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"Nossa filha estava começando a namorar, e nenhum de nós dois, na verdade, sabia o que fazer.

Minha
esposa tinha medo que ela de repente chegasse em casa grávida, considerando a turma com que ela estava
andando. E então disse: 'Proíba-a de andar com eles. Precisamos protegê-la; é para o próprio bem dela.' Eu
também estava preocupado, mas queria abordar o problema de maneira diferente. Queria dizer-lhe que
confiávamos nela, e ela devia firmar-se em sua honra. Discutimos os méritos de cada abordagem, até que não
havia nada mais para se dizer. Mas continuamos falando. Na verdade, não estávamos mais falando: estávamos
discutindo, criticando, ferindo um ao outro.
"Naturalmente, nossa filha aproveitou-se disso ao máximo. Sabia que, se estávamos lutando um contra o
outro, ela estava livre de restrições. Tomou as minhas dores, e colocou-se contra a mãe. Sentindo-se rejeitada,
minha esposa acusou-me de ser fraco e vacilante — e talvez eu o tenha sido. No que concerne a mim, o golpe me
atingiu quando ela disse que havia perdido todo o respeito por mim. Senti-me devastado. O problema havia se
transferido de nossa filha para o nosso casamento. Os ataques se tornaram mais intensos, e catalizaram outras
coisas que, havia muito, tinham sido esquecidas. Todos os nossos sonhos estavam ruindo por terra.
"Saí andando como um autômato. O que havia sido um casamento extraordinário, agora parecia uma
concha vazia. Eu não estava procurando outra mulher — eu sempre fora fiel — mas estava procurando um
pouco de conforto, um impulso, um arrimo, para o meu espírito vacilante, assim penso. Esta outra mulher me
propiciou isso."
"Uma entrevista com uma rainha. " "Ninguém conseguiu entender quando encontrei outra mulher e me
mudei", disse Frank, "nem mesmo Helen, embora eu tenha tentado explicar o caso a ela. Foi a atitude boba que
ela tinha a respeito de sexo que causou o problema. Para Helen pensar em relação sexual, tudo precisava estar
perfeito. A casa precisava estar limpa, a roupa passada, o cabelo dela bem penteado, etc... etc, e ela precisava
estar perfeitamente feliz comigo em todos os aspectos. Se tivesse havido qualquer tipo de problema na última
semana, bastava. Eu estava andando na corda bamba. E precisava dar-lhe a conhecer com bastante antecedência
que eu queria fazer sexo. Se eu não o fizesse, ela fingia estar dormindo ou dizia que estava com dor de cabeça.
Passei oito anos sentindo-me como alguém que estava tentando ter uma entrevista com uma rainha. Cada vez eu
sentia que fazer sexo ficava muito caro. É uma pena. É uma pena, porque em muitos outros aspectos ela é uma
ótima esposa."
"Uma dona-de-casa horrível. " A queixa de Samuel é exatamente o contrário. "Lúcia era uma dona-de-
casa horrível. Nunca tinha tempo de passar as minhas camisas, e ficava horas no telefone, geralmente falando a
respeito de nossa vida particular. Assim, quando eu ficava irritado ou simplesmente tentava falar com ela a
respeito do problema, ela me agarrava e me levava para a cama. Ela pensava que todos os nossos problemas
podiam ser resolvidos na cama, sem que ela fizesse qualquer esforço para mudar a sua maneira de ser. Eu
precisava conseguir algum alívio. A primeira vez que me encontrei com essa divorciada, na casa dela, era um
lugar limpo, perfumoso, atraente. Qualquer pessoa ali se sentiria em casa. Era confortável e repousante. O sexo
