Você está na página 1de 13

PRINCÍPIOS DE

QUÍMICA
2020.6
Organizador: Elmar Damasceno Junior
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
INSTITUTO DE QUÍMICA

Material elaborado durante o Estágio à Docência na disciplina de Princípios de Química


Analítica, sob orientação da Profa. Dra. Nedja Suely Fernandes. A apostila foi montada
a partir de conteúdos apresentados em referências bibliográficas.

MÓDULO 3
Cinética
Química
(Parte II)
Cinética Química 1

Mudança de Concentração com o Tempo


✓ a concentração de um reagente
1. REAÇÕES DE PRIMEIRA-ORDEM
remanescente a qualquer momento após o
-Um reação de primeira ordem é aquela cuja
início da reação.
velocidade depende da concentração de um único
✓ o intervalo de tempo necessário para uma
reagente elevado à primeira potência. Para uma
determinada fração de uma amostra reagir.
reação dos produtos do tipo A, a lei da velocidade
✓ o intervalo de tempo necessário para uma
pode ser de primeira ordem:
concentração de reagente cair para um
determinado nível.
∆[𝐴]
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = − = 𝑘[𝐴] -A equação também pode ser usada para verificar se
∆𝑡
uma reação é de primeira ordem e para determinar
-Essa forma de lei de velocidade, que expressa a sua constante de velocidade.
como a velocidade depende da concentração, é -Esta equação tem a forma da equação geral pra
chamada de lei de velocidade diferencial. uma linha reta, y = mx + b, em que m é a inclinação
-Usando uma operação de cálculo chamada e b a interceptação em y da linha.
integração, esta relação pode ser transformada em
uma equação que relaciona a concentração inicial 𝒍𝒏[𝑨]𝒕 = −𝒌𝒕 + 𝒍𝒏[𝑨]𝟎
de A, [A]0, à sua concentração em qualquer outro
momento t.
y = mx + b
[𝐴]𝑡
𝑙𝑛[𝐴]𝑡 − 𝑙𝑛[𝐴]0 = −𝑘𝑡 𝑜𝑢 𝑙𝑛 = −𝑘𝑡
[𝐴]0 -Para uma reação de primeira ordem, portanto, um
gráfico de ln[A]t versus o tempo fornece uma linha
-Essa forma de lei de velocidade é chamada de lei reta com uma inclinação de -k e uma interceptação
de velocidade integrada. A função “ln” da equação em y de ln[A]0.
é o logaritmo natural. A equação acima também -Uma reação que não seja de primeira ordem não
pode ser reorganizada para: produzirá uma linha reta.

𝒍𝒏[𝑨]𝒕 = −𝒌𝒕 + 𝒍𝒏[𝑨]𝟎

-As equação apresentada anteriormente pode ser


usada com quaisquer unidades de concentração,
desde que as unidades sejam as mesmas para [A]0
e [A]t. Anotações
-Para uma reação de primeira ordem, a equação ___________________________________________
pode ser usada de várias maneiras. Dadas ___________________________________________
___________________________________________
quaisquer três das seguintes quantidades, podemos
___________________________________________
resolver para a quarta: k, t, [A]0 e [A]t. Assim, você ___________________________________________
pode usar essa equação para determinar: ___________________________________________

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 2

2. REAÇÕES DE PRIMEIRA-ORDEM 3. REAÇÕES DE ORDEM ZERO


-Uma reação de segunda ordem é aquela cuja taxa -Uma reação de ordem zero é aquela em que a
depende ou de uma concentração de reagente velocidade de desaparecimento de A é
elevada à segunda potência ou das concentrações independente de [A]. A lei de velocidade para um
de dois reagentes, cada um elevado à primeira reação de ordem zero é:
potência.
-Para simplificar, vamos considerar as reações do ∆[𝐴]
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = − = 𝑘
tipo A → produtos ou A + B → produtos que são de ∆𝑡

segunda ordem em apenas um reagente, A:


-A lei de velocidade integrada para uma reação de

∆[𝐴] ordem zero é:


𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = − = 𝑘[𝐴]2
∆𝑡
[𝑨]𝒕 = −𝒌𝒕 + [𝑨]𝟎
-Com o uso de cálculo, essa lei de velocidade
diferencial pode ser usada para derivar a lei de -O tipo mais comum de reação de ordem zero ocorre
velocidade integrada: quando um gás sofre decomposição na superfície de
um sólido. Se a superfície estiver completamente
𝟏 𝟏 coberta por moléculas em decomposição, a
= 𝒌𝒕 +
[𝑨]𝒕 [𝑨]𝟎 velocidade de reação é constante porque o número
de moléculas de superfícies reagentes é constante,
-Essa equação, assim como a equação para desde que alguma substância da fase gasosa
reações de primeira ordem, tem quatro variáveis, k, restante.
t, [A]0 e [A]t, e qualquer uma delas pode ser
Vamos exercitar?
calculada conhecendo as outras três.
3.5 Uma amostra de N2O5 entra em
-A equação também tem a forma de uma linha reta
decomposição, como na reação 2N2O5(g) →
(y = mx + b). Se a reação for de segunda ordem, um
4NO2(g) + O2(g). Qual é o tempo necessário para
gráfico de 1/[A]t versus t resulta em uma linha reta
que a concentração de N2O5 caia de 20,0 mmol/L
com inclinação k e interceptação em y de 1/[A]0.
para 2,0 mmol/L, em 65 °C?
-Uma maneira de distinguir entre as leis de
Dados: V = k[N2O5], k(338 K) = 5,2 x 10-3 s-1.
velocidade de primeira e segunda ordem é
representar graficamente ln[A]t e 1/[A]t contra t. Se
3.6 Cloreto de nitrosila, NOCl, decompõe-se
o gráfico ln[A]t for linear, a reação é de primeira
lentamente me NO e Cl2. A lei de velocidade para
ordem; se o gráfico 1/[A]t for linear, a reação é de
esta reação é de segunda ordem no NOCl:
segunda ordem.
Velocidade = k[NOCl]2. A constante de velocidade
k é igual a 0,020 L mol-1 s-1 em uma determinada
temperatura. Se a concentração inicial de NOCl
em um reator fechado for 0,050 M, qual será a
concentração após 35 min?

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 3

Tempo de Meia-Vida

-A meia-vida de uma reação, t1/2, é o tempo


necessário para a concentração de um reagente
atingir a metade de seu valor inicial, [A]t1/2 = ½[A]0.
-A meia-vida é uma maneira conveniente de
descrever a rapidez com que uma reação ocorre,
especialmente de for um processo de primeira
ordem. Uma reação rápida tem meia-vida curta.

PRIMEIRA-ORDEM
-Podemos determinar a meia-vida de uma reação
SEGUNDA-ORDEM
de primeira ordem substituindo [A]t1/2 = ½[A]0 em [A]t
1 1
e t1/2 em t na lei de velocidade integrada: = 𝑘𝑡1/2 +
1 [𝐴]0
2 [𝐴]0
1 2 1
[𝐴]0 − = 𝑘𝑡1/2
𝑙𝑛 2 = −𝑘𝑡1/2 [𝐴]0 [𝐴]0
[𝐴]0
𝟏
1 𝒕𝟏/𝟐 =
𝑙𝑛 = −𝑘𝑡1/2 𝒌[𝑨]𝟎
2
1
𝑙𝑛 2 -Neste caso, a meia-vida depende da
𝑡1/2 = −
𝑘
concentração inicial do reagente – quanto menor
𝒍𝒏𝟐
𝒕𝟏/𝟐 = a concentração inicial, menor a meia-vida.
𝒌

-A partir da equação acima, vemos que para uma lei


de velocidade de primeira ordem o tempo de meia-
vida não depende da concentração inicial de
qualquer reagente.
-Consequentemente, a meia-vida permanece
constante durante toda a reação. Se, por exemplo,
Vamos exercitar?
a concentração de um reagente é 0,120 M em
3.7 Em 1972, trigo contaminado com metil-
algum instante da reação, será ½(0,120 M) = 0,060
mercúrio foi liberado para consumo humano no
M após uma meia-vida. Após a passagem de mais
Iraque, resultando em 459 mortes. A meia-vida do
uma meia-vida, a concentração cairá para 0,030 M
metil mercúrio no organismo é 70 dias. Quantos
e assim por diante.
dias são necessários para que a quantidade de
-A equação também indica que, para uma reação de
metil-mercúrio caia a 10% do valor inicial após a
primeira ordem, podemos calcular t1/2 se
ingestão, sabendo-se de que a eliminação segue
conhecermos k e calcular k se conhecermos t1/2.
uma cinética de primeira-ordem?

