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P - Pereira, Salézio Plácido - A violência na
educação: a alienação das mentes.
/ Salézio Plácido Pereira - Santa Maria: Ed.
ITPOH, 2011 - 137 p; 20cm. ISBN
1. A neurose 2. A saúde
I. Título.
CDU
Produção Gráfica:
Jeferson Luis Zaremski
Revisão Ortográfica:
Andréa Alves Borgert
Impressão:
Gráfica PP | Santa Maria - RS
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Sumário_______________________________________________04
Introdução.........................................................................................05
Bibliografia...................................................................................138
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Introdução.
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1.0 - A neurose como expressão da opressão.
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conseguem se unir para lutar por um salário justo e por uma melhora
nas condições de trabalho de sua profissão?
A psicanálise como teoria procura ajudar este educador a
buscar a sua liberdade, isto significa utilizar todo seu potencial de
inteligência intelectual e emocional. O método analítico possibilita ao
educador encontrar seu próprio método de libertação das amarras que
aprisionam seu ser em dor e doença. O professor consegue com a
ajuda do analista ou numa terapia de grupo analítico, sair desta
condição opressiva de exploração, resgatando sua autoestima,
elevando seu autoconceito e modificando sua imagem pessoal.
A educação é um ato de criação, esta pedagogia deve estar
alicerçada no autoconhecimento do seu mundo emocional e na
disfuncionalidade de suas crenças limitantes. Por isto mesmo não
usamos os subterfúgios do misticismo, do esoterismo, ou de qualquer
outra forma de alienação, pois estes artifícios ampliam ainda mais o
estado de submissão, de sofrimento e infelicidade.
O educador somente encontrará o caminho da sua liberdade
quando for capaz de responsabilizar-se e procurar sem medo, os
investimentos de cultura e inteligência para sair da condição de perda
na existência. Deve resgatar dentro do seu espírito, a confiança e
autonomia para sair desta condição de apatia e alienação, porque
quando descobrir seu potencial, não precisará mais das desculpas e
queixas para chamar atenção e mendigar falsos afetos dos seus
superiores.
Ao assumir-se como agente de sua própria história não
admitirá qualquer forma de dominação e alienação ao seu fazer
pedagógico. É preciso sair desta subcultura de esperar, e começar a
realizar, os educadores podem nascer com esta nova consciência, e
com seu conhecimento e força dos colegas, podem sim fazer a
diferença. Porque todo o fazer pedagógico vai exigir uma reflexão
sobre a sua prática educacional, este novo modo de pensar pode aos
poucos elaborar um novo método na educação.
Para exercer esta liberdade é preciso perder os medos, caso
contrário, acaba sendo o bode expiatório das instituições. Ninguém
ganha com a prática pedagógica da exploração e dominação, os
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políticos e burocratas da educação são os únicos que ganham com este
estado de torpor e massificação. O educador com mais consciência
consegue sair da condição de perda, para começar a ganhar alegria,
dinheiro, felicidade, saúde na existência. Porque o ato pedagógico deve
estar alicerçado na realização e satisfação, caso não exista esta
condição, no seu lugar existirá a tristeza e frustração.
Os métodos de ensino atuais possuem a tendência de matar o
prazer de aprender, a sala de aula deveria ser um espaço para a livre
expressão de ideias e ações, além de viver em liberdade com
responsabilidade. O aluno possui todas as qualidades e condições de
superar-se, mesmo diante das opressões de uma sociedade desigual e
excludente. O ato de pensar com inteligência ainda é a única saída
segura para resolver os dilemas existenciais. O ato de fazer justiça deve
partir de sua própria iniciativa, não pode ficar na espera das avaliações
e das promessas dos políticos, deve conscientizar-se que esta busca
deve ser assumida neste momento.
É uma revolução interna e pessoal, esta pedagogia baseia-se no
princípio da superação, da motivação, da confiança, da criatividade, de
toda inteligência para realizar seus sonhos. Ao tomar consciência de
sua condição humana, precisa realizar este desejo de justiça e
dignidade, mesmo diante das contradições sociais e educacionais é
capaz de buscar dentro de si mesmo, as forças necessárias para sair da
condição de submissão e aceitação incondicional da pobreza cultural,
econômica e intelectual.
É preciso provocar dentro de si mesmo este desejo de
superação, com esforço, dedicação, e muito empenho, será capaz de
fazer destes obstáculos, o exercício intelectual para o desenvolvimento
de suas potencialidades. Mas para alcançar esta condição na existência
é preciso estar ciente de quatro exigências. Primeiro: Conhecer-se com
profundidade nas dinâmicas inconscientes e suas projeções sobre o
fazer pedagógico. Segundo: Esta segurança emocional é capaz de
trazer-lhe confiança e responsabilidade na sua ética profissional.
Terceiro: Desenvolver um projeto de vida que contempla a realização
dos seus desejos, além disso, viabilize a vivência do amor e da
felicidade. Quarto: Desenvolver disciplina para optar pela sua
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qualidade de vida, porque, antes de salvar os outros é preciso salvar a
si mesmo. Um cego não guia outro cego.
O método de análise deve levar em consideração a totalidade
do estado de alienação do educador, são vários os motivos deste
estado de sofrimento emocional. O ecletismo na elaboração e
interpretação de sua vitimização é plenamente pertinente, porque a
eficiência do método analítico é tornar consciente esta atitude
inconsciente.
Este estado de inconsciência é a origem do desgosto e falta de
prazer em educar, ao realizar esta prática, estamos na verdade,
vivendo o humanismo na psicanálise e libertando o educador das
trevas da ignorância emocional.
Um mínimo de consciência pode ser a motivação necessária
para desencadear as mudanças, talvez seja o ponto de partida para um
investimento no cuidado de sua pessoa. O educador ao fazer sua
análise, ou estudar psicanálise, inicia seu processo de alfabetização
emocional. Suas ações são sementes, e no futuro propiciarão a colheita
destes frutos, de uma pessoa com iniciativa, aberta para encarar novos
desafios.
A psicanálise está atenta ao discurso da queixa do professor,
mas devemos entender este tipo de manifestação como parte de sua
cultura de falência e da falta de consciência crítica sobre a sua
alienação. É necessário retirar as contradições e incongruências de suas
escolhas e decisões pessoais. Com esta catarse podemos ajudá-lo a
entender se quiser, a nomear o seu estado de desmotivação e mal
estar. Mas esta mesma fala terapêutica consegue levá-lo a procurar
dentro de si as forças necessárias para buscar um espaço para a
realização de seu potencial de educador.
Com esta nova compreensão do seu fazer pedagógico existe a
possibilidade da mudança, saindo do paradigma antigo e antiquado,
para aquela realidade de transformação. O analista trabalha dentro
desta limitação, e aos poucos espera o surgimento de uma nova
consciência. As palavras e frases utilizadas no seu fazer pedagógico
agora podem ser utilizadas para falar de sua existência, dos seus
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dramas, de suas perdas, dos desamores, das frustrações e dos seus
desencantos.
A criatividade precisa ser alicerçada na experiência do ato
pedagógico, no universo do educando é possível a comunicação, os
alunos também trazem consigo realidades que precisa ser
compreendida e ressignificada. Estas realidades emocionais podem ser
traduzidas num espaço para elaborar a sua dor, seu
descontentamento, sua raiva, sua frustração.
A indiferença e omissão do educador distanciam o aluno do
seu compromisso em aprender. Enquanto o professor encontra-se
distante e ausente nas suas dificuldades, o aluno também afasta-se da
aprendizagem, sem esforço e dedicação não consegue aprender.
Esta experiência vivida do educando e do educador precisa de
um espaço para uma elaboração, porque com este novo olhar, o aluno
percebe com a sua ajuda, um modo diferente de interpretar a sua
realidade emocional ou as suas dificuldades de aprendizagem. Ao
entender a sua desmotivação ou frustração diante do ato de aprender,
reconstitui-se um novo olhar sobre o real motivo de não querer
aprender.
A escola precisa desta abertura, o aluno começa a refletir
sobre o seu estado de apatia, desânimo e descomprometimento, e ao
mesmo tempo, pensa em conjunto com o grupo de professores uma
saída para todo este desprazer na educação. Talvez esta reflexão sobre
suas atitudes e formas de aprender, possa esclarecer e ajudá-lo a sair
desta condição de não querer aprender. Conscientemente gostaria de
aprender, e inconscientemente suas atitudes para com as atividades
escolares e leituras dizem o contrário, mostra o quanto não gosta de
estudar. A razão diz algo, mas as emoções não confirmam e fazem
justamente ao contrário.
Esta reflexão crítica sobre sua ação na escola pode ajudar
este grupo de alunos a buscar um novo modo de interpretar e elaborar
a sua agressão. As resistências para aprender aos poucos vão
diminuindo, a violência e raiva contra os professores começam a
desaparecer, podemos chamar de uma nova consciência, sair da
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prática disfuncional e tentar resolver os impasses pedagógicos de outra
maneira.
A escola deve estar preparada para escutar o desânimo e
apatia não só do aluno, mas também do educador. Talvez ambos
possam entender este novo apelo da educação, porque quando existe
um ambiente de respeito e consideração, as portas se abrem para
buscar em conjunto as soluções para os problemas educacionais.
Mesmo as notas baixas e o fraco desempenho, ou o descontentamento
e desmotivação, convidam a pensar sobre as motivações conscientes
ou inconscientes destas atitudes não funcionais à existência como um
todo.
Quando o sistema pedagógico da escola permite este novo
olhar sobre a condição de vida do educador, com certeza o estado de
confiança e alegria poderá despertar uma motivação para recriar um
novo tipo de cultura pedagógica. Aos poucos percebem que vivem o
mesmo drama humano, e inconscientemente estão buscando os
mesmos objetivos, separados e isolados, a tarefa torna-se mais difícil e
angustiante, porque é muito complicado trabalhar sem adesão sincera
numa equipe.
Esta mesma realidade emocional pode ser a motivação para
iniciar um processo de superação de problemas em comum, e também
dos objetivos muito parecidos, neste ambiente de terapia de grupo de
educadores na escola é possível aprender a dialogar e não discutir
problemas. Porque o objetivo é a união, e não a imposição de ideias e
conselhos, que em vez de aproximar os educadores, fazem o contrário,
distancia ainda mais.
A terapia de grupo analítico propicia uma comunicação em
níveis mais profundos, promove no grupo o aprendizado do diálogo e
as trocas de experiências, assim em conjunto, começam a pensar num
novo modo de existir, e em consequência disto, surge uma nova
maneira de educar. Sabem lidar com as situações complexas da escola
que absorviam a sua energia psíquica, os incômodos, as desconfianças,
as agressões, as violências, e todas as formas de opressão, agora
podem ser compreendidas e interpretadas à luz da psicanálise.
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Na terapia de grupo ninguém ensina, mas ambos aprendem
em conjunto, esta solidariedade humaniza as relações, o coordenador
pode ser um educador com formação em psicanálise, ele tem como
função conduzir o trabalho analítico com suas intervenções e
interpretações. O analista na escola pode ajudar o grupo a superar as
suas dificuldades pessoais e pedagógicas, fazendo algum tipo de
intervenção quando for absolutamente necessária.
A consciência sobre as suas motivações inconscientes propicia
um novo aprendizado sobre a existência, ao descobrir-se envolve-se
numa nova tarefa pedagógica, capaz de entender seus conflitos e
depois estender os alunos. Ao descobrir as raízes de seu
comportamento destrutivo abre-se a possibilidade de voltar ao seu
estado natural de saúde e alegria. Ao aprender o valor de suas
emoções com energia capaz de promover seu bem estar, consegue
visualizar também as agonias e tristezas nas atitudes dos seus alunos.
Este mundo emocional dos educadores retrata os medos e
inseguranças pertencentes as suas ansiedades e angústias da sociedade
atual. Mas é na compreensão das emoções que o educador se
redescobre em comunhão com o grupo, meios para sair da condição
alienante e massificadora de seu modo de existir e educar. Este é um
lugar de reencontrar-se consigo mesmo, com os outros, e também
refletir sobre o seu papel de educador na sociedade.
Este processo de terapia analítica de grupo na escola pode
desencadear uma reação dos prós e contras na prática educacional.
Primeiro porque existem aqueles que não querem mudar, pois vivem
alienados e massificados na sua condição de vida, com medo de ser
perseguido, preferem continuar no seu estado de acomodação, e os
outros que estão sofrendo, acostumaram-se a viver doentes. Ambos
precisam urgentemente de uma terapia para ajudá-los nesta difícil
tarefa de superação das dificuldades.
Ninguém pode fugir de seus problemas pessoais deixando-os
fora da sala de aula, é uma bela ilusão, uma saída fácil afirmar que os
problemas pessoais não interferem no ato pedagógico. O professor é
humano e, portanto, também sofre as agonias dos contratempos da
vida, é preciso ajudá-lo a desafiar e enfrentar as neuroses. Ao aprender
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a interpretar os nódulos malignos de sua depressão ou de seu stress,
começa um processo de elaboração dos seus segredos, esta nova
compreensão de suas atitudes, interfere de forma positiva no seu fazer
pedagógico. Qualidade de vida tem haver com a qualidade na
educação.
Ao compreender os fatos e acontecimentos geradores de
situações do desencanto com a educação, surge num horizonte
próximo, a conscientização dos verdadeiros problemas que impedem a
excelência da aprendizagem. Num primeiro momento o grupo de
professores precisa confiar um no outro, o resgate da ética e da
sinceridade é fundamental para a aceitação das diferenças na forma de
pensar e ser, de cada membro do grupo analítico.
Aos poucos começam a tomar consciência das influências
educacionais e culturais, sociais, econômicas e políticas que fazem
parte desta estrutura mórbida chamada sociedade. Descobrem que
somente a racionalidade ou o domínio de sua área de conhecimento,
não consegue dar conta de outras demandas importantes para a sua
saúde psíquica. Somente a cultura intelectual não resolve todos os
impasses da educação.
Começa a dar-se conta de que é o protagonista responsável
por esta situação caótica na sua vida, procura entender como isto
aconteceu, e mais, saber que tudo isto é expressão de sua
subjetividade emocional e pulsional. Ao seguir o método analítico,
consegue modificar suas crenças e seu modo de pensar, ser e agir, e
neste momento redescobre o valor de conhecer-se, esta nova condição
de vida, pertence ao mundo da saúde emocional.
Deste modo renasce um desejo de mudança e com isto a
vontade de realizar novos sonhos, não sente prazer na acomodação,
não participa da superficialidade, não sente gozo na dor, integrado e
harmônico nas suas ações, está motivado a continuar a aprender, este
novo modo de fazer educação reacende no seu íntimo, uma chama de
esperança para sonhar com um novo tipo de educação. Este educador
renasce das cinzas da velha escola e ressurge no seu modo de pensar a
alegria de viver com prazer, o conhecimento é algo mais para libertá-lo
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das amarras da falsa ilusão, ou das fantasias que o distanciam de sua
realidade pessoal e familiar.
Quando começa a tornar-se produtivo, podemos considerar o
aporte significativo da saúde emocional do seu grupo de trabalho
analítico. Está disposto a não cair mais nas malhas de suas neuroses, da
estagnação e da acomodação, não precisa fugir de si mesmo, buscando
nos psicotrópicos um sedativo para a consciência, como se fosse
possível fugir dos seus conflitos pessoais e educacionais. Está disposto
a lançar-se em busca de novas experiências, considera importante
fazer uma revolução na sua história pessoal.
Não basta ficar julgando, condenando ou criticando, mas
questionar e desenvolver novos projetos que tornem possível a
transformação daquela realidade educacional. Não é um mero
repetidor e cumpridor de tarefas, mas faz deste tempo uma
experiência única e original para lançar-se em novas descobertas. A
esta prática podemos chama-la de criatividade.
O corpo docente torna-se testemunha de um educador que
faz a diferença, não é alguém que passa pela educação simplesmente,
mas contribui significativamente para mudar aquela realidade dos
alunos e de seus colegas. O método analítico, desperta a força criativa
e coloca em ação a sua autonomia e defende com ênfase a sua
liberdade. A análise não se restringe somente a elaborar a repressão
sexual, mas acima de tudo libertar e colocar em ação todo seu
potencial humano, a favor de si mesmo e de sua comunidade escolar.
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1.1 - A importância da psicanálise na aprendizagem escolar.
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interesses dos burocratas do estado, das leis e regras das secretarias de
educação.
Os educadores devem conscientizar-se sobre o dever do
estado em oferecer uma escola com qualidade e dignidade para os
alunos, ao mesmo tempo aproximar-se numa relação de respeito e
consideração para com a comunidade. A renovação das ideias de
ensino, dos métodos, das pedagogias é uma necessidade, isto será
possível com diálogo e menos rigidez.
A realidade da educação deve estar isenta de ideologia, do
discurso totalitário que infantiliza e idiotiza, viciado no desejo de
mandar e defender seus interesses partidários. Isto não é política e sim
politicagem, que não é muito diferente dos interesses do governo que
negocia para manter seus ganhos no poder.
Os movimentos sociais devem buscar nas propostas um
comprometimento efetivo na defesa dos interesses da classe
trabalhadora e não somente quando lhe é conveniente. Este processo
de libertação pessoal pode acontecer com a ajuda dos sindicatos,
movimentos sociais e organizações não governamentais, mas é preciso
prestar atenção sobre a intenção destes líderes, caso exista interesses
pessoais e não da categoria, deveriam ser questionados e impedidos de
liderar em nome de sua classe trabalhadora.
A maturidade e a experiência mostram que é possível alguém
por vontade própria buscar tudo aquilo que lhe é de direito, porque o
poder de decisão, a realização de seus projetos, depende única e
exclusivamente do seu esforço e iniciativa pessoal. Quando alguém
consegue mostrar o grau de sua inteligência e criatividade, sempre
desperta nos olhares dos invejosos e ciumentos, um interesse para
boicotar e impedir a sua realização.
Mas a fortaleza, a esperança, robustece o espírito, confiante
nos seus projetos não desiste diante das ameaças e perseguições. Tem
na alma a grandeza, a generosidade, a compaixão e sabedoria para
lidar com a falsidade. Os parasitas vivem sobre o esforço e
produtividade de alguém, a preguiça é o único caminho conhecido para
viver a duplicidade de personalidade e jamais buscar sua autenticidade.
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Não estão interessados na saúde e no bem estar dos colegas.