não era nada de especial, mas o apartamento, um lugar tão agradável!"
"Antecedentes conservadores. "Ao observar Mary, de trinta e três anos, de minha escrivaninha, fiquei
impressionado com a sua simplicidade. O cabelo, a ausência de pintura, o vestido, tudo dizia que ela devia ter
tido antecedentes religiosos conservadores. Ela remexeu-se, hesitante, na cadeira, mas finalmente contou a sua
história, soluçando.
"Eu não posso crer que Tom tenha feito isso, mas encontrei este bilhete de Diana no bolso dele. Ele
sempre foi ativo na igreja, mas é muito calmo, não sendo do tipo agressivo. E quanto a Diana, nós estamos no
mesmo clube, vivemos apenas três quarteirões uma da outra e os nossos caminhos se cruzam constantemente."
Quando Tom veio ao meu escritório, alguns dias depois, ele era exatamente o que ela dissera: distinto,
reservado, amável. Enquanto falou de seu "caso", observou tranqüilamente: "Minha esposa é tão simples e
modesta! A família dela era assim. Ela veste roupas tão fora de moda que todos a notam no meio da multidão.
Fico embaraçado, embora queira orgulhar-me dela. Eu já lhe falei repetidas vezes para arrumar-se melhor, porém
ela se recusa. Um pouco teimosa, acho eu."
"Dê-me um exemplo" — pedi.
"Bem, recentemente pedi-lhe para comprar um vestido que não se arrastasse até os seus tornozelos, porém
achou que eu queria que se vestisse indecentemente, e ela não iria fazer isso. Até mesmo em nosso clube, as
esposas dos outros homens têm aparência muito melhor. Mary poderia parecer muito mais bonita, se pudesse
livrar-se dessas noções rígidas. Este é realmente o pomo de nossa discórdia e conflito."
E não desperdiçar tempo em vida social vazia —
Ele deixa essa espécie de encargo para a esposa,
E paga as contas dela, e deixa que ela faça o que quer,
E acha que ela deve, com isso, sentir-se satisfeita. "
Cada dia Nossas vidas, que haviam sido uma vida no começo, Começaram a se afastar cada vez mais. O
velho romance de um homem e uma mulher estava morto. Você só falava sobre políticas do comércio. O seu
trabalho, o seu clube, a busca louca de ouro Absorviam os seus pensamentos. O beijo que você me dava por
dever era frio. Sobre os meus lábios. A vida perdera o seu sabor, sua emoção, até que Num dia fatal, quando a
terra parecia muito insossa, O sol nasceu radioso e belo. Eu falei pouco, e ele ouviu muito; Havia atenção nos
olhos dele, e uma tamanha Nota de camaradagem em seu grave tom de voz; Eu já não me sentia sozinha. Havia
um interesse amável na face dele; Ele falou da maneira como eu estava penteada. E louvou a roupa que eu
vestia. Parecia que já fazia mil anos ou mais Que eu não era notada dessa forma. Se o meu ouvido Estivesse
acostumado a cumprimentos ano após ano, Se eu tivesse ouvido você falar
Como esse homem falou, eu não teria sido tão fraca. O começo inocente De todo o meu pecado
Foi apenas o anseio feminino de ser colocada No santuário interior do pensamento de um homem. Você
me conservou lá, como namorada e noiva; Mas depois, como esposa, você me deixou de fora. Tão longe, tão
longe, que não me podia ouvir gritar; Você podia, você devia, ter-me salvo de minha queda. Eu não era má;
somente solitária — isso era tudo.
O homem deve oferecer algo para substituir
A doce aventura da perseguição do amante
Que termina no casamento.
As leis do amor, quando negligenciadas,
Pavimentam o caminho para a "Causa Estatutária".

