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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINASSAU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL:


JORNALISMO

RACISMO INSTITUCIONAL:
A REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NA MÍDIA
TELEVISIVA BRASILEIRA

Abigail Leandra Petty da Silva

RECIFE-PE
2020
Abigail Leandra Petty Da Silva

RACISMO INSTITUCIONAL:
A REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NA MÍDIA
TELEVISIVA BRASILEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito para
conclusão do curso de Jornalismoda
Uninassau.
Orientador(a):Vitor Lopes

RECIFE-PE
2020

ABIGAIL LEANDRA PETTY DA SILVA

Racismo institucional:
A representatividade da mulher negra na mídia televisiva brasileira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Jornalismo da Uninassau como
requisito à obtenção do título de Bacharel em
Jornalismo.
Orientador: Vitor Lopes Resende

Aprovado em: ____ de _________________ de _________.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Vitor Lopes Resende
Professor do Curso de Comunicação Social
Orientador

________________________________________
Nataly de Queiroz Lima
Professora do Curso de Comunicação Social
Avaliadora
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha Mãe Abigail


Maria; aos meus avôs Andréa Maria e
Olivaldo Petty e aos meus irmãos Samuel
Leandro e Leonardo José. Uma família que
defende e luta por seus posicionamentos
ideológicos, fazendo parte de uma construção
antirracista e antifascista.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e aos bons Espíritos de luz que me guiaram e iluminaram


meu caminho até aqui, sempre me fortalecendo, me dando saúde e paz
espiritual. Sou grata a minha mãezinha Abigail Maria, que segurou minhas
mãos do começo ao fim da jornada, e quando necessário me colocou no colo e
enxugou minhas lagrimas diante as tempestades mais cruéis.

Peço obrigada aos meus avôs Olivaldo Petty e Andréa Maria, que foram o
alicerce fundamental para construção de quem sou hoje. Obrigada por me
motivarem e acreditarem na minha capacidade. Jamais esquecerei das
ligações dizendo que eu seria a próxima âncora do jornal favorito de vocês.
Espero que vocês se orgulhem cada vez mais da netinha mais velha. Não
posso esquecer de também agradecer a minha tia Ana Rosa, que me auxiliou
em todo percurso sempre me motivando com suas palavras de orgulho sobre
quem eu me tornei.

Dando continuidade a esse afeto, agradeço a Ana Caroline, minha


companheira, amiga e porto. Obrigada por me tirar do caos e da confusão
mental todas as vezes que precisei. Gratidão a todas as palavras de
motivação, esperança, amorosidade e credibilidade. Você foi fundamental em
todo processo construtivo do meu período acadêmico, obrigada por ter sido
sempre a acolhida, o descanso e sossego dos meus dias.

Gratidão a todos os meus amigos de graduação, em especial a Fabiano Falcão


e Rafaela Quintino, que emprestaram seus ombros e ouvidos sempre que
precisei. Obrigada, meus amigos, por compartilharem suas histórias, seus
sonhos e trajetórias comigo. Nunca esquecerei das gargalhadas no quinto
andar, das lagrimas nas escadas de emergência e de todo apoio até aqui.
Agradeço por toda paciência, partilha e afeto. Rafa, obrigada por permitir que
eu fizesse parte da vida da sua filha, que é nosso pacotinho de luz e amor.
Deixo meu agradecimento a Vitor Lopes, educador que me orientou
nesse trabalho de pesquisa. Obrigada pelo incentivo e empolgação em
construir esse projeto lindo, encantador e necessário.

Agradeço a todas as professoras e todos os professores do curso de jornalismo


que contribuíram no meu processo de edificação do conhecimento, me
formando dia pós dia na jornalista que estou me tornando. Aprendi que ser
jornalista não é apenas estudar durante quatro anos, mas compreender no
cotidiano da função a necessidade de informar de forma simples, objetiva e
coesa para que nenhuma estrutura social fique de fora dessa democracia
midiática, e isso devo inteiramente a vocês.
RESUMO

Na sociedade pós-moderna, o jornalismo ocupa um importante espaço de


produção, mediação e circulação de sentidos. Ele guia e modela o mundo
contemporâneo. O objetivo deste trabalho foi discutir e investigar a inserção da
mulher negra no jornalismo brasileiro, considerando as perspectivas de gênero
e étnicas, trazendo reflexões da maneira como a mídia, em especial o
telejornalismo, representa a mulher negra, de forma que ainda reforça o
estereótipo racial, social e sexista, além de o espaço para a veiculação de
conteúdos produzidos e protagonizados por negras ser quase inexistente. A
partir dessa afirmação, a problemática do presente trabalho apresenta uma
pesquisa e análise desse protagonismo afrodescendente nos principais
telejornais nacionais, analisando a presença racial nesses conteúdos;
comparando o espaço de voz entre mulheres negras e brancas, e, identificando
se o discurso do jornal fortalece o silenciamento das mulheres negras
negando-lhes papéis de destaque.

Palavras-chave: Racismo.Mulheres Negras. Jornalismo. Televisão.


Telejornalismo.
ABSTRACT

In postmodern society, journalism occupies an important space for the


production, mediation and circulation of meanings. He guide sand shapes the
contemporary world. The objective of this work was to discuss and investigate
the insertion of black women in Brazilian journalism, considering the gender and
ethnic perspectives, bringing reflections on the way the media, especially
television news, represents black women, in a way that still reinforces the
stereotype racial, social and sexist, in addition to the space for the transmission
of content produced and starring black women to be almost non-existent. Based
on this statement, the problem of the present work presents a research and
analysis of this Afro-descendant role in the main national news programs,
analyzing the racial presence in the secontents; comparing the space of voice
between black and white women, and identifying whether the newspaper's
speech streng thens the silencing of black women by denying them prominent
roles.

Keywords: Racism. Black women. Periodism. Television. Teleperiodism.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1......................................................................................................... 47

Quadro 2 ........................................................................................................ 49

Quadro 3 ........................................................................................................ 51

Quadro 4 ........................................................................................................ 52

Quadro 5 ........................................................................................................ 54

Quadro 6......................................................................................................... 55
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1.......................................................................................................... 48

Gráfico2..........................................................................................................50

Gráfico 3..........................................................................................................51

Gráfico 4..........................................................................................................53

Gráfico 5.........................................................................................................55

Gráfico 6.........................................................................................................56

Gráfico 7.........................................................................................................57
SUMARIO

Introdução...................................................................................................... 13

1. Racismo e seus aspectos históricos........................................................15

1.1 Racismo no Brasil....................................................................................18


1.2 Racismo estrutural ..................................................................................22
2. Telejornalismo............................................................................................25
2.1 Histórico do telejornalismo no Brasil ....................................................29
2.2 O papel do âncora .................................................................................... 33
3. A participação da mulher negra no telejornalismo brasileiro................36
3.1 Visibilidade e Invisibilidade....................................................................43
3.2 Análise do papel da mulher negra como âncora e repórter dos canais
A, B, C .............................................................................................................46
3.2.1 Globo......................................................................................................47
3.2.2 Band.......................................................................................................52
3.2.3 SBT ........................................................................................................53
Considerações finais .....................................................................................59
Referências Bibliográficas ............................................................................63
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso trará em sua conjuntura a


desigualdade racial, afim de compreender o mito da democracia racial no país.
Para as delimitações dessa pesquisa, é preciso compreender desde o principio
como se dá a formação do racismo e sua trajetória na história. O período
escravocrata provocou a construção de uma imagem estigmatizada do ser
negro, cuja a idealização provocou praticas de violação dos seus corpos, da
sua imagem e da sua dignidade enquanto ser. Mesmo após mais de 100 anos
da abolição da escravidão, praticas racista ainda são latentes e revelam todos
os dias as marcas dessa época colonial marcada pelo sofrimento do povo
preto.

Em um país onde a imagem é um fator determinante nos mais diversos


âmbitos, a televisão chega como marco principal para construção da identidade
do ser através do seu reflexo. Desse modo, a representatividade de todos os
grupos étnicos se torna fundamental para estruturação da identificação através
do outro. Estima-se que no Brasil cerca de 54,9% da população é negra, mas a
formação televisiva é formada em sua grande maioria por brancos, o que diz
muito sobre as possibilidades de ascensão da população negra.

Com o racismo enraizado, as pessoas costumam enxergar de forma


natural a apropriação de determinados papeis que devem ser desempenhados
por determinados indivíduos. Tal ideia, reforçada com a falta da
representatividade, em especial das mulheres negras, fortalece a ideia de que
negros só são capazes de ocupar espaços inferiorizados, além de transformar
a tonalidade da pele como impedimento ao acesso ao mínimo e aos ingresso
na mídia como ser capaz de refletir e agregar na construção de outros
indivíduos. Além do mais, a presente pesquisa busca contextualizar, de forma
histórica, a trajetória dos negros no Brasil, bem como entender o surgimento
das barreiras causadas pelo tom da pele, e compreender como essas barreiras
são fortalecidas e aplicadas até os dias atuais no meio jornalístico.