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 4

Teoria da Colisão -A orientação da molécula de NO2Cl, quando


atingida pelo átomo de Cl, é importante. A orientação
-O postulado básico da teoria da colisão é que a
ineficaz mostrada na figura abaixo não pode resultar
velocidade de uma reação é proporcional ao
na formação de Cl2 porque os dois átomos de Cl não
número de colisões efetivas por segundo entre as
estão sendo aproximados o suficiente para uma
moléculas reagentes.
nova ligação Cl-Cl se formar quando uma ligação N-
-Uma colisão eficaz é aquela que realmente produz
Cl se quebra.
moléculas de produto. qualquer coisa que possa
aumentar a frequência de colisões efetivas,
portanto, aumenta a velocidade.
-Um dos vários fatores que influenciam o número de
colisões efetivas por segundo é a concentração. À
medida que as concentrações de reagente
aumentam, o número de colisões por segundo de
todos os tipos, incluindo colisões efetivas, não pode
ajudar, mas aumenta.
-Nem toda colisão entre moléculas reagentes
realmente resulta em uma mudança química. -A figura abaixo mostra a orientação necessária para
Sabemos disso porque os átomos ou moléculas que a colisão de NO2Cl e Cl conduza efetivamente
reagentes em um gás ou líquido sofrem um enorme aos produtos.
número de colisões por segundo entre si.
-Se cada colisão fosse eficaz, todas as reações
terminariam em um instante. Apenas uma pequenas
fração de todas as colisões podem realmente levar a
uma mudança líquida. Por que isto é assim?

ORIENTAÇÃO MOLECULAR
-Na maioria das reações, quando duas moléculas de
reagente colidem, elas devem ser orientadas
corretamente para que uma reação ocorra.
-Por exemplo, a reação representada pela seguinte
equação química balanceada: Temperatura e Velocidade: Energia de Ativação

-Além da orientação molecular durante as colisões,


2NO2Cl → 2NO2 + Cl2
outro fator geralmente é ainda mais importante para
determinar se uma determinada colisão resulta em
-Parece prosseguir por uma sequência de reações
reação.
em duas etapas. Uma etapa envolve a colisão de
-Em 1888, o químico sueco Svante Arrhenius sugeriu
uma molécula de NO2Cl com um átomo de cloro:
que as moléculas devem possuir uma certa
quantidade mínima de energia para reagir.
NO2Cl + Cl → NO2 + Cl2

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 5

-De acordo com o modelo de colisão, essa energia -No rearranjo de metil isonitrila para acetonitrila, por
vem das energias cinéticas das moléculas em exemplo, podemos imaginar a reação passando por
colisão. Após a colisão, a energia cinéticas das um estado intermediário no qual a porção N≡C da
moléculas pode ser usada para esticar, dobrar e, por molécula de metil isonitrila está lateralmente:
fim, quebrar ligações, levando a reações químicas.
Ou seja, a energia cinética é usada para alterar a
energia potencial da molécula.
-Se as moléculas se movem muito devagar – em -A figura a seguir mostra que energia deve ser

outras palavras, com muito pouca energia cinética – fornecida para esticar a ligação entre o grupo H3C e

ela meramente colidem umas nas outras sem mudar. o grupo N≡C para permitir que o grupo N≡C gire.

Energia de Ativação (Ea) → Energia mínima -Depois que o grupo N≡C se torceu o suficiente, a

necessária para iniciar uma reação química. Seu ligação C-C começa a se formar e a energia da

valor varia de uma reação para outra. molécula diminui.

De um modo geral: Para que uma reação ocorra, -Assim, a barreira para a formação de acetonitrila

as moléculas do reagente devem colidir com a representa a energia necessária para forçar a

orientação correta e com a energia suficiente molécula através do estado intermediário

para formar os produtos. relativamente instável, análogo a forçar a bola na

-Para que formem produtos, as ligações devem ser figura anterior sobre a colina.

quebradas nos reagentes. A quebra da ligação -A diferença entre a energia da molécula inicial e

requer energia. a energia mais alta ao longo do caminho da

-A situação durante as reações é análoga àquela reação é a energia de ativação, Ea.

mostrada na figura a seguir. O jogador precisa mover -A molécula com o arranjo de átomos mostrado no

sua bola pela colina na direção do buraco. A colina é topo da barreira é chamada de complexo ativado

uma barreira entre a bola e o buraco. ou estado de transição.

