.. Trata-se do calendário gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório XIII
em 24 de Fevereiro de 1582 (THIBAULT, 1981), e adotado como ano civil em praticamente
todos os países. O Papa Gregório determinou a criação de um novo calendário porque o
calendário juliano, que se utilizava desde 46 a.C., arredondava o ano solar para 365 dias e 6
horas, o que dava uma diferença de mais de 11 minutos por ano em comparação com o ano
solar real (COIL, 1961, p. 112). Com o passar dos séculos, isso havia gerado uma diferença de
dias, e o Papa desejava determinar corretamente a data da Páscoa.
Naquele ano de 1582, a quinta-feira do dia 04 de Outubro, foi seguida por uma sexta-
feira, dia 15 de Outubro, corrigindo o desvio do calendário anterior, e os anos passaram a ter
exatos 365 dias, adotando-se o sistema de anos bissextos para suas correções periódicas.
Esse é o calendário que dá origem ao formato do dia 13 de novembro de 2017, data
que servirá de comparação aos demais calendários. A Maçonaria deve utilizá-lo para todos os
documentos, atas e certificados legais e para pranchas e comunicações direcionadas a
pessoas ou instituições do mundo profano.

CALENDÁRIO DA MAÇONARIA SIMBÓLICA


A Maçonaria Simbólica, ou seja, as Obediências Maçônicas e suas Lojas, deve adotar
o Anno Lucis (Ano da Luz), abreviado como A.´. L.´. (ritos latinos) ou A.L. (ritos anglo-
saxônicos). Sua data é calculada acrescentando 4000 anos à data do ano civil corrente.
A adoção do Anno Lucis na Maçonaria Simbólica foi iniciativa de James Anderson, que
acreditava que a Maçonaria deveria ter uma forma própria de marcar as datas, diferente de
calendários religiosos como o judaico e o gregoriano. Ele tomou por base os cálculos de um
arcebispo anglicano irlandês, James Ussher, que determinou, com base nos registros bíblicos,
que o mundo teve origem no ano de 4.004 a.C. (BARR, 1985). Para facilitar a utilização,
Anderson arredondou a criação do mundo para 4.000 a.C. (COIL, 1961, p. 112).
Dessa forma, tendo como exemplo o dia 13 de novembro de 2017, tem-se: 13 de
novembro de 6017 do A. L. Esse é o sistema utilizado pelas Grandes Lojas de todo o mundo, e
o recomendado às Lojas e Grandes Lojas ou Grandes Orientes brasileiros para utilização nos
certificados de concessão dos graus simbólicos, cartas constitutivas e demais documentos
que sejam estritamente maçônicos. Sugere-se a utilização desse calendário no Simbolismo,
independente do Rito adotado na Loja, de forma a padronizar a datação de certificados e

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cartas constitutivas pelas Obediências, reduzindo assim possíveis confusões. Dessa forma, os
calendários específicos dos ritos teriam suas adoções preservadas em seus respectivos Altos
Graus.

CALENDÁRIO DA MAÇONARIA CAPITULAR OU DO REAL ARCO


Os Capítulos de Maçons do Real Arco adotam o Anno Inventionis, que significa “Ano
do Descobrimento” e é abreviado como A. I. Ele é calculado somando 530 anos ao ano civil
corrente (COIL, 1961; MACKEY, 1914). Os maçons do Real Arco registram essa data porque foi
o ano em que Zorobabel iniciou a construção do segundo Templo, em 530 anos antes de
Cristo. A seguinte passagem bíblica está relacionada com a construção: “Então se levantaram
Zorobabel, filho de Salatiel, e Jesuá, filho de Jozedeque, e começaram a edificar a casa de
Deus, que está em Jerusalém; e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam” (Esdras
5:2). Como exemplo, o dia 13 de novembro de 2017 é: 13 de novembro de 2547 do A. I.

CALENDÁRIO DA MAÇONARIA CRÍPTICA


Os Graus Crípticos utilizam o sistema de Anno Depositionis (Ano do Depósito), cuja
sigla é A. Dep. e que é calculado somando-se 1.000 anos ao ano civil corrente (COIL, 1961;
MACKEY, 1914). O uso desse ano é em observância ao ano em que a construção do Templo
de Salomão foi concluída e o Templo foi consagrado, tendo em seu interior depositada a
Arca da Aliança: “Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa do Senhor;
então trouxe Salomão as coisas que seu pai Davi havia consagrado; a prata, e o ouro, e os
objetos pôs entre os tesouros da casa do Senhor” (Reis I 7:51). Assim, o dia 13 de novembro
de 2017 é registrado como: 13 de novembro de 3017 do A.Dep.

CALENDÁRIO DA MAÇONARIA TEMPLÁRIA OU DA CAVALARIA MAÇÔNICA


As Comanderias usam o formato de Anno Ordinis, termo em latim que significa “Ano
da Ordem” e que é abreviado como A. O. É calculado subtraindo 1118 anos do ano civil
corrente (COIL, 1961; MACKEY, 1914), visto a Ordem dos Templários ter sido oficialmente
fundada no ano de 1.118. Para ilustrar seu uso, o dia 13 de novembro de 2017 seria: 13 de
novembro de 895 do A. O.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Maçonaria Brasileira é, sem dúvida alguma, uma das mais “bem servidas” em se
tratando de ritos maçônicos, como bem evidencia nossa referência yorkista, João Guilherme
da Cruz Ribeiro (2012,
p. 11). E cada rito, ou mesmo segmento de rito, chegou com sua própria história, seus próprios
termos, paramentos e regras de funcionamento, resultantes de diferentes origens,
inspirações e influências. Com o Rito de York não foi diferente.
Que este trabalho não sirva apenas para saciar a curiosidade daqueles companheiros
que o leem, ou para servir de orientação quando se desejar confeccionar um certificado
maçônico com certo requinte, senão para também registrar, de forma sucinta, mais um dos
60
interessantes elementos que compõem nosso Rito de York, os diferenciando dos demais e
colaborando para sua riqueza de detalhes e beleza peculiar.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIAS
BARR, J. Why the World Was Created in 4004 BC: Archbishop Ussher and Biblical Chronology.
Bulletin of the John Rylands University. 1985, vol. 67, n.2, pp. 575-608.
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução: João Ferreira de
Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
COIL, Henry Wilson; BROWN, William M. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy,1961.
ISMAIL, K. Os Calendários Maçônicos e suas corretas aplicações. Revista Fraternitas in Praxis,
Vol. 1, N. 2, 2013.
MACKEY, Albert. An Encyclopedia of Freemasonry. New York e Londres: The Masonic History
Company, 1914.
MONITOR AND GUIDE FOR CRYPTIC MASONS. First Edition. Published by Authority of The
Grand Council Royal & Select Masters of Washington. 2013.
RIBEIRO, João Guilherme da Cruz. O Nosso Lado da Escada. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2012.
THIBAULT, Pierre. O Período das Ditaduras 1918-1947. História Universal 12. Lisboa:
Publicações Dom Quixote, 1981.

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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #013 – 2015/2018 (Dezembro de 2017).

Albert Mackey e os Graus Crípticos


Por Kennyo Ismail

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INTRODUÇÃO
Na Suprema Instrução de número 8, publicada em julho deste ano de 2017,
apresentamos um breve registro da evolução de Albert Pike, principal nome do Rito Escocês
Antigo e Aceito, no “nosso lado da escada”, o Rito de York, mostrando sua atuação, inclusive
em cargos de destaque e liderança, além de sua inestimável colaboração para a
independência da Maçonaria Críptica.
Nesta décima terceira Suprema Instrução, nos dedicaremos a, de forma semelhante,
apresentar a colaboração que outra importante personalidade maçônica conhecida pelos
irmãos brasileiros, Albert Mackey, mais conhecido pela sua enciclopédia maçônica e sua
filiação ao Rito Escocês, também ofertou ao Rito de York e, especialmente, aos Graus
Crípticos.

RESUMO HISTÓRICO DE ALBERT MACKEY NO RITO DE YORK


Albert Mackey foi iniciado, passado e elevado no ano de 1841, na Loja “Saint
Andrews #10”, em Charleston, Carolina do Sul, cidade que também é berço do Supremo
Conselho “Mãe do Mundo” do REAA. No ano seguinte, em 1842, já era Venerável Mestre da
“Loja de Salomão #01”, a mais antiga e tradicional Loja do estado, além de assumir como
Grande Secretário de sua Grande Loja, cargo que ocupou por 25 anos, até 1867. Nesse
mesmo ano de 1842 tornou-se Maçom do Real Arco.
Em 1844, assumiu como Sumo Sacerdote de seu Capítulo de MRA e como
Comandante de sua Comanderia, mesmo ano em que foi investido ao grau 33 do REAA. De
1855 até 1867, foi eleito sucessivamente, todos os anos, como Grande Sumo Sacerdote do
Grande Capítulo de MRA da Carolina do Sul. E foi o Grande Sumo Sacerdote Geral do Grande
Capítulo Geral, no período entre 1859 e 1868, ou seja, por três gestões trienais consecutivas.
Mackey somente conheceu Pike por meio de um evento do Rito de York, ocorrido em
1853, quando Pike era o Grande Sumo Sacerdote do Grande Capítulo de MRA do Arkansas e
Mackey já ocupava cargos em comissões do Grande Capítulo Geral, além de servir como
Secretário Geral do Supremo Conselho “Mãe do Mundo” do REAA.1 Esse encontro foi o
responsável pelo posterior ingresso de Pike ao REAA e, consequentemente, toda sua
colaboração àquele Rito: 05 anos depois já era da diretoria e havia revisado os rituais do
REAA para o Supremo Conselho e, passado um ano disso, em 1859, foi eleito Soberano
Grande Comendador, cargo que ocupou durante o resto de sua vida. Obrigado, Rito de York.
De nada, Rito Escocês.

