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Química Orgânica Experimental

(Apostila dos Experimentos - Curso de Alimentos - Tecnoló gico)

Fluoxetina (Prozac)

Edição do Estudante
Campo Grande, 2015
Química * o estudo da preparação, propriedades, estrutura e reações dos elementos

químicos e seus compostos, e dos sistemas que eles formam.

* a atividade científica realizada por pessoas que chamam a si próprios de


químicos.

"A Química deve ser aprendida porque representa uma das formas de ver o mundo e de
interpretá-lo. Um cidadão tem uma visão parcial do mundo quando não domina os princípios
fundamentais da Química”.
(Gallo Neto, 1995)

“A Química é também uma linguagem...”.


Assim, o ensino de Química deve ser um facilitador da leitura do mundo. Ensina-se Química,
então, para permitir que o cidadão possa interagir melhor com o mundo”.
(Chassot, 1990)

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Laboratório de Química Orgânica

Professor:
Adilson Beatriz

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Alguns Comentários

Realizar experimentos com material químico no laboratório é um dos mais


importantes e excitantes aspectos da Química Orgânica. É a partir de resultados dos
experimentos ao longo dos anos que a informação apresentada em palestras e aulas
tem sido descoberta. A busca pelo “insight” no interior dos princípios que permeiam a
Química Orgânica, para obtenção de novos compostos, particularmente de importância
biológica e pela informação a respeito dos segredos da química dos organismos vivos
tem continuidade no laboratório.

Muito poucos compostos são obtidos em estado puro seja de fonte natural ou
sintética. É necessário, portanto, ser capaz de separá-los e purificá-los. Os primeiros
experimentos neste manual cobrem técnicas usadas para efetuar purificação.

Durante o semestre, as habilidades fundamentais da Química Orgânica


experimental deverão ser adquiridas e a necessidade de planejar e ser organizado no
laboratório se tornará óbvia. Por breves períodos, a excitação e a frustração da química
orgânica será, inevitavelmente, encontrada.

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1. Introdução Geral

É essencial que você esteja bem preparado para realizar o trabalho experimental
antes de vir para o laboratório. O material apropriado neste manual deverá ser lido e
analisado e as referências consultadas onde necessário.
Uma breve discussão será apresentada no laboratório pelo Professor antes do
trabalho experimental começar. Durante esta pequena aula a teoria por trás do
experimento será sumariada, orientação para o trabalho experimental será dada e o
uso de equipamentos não familiares será demonstrado.

Requisitos

Adicionalmente a este manual, os seguintes itens são necessários no


laboratório:

• Óculos de segurança (para estudantes que não usam óculos corretivos)

• Avental
Seu Professor

O seu Professor está no laboratório para ajudá-lo e responder quaisquer


questões que você tenha. Não hesite em perguntá-lo sobre dúvidas.

Ausência

Espera-se a presença de todos os alunos a todas as aulas de laboratório. A


ausência sem boa e justificada razão acarretará nota 0 (zero) no trabalho e relatório
daquele dia. O aluno que se atrasar mais de 15 minutos poderá assistir a realização da
prática com seu grupo, mas não receberá presença no dia.

O Equipamento
Você é responsável pelo equipamento e caso você danifique algo por mal uso ou
por negligência, você será solicitado a repor tal equipamento.
Quando você terminar o seu trabalho experimental, limpe a sua bancada e a pia.
Certifique-se se todo seu equipamento está limpo e nos devidos lugares.

1.2. Produtos Preparados no Laboratório


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Todos compostos purificados ou preparados no laboratório devem ser
submetidos à avaliação do Professor para que seja contabilizada a nota da prática. Os
produtos devem ser colocados em pequenos frascos que foram previamente pesados e
então novamente pesados após adição do produto. A diferença é o peso da amostra.
No rótulo, indique o nome do produto, o peso da amostra, seu ponto de fusão ou
ebulição e seu nome.

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1.3. Cálculos Usados na Química Orgânica

1.3.1. Relações Massa-Volume


Em química é utilizado o sistema métrico de unidades. A unidade de massa é o
quilograma. A grama (g) é um milésimo de um quilograma. O miligrama (mg) é um
milionésimo de uma grama (0,001 g).
A unidade padrão de volume é baseada no centímetro cúbico. A unidade comum
no laboratório de volume é o litro (L), para a qual as relações seguintes são mantidas: l
litro (L) = 1000 mililitros (mL) = 1000 centímetros cúbicos (cc).
É freqüentemente desejável converter medidas de massa em volume e vice
versa; em muitos casos é mais fácil medir um líquido ao invés de pesá-lo. Massa e
volume são relacionados pela densidade (d), a qual é definida como massa por
unidade de volume de uma substância.

[densidade (g/mL) = [massa (g)/[volume (mL)]], portanto, [volume (mL) = [massa


(g)/[densidade (g/mL)]] e [massa (g) = volume (mL) x densidade (g/mL)]

Portanto se dois dos valores são conhecidos, o outro pode ser calculado; por
exemplo 300 g de clorofórmio (d, 1,5 g/mL) é requerida para um experimento. O
volume requerido é encontrado como se segue:

volume = massa/densidade = (300 g)/1,5 g/mL) = 200 mL.

1.3.2. Massas atômicas e moleculares


Massa Atômica é definida como a massa de um átomo de qualquer elemento
com relação a massa de um átomo de carbono-12, a qual é atribuída o valor de 12
unidades. É importante notar que uma massa atômica é uma razão que não deve ser
confundida com a massa real de um átomo. Massa atômicas podem ser dadas em
quaisquer unidades de medida. Quando expressadas em unidades de gramas, é obtido
o átomo-grama. Por exemplo, a massa atômica do carbono é 12, portanto, um átomo-
grama de carbono = 12 g.
Massa Molecular. A massa molecular de um composto é a soma das massas
atômicas dos átomos que fazem parte da molécula. Assim como massas atômicas, a
massa molecular é uma razão.

Considere o benzeno, o qual tem a fórmula C6H6.

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A fórmula indica que uma molécula de benzeno consiste de 6 átomos de
carbono (massa atômica 12,01) e 6 átomos de hidrogênio (massa atômica 1,01).
Portanto a massa molecular do benzeno é (6x12,01) + (6x1,01) = 78,12 g.

1.3.3. Mols

Quando expressos em unidades de gramas massa molécula-grama de um


composto é obtida. Esta quantidade é conhecida como um mol do composto. Por
exemplo, um mol de benzeno = 78,12 g. Portanto o número de mols de um composto =

Massa( g) do composto
Massa molecular do composto

Por exemplo, 19,5 g de benzeno = 19,5/78,12 mols de benzeno = 0,25 mols de


benzeno

O mol é uma unidade muito importante em química. Um mol de cada composto


contém o mesmo número de moléculas; este número é chamada de número de
Avogrado e tem o valor de 6,023 x 1023. Portanto um mol (78,12 g) de benzeno
contém 6,023 x 1023 moléculas de benzeno.

As massas atômicas de alguns elementos geralmente encontrados em química


orgânica’ estão listadas abaixo:

MASSAS ATÔMICAS DE ALGUNS ELEMENTOS

Átomo Símbolo Massa Atômica Átomo Símbolo Massa Atômica

Hidrogênio H 1,01 Alumínio Al 26,97

Carbono C 12,01 Silício Si 28,06

Nitrogênio N 14,01 Fósforo P 30,97

Oxigênio O 16,00 Enxofre S 32,06

Flúor F 19,00 Cloro Cl 35,46

Sódio Na 23,00 Bromo Br 79,92

Magnésio Mg 24,32 Iodo I 126,92

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1.3.4. Rendimentos
O rendimento pode ser definido como a quantidade de produto puro realmente
obtida em um experimento e é expresso como uma massa (g).
O rendimento teórico é a quantidade de produto que poderia ser obtida sob
condições ideais na qual a reação completou-se na integridade sem reações laterais ou
perdas mecânicas. O rendimento teórico pode ser calculado a partir da equação
balanceada para a reação e as quantidades de materiais de partida e produto. A
equação indica o número de moléculas que participam da reação. Uma vez que
existem números iguais de átomos em qualquer um átomo-grama de um elemento e
igual número de moléculas em qualquer um mol de um composto, a equação também
indica o número relativo de átomos-grama e/ou mols que participam na reação.
Por exemplo, considere a esterificação do ácido acético com etanol para
produzir acetato de etila. A equação para a reação é:

CH3COOH + C2H5OH  CH3COOC2H5 + H2O

ácido acético etanol acetato de etila água

(p.m. 60,1) (p.m. 46,1) (p.m. 88,1) (p.m. 18)

A equação indica que as seguintes relações se mantêm:

1 molécula de ácido acético + 1 molécula de etanol  1 molécula de acetato de etila +


1 molécula de água

1 mol de ácido acético + 1 mol de etanol  1 mol de acetato de etila + 1 mol de água

60,1 g de ácido acético + 46,1 g de etanol  88,1 g de acetato de etila + 18 g de água

No trabalho de laboratório real, os melhores resultados não são sempre obtidos


usando-se os reagentes nas proporções indicadas pela equação química para a
reação. Em muitos casos, pode ser vantajoso usar um excesso de um dos reagentes.
Em qualquer preparação dada, a escolha envolve consideração do custo relativo e
disponibilidade de materiais, equilíbrio, velocidade da reação e facilidade de
purificação.

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Se a preparação envolve dois ou mais compostos reagentes e as quantidades
usadas não estão nas proporções demandadas pela equação, é necessário identificar
qual reagente é o fator limitante antes de se calcular o rendimento teórico.

O fator limitante (ou reagente) pode ser definido como aquele reagente que está
presente em menor quantidade, calculada em mols, após levar em conta a
estequiometria da reação.

Portanto, considere a reação de ácido acético (35,0 g) com etanol (75,0 g) para
dar acetato de etila (33,6 g). Neste caso particular há uma relação 1:1 entre os
reagentes.

No. De mols de ácido acético = 35,0/60,1 = 0,58

No. De mols de etanol = 75,0/46,1 = 1,63

Uma vez que existe um grande excesso de etanol, o reagente limitante é o ácido
acético. Ele controla a quantidade máxima de produto que pode ser obtida, a qual é
0,582 mol de acetato de etila. Esta quantidade é o rendimento teórico e pode ser
expressado em gramas como se segue:

Massa Molecular de acetato de etila = 88,1 g

Rendimento teórico de acetato de etila = 88,1x0,58= 51,1 g.

O rendimento percentual (rendimento %) é a medida da eficiência de um procedimento.


Ele é obtido a partir de uma comparação do rendimento real com o rendimento teórico.

Rendimento % = (rendimento real)/(rendimento teórico) x 100

Ele pode ser calculado usando massas (g) ou mols.