No telejornalismo, a falta de negros e negras, afirma de forma negativa a


não existência da representatividade desses corpos. Quando inclusos ao meio,
a população como um todo sente-se representada e tirada do estigma de

12
pertencimento a meios marginalizados e sexualizados. Não incluir ou designar
espaços à população negra é uma problemática grave, pois tendo a TV como
um ponto de apoio ao crescimento da identidade pessoal, como formadora de
opinião e fonte de compartilhamento das informações, acaba de certo modo
reforçando as relações de exclusão e dominação, onde o grupo oprimido é
apresentada de forma negativa.

Buscando atingir diretamente os jovens negros e a população


como um todo, busco também através desse trabalho dar visibilidade a uma
problemática enraizada no meio social. Além de expor a desigualdade no
telejornalismo nacional e problematizar essa questão, abrir portas para que
gerações futuras de mulheres negras, assim como eu, possam ocupar seus
espaços e tragam cada vez mais esse tema para o campo da pesquisa
cientifica.

Em consulta a autores que discorrem sobre questões raciais e que


tratam de aspectos da relação mídia e racismo, foi produzida uma análise
sobre a presença de jornalistas negros, dado foco as mulheres negras, nas
maiores emissoras de televisão do país: Rede Globo, SBT e Rede
Bandeirantes. Posteriormente, foi realizada a observação visual da presença
de profissionais repórteres e âncoras negras nos telejornais, em um período de
10 dias, afim de fazer um comparativo ao número de jornalistas não negros
nesses espaços. Por fim, para dar sentido à relevância social deste estudo,
foram apresentadas possíveis soluções que possam auxiliar na mudança do
atual cenário em que a população negra está inserida.

13
2 RACISMO E SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS

De um ponto de vista filosófico, podemos definir o racismo como um


conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre raças e
etnias. Podendo também seguir um sistema político fundado sobre o direito de
uma raça “pura e superior” dominar outras. Ao longo dos anos o racismo vem
fomentando e impulsionado desigualdades não só de raça, mas também de
gênero. De acordo com o Artigo 1° do Estatuto da Igualdade Racial.

“Discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão,


restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade
de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais
nos campos político, econômico, social, cultural ou em
qualquer outro campo da vida pública ou privada”.
A distinção dos corpos criada por uma construção ideológica
supremacista, imposta desde a era colonial, influência de forma direta a
política, a construção social e o poder econômico mundial. É entrando nas
origens do racismo que podemos analisar o histórico racista da humanidade de
acordo com a antropologia.

Com as navegações iniciadas ainda no século XV, a Europa


desenvolveu sua cultura de forma distinta dos outros continentes, iniciando
também na mesma época a expansão marítima. O contato direto dos europeus
com asiáticos e africanos já existia, assim como também existia a visão de
povos não brancos, de cultura não européia como inferiores diante o povo
“puro” de alma e cor. Com a chegada dos europeus ao continente americano, o
modo de enxergar os povos sem traços culturais brancos, o qual os europeus
consideravam fora dos padrões primitivos, foi fortalecido.

O processo serviu para que um povo (europeus), se apropriasse de um


outro povo (americanos), tentando aculturar os nativos do território, ensinando-
os outra língua e cultura que não a sua, transformando o continente americano
em uma máquina europeia que a partir desse momento começa a capturar
africanos para o trabalho escravo em sua nova “potência industrial”.

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O processo de escravização estava embasado em uma ideologia de
hierarquia das raças, ainda no nível de consciência coletiva, que fez com
africanos fossem submetidos ao trabalho escravocrata. Ainda nesse processo,
existia uma ideia inconsciente de que os nativos das Américas, Oceania e
Leste Asiáticos fossem de certa forma inferiores, fazendo com que os europeus
os enxergassem como animais através de uma objetificação todo aquele que
não fosse de sua cultura. Dando início ao colonialismo,usado para justificar a
dominação de um povo sob o outro. Os europeus utilizavam a visão de que
povo pagão vivia no pecado e só seriam salvos se seguissem a sua religião
para se desenvolver espiritualmente.

No século XlX, a Europa deu início ao processo chamado


neocolonialismo, que consistia no movimento de investida sobre outros
continentes. Nesse momento, as ciências sociais e da natureza se
desenvolviam de forma acelerada, percebendo que os precedentes religiosos
usados a séculos atrás já não era o bastante para justificar o modo de
dominação cultural e territorial nos territórios africanos e asiáticos. Desse
modo, a antropologia surge com a capacidade de fornecer um aparato
intelectual que justifica a dominação dos povos habitantes por parte dos
europeus.

O filosofo e antropólogo Herbert Spencer e Edwart Burnett Tylor,


também antropólogo, desenvolveram as primeiras teorias antropológicas, que
explicava o domínio europeu sobre novos povos, criando assim uma teoria
inspirada na biologia de Charles Darwin que tempo depois ficou conhecida
como Evolucionismo Social ou Darwinismo Social. Acreditava-se que o
desenvolvimento étnico entre os povos se dava através da sua cultura. Nessa
visão, era possível constatar que havia uma ou algumas culturas superiores e
outras culturas inferiores. Com isso concluíram que também havia uma
hierarquização das raças, sendo observada pelo modo de operação de cada
cultura.

Nesse contexto, com uma visão etnocentrista de que sua cultura é


correta e as demais são consideradas incorretas e absurdas, a Europa
mantinha uma posição de centralidade e notoriedade ante as outras histórias e
culturas, vivenciando um eurocentrismo. Nessa mesma escala de

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hierarquização, viriam a cultura e a raça oriental, logo após, os indígenas
americanos e, por último, os negros africanos. A teoria pseudo científica foi
utilizada por décadas, para argumentar o domínio de brancos sobre outros
territórios e populações. Deixando também traços históricos-sociais do racismo
até os dias atuais.

2.1 Racismo no Brasil

O Brasil possui traços marcantes em sua formação, destacando não


somente as relações sociais e questões econômicas, como também a estrutura
racista construída ao longo dos anos. Dimensões essas que instalam sua
totalidade sócio-histórica, não podendo ser analisadas de forma isolada.
Contudo, neste capitulo, entendendo a complexidade que compõe o todo
social, será tratado o processo histórico da construção racista no Brasil,
juntamente com o processo de colonização pela Coroa Portuguesa.
Observando a demarcação e submissão aos portugueses e o escravismo como
linha estruturante dessa construção social racista. Além do mais, será
problematizado o sistema escravocrata como fonte de geração econômica e os
reflexos da pauperização em massa dos negros até os dias atuais.

O termo raça, no século XlX, era formado nas classificações


taxionômicas das ciências biológicas, onde os seres vivos eram categorizados.
Logo, presumia-se que, os humanos possuíam características genéticas as
quais determinavam suas características fenotípicas e até mesmo sociais. O
termo é usado como associação ao termo racista “está no sangue” usado como
respaldo para ações comportamentais, aspectos físicos, fraquezas e
habilidades respectivo a sua cor.

Devido à aplicação da teoria Darwinista às ciências humanas produziu


teorias racialistas e evolucionistas sociais que determinam a superioridade
racial de um grupo sobre outros, colocando quem estava no topo da
hierarquização como juízes civilizatórios. Esse pensamento serviu como
justificativa para investida neocolonial e também para estabelecer a escravidão
de povos não brancos, revelando nos próximos séculos as mais variadas
formas de racismo.

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Para muitos, a herança escravocrata e colonial, não possui interferência
sobre a sociedade de hoje, mesmo com todas as desigualdades e opressões.
Acreditando que a formação dos discursos de ódio diante não brancos, bem
como a disputa da hierarquização pela cor “pura”, não estivesse correlacionada
ao surgimento e construção social de um povo. Mas o racismo e a formação
histórico brasileira, oriunda do colonialismo, deixaram sequelas de distinção
étnica e fomentou a segregação entre brancos e negros, não podendo ser vista
como algo que não tenha ingerência sobre os valores sociais aqui construídos.

Daí o modelo do homem ser atingido por esta alienação. Foge-


se do homem concreto para o homem abstrato imposto pelo
colonizador: o branco. Em outras palavras: cria-se uma
subjacência racista nessas sociedades. No Brasil o ponto
central contra o qual o preconceito - reflexo dessa alienação -
se volta é o Negro, o ex-escravo. O preconceito de cor, ou
melhor, o racismo eufemístico do brasileiro tem, assim, raízes
na forma como ele foi colonizado e posteriormente dominado
pelo imperialismo. Não é um fato fortuito, epifenomênico, mas
faz parte desta realidade econômica, política, ideológica e
cultural. (MOURA, 1983. P.134).
Essa herança racialista não se perde de forma ingênua e pura, notando
que as segregações sociais e a polarização dos corpos negros acontecem de
forma invasiva e violenta. Como bem disse o filósofo camaronês
AchilleMbembe em seu livro Políticas da Inimizade, as “sociedades coloniais
eram entidades nas quais desaparecera o sentimento de piedade”.

Contudo, pode-se observar que o processo de escravização e


colonização dada pelos portugueses gerou e alimenta o racismo no Brasil,
através da associação dos/as escravizados/as a indivíduos não dignos,
selvagens e naturalmente inferiores, onde a ideia estruturou a sociedade
brasileira e reflete de forma direta nas condições de vida da população negra.