CAPITULO 4

Mitos e Lendas Acerca do Casamento


Quando alguém espera, do casamento, algo que ele nunca pretendeu dar, está condenado a sentir-se
frustrado, desiludido e irado. Isto pode tornar-se uma desculpa para um "caso" ou pode ser uma oportunidade
para crescer.
MAIORIA das coisas em que grande parte de nós cria, quando chegou ao casamento, não é verdade. Esses
mitos e lendas têm atravessado muitas gerações, e, embora a experiência de todo mundo o negue, ainda nos
apegamos a eles tenazmente, como um homem que está se apegando a uma corda que não está presa a lugar
nenhum. Tenho conversado com pessoas que se divorciaram duas e três vezes que ainda crêem e esperam que
esses mitos venham a ser realidade para elas da próxima vez.
O fato de crer nessas lendas cria expectativas conscientes e inconscientes, que condenam o casamento
desde o princípio e preparam os seus participantes para a infidelidade. Daí, então, eles se tornam frustrados,
enfraquecidos e vulneráveis.
As crenças determinam o comportamento. Você não pode crer errado e agir certo. Você não pode pensar
em doença e saúde; cultivar fracasso, e encontrar sucesso; crer em fábulas, e desfrutar da realidade.
É triste dizê-lo, mas alguns desses mitos são perpetuados na igreja, na classe da Escola Bíblica Dominical,
no seminário. Não tenho nenhum desejo de perturbar a fé de ninguém. Pelo contrário, quero que essa fé seja
sincera, realista e verdadeiramente bíblica. Mas os crentes, por vezes, crêem em coisas que não estão na Bíblia,
por causa de um método errado de interpretação ou de uma esperança infantil de que Deus assumirá as
responsabilidades por eles.
Todos nós desejamos respostas prontas, soluções pré-fabricadas. Queremos que um mestre autoritário nos
diga em que pensar, e não como pensar. Que nos assegure que "tal maneira de crer", "tal plano", "tal método",
"tal abordagem" é a resposta para todos os problemas e a única verdade bíblica. E é claro que achamos que só
esses mestres têm essas verdades.
Consideremos quatro desses mitos religiosos.

MITO NÚMERO UM: "FEITO NO CÉU"


Na sua coragem.
Na sua ternura e capacidades sexuais.
Estas são apenas o começo. "10
Todo marido deve ler Provérbios 31 e Cântico dos Cânticos. Sublinhe cada qualidade, capacidade e área
de beleza mencionadas a respeito da esposa, nessas passagens. Aplique-as todas à sua esposa, e faça a sua
própria lista de admiração.

ATIVIDADES
Muitos casamentos naufragam nas rochas da infidelidade porque se tornam chatos. Tornam-se cansativos.
A rotina torna-se mortal. Ir para o trabalho, voltar para casa, assistir TV, ir para a cama — semana após semana,
monotonamente.
"Não fazemos juntos mais coisa alguma", é uma queixa comum das esposas. "Não saímos juntos sem os
filhos, não temos recreação nem vamos a concertos, nem temos interesses ou projetos que compartilhemos, nem
diversão."
"Meu marido e eu costumávamos sair, sem os filhos, três ou quatro vezes por semana, o que era demais.
Mas depois paramos, e não temos ido a lugar nenhum, o que também está errado."
O marido dessa mulher, convalescendo do "caso" que teve com uma moça no escritório, concordou: "Eu
acho que precisávamos passar mais tempo juntos — só nós dois — nos dedicando a coisas como 'hobbies',
projetos, etc."
Casamentos ótimos, ou potencialmente ótimos, sofrem, se forem negligenciados. Leia de novo a famosa
declaração de Benjamim Franklin: "Um pouco de negligência pode gerar muito prejuízo; pela falta de um prego,
perdeu-se a ferradura; pela falta da ferradura, perdeu-se o cavalo; pela falta do cavalo, o cavaleiro perdeu-se,
sendo vencido e morto pelo inimigo — tudo pela falta de um pouco de cuidado com um prego da ferradura."
Nenhuma pessoa pode satisfazer todas as necessidades de outra. Algumas necessidades são supridas pelos
outros; outras, pelas nossas vocações; e ainda outras, somente por Deus. Esperar que o cônjuge propicie o que
apenas Deus pode propiciar, certamente acarretará desapontamento. Ninguém pode tomar o lugar dele. E a paz, o
contentamento e a força que ele propicia influenciarão todas as outras áreas do nosso relacionamento
matrimonial.
Porém, da mesma forma como nenhuma pessoa pode ocupar o lugar de Deus, Deus não ocupa o lugar do
cônjuge. Fomos criados para suprir as necessidades um do outro, as necessidades que somente outra pessoa pode
suprir. Um comovente poema da famosa poetisa Ella Wheeler Wilcox, embora escrito há quase cem anos, narra,
em cores vivas, a história dos dias atuais:"