Por exemplo, na reação de esterificação, 33,6 g de acetato de etila são obtidos.

1. O rendimento teórico de acetato de etila = 0,58 mols

O rendimento real de acetato de etila = 33,6/88,1 = 0,38 mols

O rendimento percentual = 0,38/0,58 x 100 = 65,5%

2. O rendimento teórico de acetato de etila = 51,3 g

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O rendimento real de acetato de etila = 33,6 g

Portanto o rendimento percentual = 33,6/51,3 x 100 = 65,5%.

Considere uma outra reação na qual a estequiometria não é 1:1 e sim 1:3.

C6H6O + 3Br2  C6H3Obr3 + 3HBr

fenol bromo 2,4,6-tribromofenol brometo de hidrogênio

(p.m. 94) (p.m. 160) (p.m. 331) (p.m. 81)

1 molécula + 3 moléculas  1 molécula 3 moléculas

1 mol + 3 mols  1 mol + 3 mols

94 g + 480 g  331 g + 243 g

O fenol (47,0 g) foi tratado com bromo (120,0 g) para produzir 2,4,6-
tribromofenol (40,0 g). Calcular o rendimento percentual.

No. De mols de fenol = 47,0/94 = 0,50

No. De mols de bromo = 120,0/160 = 0,75

No. De mols do produto = 40,0/331 = 0,12

Uma vez que cada mol de fenol requer três mols de bromo, o fenol está em
excesso. O rendimento teórico do 2,4,6-tribromofenol é um terço do número de mols de
bromo.
Rendimento teórico = 0,25 mols do produto
0,25 x 331 = 82,8 g.
Rendimento percentual = 0,12/0,25 x 100 = 40,0/83,0 x 100 = 48%.

Quando substâncias são extraídas a partir de misturas ou de fontes naturais, o


rendimento pode ser expresso como uma percentagem da massa da fonte.

% Recuperada (ou isolada) =


Massa do produto
x 100.
Massa da fonte (seca)

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2. Segurança no Laboratório

2.1. Observações Gerais:


 Não será permitido trabalhar no laboratório sem usar avental.
 Não será permitido trabalhar sem a apostila de aulas práticas.
 Não saia do laboratório sem ter lavado todo o material utilizado no experimento e
sem devolvê-lo ao técnico.
 Toda quebra de vidraria deve ser comunicada ao técnico ou ao professor.
 Antes de vir para o laboratório para realizar o experimento, leia com atenção o
roteiro que será seguido, faça um pré-relatório e entregue ao professor no início da
aula prática. Lembre-se: Todo pré-relatório valerá nota. O aluno que não entregar
no início do trabalho experimental receberá nota ZERO.

2.2. Normas Básicas de Segurança no Laboratório

A segurança no laboratório é uma responsabilidade que deve ser assumida por


professores, monitores e alunos. No recinto do laboratório não é permitida brincadeiras
ou atitudes que possam provocar danos para si ou outras pessoas. Apesar disso, os
laboratórios de química não são necessariamente lugares perigosos embora muito dos
perigos estejam associados a eles. Acidentes são, na maioria das vezes, causados por
falta de cuidado, ignorância e desinteresse pelo assunto.
Embora não seja possível enumerar todas as causas de possíveis de acidentes
num laboratório, existem alguns cuidados que são básicos e que, se observados,
ajudam a evitá-los.
1. É PROIBIDO comer, beber ou fumar no laboratório;
2. Evite trabalhar sozinho no laboratório, a presença de outras pessoas será sempre
uma valiosa ajuda em caso de acidentes;
3. Prepare-se antes de tentar realizar os experimentos. Procure ler e entender os
roteiros experimentais; consulte a literatura especializada. Em caso de dúvidas,
discuta o assunto com o professor antes de tentar fazer o experimento;
4. Utilize sempre que necessário materiais que possam garantir maior segurança no
trabalho tais como: luvas, pinça, óculos (obrigatório), jaleco (obrigatório) etc.
Procure manter seu jaleco limpo.

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5. Conserve sempre limpos os equipamentos, vidrarias e sua bancada de trabalho.
Evite derramar líquidos, mas se o fizer, limpe o local imediatamente;
6. Gavetas e portas dos armários devem ser mantidas sempre fechadas quando não
estiverem sendo utilizadas;
7. Ao término do período de laboratório, lave o material utilizado, limpe sua bancada
de trabalho, seu banco, a pia e outras áreas de uso em comum. Verifique se os
equipamentos estão limpos e desligados e os frascos reagentes fechados;
8. Lave suas mãos freqüentemente durante o trabalho prático, especialmente se
algum reagente químico for respingado. Ao final do trabalho, antes de deixar o
laboratório, lave as mãos;
9. Leia com atenção os rótulos dos frascos de reagentes químicos para evitar pegar
o frasco errado. Certifique-se de que o reagente contido no frasco é exatamente o
citado no roteiro experimental;
10. Nunca torne a colocar no frasco, o reagente não utilizado. Não coloque objeto
algum nos frascos de reagentes, exceto o conta-gotas de que alguns são
providos;
11. Evite contato físico com qualquer tipo de reagente químico. Tenha cuidado ao
manusear substâncias corrosivas como ácidos e bases –use a CAPELA;
12. A diluição de ácidos concentrados deve ser feita adicionando-se o ácido,
lentamente, com agitação constante, sobre a água – com essa metodologia
adequada, o calor gerado no processo de mistura, é absorvido e dissipado no
meio. NUNCA proceda ao contrário (água sobre o ácido).
13. Nunca deixe frascos contendo reagentes químicos inflamáveis próximos à chama;
14. Não deixe nenhuma substância sendo aquecida por longo tempo sem supervisão;
15. Não jogue nenhum material sólido dentro das pias ou ralos. O material inútil
(rejeito) deve ser descartado de maneira apropriada;
16. Quando for testar um produto químico pelo odor, não coloque o frasco sobre o
nariz. Desloque os vapores que se desprendem do frasco com a mão para a sua
direção;
17. Use a CAPELA para experiências que envolvem o uso ou liberação de gases
tóxicos ou corrosivos;
18. Não aqueça tubos de ensaio com a extremidade aberta voltada para si mesmo ou
para alguém próximo. Sempre que possível o aquecimento deve ser feito na
CAPELA;

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19. Não deixe recipientes quentes em lugares em que possam ser pegos
inadvertidamente. Lembre-se de que o vidro quente tem a mesma aparência do
vidro frio;
20. Não pipete de maneira alguma, líquidos corrosivos ou venenosos, por sucção,
com a boca. Procure usar sempre a “pêra de sucção” para pipetar.
21. O bico de Bunsen deve permanecer aceso somente quando estiver sendo
utilizado;
22. Não trabalhe com material imperfeito;
23. Em caso de acidentes, comunique o professor imediatamente. Ele deverá decidir
sobre a gravidade do acidente e tomar as atitudes necessárias;
24. Em caso de possuir alguma alergia, estar grávida ou em qualquer outra situação
que possa ser afetado quando exposto a determinados reagentes químicos,
comunique o professor logo no primeiro dia de aula;
25. Em caso de incêndio este deverá ser abafado imediatamente com uma toalha ou,
se necessário, com o auxilio do extintor de incêndio apropriado;
26. Comunique o professor, monitor ou técnico sempre que notar algo anormal no
laboratório;
27. Faça apenas as experiências indicadas pelo professor. Caso deseje tentar
qualquer modificação do roteiro experimental discuta com o professor antes de
faze-lo;
28. No laboratório é OBRIGATÓRIO o uso do jaleco e de óculos de segurança (para
quem não usa óculos de grau).

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2.3. Noções de Primeiros Socorros

Em caso de acidente com algum reagente ou vidraria procure seguir estas


instruções o mais rápido possível:

- Para queimaduras leves causadas por chamas ou objetos quentes: aplicar


ungüento de picrato de butensin;
- Para queimaduras mais graves: aplicar imediatamente uma solução a 1% de
bicarbonato de sódio e procurar auxílio médico;
- Para ácidos sobre a pele: lavar abundantemente com água, depois com solução
saturada de bicarbonato de sódio e, finalmente, com água;
- Para bases sobre a pele: lavar abundantemente com água, a seguir com ácido
acético 1% e, finalmente, com água;
- Para ácidos nos olhos: levar repetidamente com solução de bicarbonato de sódio
a 1%. Se o ácido for concentrado, primeiro lave o olho com bastante água e, a
seguir, com a solução de bicarbonato;
- Para bases nos olhos: lavar repetidamente com solução a 1% de ácido bórico;
- Para vidro nos olhos: remover os pedações maiores com pinças ou através de
lavagem com água banhando o olho afetado. Procurar imediatamente um médico;
- Para a ingestão de ácidos: beba bastante água, seguida por água de cal ou leite
de magnésia. Tomar leite e não provocar vômito;
- Para a ingestão de bases: beber bastante áua, seguida por vinagre, limão ou suco
de laranja ou soluções de ácido láctico ou ácido cítrico. Tomar leite e não provocar
vômito.

2.4. Compostos Tóxicos


Um grande número de compostos orgânicos e inorgânicos são tóxicos.
Manipule-os com respeito, evitando a inalação ou contato direto. Muitos produtos que
eram manipulados pelos químicos, sem receio, hoje são considerados nocivos à saúde
e não há dúvidas de que a lista de produtos tóxicos deva aumentar.
A relação abaixo compreende alguns produtos tóxicos de uso comum em
laboratórios:

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2.5. Compostos Altamente Tóxicos:
São aqueles que podem provocar, rapidamente, sérios distúrbios ou morte.
Compostos de mercúrio Ácido oxálico e seus sais
Compostos arsênicos Cianetos inorgânicos
Monóxido de carbono Cloro
Flúor Pentóxido de vanádio
Selênio e seus compostos

2.6. Líquidos Tóxicos e Irritantes aos Olhos e Sistema Respiratório:


Sulfato de dietila Ácido fluorobórico
Bromometano Alquil e arilnitrilas
Dissulfeto de carbono Benzeno
Sulfato de metila Brometo e cloreto de benzila
Bromo Cloreto de acetila
Acroleína Cloridrina etilênica

2.7. Compostos Potencialmente Nocivos por Exposição Prolongada:


a) Brometos e cloretos de alquila: Bromoetano, bromofórmio, tetracloreto de carbono,
diclorometano, 1,2-dibromoetano, 1,2-dicloroetano, iodometano.
b) Aminas alifáticas e aromáticas: Anilinas substituídas ou não, dimetilamina,
trietilamina, diisopropilamina.
c) Fenóis e compostos aromáticos nitrados: Fenóis substituídos ou não, cresóis,
catecol, resorcinol, nitrobenzeno, nitrotolueno, nitrofenóis, naftóis.