O problema da escravidão que perdurou nacionalmente


durante praticamente quatro séculos tem menos importância,
para eles, do que o surto migratório que veio após 1888 e
formou uma população livre superposta à negra, numa
sociedade que ainda tinha - como tem até hoje - na sua
estrutura, gravada fortemente, grande parte dos elementos
negativos do escravismo. (MOURA, 1983. P.126).

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O racismo se dá pelo mau funcionamento nas instituições
federativas e por falhas nas constituintes do Estado. No Brasil, o racismo
passou a ser crime em 1989, de acordo com a Lei Federal 7.716, que prevê
uma pena de cinco anos de reclusão e multa, sendo também um crime
imprescritível e inafiançável. Mas como a construção do país se deu sobre um
regime escravocrata, na qual tratava os povos negros como mercadoria,
mesmo após a Lei Áurea de 1888, esses povos continuaram sua luta por
liberdade econômica, social, educacional e política, já que nenhuma
indenização ou políticas públicas foram fomentadas afim de promover uma
reparação histórica.

Proibidos de exercer sua formação cultural através da capoeira,


dança e religião, a qual era constantemente demonizada por exaltar os deuses
de matrizes áfricas, as origens continuaram sendo atacadas e vistas de forma
negativa. Foi dentro desse contexto que o racismo foi enraizado no Brasil.

Mesmo após a “liberdade” escravocrata, dada pela Lei Áurea, o sistema


promoveu medidas abolicionistas sem a devida correção histórica, lançando o
povo negro a marginalização sem acesso aos meios de produção e proteção
social, resultando em um processo de pauperização e não incorporação de
forma integral desses sujeitos na sociedade. “A mais terrível de nossas
heranças é essa de levar sempre conosco a cicatriz de tortura impressa na
alma e pronta para explodir na brutalidade racista e classista” (RIBEIRO, 1995
P.147).

A verdade é que o País não superou a escravidão, que se


alimenta sem sistema formal, nutrindo o racismo na estrutura
social, mantenedor do modo de produção e como prática
entranhada nas relações políticas, econômicas, jurídicas,
culturais e familiares, definindo os lugares sociais como regra e
não como exceção. (ALMEIDA, 2017 apud MADEIRA,
MEDEIROS, 2018, p. 217).
Sendo assim, as formas culturais de segregação no Brasil, manifesta-se
sem necessariamente fazer uso de dispositivos legais ou de repressão direta
para que seja formada. Sua força faz com que indivíduos segregados
compreendam que a exclusão social se dá como consequência de erros
pessoais ou como destino reservado àqueles que não atendem aos padrões
classistas branco impostos na sociedade. Essa segregação “natural” faz soma

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aos mecanismos institucionais, que por sua vez, bloqueiam a ascensão
econômica, educacional e política de determinados grupos étnicos.

...em 1888 houve a abolição formal, mas nenhuma política de


inclusão das pessoas negras, pelo contrário. Ao passo que foi
estimulada a vinda de imigrantes europeus, que receberam
terras e oportunidades, pessoas negras foram marginalizadas
de qualquer contato com o poder econômico e destinadas a
serem base de exploração que, no caso das mulheres negras,
se somam ao patriarcado. Nas palavras de Carla Akotirene,
mulheres negras são a matriz geradora, pois parem as vidas
que serão a base do sistema... (RIBEIRO, 2020)
Dessa forma, o homem branco, “digno”, é respeitado na sua
individualidade tendo seus direitos reconhecidos institucionalmente, permitindo
que a justiça lhe alcance. Já numa sociedade com marcas coloniais, um/a
homem/mulher negro/a não possui os mesmos privilégios que outrem, não
sendo “dignos” de um processo inclusivo de desconstrução escravocrata.
Numa de suas entrevistas, Martin Luther King respondeu sobre a luta do povo
negro pelos direitos civis e contra a segregação: “Não é a raça (branca) em si
que combatemos, mas as políticas e ideologias que líderes dessa raça
formularam para perpetuar a opressão”.

2.2 Racismo estrutural

Mesmo que as leis garantam a igualdade entre os povos, o racismo é


um processo histórico que molda a sociedade até hoje. Um retrato disso é o
contraste explícito entre o perfil da população brasileira e sua representação
política no Congresso. Uma vez que, segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE de 2019, 56,10% dos
habitantes são negros, onde apenas 17,8% dos parlamentares são negros, e
essa conta fica ainda mais absurda se levantado quantas mulheres negras
ocupam esses espaços. O Brasil está no seu 38° Presidente da República, e
até agora apenas um negro foi eleito chefe de estado. Nilo Procópio Peçanha
foi o primeiro e único presidente negro do país. Com mais da metade da
população negra, a sociedade só elegeu um candidato da mesma etnia. Outro
dado a ser levantando juntamente a um questionamento é que a cada 23
minutos um jovem negro é assassinado no Brasil.

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Por mais que o debate antirracista tenha evoluído, não só com a criação
de políticas públicas e novas leis, mas também com a manutenção do discurso
de conscientização de privilégios brancos que estruturam os parâmetros da
economia, política e educação da sociedade, ainda se faz necessário o
aprofundamento do assunto afim de promover uma democracia étnica.

O racismo estrutural baseia-se na naturalização de ações, falas, hábitos,


situações, pensamentos e atitudes embutidas que fazem parte do arranjo social
estruturado, promovendo uma segregação direta ou indireta dos indivíduos que
não desempenha o papel “comum” padronizado na conjuntura social branca.
De maneira branda, essa forma de racismo tende a ser ainda mais nociva, uma
vez que, sua percepção se torna comum e imperceptível no cotidiano. A
sociedade é apenas a materialização de uma estrutura social ou de um modo
de socialização onde o racismo existe como componente orgânico. Dito de
forma mais simplista: as pessoas são racistas porque a construção histórica é
racista.

O termo “estrutural” não expressa uma condição incapaz de solucionar


aspectos racistas vistos até aqui, mas faz entender que fazemos parte de um
sistema hierárquico racial, e manter-nos calados nos faz compactuar com a
conservação dessa ideologia de naturalização das desigualdades sociais.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou


seja, do modo “normal” com que se constituem as relações
políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo
uma patologia social e nem um desarranjo institucional. O
racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é
regra e não exceção. O racismo é parte de um processo social
que ocorre “pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado
pela tradição”. (BONILLA-SILVA, 2006. p. 465-480).
Com os espaços de poder reservado durante anos a hegemonia branca,
os negros não tinham acesso ao básico. Ainda hoje, no Brasil, é possível
enxergar como as vias de acesso à educação é restrita e estreita para os
povos negros, uma vez que, cursos superiores são compostos em sua grande
maioria por brancos. Antes das leis de cotas raciais, o número de participantes
pretos era ainda mais ínfimo. A população negra estava ligada a falta de
acesso à escolaridade, a pobreza e a exclusão social.

20
Falas e costumes pejorativos inseridos no cotidiano brasileiro tendem a
reforçar o racismo na sua forma estrutural, visto que, essa ação promove a
exclusão e preconceito racial mesmo que de forma inconsciente. Desse modo,
quando usado expressões racistas, mesmo que sem conhecimento do seu
significado e origem, como a palavra “denegrir”, estamos manifestando
ideologias históricas que trazem como fundamento um teor excludente e
racialista. A estruturação racista também pode ser notada quando “piadas”
associam povos negros a situações vexatórias, humilhantes ou criminosas só
por sua cor de pele.

É notório o uso continuo de eufemismo para se referir a pessoas negras


ou pretas, com o termo “morena”, “mulata” e “pessoa de cor”. Essa conduta
transparece o desconforto, em geral, ao fazer uso da palavra “preto” ou
“negro”, causado pelo estigma social recebido ao longo de décadas por esse
povo. Vocabulários como esse, valida a teoria de assimilação racista afim de
“suavizar” as denominações étnicas.

O racismo estrutural baseia-se na desvalorização de pessoas


negras, na perpetuação da desigualdade e na segregação étnica. O
Estado, por sua vez, é um agente fundamental de combate ao racismo, já
que ele naturalizou durante anos a prática. É dever governamental
reparar a história com políticas públicas de inclusão e ampliação do
acesso à educação, moradia, informação, trabalho e saúde.

Não há como dizer que as oportunidades são iguais para todos


se no Brasil os negros vivem, em média, seis anos menos que
os brancos, recebem menos da metade de seus salários e, de
cada mil crianças negras nascidas vivas, 76,1 morrem antes de
completar 5 anos de idade, 30,4 a mais que as crianças
brancas. Não há como afirmar que existe igualdade em um
país onde dos cerca de 45% de afrodescendentes (negros e
pardos), 69% desta população é pobre e a taxa de pobreza
entre os negros é quase 50% maior que entre os brancos
(RIBEIRO, 2004, p.22).

21
3 TELEJORNALISMO

Nesse capitulo será elencado as funcionalidades do telejornalismo.


Desse modo será possível traçar um paralelo entre o fazer jornalístico e sua
reponsabilidade social.

