Resumen: Breves reflexiones acerca de la conservación de los materiales
Cartas diferentes. Revista canaria de patrimonio documental, n.o 7 (2011), pp. 17-19.
fotográficos cuando escasean los recursos económicos. Las reflexiones se cen-
tran en Portugal, un país en la que conservación de fotografía se remonta a tan solo unos treinta años. Palabras clave: Fotografía; Conservación; Crisis Económica; Portugal.
Abstract: Short thoughts about the preservation of photographic materials
when economic resources are scarce. The reflections are centred in Portugal, a country in which photographic preservation policy is just about 30 years old. Keywords: Photography: Preservation; Economic crisis; Portugal.
A conservação de fotografia é uma actividade recente. Em
Portugal podemos referir que tem cerca de 30 anos. Neste pe- ríodo muitas coisas novas aconteceram, nesta área: Os repensáveis pelas colecções ganharam alguma consciência do interesse das colecções de fotografia e do seu potencial de uso; surgiram alguns especialistas, com formação que foram adquirindo experiencia; surgiram no mercado os materiais, papeis, cartões, ferramentas, que permitiram aplicar e melhorar as condições de arquivo da fotografia; foram construídos em
* Conservador y restaurador de fotografía. Luís Pavão Limitada (C/ Ra-
instituições mais avançadas depósitos climatizados que serviram
de exemplo, como preservar e manter as colecções de fotografia em boas condições. A tecnologia digital permitiu a visibilidade às colecções de fotografia, permitiu fazer chegar as colecções de fotografia his- tóricas a casa de cada um, dar a conhecer á comunidade que não visita os arquivos as obras fotográficas de um património com 160 anos. Multiplicaram-se workshops, cursos de pequena duração, que permitiram alargar ao conhecimento de outros interessados. A literatura sobre este assunto cresceu e chegou até nós, não só em língua inglesa, mas também em espanhol, francês e português. O mundo a comunidade dos conservadores desenvolveu-se e conheceu-se melhor, mais contactos, mais troca de informação, mais actividade. Reuniões ocasionais em Portugal e Espanha permitem troca de ideias. Podemos dizer que em 30 anos o mundo mudou. Durante este período vivemos num ambiente de algum desafogo económico, grandes obras foram realizadas, até com ajudas externas da CEE e outras, que permitiram chegar onde parecia impossível. Em alguns casos, foram construídas excelentes instalações, laboratórios bem apetrechados, depósitos isolados e climatizados, tudo para preservar e divulgar as colecções de fotografia. Estas grandes obras impressionam os visitantes e assombram os peritos de países longínquos e tecnologicamente melhor apetrechados. Contudo, a crise económica dos últimos anos vem asfixiar muitos destes projectos. Verbas foram cortadas, projectos em curso foram suspensos, deixou de haver possibilidade de novos cola- boradores ou de encomendar equipamentos. Arquivos e biblio- tecas passaram a viver próximo do zero absoluto, no que respeita as verbas. Em casos graves a manutenção de climatização dos depósitos foi cortada e câmaras frias tiveram de ser desligadas, A CONSERVAÇÃO DE FOTOGRAFIA EM TEMPOS DE CRISE ECONÓMICA 19
com grande prejuízo para as colecções. Noutros arquivos, a
carência é tão grande, que os funcionários compram do seu bolso os materiais elementares: algodão e álcool para limpezas, toalhas de papel e baterias para os comandos. Em alguns casos a inactividade aponta como único caminho o encerramento da instituição. O sector do estado foi o mais afectado, que torna a situação ainda mais grave, já que grande parte do património fotográfico em Portugal encontra-se sob a custódia do estado: em arquivos nacionais e regionais, bibliotecas públicas, câmaras municipais, organismos e empresas de gestão estatal que se encontram fortemente penalizadas pela crise económica. Este corte drástico e bruto afectou de forma radical a gestão das colecções de fotografia. Mais grave ainda, em Portugal, tal como outros países europeus, não vemos de modo algum uma esperança, uma luz ao fundo do túnel. Pelo contrário, cada dia que passa a situação parece agravar-se, muitos portugueses adivinham que vamos permanecer nesta situação muito mais tempo. Que podemos fazer então? Como podemos resistir? Será que o trabalho árduo realizado ao longo de 30 anos pode perder-se? A nossa experiencia regista algumas medidas que funcionaram, no sentido de manter os arquivos em funcionamento e as colecções vivas. Em particular quero relatar a experiência do Arquivo Municipal de Lisboa, que soube desenvolver acções de simples e de baixo custo e soube manter actividade, chamar leitores, apesar de grande contenção económica.