2.8. Substâncias Carcinogênicas:


Muitos compostos orgânicos causam tumores cancerosos no homem. Deve-se
ter todo o cuidado no manuseio de compostos suspeitos de causarem câncer,
evitando-se a todo custo a inalação de vapores e a contaminação da pele. Devem ser
manipulados exclusivamente em capelas e com uso de luvas protetoras. Entre os
grupos de compostos comuns em laboratório se incluem:
a) Aminas aromáticas e seus derivados: Anilinas N-substituídas ou não, naftilaminas,
benzidinas, 2-naftilamina e azoderivados.
b) Compostos N-nitroso: Nitrosoaminas (R’-N(NO)-R) e nitrosamidas.

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c) Agentes alquilantes: Diazometano, sulfato de dimetila, iodeto de metila,
propiolactona, óxido de etileno.
d) Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos: Benzopireno, dibenzoantraceno, etc.
e) Compostos que contém enxofre: Tioacetamida, tiouréia.
f) Benzeno: Um composto carcinogênico, cuja concentração mínima tolerável é inferior
aquela normalmente percebida pelo olfato humano. Se você sente cheiro de benzeno’
é porque a sua concentração no ambiente é superior ao mínimo tolerável. Evite usá-lo
como solvente e sempre que possível substitua-o por outro solvente semelhante e
menos tóxico (por exemplo, tolueno).
g) Amianto: A inalação por via respiratória de amianto pode conduzir a uma doença de
pulmão, a asbestose, uma moléstia dos pulmões que aleija e eventualmente mata. Em
estágios mais adiantados geralmente se transforma em câncer dos pulmões.

2.9. Instruções Para Eliminação de Produtos Químicos Perigosos

Hidretos alcalinos, dispersão de sódio


Suspender em dioxano, lentamente adicionar o isopropano, agitar até completa reação
do hidreto ou do metal: adicionar cautelosamente água até formação de solução
límpida, neutralizar e verter em recipiente adequado.
Hidreto de lítio e alumínio
Suspender em éter ou THF ou dioxano, gotejar acetato de etila até total transformação
do hidreto, resfriar em banho de gelo e água, adicionar ácido 2N até formação de
solução límpida, neutralizar e verter em recipiente adequado.
Boroidreto alcalino
Dissolver em metanol, diluir em muita água, adicionar etanol, agitar ou deixar em
repouso até completa dissolução e formação de solução límpida, neutralizar e verter
em recipiente adequado.
Organolíticos e compostos de Grignard
Dissolver ou suspender em solvente inerte (p. ex.: éter, dioxano, tolueno), adicionar
álcool, depois água, no final ácido 2N, até formação de solução límpida, verter em
recipiente adequado.

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Sódio
Introduzir pequenos pedaços do sódio em metanol e deixar em repouso até completa
dissolução do metal, adicionar água com cuidado até solução límpida, neutralizar,
verter em recipiente adequado.
Potássio
Introduzir em n-butanol ou t-butanol anidro, diluir com etanol, no final com água,
neutralizar, verter em recipiente adequado.
Mercúrio
Mercúrio metálico: Recuperá-lo para novo emprego.
Sais de mercúrio ou suas soluções: Precipitar o mercúrio sob forma de sulfeto, filtrar e
guardá-lo.
Metais pesados e seus sais
Precipitar soba a forma de compostos insolúveis (carbonatos, hidróxidos, sulfetos, etc.),
filtrar e armazenar.
Cloro, bromo, dióxido de enxofre
Absorver em NaOH 2N, verter em recipiente adequado.
Cloretos de ácido, anidridos de ácido, PCl3, PCl5, cloreto de tionila, cloreto de sulfurila.
Sob agitação, com cuidado e em porções, adicionar à muita água ou NaOH 2N,
neutralizar, verter em recipiente adequado.
Ácido clorosulfônico, ácido sulfúrico concentrado, óleum, ácido nítrico
concentrado
Gotejar, sob agitação, com cuidado, em pequenas porções, sobre gelo ou gelo mais
água, neutralizar, verter em recipiente adequado.
Dimetilsulfato, iodeto de metila
Cautelosamente, adicionar a uma solução concentrada de NH3, neutralizar, verter em
recipiente adequado.
Presença de peróxidos, peróxidos em solventes, (éter, THF, dioxano)
Reduzir em solução aquosa ácida (Fe(II) – sais, bissulfito), neutralizar, verter em
recipiente adequado.
Sulfeto de hidrogênio, mercaptanas, tiofenóis, ácido cianídrico, bromo e
clorocianos
Oxidar com hipoclorito (NaOCl).

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2.10. Aquecimento no Laboratório
Ao se aquecerem substâncias voláteis e inflamáveis no laboratório, deve-se
sempre levar em conta o perigo de incêndio.
Para temperaturas inferiores a 100C use preferencialmente banho-maria ou
banho a vapor.
Para temperaturas superiores a 100C use banhos de óleo. Parafina aquecida
funciona bem para temperaturas de até 220C; glicerina pode ser aquecida até 150C
sem desprendimento apreciável de vapores desagradáveis. Banhos de silicone são os
melhores, mas são também os mais caros.
Uma alternativa quase tão segura quanto os banhos são as mantas de
aquecimento. O aquecimento é rápido, mas o controle da temperatura não é tão
eficiente como no uso de banhos de aquecimento. Mantas de aquecimento não são
recomendadas para a destilação de produtos muito voláteis e inflamáveis, como éter de
petróleo e éter etílico.
Para temperaturas altas (>200C) pode-se empregar um banho de areia. Neste
caso o aquecimento e o resfriamento do banho deve ser lento.
Chapas de aquecimento podem ser empregadas para solventes menos voláteis
e inflamáveis. Nunca aqueça solventes voláteis em chapas de aquecimento (éter, CS2,
etc.). Ao aquecer solventes como etanol ou metanol em chapas, use um sistema
munido de condensador.
Aquecimento direto com chamas sobre a tela de amianto só é recomendado
para líquidos não inflamáveis (por exemplo, água).

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2.11. EQUIPAMENTOS BÁSICOS DE LABORATORIO

O Laboratório Químico é um lugar especialmente desenhado para um trabalho eficiente e


satisfatório em Química. Você precisa de espaço para trabalhar, mesa resistente ao
ataque de drogas químicas, boa iluminação, fontes acessíveis de água, gás,
eletricidade, área especial para manipulação de gases venenosos, etc. Você precisa,
finalmente, dos recipientes e equipamentos adequados.
A Química, como toda ciência, foi obrigada a desenvolver para seu uso, uma linguagem
particular. Há necessidade de um certo esforço visando aprender o significado exato
desses novos termos.
______________________________________________________________________
MATERIAIS DE VIDRO

Estão entre os recipientes mais


usados em laboratório. A
capacidade varia de alguns mililitros
até litros. Feitos de vidro Pyrex,
resistem bem ao aquecimento, ao
resfriamento e ao ataque por drogas
a b químicas. São recipientes de fácil
limpeza.
a) Béquer b) Erlenmeyer
Usados para conter líquidos ou
como frascos de reação. Os de
fundo redondo são mecanicamente
mais resistentes e mais adequados
a operações que envolvam
aquecimento. Os de fundo chato
têm a vantagem de não requerer
Balões (fundo chato/fundo redondo) uso de suporte para serem
mantidos em posição vertical.

Tubos fechados numa extremidade,


usados para conter pequenas
quantidades de material sólido ou
líquido na realização de testes e
reações químicas. A transparência
permite a perfeita observação dos
fenômenos que ocorrem.

Tubos de Ensaios

Apresenta duas aplicações


importantes: na transfer6encia de
líquidos para frascos de boca
estreita ou em filtração, para
21
suportar o papel poroso (papel de
filtro) destinado a reter as partículas
grosseiras, em suspensão na
mistura sólido-líquida a ser
separada.
Funil de vidro comum

Carregada com o líquido desejado


(água destilada, solvente orgânico,
soluções, etc.), destina-se a dirigir
um jato de líquido, em operações
como lavagem, acerto grosseiro do
nível na medida de volume, etc.
Apresenta vantagens de
manipulação e controles fáceis.
Pisseta
Usado para cobrir béqueres,
quando for necessário proteger seu
conteúdo da contaminação por
poeira. Usado, ainda, como
recipiente raso para sólidos ou para
Vidro de Relógio evaporação lenta de líquidos. Não
resiste ao aquecimento.

Empregado na agitação de líquidos,


em operações como:
homogeneização, dissolução, etc.,
auxílio na transferência de líquidos
Bastão de vidro
de um recipiente para outro (faz-se
o líquido escorrer pelo bastão de
vidro ao invés de vertê-lo
diretamente ao outro frasco).

Muito usado para conter sólidos


puros, amostras sólidas, etc.
Resiste bem ao aquecimento em
estufa (1100C), daí seu uso na
operação de secagem,
determinação de umidade, etc. A
tampa esmerilhada protege o
conteúdo da ação da umidade e
poeira. Sendo de pequeno porte,
presta-se bem para pesagem
Pesa-filtro

Usada em medidas grosseiras de


volume de líquidos pois comumente
é graduada em mililitros (erro da
leitura ± 0,5 mL). Não deve ser

22
aquecida em estufa e nem
carregada com líquidos quentes,
pois o aparelhos de medida de
volume são calibrados para uma
determinada temperatura, próxima à
atmosférica, que vem gravada no
aparelho.

Proveta ou Cilindro Graduado


São aparelhos de medidas precisas
de volumes de líquidos. O líquido é
introduzido por sucção, aplicada na
parte superior, até acima do
menisco. Deixa-se escoar
lentamente o líquido para o acerto
do menisco e posterior transferência
do volume medido. É muito
importante o tempo de escoamento,
pois dele depende o teor em líquido
que fica aderente às paredes
internas. Ex. para pipeta de 10 mL,
o tempo mínimo de escoamento é
Pipeta Volumétrica e Graduada de 20 segundos.
É também aparelho de medida de
volume com precisão (ex: bureta de
50 mL permite leitura com erro
absoluto de ± 0,05 mL). A
graduação é, em geral, até décimos
de mililitros. É provida de torneira
que permite interromper o
escoamento exatamente no instante
desejado, sendo por isso
especialmente indicada para uso
nas titulações. Aqui também o
tempo de escoamento é um fator de
importância básica.

Bureta
Dessecador Muito usado em laboratório. É um
recipiente grande, provido de tampa
bem ajustada, destinado a manter
atmosfera anidra. Para tal, o
compartimento inferior é carregado
com agente dessecante, como
CaCl2 anidro, H2SO4 concentrado,
Dessecador ou sílica-gel. Usado para secagem e
proteção contra umidade de
materiais higroscópicos; cadinhos
são resfriados em seu interior, para
posterior pesagem, etc.