O telejornalismo é a execução de um jornalismo aplicado ao meio


televisivo, se diferenciando de outros canais de veiculação por sua
instantaneidade, imediatismo e agilidade diante os fatos. Levando em
consideração o ritmo de trabalho e execução da TV, o telejornalismo tende a
ser considerado superficial, sendo subordinado e regido por sua audiência.
Nesse formato, as notícias podem ser relatadas sob diferentes formatos, como
matéria que não foi necessariamente alvo de uma reportagem (nota simples),
com imagens acompanhas apenas de voz (nota coberta), e através da
reportagem, que é a forma mais complexa e completa de apresentar uma
notícia.

O telejornal é umas das possibilidades de produção quando se diz


respeito ao modo de se produzir televisão, tendo função importante e decisiva
para construção da sociedade como um todo. “Dentro ou fora da televisão,
como uma instituição de mediação simbólica entre determinados eventos e um
público de leitores ou espectadores”. (MACHADO, 2003, p. 99)

Machado (2003) afirma que o programa jornalístico de televisão, é uma


produção que apresenta, dentre seus aspectos, pessoas que relatam fatos, de
forma a originar um discurso explicativo acerca de um determinado tema a ser
noticiado.

As matérias de um telejornal vão se constituindo um dia antes de serem


exibidas e envolvem uma rede de profissionais. Pauteiros e editores chefes que
organizam o enfoque das reportagens e definem a pauta para cada equipe
exercer sua função seguindo um roteiro já pré-determinado. As equipes de
reportagens por sua vez coletam o material como entrevistas, capturas de
imagens e sons. Por sua vez, o repórter, profissional responsável por produzir
as reportagens, no modo de fazer jornalismo para TV, é indispensável. Uma
vez que o mesmo não pode reconstruir toda narrativa para exibir no meio

22
televisivo. Se faz necessário que o profissional se insira ao meio afim de relatar
os fatos conforme encontrado em determinada circunstância.

Podemos concordar que, mesmo na TV, é sempre possível


descrever o que aconteceu num determinado palco de ação.
Mas este recurso poderá diminuir a força dramática da
telenotícia (MACHADO, 2003, p. 76).
O autor afirma que o telejornalista precisa desempenhar o papel
semelhante ou igual ao de um ator, pois está exposto a qualquer tipo de
eventualidade na hora de produzir reportagens como situações tristes,
angustiantes, alegres e situações que apresentam risco para própria vida.
Cabe também ao repórter fazer as entrevistas com as pessoas indicadas na
pauta, se não houver indicações de fontes ou houver mudanças no rumo dos
acontecimentos, cabe ao mesmo encontrar pessoas que desempenhe papel de
relevância e estejam aptas a falarem sobre o tema ou circunstância a ser
abordada na reportagem.

O repórter deverá desenvolver a capacidade de achar e


escolher a pessoa ideal para falar, e que, além disso, saiba
expressar seu pensamento de forma clara e concisa
(MACHADO, 2003, p. 77).
O repórter de televisão deve ter uma clareza quanto o contato com os
mais distintos telespectadores e que cada um deles possuem graus diferentes
de instrução. “Devemos entregar para o telespectador tudo mastigado. Ele não
tem a obrigação de conhecer detalhes de geografia e história, nem tampouco
de fazer cálculos”, (CARVALHO et al, 2010, p. 50).

Visto como uma possibilidade de execução e produção desenvolvida


dentro do modo de formar a televisão, o telejornalismo tem uma função
democrática importante para formação social e no processo da construção de
identidade.

Todo e qualquer fato noticiado no meio jornalístico, passa por um funil


antes de ser compartilhado com o público por meio da plataforma utilizada, seja
ela impressa, radiofônica, virtual ou televisiva. Toda informação passa por uma
modificação, bem como é limitada a um determinado tamanho, espaço e tempo
antes de ser veiculada para sociedade, de acordo com Shoemaker e Vos
(2011).

23
O processo de seleção e transformação de vários pequenos
pedaços de informação na quantidade limitada de mensagens
que chegam às pessoas diariamente. [...] As pessoas confiam
em mediadores para transformar informações sobre bilhões de
eventos em um subgrupo gerenciável de mensagens
midiáticas. (SHOEMAKER E VOS, 2011, p. 11)
No telejornalismo, a função de mediador das informações é chamada de
Gatekeeping, cuja funcionalidade se dar por selecionar a notícia que será
divulgada naquele meio, de acordo com a viabilidade, interesse social e
pessoal, e relevância daquele fato. “Os gatekeepers determinam aquilo que se
torna a realidade social de uma pessoa, sua forma particular de ver o mundo”,
(SHOEMAKER E VOS, 2011, p. 14). De acordo com os autores, o
desempenho do jornalista enquanto gatekeeper não é simples, mas permite a
eles a possibilidade de diferenciar a manutenção social contemporânea, assim
como, consegue de certo modo persuadir sobre a maneira de enxergar a
funcionalidade do mundo.

Na transmissão da mensagem por meio dos canais, pode-se


envolver muito mais do que a simples rejeição ou aceitação
(...). O gatekeeping nos meios de comunicação de massa inclui
todas as formas de controle de informação, que podem ser
determinadas nas decisões sobre a codificação das
mensagens, a seleção, a formação da mensagem, a difusão, a
programação, a execução de toda a mensagem ou dos seus
componentes (WOLF, 2005, p. 186).
O telejornalismo, desempenha um papel fundamentalista na formação
cultural, crítica, econômica e política dos cidadãos, ao atingir, sobretudo, a
realidade social e a vivencia pessoal das pessoas, moldar opiniões e, em
certos momentos, chega a influenciar nas tomadas de decisões em virtude de
suas produções de sentidos e significações.

Para Silva, da Silva e Fernandes (2013), os critérios de noticiabilidade


podem ser separados de três diferentes formas. A primeira dá-se na origem
dos fatos, a partir da seleção primaria dos fatos e seus conflitos, tragédias e
proximidade. A segunda se dá no tratamento dos fatos, com base na seleção
hierárquica dos fatos e na produção de notícia, levando como base questões
institucionais, cultura profissional e materiais. Já a terceira, está sustentada na
ideia dos fatos, nos estudos e fundamentos ético epistemológicos.

24
O valor-notícia não é conferido ao fato apenas por sua
relevância ou até mesmo a maneira como ele é transmitido ao
público. É preciso oferecer algum tipo de comentário para a
vida pública, porém não existe um padrão que defina o que é
importante para ela, pois o que é de interesse comum da
sociedade muda de tempos em tempos e de lugar em lugar
(SILVA, DA SILVA E FERNANDES, 2013).

3.1 HISTÓRICO DO TELEJORNALISMO NO BRASIL

Esse capitulo traz uma retrospectiva acerca do surgimento do telejornal


brasileiro, afim de entender o processo de construção desse meio através de
uma linha do tempo. Buscando compreender também todo desenrolar social
atribuído junto à fomentação do telejornalismo.

Em meados dos anos 50, nasceu a TV Tupi de Assis Chateaubriand,


estreando o primeiro telejornal brasileiro Imagens do Dia. Inaugurado no dia 19
de setembro de 1950, o jornal durou apenas um ano. Seu formato era simples,
contando apenas com o locutor Rui Rezende que produzia e redigia as
notícias. Algumas notas tinham imagens feitas em filme preto e branco, sem o
uso do som.

Com tudo, o primeiro jornal a fazer sucesso nas telas brasileiras foi o
Repórter Esso, também da TV Tupi. O telejornal foi exibido entre 1953 e 1970,
com sua inesquecível vinheta de abertura “Aqui fala o seu Repórter Esso,
testemunha ocular da história”, apresentado pelos nomeados locutores de rádio
Kalil Filho e logo depois Gontijo Teodoro.

Nas origens, o telejornalismo reproduziu de certo modo o formato do


rádio. As primeiras notícias a serem exibidas eram lidas diante das câmeras,
mas após o grande engajamento atribuído a TV, notou-se a importância do
apresentado, que por sua vez apresenta o jornalismo através da sua imagem,
aparência, entonação e expressão facial.

Com as inovações tecnológicas importadas dos Estados Unidos da


América no final da década de 60, o Brasil passou a fazer uso do vídeo-teipe e
a transmitir as imagens via satélite, acelerando o andamento das transmissões.
O Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, criado por Armando Nogueira,

25
estreou no dia 1 de setembro de 1969, virando referência nacional da imprensa
nacional televisiva.

o JN custava tanto quanto uma novela de maior ibope". O rigor


no planejamento exigia o fim de improvisações para que o
noticiário se mantivesse "na altura do avanço eletrônico (VEJA,
1969, P. 68).
Sendo o primeiro a apresentar as notícias em cores e o primeiro a
apresentar reportagens internacionais de forma instantânea, seguindo um estilo
de narrativa, linguagem e formato do repórter de acordo com os telejornais
americanos fizeram com que o Jornal Nacional se tornasse líder em audiência.
Uma das contribuições importadas foram as normas de redação, adaptadas do
livro Television News (Fang, 1972) e que serviram "como referência principal
para as poucas obras que normatizam a prática do telejornalismo brasileiro"
(Squirra, 1993, p. 116).