SUA COLABORAÇÃO AOS GRAUS CRÍPTICOS


Na Suprema Instrução #08 apresentamos um resumo do relatório de Pike, redigido e
apresentado em 1853, quanto a disputa do controle dos graus crípticos entre os Capítulos e
Grandes Capítulos de MRA versus os Conselhos e Grandes Conselhos de Mestres Reais e
Escolhidos. Mas, alguns anos antes, mais precisamente em 1848, Albert Mackey já propunha
a realização de uma convenção de Grandes Conselhos para tratar da questão, propondo que

65
se encontrasse uma solução fraterna e que o encontro fosse aproveitado para buscar uma
uniformização da concessão dos graus de Mestre Real e Escolhido.
Atendendo ao apelo de Makcey, tentativas de se aproveitar a convenção do General
Grand Chapter, de 1850, para a realização dessa convenção “adjacente” ocorreram, sem
muito êxito, visto que os dirigentes do General Grand Chapter à época não endossaram a
ideia. Lembrando que a decisão do General Grand Chapter em prol de uma Maçonaria Críptica
independente somente fora tomada em 1853.
Uma primeira convenção de Grandes Conselhos, como Makcey propunha, somente
foi convocada em 1867, com o apoio do Grande Acampamento de Cavaleiros Templários,
que abriu as portas de sua convenção para que essa outra fosse realizada. Mesmo assim, a
baixa adesão dos Grandes Conselhos existentes na época impediu que a convenção
ocorresse.
Somente em 1872, mais de 20 anos depois, que a semente plantada, o desejo de
Mackey, fora realizado, quando, em New York, 14 Grandes Conselhos se reuniram para,
principalmente, revisar os termos e detalhes dos graus. Como alguns Grandes Conselhos
estavam ausentes, o resultado dessa convenção foi enviado para apreciação dos mesmos, e
uma convocação para uma nova convenção foi feita.
Em 1873, o resultado da convenção do ano anterior foi aprovado, assim como uma
petição ao Grande Acampamento, propondo os graus crípticos como pré-requisitos ao
ingresso nas Comanderias, foi elaborada (e fraternalmente reprovada). Também foi o
primeiro momento em que se apreciou formalmente a ideia de fundação do Grande
Conselho Geral de Maçons Crípticos, definindo uma comissão para o desenvolvimento de
um projeto de Constituição, o qual deveria ser enviado para todos os Grandes Conselhos
para aprovação prévia.
No entanto, ao delegar tal responsabilidade a uma comissão, a proposta esfriou. O
projeto de constituição nunca tomou forma e as convenções seguintes, que deveriam
apreciar tal proposta e fundar o Grande Conselho Geral, não se concretizaram. Então, a
Maçonaria Críptica, sem sustentação organizacional, sem união, sem estratégia, começou a
definhar, por conta, principalmente, da baixa adesão de maçons... Até chegar ao ponto do
Grande Conselho de Maçons Crípticos do Mississippi, sem conseguir se manter, fechar um
acordo com o Grande Capítulo de seu Estado, “devolvendo” os graus crípticos ao controle do
Real Arco, em 1878.
Os Grandes Conselhos dos estados de Arkansas, Illinois, Iowa, Kentucky, Nebraska,
Carolina do Norte, Carolina do Sul e Wisconsin, também enfrentando problemas de
funcionamento, seguiram pelo mesmo caminho do Mississippi. Logo, o General Grand
Chapter foi acionado e, após deliberação, autorizou seus Grandes Capítulos estaduais a
aceitarem a concessão dos Grandes Conselhos, formando Conselhos de Maçons Crípticos
subordinados aos Capítulos para conceder, gratuitamente, os graus crípticos aos seus
maçons do Real Arco.
Isso foi o bastante para que outros Grandes Conselhos reagissem e convocassem uma
convenção de Grandes Conselhos, ocorrida em 25 de agosto de 1880, durante a qual os 18

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Grandes Conselhos estaduais de Maçons Crípticos presentes fundaram o General Grand
Council. Na ocasião, uma carta protesto condenando a subordinação dos graus crípticos ao
Real Arco e declarando nulo o título de maçom críptico a todos os que receberam os graus
crípticos nessas condições fora divulgada.
Então, rapidamente, Mississippi e os demais estados que haviam concedido os graus
crípticos ao Real Arco foram voltando atrás e reerguendo seus Grandes Conselhos estaduais,
com exceção de Iowa, cujo reerguimento do Grande Conselho somente ocorreu em 1900. 2

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram 32 anos entre a manifestação de Mackey a favor de uma convenção de
Grandes Conselhos, até aquela que deu origem ao que hoje conhecemos como General Grand
Council of Cryptic Masons International (o Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos
Internacional), ao qual o nosso Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
encontra-se jurisdicionado, assim como de tantos outros países, como Áustria, Croácia,
França, Gabão, Grécia, Itália, Panamá, Paraguai, Filipinas, Portugal, Romênia, México, Togo e
Venezuela.
E esse prazo poderia ter sido ainda maior, se Mississippi não tivesse dado de presente
os graus crípticos ao Real Arco naquele estado, buscando assim o caminho mais fácil, o que
agradou alguns outros Grandes Conselhos, mas tirou a maioria da zona de conforto em que se
encontravam, alertando para a necessidade de agirem em defesa dos graus crípticos.
Enfim, nada melhor do que cheirinho de ameaça de extinção pela manhã, para
despertar os mais sonolentos!
Com o passar dos anos, a relação da Maçonaria Críptica com a Maçonaria Capitular e
a Cavalaria consolidaram sua posição como parte integrante e importante do Rito de York,
tendo, ao longo do tempo, sido aprovada em muitas Grandes Comanderias aquela antiga
proposta da Maçonaria Críptica como pré-requisito para o ingresso em suas Ordens; além da
postura geral do Real Arco de incentivar o curso dos graus crípticos como complemento e
melhor compreensão dos graus capitulares, em especial da exaltação a MRA.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIAS
GGCCMI. Affiliated Grand Councils. https://ggccmi.org/index.php/affiliated-grand-
councils- alphabetically Acesso em: 23/12/2017.
Grand Council of Royal and Selected Masters of Iowa. Past Grand Masters.

67
http://rsm.iayorkrite.org/about/past-grand-master/ Acesso em 22/12/2017.
Masonic Dictionary. Mackey. http://www.masonicdictionary.com/mackey.html Acesso
em: 21/12/2017.
Oklahoma City York Rite. Mackey. In: http://www.okcyorkrite.org/home/mackey Acesso em:
20/12/2017.
TABBERT, M. A. American Freemasons: Three Centuries of Building Communities. New York: New
York University Press, 2006.
The Masonic Trowel. Albert Gallatin Mackey.
http://www.themasonictrowel.com/masonic_talk/stb/stbs/36-02.htm Acesso em:
22/12/2017.
WARVELLE, G. W. A Review of Cryptic Masonry in the United States. Forgotten Books, 2016.

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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #014 – 2015/2018 (Janeiro de 2018).

Conhecendo nosso Grão-Mestre Geral


Internacional
Por Richard A. Eppler. Tradução: Kennyo Ismail

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DAVID A. GRINDLE – MUI PODEROSO GRÃO-MESTRE GERAL INTERNACIONAL 2017-2020
Na última Trienal, o Companheiro David A. Grindle foi eleito o Mui Poderoso Grão-
Mestre Geral. O Companheiro David nasceu em 2 de julho de 1946, em Springfield, Clark
County, Ohio. Filho de Donald Edward e Geraldine Lou (Rolston) Grindle. Ele concluiu o
Ensino Médio em 1964, pela Springfield Shawnee High School. Então, estudou no Instituto
General Motors (Universidade de Kettering), Flint, MI, de 1964 a 1966, estudando
Engenharia Elétrica e formou-se na Universidade Estadual de Bowling Green, Bowling Green,
OH, em 1968, com um Bacharelato de Ciências em Educação, ênfase maior em Matemática e
menor em Física. Em 1980, obteve o Mestrado em Sistemas de Informação Computacional
pela Universidade de Boston.
Ele trabalhou pela primeira vez para a IBM em Poughkeepsie, NY, como programador
de teste de software, no período de junho a novembro de 1968. Entrou na Força Aérea dos
Estados Unidos, indo para a reserva como Major, depois de 20 anos e com mais de 2100
horas de vôo em T-41, T-37, T-38, T / ET29, EB-57, F-4 e EF / F-111ª, servindo principalmente
no oeste dos EUA, no Pacífico e na Europa. Ele foi então contratado como Analista de
Integração de Sistemas de Tecnologia da Informação pelo Departamento de Recursos
hídricos de Idaho, se aposentando em setembro de 2006, após 18 anos de serviço público
(Ensino e emprego público).
David casou-se com Karen Gwen Frank, em setembro de 2001. Eles têm três filhos
crescidos, nove netos e um bisneto. Eles são membros da Igreja Metodista Comunidade
Unida, em Coeur d'Alene, ID, onde Dave participa do coro da igreja. Ele era anteriormente
membro e Moderador da Primeira Igreja Congregacional, UCC, em Mountain Home, ID.
Dave foi elevado em 30 de dezembro de 1974, na Loja “Teikoku” # 19, da Grande Loja do
Japão
F. & A.M. como uma cortesia para a Loja “St. Andrew's” # 619, de Springfield, OH, onde ele é
um membro remido. Ele ocupou muitos cargos em Lojas de Idaho, incluindo que é Past
Master da Loja “Elmore” # 30, de Mountain Home, ID (1995) e da Loja “Capital City” # 93, de
Boise, ID (2005 e 2015). Ele também foi o Grão-Mestre Adjunto do 7º distrito maçônico
(1997-99), presidente do Comitê de Credenciais (1997, 1998 e 2005) e presidente do Comitê
de Tecnologia da Informação (2006-2007) da Grande Loja de Idaho.
Dave é Past Sumo Sacerdote do Capítulo “Mountain Home” # 24 de MRA, em
Mountain Home, ID (1998) e do Capítulo “Boise” # 3, em Boise, ID (2007). Ele é o Past
Excelente Presidente do Grande Conselho da Ordem do Sumo Sacerdócio de Idaho (2007-
2008) e Past Sumo Sacerdote do Capítulo “Zadoc” # 34, do Grande Capítulo do Oregon,
Ontario, OR (2014). No Grande Capítulo de Maçons do Real Arco de Idaho, serviu como
Grande Mestre do Primeiro Véu (2001-2002), Grande Secretário e Tesoureiro (2002-2009) e
Grande Sumo Sacerdote (2009-2010). Dave também serviu como embaixador de Idaho para
o Grande Capítulo Geral (2005-2008).
Dave é Past Ilustre Mestre do Conselho “Idaho” # 1, de Mestres Reais e Escolhidos,
em Boise, ID (1999), do Conselho “Baker” # 16, em Ontario, OR (2013) e Mui Ilustre Grão-
Mestre do Grande Conselho de Maçons Crípticos de Idaho (2005-2006). Em 2005, ele serviu
como Três Vezes Ilustre Grão- Mestre dos Três Vezes Ilustres Mestre de Idaho. No Grande
Conselho, ele também foi Grande Sentinela (1999-2000), Grande Mordomo (2000-2001),
Grande Condutor do Conselho (2001-2002) e Grande Secretário e Tesoureiro (2002-2011).
71
Foi eleito Grande Secretário Geral do Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos
Internacional em 2008, 2011 e 2014.
Dave é um Past Comandante da Comanderia “Idaho” # 1, em Boise, ID (2000) e da
Comanderia “Baker” # 9, em Baker, OR (2010-2011). Ele atuou como Supervisor Distrital da
Grande Comanderia de Oregon, Distrito # 6. Ele foi membro fundador do Capítulo de Idaho
dos Cavaleiros Preceptores e é um Past Preceptor. Dave foi eleito Grande Sentinela (2000-
2001), Grand Vigilante (2001-2002), Grande Comandante (2007-2008) e Grande Secretário
e Tesoureiro (2002-2009) da Grande Comanderia de
Cavaleiros Templários de Idaho. Ele também foi eleito membro e Past Comandante
Honorário da Comanderia “Marvin E. Fowler” # 7, de Washington, DC (2015-2017).