DE UMA ESPOSA INFIEL PARA O SEU MARIDO


Marcada e desonrada pelos seus próprios delitos, Estou diante de você; não como alguém que pede
Misericórdia ou perdão, mas como alguém, Depois que o mal foi cometido, Que procura os porquês e as razões.
Venha comigo, De volta para aqueles primeiros anos de amor, e veja Onde foi que nossos caminhos
começaram a se afastar. Você deve lembrar
Como me perseguiu selvagemente, ultrapassando todos Os competidores e rivais, até que por fim Me
agarrou firme e fortemente, Com votos e aliança. Eu era a coisa central
De todo o Universo, para você, naquela época. Da mesma forma como então, para mim, não havia outros
homens. Eu me preocupava
Apenas com tarefas e prazeres de que você participava. Que dias felizes! Você se cansou primeiro. Não
direi que você se cansou, mas uma sede De conquista e realização no campo masculino Deixou o barco do amor
sem piloto ao leme. A loucura do dinheiro e o desejo intenso De sobrepujar os outros abrasaram o seu coração.
Nessa crescente conflagração, desapareceram Romance e sentimento.
Lá fora, você era um homem de talentos e poder — O seu dote duplo
De elegância e cérebro lhe deu um lugar de líder; Em casa, você era enfadonho, estava cansado, banal.
Você me dava casa, comida, roupas; você era amável; Porém, oh, tão cego, tão cego! Você não via nem podia
ver as minhas necessidades femininas
De pequenas atenções; e você não deu atenção
Quando me queixei de solidão; você disse:
"O homem precisa pensar no pão de cada dia
"Eu me casei com ela" — declarou a mulher. "Meu marido não ouve e não fala."
Sara escreveu-me, depois de nossas sessões de aconselhamento: "Ser-me-á difícil desistir do amor que
sinto por outra pessoa, e dizer 'não' à primeira pessoa que realmente me ouviu. Durante treze anos com Bruce,
não me tenho sentido amada nem desejada. Ele nunca nota o que cozinho, nem minha aparência e como tento
arrumar a casa para ele. Ele nunca presta atenção a mim. Acha que tudo o que sou ou faço é normal, natural, e,
realmente, penso que não sou importante para ele."
Um marido que havia prevaricado e sentia-se culpado disse: "Cheguei a sentir-me como nada mais do que
uma peça do mobiliário. Eu era um joão-ninguém dentro de minha casa, ninguém que fosse digno de nota, de ser
ouvido ou de ser amado. Fiquei cheio. Não faz muito tempo, saí, para não voltar mais. Finalmente me decidi",
disse ele. "Há algumas semanas cheguei em casa e minha esposa estava colocando o bebê na cama. Comecei a
beijá-la. Ela, porém, virou-se de lado e começou a falar a respeito da erupção da pele do bebê. Você já tentou
beijar alguém com um alfinete de segurança na boca? Por que ela não podia olhar para mim? Conversar comigo?
Será que preciso andar de fraldas ou cuspir fora a comida, para conseguir que ela me note? Eu sou o cara com
quem ela se casou. Mas precisaria chegar com uma perna quebrada ou ficar com pneumonia para conseguir que
ela notasse que estou presente."6