No oportunismo, na exploração da ingenuidade, encontram a fonte de
subsistência pessoal. O neurótico explorador é aquele que vive
sugando as ideias e as energias do outro. O grupo de docentes sabe
discernir esta falsa caridade, imbuídos no desejo sincero de mudança,
estendem suas mãos num gesto de solidariedade e comprometimento.
O estado emocional dos educadores é de medo, insegurança,
sentimento de inferioridade, pessimismo, e num gesto de gratidão
reconhecem na sua união a força para vencer todos os desafios. A
inteligência começa a ser utilizada com mais eficiência na
transformação das crenças e no estado de alienação e consumismo. Ao
ensinar, aprendem com humildade a difícil tarefa de reconciliar-se
consigo mesmo, com seus colegas, e juntos, buscarem soluções para
tornar a vida mais autentica e menos superficial.
Esta talvez seja a verdadeira experiência de humanização na
educação, porque estão buscando dignidade, unidos num mesmo
objetivo. Uma vivência que testemunha a condição de que vale a pena
lutar pelo seu espaço na educação. Sem esquecer as injustiças,
conseguem transcender as dependências das instituições e pessoas,
buscam juntos com a comunidade os recursos e condições para prover
a sobrevivência de seus projetos.
Quem mais que os professores para saber da triste realidade
de sua prática educacional? E sem dúvida, eles mesmos estão
conscientes da necessidade de mudança. Mas esta transformação não
acontece por acaso ou por um milagre de Deus, mas pela organização e
planejamento de suas lideranças. Por uma consciência capaz de
entender o valor deste engajamento, este é o primeiro ato de amor,
para com seus alunos, pais e comunidade escolar.
O que pretendo mostrar nesta reflexão sobre a educação é o
valor da teoria psicanalítica humanista para ajudar na recuperação da
saúde emocional dos educadores, e tornar a aprendizagem no
ambiente escolar mais eficiente. Esta nova consciência consegue
desinstalar-se do processo alienante e massificador. Uma pedagogia
que seja capaz de cuidar da saúde dos educadores e de todo o corpo
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docente, engajado neste grande projeto de transformação da mente
dos seus alunos.
O grande problema é quando a educação oprime e aliena
seus colegas, este autoritarismo é ainda resquício de uma opressão
totalitária, da conivência dos vinte anos de regime militar. No seu
duplo discurso pretende contentar a gregos e troianos, esta
inautenticidade distancia e torna o corpo docente incrédulo às
mudanças que se fazem necessária.
Enquanto os líderes persistirem dentro desta perversão
pedagógica não existe qualquer chance para a mudança, estes cargos
de liderança devem estar nas mãos de pessoas sinceras e
comprometidas para fazer desaparecer qualquer iniciativa de
desumanização.
Quem melhor que o neurótico para entender o seu
sofrimento? Resta saber se existe o desejo sincero de sair da condição
opressora da neurose maligna, pois seu efeito é devastador, tem medo
de amar, medo de ser alguém, medo de lançar-se em busca de seus
objetivos, medo de ser bem sucedido, medo de ficar doente, etc.
Quem seria a pessoa mais interessada em sair desta zona de
conforto e alienação? Esta situação existencial é plena de ansiedade,
angústia e desespero. A cura exige um novo estado de consciência, esta
condição não surge por acaso, mas por uma decisão pessoal, plena de
disciplina, estudo, análise pessoal, investimento de tempo, priorizando
assim este estado de espírito. Renovado nesta esperança e com esta
nova consciência, inicia-se um novo modo de compreender a
existência, a primeira delas é a opressão que suas crenças limitantes
conseguem fazer com a saúde.
Este processo de conscientização não acontece por acaso ou
como afirmou Fromm, através de um “auxiliar mágico”, o milagre que
tanto busca é o conhecimento de si mesmo, tomar consciência de que
esta liberdade pode fazer a diferença na vida. Esta mesma neurose
propicia uma condição para pensar a existência, o sofrimento, a dor, as
queixas, a depressão, as doenças crônicas, os sintomas
psicossomáticos. Precisam da recuperação de sua autoestima, de seu
autoconceito, de sua autoimagem, estas três condições podem ser
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decisivas para renovar a esperança de amor no processo de
transformação.
Porque a experiência de viver o desamor na vida profissional
e pessoal mostra um ato de violência e negligência contra si mesmo.
Estes ganhos secundários, as fantasias, as falsas gratificações, os
conceitos equivocados, interpretações erradas sobre a realidade,
podem estar protegendo uma atitude autoritária e agressiva contra sua
pessoa. O tratamento psicanalítico na psicanálise humanista procura
libertar o ser humano das amarras, da prisão, da opressão, sem
liberdade e sob o domínio da pulsão destrutiva inicia-se o processo de
sua atuo destruição pessoal.
A psicanálise humanista busca o senso de justiça, não algo
externo a sua pessoa, mas na análise destas injustiças cometidas contra
si mesmo, procura no processo de conscientização a recuperação da
humanidade perdida. O analista procura fazer-se entender, o
sofrimento precisa do espaço de reflexão para compreender a
manifestação inconsciente das neuroses, elas oprimem e obstruem o
potencial de vida.
O analista está ciente de que precisa contar com a decisão
pessoal do analisando para sair da condição de alienação pessoal, esta
decisão é o primeiro passo para o processo de compreensão e
libertação da estrutura neurótica que consome e desperdiça sua
energia psíquica.
Este é o grande problema da análise, fazer com que o
paciente entenda, pois o maior prejudicado nesta história é ele mesmo,
sua neurose é um câncer e consome aos poucos toda sua vitalidade.
Esta mesma emoção quando distorcida de sua real função torna-se um
parasita, sua incongruência, inautêntica, é fator limitante de sua
personalidade.
A pedagogia e a psicanálise possuem objetivos bastante
parecidos, pois querem ensinar o processo de reaprender e reavaliar as
atitudes disfuncionais, estas podem ser o motivo principal do bloqueio
na aprendizagem. Aprendizagem de novos valores, de conhecimento,
de iniciativa, de abertura a novas experiências, de escolhas mais sadias.
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Quando conseguir libertar-se do processo opressivo da
neurose, então podemos dizer que indiretamente encontra-se diante
de uma nova pedagogia existencial, aquela arte capaz de ensinar
atitudes funcionais à saúde psíquica.
Enquanto a educação estiver sobre o domínio desta forma de
pensar opressora e autoritária, estará fomentando o medo e a inibição,
este distanciamento não contribui para a vivência afetiva na relação
professor aluno. A pedagogia precisa da psicanálise e ambas se
complementam neste processo didático e metodológico, pois é preciso
resgatar no íntimo do aprendiz, o desejo de sair também da condição
de desprazer e apatia.
Enquanto não decidem sobre o que fazer com o seu método
de educador, a educação acontece de maneira distante e ausente das
verdadeiras necessidades dos alunos, incompreendidos e cheios de
raiva partem para o enfrentamento. Suas estratégias são utilizadas
para boicotar a sua aprendizagem, infelizmente vive-se um confronto
que acaba terminando em violência e indiferença. Por isto, torna-se
quase impossível fazer com que a escola seja um ambiente agradável,
onde o aprender a reaprender torna-se algo importante e essencial à
vida dos alunos.
Os educadores devem saber que o vínculo afetivo é
fundamental para o empenho e dedicação do seu aluno na
aprendizagem. Enquanto os alunos sentirem-se distantes e
descomprometidos com a sua educação, estaremos malhando em ferro
frio, ou dando socos em pontas de faca. Os educadores devem parar e
pensar, começar primeiro pela sua didática, falar de motivação, de
estudo, de satisfação, quando o próprio discurso afirma uma conduta
contrária a este tipo de educação.
O educador não é culpado desta forma de pensar, e
tampouco os alunos, didaticamente esta é uma prática internalizada
depois de muitos anos de magistério, por isto mesmo podemos
constatar que todo este esforço, resulta muitas vezes na repetência, na
violência, no silêncio, na evasão escolar, pois este resultado mostra o
fracasso deste tipo de educação. Não gostaria de apontar culpados, ou
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procurar falsas desculpas para responsabilizar alguém por este
processo alienante e massificante.
Gostaria de fazer uma análise mais profunda e crítica sobre a
real situação da educação, às vezes estamos com raiva e ódio, e esta
mesma indignação e frustração começam a violentar o corpo, os
sintomas psicossomáticos, as depressões, a apatia, o desânimo, frutos
da culpa inconsciente que procura um lugar para punir-se.
Ao tomar consciência desta triste realidade, procura sair
desta opressão, percebe o desanimo, o desinteresse e a indiferença no
seu fazer pedagógico. Este tipo de prática educativa reforça ainda mais
o medo do futuro. Confuso e impossibilitado, não consegue dar uma
resposta a esta situação de violência, então procura nos psicotrópicos
uma saída fácil para anestesiar seu desgosto. Esta atitude não resolve
os seus problemas e tampouco a realidade dos alunos, ambos estão
sendo oprimidos pelas contradições vivenciadas no meio social e
cultural.
O educador e o aluno vivem este processo de desumanização,
mas existe algo importante nesta experiência, ambos podem tomar
consciência deste processo de desumanização, para reverter esta
situação é necessário democratizar nossas relações e socializar as
frustrações, ambas as atitudes devem ser autenticas e sinceras. É
preciso abandonar o modelo distante e autoritário, responsabilizar-se e
assumir-se no processo de ampliação de conhecimento e consciência.
Este é o primeiro passo, tomar consciência, pois todo
processo precisa de reflexão e de uma nova postura pedagógica para
alcançar os resultados desejados. De nada adianta continuar na mesma
prática porque os resultados serão sempre os mesmos, esta é a
dinâmica da estrutura neurótica, interpretar os fenômenos do mesmo
modo e sempre repetir compulsivamente o mesmo método sobre a
realidade do aprendiz. Eis a compulsão à repetição.
A psicanálise pode fazer com que o educador consiga
descobrir seu estado de alienação, condicionado procura repetir e
exigir dos alunos uma prática distante de sua realidade. Na análise ou
na terapia de grupo ambos podem chegar a uma consciência de que
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não devem persistir por um caminho infrutífero. Ou entender que esta
prática é disfuncional para a vida de ambos.
Quando alguém experimenta este conflito de sua dura
realidade educacional percebe a dor através dos sintomas, porque
racionalmente está disposto a lutar por uma educação de qualidade,
mas quando precisa escolher uma nova postura não tem a coragem
necessária. Outra realidade é mudar os condicionamentos dos alunos,
de receber tudo pronto, de copiar a matéria e depois reproduzir nas
provas, então os educadores desanimam e voltam ao método antigo e
antiquado.
A neurose maligna é uma crença sobre uma verdade
absoluta, esta situação emocional influencia na forma de pensar o
processo ensino aprendizagem. Na verdade esta incongruência é por si
mesma a essência do conflito emocional, mas com consciência
começam a perder o medo da mudança, deixam a submissão de lado, e
sua reação é de coragem, neste instante estamos observando a
recuperação do estado de humanidade.
Quando o educador oferece a nota de presente sem
exigência, entende que o aluno não é capaz de conquistá-la, mas ao
fazer esta caridade não tem consciência que tira a oportunidade de
aprender. A conquista fácil do não aprender, mais tarde será cruel, pois
ineficiente e despreparado, começa a viver em estado de sofrimento e
talvez de frustração, de não conseguir se afirmar profissionalmente. Se
o estudante soubesse do prejuízo de receber as coisas prontas,
daquelas notas ganhas sem esforço e dedicação, com certeza não as
aceitaria. Esta é uma falsa solução para a aprendizagem.
É um engano, pois o ambiente escolar deve ser de
aprendizagem, caso contrário, ambos estão fazendo de conta de que
existe alguma forma de conhecimento, quando na verdade não existe
proveito, prazer, ou sentido, perde-se o sentido de realizar aquele
investimento. A única forma de manter o padrão de comportamento é
através da imposição e obrigação. Pois começamos a pensar que este
tipo de educação atende a este tipo de prática pedagógica. Que
interesses invisíveis passam diante de nossos olhos e não conseguimos
enxergar.
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Quando existe consciência o educador sabe do seu
compromisso ético e da responsabilidade do valor do conhecimento.
Sabe do seu compromisso de transformar este ser apático e
desanimado em alguém comprometido com a sua realização. A
formação do caráter de um novo homem inclui consciência crítica, que
saiba fazer história na dialética da sua existência, as conquistas são de
sua competência pessoal. Está comprometido politicamente com a
melhoria da qualidade de vida de seus colegas, alunos e pessoas da
comunidade.
Esta ética reacende no íntimo do educador uma verdade
capaz de sustentar sua responsabilidade de saber ousar, e ainda mais,
recuperar a sua dignidade e importância perdida. Não compactua com
as ideologias e interesses obscuros, como as promessas dos políticos e
cargos de comissão, sabe que não deve usufruir do dinheiro suado de
milhões de trabalhadores para fazer o jogo dos políticos interessados
na sua próxima reeleição.
Sabe que o dinheiro público deve ser muito bem aplicado,
principalmente na formação dos educadores, e numa escola com todos
os recursos materiais e tecnológicos, para viabilizar uma pedagogia
capaz de mudar a consciência de uma pessoa honesto e sincera para
com o seu fazer pedagógico. De que adianta ocupar um cargo público
sabendo que este dinheiro é fruto da miséria e da ignorância de
milhões de brasileiros?
Na terapia de grupo analítica ou mesmo na sua análise, o
educador pode compreender a importância de sair da condição de
perda e assumir-se numa nova postura diante do ato educativo. Como
afirmei anteriormente o educador, e mesmo o aluno, em algum nível
experimentam esta apatia, resultado da prática alienante e sem
sentido, sabemos e temos consciência da extrema dificuldade de viver
numa sociedade contraditória e injusta. Mas esta tomada de
consciência não convive com o ministério da educação que oprime e
impõe regras, normas e leis que defendem um modelo de alienação na
educação.
Este mesmo ministério esta representado aqui pelos
dirigentes da educação, num ato sádico, exploram, massificam e
28
alienam, utilizando da força repressiva das policiais, das leis, obrigando
milhões de educadores a serem servis a um modelo de educação
atrelado ao controle do ministério da educação. O educador sabe do
poder destas forças, inclusive o judiciário que não faz outra coisa do
que proteger e fazer cumprir as leis do executivo e legislativo, e
defender a qualquer custo a permanência do estado de injustiça e
falência que encontra-se a educação.
Às vezes nos vemos com as mãos atadas, mas neste
momento é preciso coragem para utilizar a inteligência a favor de uma
educação que sirva aos interesses de nossa sociedade, e não ao
controle das mentes. Infelizmente a grande maioria dos educadores
não está ciente do seu fazer pedagógico, pois inconsciente de seus
atos, seguem as diretrizes das normas e regulamentos de um estado
autoritário, injusto e explorador.
Os recursos públicos sempre serão aplicados naquelas escolas
ou nos municípios que seguem aquela legislação, leis e regulamentos,
são situações muito difíceis, por um lado sabe que deveria agir de
forma diferente, mas por outro lado tem medo da perseguição ou de
uma possível demissão. A ascensão desta nova consciência não é uma
tarefa muito fácil, não vamos ser ingênuos, é preciso de uma decisão
silenciosa, mas atuante em sua vida, para viver esta nova experiência
de liberdade democrática.
A psicanálise pode ajudar e muito, não é uma tarefa
impossível e pessimista de como Freud enxergava a educação. Porque
mesmo no início da psicanálise, Alfred Adler em conjunto com o
ministério da educação da Áustria, começou um trabalho psicanalítico
com os educadores de toda a rede de ensino. Freud para criticar o
desafeto de seu amigo, por ter sido um dos dissidentes, optou por
desmerecer e criticar a educação. Por isto sempre afirmou que a
educação é uma tarefa impossível.
Esta nova consciência que buscamos na vida do educador não
compactua com um modelo reprodutor de conhecimento, não
podemos aceitar a indiferença, a doença, a desmotivação, a repetição,
a desvalorização, ser como um vírus que começa a devastar e matar o
gérmen da vocação de ensinar. Esta nova proposta não inclui a
29
indiferença, o individualismo, a competição desleal, a valorização de
uma classe, mas uma afinidade com a solidariedade, a compaixão, a
socialização do conhecimento, a distribuição justa de renda.
A psicanálise humanista não está interessada em seguir este
modelo descomprometido com a doença e a exploração do homem
pelo homem, aceitando a condição alienante sem oportunizar uma
nova visão sobre si mesmo. Oprimido pela neurose de caráter, não
consegue sair desta prática pedagógica, ao começar a enxergar de
maneira diferente é capaz de sustentar um novo modo de viver, com
felicidade e autenticidade. Saindo do individualismo e contribuindo no
grupo, numa procura por uma saída mais digna e honrosa para a
educação como um todo.
Muitos advogam que gostariam de implementar esta
revolução na educação, mas quando chegam ao poder, demonstraram
interesse somente nos salários bem pagos pelo estado, e desta forma
usam as mesmas leis para impor e explorar os seus próprios colegas.
Pelo que conheço são raros os educadores que conseguiram ser
autênticos com este novo tipo de política na educação.
Quando isto acontece, podemos afirmar que os focos
neuróticos de sua prática autoritária estavam mascarados por detrás
de um discurso classista. Estas pessoas sabem representar muito bem
seu papel, e depois seguir adiante com o mesmo modelo de gestão na
educação.
Quando um educador possui consciência não encontra-se à
venda, e sua posição ética não pode ser comprada com um cargo ou
uma gratificação. O poder corrompe com certeza, o dinheiro e suas
compensações podem ser os agentes da corrupção pessoal, estamos
vendo isto a todo momento na educação e no âmbito político. O que
resta a nossa juventude? Como estes jovens conseguem aceitar esta
condição de injustiça sem nenhum tipo de contestação? O que a escola
está fazendo com a consciência desta juventude? Procure a resposta
no silencio, na indiferença, no abandono, na violência dos alunos.
Qualquer revolução é importante, a mais difícil é a revolução
pessoal, de mentalidade, de crenças, de ideologias, de
fundamentalismos, de ambições, de interesses que utilizam o poder
30
para sustentar o mesmo modelo didático e pedagógico. Estou
comentando sobre a escola pública, pois na escola privada todos
sabem qual é o seu objetivo. Se não sabem pensem um pouco sobre o
seu poder econômico.