Logo na estréia do jornal, o locutor Hilton Gomes anunciou que ministros


militares assumiam o governo, já que por motivos de doença o Presidente
Costa e Silva foi afastado. O ocorrido deixava evidente a integração nacional e
social através da notícia, assim como também evidenciou o endurecimento do
governo militar naquele instante.

Já em 1977 a Globo São Paulo inseriu na TV o jornal Bom Dia São


Paulo, que é exibido pontualmente às 7h até os dias atuais. O Bom Dia São
Paulo incorporou a sua narrativa novas tecnologias, sendo o primeiro a usar a
Unidade Portátil de Jornalismo (UPJ), com repórteres noticiando os fatos em
tempo real em pontos distintos da cidade. Essa característica iniciada ainda na
década de 70 se mantém viva até os dias atuais. A aceitação televisiva dos
jornais foi tão bem sucedida que em 1983 o Bom Dia Brasil – jornal da Rede
Globo - foi ao ar, com notícias em tempo real sobre política.

Sem exercer a técnica jornalística, mas dando prioridade a voz popular,


a Hora da Notícia surgiu como a efetividade do “sonho de um telejornalismo...
dinâmico e inteligente" (Carvalho, 1979-80, p. 40). Mas, liderança e audiência
alcançada na TV Cultura batiam de frente com interesses políticos dominantes
da época, o que não atingiu apenas a emissora, mas também levou ao

26
assassinato do diretor de jornalismo, Wladmir Herzog, vítima da intolerância
política militar.

Nos anos setenta, a tv brasileira foi caracterizada pela divulgação


padrão global de qualidade. De acordo com a direção da Globo, os telejornais
se beneficiariam muito com "apresentadores competentes e de boa aparência"
para atrair o público majoritariamente feminino das telenovelas (Boni, apud
Mello e Souza, 1984, p. 226). Com "cabelos prematuramente grisalhos, ar
concernido, voz de barítono" (Gleiser, 1983, p. 3'1), Cid Moreira era símbolo de
isenção e credibilidade no JN Conciliada com a rigidez do cenário e o
abundante uso de vídeo-teipes e efeitos especiais, a imagem do locutor
construía um modelo "requintado e frio, pretensamente objetivo" (Lins da Silva,
1983, p. 34).

Contudo, a superficialidade seguia o ritmo “manchetado”, onde o mais


importante era oferecer os fatos do dia, dando a ilusão de informação completa
ao consumidor do produto. Essa tese não há de fato uma comprovação escrita,
mas segue em alta quando o assunto é a formação do telejornalismo brasileiro.
Segundo o jornalista Boris Casoy (1997), essa linha estética do editorial “foi
imprimida pela Rede Globo durante o regime militar, buscando substituir a
ausência de substância no noticiário”.

As interferências militares que censuravam a imprensa começaram a se


desfazer no final dos anos 70, com a derrubada oficial no governo do
presidente Figueredo, onde a autocensura era mais evidente. Mesmo com a
“liberdade” midiática, o Jornal Nacional ainda mantinha vínculos de escravismo
diante o governo, que, em 1979 atingia a marca, na época histórica, de 79,9%
da audiência nacional, o que equivale a 59,9 milhões de telespectadores
(Ávila,1982, p. 60).

O uso de algumas técnicas através das quais o principal meio


de informação da população brasileira passava uma imagem
altamente positiva do regime e negativa das oposições (Lins da
Silva, 1981, p. 51).

Já no início da década de 80, o governo mira o Sistema Brasileiro de


Televisão (SBT) e a Rede Manchete com concessões cassadas da Rede Tupi.

27
Os militares do governo deixaram clara a necessidade de as novas redes
acabarem com o monopólio político exercido até o momento pela Rede Globo.
A Rede Manchete pós seu jornal em horário nobre, seguindo exemplos das
tevês norte-americanas e européias, valendo-se que “a Rede Globo estava
despreocupada em matéria de jornalismo" (Furtado, 1988, p. 66). A audiência
foi tanta, que o jornal atingiu a marca de oito pontos do ibope, competindo com
o público da novela Roque Santeiro.

Lançado em 4 de setembro de 1988, no SBT, o TJ Brasil, também


inspirado nos modelos telejornalísticos americano, se destacou de forma
positiva em rede nacional. O jornalista Boris Casoy saiu do jornal impresso e
exerceu a função de âncora no jornal, conquistando seu espaço e seu público.
Em 1997, Boris migrou para a TV Record.

O Jornal da Band, também estreado em 1997, igualmente influenciado


por parâmetros americanos, era apresentado por Paulo Henrique Amorim,
conhecido por seu estilo opinativo, forte e por suas informações exclusivas
exibidas ao vivo. Nesta mesma época, a apresentadora e jornalista Marília
Gabriela, participou de outra experiência bem-sucedida de ancoragem no
Jornal da Bandeirantes. A jornalista não negava que o jornalismo opinativo lhe
causava um certo constrangimento.

Você não deve perder de vista o pluralismo que um jornal diário


de televisão deve ter; e também, que há uma massa pensante
do lado de lá assistindo a você (Marília Gabriela, apud Vieira,
1991, p. 78).
Esse desempenho profissional contribuiu para relevar o trabalho de
Marília Gabriela. Ao lado de Casoy, sua atuação foi reconhecida como um
avanço por conseguir atrair publicidade e inevitavelmente imprimir mudanças
gradativas também na Globo.

3.2 O papel do âncora

Antes de analisarmos qualquer ocorrência dentro dos telejornais, é


importante entendermos qual o papel do ancora e qual sua funcionalidade
dentro do contexto midiático jornalístico. Neste capitulo pautaremos a
importância e significação de um jornalista âncora diante a sociedade.
28
No telejornalismo, sempre coube a figura do âncora ou pivô, cujo o papel
é narrar, comentar e noticiar os fatos, interagir como público. A forma como a
profissão é exercida chega a contagiar o telespectador, a ponto das pessoas se
sentirem intimamente ligadas ao apresentador, respondendo assim, o bom dia
e boa noite ditos sempre ao iniciar os telejornais. Por estar nos holofotes do
telejornal, cabe a ele a função de abrir o diálogo entre o emissor e receptor das
mensagens. O termo "âncora", neste sentido, teria sido usado pela primeira vez
em 1952, para se referir ao trabalho de Walter Cronkite durante a convenção
pré-eleitoral do Partido Democrata nos Estados Unidos.

A oportunidade é propícia à abertura de um debate acerca do papel do


âncora no jornalismo brasileiro. Tal figura se consolidou no país, devido ao
posto assumido por Boris Casoy em 1988 no jornalismo do SBT. TJ Brasil,
hoje fora do ar, a narração opinativa do apresentador-jornalista era constante.
Vale ressaltar que a carreira de Boris não era televisiva; o profissional fora
recrutado da Folha de São Paulo. O Jornalista trouxe para o cotidiano brasileiro
a postura típica do âncora norte-americano. Casoy mostrava o jornalismo de
acordo suas perspectivas, emitindo opiniões, polemizando determinadas
situações. Boris gravou seu nome e passou a cativar um público – que nem
sempre concordava com sua forma de dirigir um telejornal.

No Brasil, os âncoras buscam apresentar o telejornal dentro de um estilo


mais personalizado, como por exemplo as jornalistas e apresentadoras Patrícia
Poeta, Ana Paula Padrão, Monalisa Perrone, dentre outros. A naturalidade
como papel de ancoragem é realizada é tão perceptível que muitas vezes
esses âncoras criam popularidade nacional. Mas, ainda há apresentadores
brasileiros que sigam o estilo norte-americano de fazer noticia, tais como
William Bonner, atual âncora do Jornal Nacional.

Ao entender a funcionalidade do papel do âncora, é possível


compreender como as emissoras de TV tentam transmitir mensagens através
do substrato da ingênua informação, uma vez que é possível observar quais os
interesses que cada figura, que servem como porta voz da emissora, oculta em
si. Essas características, por vezes, passam despercebido do público, que nem
sempre percebe o jogo de interesse que há escondido nesses discursos, sendo

29
completamente apreendido pelo consumo das notícias que estão sendo
veiculadas.

De acordo com Sodré (1989, p. 56-57), o vídeo dirige-se ao


telespectador encenando um contato direto e pessoal. Diante esse fato é que a
função linguística fática, criada por Jakobson (1968, p. 126), é usada por esse
meio, que tente a ela manter ou sustentar a comunicação entre emissor e
receptor. Tal ideia completada por Fausto Neto (1995, p.41).

O mecanismo básico com que tais dispositivos buscam se


manter vinculados com o campo da recepção se constitui, por
exemplo, em fazer funcionar a função fática lembrada por
Jakobson. Através dela, não só se institui a relação entre
ofertas e recepção dos discursos, mas, também, se estrutura a
instância na qual o enunciador se dirige especificamente a
recepção, pedindo-lhe atenção, ordenando-a sobre
determinados aspectos, interpelando-a e, finalmente,
buscando, dessa forma, o estabelecimento de interações com
outras dimensões heterogêneas de discurso. (FAUSTO
NETO,1995, P.41).
Após analisar essas observações, pode-se entender o porquê muitos
âncoras iniciam seus jornais cumprimentando o ouvinte com um “olá! tudo
bem?”. Essa iniciativa visa estreitar a relação entre o apresentador e o receptor
afim de criar um vínculo, um grau de afetividade e amizade entre o falante e
ouvinte. Diante os fatos, o telejornal consegue criar uma corrente de
credibilidade e necessidade, aumentando assim a confiança e audiência do
público. Com essa demonstração de empatia, o telespectador já consegue
identificar familiarização com quem está noticiando os fatos.