-Para alcançar o buraco, o jogador deve transmitir


energia cinética suficiente com o taco para mover a
bola até o topo da barreira. Se ele não transmitir
energia suficiente, a bola rolará parte do caminho
morro acima e depois descerá na direção dele.
-Da mesma forma, as moléculas requerem uma certa -A conversão de H3C–N≡C em H3C–C≡N é
energia mínima para quebrar ligações existentes exotérmica. A figura anterior mostra, portanto, o
durante uma reação química. Podemos pensar produto como tendo uma energia menor do que o
nessa energia mínima como uma barreira de reagente.
energia.

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 6

-A mudança de energia para a reação, ΔE, não tem -Nesta equação, R é a constante universal dos gases
efeito na velocidade de reação, entretanto. A e T é a temperatura absoluta. Para se ter uma ideia
velocidade depende da magnitude de Ea; da magnitude de f, vamos supor que Ea seja 100
geralmente, quanto mais baixo for o valor de Ea, kJ/mol, um valor típico de muitas reações, e que T
mais rápida será a reação. seja 300 K. O valor calculado de f é 3,9 x 10-18,
-Observe que a reação reversa é endotérmica. A número extremamente pequeno! Em 310 K f = 1,4 x
energia de ativação para a reação reversa é igual à 10-17.
energia que deve ser superada ao se aproximar da -Assim, um aumento de 10 graus na temperatura
barreira pela direita: ΔE + Ea. produz um aumento de 3,6 vezes na fração de
-Qualquer molécula de metil isonitrila particular moléculas que possuem pelo menos 100 kJ/mol de
adquire energia suficiente para superar a barreira de energia.
energia por meio de colisões com outras moléculas.
-Lembre-se da teoria cinética-molecular dos gases Equação de Arrhenius
que, a qualquer instante, as moléculas de gás são
-Arrhenius observou que, para a maioria das
distribuídas em uma ampla faixa de energia.
reações, o aumento na velocidade com o aumento
-A figura a seguir mostra a distribuição das energias
da temperatura é não linear.
cinéticas para duas temperaturas, comparando-as
-Ele descobriu que a maioria dos dados de
com a energia mínima necessária para a reação, Ea.
velocidade de reação obedeciam a uma equação
-Em temperaturas mais altas, uma fração muito
baseada em:
maior das moléculas tem energia cinética maior
(a) a fração de moléculas que possuem energia
do que que Ea, o que leva a uma velocidade de
ou maior;
reação maior.
(b) o número de colisões por segundo e;
(c) a fração de colisões que têm a orientação
apropriada.
-Esses três fatores são incorporados à equação de
Arrhenius:

−𝑬𝒂
𝒌 = 𝑨𝒆 𝑹𝑻

-A fração de moléculas que possuem energia igual


✓ k é a constante de velocidade, Ea é a energia
ou superior a Ea é dada pela expressão:
de ativação, R é a constante universal dos
gases (8,314 J/K. mol) e T é a temperatura
−𝐸𝑎
𝑓 = 𝑒 𝑅𝑇 em K.
✓ A é chamado de fato de frequência.
Anotações ✓ A é uma medida da probabilidade de uma
___________________________________________ colisão favorável.
___________________________________________
✓ Tanto A como Ea são específicos para uma
___________________________________________
___________________________________________ determinada reação.

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 7

DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE ATIVAÇÃO -Subtraindo ln k2 de ln k1 resultamos em:


-Podemos calcular a energia de ativação de uma
reação manipulando a equação de Arrhenius. 𝐸𝑎 𝐸𝑎
𝑙𝑛𝑘1 − 𝑙𝑛𝑘2 = (− + 𝑙𝑛𝐴) − (− + 𝑙𝑛𝐴 )
tomando o logaritmo natural de ambos os lados da 𝑅𝑇1 𝑅𝑇2