Sobre estas velhas crenças, ideologias sectárias e
fundamentalistas consideradas revolucionárias por muitos,
anteriormente os regimes dos proletariados foram manipulados e
induzidos em nome da liberdade e humanização, a matar milhões de
pessoas, podemos citar o regime nazista de Hitler e Stalin. Estes
querem fazer a revolução com interesses próprios, esta falsa
consciência dos líderes enfatiza cada vez mais a descrença naqueles
que administram os recursos públicos.
Em nome da democracia se tornam corruptos, e mesmo os
esquerdistas depois de chegarem ao poder, começam a despertar os
antigos desejos de poder e ambição. Inconsciente desta ação, o próprio
tempo encarrega-se de tirar-lhe a máscara. O medo de viver no
desemprego e longe do capital econômico induz seu desejo a
compactuar, ou mesmo seguir, as diretrizes daqueles que usurpavam e
exploravam os miseráveis. Agora em nome da governabilidade ou
mesmo da administração pública esquecem os compromissos éticos e
políticos.
A questão é como um líder pode sentir-se livre para não ser
coagido ou mesmo seduzido a tornar-se um corrupto? Esta mesma
liberdade democrática conseguida com tanto sofrimento, agora
começa a ruir da mesma forma que as práticas anteriores. É um duplo
discurso de encontrar-se no poder, usufruir das riquezas econômicas, e
depois conviver e defender os direitos dos marginalizados e dos pobres
de consciência e espírito.
A educação sem saber, e num completo estado de
inconsciência, reproduz o estado de alienação e falta de senso crítico, o
aprendiz é um mero receptor dos conteúdos programáticos da escola,
alienado e ausente de si mesmo. Segue aquelas orientações dos seus
educadores de tornar-se submisso, aceitar, concordar e não
questionar, e muito menos refletir sobre a condição de pobreza
econômica e cultural.
31
O superego social cumpre desta forma a proteção dos
interesses, manter de qualquer maneira estes desejos adormecidos e
controlados pela ação do castigo, culpa e medo. O poder desta
dominação opressora retira a liberdade de ser e pensar, no lugar deste
medo é preciso à coragem, mas às vezes o domínio é fatal e muitos
carregam pelo resto de suas vidas esta dominação. Sem poder decidir e
fazer suas escolhas, perdem a liberdade e autonomia, sem estas
qualidades começam a viver na incongruência e na hipocrisia.
Este processo de tomada de consciência passa por uma
decisão pessoal de assumir-se nesta responsabilidade de realização
pessoal, porque sempre age em função dos outros ou de alguma
instituição, e inconsciente desta decisão, deixa de viver a sua liberdade.
A independência, a lucidez, a autonomia, é uma conquista diária,
ancorada no seu desejo de superação das neuroses e dificuldades
pessoais. A neurose retira a condição de ser livre para amar e ter
saúde, a alegria, o estado de ânimo, a disposição, necessita da
realização dos seus sonhos, somente desta maneira pode experimentar
a liberdade.
A alienação acontece quando em nome da pretensa
“liberdade” os homens impõem a violência e a guerra. Toda neurose
encontra-se em guerra com o desejo de viver o amor, pois no seu lugar
existe a raiva, o ódio, a ganância e a exploração. É no equilíbrio e na
integração das suas emoções e pulsões que a vida começa a expressar
o diálogo, o respeito e buscar sempre a verdade.
Quem procura viver a ética e a saúde psíquica precisa desta
integração, necessita elaborar as neuroses e conflitos emocionais que
são a base da limitação pessoal. Isto implica na elaboração,
confrontação, esclarecimento e interpretação das formas de pensar e
emocionar-se que é a antítese do quadro patológico. A terapia analítica
busca este novo tipo de consciência, capaz de sair da condição
destrutiva para a excelência de suas realizações, a satisfação de utilizar
o seu potencial transforma a energia psíquica em saúde e paz.
Na dinâmica do inconsciente existe a condição de não
conseguir viver a liberdade, e nas mentes dos obsessivos compulsivos o
medo sem medida do processo de autodestruição ou na destruição das
32
pessoas amadas. Quando o paciente encontra uma saída para seu
estado de sofrimento, realiza a experiência da superação, este
aprendizado acontece no meio da dor, neste instante começa a
reerguer-se, utilizando suas forças para fazer frente à opressão da
neurose.
A neurose benigna ou maligna consegue destruir toda forma
de humanização, perdido nas suas ações inconscientes reage de forma
submissa ao domínio da doença. As emoções ancoradas nas vivências,
estabelecem o domínio da interpretação sobre a realidade, esta
fantasia do poder ilimitado das alucinações e delírios, encarrega-se de
agregar ainda mais poder à megalomania. O querer ser mais que todos,
a busca compulsiva pelo poder a qualquer preço, o desejo de ser
admirado e desejado pelos marginalizados, e despossuídos de nossa
sociedade, a ideia obsessiva de tornar-se um messias ou um Deus.
A neurose tira a espontaneidade, a criatividade, e torna as
pessoas alienadas e adaptadas ao seu contexto social e cultural. Com
medo de viver em liberdade optam pela saída fácil de sedar a
consciência, pois uma consciência adormecida pelo consumo
exagerado e dependente dos psicotrópicos permanece numa outra
realidade, um mundo desprovido de qualquer tipo de ameaça, pois
vive sobre o amparo das drogas lícitas e ilícitas.
Mesmo o traficante encontra-se sobre o domínio da
exploração da doença e infelicidade para poder sobreviver, um
vampiro que sobrevive graças ao sangue humano. Aqui incluímos
também os laboratórios e indústrias farmacêuticas, vivem e se mantém
sobre a exploração da doença. Somente uma nova consciência torna
possível dar-se conta de que esta sendo usado e manipulado, sair da
condição alienante é a primeira condição de cura, pois livre das drogas
consegue utilizar o seu potencial emocional e cognitivo para realizar os
seus desejos.
Existe um enorme medo de ser, pois o ser saudável convive
com o sucesso, o bem estar, a saúde, a felicidade, a alegria, com a
realização sente medo da incompreensão, da perseguição, da inveja,
do ciúme e das agressões. Por medo de viver neste estado preferem
voltar ao estado anterior, pois acaba prevalecendo o complexo de
33
inferioridade. Inconsciente prefere a doença antes da saúde, atrelado
ao ganho fácil de afeto entorno da doença, esquece do compromisso
com a autonomia e a criatividade. Prefere a condição submissa e bem
adaptada a obediência do que o desafio da existência.
A esta situação podemos chamar de conflito neurótico
existencial, a incongruência, a falta de clareza sobre si mesmo, enaltece
ainda mais o estado de angústia, porque esta situação existencial não é
esclarecedora sobre o seu sofrimento. Vive uma dupla realidade,
gostaria de ser melhor, mas o medo e a insegurança são maiores que o
desejo, nesta condição emocional faz a opção da adaptação social.
Somente uma análise profunda pode desmistificar esta dicotomia,
conscientizando este estado de inconsciência e fracasso pessoal.
A neurose sobrevive e domina graças ao conflito e a falta de
certeza, ainda mais quando a vida não é funcional e agregadora de
vitórias, não entende, mas sabe que caminha na contramão da
existência, e de acordo com a sua energia emocional pode continuar
num modo de vida rotineiro e sem atrativos, ou procura com todas as
forças, sair do estado de alienação. Não existe saída para a doença, ou
compactua e segue a rotina prescrita pelos medicamentos, ou procura
a gênese deste estado de dor e agressão para libertar-se.
Ao analisar seu processo de atuação inconsciente percebe o
estado de ilusão, o falso discurso, a desculpa esfarrapada, as
racionalizações de suas justificativas, gostaria de ser diferente, mas
esta dominada pelas suas compulsões. A castração sofrida pela
intervenção do superego é devastadora, porque retira o direito de ser
livre e viver, distante das amarras ideológicas opressoras, mascara uma
falsa crendice da realidade educacional.
Este é o dilema existencial dos neuróticos anônimos, a
psicanálise pode emprestar sua teoria e método para agregar
compreensão ao pedagógico, no sentido de ajudar a resolver seu
conflito na educação. O psicanalista é um parteiro, na análise renasce
um novo ser, ao conseguir resolver as incongruências, experimenta a
concretude da paz, da realização e satisfação pessoal, pois encontra-se
longe das contradições, deixa de explorar e manipular, consegue impor
respeito a si mesmo.
34
A integração das pulsões e emoções no organismo e na
existência consegue dar ao paciente a condição de viver uma vida mais
plena de sentido. A intenção da análise é sair da dicotomia existencial
entre o sadismo e masoquismo, porque nenhuma das práticas é
favorável ao engrandecimento do caráter. O analista possui o desejo de
ver no homem a compreensão da realidade pessoal e existencial.
Aprende pela educação das emoções, o caminho para lidar com estes
desejos nefastos e perturbadores da consciência.
O renascimento deste novo educador é a condição para
acabar com todas as formas de sofrimento, sair da situação alienante, é
o mesmo que experimentar, saúde, paz, alegria e felicidade. Alguém
capaz de ser congruente e integro nas suas ações, talvez seja o único
estado que não permite a traição e o engano, e são tão caras para
aquelas pessoas que confiam e depois precisam conviver com o
engano.
Não basta apenas fantasias ou acreditar nas belas palavras do
discurso, elas não dão conta da demanda emocional, é preciso muito
mais que isto. É necessário fazer uma escolha competente, pois esta
opção é saudável e torna a vida das pessoas do seu convívio um
ambiente de amorosidade, sustentado pela verdade e não pela
mentira. O paciente precisa entender que as neuroses são bloqueios e
impedem a livre expressão do potencial criativo.
A neurose consegue levar a pessoa a isolar-se, e na solidão
viver a amargura de seu sofrimento, este impasse deve ser superado,
sair da condição de medo para a coragem de ser. A neurose não é o
fator determinante da infelicidade, é apenas algo que limita e impede a
saúde psíquica. Consciente da situação emocional e existencial, possui
todas as condições para fazer frente aos sintomas, esta experiência é
apenas uma provocação para desencadear o processo de superação.
É preciso simplicidade e reconhecer o poder de dominação da
neurose necrófila, para depois conseguir transpor a condição de um
“self falso” para o caminho da autenticidade. Enquanto o paciente
encontrar-se vinculado com a simbiose e os processos de dependência
e dominação continua alienado. Aos poucos começa a convencer-se da
35
necessidade de buscar as forças necessárias para viver distante da
opressão.
A análise para ser produtiva e alcançar resultados, deve
apresentar transformações na vida e também no ambiente de trabalho
ou familiar, são estas as prerrogativas que nos mostra a existência de
uma conquista da liberdade de ser e pensar. A cura definitiva passa
pela tomada de consciência, não basta ter consciência da neurose e
dos prejuízos, saber disto tudo e continuar na mesma situação é o
continuísmo da ação predadora da neurose, com as racionalizações e
os pedidos de perdão e reparação.
A cura na psicanálise não está atrelada a simples tomada de
consciência, mas numa transformação efetiva da vida, não basta
culpar-se, ou viver se punindo por um estilo de vida conformista e
alienante. A pessoa deve estar imbuída da certeza pessoal, e buscar no
grupo a compreensão e o afeto de que necessita para fazer frente aos
seus dilemas pessoais. A verdadeira humanização passa por esta
vivência solidária na cooperação e na ajuda fraterna entre os membros
do grupo analítico.
Para sair desta condição de submissão e perda na existência,
é preciso uma decisão pessoal por competência própria, alcançar os
ganhos oferecidos pela vivência a cada ser humano. O autoconceito
anima a pessoa a desenvolver um amor próprio, saindo de uma
condição de exploração, dominação e violência, para uma vivência de
cooperação, ajuda mútua e respeito por cada ser humano.
Esta é uma “práxis” humanista, este compromisso ético está
muito acima dos falsos discursos sentimentalistas, na verdade é preciso
a vivência do amor verdadeiro, independente da situação. A sua prática
pedagógica passa a ser verdadeira e comprometida com esta tomada
de consciência, não consegue mais conviver com um ambiente de
exclusão e dominação. Esta concretude nos mostra outra face das
relações de poder na escola, é uma proposta alicerçada na expressão
do verdadeiro amor.
Muitos neuróticos vivem entorno de seus mitos, esta
realidade fantasiosa somente alimenta uma condição alienante, pois
distante da reflexão pessoal acaba vivendo neste estado de
36
inconsciência, por isto seu trabalho, seu corpo, pode ser vendido,
negociado e explorado, sempre com o seu consentimento. É assumir-se
como escravo de suas dependências, enraizado neste processo
destrutivo desenvolve todos os meios para concretizar na vida um alto
grau de infelicidade e superficialidade.
O tratamento da psicanálise humanista busca elevar a
dignidade humana e fazer desaparecer qualquer forma de
desumanização, não podemos pensar em alcançar objetivos na vida
sem antes repensar a subjetividade. Quando negamos o mundo das
emoções, estamos tornando o ser humano uma coisa, uma máquina,
um objeto. Esta dialética reaparece com o compromisso efetivo de
transformação pessoal, este mundo vivido, as crenças, as ideias,
precisam de uma reflexão dialógica para tornar-se de fato uma
subjetividade concreta e de valor na existência.
A realidade social e cultural está imersa numa dimensão
política e histórica, negar a importância das emoções e pulsões
inconscientes no devir histórico do homem é torná-lo uma coisa. A
transformação da realidade pessoal influencia e interfere com certeza
sobre o meio em que vive. Qualquer pessoa que começa a
responsabilizar-se pelo seu processo histórico e social, consegue
convencer pela práxis a sua capacidade, mas não podemos negar a
dimensão inconsciente das falsas crenças e dicotomias, elas podem
comprometer o objetivo na existência.
Não podemos negar a existência de uma sociedade omissa
quanto à saúde pública, em especial a prevenção, é preciso uma
atitude pessoal para transformar esta triste realidade numa situação
mais digna e justa para todos os cidadãos. Esta triste realidade social é
uma dimensão difícil de aceitar, por isto mesmo é preciso estar
consciente da existência desta situação degradante da saúde pública
em nosso país.
Esta dependência do serviço público é um dos graves
empecilhos, pois quando precisa sabe de antemão que sua vida corre
perigo, principalmente pela falta de atendimento e de remédios. Neste
sentido esta triste realidade da saúde mental em nosso país é péssima,
e infelizmente milhões de pessoas estão dependentes deste sistema
37
injusto e ineficiente. Por isto mesmo é preciso uma decisão e um
planejamento que contemple ações efetivas, para não cair nas malhas
aprisionantes de um serviço público descomprometido com a vida dos
cidadãos.
Este estado de consciência crítica sobre a realidade torna
possível desinstalar-se da acomodação. Esta mesma consciência
reflexiva, propõe uma dialógica para poder confrontar as ideias rígidas
que defendem, uma prática fanática e doentia. Não podemos entender
a realidade externa sendo diferente dos códigos e símbolos
internalizados no inconsciente. Esta reflexão positivista e racionalista
nega a realidade subjetiva, ou pretende defender a impregnação da
razão pura e simples sobre a essência do ser subjetivo.
Toda realidade transformada precisou antes ser sonhada,
estas imagens estão imersas de conteúdos contraditórios, portanto
quando se trata de sobrevivência, sempre vai haver jogos de
interesses, é uma disputa e ao mesmo tempo uma conquista. Qualquer
ação de comprometimento sobre a transformação da realidade de
alguém em prol de sua saúde é sempre uma ação benéfica e saudável.
A tomada de consciência é uma apropriação de um saber
antes plenamente desconhecido, depois torna-se uma consciência
plena de sentido, com o desejo de mudança, nesta apreciação, ambas
as realidades precisam conviver com a contradição. A dicotomia e os
jogos de interesses sempre existirão, independente de quem estiver no
poder.
A neurose sempre mostra na realidade, a contradição e a
incongruência, se o processo de reflexão constitui num diálogo
libertador, não há como negar o seu valor subjetivo para efetivar
qualquer tipo de transformação interna ou externa.
O analista observa a “racionalização” e a utilização dos
mecanismos de defesa que protegem a estrutura emocional da
destruição e exploração, esta subjetividade encontra-se ancorada na
ética e na possibilidade de poder pensar livremente, inclusive a
condição de não querer a transformação. Caso exista uma atitude
arbitrária estaríamos violentando a liberdade de ir e vir deste cidadão.
Distorcer a realidade dos fatos não é o subjetivismo, é a neurose
38
revestida de verdades enganadoras e mentirosas sobre a realidade da
sua condição psíquica.
A falsidade de reconhecimento de uma determinada
realidade acontece quando estes não dialogam. Infectado pela
ideologia vive a alienação, procura sempre enxergar o problema nos
outros. O medo surge como antítese de seu modo de pensar, eis a
dicotomia que fomenta um subjetivismo irreal e ficcional, distante da
autenticidade. O criticismo tem pouca serventia, uma crítica é sempre
bem vinda, quando acompanhada de alguma solução, porque é muito
fácil atirar pedras na vidraça dos outros.
Existe uma dimensão inconsciente coletiva que conduz as
pessoas ao continuísmo da pobreza material e intelectual. Às vezes a
realidade precisa do “conhecimento” de uma educação comprometida
com a liberdade de pensar, e ao mesmo tempo no despertar do
potencial da criatividade, para dar conta dos desafios de uma
sociedade que oprime e explora os mais dependentes.
39
1.2 - A situação concreta de sofrimento na educação.
47
1.3 - A inversão da pulsão: Destruir o Prazer de Aprender.
Seu prazer tem como objetivo, fazer com que suas vítimas
comecem também a participar deste genocídio da violência e da
morte. Pelo direito inalienável de fazer justiça, porque sente-se
injustiçado e oprimido, pois o preço pago pela inexistência do amor e
do afeto é alto demais. Se ainda não bastasse começa a provocar os
outros com atos animalescos e arcaicos, para demonstrar a sua revolta
e indignação.
O problema são as vítimas inocentes, o ser humano deixa de
ser pessoa para tornar-se uma coisa, um objeto. Sem sensibilidade
defende o direito de tirar a vida dos outros como uma forma de
reparação, por terem-lhe tirado o direito de amar e viver em paz, este
é preço a ser pago. Esta natureza da pulsão agregada ao sadismo
desenvolve vários caminhos para dominar e alienar a sua vítima. São
estratégias muito bem pensadas, e no seu silêncio as armadilhas da
sedução estão sendo ampliadas e aplicadas, umas após a outra, sem a
mínima consciência da vítima.
Depois não existe nenhuma maneira de esconder ou tentar
fugir da pulsão predadora, quando encontra-se preso neste tipo de
armadilha, quanto mais tenta sair da situação, mais as suas forças
acabam sucumbindo, e aos poucos adormece nos braços do inimigo.