A relação cotidiana entre o âncora, construída através da relação


“pessoal” e dos princípios morais da comunicação interpessoal,tende a ter
poder de persuasão diante a estruturação da ideia, princípios e ideologias
sociais. Quando bem aplicado, o discurso, associado ao fato dele estar
presente no cotidiano do ouvinte, permite ao âncora interferir de forma quase
que direta na vida de quem assiste, chegando ao ponto de o telespectador ver
o jornal como uma extensão familiar.

O fato dele estar sempre presente no seu cotidiano faz com


que o receptor responda às interlocuções do âncora por
diversas vezes, não sendo raros aqueles que questionam,
discutem e comentam com o televisor, como se estivessem

30
falando diretamente com a pessoa apresentada no monitor
(BRITTOS E RÜHEE, 2007, P.55).
É esperado de um jornalista não só o desempenho na fala, mas também
que governe a classe diante as câmeras. A boa apresentação e postura é
fundamental na profissão, e no caso do telejornalista é de extrema importância
que o mesmo cultive uma boa dicção, um ótimo domínio sob a língua
portuguesa e uma boa aparência estética. Desse modo, a roupa, o corte de
cabelo, a maquiagem são peças fundamentais, e que nem sempre são
escolhidas pelo âncora, mas sim pela emissora que entende e dirige o jornal de
acordo com a preferência do público. Nos grandes jornais, como os exibidos
na Rede Globo, há uma grande equipe que assessora a central de
telejornalismo.

Quando a bancada conta com a participação de mais de um âncora ou


recebe comentaristas, é indispensável a interação entre os personagens
envolvidos em cena. A comunicação simples e objetiva entre os meios permite
ao público o entendimento simplista e sem ruídos na transmissão e
recebimento das suas falas, gerando assim, um acabamento natural e dialético
durante o telejornal. A relação âncora e receptor depende inteiramente da
confiança instaurada em quem narra os acontecimentos, partindo de quem
consome. “Mais do que uma alteração narrativa, trata-se, sobretudo, de uma
mudança relacionada ao princípio da autoridade profissional” (BARBOSA E
RIBEIRO 2005, P. 205).

31
4. A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NEGRA NO TELEJORNALISMO
BRASILEIRO

A TV brasileira existe desde a década de 50, mas mesmo com a


revolução digital, mantêm até os dias atuais um parâmetro racista nas suas
implicações sociais. É possível ver que a mulher negra ainda serve para
fomentar o estereótipo tradicional de sexualização e marginalização desses
corpos imposto desde a época colonial, onde as mesmas só serviam para
trabalhos domésticos e sexuais. Na tevê brasileira, em especial nas
dramaturgias, é possível ver de forma clara esse desequilíbrio quando
mulheres negras não ocupam os mesmos espaços de protagonismo que
mulheres brancas estão habituadas a ocupar. Em geral é dado sempre o papel
de empregada doméstica, de mulher barraqueira, de amante destruidora
casamentos e lares. Não é raro perceber “a presença minoritária de mulheres
negras nas mídias, bem como a fixação dessa presença em categorias
específicas (a mulata, a empregada doméstica)”. (CARNEIRO, 2003 p. 49)
O problema racial começa quando a mulher preta não tem acesso às
mesmas oportunidades sociais que uma branca normalmente possuem. A
privatização aos direitos básicos rege e consolida toda trajetória de vida de
uma pessoa,quando excluída do meio social, de forma velada, é negado a
oportunidade de ascensão do conhecimento, da autonomia sobre quem serão
e sobre o que seus corpos representam. Por esta razão, é importante provocar
a discussão sobre os espaços que as mulheres negras ocupam dentro do
mercado midiático e porque essas instancias ainda marginalizam e reproduzem
a violência, o racismo e as exclusões sobre os corpos negros femininos.
Contribuindo de forma direta e indireta para construção ainda mais
solida de um padrão socioracial de beleza eugenista, criado em 1883 por
Francis Galton, que buscava respaldo na genética para excluir negros da
nação futura, colocando o branco como ser superior, inteligente e belo.
Neste mundo, as mulheres afrodescendentes constituem o
grupo mais marginalizado e explorado. Como no período da
escravidão, elas ainda têm que enfrentar as consequências de
sua desumanização racial, discriminação social, exploração

32
sexual e inferiorização por causa de questões de gênero
(BOAKARI, 2010, P. 1).

A identidade humana pode ser definida como uma esfera de afirmações


e referencias que fazem parte do sujeito, entregando-o a uma continuidade
social histórica junto a outros sujeitos.

Não é um objeto fechado, mas é, sim, construída


continuamente por efeito de diálogo contínuo com a sociedade
ou com o mundo externo, tendo em vista que é algo implícito
em qualquer representação feita pelo próprio indivíduo de si
mesmo (BARBOSA; SILVA, 2010, p. 139).

Essa afirmação é acentuada quando analisa que a construção da


identidade se dá pela relação e ligação com diferentes meios institucionais.
Essa edificação pode ser desempenhada tanto pelas instituições oficiais, como
escola, religião, família e Estado, ou pelos meios de representação externa,
como os meios midiáticos de comunicação.
Desse modo, para formar sua própria identidade é necessário que o
individuou se reconheça através do outro, de modo que esse outro sujeito
apresente similaridade ao conglomerado de suas individualidades étnico-
culturais. A instauração a coletivos socias, é determinante para o
reconhecimento e aceitação da identidade do ser. Integrados ao meio social,
somos moldados de acordo com a constituinte ambiental gerida naquele meio
ou local. É o que Sodré definiu como “um sistema interpretativo cujos objetos,
compartilhados por um grupo social, podem ser crenças, valores, padrões
cognitivos e linguísticos, etc . (SODRÉ, 1999, p. 40).
A composição midiática que rege e centraliza a informação, como a
mídia telejornalística, instabiliza a movimentação da identidade da população
negra, em especial as mulheres. Quando feita uma comparação desse
processo de inclusão e representação, a estimativa é ainda mais rígida e
violenta se colocarmos as mulheres negras dentro desses parâmetros. Para
além do machismo instituído pelo patriarcado desde os primórdios, essas
mulheres tão são vítimas da opressão de gênero acompanhada do racismo,
que por sua vez gera um grande desnivelamento econômico, social e político.

33
Em todas essas vertentes, a figura feminina negra é e faz parte de uma
divisória social encaixando-se na minoria.
A luta das mulheres pela inserção de uma representação
feminina isenta de estereótipos, pela adoção de uma
linguagem de gênero não discriminatória e pelo
reconhecimento da participação das mulheres em vários
setores da sociedade não alcançará a sua plenitude sem o
combate às práticas e mecanismos de exclusão racistas e
etnocêntricas presentes na mídia em relação às mulheres
negras e indígenas, sobretudo (BASTHI, 2011, p.18).

A autora ainda completa que:


No caso das mulheres negras, a dupla discriminação (racismo
e sexismo) faz com que o grupo ocupe os piores postos e
ganhe os menores salários – independentemente do grau de
escolaridade. Estudos já comprovaram que o salário médio de
uma trabalhadora negra é a metade do da trabalhadora branca.
Pesquisas também apontam que a trabalhadora negra se
insere mais cedo no mercado de trabalho e é a última a sair,
sempre ocupando cargos de nível hierárquico inferior, com
salários menores e, em muitos casos, no setor informal da
economia e sem acesso aos devidos direitos. (BASTHI, 2011,
p.22).

O meio de trabalho jornalístico, principalmente os telejornais,


apresentam um tratamento de gênero e etnia distorcido das mulheres negras,
sendo elas expostas de forma discriminatória, marginalizada e sexualizada no
seio televisivo. A ausência de mulheres negras nas redações pode vir a ser
considerado um retrato realista das ações discriminatórias contra esses corpos,
uma vez que, essa anulação mostra a forma latente de estereótipos de
mulheres não negras para representar a vontade de “purificar” o centro para
grande massa nacional.
Parece-nos, portanto, que a resistência cultural e política da
população negra brasileira ainda não conseguiu produzir na
televisão, em quantidade significativa, imagens e programas
que revelem os seus valores e experiências do seu próprio
grupo (ARAÚJO, 2004, p. 66).