23
Usado para filtração à pressão
reduzida. É utilizado em conjunto
com o funil de Buchner para
filtrações à vácuo.

Kitassato ou Frasco de Sucção

Usado para preparar e diluir


soluções.

Balão Volumétrico

Usado para separação de líquidos


imiscíveis.

Funil de Separação ou de
Decantação.

Usados para condensar os gases


ou vapores na destilação de
líquidos.
(a)- Condensador de Liebig ou reto -
usado em destilações; (b) -
Condensador de Allihn ou de bolas-
usado para refluxo de líquidos; (c) -
a b c Condensador de serpentina - usado
Condensadores em destilações ou refluxos.

24
Usadas para fins diversos tais
como, secagem de compostos,
processos de incubação em
Biologia, etc.

Placa de Petri

Usado para lavagens, remoção de


precipitados e outros fins.

Frasco Lavador

Usado para medidas de


Termômetro temperaturas.

25
MATERIAIS DE PORCELANA

Resistem bem à elevação de temperatura;


podem ser aquecidos diretamente sobre
chama até o rubro; daí seu uso na
calcinação de pequenas quantidades de
substâncias ou materiais. Podem ser feitos
de níquel, ferro, platina, porcelana, etc.,
conforme o uso a que se destina.

Cadinhos

Sendo um recipiente raso e de superfície


relativamente grande, presta-se para
evaporação de soluções. Pode ser
aquecida, por exemplo, em banho-maria,
para garantir que a evaporação se processe
Cápsula de Porcelana de maneira controlada.

Usado na trituração de material sólido


aglomerado, especialmente minérios,
produtos ou substâncias destinadas a
posterior pesagem. Sabe-se que a
velocidade de reações depende da
superfície de contato entre os reagentes,
daí a importância de se trabalhar, em
análises, com material pulverizado.
Almofariz com Pistilo

Empregadas para retirar drogas sólidas de


frascos, material sólido de papéis de filtro
etc. Espátulas metálicas são muito usadas,
mas as de porcelana apresentam a
vantagem de maior resistência ao ataque
químico.

Espátulas

É uma placa dotada de cavidades,


destinadas à execução de reações
químicas com quantidades diminutas de

26
reagentes (geralmente uma ou duas gotas),
denominadas provas de toque. Resiste bem
ao ataque da maioria dos reagentes
químicos. Sendo branca, permite boa
percepção do aparecimento ou mudanças
de cores. Para fins especiais, existem
também, placas de toque pretas e placas
de toque de vidro.

Placa de Toque

Usado em conjunto com o Kitassato, para


filtração à vácuo ou filtrações sob pressão
reduzida.

Funil de Büchner

27
METAIS METALICOS DIVERSOS

UTENSÍLIOS PROPRIEDADES E USOS MAIS COMUNS

Serve para manipulação de objetos


aquecidos, especialmente cadinhos. Por
exemplo, é usado na transferência de um
cadinho ainda quente (4000C) do triângulo
para o dessecador (é importante que o
cadinho ainda esteja quente, pois se fosse
Pinça para Cadinhos deixado esfriar na atmosfera do laboratório,
absorveria umidade).

Usado para aquecimento em laboratório,


pela queima de gás. Produz chama cônica
em que a zona mais quente pode chegar a
15000C. De acordo com a relação entre as
velocidades de entrada de gás combustível
e ar, teremos chama azulada (quando a
mistura combustível for pobre, ou seja, com
excesso de ar) ou chama fuliginosa (para
mistura combustível rica, com excesso de
combustível e deficiência de ar).

Bico de Bunsen

Formado por fios de arame e três tubos de


porcelana. Colocado sobre o tripé, serve
para suportar cadinhos que serão
submetidos a aquecimento direto pelo bico
de Bunsen.

Triângulo

São usados juntamente com o bico de

28
Bunsen e se destinam a suportar o
recipiente que contém o sistema a ser
aquecido. A camada de amianto da tela
permite a distribuição uniforme do calor da
chama, na superfície inferior do recipiente
(geralmente béquer ou erlenmeyer)
evitando variações bruscas de temperatura
que ocorreriam se fosse usado
aquecimento direto.

Tripé e Tela de Amianto

Usados praticamente em todas as


montagens de equipamentos em
laboratórios, pois são eles que suportam as
partes componentes dessas montagens. O
anel é muito usado para suportar o funil
numa filtração. As garras não devem ser
apertadas diretamente sobre materiais de
vidro, pois estes poderiam se partir pelo
esforço. Usa-se para proteção, tiras de
borracha ou de amianto, para casos em que
haverá aquecimento.

Garra/Anel para funil/Suporte


Universal

Suporte para tubos de ensaio. Pode ser


feita de ferro, madeira ou ferro revestido
com plástico.

Estante para tubos de ensaio

Usado para segurar tubos de ensaio

29
durante aquecimentos diretos no bico de
Bunsen.

Pinça de madeira

Usada para cortes de vidros.

Lima triangular

Usada em conjunto com o Kitassato e o


funil de Buchner, para fazer vácuo (redução
da pressão) no Kitassato e facilitar a
filtração.

Trompa de vácuo
Usada para sustentar condensadores em
processos de destilação, refluxo, extração,
etc.

Garra para condensador

30
Usados para se furar rolhas de diferentes
diâmetros. Atualmente são utilizados
furadores de rolhas elétricos (furadeiras
elétricas)

Furador de Rolhas

Usada para secagem de materiais; atinge,


temperaturas de até 2000 C.

Estufa

31
2. MÉTODOS USUAIS DE PURIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E DE SEPARAÇÃO
DOS COMPONENTES DE MISTURAS

A - Métodos Usuais de Purificação de Substâncias.

Vários métodos têm sido empregados para a purificação de substâncias. Destaca-se


para purificação de compostos líquidos, os vários tipos de destilação; para
purificação de compostos sólidos utiliza-se comumente a recristalização e, em
alguns casos, a sublimação.

B - Métodos Usuais de Separação dos Componentes de uma Mistura

As misturas são comuns em nosso dia a dia; como exemplo temos as bebidas, os
combustíveis e a própria terra em que pisamos. Poucos materiais são encontrados
puros. Qualquer material feito de duas ou mais substâncias, que não são
combinadas quimicamente, é uma mistura.
O isolamento dos componentes puros, a partir de uma mistura, requer a separação
de um componente do outro e vários métodos têm sido desenvolvidos com essa
finalidade. Alguns se baseiam nas diferenças de propriedades físicas dos
componentes da mistura; outros, nas diferenças de propriedades químicas ou de
características químicas.
Algumas das técnicas mais simples de separação dos componentes de misturas
são: sublimação, extração, decantação, filtração e evaporação.

2.1. DESTILAÇÃO

Existem alguns tipos de destilação, tais como: destilação simples, destilação


fracionada, destilação por arraste a vapor, dentre outros. O processo de destilação,
independentemente do tipo, tem sido muito empregado para purificação de
substâncias (EMPREGO 1) e para separação dos componentes de misturas
(EMPREGO 2). O processo de destilação se baseia na combinação sucessiva dos
processos de vaporização e de condensação.
2.1.1 Destilação Simples

O processo de destilação simples é um dos métodos mais comuns de purificação de


líquidos. O esquema usado é o descrito na Figura 4.2.1 e a destilação pode ocorrer
num sistema fechado ou semi-aberto.
A destilação é um método muito simples: um líquido é levado à ebulição tornando-se
vapor, o qual é, então, condensado e retorna ao estado liquido: O liquido é coletado
e armazenado. Os líquidos, ao serem aquecidos, têm a energia cinética de suas
moléculas gradativamente aumentada, fazendo com que algumas alcancem energia
suficiente para escapar da fase líquida e passar para a fase vapor.

O vapor acima do líquido exerce uma pressão chamada de pressão de vapor.


Quanto maior o número de moléculas que adquirem energia suficiente para escapar
para a fase vapor, maior será a pressão de vapor dessas moléculas. Quando a
pressão de vapor se iguala a pressão externa (pressão atmosférica) ocorre a
ebulição. A temperatura em que ocorre a ebulição de um líquido é o ponto de
ebulição. O liquido no frasco de destilação é aquecido à ebulição, o vapor alcança o
condensador que está resfriado pela água corrente, condensa e retorna à fase
liquida. Se a mistura tem um componente de baixo ponto de ebulição (uma
substância volátil com uma alta pressão de vapor), ele destilará primeiro e pode ser
coletado primeiro. Os compostos de ponto de ebulição mais altos (substâncias com

33
baixa pressão de vapor) permanecem no frasco de destilação. Estes compostos só
poderão ser destilados se a temperatura do sistema for aumentada.
Quando a destilação é realizada à pressão atmosférica, em sistema aberto, o líquido
destila no seu ponto de ebulição "normal". Entretanto, quando a ebulição ocorre em
um sistema fechado, é possível mudar o ponto de ebulição do liquido pela redução
da pressão no sistema; se a pressão é reduzida, utilizando-se uma bomba à "vácuo",
o ponto de ebulição do liquido é reduzido.
Assim, líquidos sensíveis ao calor, que se decompõem quando atingem o ponto de
ebulição, à pressão atmosférica, destilam com mínima ou nenhuma decomposição à
pressão reduzida. Por exemplo, anilina, líquido orgânico, de fórmula C 6H5NH2 pode
ser destilada a 184oC (760mmHg) ou a 68oC (10 mmHg).

EXPERIENCIA No. 01 - USO DA DESTILAÇÃO SIMPLES PARA SEPARAÇÃO


DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA

1. Nesse experimento, uma mistura de sal a água será separada por destilação. A
água, volátil, será separada do sal, NaCl, não volátil. A pureza da água destilada
será demonstrada por teste químico especifico para os íons Na+ e Cl-.

2. Montar, com muito cuidado (vidraria muito cara), um aparelho como mostrado na
Figura 4.2.1. O kit contendo todas as peças será obtido com o professor.

3. Usar um frasco de fundo redondo, de 100 mL, como frasco de destilação.


Adicionar a esse frasco, 50 mL da mistura sal e água, já preparada, e algumas
pérolas de ebulição, para evitar ebulição violenta.

4. Ligar, vagarosamente, a água que irá resfriar o condensador, de modo que todo o
condensador fique cheio de água. O fluxo de água corrente deve ser pequeno para
que as mangueiras não desconectem do condensador. Ajustar o bulbo de mercúrio
do termômetro abaixo da junção do condensador com o frasco de destilação, como
mostra a figura 4.2.1.