Quando as emoções e sentimentos se misturam a este tipo de pulsão
sádica e violenta, observamos uma pessoa perdida, confusa, com medo
e acuada, na sua tensão recorre sempre à solidão e ao isolamento.
As emoções podem ajudar no humano a compreender o seu
modo de olhar a realidade, este caminho de atitudes presta obediência
às experiências da raiva, ódio, mágoas, ressentimentos, solidão,
carências. Esta subjetividade retrata o seu mundo real, uma maneira de
viver segundo estes aprendizados, sem o amor e afeto daqueles
cuidadores, estrutura-se uma falta, apreende do significado aquilo que
o ambiente ensinou. Personifica-se um estilo muito particular de
agredir e buscar a sobrevivência emocional.
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As emoções são o retrato da humanidade, e das diversas
experiências que o tornaram humano, esta mesma essência da energia
escoa amor ou ódio, violência ou paz, morte ou vida, sadismo ou
masoquismo, esta dicotomia chama-se de pulsão. Todos possuem na
sua bagagem genética estas duas realidades da natureza humana, e
neste ambiente cultural, social, histórico, político e econômico o
homem aprende a humanizar-se. Estamos comentando sobre este
processo de saber conviver ou mesmo aprender a sublimar aquelas
pulsões violentas, e permitir a vazão da pulsão do amor.
E nesta infância as imagens e símbolos do afeto e amor são
como os guardiões das pulsões, nesta inocência e no olhar de gratidão
e bondade da criança, podemos observar os primeiros traços de uma
pulsão do amor, bondade, comunhão, fraternidade. Esta vivência de
interação mostra o respeito, o cuidado, a sensibilidade das crianças que
vivem um momento muito especial de pulsão de amor.
Os gestos de imagens simbólicas retratam no significado o
real, em outras palavras a subjetividade desta energia simbólica
personifica-se naquelas imagens, lembranças de um passado
atemporal, memórias de uma mente capaz de reter a humanidade
perdida. Mas a existência nos mostra o inesperado, as tempestades
emocionais, os traumas, experiências assustadoras que impregnam as
pessoas com medo. O único modo de proteger-se de algo
desconhecido e prejudicial é fugir para bem longe e proteger-se, numa
doença ou na depressão.
O lugar mais seguro é sempre os braços ou o colo das pessoas
amadas, neste momento da infância temos a nítida certeza da
presença da pulsão de vida, pois constatamos que nos gestos daquela
criança não existe um desejo de destruir, ao contrário, há presença do
desejo de cuidar e amar. Mas como fazer frente à barbárie das guerras,
da violência urbana, a miséria e a fome? O que dizer do desemprego,
da ignorância, das ameaças?
Somos vulneráveis aos sistemas de poder político e
econômico, as formas de educação e das culturas que influenciam na
formação do caráter. A pulsão destrutiva é um mostro adormecido,
mas quando provocado surge com toda violência e ferocidade. O ser
49
humano de algum modo sabe disso, talvez o homem tenha pensado
nos aparatos repressivos e prisões, como forma de amedrontar e
prender atrás das grades esta crueldade da barbárie humana que gosta
e tem prazer em matar e destruir.
Os vínculos na família são o ambiente propício para despertá-
lo das pulsões, isto confirma a presença das pessoas significativas neste
processo de formação do caráter. Os pais são a demonstração mais
convincente da pulsão do amor, podemos observar esta pulsão quando
um pai cuida do filho, quando uma mãe protege e ensina os valores
éticos. A criança é despertada na sua sensibilidade a gostar de fazer o
bem e amar os outros, este gesto de afabilidade, carinho, ternura,
mostra o calor humano de uma mãe que ama seu filho.
Os seres humanos ficam apreensivos e inseguros quando este
monstro da pulsão destrutiva ameaça a vida daquelas pessoas, pois o
amor inspira cuidado e compromisso, além de muita doação, esta é
uma experiência verdadeira da pulsão do amor. O amor não é uma
explicação verbal, mas uma experiência concreta do calor humano.
Quando a brutalidade, a insensatez, a falta de escrúpulos, a atrocidade
aproxima-se de nossa frágil humanidade, experimentamos a limitação
para fazer frente à monstruosidade de meios desenvolvidos pelo
homem para matar e destruir.
As pulsões destrutivas precisam ser alimentadas pelas
ideologias, tais como: racismo, inimizadas, traições, rebeldias, heresias,
e outros nomes que justificam a carnificina das guerras e da violência
institucionalizada. Em nome da defesa da pátria, da ordem social, da
proteção da propriedade privada, a pulsão toma força e torna-se um
predador mortal, sem nenhuma culpa e dominados pela ideologia
militar ou política saem à caça de suas vítimas.
Uma luta feroz entre a presa e o predador, em nome do
estabelecimento da ordem se autoriza a morte, a tortura, a destruição,
porque nos encontramos em tempo de guerra. Este talvez seja o
momento onde podemos acompanhar as atrocidades da barbárie, do
arcaico, do primitivismo, e do prazer pelo simples gosto de matar. O
homem é o único animal que mata por prazer, diferente dos animais
que matam para matar a fome.
50
No seu estado de inconsciência estão convictos de fazer valer
a morte e em nenhum momento a vida. Não existe qualquer tipo de
dúvida sobre o que vão fazer, até porque estão cumprindo ordens e
nunca lhes foi permitido questionar ou perguntar os motivos de tais
procedimentos, todos foram condicionados a obedecer sem
questionar. Assim colocamos os adereços na pulsão de morte, uma
mente sem consciência programada para matar, seres marchando a
caminho da carnificina humana.
O poder é um gozo que propicia a satisfação sádica de ter o
domínio e o controle da vida dos outros, após a dominação de um
povo, ou de uma cultura, lhes é autorizado a prática sádica de impor
sofrimento e dor aos dominados. Alguns conseguem sobreviver porque
aceitam as regras e as condições do opressor, e desta forma, precisam
negar a sua natureza humana, e também realizar práticas que são
abomináveis à raça humana.
No domínio e com a institucionalização do poder, sentem-se
autorizados a humilhar e explorar as pobres vítimas de seu sadismo.
Desta forma a ideologia impõe as condições para deixar que continue
vivo, por exemplo, seguir as diretrizes do sadismo. A educação ao
fazer-se opressora, transforma o ato pedagógico naqueles que são
oprimidos. Os educadores precisam tomar consciência sobre estas
neuroses, psicopatias, fobias, medos, desânimo, apatia, pois eles
bloqueiam a expressão da potencialidade da aprendizagem.
O poder público, as secretarias de educação, direção, e outras
formas de liderança devem solidarizar-se com este tipo de sofrimento,
propondo ações concretas de projetos de formação continuada,
atendimento analítico, terapia analítica de grupo, grupos de estudo
sobre os tipos de dor e sofrimento psíquico, estas realidades
emocionais interferem e podem prejudicar a qualidade do ensino. E
não só isto, os educadores devem sair desta condição alienante de ficar
esperando, sem nenhum tipo de esforço e organização, o que seria
uma fantasia. Na união os colegas podem encontrar as forças para
conquistarem a implementação destas ações.
Se realmente desejam a saúde psíquica no âmbito escolar,
não somente para o corpo docente, mas para os alunos também,
51
alunos e professores devem sair deste quadro de desânimo e apatia. O
pessimismo, as queixas, a tristeza, a raiva, a falta de motivação,
prejudicam a ambos nos resultados da aprendizagem. Este é um dos
problemas mais graves da escola, fazer com que os educadores
conscientizem-se de que a baixa qualidade da educação prejudica a
ambos, toda a comunidade sai perdendo com este tipo de alienação.
Sem dúvida um bom salário é fundamental para a carreira
docente, um plano de saúde, mas estamos comentando sobre a
questão da promoção e prevenção da saúde psíquica dos educadores.
Porque a neurose é a essência de uma crença limitante, que impede o
desenvolvimento do potencial criativo, portanto qualquer pessoa sobre
o domínio de uma neurose benigna ou maligna, sofre as consequências
de um esgotamento físico e psíquico.
Estes conflitos inconscientes distorcem a verdade sobre si
mesmo, este estado de inconsciência desencadeia toda uma série de
atitudes destrutivas em relação ao seu ato pedagógico e na sua vida. A
única maneira de sair deste sofrimento depressivo e apático é entrar
em contato com estas emoções e dialogar, porque ao tomar
consciência sobre o estado de alienação social e cultural, consegue
reerguer-se.
Por isto mesmo somente através da dialética conseguimos
tomar consciência do estado de acomodação, sair da condição da
queixa e vítima e assumir-se na existência com responsabilidade.
Reclamar ou criticar o sistema educacional sem um planejamento
pessoal e do seu corpo docente é um desgaste de energia e uma
grande perda de tempo. A reflexão analítica consegue levar o educador
a reencontra-se consigo mesmo, quando consegue elevar sua
autoestima, valorizar e resgatar o seu potencial de educar.
Esta dialogicidade interpõe-se entre os condicionamentos dos
medos, e o resgate da capacidade de organização dos pensamentos.
Somente o ativismo político, a vigilância e controle dos educadores,
não conseguem elevar a condição da autonomia e liberdade do ato
educativo que tanto merecem. A terapia de grupo analítica ou a análise
pessoal são caminhos de autodescoberta de potencialidades
52
adormecidas pela opressão das neuroses representadas pelos medos e
ansiedades.
A única maneira de libertar-se das forças opressivas é
tomando consciência do prejuízo e dos bloqueios que indiretamente
influenciam a vida de cada educador. O educador deve estar
convencido e decidido a sair desta condição de autodestruição para
rejuvenescer em alegria e satisfação. Consciente das emoções e
pulsões pode livremente tomar decisões mais produtivas na vida, pois
sai de uma condição de espera, e procura forças para realizar seus
objetivos.
Neste momento o educador enfraquece a ação nefasta das
neuroses, retoma com segurança e satisfação tudo aquilo que lhe é de
direito, a prática da justiça e da busca ininterrupta pela qualidade de
vida, e em consequência disto a valorização da educação. Uma ação
depende da outra, ou seja, a subjetividade encontra-se voltada para a
realização dos sonhos, levanta-se e com os olhos no futuro, caminha na
direção da realização dos sonhos, esta consciência realiza uma
metamorfose no modo de viver, e indiretamente as mudanças
acontecem no fazer pedagógico. Esta subjetividade está
comprometida de fato e sem nenhum tipo de hipocrisia e mentira, os
alunos sentem a nova atmosfera de satisfação e realização pessoal do
educador.
Neste ambiente humanizado, onde os educadores
encontram-se unidos e compreensivos sobre a realidade educacional,
podem direcionar seus pensamentos para uma reflexão comprometida
com a educação de qualidade. Falar ou viver a educação é resgatar a
autenticidade, o educador precisa de liberdade para estar seguro na
sua prática pedagógica. Esta dimensão pedagógica e metodológica da
educação precisa de embasamento teórico e muito estudo.
Este tipo de educação tão sonhada e desejada somente vai
acontecer quando os educadores começarem a revolução pessoal, e
no coletivo buscam forças e pressionam o poder público para
desenvolver ações no sentido de atender as suas exigências. É uma
prática coerente e verdadeira, os princípios desta transformação estão
53
baseados no comprometimento do educador com uma educação
voltada para o desenvolvimento da potencialidade dos alunos.
Consciente do seu papel na educação, sua ação de amor é
transformada em mudança, antes de qualquer proposta, a vida do
educador precisa encontrar a paz e o compromisso com a sua
felicidade. O ato de defesa do organismo aparece nos sintomas
existenciais e psicossomáticos, esta opressão do desprazer na
educação aparece na insatisfação, estas duas formas de agressão
incluem-se no ato pedagógico, por um lado o corpo sofre com uma
carga horária de sessenta horas de trabalho, inconsciente de sua ação e
na mesma intensidade o organismo vive esta agressão.
Esta atitude de resgate do prazer em educar, somente torna-
se possível através de uma nova consciência, pois esta dor, mágoa,
ressentimento transforma-se em sintoma no organismo. Este
sofrimento precisa de uma resposta, não é possível continuar a educar
com dores no corpo, este mal estar psicossomático impede o educador
de viver com saúde e ser feliz. Acredito que necessitamos de uma
revolução urgente na educação, sem o prazer e a satisfação a
aprendizagem encontra-se prejudicada e em alguns casos
comprometida.
A doença e as neuroses impedem a qualidade de vida do
educador, é um direito do educador lutar contra toda forma de
alienação e exploração de força de trabalho. O seu compromisso em
educar com amorosidade e ternura fica prejudicado, então nos
perguntamos: O que fazer de fato para resolver esta situação? Deveria
existir um espaço na escola para tratar a saúde do professor, e uma
organização capaz de exigir das autoridades públicas um salário digno
para a categoria.
Não temos como exigir qualidade na educação sem um
salário justo e digno, por outro lado é preciso ajudar o educador a sair
da condição alienante e descomprometida. O estado aqui
representado pela mãe protetora, não pode abandonar os filhos a
mercê da sorte, por isto mesmo a sociedade deve também cobrar do
poder público, ações concretas para a melhoria da educação.
54
Sem estas condições, o educador, salvo raras exceções,
continuará lamentando-se neste mar de lamúrias e queixas
intermináveis, precisamos acabar com este desconforto, o ambiente na
escola deve ser de entusiasmo, motivação, cooperação e
produtividade. O educador deve buscar e jamais desistir do direito
alienável de ser realizado e feliz na prática educativa, infelizmente o
poder político e suas ações desastrosas oprimem e retiram da escola
esta condição, e depois como uma mãe perversa critica e culpa os
professores pelo mal resultado na aprendizagem.
Não existe nenhum tipo de humanidade, porque o lado
humano é explorado e idiotizado, encontra-se a serviço da ideologia de
uma classe política descomprometida com a educação. Resta-nos
somente uma alternativa, união, compromisso, fiscalização, para
cobrar e exigir mudanças rápidas e eficazes na educação. Os órgãos
educativos utilizam ameaças, violência, vigilância, autoritarismo, com a
finalidade de retirar a capacidade de organização e luta de alguns
líderes, aqueles que ainda possuem consciência sobre a necessidade de
organizar-se e sair da condição de sofrimento e dor.
Os educadores devem unir-se e saber que o único modo de
sair desta condição é através da reivindicação dos seus direitos. Porque
quando a escola não oferece as condições mínimas para educar,
podemos entender que existe um descompromisso com a educação.
Este é um tipo de violência que consegue deixar qualquer pessoa
estressada e depressiva, este tipo de ambiente retira todo e qualquer
desejo de educar, com estas ações o poder político por vias indiretas
consegue seu objetivo. Que não aconteça a aprendizagem.
Por isto mesmo, os educadores precisam tomar consciência
sobre o que está acontecendo na escola, e das interferências políticas
destas ações governamentais que acabam prejudicando e
comprometendo os objetivos a serem alcançados na educação.
Ninguém pode fazer no seu lugar, aquilo que é de competência de cada
um, a primeira decisão é estar consciente e querer sair da condição de
sofrimento. Com o tempo corre o risco de acostumar-se e achar que
esta situação de tristeza e doença é normal.
55
Esta libertação precisa da autorização interna, e em conjunto
com outros colegas procurar este caminho de libertação. A inteligência
emocional aliada à cognitiva pode favorecer ao professor uma
integração entre o ato pedagógico e a qualidade de sua existência. A
contradição é transferir esta indignação aos alunos e pais, esta seria a
maior das injustiças, pois para superar este momento difícil na
educação os educadores precisam da comunidade escolar. As famílias
devem sofrer também um processo de conscientização, sobre a
importância de sua presença na escola e de estar ao lado das lutas dos
educadores.
Que esta nova proposta na educação, inclua uma
aprendizagem capaz de proporcionar ao educando prazer em estudar,
este aluno seria capaz de entender a importância e o valor do
conhecimento, para ajudar na melhoria de uma sociedade mais justa e
igualitária. Este aluno poderia comprometer-se também nesta grande
missão, melhorar ainda mais a qualidade da educação de sua escola.
Então, poderemos aceitar a ideia de que é possível, professores, alunos
e pais estarem unidos em torno de um mesmo objetivo, resgatar a
capacidade de proporcionar prazer em ler, estudar e aprender.
O professor não pode continuar se diminuindo e achar-se
culpado do baixo rendimento na escola, ou seja, qualquer ação de
opressão aos alunos, como expulsão, autoritarismo, ameaças, podemos
considerar como uma identificação com o agressor. Por repetição,
segue os mesmos métodos que o aparato educacional conseguiu
internalizar na sua vida pessoal. Quando o educador se der conta deste
compromisso pessoal e não delegar ao poder político, poderemos nos
alegrar, porque neste momento está nascendo um novo tipo de
educação.
Agora conhece a sua força e sem medo de encarar a
realidade, encontra na união a força capaz de transformar em
realidade os seus desejos. Esta mudança precisa de uma consciência
capaz de viver em saúde, do resgate da autoestima, de começar a
valorizar-se na sua profissão. Tudo parece ser um sonho, ou mera
divagação, mas não é, todos os educadores sabem de suas
56
dificuldades, mas isto não nos impede de pensar numa educação que
atenda aos anseios e desejos da comunidade escolar.
Ao reconhecer-se como alguém de valor, começa a acreditar
na transformação de sua maneira de pensar, ser e agir. A superação
dos medos acontece no enfrentamento deste tipo de realidade, a falta
de coragem, o desânimo, o pessimismo, a tristeza, a depressão, são
emoções que tolhem e impedem a transformação da educação.
Mesmo estando inseridos neste lugar é preciso lutar para sair desta
condição de queixa e buscar alternativas de solução.
Estes medos são as armas destrutivas, porque conseguem
terminar com qualquer tipo de iniciativa, medo de ser perseguido,
medo de ser transferido, medo de ser demitido, medo de não ser
aceito, enfim estas emoções provocam a estagnação, a rotina, mas esta
mesma prática pedagógica volta-se contra o educador. Descontente e
insatisfeito torna-se inseguro nas suas práticas educativas, este tipo de
ambiente educativo foi criado por alguém, esta pedagogia não caiu do
céu, e não é obra do acaso.