Dave é também membro honorário de inúmeras lojas, conselhos, capítulos e


comanderias em Idaho, Oregon, Washington, Alaska, Ohio e no Distrito de Columbia.
Suas outras afiliações maçônicas incluem Past Soberano e Secretário do Conclave “St.
Michael” da Cruz Vermelha de Constantino; Past Prior e Secretário do Priorado “Idaho” # 13
do KYCH; Past Preceptor Comandante Cavaleiro e Secretário do Tabernáculo “Redenção” No.
XL dos Sacerdotes Cavaleiros Templários do Santíssimo Arco Real; Membro vitalício e ex-
governador do Tri-Valley York Rite College nº 178; Ordem da Cruz Roxa, Regente Associado e
Grande Governador para Idaho do Soberano Colégio do Rito de York da América do Norte;
Past Soberno Mestre do Conselho de Grão- Mestres do Distrito de Colúmbia da AMD,
Membro do Conselho “Puget Sound” # 5, de Royal Ark Mariner, ancorado no Conselho
“Pacific” # 30 da AMD; Membro no Perpetuity of Willamette Valley Chapter # 529, e Spokane
Chapter # 102 dos National Sojourners; Digno Mestre da Capela “Intermountain” # 27 da
Ordem comemorativa de São Tomás de Acon; Past Sapientíssimo Mestre do Capítulo “Boise”
de Cavaleiros Rosa-Cruzes, REAA, Jurisdição Sul, Boise, ID, Membro Vitalício dos Cavaleiros
de Santo André (REAA); Membro do Vale de Dayton, OH, REAA, Jurisdição Norte; Membro da
Ordem “Columbine” # 18 Ordem da Espada de Bunker Hill, membro honorário e Grande
Comandante em Chefe fundador honorário da Ordem “Syringa” nº 21 da Ordem da Espada
de Bunker Hill; Membro vitalício do Conselho de Grandes Chefes dos Cavaleiros Maçons dos
Estados Unidos; Membro vitalício IX ° grau do Colégio “Supreme Magus” S.R.I.C.F .; Vice-
marechal do Salish Court No. 96 da Ordem maçônica de Athelstan, em Issaquah, WA; e
membro do Red Star Lodge No. 205 dos Cavaleiros de Pythias, em Springfield, OH.

Texto traduzido do original, de autoria do Comp. Richard A. Eppler, publicado em


THE CRYPTIC FREEMASON.

Volume 4. Número 2. Inverno de 2018.

72
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #015 – 2015/2018 (Fevereiro de 2018).

A Lição da Preservação e as
Virtudes Teologais
Por Kennyo Ismail

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74
Já dizemos e voltamos a repetir as palavras registradas pelo Grande Conselho Geral de
Maçons Crípticos Internacional: “Não há graus mais bonitos e significativos em toda a
Maçonaria do que os conferidos em um Conselho de Maçons Crípticos”i.

Uma das razões da importância e sucesso dos graus crípticos é pelo fato de que eles
completam a principal alegoria maçônica. A definição mais comum de Maçonaria, como
sabemos, é a de que a Maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e
ilustrado por símbolos”ii Em outras palavras, a Maçonaria ensina sua moralidade por meio de
histórias (alegorias), repletas de símbolos. E, dentre muitas histórias, há uma história
principal, que somente é concluída por meio dos graus crípticos.

Não cursar os graus crípticos é como montar apenas 2/3 de um quebra-cabeças. Você
pode até ter uma vaga ideia do que há no restante da imagem, mas não consegue enxergar
“the big picture” (a grande imagem) e toda a beleza e complexidade nela envolvidos. Então,
não verá o Círculo de Perfeição.

Maçonaria Críptica é PRESERVAÇÃO. Enquanto nos graus simbólicos tem-se a perda e


nos graus capitulares a recuperação, os graus crípticos nos ensinam a importância da
preservação, para que aquilo que foi perdido possa ser recuperado. E da lição de
preservação, importantes lições podem ser aprendidas e refletir positivamente em nossas
vidas de provações.

Sendo “um belo sistema de moralidade”, a preservação maçônica ensinada nos graus
crípticos está fundamentada nas virtudes teologais, ou três maiores virtudes, de Fé,
Esperança e Caridade, pinceladas no simbolismo, mas vivenciadas de forma bela e profunda
no Conselho Críptico. Enquanto que no grau de Mestre Real, o paciente mestre dá uma
esplêndida lição de fé ao ansioso companheiro; no grau de Mestre Escolhido, os três líderes
pautam suas ações na total esperança de que um dia o oculto seria revelado. E, em ambos os
graus, aqueles mais experientes concedem aos menos a verdadeira caridade do amor
fraternal.

A virtude da Caridade é presença permanente na Maçonaria, em especial no Rito de


York. Desde o momento entre o candidato à iniciação e o tesoureiro, busca-se incutir essa
importante lição. De forma similar ocorre no adiantamento a Mestre de Marca, ao se
ingressar em um Capítulo de Maçons do Real Arco. E não se pode deixar de mencionar
também o repartir do pão no grau de Mui Excelente Mestre. Já na Suprema Instrução de
número 09 (agosto de 2017), tratamos da Fundação de Pesquisa Médica dos Maçons
75
Crípticos. Mas a caridade vai muito além da filantropia, da doação de valores monetários,
como podemos observar nas lições dos graus de Mestre Real e Escolhido. Caridade é amor. E
amor exige tolerância, respeito, paciência, compaixão.

Você, um maçom críptico, já parou para refletir sobre isso? Como você tem tratado
seus amigos, familiares, colegas de trabalho, SUBORDINADOS e pessoas que cruzam seu
caminho? Tem tido
tolerância e respeito para com os diferentes? Paciência para com os que precisam serem
ouvidos? Compaixão para com os necessitados? Quanto amor você tem distribuído ao seu
redor? Você tem aprendido belas e importantes lições morais nos graus do Rito de York, não é
mesmo? Quantas pessoas você tem procurado ensinar, com seu exemplo, palavras sábias e
estendendo sua mão?

E, retomando a lição de PRESERVAÇÃO, observada à luz das três maiores virtudes,


você tem preservado o Rito de York? A maçonaria? Tem preservado os elos sociais que
possui? Os familiares? Tem preservado a união e a harmonia em seu lar? Tem preservado
sua fé e esperança de dias melhores? O que você tem feito para garantir a preservação das
coisas que ama?

Não viva os graus crípticos apenas dentro do Conselho. Viva os graus crípticos a todo
momento. Assim, quem sabe, conseguirá enxergar “a grande imagem” desse esplêndido
quebra- cabeças que é a vida.

i https://ggccmi.org/index.php/en/the-cryptic-rite
ii ZELDIS, Leon. Illustrated by Symbols. New York, NY: Philalethes, The Journal of Masonic
Research & Letters, Vol. 64, No. 02, 2011, p. 72-73.

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Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #016 – 2015/2018 (Março de 2018).

O Círculo da Perfeição
Por Rafael Poggio Soneghet

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Muito se diz e muito ouvimos falar do chamado “Círculo da Perfeição” Maçônica.
Mas o que de fato ele é? Há apenas uma “versão”?

O Círculo da Perfeição Maçônica é uma analogia ao progresso da ciência Maçônica,


iniciando- se no Grau de Aprendiz e encerrando-se nos Graus Crípticos.

Mas como assim?

Suponhamos que toda a ciência da Franco-Maçonaria, todo o seu simbolismo, possa


ser representada por um círculo. Esse círculo será dividido em três porções, ou arcos: um
deles será ocupado pelos graus da Loja, ou Antiga Maçonaria; outro pelos graus do Capítulo,
ou Maçonaria do Real Arco; e o terceiro pelos graus do Conselho, ou Maçonaria Críptica.
Utilizando agora as palavras de Albert Mackey, “um neófito começando em qualquer ponto
do círculo e passando sobre um terço de sua circunferência chegará ao grau de Mestre e
descobrirá que, até então, a consumação de seu trabalho Maçônico é apenas para saber que
aquilo pelo que ele vinha empenhando-se a encontrar foi PERDIDO, e, ao invés da chave para
toda a ciência Maçônica, ele recebe apenas um substituto da verdade.

Insatisfeito com isso, deixemos que prossiga, em sua contínua busca, por outro arco,
ou terço, da circunferência, e ele chegará ao grau do Real Arco. Aqui, nesse segundo arco, a
chave que havia sido PERDIDA no primeiro arco é ENCONTRADA.

Entretanto, o círculo ainda não está completo. É verdade que o neófito agora sabe
que o perdido foi encontrado. Talvez ele até tenha ficado de posse do tesouro sagrado. Mas o
processo pelo qual a recuperação se deu ainda é desconhecido para ele, e todos os eventos
da história mística da Maçonaria que formam os elos entre a perda e a recuperação, e todo o
sublime simbolismo que se liga a esses eventos ainda permanece oculto para ele. Ele sabe o
que adquiriu, mas não sabe porque nem como o adquiriu. Para alcançar esses
conhecimentos, ele passa através do último arco e, chegando ao grau de Mestre Escolhido,
consuma e aperfeiçoa seus conhecimentos do símbolo representativo da Divina Verdade, e,
dessa forma, passa o círculo da perfeição na Ciência Maçônica.”

Portanto, a visão mais aceita e amplamente difundida é que o Círculo da Perfeição


Maçônica encerra-se no grau de Mestre Escolhido, garantindo a simetria e beleza do Rito de
York: em todos os arcos do círculo, existe um gancho para o próximo: uma dúvida, um
questionamento ou um objeto de busca. Isso se encerra no grau de Mestre Escolhido.

Mas e o grau de Super Excelente Mestre?

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Como já citado em uma Suprema Instrução anterior, o grau de Super Excelente
Mestre foi introduzido no Rito de York bem depois de seu estabelecimento. Alguns estados
americanos ainda o concedem de forma separada, e alguns lugares até mesmo não o
incluem como um grau críptico. O
grau, em si, apesar de sua enorme beleza e importância, é desconectado da sequência
tradicional do Rito, que findava-se no grau de Mestre Escolhido. Por esse motivo, o grau de
Super Excelente Mestre não é considerado parte do Círculo de Perfeição da Maçonaria.

Com Fervor e

Zelo, Rafael Poggio

Soneghet *
Ilustre Mestre
Conselho “XVIII de Março”# 53 de Maçons Crípticos do Brasil

Referências:

MONITOR AND GUIDE FOR CRYPTIC MASONS. First Edition. Published by Authority of The
Grand Council Royal & Select Masters of Washington. 2013.

MACKEY, Albert G. CRYPTIC MASONRY: A MANUAL OF THE COUNCIL. First Edition, 1897.

 O Ilustre companheiro Rafael Soneghet atua como médico da família em


Guarulhos/SP. Na Ordem DeMolay, foi Mestre Conselheiro e Ilustre Comandante
Cavaleiro. É Chevalier e membro honorário do “Mother Chapter” #001, de Kansas
City, no Missouri. Membro da Loja Maçônica “Fidelitas” #641, jurisdicionada à GLESP,
no Rito de York é Past Sumo Sacerdote, Ilustre Mestre e Comandante eleito. Foi o
tradutor de obras de Albert Mackey sobre o Rito de York.

80
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #017 – 2015/2018 (Abril de 2018).

Maçonaria Críptica na América Latina


Por Kennyo Ismail

81
82
Como sabemos, o Rito de York tem
encontrado terreno fértil na América Latina,
especialmente no Brasil, que tem sido a
estrela mais brilhante dessa constelação.
Com os graus crípticos, que completam o
círculo de perfeição (vide SI-16) do Rito de
York, não poderia ser diferente.

No Brasil, já contamos com mais de


60 Conselhos Crípticos. Há ainda Grandes
Conselhos de Maçons Crípticos em países
como México, Panamá, Venezuela e
Paraguai; além de conselhos crípticos em
funcionamento no Equador, Guatemala,
Peru e Porto Rico; todos apresentando
considerável nível de crescimento e
desenvolvimento.

A Maçonaria Simbólica da América


Latina reúne-se na CMI – Confederação Maçônica Interamericana, que, há mais de 70 anos,
têm colaborado para o intercâmbio de conhecimento e experiências maçônicas entre as mais
de 70 Obediências que a compõem, incluindo ainda a Grande Loja Nacional Francesa, a Grande
Loja Legal/Regular de Portugal e a Grande Loja da Espanha, que, por afinidade de língua e
história, se uniram a confederação.