34
5. Aquecer o balão de destilação suavemente até que o líquido entre em ebulição
(ferva) e os vapores se desprendam. Esses vapores irão entrar no condensador, se
tornarão líquidos e serão coletados num frasco apropriado. O aquecimento será feito
com mantas de aquecimento.

6. Coletar a água destilada até que aproximadamente metade da mistura tenha


destilado. Anotar a temperatura dos vapores neste ponto. Desligar o aquecimento e
deixar o sistema voltar à temperatura ambiente.

7. Proceder os testes para o íon cloreto (Teste A) e para o íon sódio (Teste B) tanto
para o líquido do frasco de destilação como para o líquido do frasco coletor.

8. Desmontar, com muito cuidado (vidraria muito cara) toda o sistema de


destilação e colocar todas as peças para lavagem, em lugar especialmente
destinado a esse objetivo.

Teste A. Identificação do Íon Cloreto (Cl-)

 Colocar em 2 tubos de ensaio, limpos e secos, 2 mL do líquido do frasco


coletor e 2 mL do líquido do frasco de destilação.
 Adicionar a cada tubo, 5 gotas de solução de nitrato de prata (AgNO 3);
observar e anotar o que acontece.
 Íons prata reagem com íons cloreto formando um precipitado branco de
cloreto de prata.

Ag+ + Cl-  AgCl(s) (precipitado branco).

Teste B. Identificação do Íon Sódio (Na+)

 Colocar em 2 tubos de ensaios, limpos e secos, 2 mL do liquido do frasco


coletor e 2 mL do líquido do frasco de destilação.

35
 Limpeza do Fio de Níquel: mergulhar um fio de níquel no ácido nítrico (HNO3)
concentrado e a seguir colocá-lo na chama do bico de Bunsen até que cor
amarela da chama desapareça.
 Mergulhar este fio limpo no líquido do frasco coletor e a seguir levá-lo à
chama; anotar as observações.
 Repetir o procedimento de limpeza do fio de niquel e, então, mergulhá-lo. no
líquido do frasco de destilação; levá-lo à chama e observar a cor da chama;
anotar as observações.
 Íons Na+ produzem uma chama amarela brilhante quando aquecidos pelo
bico de Bunsen (vide Figura 6.1.1).

Figura 6.1.1. Íons Sódio aquecidos pelo bico de Bunsen. Observe a chama
amarela.

36
2.1.2 - DESTILAÇÃO POR ARRASTE A VAPOR

O método da extração por arraste a vapor consiste, basicamente, em passar uma


corrente de vapor de água através do material que contém as substâncias que se
deseja extrair.
A destilação por arraste a vapor é um método muito utilizado para o isolamento e
purificação de substâncias. Ela se aplica a líquidos que são imiscíveis em água ou
com miscibilidade muito pequena. Os óleos essenciais, na sua grande maioria, são
imiscíveis em água e o processo consiste, essencialmente, em volatilizar o óleo
essencial com uma corrente de vapor de água.
No caso específico da extração do óleo essencial de folhas, a temperatura elevada
do vapor auxilia na ruptura das vesículas existentes na folha, liberando uma maior
quantidade de óleo. O vapor de água, ao passar pelas folhas, arrasta o óleo
essencial. O sistema mais comumente utilizado encontra-se na Figura 16.1.
O frasco A é a fonte geradora de vapor. O vapor produzido é conduzido através do
duto B até o frasco C, que contém as partes do vegetal (folhas, casca, caule etc.).
Os vapores de água e o óleo essencial são condensados no condensador D e,
finalmente, coletados no frasco E. O tubo F (canal de respiro), no frasco A, mantém
a pressão no aparelho igual à pressão do ambiente.
Existem duas maneiras possíveis para se realizar a destilação por arraste a vapor.
No procedimento TIPO A, o vapor é gerado em um frasco e, em seguida, passado
através do material vegetal, contido em outro frasco, como mostrado na Figura 16.1.
Esse procedimento é empregado para se extrair substâncias que podem se
degradar, caso sejam expostas a um vapor superaquecido.
No procedimento TIPO B, o vapor é gerado no mesmo frasco onde se encontra o
material vegetal. Esse método se aplica àquelas substâncias que, se porventura
forem expostas a um vapor superaquecido, não correm o risco de se degradar.
Nesse procedimento há a possibilidade de superaquecimento do frasco já que o
aquecimento é feito diretamente no frasco contendo o material vegetal. Além disso,
há a possibilidade de queima do material vegetal em contato com a parede do
frasco.

38
EXPERIÊNCIA No. 02 - USO DA DESTILAÇÃO POR ARRASTE A VAPOR E DA
TÉCNICA DE EXTRAÇÃO PARA OBTENÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL.

1. Objetivos

Extração de um óleo essencial, pelo método de destilação por arraste a vapor,


utilizando o procedimento TIPO A e a aparelhagem descrita na Figura 16.1, seguida
do processo de extração por solventes.

2. Conceitos Fundamentais

Um grande número de árvores e outras plantas exalam aromas agradáveis, que


resultam de misturas complexas de compostos orgânicos voláteis. Essas misturas
de produtos naturais voláteis constituem o que se denomina de óleos essenciais.
Esse óleo, produzido pela planta, fica geralmente armazenado em pequenas
vesículas das folhas, pétalas e cascas, e, devido a sua volatilidade, escapa pelos
poros das vesículas perfumando o ambiente. Dentre os óleos mais importantes,
podemos destacar os de: eucalipto, canela, hortelã, jasmim, lavanda, limão, rosa etc.
A extração e a comercialização desses óleos essenciais são importantes para as
indústrias de perfumes, alimentos, fármacos, materiais de limpeza, dentre outras.
Os métodos mais comuns de extração de óleos essenciais de plantas são: a
prensagem, a destilação por arraste a vapor e a extração por solventes. Nesta
experiência, será feita a extração do óleo essencial de um material vegetal utilizando
o método de destilação por arraste a vapor, seguida de extração por solventes.

3. Procedimento Experimental
PARTE 1- Destilação Por Arraste a Vapor

Neste experimento utilizaremos cravo-da-índia; esse tipo de experimento também


pode ser feito para extração de óleo essencial da erva-doce, canela, casca de
laranja, etc.
O óleo de cravo, a ser obtido nesse experimento, é um óleo volátil, obtido dos
botões florais secos, ainda fechados, de Syzygium aromatium (Myrtauae),
constituído por 82-90% de eugenol (I), cerca de 10% de acetileugenol, cariofileno
(II) e outras substâncias.

OH
OMe

(I) (II)

Usos: Anestésico local (alívio da dor de dente ), fabricação de cremes dentais,


perfumaria, microscopia (agente clarificador de histologia ), antisséptico local,
tratamento de eczemas, dentre outros.

Procedimentos:

 Montar a aparelhagem para a destilação por arraste a vapor, conforme


mostrado na. Figura 6.1.2
 Adicionar ao balão gerador de vapor algumas pedras de ebulição e, em
seguida, água até atingir a metade de seu volume; esse balão será aquecido
com o bico de Bunsen..
 Adicionar o material vegetal triturado em um almofariz com pistilo ou picado
(de acordo com a parte da planta utilizada) a um balão de 500 mL, juntamente
com 100 mL de água. Esse balão será aquecido com uma manta de
aquecimento.
 Começar o aquecimento, de maneira que se consiga uma velocidade lenta,
porém, contínua, de destilação.
 Durante a destilação, se necessário, adicionar água ao balão gerador de
vapor, de modo a manter o nível original de líquido.

40
 Continuar a destilação a vapor até que se tenha coletado cerca de 100 mL de
destilado.
 Antes de desligar o bico de Bunsen, desconectar o balão gerador de
vapor do restante da aparelhagem.

Figura 6.1.2- Aparelhagem para a destilação por arraste a vapor.

PARTE 2 - Extração com Solventes

Como os óleos essenciais são, na sua maioria, uma mistura de hidrocarbonetos


líquidos (compostos contendo carbono e hidrogênio), que são imiscíveis em água,
eles podem ser facilmente separados do condensado através do método de
extração.
A extração é uma técnica largamente usada para separação, isolamento e
purificação de compostos orgânicos. A extração se baseia na maior solubilidade de
um ou mais compostos de uma mistura em determinado solvente.

41
A extração pode ser considerada semelhante ao processo de destilação. A
destilação envolve o equilíbrio entre duas fases, gás e líquido; a extração envolve
equilíbrio entre duas fases usualmente, dois líquidos imiscíveis. Na destilação, os
componentes mais voláteis são removidos por evaporação, na fase gasosa. Na
extração, os componentes mais solúveis em uma das fases líquidas concentram-se
nessa fase. Duas substâncias podem ser completamente separadas pela destilação
se tiverem pontos de ebulição bem diferentes; da mesma maneira, duas substâncias
podem ser completamente separadas pela extração somente se suas solubilidades
forem muito diferentes.
A solubilidade de um líquido em outro pode ser prevista por meio das forças
intermoleculares e das estruturas dos compostos. Assim, ''compostos polares
dissolvem compostos polares e compostos apolares dissolvem compostos apolares''.
Compostos que têm grupos polares e apolares tais como acetona, etanol, etc, são
solúveis tanto em líquidos polares como apolares.
O processo de extração se baseia no Coeficiente de Partição ou de Distribuição
(k) que fornece a distribuição de um soluto (x) entre 2 solventes (A e B).

K= Cx em A
Cx em B
Cx = Concentração do soluto (x) no solvente A ou B em g/volume.

Procedimentos:

Para realizar a extração, as operações de laboratório deverão obedecer à seguinte


ordem:

(1) Testar um funil de separação de 250 mL, com o solvente a ser utilizado na
extração (no caso, água destilada) para assegurar que não haja vazamento.

(2) Colocar o funil de separação apoiado no anel, como mostrado na Figura 19, ao
qual será adicionado o líquido obtido da destilação (destilado) e 10mL de
diclorometano; agitar cuidadosamente o funil, com movimentos circulares,

42
mantendo-o aberto na parte superior, como mostra a Figura 19. Se observar a saída
de muito gás, mantenha-o agitando até que haja diminuição desses gases.

(3) Retirar o funil de separação do suporte, fechá-lo bem e agitá-lo como mostrado
na Figura 20a. Após cada agitação, abrir a torneira para a saída de gases (Figura
20b). Repetir esta operação até que não saia mais gases. Esta agitação deve ser
branda para que não se gaste um longo período de tempo para a separação das
fases.

(4) Recolocar o funil de separação no suporte mantendo-o semi-aberto como mostra


a Figura 21. Deixar em repouso alguns minutos até que haja a separação das fases.

