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CURSO DE MESTRADO EM DIREITO CANÔNICO

Matéria: Direito Processual I


Professor: Ms. António José C. M. Madeira.
Aluno: Ir. Isaac Segovia CRSP
Data: 28-05-2020

AVALIAÇÃO
1. Manifeste o que entende por foro competente e, explique aquilo que for próprio
no tocante a competência de um tribunal eclesiástico de 1ª Instância à vista da
legislação vigente.

Foro Competente no sentido lato se pode entender como órgão (individual ou colegial)
que possui jurisdição: poder atribuído a uma autoridade e; competência: faculdade
concedida pela lei ao juiz ou tribunal para apreciar e julgar. Portanto, foro pode se
compreender como sinônimo de juiz e de tribunal, sendo indiferentemente que a
potestade desses órgãos sea ordinária ou delegada. O Foro Competente se encontra muito
bem regulada pelo CIC atual nos cânones 1404-1416 e, particularmente, pela DigC. nos
arts. 8-21 quando se ocupa da competência aplicada às causas de nulidade do
matrimônio.

A competência do tribunal diocesano de primeiro grau para as causas relativas à própria


diocese é geral, isto é, para todas as causas contenciosas ou penais em primeira instância
desde que não excluídas pelo direito, por exemplo: as previstas pelos cânones 1405 e
1419§2.

2. A quem são reservadas as causas de observação de uma possível nulidade


matrimonial dentro do espectro judicial eclesiástico?

O cânon 1673§3 diz: "As causas de nulidade matrimonial estão reservadas a um colégio
de três juízes. Deve ser presidido por um juiz clérigo; os outros dois juízes também
podem ser leigos".

Cabe ao Tribunal Colegial definir a causa principal. E são reservadas as causas de


observação de uma possível nulidade matrimonial dentro do espectro judicial eclesiastico
ao Vigário Judicial (presidente do colégio) que está representando o Bispo diocesano; e
esse colégio será nomeado pelo Vigário Judicial que serão os juizes das causas (cf. cân
1676 do MIDI já restava referido tal no art.46§1, e obrigações inerentes cf. art.45; 46 e 47
da DC).

3. Quem compõe como ministro o tribunal judicial para processar e promover os


procedimentos das diversas ações que um tribunal pode observar?

Segundo o cânon 1437 contempla no CIC atual, o ministro que compõe o tribunal judicial
para processar e promover os procedimentos das diversas ações que um tribunal pode
observar é o Notário. Em todo proceso deve intervir um notário. É um mandato expresso
da lei canônica.

4. Manifeste seu entendimento acerca de perempção e, como se dá no direito


canônico?

No cânon 1520 diz: "Não havendo nenhum impedimento, se nenhum ato processual for
praticado pelas partes durante seis meses, dá-se a perempção da instância. A lei
particular pode estabelecer outros prazos de perempção". O Legislador coloca mais
cânones referidos sobre a perempção (cf. câns. 1521 - 1523).

A perempção consiste na extinção da instância por causa da longa falta de ação das
partes, sem que houvesse algum impedimento para essa inércia; e se dá quando se
declarar a instância perempta ou admitir a sua renúncia, isto significa que o direito expira.

5. Quem pode promover o processo de nulidade de ordenação? Explique os motivos


possíveis que se lembrar?

Sobre o processo de nulidade de ordenação, o cânon 1708 diz: "Têm o direito de acusar a
validade da ordenação sagrada o próprio clérigo, ou o Ordinário a quem o clérigo está
sujeito ou em cuja diocese foi ordenado".

O clérigo tem o direito de acusar a nulidade de sua própria ordenação, porque é uma
questão que afeta o seu próprio estado como pessoa na Igreja (cf. cân. 1501), que tem
direito de escolher livremente (cf. câns. 219 e 1026). Em geral, o clérigo inicia o processo
a fim de reivindicar seu direito a contrair matrimônio (cf. cans. 221§1; 1058; 1400§1,
nº.1º), provando a inexistência de um impedimento (cf. cân. 1087).

Possível motivo para a nulidade da Ordem Sagrada é receber a ordenação por obrigação
ou para satisfazer um pedido de uma mãe, ou seja, o candidato entra no Seminário para
realizar o sonho da mãe, então, não está livre para receber esse sacramento, portanto pode
entrar em processo para pedir a nulidade da Sagrada Ordenação.

6. Recorde-nos o que resta estabelecido acerca dos prazos para aceitação da causa e
para conclusão dos processos matrimoniais nas diversas instâncias?

O MITIS IUDEX simplificou os trâmites. O cânon 1676§1 diz: "Recebido o libelo, o


Vigário judicial, se achar que tem algum fundamento, admita-o e mediante decreto,
transcrito ao pé do próprio libelo, ordene que se entregue uma cópia ao defensor do
vínculo e, se o libelo não foi assinado pelas duas partes, também à parte demandada,
dando-lhe o prazo de quinze dias, para manifestar sua opinião sobre a petição".