E, neste ano, durante a XXIV Grande Assembleia Geral da CMI, em Santa Cruz de la
Sierra, na Bolívia, ocorrida entre os dias 11 e 15 de abril, pôde-se verificar a atenção e
consideração que o Rito de York tem dado à América Latina. Estiveram presentes, além do
mundialmente conhecido no meio maçônico, o Companheiro Ted Harrison, Past Grande Sumo
Sacerdote Geral do Real Arco Internacional; o nosso Mui Poderoso Grão-Mestre Geral dos
Maçons Crípticos Internacional, Companheiro David Grindle (vide SI-14).

Assim, o Real Arco e os Graus Crípticos mostraram depositar confiança e dedicar


esforços pela consolidação do Rito de York na América Latina, dando seus sinais de
reconhecimento por sua ascensão no cenário maçônico mundial. Importante também
observar que a Maçonaria regular francesa e portuguesa, que, como dito, participam da CMI,
também possuem Grandes Conselhos de Maçons Crípticos em seus territórios.
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Na oportunidade, o Grão-Mestre dos Maçons Crípticos do Brasil apresentou relatório
de atividades ao Grão-Mestre Geral dos Maçons Crípticos Internacional, que teceu elogios aos
avanços do Rito de York em geral e dos Graus Crípticos em particular no Brasil, e confirmou
sua presença em nossa Trienal, na qual a nova diretoria do Supremo Grande Conselho de
Maçons Crípticos do Brasil será empossada. A Trienal ocorrerá entre os dias 15 e 18 de
novembro deste ano, em Florianópolis – SC, e as inscrições podem ser realizadas pelo website
oficial do Real Arco: www.realarco.org.br

Recorda-se que, durante a Trienal, ocorrerão a concessão do grau críptico de Super


Excelente Mestre (vide SI-11), destinado aos companheiros Mestres Escolhidos em dia com
suas obrigações perante seu conselho e o SGCMCB; e da Ordem da Trolha de Prata (vide SI-
10), destinada aos Companheiros eleitos e empossados Ilustres Mestres de seus Conselhos
Crípticos que também estejam em dia com suas obrigações.

Por fim, que todos possamos trabalhar pela organização, crescimento,


desenvolvimento, evolução dos graus crípticos em nossos Conselhos, em nosso Brasil e em
nossos países-irmãos de toda a América Latina, que mostra-se como o futuro da Maçonaria
mundial e que tem feito por merecer a oportunidade de que seus membros tenham acesso
aos conhecimentos tão bem guardados e preservados sob nossos arcos.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

84
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Instrução #018 – 2015/2018 (Maio de 2018).

Os Querubins na Maçonaria Críptica


Por Antonio Jaimar Gomes *

85
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Um elemento bem comum no
simbolismo dos graus capitulares
retorna nos crípticos e está relacionado
à Sagrada Arca da Aliança e ao Templo
de Salomão: os Querubins. O Grau de
Mestre Real mostra sua representação
como proteção divina e a presença de
Deus nos trabalhos de construção.

O caráter de proteção e guarda


do sagrado fica bem evidente na Bíblia,
já em Gênesis 3,24, quando os
Querubins são colocados na porta do Jardim do Éden para proteger sua entrada. Eles são
citados outras 79 vezes nas Sagradas Escrituras, sendo a categoria angelical mais citada no
compêndio. Os Querubins aparecem também na visão de Ezequiel, que é uma das mais
conhecidas representações da glória de Deus. São guardiões do Trono do Altíssimo e essa
visão pode nos dar a ideia de porque foram representados, primeiramente no Tabernáculo,
depois no Templo e, é claro, na Arca da Aliança.

De acordo com o judaísmo, há hierarquias angelicais e os Querubins (‫[ כרובים‬keruvim]


no plural, tendo sua forma singular: ‫[ כרוב‬keruv]) representam o amor entre Deus e o povo de
Israel. Eles são um tipo de anjo, servidores da Divindade dentro da hierarquia que tem por
base a Cabala. Estão situados na sefirá Yesod, o que representa reciprocidade ideal de uma
relação, no caso, entre Deus e os homens. Ainda, de acordo com o mesmo conceito, o homem
recebe dons através de cada anjo e os Querubins transmitem sabedoria, tendo a Arca com as
Tábuas da Lei a representação da Sabedoria do Senhor (Obedecer a Deus é princípio de
Sabedoria, de acordo com Provérbios 1,7). Assim, eles são o canal pelo qual o Senhor
transmite sua sabedoria ao seu povo escolhido.

Há outro detalhe em questão: a representação dos querubins. De acordo com a


concepção religiosa judaico-cristã, anjos são espíritos, consequentemente, sem corpos
materiais. Então, como representa-los? Além disso, as leis judaicas eram explícitas quanto a
não reproduzir imagens. Por quê fazê-lo?

Respondamos em ordem inversa. Os hebreus haviam saído do Egito, há pouco, sujeitos


a um politeísmo antropomórfico cujos adeptos tinham o hábito de prestar culto por
intermédio do uso de imagens desses deuses. O povo de Israel estava sujeito a reproduzir esse
87
costume, e o fez quando do episódio do bezerro de ouro (Ex. 32). Ainda, pela afirmação de
Aarão no versículo 5, sabe-se que o bezerro representava o Deus de Israel, o que é proibido.
No entanto, os Querubins representam um atributo de Deus, que é seu amor pelo povo, com
a Arca representando sua Aliança de amor e sua sabedoria presente nos mandamentos para
o bem viver e servir a Ele. Assim, o primeiro caso imagético afastaria de Deus, por ter como
fim a adoração de uma imagem, enquanto o segundo aproximaria Dele, por seu caráter
estritamente simbólico, pedagógico.

Quanto a primeira questão apresentada, logicamente que não se sabe ao certo qual a
forma que os Querubins tinham, pois a Arca se perdeu há muito, o Templo foi destruído e não
há registro de como eles eram, de maneira que, segundo os teólogos judeus, é incerta a sua
forma. Há alguns teólogos que apontam esses anjos com forma de bebês, porém, isso é pouco
provável, considerando a descrição de Ezequiel (evidentemente ainda não conhecida na época
da criação da Arca). O que se imagina, sendo ponto comum entre os estudiosos, é que eram
figuras aladas.

Coil (1961) registrou que geralmente são representados com cabeça e tórax de
humano, e as asas de um pássaro, sendo que alguns autores ainda colocam tórax de leão e
patas de boi. Os símbolos evocados lembram os quatro evangelistas e as quatro virtudes
cardeais: Fortaleza no Leão, Temperança no Boi, justiça na Águia e Prudência no Ser Humano.
Essa forma de representação se fez presente, por exemplo, no Brasão da Grande Loja dos
Antigos (defensora do Real Arco) e ainda está no da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Os graus crípticos ocorrem alegoricamente no período cronológico da construção do


Templo de Salomão e, por essa razão, entende-se que a Arca da Aliança ainda não estava
depositada no Templo, pois o mesmo ainda não havia sido concluído. De tal modo, não
estando presente a Arca, consequentemente os Querubins também não deveriam estar
presentes. Entretanto, eles se fazem presentes em momentos especiais do Grau de Mestre
Real, por suas asas passam importantes momentos do Grau.

Uma justificativa é a compreensão de que aqueles Querubins que aparecem no grau


de Mestre Real não são a representação física dos atributos de Deus presente na Arca, mas
simbólico daqueles atributos em ação. Eles podem representar Deus abençoando a
apresentação dos irmãos como Mestres Reais por meio de seus Querubins, ali presentes como
que atraídos pela oração do GMHA. Os Querubins observam a caminhada do maçom ao longo
de sua jornada de aprendizagem e trabalho para, por fim, participar da união do indissolúvel
com os propósitos Divinos através do solene compromisso prestado. Assim, numa mesma
88
Cerimônia, representam a sabedoria, a proteção e o amor de Deus.

Não é à toa que os Querubins são tão frequentes nos graus do Rito de York. Seu papel
é o de recordar nosso Deus em sua maior essência, que é o amor, expressado na sua proteção
(sob suas asas, ainda que por meio de seus anjos) e preocupação com seu povo.

Enfim, como diz o próprio Grau, os Querubins são o Trono de Deus sobre o
Propiciatório.

Referências:
BÍBLIA. 11ª edição. P. Bazaglia, Ed., & E. M. al, Trad. São Paulo, SP: Paulus, 2016.
BOYER, O. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo, SP: Vida Acadêmica, 2012.
ICAR. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2000.
SGCMCB. Ritual de Mestre Escolhido. Rio de Janeiro, RJ: Supremo Grande Conselho de Maçons
Crípticos do Brasil, 2014.
SGCMCB. Ritual de Mestre Real. Rio de Janeiro, RJ: Supremo Grande Conselho de Maçons
Crípticos do Brasil, 2014.
COIL, H. W. Coil’s Masonic Encyclopedia. Nova Iorque: Macoy Publishing & Masonic Supply
Company Inc, 1961.
DINIZ, P. R. (s.d.). Comunidade dos Santos Anjos. Acesso em 07 de maio de 2018. Disponível
em: http://comunidadesantosanjos.org.br/portugues/um-pouco-sobre-os-anjos/
FEDELI, O. (12 de outubro de 2000). Monfort Associação Cultural. Acesso em 07 de maio de
2018, disponível em: http://www.montfort.org.br/bra/cartas/doutrina/20040728170341/
GINSBURG, R. Y. (s.d.). O Chabad.org. Acesso em 07 de Maio de 2018, disponível em:
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2127571/jewish/Os-Querubim.htm

 Antonio Jaimar Gomes é Mestre Maçom das Lojas Dr. Antonio Gentil Fernandes #04
(REAA), em Caraúbas, e Cavaleiros da Liberdade #35 (Rito de York), em Caicó, ambas
jurisdicionadas à GLERN; Maçom do Real Arco do Capítulo “Cavaleiros do Seridó”;
Mestre Escolhido do Conselho “Vila do Príncipe” de Maçons Crípticos. É também
Sênior DeMolay e Chevalier.





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Supremo rande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Supremas Instruções

Instrução #019 – 2015/2018 (Junho de 2018).

A Cripta do Primeiro Templo nas Escrituras


Por Leonardo Cestari Lacerda *

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92
Pode ser estranho para o pensamento religioso que o homem, um ser temporal,
possa destruir a Casa do Deus Onipotente de Israel. Casa cuja planta foi entregue pelo
próprio Deus a Davi através do seu Profeta e transmitido para que Salomão a edificasse (1
Crônicas 28:11, 12), onde a Arca da Aliança repousaria e a própria Shechinah se manifestou e
habitou (2 Crônicas 5). Bem, se não é estranho hoje, na época de Salomão, definitivamente,
era. E a literatura rabínica explora bastante esse aspecto para tentar explicar tal destruição.
Pois se a Casa de Deus e sua presença na Terra desaparecem, com ela também desaparece
sua Palavra (verbum, logos em grego), sua manifestação.

Mas Salomão, como as próprias escrituras atestam, foi abençoado com Sabedoria e
Conhecimento (Binah e Hockmah, 2 Crônicas 11), as mais altas virtudes que um homem
pode alcançar segundo a tradição hebraica, elaborou um plano que não foi descrito no
Antigo Testamento para que o conhecimento do seu povo, a Palavra de Deus recebida por
Moises, não se perdesse.

Qual foi o plano de Salomão para preservar a Palavra? Segundo a tradição maçônica,
construir uma cripta, para armazenar a Arca e a Palavra (o Nome Divino, o grego
TeTragramaTon – palavra composta por três letras Taus). Lenda muito bem explorada por
esses antigos graus maçônicos que foram preservados no sistema de York. Mas como já foi
mencionado, a preocupação com essa “preservação” não é um tema de origem maçônica.