Antes de fazer uso do termo representatividade, é importante frisar e


acentuar o que esse termo traz. Comparado a palavra representação, o
vocabulário representatividade apresenta outra significância de conceitos. Os
dois termos se diferem pelo fato de cada uma trazer uma pauta especifica a ser
tratada. Etimologicamente, ‘representação’ provém da forma latina

34
‘repraesentare’ – fazer presente ou apresentar de novo. Fazer presente alguém
ou alguma coisa ausente, inclusive uma ideia, por intermédio da presença de
um objeto. Já representatividade remete a ideia de falar em nome do outro, de
traduzir uma realidade utilizando algo ou alguém para reproduzir tal realidade.
A representação insere a tradução que compõe o ambiente social. Já a
representatividade tem em seu conceito a tradução no ato de representar
politicamente os interesses de um determinado grupo. É atribuído ao indivíduo
o papel de desempenhar o espelhamento da aparência, comportamento e
cultura a qual é pertencente. A falta de políticas públicas de inclusão sobre
questões raciais nos meios televisivos tem inviabilizado as mulheres negras,
criando obstáculos diante suas lutas, negligenciando o caminho para se
tornarem sujeitos inclusos politicamente. Ambos os termos serão eficazes na
construção desse trabalho, mas o termo que mais insere e compete ser usado
é representatividade, já que está intimamente ligado ao ato de inserir de
maneira efetiva e política essas mulheres.

Parece-nos, portanto, que a resistência cultural e política da


população negra brasileira ainda não conseguiu produzir na
televisão, em quantidade significativa, imagens e programas
que revelem os seus valores e experiências do seu próprio
grupo (ARAÚJO, 2004, p. 66).

A branquitude elitista é valorizada dia pós dia nos meios de


comunicação que frisam o estereótipo branco europeu excludente da grande
miscigenação étnica brasileira. Em vista disso, o que partilhado com os
telespectadores, e consequentemente reproduzido por eles, é uma esfera de
padrão que não condiz com a realidade sociocultural fundada do país. Os
jornalistas, repórteres e âncoras representam a simbologia do poder e
superioridade do conhecimento ao ocuparem espaços midiáticos de tamanha
importância e magnitude.

Os meios de comunicação de massa têm o poder de difundir


expressões políticas e institucionais sobre as relações inter-
raciais, geralmente partindo de um ponto de vista elitista,
legitimando a desigualdade social pelo racismo. A televisão no
Brasil, apesar de necessitar de concessões do governo,
nasceu da iniciativa privada e se desenvolveu como um bem
patrimonial. Por isso, os formadores da opinião pública são as

35
famílias ricas, predominantemente. Logo, as influências
políticas, econômicas e ideológicas provenientes da televisão
vão sempre favorecer os interesses da elite, que é manter-se
com seus privilégios (COSTA, 2016, p.5).

Se levantada uma pesquisa sobre quantas mulheres negras ocupam


cargos dentro do telejornalismo e quantas mulheres não negras ocupam esses
mesmos cargos, será possível notar a diferença em termos quantitativos a
negação de espaço para essas mulheres. Apenas 23% dos jornalistas são
negros, como mostra um estudo feito pela Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj) em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Se reduzirmos essa
pesquisa apenas a mulheres negras, esse percentual decresce ainda mais.  
A persistência da branquitude como padrão estético
audiovisual, os rebeldes, os filhos rejeitados e excluídos,
parecem estar reservados os papéis de enfrentar, recusar e
ultrapassar a força dos desejos dos próprios pais. Na história
das nossas mídias audiovisuais, o desejo de branqueamento
da nação, ideário que já estava consolidado desde o século
XIX, acabou por tornar se um peso imagético, uma meta racial
que nunca provocou rebeldias (ARAÚJO, 2006, p. 73).

Costa (2016) corrobora com o pensamento de Araújo ao afirmar que:


Em termos qualitativos, no telejornalismo, o negro aparece em
peso como personagem marginal, como o bandido, sempre
exposto e humilhado. Já enquanto protagonistas, fontes oficiais
ou profissionais do campo jornalístico, o percentual é
drasticamente reduzido (COSTA, 2016, p.6).

Em entrevista à revista Com Arte, a jornalista global, Valéria Almeida


afirma a falta da presença e da representatividade da mulher negra no meio
jornalísticos “Muitas vezes a gente olha para a comunicação, para jornalismo e
para televisão, e observa a ausência do negro, e aí parece que é um problema
da televisão,  dos meios de comunicação e eu acho que isso é só um reflexo
de toda a sociedade. A diferença é que na televisão a gente para e ver
televisão, então conseguimos observar a ausência do negro”, declara Valéria.
Para Scott (2013) apud Dias (2014), os apresentadores e repórteres de
televisão constituem a moldura de um telejornal, sendo a boa aparência um
elemento importante.

36
É através da imagem (corpo, rosto, cabelo) que se atinge a
confiança nos telejornais. [...] as comunicadoras de televisão
necessitam ter simetria e um porte físico magro e elegante,
uma vez que esse é o estereótipo que a sociedade caracteriza
como desejável, mesmo que seja notável que, em outra época
da história, no século XIX, as mulheres mais gordas foram o
padrão de beleza (DIAS, 2014, p. 42).

Como posto pela autora, a beleza das repórteres e apresentadoras


(âncoras), é visto como um marco para atrair e cativar o público. Essa relação
pode ser vista como objetificação, uma vez que esses corpos sejam usados
como elo para o acontecimento televisivo. Se a “imagem não for correta”, a
relação fica prejudicada, o corpo se torna uma mercadoria, podendo haver uma
troca caso o estranhamento aconteça. E é exatamente isso que acontece
quando figuras femininas negras ocupam lugares diante as câmeras. O público,
que por sua vez é branco, elitista e eugenista, estranha a figura que foge
completamente do seu padrão individual de formação da sociedade.

Dado o exposto, percebe-se que esses padrões exigidos fazem


parte de uma seleção e, somente, os corpos aptos serão
escolhidos. Sendo assim, os selecionados servirão como
exemplo a ser seguido pelo público. Essas características
físicas exigidas, mesmo que passem despercebidas pelo
espectador, mas que de forma inconsciente possam causar
associações são denominadas estereótipos (DIAS, 2014, p.43).

No telejornalismo brasileiro, a representação feminina negra mais


conhecida é Glória Maria, jornalista da Rede Globo. Glória já passou por vários
programas, tais como: Fantástico, Jornal Hoje, Jornal Nacional, e atualmente,
Globo Repórter. Ela faz parte do quadro de funcionários da Globo desde 1970,
mas mesmo com a inserção no meio midiático, Glória não atingiu sua ascensão
como mulher negra dentro do telejornal brasileiro, uma vez que, a mesma
começou a possuir espaço de protagonismo ainda esse ano e vem modificando
durante anos sua negritude.
Hoje, podemos analisar uma maior inserção das mulheres negras no
telejornalismo brasileiro, como é o caso de Maria Júlia Coutinho, no Jornal
Nacional. Maju, como é conhecida, ocupa uma posição inédita para uma
mulher negra no jornalismo. Em 2013, começou a apresentar a previsão do
tempo, cobrindo licença da jornalista Eliana Marques, no Bom Dia São Paulo,

37
Bom dia Brasil e Globo Rural. O engajamento e aceitação do telespectador foi
tão grande, que passou a ser titular no cargo. Em abril de 2015, com as
mudanças feitas no JN, foi deslocada para apresentar de forma fixa o bloco da
previsão do tempo. Outros nomes que merecem destaque são Zileide Silva, da
Rede Globo, e Joyce Ribeiro, do SBT.

4.1 Visibilidade e invisibilidade

A pesquisa justifica-se em face da importância da discussão em


detrimento da mulher negra. Nesse contexto abre-se uma grande pauta de
conceitos e didáticas para direcionar essa discussão, e uma dessas é a solidão
da mulher negra. Essa solidão não existe apenas nos relacionamentos afetivos.
A invisibilidade começa na infância e se prolonga até a fase adulta onde
as mulheres negras são inferiorizadas nos relacionamentos interraciais, nas
entrevistas de emprego quando as chances são maiores para pessoas brancas
padronizadas, quando são marginalizadas nas filas de hospitais por serem
fortes o suficiente para aguentarem mais dor que uma mulher branca ou
quando tem que criar seus filhos sozinhas.
Um grande número de jovens negros (as) não se identifica com
seus pais e avós. Para tais jovens, “preservar a raça” não vale
a pena, “porque a raça não vale nada”. Os jovens acusam as
jovens de não gostarem de negros, porque desejam “limpar a
raça”. No entanto, as jovens, quanto inquiridas, dizem que os
rapazes negros é que gostam de “brancas”, querendo,portanto,
“limpar o sangue” (BARBOSA, 2002, p.63).

