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A CONSERVAÇÃO DE FOTOGRAFIA

EM TEMPOS DE CRISE ECONÓMICA

LUÍS PAVÃO*

Fecha de recepción: 18 de octubre de 2011


Fecha de aceptación: 2 de febrero de 2012

Resumen: Breves reflexiones acerca de la conservación de los materiales


Cartas diferentes. Revista canaria de patrimonio documental, n.o 7 (2011), pp. 17-19.

fotográficos cuando escasean los recursos económicos. Las reflexiones se cen-


tran en Portugal, un país en la que conservación de fotografía se remonta a tan
solo unos treinta años.
Palabras clave: Fotografía; Conservación; Crisis Económica; Portugal.

Abstract: Short thoughts about the preservation of photographic materials


when economic resources are scarce. The reflections are centred in Portugal,
a country in which photographic preservation policy is just about 30 years old.
Keywords: Photography: Preservation; Economic crisis; Portugal.

A conservação de fotografia é uma actividade recente. Em


Portugal podemos referir que tem cerca de 30 anos. Neste pe-
ríodo muitas coisas novas aconteceram, nesta área:
Os repensáveis pelas colecções ganharam alguma consciência
do interesse das colecções de fotografia e do seu potencial de
uso; surgiram alguns especialistas, com formação que foram
adquirindo experiencia; surgiram no mercado os materiais, papeis,
cartões, ferramentas, que permitiram aplicar e melhorar as
condições de arquivo da fotografia; foram construídos em

* Conservador y restaurador de fotografía. Luís Pavão Limitada (C/ Ra-


fael de Andrade, 29 - 1150-274 Lisboa, Portugal).
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instituições mais avançadas depósitos climatizados que serviram


de exemplo, como preservar e manter as colecções de fotografia
em boas condições.
A tecnologia digital permitiu a visibilidade às colecções de
fotografia, permitiu fazer chegar as colecções de fotografia his-
tóricas a casa de cada um, dar a conhecer á comunidade que
não visita os arquivos as obras fotográficas de um património
com 160 anos.
Multiplicaram-se workshops, cursos de pequena duração, que
permitiram alargar ao conhecimento de outros interessados.
A literatura sobre este assunto cresceu e chegou até nós, não
só em língua inglesa, mas também em espanhol, francês e
português.
O mundo a comunidade dos conservadores desenvolveu-se e
conheceu-se melhor, mais contactos, mais troca de informação,
mais actividade.
Reuniões ocasionais em Portugal e Espanha permitem troca
de ideias.
Podemos dizer que em 30 anos o mundo mudou.
Durante este período vivemos num ambiente de algum
desafogo económico, grandes obras foram realizadas, até com
ajudas externas da CEE e outras, que permitiram chegar onde
parecia impossível. Em alguns casos, foram construídas excelentes
instalações, laboratórios bem apetrechados, depósitos isolados e
climatizados, tudo para preservar e divulgar as colecções de
fotografia. Estas grandes obras impressionam os visitantes e
assombram os peritos de países longínquos e tecnologicamente
melhor apetrechados.
Contudo, a crise económica dos últimos anos vem asfixiar
muitos destes projectos. Verbas foram cortadas, projectos em curso
foram suspensos, deixou de haver possibilidade de novos cola-
boradores ou de encomendar equipamentos. Arquivos e biblio-
tecas passaram a viver próximo do zero absoluto, no que respeita
as verbas. Em casos graves a manutenção de climatização dos
depósitos foi cortada e câmaras frias tiveram de ser desligadas,
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com grande prejuízo para as colecções. Noutros arquivos, a


carência é tão grande, que os funcionários compram do seu bolso
os materiais elementares: algodão e álcool para limpezas, toalhas
de papel e baterias para os comandos. Em alguns casos a
inactividade aponta como único caminho o encerramento da
instituição. O sector do estado foi o mais afectado, que torna a
situação ainda mais grave, já que grande parte do património
fotográfico em Portugal encontra-se sob a custódia do estado: em
arquivos nacionais e regionais, bibliotecas públicas, câmaras
municipais, organismos e empresas de gestão estatal que se
encontram fortemente penalizadas pela crise económica.
Este corte drástico e bruto afectou de forma radical a gestão
das colecções de fotografia. Mais grave ainda, em Portugal, tal
como outros países europeus, não vemos de modo algum uma
esperança, uma luz ao fundo do túnel. Pelo contrário, cada dia
que passa a situação parece agravar-se, muitos portugueses
adivinham que vamos permanecer nesta situação muito mais
tempo.
Que podemos fazer então? Como podemos resistir?
Será que o trabalho árduo realizado ao longo de 30 anos pode
perder-se? A nossa experiencia regista algumas medidas que
funcionaram, no sentido de manter os arquivos em funcionamento
e as colecções vivas. Em particular quero relatar a experiência
do Arquivo Municipal de Lisboa, que soube desenvolver acções
de simples e de baixo custo e soube manter actividade, chamar
leitores, apesar de grande contenção económica.

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