Antes, é importante entender o contexto que se passou no Templo após a morte de


Salomão.O reino se dividiu em dois, Judá e Israel, sendo governados por diferentes
dirigentes. Iniciou-se assim um período conturbado na história do Templo, tanto política
quanto religiosa. Foi utilizado para adoração de outros deuses e profanado de incontáveis
maneiras ao longo dos séculos. Essa profanação levou a fúria de Deus, a destruição do
Templo, de Jerusalém (2 Reis 22:16, 17) e pôr consequência ao exílio na Babilônia. Não foi
necessário a destruição do Templo para se perder a Palavra, pois ela já havia sido esquecida.

Durante o reinado de Josias houve uma grande reforma no Templo para que se
restabelecessem os antigos costumes. A única referência que existe sobre um achado
secreto no Templo de Salomão antes de sua destruição, foi feito pelo Sumo Sacerdote
Hilquias durante essa reforma: “Encontrei o Livro da Lei no templo do Senhor” em 2 Reis
22:8. O Livro, inclusive, foi levado em presença do Rei para análise. Após esse achado é
relatado em 2 Crônicas 35:3 que Josias ordena colocar “a arca sagrada na casa que Salomão,
filho de Davi, rei de Israel, edificou”, que ocorreu 22 anos antes da destruição do Templo.
Essa passagem revela duas coisas: Josias também encontrou a Arca durante a reforma; e a
93
colocou de volta onde deveria estar. Esse é o último relato da Arca nas Escrituras.

Seria essa a influência do grau de MRA? Em parte, provavelmente sim pois os


eventos se assemelham, mas o MRA ocorre cronologicamente na reconstrução do Templo,
enquanto Josias reinou ainda no Primeiro Templo.

Mas as perguntas permanecem. Onde teria Josias encontrado o Livro e a Arca? Como
a mão do homem pode destruir a Casa de Deus? Qual foi o plano de Salomão para preservar
a Palavra? Existe alguma referência que de fato mencione uma cripta e seu planejamento?

Diz uma importante, porém esquecida, passagem sobre a tradição salomônica:

Quando Salomão construiu o Templo e soube que eventualmente seria


destruído, ele construiu um lugar para esconder a Arca abaixo do Monte do
Templo em um esconderijo muito profundo e inacessível e o Rei Josias
ordenou a Arca escondida no lugar que Salomão construiu.
Mishneh Torah, The Chosen Temple, Capitulo 4.

A tradição rabínica ao discutir sobre a destruição do Templo de Salomão, a Casa de


Deus, afirma que Salomão construiu um local para que a Arca fosse escondida para jamais
deixar de manifestar a Shechnah. Seu Templo externo, portanto, foi destruído pela mão dos
homens. Mas a Arca, a Palavra, permaneceu em sua cripta (do grego kryptós, escondido,
oculto, secreto).

Podemos citar outra importante referência que mostra a existência de uma cripta
abaixo do Templo:

Nossos sábios nos dizem que “quando o rei Salomão construiu o Templo
Sagrado, sabendo que estava destinado a ser destruído, ele construiu um
lugar para esconder a Arca, no final de um lugar escondido, profundo e de
sinuosas passagens”.
Mishneh Torah, Laws of the Holy Temple 4: 1, retirado Talmud, Yoma 53b.

Em outras palavras, o Templo foi inicialmente estruturado e construído para existir


em dois estados: um estado revelado e um estado oculto. Havia, portanto, dois lugares para
a Arca ser depositada, a parte acima do chão, no Santo dos Santos, e a câmara escondida
entre “profundas e sinuosas passagens”.
Essa foi a maneira que Salomão encontrou de preservar a Arca, a Palavra, para que
esta jamais fosse perdida. Segundo a tradição maçônica, Hiram Abif esteve em seu auxílio

94
nesse planejamento.

Se a Arca lá permanece até hoje como diz a tradição, não podemos dizer. Mas o fato
de uma cripta real no Monte do Templo nos faz recordar que os misteriosos Nove Monges
de Cluny, os futuros Templários, lá permaneceram por nove anos e o intelectual estudante
do hebraico e da tradição rabínica, Bernardo de Claraval, esteve por trás deles. Mas isso já é
assunto para outro trabalho.

Lenda maçônica ou tradição rabínica, o importante é mostrar que algumas vezes o


conhecimento oculto (críptico) das Escrituras são encontrados em nossos rituais e a eles
podemos recorrer para conhecer nossas origens e buscar suas interpretações. Na Maçonaria
Críptica isso se mostra ainda mais claro.

Devemos lembrar que tudo que um dia foi externo, como o Templo de Salomão, a
manifestação de Shechnah, agora deve ser tomado num outro plano. O Terceiro Templo não
é físico, não contêm pedras, ouro ou sacrifícios animais. O Terceiro Templo somos nós, a
cripta é nosso interior oculto, nossa essência mascarada pelos vícios. A Palavra Perdida é a
manifestação do verbum, o logos, pelas nossas ações. O Segredo do Tetragramaton,
revelado no MRA e escondido na Cripta, se revela a quem é verdadeiro e medita sobre sua
existência.

REFERÊNCIAS

FRIDLIN, Jairo, GORODOVITS, David. Bíblia Hebraica. Editora Sêfer, 1ª Edição. 2006.
MAIMON, Moshe ben. Mishneh Torah, The Chosen Temple. 1170-1180d.C.The William
Davidson Talmud
MAIMON, Moshe ben. Mishneh Torah, Laws of the Holy Temple. 1170-1180.The William
Davidson Talmud
BÍBLIA Sagrada ARC. SBB, 4ª edição. 2010.
MELAMED, Meir Matzliah. TORÁ A Lei de Moises, Editora Sêfer, 1ª edição. 2000.
LAITMAN, Michael. O Zohar. 2015.
MACKEY, Albert. CRYPTIC MASONRY Manual Of The Council. 1897.

* Leonardo Cestari Lacerda é membro do Conselho "Águia de Prata #51" de Maçons


Crípticos do Brasil.

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Supremo rande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
Jurisdicionado ao

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Supremas Instruções

Instrução #020 – 2015/2018 (Julho de 2018).

Correções no ritual de Mestre Real


Por Kennyo Ismail

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Ilustres Mestres e Prezados Companheiros,

Alguns Companheiros já observaram e se manifestaram quanto a algumas


incongruências na abertura dos trabalhos da edição de 2014 do Ritual do Grau de Mestre
Real. Esta Suprema Instrução dedica-se exclusivamente a instruí-los na correção desse erro
até que uma nova edição do ritual do grau de Mestre Real seja oficialmente publicada.
Em primeiro lugar, solicitamos que
verifiquem se os rituais em poder de seu Conselho
Críptico e aqueles depositados em confiança de
seus membros são da edição de 2014, conforme
imagem da capa que ilustra esta instrução, onde
se vê em seu rodapé o ano de edição. Caso sejam,
necessitam ser corrigidos.
A correção é simples e pode facilmente ser
realizada pela secretaria do Conselho ou mesmo
pelos próprios membros, devidamente instruídos:
Se observarem, há uma série de páginas 10
nesse ritual e exatamente nessas páginas estão
contidas as incongruências. Há páginas 10, 10A,
10B, 10C e 10D. Os erros estão na totalidade das
páginas 10, 10A, 10B e 10C. Ou seja, de todas as
cinco páginas 10, apenas a última, a 10D, está correta. Assim, basta desconsiderar as demais
páginas, que são: 10, 10A, 10B e 10C.
Uma forma fácil, rápida e prática de fazer isso sem erros é destacar do ritual e
incinerar a folha em que está impresso de um lado a página 10A e do outro a 10B, e, em
seguida, colar ou grampear a página 10 em face com a página 10C. Assim, ao manusear o
ritual, os companheiros passarão direto, da página 9, para a página 10D, como deve ser.
Tal correção simples é o bastante para viabilizar esse ritual, que foi uma grande
evolução em orientações, diagramas e qualidade se comparado com a edição anterior. Além
disso, dessa forma, podemos executar a abertura dos trabalhos de Mestre Real com
perfeição, sem rabiscos, custos extras, e ainda preservamos o meio ambiente.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIA
SGCMCB. Ritual do Grau de Mestre Real. Rio de Janeiro: edição do autor, 2014.

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Supremo rande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Supremas Instruções
Instrução #021 – 2015/2018 (Agosto de 2018).

Apresentando a Maçonaria Críptica a


um Maçom do Real Arco
Tradução e Adaptação: Kennyo Ismail

101
102
Ilustre Mestre e demais Companheiros maçons crípticos,

Segue um breve texto, adaptado de trechos extraídos de uma cerimônia do Estado de


New York, cujo objetivo é apresentar a Maçonaria Críptica a um Maçom do Real Arco.
Entendemos que esse texto pode ser útil nesse objetivo e sugerimos que compartilhe esta
Suprema Instrução com todos os Maçons do Real Arco elegíveis ao ingresso em seu
Conselho Críptico.

Texto adaptado de trechos da cerimônia “O que é a Maçonaria Críptica? Uma


apresentação”, publicada pelo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Estado de New
York, edição revisada, de maio de 2010.
_________________________________________________________________________________

Você pode estar pensando, o que é a Maçonaria Críptica? Por que eu, como um
Maçom do Real Arco, estaria interessado em aprender sobre esses graus? E o que mais de
luz maçônica posso aprender com eles, se eu me tornar um maçom críptico?

A maçonaria simbólica é formada por três graus, os quais cada um de nós já recebeu.
Ao longo dos anos, no passado de nossa fraternidade, irmãos como você e eu conceberam,
definiram e aperfeiçoaram graus adicionais para espargir mais luz maçônica àqueles
membros do nosso ofício com um desejo genuíno de expandir seus conhecimentos
Maçônicos. E o fato de você estar aqui hoje como um Maçom do Real Arco é um
testemunho de que é um maçom que busca expandir seu entendimento e conhecimento
sobre a Maçonaria.

No entanto, meu companheiro, ser exaltado e usar o título de Maçom do Real Arco
não significa que você recebeu toda a luz que a Maçonaria tem a oferecer.

Os graus crípticos completam o "círculo de perfeição" da compreensão de um


maçom. Meu companheiro, você iniciou esse círculo quando você ingressou nos graus
simbólicos, em sua loja. Você o continuou quando recebeu os graus capitulares em seu
capítulo. E os graus crípticos são onde você completará o círculo de perfeição e, com eles,
ganhará uma nova e completa apreciação dos graus anteriores.

Os graus crípticos também são chamados de "graus de preservação", porque


focalizam nossa atenção naquilo que foi preservado no tempo da edificação do templo do
Rei Salomão, em benefício das gerações futuras, como as nossas. A Maçonaria Críptica é
uma parte da progressão dos graus "salomônicos" que chamamos de Rito de York. Somente
os maçons do Real Arco podem se juntar a um Conselho de Maçons Crípticos. O nome
103
"críptico" não significa"misterioso". Refere-se a "cripta" subterrânea ou "câmara secreta"
construída pelo Rei Salomão, onde, como um maçom do Real Arco, você descobriu a Palavra
de Mestre, há muito tempo perdida.

Como maçons crípticos, somos conhecidos pelo título de "mestres escolhidos", e,


individualmente, maçons crípticos tratam-se como companheiros, assim como no Capítulo.
Nós nos reunimos em corpos conhecidos como conselhos. E os nossos conselhos trabalham
sob autoridade do Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil.