ACEITAÇÃO
Toda pessoa tem uma necessidade profundamente arraigada de ser aceita pelo seu valor individual. É
nosso dever amar nosso cônjuge; cabe a Deus mudá-lo. O autor John Drescher cita o conselheiro Ira J. Tanner:
"Qualquer tentativa para mudar o cônjuge, em um esforço de nossa parte, é um insulto a ele. Isso divide, suscita
ira, e causa solidão ainda maior."7 E posso acrescentar que isso empurra o cônjuge para outros braços, que o
aceitem melhor.
Ruth e Jack eram amigos pessoais de Evelyn e meus. Na verdade eram nossos vizinhos. Mas o "caso" em
que ela se envolveu os trouxe a mim, para serem aconselhados. Jack era ambicioso, dinâmico, exigente, uma
testemunha eficiente de Cristo — um bom papo. Rute era serena, atraente, extrovertida e distinta. Uma pessoa
encantadora.
Os próprios padrões cristãos inflexíveis de Jack atraíam algumas pessoas, mas repeliam outras. Eram
aplicados a todas as pessoas, na igreja e fora dela, produzindo em algumas delas falso sentimento de culpa; em
outras, apenas compaixão... por Jack. Todos os membros da família sentiam a pressão. Alguns se rebelavam;
outros se sujeitavam.
Ruth disse: "Amo muito o Senhor, mas nunca consigo agradar ao meu marido. Eu não estava crescendo
espiritualmente tão depressa quanto ele achava que eu devia. Ele estava sempre procurando saber quanto eu
estava lendo a minha Bíblia. Fiquei simplesmente fisicamente esgotada, e não pude continuar indo às diversas
reuniões da igreja todas as noites da semana. Eu precisava ficar em casa. Jack interpretou isso como sinal de
apostasia, e me criticou na frente das crianças, até que toda a nossa família começou a brigar constantemente.
Então ele me culpou pelos problemas de nossa família, apresentando como causa que eu estava me 'afastando do
Senhor'. Ele queria que eu fosse Madre Teresa, Betty Crocker e Cheryl Ladd, reunidas em uma só pessoa. Ele
estava decidido a me moldar à sua vontade. Nada que eu fazia lhe agradava.
"Pecado — adultério — era a coisa mais distante de meus pensamentos, desde o dia em que me convertera
a Cristo. Eu não estava procurando sexo — até isso também se havia deteriorado em nosso casamento. Eu nem
sequer estava procurando um 'caso', para me vingar, fazer meu marido pagar, e nem mesmo para chamar a
atenção dele. Eu estava simplesmente aturdida. E, quando o vizinho do meio do quarteirão me notou, sorriu
algumas vezes, conversou comigo amavelmente e gostou de mim da maneira como sou — aconteceu. Eu estava
agonizante."

AFEIÇÃO
Muitos cônjuges traem por nada mais, a princípio, do que o desejo de um pouco de afeição. As coisas que
dão brilho aos dias de namoro e ao começo do casamento — dar-se as mãos, carinhos, abraços, beijos — não
podem agora ser guardadas no guarda-roupa, juntamente com o vestido de noiva.
"Agora estamos casados; não somos mais crianças." Pensa ele: "Por que você precisa continuar correndo
atrás do bonde, uma vez que já o pegou?" E ela: "Uma vez que você pegou o peixe, pode jogar a isca fora."
O servo de Abraão foi enviado ao Iraque, para encontrar uma esposa para Isaque. Este servo queria fazer a
vontade de Deus, e orou: "Mostra-me a moça certa, aquela que for generosa, aquela que se oferecer para servir,
para andar a segunda milha."1 Deus gosta de responder a esse tipo de oração.
Considere o meu caso. Evelyn era uma garota vivaz, talentosa, generosa e popular, quando nos
conhecemos. Ela estivera noiva duas vezes, de rapazes crentes, e não tinha falta de pretendentes que a
admirassem. Minha primeira reação, depois de me recuperar do delicioso choque de conhecê-la, foi: "Preciso
salvar esta garota de todos os seus admiradores." Ficamos noivos — não naquele mesmo dia, é claro, mas não
muitos meses depois. Ambos desejávamos realmente a vontade de Deus em nossas vidas, e sentíamos que ele
nos havia unido.
Depois de um noivado de seis meses, discordamos a respeito da decisão de nos casarmos àquela altura ou
terminarmos primeiro os estudos. Rompemos completamente. Definitivamente. Fui para a escola. Ela voltou
para a sua casa, a oitocentos quilômetros de distância. Não continuamos tendo nenhum contato e destruímos ou
devolvemos todas as recordações do nosso relacionamento: cartas, fotografias, alianças, etc. E, embora
estivéssemos completamente fora da vida um do outro e muito separados, muitas vezes eu me lembrava de como
ela era uma garota sensacional, e inconscientemente comparava com ela as outras garotas com quem saía.
Evelyn ainda sentia profundamente em seu coração que Deus nos havia unido desde o princípio, embora tudo
então indicasse que nunca veríamos isso acontecer.
Muitos meses se passaram. Evelyn, chegando à conclusão de que a nossa amizade terminara totalmente,
relutantemente fez outros planos. Arrumou outro emprego, e toda a sua vida tomou outra direção. Por fim, ela
encontrou um ótimo rapaz crente, e estava noiva outra vez, planejando casar. Por algum motivo, nessa ocasião,
eu precisei enviar-lhe uma comunicação, sem saber de seu iminente casamento com aquele rapaz — e, é claro,
sem saber que os convites já haviam sido enviados, o vestido de noiva confeccionado, o pastor convidado e
todos os outros preparativos terminados.
Minha comunicação reacendeu uma antiga chama. A resposta dela fez suscitar de novo a minha apreciação
por ela. Telefonei-lhe.
O seu espírito vivaz cativou-me novamente. O casamento dela foi desmanchado cinco dias antes da data
estabelecida, e nós recomeçamos de onde havíamos parado. E tem havido muitos benefícios adicionais. Eu ainda
como torradas todas as manhãs feitas na torradeira que alguém lhe deu para o outro casamento!
Porém não estou sugerindo que isso é um padrão. Foi em cima da hora. Mas nós dois sabemos e nunca
tivemos dúvida de que Deus nos uniu para edificar um casamento forte e para ajudar outros casamentos.