equação, obtemos:
𝑬𝒂 -Simplificando a equação e rearranjando temos:
𝒍𝒏𝒌 = − + 𝒍𝒏𝑨
𝑹𝑻
𝒌𝟏 𝑬𝒂 𝟏 𝟏
𝒍𝒏 = ( − )
𝒌𝟐 𝑹 𝑻𝟐 𝑻𝟏
y = mx + b
-Que tem a forma da equação para uma linha reta.
Vamos exercitar?
Um gráfico de lnk versus 1/T é uma linha com
3.8 A velocidade de uma reação aumentou de
inclinação igual a -Ea/R e uma interceptação em y
3,00 mol/L. s para 4,35 mol/L. s quando a
igual a lnA.
temperatura foi elevada de 18 °C para 30 °C. Qual
-Assim, a energia de ativação pode ser determinada
é a energia de ativação da reação?
medindo k em uma série de temperaturas,
representando lnk versus 1/T, e calculando Ea a
3.9 A constante de velocidade da reação de
partir da inclinação da linha resultante.
segunda ordem entre CH2CH2Br e OH-, em água,
é 0,28 mL.mol-1.s-1, em 35,0 °C. Qual é o valor da
constante, em 50 °C?
Dados: A = 4,3 x 1011 L.mol-1.s-1, Ea = 90 kJ.mol-1.

Mecanismos de Reação

-Uma equação balanceada para uma reação


química indica que as substâncias presentes no
início da reação e aquelas presentes no final da
-Também podemos usas a equação anterior para
reação.
avaliar de forma não gráfica se sabemos a
-Ela não fornece nenhuma informação, entretanto,
constante de velocidade de uma reação em duas
sobre as etapas detalhadas que ocorre no nível
ou mais temperaturas.
molecular à medida que os reagentes são
-Por exemplo, suponha que em duas temperatura
transformados em produtos.
diferentes T1 e T2 uma reação tenha constantes de
-As etapas pelas quais uma reação ocorre são
velocidade k1 e k2. Para cada condição, temos:
chamadas de mecanismo de reação. No nível mais
𝐸𝑎
𝑙𝑛𝑘1 = − + 𝑙𝑛𝐴 sofisticado, um mecanismo de reação descreve a
𝑅𝑇1
ordem em que as ligação são quebradas e
𝐸𝑎 formadas e as mudanças nas posições relativas
𝑙𝑛𝑘2 = − + 𝑙𝑛𝐴
𝑅𝑇2 dos átomos no curso da reação.

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 8

REAÇÕES ELEMENTARES MECANISMO DE VÁRIAS ETAPAS


-Vimos que as reações ocorrem devido a colisões -A mudança líquida representada por uma reação
entre moléculas reagentes. Por exemplo, as colisões química balanceada geralmente ocorrer por um
entre as moléculas de metil isonitrila (CH3NC) podem mecanismo de várias etapas que consiste em
fornecer a energia para permitir que o CH3NC se uma sequência de reações elementares. Por
reorganize em acetonitrila: exemplo, abaixo de 225 °C, a reação:

NO2(g) + CO(g) → NO(g) + CO2(g)

-Da mesma forma, a reação de NO e O3 para formar -Parece proceder em duas reações elementares (ou
NO2 e O2 parece ocorrer como resultado de uma duas etapas elementares), cada uma das quais é
única colisão envolvendo moléculas de NO e O3 bimolecular.
adequadamente orientadas e suficientemente -Primeiro, duas moléculas de NO2 colidem e um
energéticas: átomo de oxigênio é transferido de uma para outra.
O NO3 resultante, então, colide com uma molécula
NO(g) + O3(g) → NO2(g) + O2(g) de CO e transfere um átomo de oxigênio para ela:

-Ambas as reações ocorrem em um único evento ou NO2(g) + NO2(g) → NO3(g) + NO(g)


etapa e são chamadas de reações elementares. NO3(g) + CO(g) → NO2(g) + CO2(g)
-O número de moléculas que participam como
reagentes em uma reação elementar define a -Assim, dizemos que a reação ocorre por um
molecularidade da solução. mecanismos de duas etapas.
✓ Se uma única molécula estiver envolvida, a As equações químicas para as reações
reação é unimolecular. elementares em um mecanismo de várias etapas
✓ As reações elementares envolvendo a devem sempre se adicionarem para fornecer a
colisão de duas molécula reagentes são equação química do processo geral.
bimoleculares. -No presente exemplo, a soma das equações
✓ As reações elementares envolvendo a elementares é:
colisão simultânea de três moléculas são
termoleculares. 2NO2(g) + NO3(g) + CO(g) → NO2(g) + NO3(g) + NO(g) + CO2(g)
OBS.: As reações termoleculares são muito menos
prováveis do que os processos unimoleculares ou -Como o NO3 não é um reagente nem um produto de
bimoleculares e raramente são encontradas. A reação – ele é formado em uma reação elementar e
chance de quatro ou mais moléculas colidirem consumida na próxima – é chamado de
simultaneamente com qualquer regularidade é ainda intermediário.
mais remota; consequentemente, tais colisões -Os mecanismos de várias etapas envolvem um ou
nunca serão propostas como parte de um mais intermediários. Os intermediários não são
mecanismo de reação. igual aos estados de transição, conforme
mostrado na figura a seguir.