A educação deixa de cumprir com o seu objetivo quando não
existe um compromisso com a qualidade da aprendizagem, porque na
falta do conhecimento, deixamos estes alunos a mercê das ideologias,
sem consciência crítica e vulnerável pela falta de conhecimento, é uma
presa fácil para as facilidades da sociedade moderna. Sem objetivos e
descrentes tornam-se pessoas insatisfeitas dentro da escola, e
emocionalmente inseguras para enfrentar a triste realidade de nossa
sociedade.
Devemos pensar sobre a formação deste novo tipo de
homem, começamos a elaborar um novo método de aprendizagem que
não inclua a humilhação, a violência e os abusos de autoridade. O ato
educativo deve ser de respeito, de tolerância, de eficiência, para
entender a apatia, o desânimo, a falta de iniciativa e curiosidade no
sentido de aprender.
É preciso criar um ambiente onde o conhecimento seja útil e
importante na vida do aluno, ninguém deve ser coagido a aprender
algo inútil, esta obrigação é uma violência, sendo assim esta
metodologia segue as diretrizes do autoritarismo, resquício dos mais
57
de vinte anos do regime de recessão. Sem voz e vez, o silêncio da cópia
em conjunto com a aceitação incondicional desta atitude, torna os
alunos pessoas dóceis e bem adaptadas, que não incomodam e muito
menos perguntam, jamais ousam questionar e obedientes fingem que
gostam daquilo que não conseguem aprender.
Um educador que tem como diretriz esta prática pedagógica
não pode ser chamado de professor, pois ao implementar este
método, proíbe e impede a aprendizagem, comete um ato de violência
contra si mesmo, inconsciente de sua ação não percebe que está
impedindo alguém de aprender a gostar de estudar. Temos que nos
afastar do controle burocrático, o excesso de normas, regras, leis, que
tem o poder de retirar a criatividade e a iniciativa, esta rigidez afasta o
aluno de qualquer condição de curiosidade em aprender.
Trata-se de condicionar pelo ato burocrático uma obediência
irrestrita que retira o desejo de educar, neste tipo de ambiente
tornamos as pessoas domesticadas. Infelizmente a educação ajuda a
desumanizar e torna as pessoas insensíveis, consumidos pelo medo
recaem no individualismo, sozinhos e isolados permanecem numa
escola onde não existe a mudança. Para podermos pensar num novo
tipo de escola deveremos recuperar a capacidade de amar a nós
mesmos. Quem não tem capacidade de se cuidar, como pode amar e
cuidar do seu aluno?
A autenticidade de um educador depende de sua posição
clara e objetiva, de experiências criativas e originais para pensar à
educação. A solução da educação não está na mudança de cargo, ou
nas gratificações recebidas para modificar sua maneira de pensar. A
estrutura institucional convence os líderes a trocarem de lugar e
voltarem a sua antiga prática educativa.
Como conviver com as duras realidades do ambiente
educacional e estabelecer os limites para os agentes da educação?
Este sempre será o grande dilema dos líderes na educação, consciente
ou inconsciente acabam utilizando recursos repressores para dominar
e coibir qualquer tipo de manifestação que contrarie os objetivos do
estado. É uma democracia de mão única, sempre favorecida pelo poder
58
político, jurídico e legal que impõe a lei e a força para manter a ordem
de uma ideologia falida.
Os professores acuados diante de tamanha violência acabam
por retroceder, impotentes não possuem o poder de fogo das armas
bélicas e das baionetas empunhadas pela força militar. Diante das
ameaças retrocedem e aceitam cabisbaixos as suas minguadas
conquistas. A educação nutre e alimenta o desenvolvimento das
inteligências, esta grande massa pensante é capaz de fomentar a
iniciativa de novas formas de desenvolvimento tecnológico e cultural. A
educação surge como a força capaz de produzir riquezas, onde todos
os cidadãos possam sentir-se livres para buscar as soluções para a sua
sobrevivência.
59
1.4 - A realidade psíquica e emocional dos educadores.
61
mesmo não vai medir as consequências dos seus atos, de perseguir os
colegas e de prejudicar se for necessário.
Seduzido pelo poder atira-se nesta busca desenfreada de
cargos e salários, seu compromisso não está atrelado a sua classe
profissional, mas no aumento de seu ganho econômico, desta vez
assume por completo a proposta do capitalismo excludente e
explorador. Existir para esta classe de professores é alcançar seus
salários e não interessa os prejuízos ou as consequências das suas
escolhas. Não param para refletir sobre a sua decisão, inconscientes de
sua atitude, não percebem a prática egoísta e narcisista, e confundem-
se com os representantes da burocracia estatal e do controle do poder
sobre as mentes dos colegas.
O seu ato pedagógico é autoritário e falso, esta
incongruência, mostra a falta de humanização. E muitos usam da
política para não sair mais do poder, entende como humanização o seu
bem estar, e todo colega que questiona este tipo de prática na
educação é tido como desobediente e problemático. A neurose serve
para aqueles que não seguem as regras da burocracia estatal.
Inconsciente de sua atitude acaba prejudicando a execução de toda
uma transformação na educação.
O egoísmo narcisista impede a transformação de si mesmo e
da realidade educacional, pois a condição de ser mais, depende de ter
mais, sem este desafio é impossível sonhar com alguma mudança na
educação. A coragem de ser é condição para avançar em busca de
conquistas, porém devem estar preparados para lidar com as invejas,
ciúmes e trapaças. Os burocratas da educação têm que vigiar e punir os
educadores que pensam com autonomia, e perseveram no desejo de
viver com mais dignidade.
A psicanálise humanista acredita que a liberdade de
expressão e a autonomia levam à humanização, qualquer forma de
pressão, cobrança, manipulação, tem como única finalidade encaixotar
a mente dos educadores dentro de uma política de obediência e
submissão. Interessante, são os educadores que sedentos de poder
utilizam este espaço para tornarem-se sádicos e destruir todo e
qualquer projeto que motive a transformação.
62
Existe este tipo de prazer nas lideranças dos burocratas,
sentem-se realizados quando conseguem tornar servis e idiotizar toda
uma classe de educadores, estão imbuídos deste propósito, tornar
possível a repetição e retirar da pedagogia qualquer intento de
criatividade. Quando o educador sente medo, e cala-se diante do
perverso, aceita incondicionalmente este ranço autoritário, o traço
sádico é ainda resquício de uma educação tradicional, e
descomprometida com a classe dos trabalhadores em educação.
Ao transformar o educador num operário de mão de obra
barata, não levam em consideração seu curso superior, ou o
investimento nos estudos na sua área de conhecimento. Pode existir
atualmente certo exagero nas minhas observações, mas ainda penso
que são fidedignas à realidade. O sádico precisa do poder para sentir-se
superior, seu único amor está no compromisso de tornar o colega
submisso às suas ordens.
Este desejo sádico de dominação mata qualquer iniciativa de
transformação, por isto mesmo entendemos o marasmo e a repetição
sem inovação na educação. Todo o ensino de formação de professores
também carrega esta ideologia, as universidades estão comprometidas
com o ministério da educação, e seguem a risca as ordens impostas
pelo aparato repressor. Com todo este poder em cima dos educadores
a transformação é quase inexistente, o objetivo é matar a curiosidade e
estagnar a educação dentro dos padrões estabelecidos pelos órgãos
governamentais.
É desta anarquia que devemos refletir e nas lutas dos
professores por melhores condições de ensino e salário. Talvez um dia
os educadores possam conscientizar-se de sua grandeza, e todos
possamos tornar realidade este sonho. Nenhum programa político
contempla nas suas ações o combate ao analfabetismo de trinta e seis
milhões de brasileiros. Queremos alertar toda a classe de
trabalhadores na educação para este flagelo social, porque a violência
e a exclusão passam pela repetência e má qualidade na educação.
O educador não pode ser um mero expectador na aceitação
incondicional desta alienação, porque na convivência com os alunos
percebe também o sofrimento e a luta pela sua sobrevivência, a escola
63
deveria ser um ambiente para pensar sobre este estado de marasmo e
apatia. Nesta apatia o aluno reflete aquilo que a escola conseguiu
internalizar nas mentes, esta displicência em relação à aprendizagem. A
falta de compromisso e interesse em estudar está relacionada ao
desprazer que sente ao encarar os estudos.
Este traço melancólico e irresponsável do aluno em relação
aos estudos não está atrelado a condição de ser brasileiro, mas ao
estilo de educação autoritária que retirou a liberdade de pensar e ser
na sala de aula. Esta cultura do quadro negro, da cópia dos conteúdos,
idiotizou os alunos, a decoreba, e outras formas sutis de provar ao
aluno que ele não sabe, segue as diretrizes e regras dos burocratas da
educação.
O problema da educação consiste nesta situação de
alienação, enquanto perdurar o continuísmo deste tipo de pedagogia
estaremos sendo coniventes com o modelo autoritário de cima para
baixo. Algumas pessoas procuram explicar que esta situação é vontade
de Deus, procuram trazer para a educação práticas místicas e
esotéricas, com o objetivo de convencer os educadores do valor do seu
sofrimento. Pois tamanha devoção na educação pode depois da morte
ser recompensada com a vida eterna.
O educador quando está em análise percebe que precisa sair
da alienação, digo dependência, ao resgatar a autoestima consegue
confiar na sua inteligência, o resgate da humanidade precisa de um
ambiente acolhedor para que não aconteça a regressão ao estado
anterior de apatia e desânimo. Existe a tendência de retornar ao
estado anterior, a neurose consegue convencer a sua vítima, graças a
estratégia de oferecer o sofrimento e a dor como uma forma de prazer
masoquista.
Quando o educador encontra-se alienado, a neurose
permanece na artificialidade, aprendeu a esconder muito bem os
medos, a representação deste “falso self” mostra a falsidade de suas
ideias, esta mesma máscara representa a perversão e a incongruência.
Quando os professores eram alunos ouviram dos mestres que não
sabiam nada, não tinham capacidade para realizar mudanças, que não
64
podiam fazer nada diante da realidade social e política, deveriam
aceitar a realidade como ela se apresentava.
Convencidos por esta pedagogia acreditavam realmente na
incapacidade de realizar qualquer tipo de mudança, sabem utilizar o
discurso de vítima para fugir do confronto com a dura realidade de si
mesmo e da educação. Por fim estão convencidos de que realmente
são improdutivos e culpados por toda esta ineficiência. Aprenderam a
ouvir a voz das autoridades, dos doutores, porque na sua apreciação da
realidade encontra-se a verdade. As convenções e as leis devem ser
seguidas a risca, e ninguém deve desaprovar ou questionar este tipo de
verdade.
Inconscientes da ação nefasta continuam a afastar cada vez
mais os alunos do desejo de aprender, este é o problema da
incongruência, ao falar, defendem os alunos e a escola, mas na ação
pedagógica reprimem qualquer manifestação de autonomia e
questionamento. O mesmo acontece quando os estigmas sobre os
educadores são propagados pelos meios de comunicação, tais como:
descompromissados, preguiçosos, falta de preparação científica, e
outros tantos estereótipos.
Sem confiança, segurança emocional e satisfação, jamais
vamos conviver com educadores que procuram a transformação. Ao
sentir-se inferior compreende que não deve lutar pelos seus direitos,
passa então, a aceitar sua condição de submissão, quanto menos
consciência sobre seu estado de inconsciência mais dominação e
depressão. Esta passividade é própria de quem encontra-se numa
situação de vulnerabilidade, por isto é muito comum a falta de
motivação para qualquer atitude de mudança.
Erich Fromm foi um dos psicanalistas humanistas que
comentou sobre o estado de alienação, porque na falta de satisfação e
segurança emocional decidem por destruir-se no mais completo
abandono. Para lutar e enfrentar os desafios da existência é preciso
confiança, autodeterminação, coragem, criatividade, dinamismo,
qualidades fundamentais na vida de qualquer educador, pois na falta
destas qualidades, observamos a tristeza, desânimo e pessimismo.
65
Esta descoberta não acontece somente pela reflexão
intelectual, mas emocional, este novo aprendizado do diálogo,
pressupõe maturidade e segurança para acolher os diferentes tipos de
opiniões e de visão de mundo. Um diálogo que procure a paz, a
comunhão, a solidariedade, e não confundir com discussão de ideias e
brigas bilaterais. O educador deve estar preparado emocionalmente
para absorver toda frustração e desencanto, e aproximar os colegas
para comungarem num novo projeto de educação.
Este método dialógico pressupõe a igualdade nas relações,
ninguém é superior, ninguém tem a verdade, esta reflexão sobre a
educação acontece a partir da experiência de vida. Ao admitir sua
humanidade, tem a nítida pretensão de ser mais, e jamais admitir a
hipótese de ser massa de manobra. Este ambiente de diálogo deve ser
acompanhado de uma prática pedagógica, em conjunto são capazes de
aprender com as experiências, todos compreendem que esta prática
precisa de uma reflexão.
Sua dependência tem haver com os medos, as crenças
alienantes, consegue enxergar a realidade educacional de um modo
diferente, agora reconhece seu potencial e capacidade de organização,
entende que a violência é apenas a descarga de sua frustração, alguns
trabalhadores na educação podem até procurar uma saída nas drogas
lícitas e ilícitas, uma estratégia inteligente para abafar e reprimir as
emoções de tristeza e culpa.
O diálogo verdadeiro não pode estar condicionado a uma
verborréia de um líder, esta reflexão deve ser descoberta em conjunto,
no respeito e na aceitação do tempo de cada um. Quando o grupo
percebe que é possível a transformação, partindo de suas vidas, esta
práxis passa a ser rotina. Neste ambiente de diálogo ambos conseguem
identificar as mudanças na vida dos colegas. Este mudança não é algo
externo à realidade, acontece de fato na experiência do grupo.
O líder do grupo deve seguir os princípios do ambiente
humanizante, acreditar sempre na transformação do colega, a
paciência deve estar acompanhada da conscientização, qualquer
interferência na fala deve estar acompanhada de respeito e
consideração. O líder deve estar desprovido de verdades prontas, estas
66
descobertas devem ser feitas pelo grupo, este método propicia a
autonomia e a vivência da liberdade de pensar, ser e agir. Antes de
pregar a transformação para os outros deve vivenciá-la primeiro na
atividade pedagógica.
A relação com os colegas deve ser de igualdade, esta ação de
superioridade afasta e isola os colegas da vivência da confiança no
grupo. Quando um dos colegas manifestar desejo de ser manipulado é
preciso imediatamente conscientizá-lo de tal objetivo, o ambiente do
grupo deve proporcionar uma cooperação e não competição. A
reflexão dialógica desperta o potencial de autonomia na forma de ser e
pensar.
Este processo de individuação acontece de maneira vivencial,
à experiência prova a eficiência do método dialógico, porque esta ação
pedagógica propicia a vivência dos valores éticos da humanização, a
liberdade de pensar e ser são condição essencial para retornar a saúde
psíquica. Cada membro do grupo sabe apreciar a comunhão de ideias,
mas tem consciência de que precisa ter suas próprias, ou seja, não
pode ser refém das ideias dos outros. O grupo deve ter esta sanidade
vital, pois saúde emocional tem haver com a confiança, o aprendizado,
o respeito, a ética, e a solidariedade, toda esta vivência resgata o
legado das “humanistas”, um espaço capaz de gerar conhecimento de
si mesmo.
A neurose maligna insiste em proliferar a divisão, a
desconfiança e a falsidade, esta mesma pessoa é refém deste estado
emocional, o grupo deve estar preparado para acolher também a
incongruência e a limitação humana. Nem sempre os diálogos serão
agradáveis, pois em algum momento a pessoa precisa se olhar no
espelho e ver realmente quem é. O grupo pode acolher este tipo de
neurose, e ao mesmo tempo ser o suporte desta pessoa para fazer a
difícil travessia deste estado de incongruência.
Todos do grupo de alguma maneira comungam seu estado de
alienação, a ação inconsciente desta pessoa pode trazer um grande
aprendizado a todos, desta maneira estudam as estratégias de
dominação e manipulação dos burocratas da educação. Neste
ambiente todos retiram a máscara, sem medo mostram a sua nudez, a
67
confiança plena na ética dos valores humanos. Esta é a única maneira
de viver o humanismo.
Tudo isto pode acontecer dentro da educação. Com esta
intenção precisamos acreditar na capacidade do educador, o único
caminho é do diálogo reflexivo sobre a prática pedagógica. Se existir
uma tendência de tornar a terapia de grupo analítica um lugar para
recados, podemos voltar a antiga condição burocrática. Toda a terapia
deve ser conduzida com a finalidade de libertar o educador destas
falsas crenças, precisamos retirá-lo desta condição cultural.
A pior experiência é a dependência emocional da instituição,
existe um grande medo de tornar-se independente, a superação deste
medo passa por uma conquista pessoal, ninguém pode fazer uma
doação ou vendê-la aos colegas, este é um processo de conscientização
onde todos conseguem viver a saúde emocional. Precisamos de um
tempo de confiança, amorosidade, ternura, compaixão de uns pelos
outros, este comprometimento restabelece o valor das relações
humanas, e muito em especial o legado das “humanitas”.
O caminho deste processo de superação não pode ser
realizado através de um belo discurso, mas sim pela vivência autentica
das emoções das pessoas envolvidas no processo grupal. Para que
aconteça a verdadeira revolução, as pessoas precisam antes de uma
revolução na maneira de ser, pensar e agir, para depois ser congruente
e sincero nas propostas e ações. As mentes não são um depósito de
conteúdos, mas uma reflexão capaz de tomar consciência sobre a
realidade e a de seus colegas.
Quando existe a dúvida, a confusão, a perversão, jamais
existirá união, este ambiente de grupo analítico deve proporcionar uma
vivência da ética sustentada na sinceridade, este espaço torna possível
a adesão a este novo projeto de vida. A liderança do psicanalista deve
estar pautada por estes princípios, porque seu compromisso é com a
vivência ética de superação, e no seu acordo com a saúde psíquica.
Muitos talvez se utilizem das falsas mentiras, e do
preconceito para vender uma imagem negativa da psicanálise, não
esqueçam que os mesmos métodos utilizados para manipular e alienar
também podem ser utilizados contra as ações desta liderança de
68
grupo. O que não pode acontecer é o grupo servir aos interesses de
manter os educadores submissos, alienados e servis à exploração e
manipulação do aparato burocrático do poder estatal da escola.
Os educadores devem assumir-se nesta busca pela
humanização, mas para que este objetivo possa ser alcançado é
importante a sua participação, alguém deve alertá-lo da
responsabilidade sobre a sua qualidade de vida. Esta consciência não
busca somente aumento de salário, mas sabedoria, coragem,
criatividade, para poder realizar seus sonhos. E um deles é deixar de
ser escravo das ideias dos outros, porque neste caso precisa matar a
sua autenticidade, a sua autonomia, abdicar da liberdade de pensar,
sendo assim este educador escolhe matar o potencial de vida.
