Você está na página 1de 5

TEORIAS EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Análise de caso clínico

Professora: Andréa Cabral Rios

Alunos (as): Ana Flávia Braga, Eberth Martins e Rômulo Bauth

Florinda, 30 anos, negra, ensino médio completo, nível socioeconômico baixo, noiva e católica praticante. No processo de triagem, a cliente relatou
as seguintes queixas: choro frequente, tristeza, crises depressivas recorrentes, dificuldades financeiras e histórico de abuso sexual. No decorrer dos
atendimentos iniciais, explicitou mais algumas queixas, como a falta de autoconhecimento – “Quero entender por que choro tanto”, “Por que as pessoas
têm pena de mim”, “Eu não entendo porque eu não impedi que eles fizessem isso (abuso) comigo” – e inassertividade – “Eu não sei dizer não para as
pessoas... Meus irmãos e cunhados sempre me pedem dinheiro e não pagam. Quando digo que não tenho ou não posso, as pessoas parecem que sabem
que estou mentindo, aí eu acabo emprestando mesmo”.

Família extensa, pai falecido, mãe e seis irmãos, quatro homens e duas mulheres. Sua família era conservadora e muito religiosa. Sua história de
vida foi marcada por um controle rígido, em que pessoas ordenavam e/ou indicavam o que fazer. Ficou responsável por administrar o dinheiro de sua mãe
após o falecimento de seu pai, o que lhe gerava pedidos corriqueiros de empréstimo de dinheiro por parte dos parentes que não pagavam e a fazia, às
vezes, contrair dívidas em decorrência disso. Ela se recusava inicialmente a emprestar, mas acabava cedendo à insistência.

Na adolescência, os colegas zombavam dela pelo fato de ter medo de homens, marcavam encontros com ela somente para vê-la constrangida com
eles. Segundo ela, já sofreu muito com amizades que brincavam com ela. O único amigo se tornou seu noivo. Comentou que certa vez, uma colega de sua
igreja, ao conhecer seu noivo comentou: “Nossa! Esse é seu namorado.. Pensei que fosse igual àqueles neguinhos da rua.” A cliente se sentiu diminuída e
magoada, pois compreendeu que a colega a julgava incapaz de namorar um homem branco por ser negra, porém a cliente nada fez.

Foi abusada sexualmente na infância pelo cunhado e irmão. O cunhado a tocou e não consumou o episódio pois ela saiu correndo em duas
tentativas. Com o irmão, este consumava tais atos e isso ocorreu por várias vezes e pararam quando lhe ocorreu a primeira menstruação, pois ela poderia
engravidar. Relatou que quando foi esclarecendo-se sobre o ocorrido começou a culpabilizar-se. Contou somente para um padre e o noivo. Temia que
algum dia esse assunto viesse a ser revelado pois ninguém acreditaria nela e a acusariam de tê-los provocado. Nunca contou para seus pais, pois segundo
ela, o pai, quando vivo, “era um homem bom, mas era dominado pelo irmão”. A mãe tinha o mesmo comportamento de submissão. “Eles faziam o que ele
mandasse e não tinham coragem de contrariá-lo”. Nunca teve envolvimento sexual com o noivo por princípio religioso. Costuma namorar na praça; no
entanto, quando estão na casa dela, evita muita aproximação com o noivo para não haver comentários moralistas da mãe e demais pessoas.

Não trabalhava, porém gostaria de ter um emprego, Já teve experiências de trabalho em uma padaria, mas atribuiu sua demissão ao fato de ter sido
verdadeira com uma das chefes. A chefe fazia comentários maliciosos a respeito de Florinda com outros colegas pelo fato dela ser virgem. Frente às
provocações, Florinda inicialmente relatou partes da bíblia e posteriormente disse à mesma que ela não se valorizava, que não valia nada, apesar de ser
bonita.
Chorava sempre que parava para pensar nas situações em que não falou o que queria com as pessoas ou fazia algo para não desagradá-las ou criar
conflitos. Angustiava-se ao pensar nisso tudo criando seu quadro depressivo.

Com base nos conteúdos estudados, analise as contingências citadas abaixo que podem estar controlando os comportamentos de Florinda. Escolha 10
das situações citadas abaixo, indique o processo comportamental e justifiquem suas hipóteses.
SITUAÇÃO COMPORTAMENTO CONTINGÊNCIA/ PROCESSO JUSTIFICATIVA

01 Contato com homens Colegas zombavam dela

02 Contato com homens Constrangimento

03 Contato com o noivo Pensou que fosse igual aos outros da


rua

04 Abuso sexual pelo Não foi consumado a tentativa do


cunhado cunhado pois saiu correndo em duas
tentativas

05 Abuso sexual pelo irmão Passou a ter medo de homens

06 Parentes pedir dinheiro Emprestar dinheiro Reforço negativo (esquiva) Evitar insistência e confrontos.
Reforço positivo: em algum momento,
ela exercia função de poder.

07 Parentes não efetuavam Não pedir o pagamento do dinheiro Punição positiva Brigas e discussões
o pagamento do que emprestou
dinheiro requerido

08 Comentários Não se posicionar perante essas


desagradáveis dos situações, colocar-se de forma
colegas passiva, dificuldade em expressar
opiniões

09 Discussões e conflitos Chorar diante de todos em casa Reforço negativo (esquiva) Evitar entrar em contato com os gritos
com irmão abusador na do irmão (quando o choro se
casa da cliente antecedia aos gritos). Reforço
negativo (fuga): o irmão interrompia
os gritos e se retirava do local.

10 Episódio de conflito com Contra-argumentar através de gritos Punição positiva Recebimento de uma maior
irmão e/ou ironia (o irmão) quantidade de gritos, insultos e
palavrões.

11 Episódio de discussão Chamá-la de cínica (a mãe) Punição positiva Apresentação de choro da mãe e
com a mãe lamentações. Punição Negativa: ficar
dias sem falar com a mãe (“recebeu
um gelo”).

12 Compromissos fora de Demorar no local Reforço negativo (esquiva) Evitava ter que voltar para casa (local
casa aversivo)

13 Conflitos familiares Chorar na frente de outras pessoas Reforço Positivo Receber carinho e atenção

14 Regras familiares Seguir a regra: “Não deixe seu noivo Reforço negativo (fuga-esquiva) Evitar punição dos familiares.
(principalmente da mãe) ajudar a enxugar a louças, isso é tarefa
de mulher”; “Moça não deve entrar
em quarto de homem”.

15 Noivado Nunca teve contato com o noivo por


motivo religioso

16 Noivado Preferia namorar na praça que em


casa

17 Trabalho Atribuiu sua demissão ao fato de ter


sido verdadeira com uma das chefes

Você também pode gostar