MITO NUMERO DOIS: "ENCONTRAR O MEU PAPEL"


Tanto quanto posso me lembrar, todo sermão que ouvi a respeito do lar enfatizava dois ou três pontos.
Havia sempre estes dois: "O marido é o patrão; a esposa deve ser-lhe sujeita." Se um terceiro ponto era incluído,
era: "Faça as crianças obedecerem, e mantenha o culto doméstico." Desde aqueles anos impressionáveis, tenho
visto muitos casais com os seus papéis claramente definidos, mas o seu casamento indo por água abaixo — lares
em que era lido Ezequiel, no culto doméstico, e os filhos não viam a hora de caírem fora.
Duvido que a cena tenha mudado muito, embora certamente haja mais recursos para se ter uma boa vida
familiar agora do que em qualquer outra época da história da igreja. A compreensão prática e bíblica acerca do
casamento e da criação de filhos que temos hoje é maravilhosa. Mas o ensino desequilibrado a respeito do papel
dos cônjuges continua, como se o fato de se identificar e assumir o seu papel característico assegurasse o sucesso
do casamento. Ministros e professores de seminários, tanto homens como mulheres, ainda estão fazendo as
mulheres sentirem o peso da culpa a respeito de qual é o seu papel, mas não ouço falar muito de os maridos
"amarem as suas esposas como Cristo amou a igreja" e acerca do que isto significa. No começo de meu
ministério, eu conseguia falar horas seguidas a respeito da responsabilidade da mulher, mas balbuciar apenas
uma ou duas frases para os homens, e isso acontecia pouco antes da bênção final.
Em um dos seminários que conduzimos juntos, o Dr. Howard Hendricks disse que muitos homens crentes
são como sargentos frustrados, batendo na cabeça de suas esposas com a Bíblia e repetindo o único versículo que
decoraram: "Submeta-se, submeta-se, encontre o seu lugar e fique ali."
Outras desanimadas esposas crentes estão suspirando: "Ah, se meu marido assumisse o seu papel como
cabeça desta casa, os nossos problemas estariam resolvidos!"
Claro que cada cônjuge tem uma função especial, embora o nosso objetivo não seja dissecar isso aqui.
Deus nos criou com características masculinas e femininas, dons peculiares e responsabilidades espirituais.
Somos iguais em valor e importância, mas diferentes quanto às funções. Ninguém tem o direito de escolher o
lugar que vai preencher nem como o preencherá. Há um plano preconcebido e ordem.
Todavia, o fato de se assumir um papel e autoridade não é o mesmo que ter liderança em termos bíblicos.
Eu posso assumir essa posição e ainda ser egocêntrico, mandão, tirânico. E, quando a minha atitude é errada, os
meus relacionamentos se desfazem.
Eu era o chefe de minha família. Não havia dúvidas quanto a isso. Mas eu não entendia a receita de Jesus
de que um líder é o servo de todos: dando, ministrando, redimindo. 2 Eu podia dar ordens, mas não conseguia
servir. Eu era decisivo, mas inflexível, não cedia nunca. Eu era um bom provedor, mas providenciava pouco
encorajamento para os dons de minha esposa. A meu ver, Efésios 5:22-33 fora escrito primordialmente para a
esposa.
...Até que aconteceu a adversidade. Tensões sobrevindas ao nosso casamento me levaram novamente a
essa passagem, e senti-me arrasado. Palavras que, na verdade, eu não havia visto antes saltaram da página:
submetei-vos... amai... se deu... santifica e purifica a sua esposa... apresentá-la sem mancha... amai as vossas
mulheres como ao vosso próprio corpo... nutre... preza... membros... deixará/se unirá... serão... uma só carne...
ame como a si mesmo... como também Cristo amou a igreja.
Como foi que Cristo amou a igreja? Fosse o que fosse que ele tivesse pedido de seu povo, ele o fez
primeiro. Ele nos manda amar; ele o fez primeiro. Precisamos perdoar; ele perdoou primeiro. Somos chamados
para levar a nossa cruz; ele a levou primeiro. Precisamos nos sacrificar; ele o fez primeiro.
Assim, o homem é o iniciador. Ele perdoa primeiro, sacrifica-se, sustenta, aceita primeiro. Ele modela
algo para a sua esposa, como Cristo fez com a igreja. Isto é mais do que usar um título ou ser um fiscal divino.
Subtrai o senso de superioridade de que ele é possuído, e ele reconhece que não pode fazer isto sem as forças que
vêm de Deus.