Toda pessoa infeliz e insatisfeita propaga ações destrutivas, é
preciso recuperar a capacidade de satisfação e realização dos sonhos,
esta decisão reacende o desejo de amar a vida em toda sua expressão.
Temos que resgatar os valores humanos, porque sem autoestima
assume a condição de coitado e miserável, para sair desta condição de
desumanização é preciso conquistar a dignidade de pessoa humana.
Esta é uma das exigências, sair de um discurso pessimista e derrotista
para uma condição de confiança e esperança de suas conquistas.
O processo de conquista desta condição humana passa por
reconhecer sua alienação, consciente desta destruição, pode dirigir
forças psíquicas para a plena recuperação. Não existe outro caminho
senão a vivência em grupo do resgate da autoestima, da valorização, da
sensibilidade, da amorosidade, para sair do modelo de educação
autoritária e manipuladora de mentes e pessoas. Esta nova relação de
diálogo, respeito e ética é o caminho mais seguro para a mudança.
Quem possui consciência deixa de ser sádico e não consegue
buscar seu prazer na destruição dos colegas, pois o método analítico de
terapia de grupo interpreta a dinâmica inconsciente dos desejos
latentes. É próprio de cada um defender as suas verdades, mas estas
interpretações podem estar equivocadas, e depois de um tempo
entendem que se trata de uma grande mentira, esta decisão de
descobrir a verdade é um ato de coragem.
69
Ao mesmo tempo a saúde emocional recusa-se a continuar
num caminho de perda e destruição, quem procura a terapia de grupo
analítica é porque não tem bem claro o sentido de sua existência, e por
outro lado sua vida encontra-se nas mãos dos outros, quando perde a
autonomia, pode tornar-se submisso e sofrer todos os tipos de abusos.
E na sua essência a consciência precisa deste método para encontrar-
se consigo mesma.
O psicanalista deve estar comprometido com os objetivos do
grupo, educador e psicanalistas devem estar unidos num único
objetivo, de conhecer-se em profundidade, porque ambos na sua
humanidade podem descobrir uma nova realidade, possuem a
capacidade de transformar-se, desta forma a presença dos educadores
na terapia de grupo analítica propicia a reconquista do amor pela
educação.
70
1.5 - O conceito de neurose na educação, uma reflexão crítica sobre
seus prejuízos na aprendizagem.
71
A educação não acontece, pois não existe transformação e
sim cópia e repetição, em nome do medo e do poder, o silêncio acaba
por ser a tópica destes ambientes educativos. Esta prática pedagógica
aliena porque ajuda o aluno a não gostar da escola, entediado e
revoltado começa as represálias, tais como: não copiar a matéria, ficar
conversando, faltar às aulas, enfim ninguém sai ganhando com este
tipo de enfrentamento, todos perdem, pois a educação procura
alcançar a aprendizagem, e no final consegue a evasão escolar e a
repetência.
O bom aluno é aquele que sabe repetir de memória as
fórmulas e conceitos teóricos, seus cérebros servem de espaço para
esta enormidade de informação sem sentido e nexo, mas como todos
devem saber, obrigam-se a memorizar e repetir as mesmas fórmulas e
palavras nas provas. Todos estão preocupados em memorizar os
conceitos e fórmulas sem relação nenhuma com as dificuldades
pessoais, tais como: fome, miséria, desemprego, problemas familiares,
drogas, sexo, revolta e indignação.
Ainda bem que ainda conseguem expressar estas emoções,
justamente porque não veem sentido naqueles conteúdos em relação
às dificuldades pessoais. Desta forma o educador cumpre com o papel
de impor e obrigar a todos a interessar-se por conteúdos desconexos
da realidade, pressionados a memorizar sem questionar e depois
reproduzi-los sem modificação, torna-se um cérebro mecanizado
aprendendo a reproduzir sem entender o que está sendo escrito. Este é
o problema da memorização.
Esta concepção na educação torna estes alunos dóceis,
submissos, bem treinados para obedecer, sem entusiasmo pela
aprendizagem mostram-se apáticos, indiferentes e silenciosos, estão
condicionados a reproduzir as exigências do professor. Infelizmente
este homem vive e bebe desta fonte, passivo e sem iniciativa, salvo
raras exceções, transferem para a existência o modelo de
aprendizagem de medo, no silêncio é obrigado a burlar a ordem
estabelecida para poder ser diferente.
Como a escola pode exigir dos alunos criatividade,
dinamismo, autonomia, iniciativa, curiosidade, alegria, determinação?
72
Seu método distancia-se dos alunos, impõe um modelo autoritário,
distante, com um amontoado de informações, que talvez o próprio
professor se questione sobre a sua utilidade. Mas como ninguém
pensa, pois qualquer um que ouse questionar ou criticar pode ser
tachado de problemático, revoltado, além disso, existe a punição de ser
suspenso ou expulso.
Então, muitos fazem uma opção pela evasão escolar, porque
ninguém pode desenvolver suas qualidades num espaço onde não
existe liberdade para ser, esta prática pedagógica talvez seja resquício
do modelo autoritário do regime militar. A pedagogia da escola é
ensinar a ser obediente, não pensar, mas obedecer ordens, acreditar
em tudo sem questionar, uma espécie de robô programado, tal qual
um soldado. A escola deveria ser um ambiente da novidade, da
liberdade de expressar questionamentos e de ser ele mesmo.
Um modelo de educação pragmático, os burocratas estão
preocupados com a quantidade de informação depositada no cérebro,
não existe uma preocupação efetiva em relação à formação do caráter,
da sua capacidade de comunicação, de liderança, da arte, da música,
estas habilidades não podem ser levadas em consideração no
momento da avaliação, e assim depois de um ano de estudo todos
concordam em reprovar um aluno, e fazê-lo repetir porque não
conseguiu um ponto para alcançar a média em matemática.
Minha reflexão baseia-se neste tipo de injustiça, vítimas de
um modelo de educação que super valoriza a memorização e despreza
os valores e qualidades humanas, todos são unânimes em defender
este modelo pedagógico centrado na decoreba, porque devem
prepará-los para enfrentar o vestibular. Mais uma vez a sociedade na
sua hipocrisia, eleva aqueles que conseguiram reproduzir os
conteúdos, chama de ignorantes aqueles que não conseguiram
memorizar e decorar fórmulas e conteúdos para passar no vestibular.
O ministério da educação com suar normas, leis, decretos, os
burocratas do ensino, impõe ao sistema educacional um modelo de
cima para baixo, e todos estão felizes e contentes, pois nos discursos
falam de transformação, e na prática a educação encontra-se a beira da
morte. Neste modelo de educação encontramos os que detêm o
73
conhecimento, e os que aprendem porque não sabem, e desta forma é
sempre o outro o ignorante.
Os educadores acreditam que os alunos não sabem nada, e
neste distanciamento não existe aproximação e empatia entre
educador e educando.
74
Parte II
77
Quem poderia viver neste modelo de repetição e memorização,
compreender, copiar e reproduzir para passar de ano ou no vestibular?
São muitos os questionamentos que nos levam a entender
porque o aluno não gosta da escola, ou quais seriam os motivos de tal
evasão, talvez estes cidadãos encontraram outro lugar onde pudessem
aproveitar melhor o tempo. Desculpe, mas ficar numa sala de aula
copiando matéria para depois reproduzir na prova, como condição
básica para passar na disciplina, e depois receber o tão almejado
diploma é extremamente cansativo. Quem poderia ter desejo para
aprender num ambiente viciado pela estagnação e repetição?
O professor procura ser eficiente porque demonstra
excelente memória, todo conteúdo depois de anos de prática
encontra-se armazenado na mais perfeita ordem. Os alunos por sua vez
devem ser passivos e aprendem a memorizar os conteúdos, seu
cérebro é um depósito de conhecimento que deve ser usado para
responder as questões da prova. De acordo com a nota que recebe, a
educação deduz se é burro ou inteligente. Inteligência na educação
tem haver com decoreba e reprodução.
Algo está errado e não alcançamos nossos objetivos, porque
os alunos fazem bagunça, conversam entre eles sobre a namorada ou
futebol, fingem que estão atentos e quando o professor vira-se para o
quadro, inicia-se a famosa conversa paralela. O que está acontecendo
na educação? Quem é o mais insano? Aquele que impõe este modelo,
os aqueles que boicotam e lutam para não tornarem-se idiotas e
imbecis? A educação tornou-se um lugar de violência. Perguntamo-nos:
Existe maior violência do que sentir-se obrigado a estar num lugar onde
não encontra sentido e significado e muito menos prazer?
Se vamos falar de violência este tipo de abuso pode ser
caracterizado como um ato de enfrentamento, de disputa de poder, de
punição, de humilhação, de repetência, de notas baixas, de não ter
aproveitamento, de não participar nas aulas, de não entregar os
trabalhos, de não fazer as leituras, enfim todos os “nãos” simbolizam o
boicote a este tipo de educação autoritária e distante da realidade do
aluno. Quando não existe interesse, desculpe, mas existe interesse em
não fazer parte deste tipo de método de aprendizagem, esta atitude é
78
um repúdio pela falta de sentido desta educação que não atende aos
desejos dos alunos e talvez também dos professores.
Os professores às vezes encontram-se desolados,
entristecidos, raivosos pela violência que sofrem das más condições de
trabalho, da falta de material didático, dos recursos tecnológicos, dos
baixos salários, da carga horária excessiva, da falta de atualização na
sua área de conhecimento, enfim, são várias as violências psicológicas
e emocionais que sofrem, porque também estão obrigados a despejar
o conteúdo aos alunos independente se aprovam ou não este método
pedagógico.
Todos devem seguir esta determinação rigorosa, aqueles
conteúdos devem ser repassados dentro daquela carga horária,
estressados, cansados, fazem o que podem para sobreviver num
ambiente onde a maioria adoece. Ainda bem que o estado tem um
“ótimo” plano de saúde. Porque sabem que o organismo não suporta
esta violência, o único modo de continuar na sobrevida é com ajuda de
medicamentos. A violência de um lugar que encontra-se viciado pela
imposição autoritária do medo e da punição.
Como pode haver conhecimento quando ambos encontram-
se distantes do prazer em aprender? Podemos memorizar conteúdos,
mas esta aprendizagem deve ser precedida de satisfação e realização,
neste caso a educação começa a fazer sentido e significado na vida das
pessoas. Professor e aluno são vítimas deste processo
institucionalizado, uma vez que o ato de educar está acompanhado de
vigilância e controle. Onde não existe liberdade para aprender, como
pode acontecer este ato de responsabilidade com a produção de
conhecimento?
Uma vez que o conhecimento deveria ser a prioridade da vida
de ambos, infelizmente encontra-se distante porque não encontrou
sentido neste tipo de educação. O professor é participe desta prática,
ambos não gostam de ler e aprender, sua participação é por
convocação, pois se tivesse a liberdade de decidir não participaria, ou
seja, quanto menos estiver presente na escola melhor para ambos. O
problema da obrigação é uma violência contra a vivência do prazer,
não desejar é estar distante do ato de aprender.
79
Quando os problemas começam a tomar conta da vida dos
alunos e professores, nos perguntamos: Para que serve uma educação
que não nos ajuda em nada? Que liberdade é esta quando o professor
está sendo vigiado e controlado pelo seu supervisor? Quando o seu
colega diretor impõe e não dialoga, seu desespero é tamanho que
vende sua dignidade por um cargo de confiança. Ninguém confia em
ninguém, todos encontram-se encurralados nesta prisão ideológica, os
grupos se unem e fazem o mínimo na esperança de que o tempo passe
depressa e depois possam aproveitar com a aposentadoria.
Para onde caminha a educação? Quando alguém não é dono
do seu fazer pedagógico o que podemos esperar dele? Bom, se é assim,
toda esta condição problemática da educação surgiu do acaso, ou é
uma ação pensada para dominar e tornar ambos obedientes a estas
instituições de comando? Quem está consciente deste processo de
dominação e desprazer? Quem ganha com isto? Por que temos medo
de gente que pensa? De onde surge tanta passividade e submissão? A
miséria dos salários, os baixos índices de aprovação, a presença do
analfabetismo. Como uma sociedade de ditos intelectuais e escritores
acompanham calados este flagelo social?
Estamos falando de violência, esta é a pior das violências,
quando um método pedagógico consegue fazer com que as pessoas
aprendam a não gostar de aprender. O desprazer pela escola, porque
quando existe um feriado ou falta um professor os alunos fazem festa.
Porque ninguém gosta da sala de aula? Esta violência aparece quando
milhões de pessoas não aprenderam a colar e por isto não conseguiram
passar naquela disciplina. Uma violência que ensina a burlar o sistema,
“quem não cola, não sai da escola”. Quem ganha com isto? Por que
muitos alunos saem da escola e não sabem o que fazer com a própria
vida?
E depois esta mesma sociedade condena os alunos que
fumam um baseado, que cheiram cola, craque, cocaína, ingerem álcool.
Porque estes jovens procuram adormecer sua consciência. Esta
anestesia vulgar consegue realmente fazer desaparecer este desgosto
pela sua vida? Qual é o lugar das drogas na escola? Não é onde puxam
o baseado, mas o silêncio dos educadores em ajudá-los nesta difícil
80
tarefa de viver. Qual é a alegria, que tipo de satisfação, realização ou
prazer o ambiente escolar oferece? Se não existe este prazer na
família, na sociedade e tampouco na escola, pode encontrar facilmente
o estado de bem estar e satisfação no consumo de drogas.
Quando a vida é uma droga, qual é o problema de envolver-
se com os psicotrópicos? Drogas lícitas e ilícitas, aquela que tem receita
e está controlada, a outra droga é sem controle e não paga impostos. A
polícia reprime e prende, ameaça, vigia e pune, a justiça toma suas
decisões construindo mais presídios e exigem dos governantes um
maior efetivo de policias para proteger o cidadão. Estamos todos
perplexos quando a diretora não sabe o que fazer com os traficantes
de droga, pois estão aliciando os alunos para vender craque no pátio
do colégio.
Pobres, sem emprego, encontram no traficante uma renda a
mais para comprar o caderno, o tênis, a roupa, esta é a miséria
institucionalizada, exige-se que os alunos sejam obedientes e aceitam o
estado de miséria econômica e educacional, sem desobedecer as leis
da sociedade. A droga é uma química e produz um estado de extremo
prazer e satisfação, todos nós sabemos que é uma ilusão, porém não
podemos esquecer que quando não consegue por competência obter
prazer na existência, talvez faça uma opção pelo caminho da ilusão e
fantasia.
Deste modo, estamos problematizando as questões sociais
que encontram-se dentro da escola, talvez a escola pudesse ser um
ambiente de prazer e não de desprazer, de debate destas questões da
droga de vida, da droga química, enfim começar abrir espaço para sair
da violência da acomodação, onde todos estão procurando um culpado
e onde ninguém é culpado do caos social. A droga propicia um único
caminho, a destruição. O que a escola oferece além da decoreba? A
droga de saber que não sabe nada, que é burro, que não serve para
nada. Qual é a pior das drogas, a química ou a sua vida?
Este ato truculento e autoritário de uma elite na educação
que representa no estado, o lugar do suposto saber, da alienação e
massificação, salvo raras exceções. Na medida em que o professor
apresenta aos alunos um espaço para o debate destas questões sociais
81
e das angústias e medos que perturbam o estado de concentração,
diríamos que este método abre as portas para uma educação que inclui
no seu discurso pedagógico, um ato de respeito e consideração pelo
sofrimento e dor dos alunos.
Esta prática educativa reacende no ambiente escolar um
grande debate contra toda forma de violência institucionalizada, esta
situação da não aprendizagem ou do desgosto de estar na escola, são
questões cruciais para a educação caminhar no sentido da verdade e
não do faz de conta. Assim, o professor abre espaço para aproximar-se
da realidade dos alunos, contextualizando e cativando cada um deles
nesta tarefa de fazê-los entender que são os protagonistas da sua
aprendizagem.
A educação deve contribuir para transformar, a repetição
mecânica de conceitos e fórmulas reforça o desprazer, por isto é
importante professor e aluno pensarem juntos seus problemas,
procurando na reflexão dos temas o desvelamento das contradições da
sociedade. A primeira condição é estar disposto a aprender juntos, e a
segunda é a tomada de consciência sobre o processo de alienação. Esta
nova percepção da realidade educacional favorece para sair da
condição superficial de viver.
Os problemas não são o entrave para realizar seus sonhos, o
bloqueio da inteligência criativa pode sim prejudicar e impedir a sua
realização. Porque esta experiência do aluno no meio familiar e
cultural, e os desafios que a existência impõe, são os obstáculos que
devem ser superados. A existência precisa da educação neste sentido
de alertar, refletir, criar, os meios para desenvolver o potencial criativo
na busca de soluções para os problemas. Este desafio não deve inibir
ou podar a iniciativa de procurar com os recursos de sua inteligência
cognitiva e emocional, meios para encontrar uma saída para este
labirinto de dificuldades.
Quando a existência coloca estes tipos de problemas, realiza
ao mesmo tempo um convite a dar uma resposta a altura deste
desafio. O debate reflexivo compreende as diversas redes de fatores
que interferem e bloqueiam a solução. A inibição e o silêncio reforçam
ainda mais o estado de insatisfação, frustração e desencanto para com
82
a educação. A educação deve levar o aluno a compreender o sentido e
significado destes desafios na vida escolar, e aos poucos começa a
descobrir seu próprio método de resolver os problemas.
Esta reflexão desenvolve a capacidade de pensar, e de
aprender a resolver problemas sem nenhum tipo de dependência.
Descobre o sentido de existir, e cada problema é um novo desafio para
aprender novas soluções, este é o compromisso com a vida, não fugir
dos desafios, mas enfrentá-los com coragem e determinação. Esta
liberdade de resolver os desafios aumenta a autoestima, amplia o
conceito pessoal e além do mais, mostra uma imagem de segurança e
determinação em tudo que realiza.
Este aluno não está dominado e com medo, ao contrário
sente-se com coragem e determinação para não cair no conformismo
das fáceis soluções, assume sua vida com seriedade e bondade. Neste
tipo de educação a criança ou o jovem sente-se estimulado a
desenvolver seu potencial criativo, começa a ver o mundo como um
lugar de oportunidades para desenvolver o potencial de inteligência.