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 9

-Os intermediários podem ser estáveis e, portanto, -Assim, a taxa de um processo unimolecular é de
às vezes podem ser identificados e até isolados. Os primeira ordem:
estados de transição, por outro lado, são sempre
inerentemente instáveis e, como tal, nunca podem 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑘[𝐴]
ser isolados. No entanto, o uso de técnicas
avançadas “ultrarrápidas” às vezes nos permite -Para as etapas elementares bimoleculares, a lei de
caracterizá-las. velocidade é de segunda ordem, como na reação:

A + B → produtos
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑘[𝐴][B]

-A lei de velocidade de segunda ordem segue


diretamente a teoria da colisão. Se dobrarmos a
concentração de A, o número de colisões entre as
moléculas de A e B dobra; da mesma forma, se
dobrarmos [B], o número de colisões entre A e B
dobra.
-Portanto, a lei de velocidade é de primeira ordem

Leis de Velocidade para Reações Elementares em [A] e [B] e de segunda ordem em geral.

-Cada reação é composta de uma série de uma ou


mais etapas elementares, e as leis de velocidade e
velocidades relativas dessas etapas ditam a lei de
velocidade geral para a reação.
-Na verdade, a lei de velocidade de uma reação pode
Etapa Determinante da Velocidade para um
ser determinada a partir de seu mecanismo, como
Mecanismo de Múltiplas Etapas
veremos em breve, e comparada com a lei de
velocidade experimental. -Cada etapa do mecanismo tem sua própria
-As reações elementares são significativas de uma constante de velocidade e energia de ativação.
maneira muito importante: se uma reação é Frequentemente, uma etapa é muito mais lenta do
elementar, sua lei de velocidade é baseada que as outras, e a velocidade geral de uma
diretamente em sua molecularidade. reação não pode exceder a velocidade da etapa
-Por exemplo, considere a reação unimolecular: elementar mais lenta.
-Como a etapa lenta limita a velocidade geral de
A → produtos reação, ela é chamada de etapa determinante da
velocidade (ou etapa limitadora da velocidade).
-Conforme o número de moléculas A aumenta, o
Anotações
número que reage em um determinado intervalo de
___________________________________________
tempo aumenta proporcionalmente. ___________________________________________

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 10

Catálise Referências

Catalisador → é uma substância que muda a FERNANDES, Nedja Suely – Notas de Aula da
velocidade de uma reação química sem sofrer uma Disciplina Princípios de Química Analítica – Natal:
mudança química permanente (não é consumido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020.
reação).
JESPERSEN, N. D.; BRADY, J. E.; HYSLOP, A.
-Embora o catalisador não faça parte da reação
Chemistry: the molecular nature of matter – 6ª
geral, ele participa alterando o mecanismo da
Ed. New York: Wiley, 2012.
reação.
-O catalisador fornece um caminho para os produtos BROWN, T. L.; LEMAY JR., H. E.; BURSTEN, B. E.;
que tem uma etapa de determinação da MURPHY, C. J.; WOODWARD, P. M. Chemistry:
velocidade com energia de ativação mais baixa the central science – 12ª Ed. New York: Pearson,
do que a reação não catalisada, conforme observado 2012.
na figura a seguir. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química:
questionando a vida moderna e o meio ambiente.
Porto Alegre: Bookman, 2012.