Este cânon, ao se ocupar da introdução da causa, já parte do libelo. Observe-se que o


libelo poderá ser apresentado por escrito ou oralmente (observe-se na MIDI a Regra
Processual parte final do art. 10).

No cânon 1453 diz: "Os juízes e os tribunais cuidem que, salva a justiça, as causas se
concluam quanto antes e que, no tribunal de primeira instância, não se protraiam mais
de um ano, e no tribunal de segunda instância, mais de seis meses". O mesmo
entendimento do cânon pode conferir também na Dignitas Connubii art. 72.

Para a aceitação da causa e para a conclusão dos processos matrimoniais nas diversas
instâncias existe um prazo, que é o espaço de tempo decorrido entre a data de 1 ato
jurídico e o advento do termo. Ou seja, é o lapso de tempo, período de tempo, entre o
início e o fim de uma obrigação. Por ser uma norma que restringe e ou limita os direitos,
a interpretação do prazos deve ser estritamente respeitada; isto é, existe um início e o
termo, este último indica o fim do tempo concedido na dilação.

7. Um caso para observação:

Mévia, vai ao sacerdote de sua Paróquia ou ao advogado canônico e diz: "A minha filha
Josefa está enrascada com um problema, casou com um homem que não a merece, seu
nome é Tício. Ele é sovina, não faz suas vontades, não têm conta conjunta no banco ou na
caderneta de poupança o que a atrapalha nas compras de lojas de roupa. Na realidade ela
não conseguiu com o casamento tudo o que desejava. Mesmo ele sendo bastante rico e
ela querendo viajar e conhecer outros países ele não quer fazê-lo. Soube por ela que ele é
um pai razoável, cuida da moral dos filhos e é exigente na sua educação, vai também com
eles (dois filhos) à catequese e ao cinema nos finais de semana e como ela não gosta
desses programas fica em casa dormindo. Soube também que ele cuida do sustento
financeiro de tudo na casa mas que como marido ele não é muito ligado a práticas novas
ligadas à sexualidade. Ela também trabalha fora como funcionaria de um escritório onde
todos são muito seus amigos e muito admirada na sua beleza, inclusive as vezes os
colegas à trazem a casa. Há, estava esquecendo, eles se matrimoniaram na Paróquia de
São Facundo, numa cidadezinha lá no Sergipe, onde se conheceram numa viagem de
férias dele ao local onde morávamos à época. Ele chegou a ir morar lá na cidade e morou
com ela por três anos casados no civil e só depois se matrimoniaram. Depois do
matrimônio vieram para o Rio de Janeiro e já estão aqui a dois anos. Eu a vejo infeliz
com essas coisas, e a queria ver feliz resolvendo esse assunto porque esse casamento tem
de ser anulado como me falou a Dna. Soraia minha amiga de pastoral. Ele me disse que
eu podia entrar com um processo de anulação na Igreja e pedir uma pensão para ela e
para os filhos. O que eu posso fazer?"

Veja atentamente o problema, use de sua imaginação e dê a informação à consulente


porque você foi consultado? (e é o sacerdote ou advogado(a) consultados).

Em primeiro lugar, eu escutarei atentamente a Senhora Mévia. Eu estou perante ela como
ouvinte e como advogado para dar algumas dicas e orientações, não sou nenhum juiz para
dizer a ela que esse caso de matrimônio poderia ou não ser declarado nulo. Porque isso é
papel de juiz lá no Tribunal Eclesiástico.

Em segundo lugar, eu dirá a dona Mévia, ela como mãe, certamente está querendo o
melhor para a filha Josefa. Mas, eu vejo no relato, a interesada é ela. No entanto, o
Tribunal Eclesiástico está não apenas para a nulidade do matrimônio. Também é um
órgão que pode esclarecer sobre a validade do matrimônio. Além disso, eu diria, o
matrimônio é um sacramento, união entre um homem e uma mulher para toda a vida. E,
além dos casais, os pais também podem ajudar aos filhos para que o casal seja mais feliz.
E, uma possibilidade seria conversar com a filha, mostrar a ela a importância da vida
matrimonial, e sempre terão dificuldades e que priorize os compromissos assumidos no
dia da celebração, isso seria uma grande ajuda que a senhora Mévia fará para a filha e o
gerno.

Enfim, eu usaria os meios pastorais a fim de que a senhora Mévia, em primeiro lugar,
entenda a importância do Sacramento e que a filha dela, por meio da mãe, repense a
importância do seu matrimônio e restabeleça uma convivência conjugal, ou seja, ver a
possibilidade de viabilizar uma convivência melhor dando-lhe sentido ao seu matrimônio,
porque a Josefa com o marido têm dois filhos, fruto dessa união. E, eu, como
advogado/religioso estaria disponível até para acompanhar pastoralmente a filha e por
que não, como casal. Dessa maneira, eu tentaria desconstruir a primeira ideia de mandar
que a filha procure um Tribunal Eclesiástico, porque eu não sei se não tem uma segunda
ou mais intenção da senhora Mévia. E como cristão, advogado/religioso, sempre vou me
inclinar em primeiro lugar pela possibilidade de uma melhor convivência conjugal do
casal.

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