Porque com medo e assustado começa a fugir dos compromissos, as
falsas desculpas e justificativas escondem a negação de sua
potencialidade, e com receio das críticas, esconde-se na solidão,
isolado, nega sua presença na sociedade.
A educação é um lugar de reflexão e de autenticidade, ao
lançar-se sobre estes caminhos descobre-se como alguém que
consegue contribuir e melhorar a sua vida e a dos outros. Sua
abstração intelectual não é vazia, aprende pelo diálogo a importância
de respeitar os diferentes tipos de ideias, e acima de tudo consegue
forças para lutar pelo espaço de dignidade numa sociedade injusta e
contraditória. Sua relação de verdade consigo mesmo, enaltece e
amplia a compreensão sobre si mesmo e a realidade social e cultural.
Consciente sobre seu papel na sociedade, descobre a
importância do conhecimento como uma porta capaz de mostrar os
diferentes modos de interpretar e resolver os dilemas pessoais. Os
problemas são instigados pela existência para ampliar o nível de
consciência sobre o mundo vivido. São as descobertas, as superações
em grupo, sozinho sustenta a confiança em si mesmo, esta capacidade
83
de pensar o problema e procurar a solução, não existe timidez e
inibição para aprender, e sim desafios para educar-se com liberdade e
autonomia.
A educação deve ser um ambiente de tomada de consciência
sobre a realidade emocional e cognitiva, consegue com isto um sentido
de viver na comunidade escolar, não precisa se destruir e tampouco
procurar soluções mágicas e alienantes para os problemas. A
consciência de saber a diferença entre estar alienado, é uma crítica
capaz de afastar desta malha de aprisionamento cultural. O aluno
encontra-se no mundo com consciência e não inconsciente de seu
papel como cidadão, não há existência sem problemas, os obstáculos
aparecem para desenvolver o potencial criativo.
Saber disto não basta, é preciso aprender o método de
solução, esta é a garantia de sobrevivência emocional e cognitiva. O
aluno superficial aprende a mentir e enganar, junta-se a grupos com a
finalidade de explorar, este tipo de aprendizagem reforça o mundo de
fantasia, seu “eu superficial” o induz a um caminho de psicopatologia e
perversão. Aprende a fazer-se de vítima e procurar a solução dos
problemas fazendo-se de coitado, encontra na pobreza cultural e
emocional o caminho seguro para viver pedindo afeto, dinheiro,
oportunidade, amor, etc.
Por outro lado, a superficialidade e negação do potencial
humano, leva a educação a pensar um método capaz de tirá-lo deste
sonho adormecido. Ao negar seu potencial de humanidade impede o
desenvolvimento da inteligência, quando não participa com motivação
da aprendizagem, indiretamente constitui-se numa pessoa inútil. Como
a educação poderia ajudar o aluno a ampliar seu campo de percepção
sobre a realidade pessoal? A consciência sobre sua “condição humana”
propõe um novo olhar da realidade, a revolta é o caminho de violentar-
se ou projetar a agressão em inocentes que não tem nenhum tipo de
culpa sobre seu estado de frustração.
Não sabem lidar com a violência emocional de rejeição,
abandono, humilhação, justamente porque não são reconhecidos e
valorizados pela sociedade. Quando sente-se uma coisa e não pessoa,
preferem se destacar mesmo como bandido ou marginal, de alguma
84
maneira é destacado nas ocorrências policiais ou nas manchetes dos
jornais. Inocentes e desprovidos de senso crítico, são presas fáceis para
o mundo do crime.
A educação deve projetar-se à frente dos acontecimentos, e
desenvolver em sala de aula com os alunos os novos projetos de vida.
Começa a perceber que a sua realização depende muito do esforço e
dedicação pessoal, pois se dá conta das implicações de suas decisões
no futuro. Agora consciente dos fatores que contribuem para
problematizar a vida, pode decidir por um caminho diferente, assume a
direção para conduzi-la com seus erros e acertos. Estes “insights”
recriam a condição de tornar-se mais humano, para tornar-se objeto de
admiração pelo seu conhecimento de si mesmo e dos outros.
Enquanto no modelo antigo de educação autoritária era
passivo e submisso, neste novo método procura com insistência as
respostas para os questionamentos. Como aluno procura seguir a
orientação correta dos ensinamentos do professor, não aceita mais a
condição do “esperar”, agora não aguarda que alguém resolva seus
problemas, possui consciência e compreensão de que é o agente desta
transformação pessoal e social. E todos os desafios ensinam como
sobreviver numa sociedade capitalista e contraditória.
A tendência é de que professor e aluno comecem a colher os
frutos desta nova maneira de interpretar e viver a verdade na relação,
confere a ambos a experiência da confiança em si mesmo. Descobrem
suas potencialidades pensando e tomando ações produtivas sobre a
realidade, sabem que sem esforço e dedicação não vão chegar a lugar
nenhum, pois ninguém pode fazer no seu lugar aquilo que é de sua
responsabilidade e competência. Percebe que nesta relação consigo
mesmo, com os outros e a sociedade o caminho para colher aquilo que
plantou.
De fato descobriu que não pode resolver seus problemas sem
aprender a dialogar, esta capacidade de comunicação, de escuta, de
respeito, de paciência, de humanidade, pode levá-lo a entender a
correspondência de uma ética pessoal. Mesmo diante das contradições
age com prudência e coragem, não desiste, e seus valores são frutos de
sua maneira de enxergar a educação. Mais uma vez precisa dos valores
85
para fazer sua opção, o mundo das ilusões e fantasias, e o outro real e
concreto.
A educação da decoreba não ensina nada, simplesmente
condiciona a mente a repetir conceitos como uma máquina
programada para seguir esta determinação. Neste tipo de educação os
problemas emocionais, familiares e sociais não interessam à escola.
Pois acreditam que sua função é depositar conhecimento nas
memórias do cérebro para depois reproduzi-los nas provas. Portanto
não levam em consideração os fatores emocionais e influências sociais
no processo de aprendizagem. Fingem não ver esta realidade oculta e
hipócrita de uma sociedade que exclui e marginaliza os mais pobres e
com dificuldades.
Do mesmo modo o aluno fica com vergonha de dialogar sobre
sua condição, e não percebe que está sendo vítima desta relação com a
educação. Quando começa a entender seu papel no processo de
conquista da cidadania, compromete-se na sua libertação. O diálogo
com o professor é fundamental para que o aluno possa ajudá-lo a sair
do processo de alienação. Este espaço de escuta do outro, abre várias
possibilidades de humanização, encontra no olhar do professor uma
esperança para vencer as dificuldades.
Não consegue mais aceitar a condição de dependência
assistencial das instituições, porque sua submissão a esta condição é a
aceitação incondicional de que é pobre, burro, e não tem capacidade
de lutar pelo seu espaço. Toda dependência de receber sem produzir
inibe sua criatividade, nega os desejos mais íntimos de sua natureza, ao
reprimir seu potencial deixa de humanizar as relações. A criatividade e
a reflexão são o caminho para alterar a comunicação com o seu mundo
vivido, esta mudança na maneira de pensar parte de uma reflexão
capaz de levar à transformação pessoal.
86
2.1 - A educação como agente de superação e humanização.
96
assumem esta tarefa histórica, fazer a diferença, e propor as mudanças
necessárias.
Os problemas são oriundos da falta de percepção sobre o que
está acontecendo em suas vidas, inconscientes do processo de falência
existencial, sofrem no corpo as dores da angústia e ansiedade. Neste
caso a terapia de grupo analítica tem como objetivo, a compreensão da
história de vida no processo de alienação, ao compreender e tomar
consciência sobre sua situação educacional e existencial, incluindo
todas as formas de exploração econômica, profissional, pode descobrir
as verdadeiras causas do seu sofrimento.
A grande vantagem da terapia de grupo analítica é a
possibilidade de pensar a sua atuação de professor sobre uma análise
crítica da atuação profissional. Quando entra em contato com a
emoção da raiva, da mágoa, do ódio, inicia-se o processo de tomada de
consciência, sobre aquelas experiências que indiretamente fomentam a
alienação.
Esta análise da vida educacional pode tornar a sua vida mais
produtiva, é claro que é uma atitude de conhecer-se e esclarecer-se,
depende de um esforço muito particular. Porque quando iniciamos o
processo de tomada de consciência, entendemos as estruturas
neuróticas que fomentam o medo, as vivências partem sempre de uma
educação familiar ou escolar que fomentou a ignorância emocional.
Por isto mesmo, é preciso muita dedicação, empenho, e coragem para
sair da situação de perda e voltar a ganhar saúde e felicidade na
existência.
A consciência é capaz de iluminar e desvendar aquelas partes
mais produtivas do ser, descobre que todas as experiências na
educação provém do processo de massificação e alienação, em cada
vivência percebe o núcleo de uma emoção que fomenta a dor. Ao
analisar a experiência, vislumbra o surgimento de uma consciência
capaz de enxergar além daqueles horizontes estreitos e limitantes de
uma maneira de interpretar a realidade educacional.
Esta nova visão da educação surge através da compreensão
do processo de conscientização e superação nas diversas fases do
aprendizado. Em todas as experiências, aprende a resolver os
97
problemas econômico, familiar, afetivo, relacionamento, educativo,
surge como um caminho de maturidade e aprendizado para
desenvolver a criatividade. Voltar a confiar em si mesmo é o maior
desafio, depois de vários meses e anos de análise de grupo, todos os
professores desenvolvem uma nova percepção sobre a sua realidade
psíquica.
E nesta descoberta pessoal, assumem a responsabilidade de
viver com alegria e prazer, tomam consciência que esta sua realidade
pode ser ressignificada, e estes conteúdos inconscientes podem ser
integrados e aceitos dentro de sua condição humana. A repressão, a
repressão das emoções não resolve a grande frustração para com a
educação. Cada diálogo é realizado num ambiente de ética, confiança
e muito respeito pelos conteúdos de sua história de vida.
Cada encontro pode elaborar, confrontar, esclarecer e
interpretar com a ajuda de um analista, aqueles problemas que causam
medo, aversão, desconfiança, tristeza e raiva. Neste ambiente existem
muitos temas para serem pensados a partir da visão de cada professor.
Esta escuta analítica consegue fazer com que o professor tome
consciência, sobre o papel social e histórico no modo de fazer a
educação acontecer no meio cultural.
Na medida em que compreende as motivações inconscientes
de seu comportamento, torna-se capaz de encontrar outras formas de
resolver os problemas. Muitos de seus sofrimentos são inconscientes,
ao escutar a palavra não verbalizada dos colegas, consegue identificar e
descobrir as neuroses que envolvem o seu ser num mundo de
sofrimento e dor. Esta sua busca na verdade é sua salvação, salvar-se
do sofrimento, da agonia, da frustração, do desespero, e iniciar um
novo caminho de conquistas.
O paradoxo entre o concreto e o abstrato, a dor e o prazer, a
alegria e tristeza, fazem parte da análise de um resultado de vida que
teve como base uma forma de pensar equivocada, esta mesma revisão
é necessária para poder lançar-se na busca de novos desafios. Ao
pensar sobre a vida, pensa sobre a educação, e neste processo de
investigação, descobre os motivos do desencanto. Em cada problema
98
resolvido, descobre dentro de si mesmo o seu potencial, esta energia
vital é capaz de transformar-se em pensamento, reflexão e ação.
Estas novas descobertas sobre si mesmo conseguem
desencadear uma nova forma de pensar a existência, a reflexão
acontece sobre os fatos concretos do seu dia a dia, conseguindo
enxergar a realidade de um modo diferente. Precisa elaborar as perdas
e lançar-se neste novo momento histórico, aprende a cuidar de si
mesmo, é capaz de entender a existência numa totalidade, a interação
das partes ao todo, exemplifica a dinâmica da contextualização, do ato
imprescindível de conhecer a essência do organismo, relacionado à
existência.
A capacidade da mente humana de voltar ao passado e
retornar ao presente com condições de projetar-se no futuro, implica
no reconhecimento da importância da integração das emoções, e neste
processo dialético sabe relacionar-se com as suas verdades. Encontra
outras ideologias e teorias, todas pretendem elaborar alguma
conclusão sobre este processo de avaliação, e todos descobrem outras
verdades que estavam escondidas.
Cada descoberta acentua o valor da reflexão sobre a ação de
sua própria vida, este desejo de superação está na essência dos genes,
a natureza conduz ao processo de confronto e esclarecimento sobre as
verdades, estes fenômenos podem serem desveladas à luz do
conhecimento humano. Todos têm um medo muito grande de viver em
liberdade, racionalmente procuram nas defesas a negação da
responsabilidade.
Esta situação da educação é complexa e de difícil solução,
porém cada problema precisa trazer à tona os pactos e os medos
inconscientes que escondem a realidade concreta das emoções da vida
de um professor. Ninguém gosta de ver os seus pontos fracos, e muitos
negam a sua frustração, esta situação incômoda é negada com a ajuda
da racionalização. Todos concordam em deixar de lado os temas que
provocam angústia, ansiedade, e fazem de conta de que tudo está
muito bem.
Muitos ficam irritados e com raiva quando estes temas são
trazidos à consciência, o conhecer é algo amedrontador,
99
principalmente quando precisa entrar num mundo onde os segredos
podem abalar a sua imagem. Não gostaria de saber e muito menos tem
interesse de reconhecer este estado de alienação, o conformismo
defende seu interesse em não saber.
Realmente diante de uma situação existencial complicada,
muitos optaram pelo caminho da fantasia, aos poucos não reconhecem
mais a sua humanidade, a crise existencial pode desencadear uma
“cisão”, seria a única saída para enfrentar as duras lidas da sua rotina
diária. Esta divisão coloca a pessoa numa condição de viver outro “eu”,
esta nova “persona” tem a incumbência de fazer frente ao estado de
frustração.
Esta identidade está dividida, foi à única maneira encontrada
para lidar com este ambiente, este é apenas um dos recursos capazes
de fugir desta triste realidade. A carga estressante de trabalho é uma
realidade desprazerosa, pois se encontra diante do desespero, como
não enxerga nenhum tipo de saída, faz sua opção pela criação de falso
“self”, este desafio da saúde psíquica é uma resposta que precisamos
dar a esta educação que produz medo e atrofia as mentes.
A causa desta cisão não é somente a educação, mas um
conjunto de fatores da existência, como infância, juventude,
casamento, família, desafetos, traumas, perdas, e uma infinidade de
questões relegadas e esquecidas, sua condição emocional reprimida
volta-se contra a própria pessoa. Esta neurose de caráter segue a
defesa da rigidez, da teimosia, do orgulho, da vaidade, da falsidade, da
mentira, este engano é produzido por quem vive uma realidade
ilusória.
Este tema da saúde psíquica nos coloca numa perspectiva de
alegria e realização, não temos como produzir conhecimento e
aprendizagem enquanto existe tristeza e depressão. Os laudos e os
pedidos de licença aumentam a cada dia, realmente não existe outro
caminho a não ser recorrer à doença para sair da sala de aula.
Precisamos de um programa de prevenção de saúde emocional capaz
de ajudar o professor a sair desta triste condição de somatização.
As reações emocionais têm muito haver como cada um pensa
a vida, suas crenças religiosas, políticas e educacionais podem levá-lo a
100
interpretar a realidade social de uma forma pessimista. Mas a realidade
na educação também favorece algumas experiências, transformações
capazes de proporcionar saúde e bem estar. Não pode diante de uma
enormidade de problemas desistir dos seus sonhos, deve procurar na
mútua ajuda, projetos e iniciativas a fim de fazer a diferença.
Desenvolver o prazer de pensar diferente, colocar todo o
potencial emocional e cognitivo, para fazer frente aos grandes temas
geradores de sofrimento e dor na educação. Estar comprometido e
envolvido no estudo destes temas, e talvez o maior desafio é sair desta
condição de silêncio. Escutar sem falar, a omissão como alternativa
para não se incomodar, deixar as coisas como estão, esta triste
situação aumenta o estado de angústia e insatisfação, esta bela
representação teatral das reuniões amplia ainda mais o desgosto pela
sua perda de tempo.
Ninguém pode conseguir algo sozinho, qualquer iniciativa
deve envolver todos os colegas nos problemas da realidade de sua
escola, por isto mesmo, não temos como copiar um projeto de outra
escola, cada escola precisa pensar sua solução, e neste intercâmbio de
informações, o grupo começa a fazer uma experiência democrática da
escuta. Quando o grupo começa a refletir e disser o que pensa,
estamos nos confrontando e saindo do estado de alienação.
Na psicanálise humanista o método de trabalho é a vida, este
estado de inconsciência pode nos mostrar onde está o núcleo da
desmotivação. Quando os professores conseguirem assumir-se e forem
autênticos para defenderem seus desejos e interesses, também
podem incluir a sua comunidade. Esta nova postura depende da nova
consciência sobre a realidade educacional, onde todos estão
comprometidos em conhecer-se e solidarizar-se com aqueles que agem
por impulso irracional.
Somos afetados pela educação, desde o nível mais inferior ao
superior, muitos não têm esta consciência, por desconhecer suas
neuroses, acabam sacrificando a própria vida. Não conseguem
perceber que estão sendo dominados pela apatia e desânimo, não
estão interessados em resolver os problemas. Além de viver uma
educação que provoca acomodação, não pretendem rever a educação
101
de suas emoções, isto nos leva a crer que estamos diante de uma
consciência muito ingênua, que atribui seus sintomas a algum tipo de
espírito, tratam a doença como se fosse culpa dos demônios e do
satanás.
As neuroses, as doenças, as somatizações, a infelicidade, são
realidade da vida dos professores, a causa destes tormentos estão
relacionados com a interferência dos problemas existenciais, sociais,
políticos e educacionais. Uma perda, uma frustração, pode
desencadear uma tristeza, esta emoção pode ser a causa da depressão.
O que provoca todos os sintomas está enraizado na sua vida concreta e
real. Do ponto de vista da psicanálise é importante levar à consciência
a origem da estrutura da neurose que desencadeia a mudança de
percepção da realidade pessoal.
O mais importante de tudo é ajuda-lo a realizar os sonhos,
interpretando as suas escolhas, fazendo-o enxergar os pontos cegos,
esta transformação acontece no seu mundo emocional. A realidade
educacional sempre teve problemas, mas a maneira de interpretá-las
modifica a sua realidade, principalmente quando existe uma
agressividade no sentido de resolver estas pendências.