-Como a energia de ativação ao longo desse novo


caminho é menor, uma fração maior das colisões
das moléculas do reagente tem a energia mínima
necessária para reagir, de modo que a reação
ocorre mais rapidamente.
-Os catalisadores podem ser divididos em dois
grupos – catalisadores homogêneos, onde
catalisador que está presente na mesma fase que os
reagentes, e catalisadores heterogêneos, que
existe em uma fase diferente dos reagentes.
Anotações
___________________________________________
___________________________________________

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 11

Respostas
Vamos exercitar
3.5
V = k[N2O5] → reação de primeira ordem
[𝑁2 𝑂5 ]𝑡
𝑙𝑛 = −𝑘𝑡
[𝑁2 𝑂5 ]0
2,0 𝑚𝑚𝑜𝑙/𝐿
𝑙𝑛 = −(5,2 𝑥 10−3 𝑠 −1 ) 𝑥 𝑡
20 𝑚𝑚𝑜𝑙/𝐿
−2,30 = −(5,2 𝑥 10−3 𝑠 −1 ) 𝑥 𝑡
−2,30
= 𝑡
−(5,2 𝑥 10−3 𝑠 −1 )
𝒕 = 𝟒𝟒𝟑 𝒔

3.6
[NOCl]0 = 0,050 mol/L
[NOCl]t = ?
t = 35 min = 35 min x (60 s/1 min) = 2100 s
k = 0,020 L/mol. s
1 1
= 𝑘𝑡 +
[𝑁𝑂𝐶𝑙]𝑡 [𝑁𝑂𝐶𝑙]0
1 1
− = 𝑘𝑡
[𝑁𝑂𝐶𝑙]𝑡 [𝑁𝑂𝐶𝑙]0
1 1
− = 0,020 𝐿/𝑚𝑜𝑙. 𝑠 𝑥 2100 𝑠
[𝑁𝑂𝐶𝑙]𝑡 0,050 𝑚𝑜𝑙/𝐿
1
− 20 𝐿/𝑚𝑜𝑙 = 42 𝐿/𝑚𝑜𝑙
[𝑁𝑂𝐶𝑙]𝑡
1
= 42 𝐿/𝑚𝑜𝑙 + 20 𝐿/𝑚𝑜𝑙 = 62 𝐿/𝑚𝑜𝑙
[𝑁𝑂𝐶𝑙]𝑡
1
[𝑁𝑂𝐶𝑙]𝑡 =
62 𝐿/𝑚𝑜𝑙
[𝑵𝑶𝑪𝒍]𝒕 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟔 𝒎𝒐𝒍/𝑳

3.7
𝑙𝑛2
𝑡1/2 =
𝑘
𝑙𝑛2 𝑙𝑛2 −1
𝑘 = = 𝑑
70 𝑑 70

[𝐴]𝑡
𝑙𝑛 = −𝑘𝑡
[𝐴]0

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054


Cinética Química 12

10
100 [𝐴]0 𝑙𝑛2 −1
𝑙𝑛 = − 𝑑 𝑥𝑡
[𝐴]0 70
10 𝑙𝑛2 −1
𝑙𝑛 = − 𝑑 𝑥𝑡
100 70
−2,30 𝑥 70 𝑑
= 𝑡
− 𝑙𝑛2
𝒕 = 𝟐𝟑𝟐 𝒅𝒊𝒂𝒔

3.8
18 °C = 291 K
30 °C = 303 K
𝑘1 𝐸𝑎 1 1
𝑙𝑛 = ( − )
𝑘2 𝑅 𝑇2 𝑇1
3,00 mol/L. s 𝐸𝑎 1 1
𝑙𝑛 = ( − )
4,35 mol/L. s 8,314 J/K. mol 303 K 291 K
𝐸𝑎
-0,372 = (-1,36 x 10-4 K )
8,314 J/K. mol
-0,372 x 8,314 J/K. mol
= 𝐸𝑎
(-1,36 x 10-4 K )
𝐸𝑎 = 23000 J/mol
𝑬𝒂 = 𝟐𝟑 𝒌𝑱/𝒎𝒐𝒍

3.9
35 °C = 308 K
50 °C = 323 K
𝑘1 𝐸𝑎 1 1
𝑙𝑛 = ( − )
𝑘2 𝑅 𝑇2 𝑇1
𝑘1 90 𝑥 103 𝐽/𝑚𝑜𝑙 1 1
𝑙𝑛 = ( − )
𝑘2 8,314 𝐽/𝐾. 𝑚𝑜𝑙 323 308
𝑘1
𝑙𝑛 = −1,63
𝑘2
𝑘1
= 𝑒 −1,63
𝑘2
𝑘1
−1,63
= 𝑘2
𝑒
0,28 𝑚𝐿/𝑚𝑜𝑙. 𝑠
= 𝑘2
𝑒 −1,63
𝒌𝟐 = 𝟏, 𝟒 𝒎𝑳/𝒎𝒐𝒍. 𝒔

PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054

Você também pode gostar