(5) Como nesse experimento, a fase orgânica contém diclorometano, que é um


líquido mais denso que a água e, portanto ficará na parte de baixo do funil de
separação, faça a retirada somente da fase orgânica, para um erlenmeyer de 125
mL, previamente pesado.

(6) Á fase aquosa, que ficou no funil de separação, deverá ser adicionado outros 10
mL de diclorometano e o processo de extração deverá ser repetido. Novamente,
recolher a fase orgânica (que contem o óleo essencial e o diclorometano) junto ao
erlenmeyer que continha a primeira fase orgânica separada.

43
44
(7) Conservar a fase orgânica (que contém o diclorometano) e desprezar a fase
aquosa, contida no funil de separação.

(8) Se necessário, secar a fase orgânica com sulfato de sódio anidro.

(9) Com a fase orgânica, fazer a evaporação da maior parte do diclorometano, em


CAPELA, em banho-maria, concentrando esse conteúdo até que se obtenha um
resíduo oleoso.

(10) Pesar esse erlenmeyer que contém o óleo essencial, após secagem de sua
parte externa.

(11) Calcular a percentagem de óleo essencial obtida a partir da quantidade de


material vegetal empregada.

45
2.2. SUBLIMAÇÃO, FILTRAÇÃO E EVAPORAÇÃO.

SUBLIMAÇÃO – Processo que envolve o aquecimento de um sólido até que ele passe
diretamente da fase sólida para fase gasosa. O processo inverso, o vapor passando
para a fase sólida, sem passar pela fase líquida, é chamado de condensação.
Exemplos de alguns sólidos que sublimam: iodo, cafeína, naftaleno (naftalina), p-
diclorobenzeno, etc.

FILTRAÇÃO – Processo de separação entre um sólido e um líquido, pela utilização de


filtros - material poroso que pode ser papel, carvão, areia, etc; esses materiais
permitem que o líquido passe através deles separando-o do sólido. ( figura 6.2).

EVAPORAÇÃO - Processo através do qual, uma mistura é aquecida e o componente


mais volátil deixa a mistura, permanecendo no recipiente, o componente menos volátil.

Figura 6.2. Técnica de filtração simples


EXPERIÊNCIA NO. 03 - SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA
PELO EMPREGO DAS TÉCNICAS DE SUBLIMAÇÃO, FILTRAÇÃO E
EVAPORAÇÃO.

Objetivos

Separação de 3 componentes de uma mistura contendo: Naftaleno (C 10H8), sal de


cozinha (NaCl) e areia (SiO2).

Procedimentos
A separação será feita de acordo com o esquema da figura 4.1.1, na seguinte
seqüência de etapas:

A) - Aquecimento da mistura para sublimação do naftaleno - (OBTENÇÃO DO


NAFTALENO).
B) – Dissolução do sal com água e evaporação da água para obtenção do NaCI -
(OBTENÇÃO DO CLORETO DE SÓDIO).
C) – Recuperação da areia - (OBTENÇÃO DA AREIA).

47
ETAPA A - Aquecimento da mistura para sublimação do naftaleno – BÉQUER 1-
(OBTENÇÃO DO NAFTALENO).

1 - Pesar um primeiro béquer de 150 mL limpo e seco, com precisão de 0,01 g


(BÉQUER 1), e anotar o peso (1), na tabela fornecida a seguir. Obter do seu professor
uma amostra (mistura desconhecida), triturá-la bem em um almofariz e transferir
aproximadamente 2 g da amostra para o béquer 1 previamente pesado. Anotar o peso
do béquer com a amostra (2) com precisão de 0,01 g. Calcular o peso exato da
amostra (3) por subtração de (2) - (1).

2 - Colocar uma cápsula de porcelana, contendo gelo em seu interior, sobre o béquer
que possui a mistura, conforme Figura 4.1.2, cuidando para não cair água dentro do
béquer.

3 - Aquecer vagarosamente o béquer, com bico de Bunsen, aumentando a intensidade


da chama até que apareça vapores no béquer, que serão condensados na cápsula de
porcelana devidamente resfriada pelo gelo. Após, aproximadamente 10 minutos,
apagar a chama e remover cuidadosamente a cápsula de porcelana. Utilizar uma
espátula para coletar o sólido sublimado, Naftaleno, depositado na cápsula de
porcelana, para um frasco especialmente designado para esse fim. Secar a cápsula de
porcelana e, se necessário, adicionar mais gelo; agitar o conteúdo do béquer com um
bastão de vidro e repetir o processo novamente para coletar mais sublimado.

48
4 - Deixar o béquer esfriar até a temperatura ambiente e pesá-lo com o restante do
sólido (4). Calcular o peso do naftaleno que sublimou (5) por subtração de (2) - (4).
Coletar o naftaleno em recipiente apropriado (OBTENÇÃO DO NAFTALENO).

ETAPA B - Dissolução do sal com água e evaporação da água para obtenção do


NaCI.- BÉQUER 2 - (OBTENÇÃO DO CLORETO DE SÓDIO).

5 - Adicionar ao béquer contendo o sólido, 25 mL de água destilada; aquecer e agitar


por 5 minutos.

6 - Pesar um outro béquer de 150 mL limpo e seco com precisão de 0,01 g (BÉQUER
2) e anotar o peso (6), na tabela fornecida a seguir

7 - Filtrar o conteúdo do béquer 1 utilizando funil comum com papel de filtro dobrado
como mostra a Figura 4.1.3, recolhendo o filtrado no béquer 2.

8 - Lavar o béquer 1 com 5-10 mL de água destilada, para que todo o sólido seja
removido e coletado no funil. Repetir o procedimento.

9 - Aquecer suavemente o béquer 2 com um bico de Bunsen. Controlar a chama para


evitar ebulição violenta. Conforme o volume diminuir, aparecerá NaCI (cloreto de sódio)
sólido. Depois de evaporar todo o líquido, esfriar o béquer à temperatura ambiente.
Pesar o béquer 2 com sólido residual (7). Calcular o peso de NaCl recuperado (8) pela
subtração de (7) - (6) - (OBTENÇÃO DO CLORETO DE SÓDIO).

ETAPA C - Recuperação da areia.- BÉQUER 3 - (OBTENÇÃO DA AREIA).

10 - Pesar um terceiro béquer de 150 mL limpo e seco com precisão de 0,01 g


(BÉQUER 3) e anotar o peso (9), na tabela fornecida a seguir; transferir a areia do
papel de filtro para este béquer e aquecê-lo com o bico de Bunsen, cuidadosamente
para a areia secar. Esperar esfriar à temperatura ambiente, pesar o béquer + areia (10)
e calcular o peso da areia (11) pela subtração de (10) - (9) - (OBTENÇÃO DA AREIA).

49
Coleta de Dados do Experimento

Dados Experimentais Peso (g)


ETAPA A - OBTENÇÃO DO NAFTALENO
(1) béquer vazio (Béquer 1)
(2) béquer 1 com amostra
(3) = (2) - (1) peso da amostra usada
(4) béquer com areia e sal
(5) = (2) - (4) peso do naftaleno
ETAPA B - OBTENÇÃO DO CLORETO DE
SÓDIO
(6) béquer vazio (Béquer 2)
(7) béquer com NaCl
(8) = (7) - (6) peso do cloreto de sódio
ETAPA C - OBTENÇÃO DA AREIA
(9) béquer vazio (Béquer 3)
(10) béquer com areia
(11) = (10) - (9) peso da areia

Cálculos a Serem Efetuados

a) - Calcule a % de cada componente recuperado da mistura.


b) - Calcule a % de rendimento do processo.

Exemplo:

Um estudante isolou
os componentes de 1,132g de uma amostra desconhecida, obtendo:

0,170 g de naftaleno-------------------------- 15%


0,443 g de NaCI------------------------------- 39,1%
0,499 g de areia-------------------------------- 44,1%
1,112 g de sólido recuperado---------------- 98,2% (rendimento do
processo)

50
3. REAÇÕES ORGÂNICAS

Introdução
A partir desta aula, você realizará experimentos de
reações orgânicas no laboratório, onde moléculas são
preparadas a partir de outras. A este tipo de trabalho
damos o nome de Síntese Orgânica. É graças a este
ramo da pesquisa que podemos planejar e construir, a
princípio, infindáveis moléculas que poderão
desempenhar inúmeras funções importantes ao
homem.
Para iniciarmos nossos estudos com experimentos
reacionais, começaremos ilustrando as esterificações,
reações clássicas e muito importantes na química orgânica. Podemos exemplificar a
esterificação de ácidos graxos com o glicerol, um triol, para produzir triacilgliceróis.
Esterificação é a conversão química de um ácido carboxílico em éster com um álcool. Muitos
ésteres apresentam odores agradáveis e são usados como flavorizantes para produzirem gosto
e aroma a diversos alimentos, doces, perfumes, entre outros.
O mecanismo reacional de uma esterificação, que envolve uma substituição nucleofílica ao
carbono carbonílico do ácido, está esquematizado abaixo. O nucleófilo da reação é o álcool:

R'
- O
O O
+
O
R' H2O
H H +
R O+
R O R O
HO R' +
H
H
H

- H+

R'
R O

Após ataque nucleofílico da hidroxila alcoólica ao carbono carbonílico do ácido, forma-se um


intermediário onde o carbono carbonílico torna-se tetraédrico. Com a reestruturação da ligação
pi C-O, a hidroxila é então substituída, formando um éster de R’. O mecanismo é facilitado em
meio ácido, onde a substituição da hidroxila do ácido pode ser feita mediante captura de próton
para formar um grupo de saída mais estável, a água. Repare que o mecanismo é desenhado
com seta dupla, pois a reação é reversível, ou seja, a água pode atacar a carbonila do éster e
substituir o álcool, formando o ácido carboxílico inicial. Esse mecanismo reverso é chamado de

51
hidrólise. Para evitar esse mecanismo indesejável no curso da aula, usaremos um dos
reagentes em excesso, o álcool.