São conferidos dois graus em um Conselho de Maçons Crípticos. O primeiro é o


Mestre Real. É um pré-requisito para receber o segundo, de Mestre Escolhido. Há ainda um
terceiro grau, o Super Excelente Mestre. Aqui no Brasil, é um honorário, opcional,
especialmente conferido em nosso encontro nacional, em novembro de cada ano.

Os graus que conferimos nos nossos conselhos estão diretamente conectados com os
graus simbólicos que você e eu recebemos em nossas Lojas, e nos graus capitulares que
recebemos em nossos Capítulos do Real Arco. Ao passar pelos graus no Conselho, você,
como candidato, é um participante ativo nas cerimônias, assim como você vivenciou em sua
Loja e Capítulo.

O que faz dos graus crípticos incomparáveis? Eles continuam e, o mais importante,
completam a história maçônica do templo do Rei Salomão. Abrangem alegorias de um
período anterior ao grau de Mestre Maçom, até o início do grau de Maçom do Real Arco.

Meu companheiro, esperamos que agora tenha uma boa ideia do que os graus
crípticos oferecem a um Maçom do Real Arco, desejando que busque concluir o círculo de
perfeição, através de mais luz na Maçonaria!

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

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Supremo rande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Supremas Instruções
Instrução #022 – 2015/2018 (Setembro de 2018).

Crescimento – para todos – através da


Educação
Por: C. Jackson, MIPGM, Presidente da Comissão de Educação
Tradução: Kennyo Ismail, MIGM - Brasil

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106
Companheiros maçons crípticos do Brasil, trazemos nesta Suprema Instrução uma
importante mensagem, recebida neste mês, do Mui Ilustre Companheiro C. Jackson,
Presidente da Comissão de Educação do Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos
Internacional, apresentando um esboço do audacioso projeto de Educação Maçônica que
será desenvolvido pelos Crípticos Internacional nesta gestão, e que vai ao encontro do que
temos trabalhado há quase dois anos em nosso Supremo Grande Conselho de Maçons
Crípticos do Brasil, especialmente por meio destas Supremas Instruções, e que foi
apresentado ao Grão-Mestre Geral Internacional em reunião realizada em Abril deste ano,
rendendo elogios e reconhecimento à Maçonaria Críptica brasileira.
Todos podem colaborar com estas Supremas Instruções e agora também com o
programa educacional internacional. O futuro da Maçonaria, em especial da Maçonaria
Críptica, está em nossas mãos.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

O Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos Internacional, sob a liderança do nosso


Grão- Mestre Geral, M.P. David Grindle, fez um grande compromisso com a Educação
Maçônica para este Triênio e além. Como o Rito Críptico é frequentemente referido como o
Rito de Preservação, esse esforço faz sentido eminente. Que melhor maneira de preservar
nosso querido Ofício do que promovendo a educação maçônica em todas as suas diferentes
formas? Que melhor maneira para o Grande Conselho Geral ajudar, socorrer e auxiliar
nossos corpos afiliados e nossos Companheiros? O objetivo é fornecer recursos acessíveis
que possam ajudar o indivíduo maçom em seu desenvolvimento pessoal, os Grandes
Conselhos e seus conselhos afiliados a desenvolver programas educacionais ainda mais
significativos, e fornecer incentivo para os estudiosos maçônicos, onde não há. Dizem que a
Maçonaria vive para sempre porque vive nos corações e mentes dos homens.
Em sua orientação à comissão, M.P. Grindle deixou claro que este seria um programa
maçônico, e não apenas um programa críptico. Sua visão é de criar um “balcão único” para
recursos educacionais maçônicos, pelo menos na medida em que isso puder ser feito. É com
esse objetivo que o comitê desenvolveu seus projetos. O objetivo não é desenvolver outro
silo de informação, mas reunir o máximo de recursos possível. Isso exigirá trabalhar em
conjunto com nossos parceiros nas Grandes Lojas, no Grande Capítulo Geral (de Maçons do
Real Arco Internacional), no Grande Acampamento (de Cavaleiros Templários) e no Rito
Escocês (Antigo e Aceito) das Jurisdições Norte e Sul, bem como com os inúmeros sites
privados dispostos a participar. A partir desta data, embora eu não tenha abordado a todos,
a resposta tem sido muito positiva daqueles de quem me aproximei. Mas por onde
começamos uma tarefa tão grande? A primeira resposta que se apresenta é pesquisar o
campo.
A educação maçônica é um assunto popular hoje em dia, muito discutido, mas

107
infelizmente menos amplamente aplicado. Nós certamente temos bastante referência sobre
isso. Por exemplo, é um dos principais pontos da obrigação de um Mui Excelente Mestre
(Capítulo) e, de fato, todo o grau de Companheiro de Ofício (Loja) pode ser pensado como
uma exortação à educação. A literatura da Maçonaria também está repleta de discussões
sobre esse tópico, desde o famoso artigo de Albert Mackey, "maçons que leem e maçons
que não leem" (http://www.masonicdictionary.com/read.html); o artigo de Richard Fletcher:
“Educação maçônica: Um assunto muitas vezes ignorado”
(http://phoenixmasonry.org/masonic_education.htm); o “Educação Maçônica” de
Arthur Bentley (http://www.skirret.com/archive/dormer/masonic_education.html); até os
Cavaleiros do Norte e seu seminal “A Louvável Perseguição: uma resposta do século XXI a
Dwight Smith” (http://www.skirret.com/archive/dormer/masonic_education.html). Existem
muitos outros artigos que eu poderia listar, mas estes são suficientes para ilustrar a questão.
A propagação histórica de apenas esses poucos artigos mencionados é um sinal claro
de que isso não é uma questão nova. Um breve exame desses mesmos documentos indica a
importância da questão tanto para o Ofício quanto para o irmão. Assim, dada a importância
e persistência do tema, questiona-se: Por que surgiu? Por que isso aconteceu? Por que
continua? E o que podemos fazer sobre isso? Infelizmente, não há uma resposta única ou
simples para qualquer uma dessas perguntas. Neste ponto, compartilharei com você alguns
dos pensamentos que nos levaram ao nosso projeto atual para que você possa ver o
contexto no qual ele foi desenvolvido.
A questão não parece surgir de uma falta de material. Os séculos XIX e XX foram
preenchidos por autores, maçons e não maçons, escrevendo sobre a Maçonaria. Em nosso
próprio século XXI, os materiais maçônicos estão mais disponíveis do que nunca, graças à
mídia digital e à internet. Há tantos sites contendo material maçônico valioso de Lojas de
Pesquisa e Grandes Lojas; os materiais disponíveis através dos Supremos Conselhos do Rito
Escocês Antigo e Aceito das jurisdições Sul e Norte; e uma variedade quase infinita de
outros, como a Phoenix Masonry, Skirret, The Masonic Trowel, Pietre-Stones, e a “grande
dama” 1 das Lojas de Pesquisa, “Quatuor Coronati”, dentre muitos outros excelentes
materiais disponíveis a um maçom hoje. Existem sociedades inteiras dedicadas ao
desenvolvimento de tais recursos, tais como a Philalethes Society, a Masonic Society, o
Programa “Maçonaria e Sociedade Civil” da UCLA, e a Sociedade de Pesquisas do Rito
Escocês (Jurisdição Sul). Temos até programas educacionais em uma escala sem
precedentes, lidando com questões de Liderança e Gestão de Lojas, por exemplo, a “Free
Mason University”, afiliada à Grande Loja de Ohio, e o incrível trabalho feito pela Grande
Loja de Michigan; os Programas de Educação Maçônica como o programa “Master
Craftsman” da AASRSJ (Supremo Conselho do REAA da Jurisdição Sul), a “Hauts Grades
Academy” da AASRNJ (Supremo Conselho do REAA da Jurisdição Norte) e o programa
“Companheiro Adepto do Templo” do Soberano Colégio do Rito de York; além de inúmeros
recursos excelentes desenvolvidos no âmbito dos Grandes Corpos. Então, ao invés de falta
de recursos, parece que temos uma abundância deles. E com a facilidade de uso e
disponibilidade através da internet, que não parece ser o problema também.
Isso gera uma variedade de hipóteses principais, incluindo:
1. A falta de ênfase na Educação Maçônica como uma parte importante de nossa

1
Grande dama: no sentido figurado, refere-se a instituição bem conhecida e altamente conceituada.
108
jornada maçônica, de modo que o interesse nunca é desenvolvido em
primeiro lugar;
2. A falta de apoio para a aprendizagem maçônica de nossos pares, porque eles
têm uma ideia sobre o que é a educação maçônica (pense em palestras
acadêmicas) que eles não acham útil ou interessante, quando a realidade é
que existem muitos caminhos valiosos para a aprendizagem maçônica,
incluindo um tipo de comunhão que ensina através do nosso comportamento
para com o outro;
3. Falta de estrutura para que indivíduos menos treinados não saibam onde
procurar o quê;
4. Programas de Educação Maçônica que carecem de profundidade ou
simplesmente não respondem às necessidades daqueles Irmãos específicos
aos quais são dirigidos;
5. Acessibilidade de materiais devido a um estilo desconhecido de escrita, de
modo que o estilo de escrita se torna uma barreira (pense na típica reação ao
Moral e Dogma2);
6. Encontrar material na profundidade apropriada para o indivíduo - muito
superficial e alguns acham chato e inadequado; muito profundo, exigindo
certo conhecimento de base para se beneficiar, e alguns acham confuso ou
irrelevante para o mundo "real".

Existem muitas outras possibilidades, mas estas abrangem muitas dessas principais.
Então, dada tal abundância de riquezas, o que exatamente podemos acrescentar sem ser
redundante, e como podemos facilitar o desenvolvimento e uso dos materiais à nossa
disposição de uma maneira que responda a algumas das questões sobre a Educação
Maçônica que encontramos? Novamente, não há uma única resposta simples; devemos
simplesmente começar com o que sabemos e moldar um programa que acreditamos ser
adequado aos problemas que encontramos, e então aprender com nossos erros e seguir em
frente.
É nossa intenção alavancar as modernas tecnologias eletrônicas, os recursos já
desenvolvidos pelo Grande Conselho Geral (de Maçons Crípticos Internacional) e por várias
outras organizações e indivíduos, com uma iniciativa importante para incentivar o
desenvolvimento de novos materiais de uma maneira que leve a sua maior utilização. Nosso
propósito é facilitar a difusão da luz maçônica em toda a Maçonaria, para que nossos irmãos,
companheiros e cavaleiros possam crescer pessoalmente e, assim, melhorar nossas
comunidades e, por fim, nosso mundo. O objetivo final é disponibilizar os materiais para
cada Irmão ou grupo de Irmãos de forma a ter uma excelente experiência maçônica.
Nós conseguiremos isso através de meios programáticos, bem como o
desenvolvimento de um centro eletrônico de educação maçônica disponível para todos os
maçons, educadores e pesquisadores. Este é um empreendimento grande e ambicioso e
exigirá o envolvimento de muitas pessoas durante vários anos. A abordagem recomendada é
concluir um projeto geral e, em seguida, implementar os conteúdos de maneira gradual.
O que segue é um esboço do que estamos fazendo. Não é exaustivo, pois o projeto
2
Moral e Dogma: obra relativa ao REAA, de autoria de Albert Pike, cuja escrita é de difícil compreensão.
109
passará por muitas revisões à medida que aprendemos o que funciona e quais melhorias
podem ser feitas. Também nunca cessará o desenvolvimento à medida que novos recursos,
abordagens e tecnologias se desenvolvam e cheguem a nossa atenção. Dito isto, a iniciativa
da Educação Maçônica do Grande Conselho Geral (de Maçons Crípticos Internacional) é
composta de três blocos básicos:

1. Incentivar a criação de materiais educacionais e apoiar os esforços criativos de


todos aqueles que desejam contribuir para o crescimento do conhecimento
maçônico. Isso significa apoio aos Irmãos que buscam obter uma melhor
compreensão da Maçonaria e como ela se aplica em suas vidas, bem como
acadêmicos, pesquisadores e Oficiais de educação nos níveis Grande (Conselho) e
Conselho. Para os acadêmicos, criaremos oportunidades de publicação de seus
trabalhos ao público mais amplo possível. Para os indivíduos, criaremos um
espaço onde você poderá participar de painéis de discussão ao vivo, compartilhar
ideias por meio de trocas eletrônicas e fornecer uma plataforma para preservar e
acessar esses materiais de maneira tópica. A ideia básica aqui é que os materiais e
recursos serão benéficos na medida em que nós, os irmãos, participamos da
discussão. Uma coisa é quando lemos um livro ou assistimos a uma palestra, mas
o impacto é grandemente ampliado quando discutimos o material e pensamos
nele por nós mesmos. Pretendemos oferecer uma ampla variedade de tais
programas, pois cada indivíduo chega à educação maçônica com sua própria
formação e interesses, e prossegue em seu próprio ritmo e em seu próprio
tempo. Esse é um lugar onde você pode discutir abertamente questões (embora
não possa política ou sectarismo religioso),
fazer perguntas e, o mais importante, engajar-se como irmão que realmente se
encontra “no nível”. Todo maçom tem uma perspectiva sobre a Maçonaria e
como ela se aplica à sua vida; ninguém que eu conheço tem o monopólio da
verdade, mas todos se beneficiam de uma discussão civilizada e respeitosa. Para
os educadores maçônicos, esse recurso ajudará no desenvolvimento de seus
próprios programas e disponibilizará a eles palestrantes ou painéis que eles não
conseguiriam ter acesso por tempo, distância ou custo.
Essa é uma área onde você pode participar diretamente agora. Precisamos
especialmente de mais materiais novos do Rito Críptico, embora todo novo
material maçônico seja bem-vindo. Grande parte da literatura sobre o Rito
Críptico vem do século XIX, e, embora seja um excelente material, é difícil para
aqueles que não estão acostumados a ler obras daquele período, e precisa ser
atualizado para se adequar à nossa experiência atual do Ofício no mundo em que
vivemos. Nosso Grande Principal Condutor dos Trabalhos Geral publicou uma
chamada para artigos sobre o significado do “Nove Misterioso”, então se você
tiver alguns pensamentos, por favor envie-os para ele. Não há respostas "certas"
para essa pergunta; em vez disso, esperamos ver uma variedade de respostas
baseadas em seus pensamentos, experiências e estudos, pois é através do exame
de uma ampla gama de interpretações do Nove Misterioso que cada um de nós
pode aprofundar nossa compreensão e discernimento sobre seu significado.
110
Faremos chamadas semelhantes no futuro, mas não deixe que isso o dissuada.
Estamos abertos a tudo o que você tem para compartilhar relacionado ao Rito
Críptico, mesmo que nenhuma chamada formal tenha sido emitida. Sua
participação é fundamental, porque aprendemos através do diálogo e esse
diálogo começa com cada um de nós compartilhando seus pensamentos.

2. Tornar os materiais educacionais maçônicos acessíveis, através do


desenvolvimento e manutenção de um centro eletrônico de informações. Isso
incluirá tanto os materiais existentes quanto os novos materiais desenvolvidos no
futuro. Enquanto o bloco um destina-se a incentivar o estudo maçônico, este
bloco destina-se a capacitar os pesquisadores e potenciais pesquisadores a
desenvolver novos materiais, fornecendo uma extensa biblioteca de pesquisa que
é acessível a todos. Também para divulgá-los, fornecendo uma alternativa para
publicação. Este bloco também incluirá materiais de treinamento para ajudar no
desenvolvimento de liderança de corpo maçônico. É sabido que a melhor
programação e materiais do mundo falharão se a liderança da organização não
estiver adequadamente preparada para o seu papel na implementação. Como o
primeiro método utilizado para educar os membros da maioria dos corpos
maçônicos é por meio da execução do ritual, uma parte deste bloco será dedicada
ao treinamento em técnicas de ritualística e materiais de apoio disponíveis para
cada corpo individualmente. As especificidades do ritual devem, é claro,
permanecer sempre no controle do corpo governante autorizador; portanto, esta
seção será dedicada à melhoria do efeito dramático sobre o candidato, deixando
a aplicação específica onde ela pertence, ao nível do Grande Corpo. A pesquisa de
material na biblioteca incluirá um índice pesquisável com links para várias
publicações localizadas em outros sites e, quando não estiver disponível em
formato digital, um local onde seja possível obtê-las por meio de uma biblioteca
física ou de uma compra. Criar esta biblioteca é, em si, uma tarefa muito grande,
e deve-se tomar cuidado constante para garantir que nenhum link morto seja
listado e que todo o material seja legalmente obtido. Uma área segura pode ser
desenvolvida para permitir a inclusão de material interpretativo relacionado ao
trabalho específico, mas muita atenção deve ser dada a esse assunto. Se uma
solução satisfatória dentro da plataforma não for encontrada, tais materiais
podem ser disseminados enviando-os em formato eletrônico para os
destinatários verificados através de meios mais padronizados.
Esta é outra área em que podemos usar sua ajuda. Se você está ciente de um
tesouro de materiais maçônicos ou até mesmo um ensaio ou livro individual, por
favor nos avise. Podemos já estar conscientes disso, mas talvez não. É muito
melhor se você puder nos enviar uma lista de tópicos que não estamos cobrindo
do que perder recursos importantes por meio de nossas limitações. Você pode
me enviar qualquer informação por e-mail usando o sistema3 e ele será muito
bem recebido e considerado. Só não se esqueça de colocar a educação maçônica

3
Se você escreve em inglês, pode utilizar a ferramenta de contato do site do GGCCMI (ggccmi.org). Caso contrário, envie-nos
em português que traduzimos e enviamos para você: kennyoismail@hotmail.com
111
na linha de assunto, então eu vou recebê-lo.

3. Apoiar o desenvolvimento da programação maçônica educativa ao nível do


Grande Corpo e corpos constituintes. Enquanto o bloco dois torna os materiais
acessíveis e fornece uma plataforma para futuras publicações, este bloco ajudará
nossos irmãos a desenvolver e implementar um programa de Educação Maçônica.
Isso será realizado incentivando a excelência na educação maçônica, fornecendo
modelos de programas educacionais e materiais de apoio (já existem numerosos
modelos excelentes e nossa intenção é utilizá-los e desenvolver novos), treinando
educadores maçônicos e disponibilizando uma variedade de modelos de
plataformas de distribuição educacional baseadas em pesquisa pedagógica
moderna. Então, se você desenvolveu um programa de Educação Maçônica e está
disposto a compartilhá-lo, envie-o para mim.
A chave para os programas de Educação Maçônica é torná-los interessantes para
o público, informativos, relevantes e apresentados de maneira envolvente.
Muitas vezes, tentamos conduzir a educação tomando algo desenvolvido por
outra pessoa e lendo para os Irmãos, quando o apresentador tem pouco
conhecimento do assunto ou não teve a oportunidade de ler sobre isso e refletir
antes. O resultado é tipicamente uma apresentação morna seguida por pouca ou
nenhuma discussão. Cada um de nós pode aprender como sermos educadores
maçônicos mais eficazes; nós só precisamos conversar sobre como fazer isso,
compartilhar ideias e observar algumas pessoas que têm habilidades altamente
desenvolvidas nessa área. Por esse motivo, planejamos disponibilizar
apresentações em vídeo e transmissão ao vivo sobre como fazer educação
maçônica. Porque não existe um único caminho melhor (que depende do
apresentador e do público), esperamos dar-lhes uma variedade de abordagens
para pensar e decidir qual é mais provável que funcione para você e seu Conselho
ou Loja.

Espero que este esboço tenha lhe dado a ideia geral do que sua comissão de
educação está fazendo. Nós não reivindicamos ter todas as respostas ou até mesmo todas as
perguntas e gostaríamos muito de ouvi-lo. Quanto mais mentes tivermos trabalhando sobre
o assunto, melhor será o resultado final. Nosso objetivo é criar algo que lhe ajude em sua
jornada maçônica. Esse algo provavelmente conterá recursos que apenas um pequeno
número de pessoas estará interessado em buscar, mas todos devem encontrar algo de valor.
Mas só podemos fazer isso se fizermos juntos. Somos uma equipe e você é uma parte vital
desse time; este é o seu projeto; nós da Comissão somos apenas as ferramentas de trabalho.
Venha se juntar a nós e faça parte do futuro da Maçonaria!

112
Supremo rande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Supremas Instruções
Instrução #023 – 2015/2018 (Outubro de 2018).

O Nove Misterioso
(leitura recomendada apenas para Mestres Escolhidos)
Por Kennyo Ismail

113
114
A menção ao “Nove Misterioso” no ritual de Mestre Escolhido é um verdadeiro
mistério que ronda os maçons crípticos há muitos anos. Com o surgimento de diversas
teorias, umas menos e outras mais fundamentadas, o Grande Conselho Geral de Maçons
Crípticos Internacional, ao qual nosso Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do
Brasil é jurisdicionado, chegou a realizar recentemente uma chamada para artigos a respeito
desse termo.

Já vimos em outra Suprema Instrução que o Grau de Mestre Escolhido é o Nono Grau
do Rito de York e é o grau que completa o Círculo de Perfeição da antiga maçonaria. Esse
nono grau tem como alegoria a caminhada até o Nono Arco, que encerra os segredos desse
grau, sendo o último grau hiramita do Rito de York.

Um detalhe do grau que pode passar despercebido por alguns companheiros que o
galgam é o fato dele ser aberto simbolicamente às nove horas da noite, quando aquele
número limitado de Mestres Escolhidos realiza o trabalho sigiloso de construção da cripta,
enquanto os olhares indiscretos se preparam para o sono. Há quem sugere que a famosa
Cerimônia das Nove Horas da Ordem DeMolay pode ter sido inspirada pelo grau de Mestre
Escolhido, considerando os laços de seu fundador, Frank Sherman Land, com os graus
crípticos.

O número mais comum e presente na Maçonaria é, logicamente, o número 3, e o


número 9 é o resultado de 3x3. Outro detalhe interessante é o que número limite máximo
de membros (simbolicamente) do grau de Mestre Escolhido é 27, que é 3x9, ou 3x3x3, ou 3 3,
enquanto que o limite mínimo (real) é de nove. Assim, vê-se que o número 9 está presente
de diferentes formas nesse 9º grau, o grau dos nove arcos.

Entretanto, o mais interessante é observar que os matemáticos antigos já


consideravam o Nove como um número misterioso. Uma das razões era de que somente há
nove números puros: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, sendo que todos os outros números são
dezenas ou são alcançados pela junção de dois desses números. Outra razão era de que, ao
se multiplicar o nove por qualquer outro número, a soma dos dígitos que compõem o
resultado sempre dá nove. Exemplo: 9 x 2 = 18, sendo que 1 + 8 = 9; assim como 9 x 168 =
1.512, sendo que 1 + 5 + 1 + 2 = 9; etc. E outra razão para a fama de misterioso era de que,
se somar todos os nove números puros, ou seja, 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9, o resultado é
45, que, somados, 4 + 5 = 9. E, por último, deve-se considerar que um círculo (e a Maçonaria

Críptica completa o “Círculo de Perfeição”) tem 360o, cujos dígitos, somados, também dão

115
nove.