É preciso especificar os seus objetivos, sonhos, para poder
dar um novo sentido à vida, as emoções não podem ser como uma
pedra, mas vida plena, a serviço da saúde psíquica. Existe uma
condição, é preciso antes de tudo entender, perceber, o valor deste
seu sonho e permitir que as realizações aconteçam. Por isto mesmo,
não existe espaço para a rigidez de ideias, a repressão, a negação do
potencial humano passa por este tipo de reflexão, todas as
transformações podem colaborar para uma consciência capaz de
ampliar a compreensão dos métodos na educação.
Este desejo de compreender e pesquisar as origens do estado
de alienação, depende das crenças e ideologias dos líderes, o grande
problema é quando as neuroses começam a modificar e esconder a
verdade. Esta adulteração encontra sentido no desvio de temas
centrais, como salário, condições de trabalho, biblioteca, formação,
qualidade de vida, ambiente na sala de aula, e outras realidades que
são os culpados deste péssimo resultado.
102
Os conteúdos programáticos devem contemplar o processo
de descoberta, a curiosidade de aprender, deve estar presente na
física, química, geografia, história, literatura, matemática, química, etc.
Estas ciências falam da realidade do mundo vivido, todo conhecimento
deve estar relacionado com a vida da pessoa, esta relação é importante
porque insere o aluno no processo de autodescoberta das ciências.
Entende que os fenômenos da natureza não estão distantes de sua vida
pessoal, toda realidade fenomenológica participa da realização deste
grande projeto da natureza, a continuidade da vida sobre o planeta.
Cada professor na sua disciplina pode usar da
transdisciplinariedade como recurso para entender a complexidade da
natureza dos cosmos e da natureza humana. O humano prescinde da
necessidade da sensibilidade, do respeito, da interação, o aluno não é
um objeto, uma coisa, não é uma massa cinzenta pensante. O homem
não é razão, possui dentro de si emoções que podem despertá-lo para
buscar o conhecimento. Descobrir-se na educação é necessário ao ato
de aprender.
A educação verdadeira procura na ética um lugar para uma
consciência crítica da realidade, não segue os determinismos das
verdades estabelecidas, sua visão não é estreita, mas consegue
encontrar em cada fenômeno a totalidade da existência. Todos os
temas estão interligados para acrescentar valor na aprendizagem da
sua vida.
O conhecimento não pode ser desenvolvido como algo
estanque e frio, a sensibilidade, a amabilidade, a simpatia, são
qualidades afetivas importantes na vida de qualquer educador. É
preciso um ambiente de comunicação, de valorização da participação,
e mesmo os equívocos podem ser um espaço para libertar-se da
timidez, do medo e do silêncio. Esta troca de informações entre os
alunos enriquece o debate sobre aquela ciência específica,
despertando um interesse de pesquisa por parte do aprendiz.
Tenho comigo que a educação deve fomentar este desejo
pela descoberta, não podemos matar a curiosidade, a criatividade, pois
é o motor das invenções. Tanto o professor como o aluno encontra-se
envolvidos no processo de pesquisa, entendem a importância da
103
ciência na vida, esta contextualização é capaz de despertar o desejo de
aprender. Um aluno com desejo não tem medo de aprender, não nega
suas dificuldades, mas aos poucos começa a amar a ciência, pois este
conhecimento foi capaz de ampliar a qualidade de vida.
Um professor rígido, frio, calculista, distante, consegue
encher os cadernos de conteúdos, mas não consegue despertar o
desejo de superar o conhecimento do mestre. Toda forma de pensar
está ligada aos problemas que afetam a qualidade de vida dos seres
humanos. Ou seja, um conhecimento que proporciona vida e saúde,
precisa ser de todos, caso contrário é difícil uma pessoa defender e
este tipo de prevenção. Ninguém pode viver a saúde no lugar do outro,
esta escolha pela qualidade de vida implica uma decisão que inclua a
todos.
A saúde é uma conquista pessoal, isto inclui responsabilidade
por si mesmo, caso exista a vitimização, seria importante tomar
consciência sobre este ganho secundário de viver na doença e na
miséria. A tomada de consciência é decisiva para propor uma solução
para este pensamento mágico, este tipo de fracasso consegue chamar
a atenção de muitas pessoas, inclusive envolvê-las na sua doença. Mas
o preço pago é muito alto, para mendigar uma migalha de afeto,
recebe por investir energia, tempo e dinheiro, tudo para justificar e
defender seu estado doentio.
A análise consegue fazer com que a pessoa reflita sobre sua
condição de perda, este auxiliar mágico é enganoso e improdutivo. Isto
inclui investimento de tempo e energia para sair do processo de
falência orgânica e emocional. Superar suas contradições não é algo
mágico, mas pautado em ações concretas, tampouco se resume nas
divagações de ideias, mas em torná-las produtivas e transformá-las em
alegria e realização. Esta experiência encontra o prazer, a gratificação,
para enxergar a existência como um lugar de conquistas. Esta talvez
seja a grande proeza da energia inconsciente, tornar possível a vivência
do prazer das pulsões.
Todos os professores estão inseridos neste contexto de
superação, a realidade de hoje pode ser transformada, isto exige
mudança na forma de pensar, ser e agir. Os problemas deixam de ser
104
empecilhos e tornam-se desafios para desenvolver ainda mais a
habilidade em resolver dificuldades. Durante sua existência deixa a sua
marca, pois tem a grandeza de refletir sobre as neuroses e situações de
sofrimento. Não espera que alguém venha retirá-lo da falência
existencial, não se queixa como se fosse um inválido, toma a iniciativa
de enfrentar a situação problema para encontrar uma saída viável aos
seus problemas pessoais.
A análise proporciona uma tomada de consciência sobre o
funcionamento inconsciente das neuroses, mas também exige uma
tomada de decisão em relação à condição masoquista. Porque depois
de acostumar-se a viver o prazer na dor, se torna muito difícil reverter
este processo, viver o prazer através da alegria e realização pessoal.
Deve aprender a assumir um compromisso com a felicidade e não
delegar este trabalho para uma religião, este compromisso é seu e de
mais ninguém, deve ser autêntico e assumir com responsabilidade o
seu modo de viver.
Ao pensar na terapia de grupo analítico sobre a sua dor,
consegue entender os caminhos tortuosos e enganosos da sedução das
fantasias megalomaníacas, este conhecer-se leva a outros tipos de
descobertas pessoais no grupo de trabalho analítico, consegue
entender que este seu estado de penúria e vitimização, é fruto das
influências sociais, culturais, econômicas, políticas que tornam a
existência um martírio. Igualmente alguns acreditam que este tipo de
sofrimento é uma dádiva, pois existe para sofrer, como se fosse uma
espécie de missão.
A análise vai exigir com o tempo uma decisão, não dá mais
para continuar acomodado neste tipo de vida, perda, dor, fracasso,
doença, falta de amor, etc. O analista ao interpretar esta situação
existencial convida o paciente para sair deste tipo de neurose. Quanto
mais consciência sobre a existência, mais condições de sair da condição
de perda. Ao dar-se conta do que está fazendo consigo mesmo,
consegue entender e compreender os motivos de seu estado de
alienação.
Este aprofundamento sobre as motivações inconscientes,
pode desencadear um interesse ainda maior de saber lidar com suas
105
emoções. Estudo, disciplina, consciência, emergem para uma nova
situação existencial, este é o processo de conhecer-se para aprender a
educar. Enquanto vivia fechado no seu próprio mundo, estava
chaveando as portas de comunicação com o seu mundo vivido. Ao
começar a dialogar e escutar a linguagem não verbal do organismo,
começa um novo tipo de educação, pois assume a condição de
autodidata, não fica a espera de alguém para realizar os seus sonhos.
Estas suas neuroses podem ser o caminho de provocação, de
superação como pessoa humana, aprendeu que educação autoritária
distancia-se da comunhão e do mundo dos afetos. Por esta mesma
razão os conteúdos inconscientes precisam ser elaborados e
interpretados com a ajuda da psicanálise. O objetivo do analista
humanista é estar aberto à escuta desta forma sintomática de existir,
pois a continuidade e o sucesso da terapia de grupo analítico
dependem muito da vivência ética. Seguros e confiantes seguem no
processo de autodescoberta pessoal.
No início da análise começa a envolver-se com os dilemas
pessoais, mas esta decisão fortalece os vínculos entre os seus desejos e
a realização dos seus sonhos. Ao elaborar as emoções inicia uma busca
das verdadeiras causas do desprazer. Aprofundando reconhece a
necessidade de procurar uma saída para este tipo de vida, ao libertar-
se da prisão emocional consegue trazer à consciência os traumas que
provocam a compulsão à repetição.
Livre desta influência consegue viver com prazer todas as
emoções, suas pulsões possuem a liberdade de potencializar os ganhos
na existência. Este desejo de mudança deve nascer num clima de
diálogo, entre o analista e os membros do grupo, não existe nenhuma
forma de imposição arbitrária, todos têm vez e voz dentro desta
terapia analítica. Todos conseguem aprender a respeitar e a viver a
ética no grupo, este tipo de educação leva em consideração os anseios
e expectativas de cada professor que está sendo analisado.
Esta proposta de promoção e prevenção da saúde psíquica
segue a orientação da situação concreta, primeiro todos devem conter
a ansiedade e aprender a escutar e respeitar o tempo que cada um
precisa para tomar suas decisões. As dificuldades serão analisadas nas
106
transferências, resistências que possam estar obstruindo o caminho de
libertação do grupo. Aos poucos o grupo consegue confiar, esta atitude
propicia um ambiente verdadeiro do processo de humanização.
107
2.2 - A pedagogia da livre expressão do ser.
116
o bom combate, e no diálogo, na escuta da dor humana, se solidariza
consigo mesmo e com os outros.
Este clima de confiança é a condição dialógica básica para
recriar seus sonhos, pois a pior contradição de um líder é quando se diz
democrático, mas apresenta-se autoritário, dominador, desconfiado,
elimina qualquer chance de escuta e confiança. Porque esta
contradição emocional não convence ninguém, todos estão
observando os desejos. O desejo do grupo é afastar-se desta
concepção autoritária e prepotente de líderes que pensam no seu
projeto pessoal, visando as próximas eleições.
Conhecer-se, ter maturidade, ser ético, são as bases deste
diálogo que começa a germinar pela plenitude desta humanização, a
escuta exige empatia, compreensão, ternura e uma vontade enorme de
buscar a verdade e afastar-se da mentira. Se não existem estas
condições num líder começa a conviver com a contradição, a
incongruência, a falsidade, a mentira, o descompromisso, enfim a
debilidade dos protagonistas da educação. Num ambiente de
desconfiança, falta de ética, de verdade, a aprendizagem como um
todo fica comprometida. Professor e aluno precisam deste ambiente
de verdade, de coragem, de sinceridade, de viver de acordo com a
integração entre o mundo cognitivo e o das emoções.
Se o professor que se diz democrático toma decisões sem a
participação dos alunos é uma mentira, falar de humanismo e não viver
este testemunho é uma incoerência. Muitos decidem desistir, cruzam
os braços, não fazem mais nada, e procuram matar o tempo com
atividades frívolas e sem sentido, esta é uma falsa solução para os
problemas. É preciso de ânimo, de ousadia, para continuar caminhando
em busca de soluções, e de todos os encontros e desencontros das
relações humanas, nasce um aprendizado para buscar o melhor em si
mesmo.
Esta decisão é uma escolha sensata e sabia, pois esperam um
futuro melhor para si mesmo e os outros, e nesta interação ambos
aprendem que resolver problemas em conjunto é mais fácil, e
compartilhar esta angústia diminui o sofrimento. Não estamos
sozinhos, nosso encontro é fértil, produz resultados, e na comunhão de
117
nossa história de vida conseguimos sair da prisão burocrática e
condicionante.
Todo encontro na educação deve ser um caminho para
conhecer-se e buscar a solução da incongruência, fala de algo bom, e
realiza o mal, sua prática não convence a ninguém e muito menos a si
mesmo. Esta dicotomia das emoções acaba por aparecer nos
relacionamentos, a educação das emoções deveria ser o começo de
tudo, pois não há como ser verdadeiro, ético e crítico, se vive a
mentira, falsidade, e viver em função de uma compulsão neurótica,
que a cada dia o destrói aos poucos. Reconhecer a existência das
neuroses é admitir a possibilidade de conhecê-las em profundidade,
inclusive confrontando-as num diálogo sincero e corajoso, reconhece
no seu conflito os prejuízos de seus investimentos.
Esta maneira de pensar a realidade emocional dentro da
educação, recria o ambiente para poder no seu tempo amadurecer e
conhecer-se, sabendo que a cura das feridas pode integrar o seu
mundo emocional, enquanto estiver sobre o controle da alienação
neurótica, sempre existirá o risco de destruição. O educador sabe que a
razão não pode tudo, que os atos políticos resolvem no papel aquilo
que é difícil transformar na vida das pessoas, entende que a mudança
não acontece por decretos.
Mas o professor possui a experiência, sua mente está
calejada de ver tanto sofrimento, mas também de acompanhar muitas
superações, ninguém resolve problemas se apegando ao passado. O
estado de inconsciência é fruto da alienação, toda acomodação
pretende convencer de que não vale à pena lutar pelos sonhos, e sem
saber muitos aderem a ideia de fazer de conta, matar o tempo, esperar
a aposentadoria, enfim sozinhos e isolados perdem a grande
oportunidade de humanizar as emoções.
Ninguém pensa que a certeza da felicidade encontra-se nesta
pretensa estabilidade no emprego, pois esta é uma das dimensões da
existência, não é a única e nem a mais importante, a evolução da
consciência não é um processo de adaptação, de aceitação
incondicional da pobreza de espírito e econômica, mas de buscar neste
tempo a realização dos sonhos.
118
2.3 - Conteúdo programático na busca de um projeto em comum.
123
este espelho poderia reacender no desejo deste aluno uma provocação
para ser mais pessoa.
A eficiência da educação encontra-se nesta nobre missão,
devolver a cada aluno a oportunidade de encontrar-se consigo mesmo,
e desenvolver todo o seu potencial criativo nas diversas disciplinas das
ciências. A escola e o corpo docente deveriam estar comprometidos a
conquistar sua mente, fazê-lo enxergar as qualidades, admitir a sua
competência, reconhecer seus direitos e deveres.
A escola deve sair do paradigma teórico da dominação e
imposição para o diálogo e cooperação, esta amorosidade e
aproximação são condição básica da vocação de ser professor. Aqueles
que pensam diferentes ou não encontram sentido no ato de educar,
deveriam fazer outra coisa na vida. Porque estar numa profissão por
medo ou obrigação, é uma violência cometida contra si mesmo. Isto
significa que talvez em outra profissão possa ser mais feliz e bem
sucedido, é um direito alienável esta liberdade de ser ético consigo
mesmo e com os alunos.
Porque a insatisfação, a raiva, a violência, a tristeza dos seus
olhos, o desânimo, a apatia, são atitudes que os alunos sentem e
observa na sua prática pedagógica, o ensino deve incluir o bem estar e
a felicidade. Seria uma incoerência falar de superação, quando
encontra-se deprimido e desanimado, como defender o valor da
educação e do conhecimento, quando esta desmotivado e pessimista.
Eis o problema da contradição.
O professor deve estar ciente de que sua principal finalidade
é ajudar o aluno a desenvolver o potencial intelectual, emocional e
humano. Muitos dos seus potenciais foram roubados pela repressão,
pois sofrerão a humilhação e todos os tipos de abuso físico e
emocional. O aluno encontra-se dominado pela inferioridade, com
medo de enfrentar a realidade é consumido pelas fantasias, foi o único
modo que encontrou para refugiar-se, isolado e sozinho está dominado
pela neurose.
O professor deve ser um revolucionário, pois sabe desta
situação emocional, e juntos podem encontrar o caminho da sua
libertação, esta talvez seja a maior de todas as conquistas que a escola
124
possa oferecer. Professor e aluno estão presos e acorrentados pelas
regras, normas, leis do aparato ideológico da educação castradora e
manipuladora. Esta nova consciência pode ser um investimento político
de oportunizar um novo tipo de educação, esta deve ser uma conquista
para retirar o aluno da situação de passividade e alienação. O professor
pode colaborar neste processo de conscientização ao resgatar o
potencial de inteligência criativa, superando todos os medos.
O professor pode ser agente de transformação social, mesmo
sabendo das suas dificuldades consegue libertar o aluno do processo
de acomodação e alienação social. Este é o problema que ambos estão
dispostos a resolver, como libertar-se das neuroses opressoras,
engajar-se nesta luta é condição prioritária, aos poucos tornam-se
fortes e corajosos, ao regatar sua autoestima, consegue sair da
condição de perda e fracasso, em outras palavras, notas baixas e
repetência.
Precisa sair da condição opressora da neurose, o empenho
deve estar alicerçado na confiança. A voz da neurose autoritária
propõe o discurso da repressão, desconfiança, esta relação entre
professor-aluno pode desencadear uma prática humanista, porque no
momento em que ambos conseguem superar-se nas suas dificuldades,
surge uma nova consciência capaz de acreditar em si mesmo.
Esta aproximação humana do professor resgata a valorização
e o afeto, esta nova motivação do valor “humano”, de sua condição de
aluno, esta relação está acima da avaliação, das notas, dos medos, das
ameaças, este novo vínculo procura refletir sobre os
condicionamentos, e de posse desta nova consciência é capaz de
conhecer com objetividade sua realidade social, econômica e política.
Consciente do estado de destruição, pode se assim desejar, fazer sua
revolução interna, isto significa procurar em seu mundo uma nova
percepção da educação e da cultura onde está inserido.
Ninguém é ingênuo em pensar que podemos realizar este
tipo de pedagogia num breve espaço de tempo, os resultados
dependem da perseverança, da confiança, da coragem, da criatividade,
para refazer esta visão de educação, de mundo, de aprendizagem. É
necessário desobediência, pensar em outras condições para realizar os
125
sonhos, diferentes daqueles impostos pelo modelo falido e arcaico de
ensinar e aprender. Esta nova visão de educar inclui uma ação política,
um compromisso com a saúde psíquica, desta forma ambos estão
colaborando com a formação humana e política de homens
comprometidos com a autenticidade e liberdade de expressão.
126
2.4 - A relação do “eu” subjetivo do aluno com os conflitos sociais:
Conteúdos programáticos e oportunidades de sobrevivência.
137
Bibliografia.
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