Experiência no. 4: Síntese de ésteres com aroma de frutas

a) Os ésteres que serão sintetizados nesta aula estão listados na tabela abaixo,
juntamente com o ácido carboxílico e álcool correspondente. Cada um tem um odor
característico de fruta, que deverá ser identificado por você;

Álcool + Ácido Carboxílico Produto (Éster)


CH3CH2CH2OH + CH3CO2H ACETATO DE PROPILA
Álcool propílico + ácido acético CH3CO2CH2CH2CH3

(CH3)2CHCH2CH2OH + CH3CO2H ACETATO DE ISOPENTILA


Álcool isopentílico + ácido acético CH3CO2CH2CH2CH(CH3)2

CH3(CH2)7OH + CH3CO2H ACETATO DE OCTILA


Álcool octílico + ácido acético CH3CO2(CH2)7CH3

CH3OH + CH3CH2CH2CO2H BUTIRATO DE METILA


Álcool metílico + ácido butírico CH3CH2CH2CO2CH3

CH3CH2OH + CH3CH2CH2CO2H BUTIRATO DE ETILA


Álcool etílico + ácido butírico CH3CH2CH2CO2CH2CH3

CH3CH2CH2CH2OH + CH3CH2CH2CO2H BUTIRATO DE BUTILA


Álcool butílico + ácido butírico CH3CH2CH2CO2CH2CH2CH2CH3

b) Antes de iniciar o experimento, aqueça um béquer de 200 mL com água sobre chama
do bico de Bunsen. Lembre-se de colocar pedras de porcelana ou micro-pérolas de
aquecimento. Prenda também, a um suporte universal e garra, um termômetro para
medir a temperatura do banho. O banho poderá ser aquecido por chama alta
inicialmente, mas uma vez atingida a ebulição da água, use chama mais fraca;
c) Você terá a sua disposição seis tubos de ensaio em suporte correspondente a cada
éster sintetizado. Rotule cada um antes de iniciar o experimento. Lembre-se que nessa
aula você não isolará nenhuma substância do meio reacional, mas apenas sentirá o
odor dos produtos que se formam na reação;

52
d) Fazendo a reação um de cada vez, coloque 0,5 mL do álcool e 0,3 mL de ácido
carboxílico (ácido butírico ou ácido acético glacial. Não os confunda. Leia
continuamente o roteiro antes de preencher os tubos de ensaio) no tubo de ensaio na
capela. Agite um pouco para misturá-los. A seguir, adicione 1 gota de ácido sulfúrico
concentrado ao tubo e agite-o;
e) Segure agora o tubo de ensaio com uma garra de madeira e leve-o à bancada, onde
está o banho de água. Aqueça o tubo de ensaio por 3 minutos aproximadamente
(cuidado, siga as instruções na página para aquecer o tubo);
f) Tire o tubo do banho-maria e adicione um pouco de água com a pisseta. Sinta o odor
que é liberado do tubo e anote qual aroma de fruta você sente.
g) Guarde o tubo na estante de e repita o mesmo procedimento para os outros cinco
experimentos.

53
Experiência no. 5: Preparação de um Aromatizante Artificial: Acetato de Isoamila
– Parte I
Neste experimento será sintetizado o acetato de isoamila 1 (acetato de 3-
metilbutila), um éster muito usado nos processos de aromatização. Acetato de isoamila
tem um forte odor de banana quando não está diluído, e um odor remanescente de
pêra quando esta diluído em solução.
Ésteres podem ser convenientemente sintetizados pelo aquecimento de um
ácido carboxílico na presença de um álcool e de um catalisador ácido. O acetato de
isoamila 1 será preparado a partir da reação entre álcool isoamílico e ácido acético,
usando ácido sulfúrico como catalisador.

O O
H+
H3C OH + HO H3C O + H2O
1

A reação de esterificação é reversível, tendo uma constante de equilíbrio de


aproximadamente 4,20. Para aumentar o rendimento do acetato será aplicado o
princípio de Le Chatelier (lembra deste princípio?), usando ácido acético em excesso.
O tratamento da reação visando a separação e isolamento do éster 1 consiste
em lavagens da mistura reacional com água e bicarbonato de sódio aquoso, para a
retirada das substâncias ácidas presente no meio. Em seguida, o produto será
purificado por destilação fracionada.
ATENÇÃO!: É importante saber que o acetato de isoamila é o maior
componente do feromônio de ataque da abelha. Este composto é liberado quando uma
abelha ferroa sua vítima, atraindo assim outras. Portanto, é prudente você evitar
contato com abelhas após a realização desta prática.

Procedimento Experimental
Em uma capela, misture 17 mL de ácido acético glacial com 15 mL de álcool
isoamílico, num balão de fundo redondo apropriado. Cuidadosamente, acrescente à
mistura 1,0 mL de ácido sulfúrico concentrado; adicione então as pedras de porcelana
e refluxe por 40 minutos (Figura 13).
Terminado o refluxo, deixe a mistura reacional esfriar à temperatura ambiente.
Utilizando um funil de separação, lave a mistura com 50 mL de água e em seguida
duas porções de 20 mL de bicarbonato de sódio saturado. Seque o éster com sulfato
de sódio anidro e filtre por gravidade. Destile o éster, coletando o líquido que destilará
entre 136C e 143C, pese e calcule o rendimento.

Figura 13: Esquema de uma reação sob refluxo.

Questionário

a) Discuta o mecanismo da reação. Qual a função do ácido sulfúrico? É ele


consumido ou não, durante a reação? *
b) Como se remove o ácido sulfúrico e o álcool isoamílico, depois que a reação de
esterificação está completa? *

c) Por quê se utiliza excesso de ácido acético na reação? *


d) Por quê se usa NaHCO3 saturado na extração? O que poderia acontecer se
NaOH concentrado fosse utilizado? *
e) Sugira um outro método de preparação do acetato de isoamila:
f) Sugira reações de preparação dos aromas de pêssego (acetato de benzila) e de
laranja (acetato de n-octila): *
g) Sugira rotas de síntese para cada um dos ésteres abaixo, apresentando o
mecanismo de reação para um deles: propionato de isobutila; b) butanoato de
etila; c) fenilacetato de metila. *
h) Qual é o reagente limitante neste experimento? Demonstre através de cálculos:
i) Calcule o rendimento da reação e discuta seus resultados (purificação,
dificuldades, rendimentos). *

55
j) Cite alguns exemplos de ésteres encontrados na natureza. (IMPORTANTE:
Procure ésteres diferentes dos citados durante a aula):
k) Ésteres também estão presentes na química dos lipídeos. Forneça a estrutura
geral de um óleo e uma gordura. *

56
Experiência no. 06: Reação de Saponificação – Partes A e B

Introdução
As gorduras, os óleos e as graxas pertencem à classe de compostos
orgânicos, que ocorrem na natureza, chamados lipídeos (do grego lipos, gordura). Os
lipídios são encontrados em plantas e animais e são insolúveis em água; essa
propriedade faz com que eles difiram de duas outras classes de compostos orgânicos,
a das proteínas e a dos glicídeos que, devido às suas estruturas muito polares, são
solúveis em água. Os lipídios são os principais constituintes das células
armazenadoras de gordura dos animais e das plantas e constituem-se numa das mais
importantes reservas alimentares dos organismos vivos. Embora o organismo humano
sintetize lipídios, as principais fontes de gorduras e óleos na nossa dieta são os
lacticínios (creme de leite e manteiga), gorduras animais (toucinho, bacon, etc),
gorduras vegetais sólidas (margarina) e gorduras vegetais líquidas (óleo de soja, milho,
amendoim, etc.).
Além de sua importância como alimento, os lipídios são usados na manufatura
de sabões e detergentes sintéticos e também como matéria-prima para a fabricação de
glicerol (glicerina), óleos secantes, tintas e vernizes.
As gorduras animais e óleos vegetais são insolúveis em água, mas regem
lentamente com soluções alcalinas (soluções de hidróxido de sódio ou potássio) em
ebulição, formando produtos solúveis. Essa reação é um dos mais antigos processos
orgânicos conhecidos e utilizados pelo homem, que permite a conversão de gorduras
animais em sabão. Por esta razão, ela é conhecida como reação de saponificação. A
reação de saponificação transforma um éster em um sal de um ácido carboxílico em
um álcool, conforme mostra a seguinte equação química:

O
O
H2O
+ NaOH (aq) R C ONa + R' OH (aq)
R C OR' (s)
sal (aq) álcool
Éster

Onde R e R’ representam grupos alquílicos.

No caso específico dos lipídios constituintes de óleos e gorduras, a reação é


dada pela seguinte equação química:
Assim, os óleos e as gorduras são definidos como ésteres resultantes da
reação entre ácidos carboxílicos e glicerol. Os triésteres do glicerol são também
conhecidos como triglicerídeos (ou triglicérides). Os triglicerídeos simples são
ésteres nos quais os 3 grupos -OH do glicerol estão esterificados com o mesmo ácido,
como mostra o seguinte exemplo:

H2C O CO (CH2)14 CH3

HC O CO (CH2)14 CH3

H2C O CO (CH2)14 CH3

Tripalmitoilglicerol
Nos triglicerídeos mistos, o glicerol pode estar esterificado com dois ou três
ácidos diferentes, como por exemplo:

H2C O CO (CH2)14 CH3

HC O CO (CH2)16 CH3

H2C O CO (CH2)14 CH3

2-Estearoildipalmitoilglicerol

Tanto os glicerídeos simples como os mistos estão presentes nas gorduras e


óleos naturais.
Geralmente, uma gordura ou um óleo natural é constituído de uma mistura
complexa de glicerídeos. A composição de uma gordura é normalmente expressa em

58
termos dos ácidos obtidos na reação de saponificação (hidrólise alcalina). A Tabela 1
apresenta alguns dos ácidos mais comumente encontrados em óleos e gorduras
naturais.

Tabela 1. Ácidos comuns provenientes de gorduras e óleos naturais


Nome do ácido Fórmula Molecular
Láurico C11H23-COOH
Mirístico C13H27-COOH
Palmítico C15H31-COOH
Esteárico C17H35-COOH
Oléico C17H33-COOH
Linoléico C17H31-COOH
Linolênico C17H29-COOH

O ácido oléico contém uma ligação dupla carbono-carbono na cadeia


(monoinsaturado). Os ácidos linoléico e linolênico contêm duas e três ligações duplas,
respectivamente.
O óleo de oliva fornece na hidrólise alcalina uma mistura de ácidos constituída,
em massa, de 83% de ácido oléico, 6% de ácido palmítico, 4% de ácido esteárico e 7%
de ácido linoléico. A manteiga, por sua vez, contém ésteres de pelo menos quatorze
ácidos diferentes.
A diferença entre gorduras e óleos consiste basicamente nos seus estados
físicos (sólido ou líquido) na temperatura ambiente. As gorduras são os triglicerídios
sólidos e fornecem ácidos saturados (láurico, mirístico e palmítico). Já os óleos são
líquidos e fornecem principalmente ácidos insaturados (oléico, linoléico e linolênico). A
existência de ligações duplas carbono-carbono (insaturação) nas cadeias dos ácidos
dificulta o alinhamento regular das moléculas, ocasionado o abaixamento do ponto de
fusão do triglicerídeo.