MITO NUMERO TRÊS: "O CASAMENTO ME TORNARA FELIZ"


Uma das razões por que o casamento tem sofrido críticas hoje em dia é que ele não é o remédio para todos
os males que se pensa que é. E nenhum povo do mundo faz maiores exigências do casamento do que os
americanos. Ele também não faz o que nossos pais, amigos, educadores e o sucesso não foram capazes de fazer:
tornar-nos felizes. Ainda cremos que o casamento é a nossa grande esperança. Ele nos separará de nosso
passado, nos dará todo o amor de que precisamos agora e nos garantirá uma velhice tranqüila. "Felizes para
sempre" ainda consta em nossos sonhos.
A cerimônia do casamento é uma revelação ao mundo de que cremos que encontramos alguém que nos
tornará felizes. Um marido divorciado disse, a um pastor amigo, o que muitos não teriam a coragem de dizer:
"Deus abençoe a minha querida esposa; ela tentou tão intensamente! Eu dei a esta mulher três dos melhores anos
de minha vida, esperando que ela pudesse me entender e me fazer sentir homem. Ela simplesmente não tinha
condições. Ela simplesmente não soube como me fazer feliz."
Os pais dele haviam tentado e falhado. Outros falharam. Por isso, ele casou-se e deu à esposa a chance de
acertar. Ela, porém, também não o conseguiu. Mas ele tentará outra vez, estou certo, e dará a outra mulher o
mesmo privilégio. E ela também falhará. Cada nova tentativa, nessa mesma direção, desse menino crescido, está
destinada a aumentar o seu desapontamento e frustração. Ele é um sonhador.
Um homem "pensou alto", para mim, acerca do motivo por que o seu casamento não durou. Ele já fizera a
quinta tentativa. Ele é um homem genioso, e as suas explosões destroem tudo o que realmente deseja. Mas, no
conceito dele, a esposa é sempre a culpada, porque não conseguia produzir a felicidade.
Três falácias compõem este mito:
O casamento compensará os fracassos do passado. "Minha mãe não gostava de mim; uma vez, meu pai
não abotoou as minhas calças direito; vivíamos no lado errado da cidade; minha professora do primário foi um
fracasso. O casamento será um porto em que lançarei a âncora — serei aceito. Todo o passado será esquecido.
Será um novo começo." Claro que será um relacionamento novo, mas o passado o perseguirá como um cão de
caça. Nós nos casamos por todas as razões erradas: fugir de um lar desajustado, tirar desforra, provar algo. Os
problemas do casamento trarão de volta o passado, e o passado determinará como nos haveremos com os
problemas. O seu passado influenciará o seu casamento mais do que o seu casamento irá alterar o seu passado.
O casamento não modifica o passado; ele o revela. Nem Deus pode mudar o passado; ele aconteceu; é
imutável. Mas Deus pode nos livrar de sua tirania. E então poderemos aprender do passado e usá-lo como
plataforma, da qual lançaremos contra-ataques positivos.

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