Assim, a qualificação no ritual de Mestre Escolhido do número nove como


“misterioso” pode indicar mais um reflexo, entre tantos presentes nos graus precedentes, da
Numerologia antiga, que já adjetivava o número nove dessa forma. Não seria incomum o uso
de tal termo, “nove misterioso” num grau que é o nono de um sistema, ilustrado por nove
arcos, reunido com um mínimo de nove membros, às nove horas (simbolicamente), dentre
tantas outras ocorrências, propositais ou não.

Já para o Companheiro W. Robert Laurents, que serviu como Mui Ilustre Grão-Mestre
dos Maçons Crípticos de Louisiana na gestão 2016-1017, o Nove Misterioso na Maçonaria
Críptica tem um significado moral, formado pela soma de três tríades de virtudes ou
princípios morais presentes na Maçonaria: sabedoria, força e beleza; fé, esperança e
caridade; amor fraternal, amparo e verdade. Ainda, em seu entendimento:

A sabedoria alude ao Livro da Lei, que nosso ritual ensina conter a


Sabedoria Divina: toda a orientação que os homens precisam para viver em
paz uns com os outros. A força faz alusão ao maná que o Grande Arquiteto
providenciou aos seus filhos para fortalecê-los para suas provações no
deserto. E a beleza alude ao florescimento da vara de Arão, que nos ensina
que o belo e o maravilhoso repousam em toda parte para nossa
descoberta, mesmo em um ramo supostamente ressecado e sem vida.
A fé alude novamente ao Livro da Lei, que só pode ser significativo para
aqueles cuja fé é bem fundamentada; sem fé, as leis nele contidas não têm
significado, nem a recompensa prometida pelo serviço fiel os espera. A
esperança é representada pela vara de Arão, que nos lembra que "há
esperança em uma árvore, que se for cortada... o ramo tenro dela não
cessará". Sua floração milagrosa ensinou o poder do Criador e simboliza a
nossa esperança na imortalidade da alma. E a caridade é ensinada pelo dom
do maná, pelo qual a caridade celestial, o Grande Arquiteto, sustentava
seus filhos necessitados quando eles não podiam prover para si mesmos.
O amor fraternal é simbolizado pela vara de Arão, que nos recorda a afeição
fraterna entre Moisés e seu irmão Aarão, quebrada apenas pela morte de
Aarão, apesar das muitas provações a que esse vínculo foi colocado. O
Amparo novamente alude ao maná, que foi distribuído igualmente a todos,
que ninguém pode se envergonhar por ter menos nem se vangloriar por ter
mais; assim deve a caridade maçônica tratar todos no nível. E a Verdade é o
Livro da Lei, encontrado sempre no centro de nossa câmara do Conselho,
cuja verdade transcende as verdades ordinárias da ciência e da filosofia,
como esperamos que algum dia transcenda este mero mundo físico, como
prometido naquele fundamento, a Verdade Central.
Só podemos esperar que nossa fé nessa promessa seja atendida se
mantivermos nossa parte na aliança ensinada no Livro da Lei e fizermos os
depósitos necessários que tornem nossas criptas dignas de abertura. Para
estarmos maçonicamente preparados para morrer, devemos ter depositado

116
para nosso futuro muitos trabalhos de sabedoria, força e beleza; atos de fé,
esperança e caridade; e ações de amor fraternal, amparo e verdade.

Cabe informar que a interpretação apresentada pelo PGM Laurents não veio
acompanhada de referências. No entanto, o entendimento majoritário dos estudiosos da
Maçonaria em todo o mundo é de que, sempre que os rituais não oferecem uma explicação
oficial ou, pelo menos, recomendada, toda interpretação moral e/ou racional sobre aquele
trecho não deve ser censurada, desde a mais simples até a mais complexa. Assim, você,
prezado companheiro, pode entender como uma menção baseada no entendimento da
numerologia pitagórica sobre o número nove, como uma referência oculta às três tríades de
virtudes ou princípios morais mencionadas por Laurents; ou de algum outro modo que seus
estudos e reflexões o levarem a compreender essa curiosa menção ritualística.

Talvez essa esfinge que se apresenta no “nove misterioso”, assim como várias outros
mistérios ocultos no Rito de York, exista para isso: incentivar-nos ao estudo e reflexão.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

REFERÊNCIAS:

LAURENTS, W. R. Most Illustrious Grand Master Address. In: Procedings of the One Hundred
and Sixty-Second (162nd) Annual Assembly of the Grand Council of Cryptic Masons of
Louisiana. Disponível em: http://www.yorkritela.org/forms/2016-17Proceedings.pdf. Acesso
em: 02/10/18.

MACKEY, Albert. An Encyclopedia of Freemasonry. New York e Londres: The Masonic History
Company, 1914.

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118
Supremo rande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil
Jurisdicionado ao

eneral rand Council of Cryptic Masons International

Supremas Instruções
Instrução #024 – 2015/2018 (Novembro de 2018).

Exortação Final e Índice Remissivo


Por: Kennyo Ismail, MIGM

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120
Prezados Companheiros Maçons Crípticos do Brasil,
É uma honra dirigir-me aos senhores mais uma vez nesta, que é a última Suprema
Instrução da gestão 2015-2018 do Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil.
Foram ao todo 24 Supremas Instruções, completando assim dois anos deste programa mensal de
instrução complementar da Maçonaria Críptica brasileira, sem interrupções ou atrasos.
Como se sabe, alguns dos maçons mais respeitados da história da Ordem consideraram
os graus crípticos como os mais bem escritos de toda a Maçonaria. Sou suspeito para falar, mas
também os considero como os mais belos e relevantes de todos os graus que conheço. E, pelo
forte viés teatral do Rito de York, quanto mais os nossos oficiais (e atores amadores)
compreenderem seus conteúdos, melhor poderemos desdobrá-los àqueles que buscam
conhecer seus mistérios.
Por que a nossa Maçonaria Roxa, a Maçonaria Críptica, é tão especial? Vejamos... somos
maçons hiramitas e, como tais, não há experiência mais profunda do que receber uma lição
pessoal, sincera e reveladora do próprio Hiram Abiff. É algo emocionante, íntimo, profundo,
reflexivo quase que indescritível. Quando bem feito, calafrios ou até lágrimas são garantidos
entre os companheiros apresentados como Mestres Reais. Ainda, como maçons hiramitas, não
há alegria maior do que a descoberta, no grau de Maçom do Real Arco, da palavra que havia sido
perdida com a morte dele; e apenas durante a seleção de Mestres Escolhidos, tem-se a
oportunidade de compreender sua preservação e as belas lições morais envolvidas na mesma.
Por essas e tantas outras razões que os graus crípticos não podem ser simplesmente
consumidos como entretenimento, devendo ser cursados como séries de conclusão dessa bela
escola de moral que é o Rito de York, pois é na Maçonaria Críptica que se conclui o chamado
Círculo de Perfeição. Após os graus crípticos não há mais graus, aventais e hiramismo, mas
ordens de cavalaria recomendadas a maçons cristãos.
Assim, creio que seja nítida a razão de termos desenvolvido as Supremas Instruções, que
têm servido como instruções complementares e gerado debates e reflexões em reuniões de
muitos Conselhos, os quais não podem se restringir à simples concessão dos graus. E nessa
necessária e fundamental jornada de educação críptica, pudemos contar com o apoio de muitos
companheiros, dentre os quais destacamos o Comp. Orlando Neto (RJ), que garantiu a
publicação mensal das Supremas Instruções no site do Real Arco; e os Companheiros Ícaro
Emanoel (BA), Jaimar Gomes (RN), Leonardo Abreu (BA), Leonardo Lacerda (BA) e Rafael
Soneghet (SP), que compartilharam conosco o resultado de seus estudos, levando mais luz à
nossa Maçonaria Críptica brasileira.
As Supremas Instruções abordaram os mais diferentes tipos de temas e assuntos, desde
ritualística, a curiosa história da Maçonaria Críptica, a rica simbologia que ilustra nossos graus, os
diferentes e interessantes conceitos neles envolvidos, até notícias internacionais sobre nosso
segmento. E, como forma de auxiliar os companheiros em suas pesquisas, apresento nesta
Suprema Instrução uma espécie de índice remissivo, pelo qual se pode buscar conteúdo por
temas e assuntos.
Agradeço a cada um de vocês, que tem se dedicado à justa e nobre causa da Maçonaria
Críptica nos últimos anos, que mobilizou companheiros para a abertura de um Conselho, que me
recebeu tão fraternalmente em seu Conselho, ou que falou da Maçonaria Críptica a um Irmão.
Obrigado por fazer com que a chama críptica brilhasse sobre outros companheiros. Enquanto
Mui Ilustre Grão-Mestre, não poderia desejar mais nada, mas ouso fazer um último pedido:
continue auxiliando o próximo MIGM e garantindo a preservação dessa chama imortal que é a
nossa amada Maçonaria Críptica.

Com Fervor e Zelo,

KENNYO ISMAIL
GM dos Maçons Crípticos do Brasil

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ÍNDICE REMISSIVO – SUPREMAS INSTRUÇÕES – 01 a 24/2015-2018

Conceitual
O que é a Maçonaria Críptica (SI-02) ................................................................................................ p.05
Os Termos de Concessão de Graus no Rito de York (SI-04) .................................................................. p.15
A Linha do Tempo do Rito de York (SI-05)......................................................................................... p.19
A Caridade da Maçonaria Críptica (SI-09) ......................................................................................... p.45
O grau de Super Excelente Mestre (SI-11) ........................................................................................ p.53
Os diferentes Calendários do Rito de York (SI-12) ............................................................................ p.57
A Lição da Preservação e as Virtudes Teologais (SI-15) .................................................................... p.73
Apresentando a Maçonaria Críptica a um Maçom do Real Arco (SI-21) .......................................... p.101
Exortação Final (SI-24) ..................................................................................................................... p.119
História
A(s) Origem(ns) da Maçonaria Críptica (SI-07) ...................................................................................... p.29
Albert Pike e os Graus Crípticos (SI-08) .................................................................................................. p.35
Albert Mackey e os Graus Crípticos (SI-13) ...................................................................................... p.63
Notícias
Primeiro Passo (SI-01) ............................................................................................................................. p.01
Conhecendo nosso Grão-Mestre Geral Internacional (SI-14) .......................................................... p.69
Maçonaria Críptica na América Latina (SI-17) .................................................................................. p.81
Crescimento – para todos – através da Educação (SI-22) ............................................................... p.105
Ritualística
Correções no ritual de Mestre Real (SI-20) ...................................................................................... p.97
Simbologia
O Simbolismo do Grau de Mestre Real(SI-03) ....................................................................................... p.09
Três Personagens Bíblicos nos Graus Crípticos (SI-06) ..................................................................... p.23
O Ilustre Mestre, o Círculo de Perfeição e a Trolha de Prata (SI-10) ................................................ p.49
O Círculo da Perfeição (SI-16) ........................................................................................................... p.77
Os Querubins na Maçonaria Críptica (SI-18) .................................................................................... p.85
A Cripta do Primeiro Templo nas Escrituras (SI-19) .......................................................................... p.91
O Nove Misterioso (SI-23) ................................................................................................................ p.113

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