59
Composição de alguns óleos e gorduras

As graxas diferem dos óleos e das gorduras por não serem ésteres do glicerol.
O palmitato de miricila, C15H31-CO-OC30H61, por exemplo, é o principal constituinte da
cera de abelha.
Os sabões são preparados pela saponificação de gorduras animais ou óleos
vegetais, que são aquecidos numa caldeira aberta com um pequeno excesso de soda
cáustica (hidróxido de sódio). Uma vez terminada a reação, adiciona-se uma solução
de cloreto de sódio para precipitar o sabão em forma de blocos espessos. Antes da
comercialização, o sabão é purificado para separar as impurezas (cloreto de sódio,
excesso de hidróxido de sódio, glicerol, etc.). A equação química que representa a
síntese do sabão a partir da gordura ou óleo é:

60
Um sabão tem a fórmula geral R-CO-O-Na+ onde R é uma cadeia carbônica
contendo geralmente de 12 a 18 átomos de carbono. A característica mais importante
de um sabão é que uma das extremidades da sua molécula é altamente polar (iônica)
enquanto que o resto dela é apolar. A extremidade polar confere solubilidade em água
(hidrofílica, atraída pelas moléculas da água) enquanto que a apolar é insolúvel na
água (hidrofóbica, repelida pela água).

Quando um sabão é agitado com água, forma-se um sistema coloidal,


contendo agregados denominados de micelas. Numa micela, as cadeias de carbono
apolares (hidrofóbicas) ficam dirigidas para o centro e as partes polares (hidrofílicas)
ficam em contato com as moléculas da água. Os íons positivos (Na+) ficam na água
próximo à micela (Figura 12).

61
Figura 12: Micela formada pela mistura do sabão com a água

Como um sabão consegue remover as sujeiras? A maior parte das sujeiras


adere às roupas, mãos e outros objetos por meio de uma fina camada de óleo. Se o
óleo puder ser removido, as partículas sólidas de sujeiras poderão também ser
removidas. A água por si só não consegue dissolver gotículas de óleos (hidrofóbicas);
na presença da micela de sabão, a parte central apolar captura as gotículas de óleo
(forma uma emulsão), pois as mesmas são solúveis no centro apolar. As demais
sujeiras, isentas de óleo, podem então ser removidas pela água.
Os sabões são sais de ácidos carboxílicos, os ácidos carboxílicos são ácidos
mais fracos que os ácidos inorgânicos (sulfúrico, nítrico, clorídrico, etc). Por essa razão,
os sabões podem ser transformados em ácidos carboxílicos pela reação com ácidos
inorgânicos, conforme mostra a seguinte equação química:

C17H35 COONa (aq) + HCl (aq) C17H35 COOH (s) + NaCl (aq)

Estearato de sódio Ácido esteárico

Enquanto que os sabões são solúveis em água (formam micelas), os ácidos


correspondentes são insolúveis. Por essa, razão, os sabões não podem ser usados em
meios ácidos, onde ocorre a precipitação do ácido e a perda da ação emulsiva.

62
O sabão comum é, em geral, um sal de sódio; esses sais são solúveis em água
(formam micelas). Por outro lado, os sais de Ca2+, Mg2+ ou Fe3+ são insolúveis em
água. Dessa forma, um sabão não pode ser empregado com eficiência num meio que
contenha esses íons (água dura); neste caso, os sais insolúveis precipitam e aderem
ao tecido que está sendo lavado (ou na beira da pia, tanque, banheira, ou mesmo nas
mãos, etc.), segundo a seguinte equação:
+
2 C17H35 COONa (aq) + Ca2+ (aq) C17H35 COO Ca2+ (s) + 2Na (aq)
2
sal de sódio sal de cálcio, insolúvel na água
Problemas relacionados às reações químicas dos sabões comuns levaram ao
desenvolvimento de detergentes sintéticos. Um exemplo de detergente sintético é o
sulfato lauril de sódio, cujo preparação está representada no esquema abaixo:

Parte Experimental
Reagentes e equipamentos:

- Erlenmeyer;
- Solução de potassa alcoólica*;
- Banho-maria (70-75oC);
- Tubos de ensaio;
- Ácido acético glacial;
- Solução saturada de NaCl;
- Solução de cloreto de cálcio 10%;
- Solução de sabão obtida no experimento da aula prática.

* Esta solução de potassa alcoólica é feita misturando-se 10 mL de KOH 40% e 10 mL


de etanol. Ela deverá ser preparada no momento de ser utilizada.

63
Procedimento Experimental

PARTE A:
- Colocar em um erlenmeyer 50 gotas de óleo vegetal fornecido pelo professor;
- Adicionar 15 mL da solução de potassa alcoólica;
- Aquecer em banho-maria (70-75oC) durante 30 minutos;
- Observar a formação de uma solução opalescente de sais de potássio de ácidos
graxos (sabões).

PARTE B: Propriedades Físico-Químicas de Sabões

CUIDADO: NÃO PIPETAR A SOLUÇÃO DE SABÃO COM A BOCA!!!


- Repartir a solução de sabão obtida anteriormente, em proporções idênticas, e
transferir para 3 tubos de ensaio realizando os seguintes ensaios:
Tubos
1 2 3
(precipitação de ácidos (precipitação de sabões de (precipitação por execesso
graxos) cálcio) de eletrólitos)
Adicionar, gota-a-gota, Adicionar gotas de uma Adicionar uma solução
ácido acético até notar o solução aquosa de cloreto aquosa saturada de cloreto
aparecimento de um de cálcio 10%, que provoca de sódio. Observar a
precipitado branco de a transformação do sabão formação do precipitado de
ácidos graxos, insolúvel em de potássio em sabão de sabão por um excesso de
água. Pela acidificação da cálcio, insolúvel. eletrólitos.
solução, o sabão foi
transformado em ácido
graxo insolúvel na solução
aquosa.

Questionário

a) Proponha um mecanismo para a reação de saponificação.


b) Proponha um mecanismo para a hidrólise ácida de ésteres.

64
c) Como o sabão limpa a sujidade?
d) O que são surfactantes?
e) O que são micelas?
f) Faça uma pesquisa sobre detergentes sintéticos e compare suas estruturas com
a estrutura química do sabão comum.
g) Por que não se deve pipetar a solução de sabão com a boca?

65
Experiência no. 7: Caracterização de Álcoois

Técnicas/conceitos envolvidos: Reações de álcoois: oxidações de álcoois primários e


secundários; formações de haletos de alquila a partir de álcoois. Caracterização de grupos
funcionais.

A identificação dos álcoois primários, secundários ou terciários é feita com o


teste de Jones e com o teste de Lucas.

1. Teste de Jones (oxidação com ácido crômico)

O teste de Jones baseia-se na oxidação de álcoois primários e secundários


a ácidos carboxílicos e cetonas, respectivamente, pelo ácido crômico. A oxidação é
acompnhada pela formação de um precipitado verde de sulfato crômico. Este teste
também pode ser usado para aldeídos.

O O

RCH2OH + CrO3 + H2SO4 R-C R-C + Cr2(SO4)3


H OH
Álcool primário ppto. Verde
Ácido carboxílico
Aldeído

R2CHOH + CrO3 + H2SO4 R-C + Cr2(SO4)3


R
Álcool secundário Cetona ppto. Verde

R3COH + CrO3 + H2SO4 Não reage

Álcool terciário

66
2. Teste de Lucas
O chamado teste de Lucas é a reação de álcoois com ácido clorídrico e cloreto
de zinco, com a formação de cloreto de alquila.

ZnCl2
R OH + HCl R Cl + H2O

A reação ocorre com a formação de um carbocátion intermediário. O


carbocátion mais estável é formado mais rapidamente e a reatividade de álcoois
aumenta na seguinte ordem:
primário < secundário < terciário < alílico < benzílico
Obs: O teste é usado apenas para álcoois solúveis em água.

Parte Experimental
Reagentes e equipamentos:
- Óxido de cromo (CrO3);
- Ácido sulfúrico concentrado;
- Água destilada;
- Acetona;
- Permanganato de potássio;
- Cloreto de zinco;
- Ácido clorídrico concentrado;
- Banho de gelo;
- Álcoois: álcool benzílico; 1-propanol; 2-propanol; 2-metil-propanol.
- Balança;
- Espátula para pesagem;
- Proveta de 25 mL
- Proveta de 50 mL;
- Pipetas de Pasteur;
- Tubos de Ensaio;
- Estantes para tubos de ensaio;
- Pipetas de 5 mL;
- Pêras de borracha;
- Banho-maria.

67
Procedimento Experimental
Teste de Jones (oxidação com ácido crômico)

Preparação do ácido crômico: Dissolver 10 g de óxido de cromo VI (CrO3) (pode ser


também K2CrO7) em 10 mL de ácido sulfúrico concentrado. Adicionar cuidadosamente
esta solução a 30 mL de água. (Obs: JÁ ESTÁ PREPARADO!)

TESTE: Dissolver 2 gotas de amostra (álcool) a ser analisada (ou 15 mg, se a amostra
for sólida) em 20 gotas de acetona pura. Adicionar, com agitação, 5 a 6 gotas da
solução de ácido crômico preparado anteriormente. O aparecimento, em 5 segundos,
de um precipitado verde confirma a presença de álcool primário ou secundário.

Teste de Lucas
Preparação do Reagente de Lucas: Dissolver 32 g de cloreto de zinco anidro em 20
mL de ácido clorídrico concentrado e resfriar a solução resultante em banho de gelo e
água. (Obs: JÁ ESTÁ PREPARADO!)

TESTE: Misturar, em um tubo de ensaio, 2 a 3 mL do reagente de Lucas e 4 a 5 gotas


da amostra (álcool) a ser analisada e observar o tempo gasto para a turvação da
solução ou o aparecimento de 2 camadas. Os álcoois alílicos, benzílicos e terciários
reagem imediatamente. Os álcoois secundários demoram cerca de 5 minutos para
reagir. Se não ocorrer a reação em 5 minutos, aquecer cuidadosamente em banho-
maria durante 3 minutos. Os álcoois primários não reagem nestas condições.

Questionário
a) Faça uma pesquisa sobre outros reagentes oxidantes de álcoois.
b) Proponha um mecanismo de reação para a transformação de um álcool a haleto
de alquila pelo reagente de Lucas.

68
10. Referências

1. QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL A - Apostila de Experimentos -


Disponível em: http://www.qmc.ufsc.br/organica
2. Fundamentos de Química Geral Experimental – Apostila de Experimentos –
FFCLRP – USP. 2001.
3. Química Orgânica Experimental – Apostila de Experimentos – Elaborada pelo
Prof. Dr. Denis Pires de Lima – Departamento de Química da UFMS.
4. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular: um
curso prático – Organizadores: César Cornélio Andrei et al. Editora Manole,
Barueri, SP. 2003.

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