Ser uma mulher negra num país racista é ter que trabalhar de forma
dura para reconstruir todos os dias a autoestima pela falta de
representatividade nos meios de comunicação. Os desafios a serem
enfrentados vai além do racismo “tradicional”, ele chega nos meios midiáticos
através do racismo institucional velado. Mulheres negras enfrentam duas lutas,
a de gênero e a de raça, inferiorizando ainda mais sua trajetória profissional,
fazendo com que seus salários sejam inferiores ao de homens e mulheres
brancas.
Quando trazemos esse debate para dentro dos meios de comunicação,
podemos observar a desigualdade salarial e proporcional de ocupação desses

38
espaços. Apenas vinte e três porcento dos jornalistas são negros, isso por que
não há um recorte de quantas mulheres negras são jornalistas, diminuindo
ainda mais esse quantitativo. Mas não é necessário criar gráficos para
entender a proporção de ocupação desses espaços, bastando apenas assistir
o noticiário onde em sua grande maioria é apresentado por homens brancos e
mulheres brancas, loiras e de olhos claros. O corpo preto feminino só é visto no
noticiário quando a polícia faz uma ação policial nos morros, quando comete
crimes ou quando entra para estatística como vítima do feminicídio, invalidando
a existência e a humanidade dessas mulheres.
Longe dos conceitos estereotipados, são raras as figuras negras
existentes na mídia. Se não estiverem situação de marginalização e
sexualização, a preta não tem voz ativa para dar depoimentos porque a
principal escolha da mídia e da massa continua sendo por pessoas de pele
clara. É como afirma Sodré, “numa sociedade esteticamente regida por um
paradigma branco [...] a clareza ou a brancura da pele [...] persiste como marca
simbólica de uma superioridade imaginária [...]” (SODRÉ apud COSTA: 2012;
56).
Ainda seguindo os pensamentos de Sodré, podemos afirmar que
enquanto apele branca servir de referência de beleza e “pureza”, o racismo na
sua conversão midiática jamais deixará de existir, impossibilitando que essas
mulheres ocupem espaços diante das câmeras. Não podemos negar uma
pequena mudança na mídia, mas diante de todo o contexto só podemos
exemplificar de forma rara algumas figuras jornalistas que fugiram dessa
estatística. Como afirma Rosane Borges:
... a despeito de alguma mudança a respeito da imagem do
negro,existe uma matriz que se replica, um padrão que define o
lugar do negro no sistema de representação. Partimos do
entendimento deque os estigmas se repetem, não em termos
de conteúdo, mas, de articulação. Embora não sejam
invariáveis (enquanto formas constituídas na sociedade), os
estigmas são invariantes (enquanto estruturas constituintes da
sociedade). (BORGES,2012, p. 188).

E mais adiante:

Os estereótipos em torno do negro e da mulher negra não


seguemuma trajetória linear (do negativo para o positivo, como

39
algumasanálises insistem em sublinhar), mas, se movimentam
sobre umaestrutura cíclica, em que os discursos fundadores do
Outro aindasão o grande manancial para tipificação dos
personagens negrose dos assuntos relacionados à África e ao
Brasil negro. (BORGES,2012, p. 198).

Com a elaboração e fundamentação da pesquisa em torno da


visibilidade damulher preta na mídia televisiva, será possível identificar as
falhas sociaispropagadas pelos meios jornalísticos de televisão, possibilitando
traçar rumospara reverter os impactos estereotipados causados nos corpos
negros.

4.2 Análise do papel da mulher negra como âncora em telejornais


brasileiros

Afim de provar de forma quantitativa o desequilíbrio da


representatividade nos telejornais brasileiros, escolhemos analisar os jornais
Bom Dia Brasil, Jornal Hoje e o Jornal Nacional, ambos da emissora Rede
Globo de Televisão. Para fomentar ainda mais a pesquisa, escolhemos analisar
outras emissoras, tais quais: SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Rede
Bandeirante.
A pesquisa, tem como objetivo fundamental descobrir respostas para
problemas, utilizando procedimentos científicos. Neste trabalho, busca-se
responder qual o número de jornalistas negros, comparado ao número de
jornalistas não negros, em especial as mulheres negras, presentes nos
telejornais de âmbito nacional a fim de observar se o quadro de profissionais
repórteres e âncoras condizem com a realidade brasileira. As informações
foram obtidas através de uma coleta de dados contínua, metodologia aplicada
quando os eventos são registados à medida que acontecem, durante um
determinado período de tempo, por meio de observação, assistindo aos
telejornais.
O mês escolhido para verificar a representatividade da mulher negra nos
meios telejornalístico, foi novembro. Por ter uma significação simbólica, o mês
é conhecido por comemorar a data da Consciência Negra, no dia 20 de
novembro em território nacional. O decreto que sancionou a Lei nº 12.519 de

40
Zumbi, ou Lei da Consciência Negra, foi instituído dia 10 de novembro de 2011,
oficializando dia 20 do mesmo mês como o dia oficial da valorização da luta
dos negros na sociedade brasileira. A comemoração desse dia remonta
simbolicamente à data do falecimento do líder quilombola Zumbi dos Palmares,
que morreu lutando pela liberdade de sua gente em 1695.
Visando entender essa funcionalidade e como se dão os discursos de
visibilidade e representatividade dessas mulheres, analisamos a priori os
jornais da Rede Globo num período de dez dias. É importante se ater que,
todos os telejornais foram analisados no mesmo período de tempo, que vai do
dia 02/11/2020 ao dia 13/11/2020. Buscamos através dessa pesquisa analisar
quantas mulheres negras e não negras aparecem na linha de frente nos papeis
de âncora e repórter. Para dar uma estabilidade ainda maior na elaboração da
pesquisa, analisamos também quantos homens negro e não negro se
encaixam nesse mesmo parâmetro da análise.

4.2.1 GLOBO
BOM DIA BRASIL
Estreado em 3 de janeiro de 1983, tendo Carlos Monforte como âncora e
transmitido direto de Brasília o telejornal Bom Dia Brasil foi estreado. A
princípio, o formato era voltado ao noticiário político e econômico e não dava
vez para outros assuntos e raramente trazia em sua composição notícias de
outros estados. Esse formato do Bom Dia foi levado até 29 de março de 1996.
Ainda no mesmo ano, em 1 de abril de 1996, com as mudanças ocorridas
no telejornalismo da Rede Globo, o telejornal foi completamente reformulado. A
apresentação eradeRenato Machado e Leilane Neubarth no Rio de
Janeiro, Chico Pinheiro em São Paulo e Carlos Monforte em Brasília. Desde
então, vários apresentadores passaram pela ancoragem do programa. Em 21
de janeiro de 2019, o jornal passou a ser exibido às 8h da manhã, com uma
hora de duração, dando um acréscimo de trinta minutos no Bom Dia Praça.No
dia 5 de agosto de 2019, o Bom Dia Brasil inaugurou uma nova fase, com novo
formato e cenário, novas vinhetas, trilhas sonoras, nova identidade visual e
novos grafismos.A seguir, veremos:
Quadro 1

41
BOM DIA BRASIL (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE DA
MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP

NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 1 0 0 0 8 0 6 0
03/11 1 0 0 0 10 0 4 0
04/11 1 0 0 0 5 0 8 0
05/11 1 0 0 0 7 1 7 0
06/11 1 0 0 0 5 0 7 0
09/11 1 0 0 0 5 0 11 0
10/11 1 0 0 0 7 2 6 0
11/11 1 0 0 0 6 2 4 1
12/11 1 0 0 0 11 1 4 0
13/11 1 0 0 0 6 0 8 0
TOTAL DE 10 0 0 0 70 6 65 1
APARIÇÕES
:

Gráfico 1

Aparições

Reporte
Negros; Âncoras
7; 3% Não
Negros/
Negras;
70; 33%

Reporte
Não
Negros;
135;
64%

JORNAL HOJE

42
Também conhecido pela sigla JH. O Jornal Hoje é
um telejornal brasileiro, produzido e apresentado pela Rede Globo, que vai ao
ar no início das tardes de segunda-feira a sábado após a exibição do  Globo
Esporte, com a durabilidade de mais de 60 minutos. O telejornal foi estreado
em 21 de abril de 1971 sob o comando de Léo Batista e Luís Jatobá.
Atualmente, o telejornal é ancorado pela jornalista Maria Júlia Coutinho,
que assumiu o programa ainda em 2019. Três apresentadores eventuais
apresentam o telejornal aos sábados ou nas folgas da âncora. São eles: Zileide
Silva, Fábio William e Marcelo Cosme. A seguir acompanharemos um
levantamento quantitativo das aparições e representatividade da mulher negra
no jornal:
Quadro 2
JORNAL HOJE (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE DA
MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP

NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 0 0 1 0 13 0 9
03/11 0 1 0 0 13 0 7
04/11 0 1 0 0 12 0 8
05/11 0 1 0 0 12 0 10
06/11 0 1 0 0 11 0 8 1
09/11 0 1 0 0 8 0 10
10/11 0 1 0 0 8 0 11
11/11 0 1 0 0 13 0 6
12/11 0 1 0 0 10 0 10
13/11 0 1 0 0 13 0 7
TOTAL DE 0 9 1 0 113 0 86 1
APARIÇÕES
:

Gráfico 2

43
APARIÇÕES

0%9
0%
4%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as

199
95%

JORNAL NACIONAL
Criado em 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional foi o primeiro
telejornal do país a ser transmitido em rede nacional. Ao longo dos anos,
ganhou recursos gráficos, interatividade e passou a ser apresentado ao vivo,
direto de São Paulo. Em 1991, a previsão do tempo se tornou um quadro fixo
no JN.
O telejornal tem em média 45 minutos de durabilidade e faz cobertura
completa das principais notícias no Brasil e no mundo, além de ser exibido em
horário nobre.
Ao longo dos anos, o jornal tem ganhado o público ao pautar veracidade,
credibilidade e ética na sua trajetória. Apresentado pelos jornalistas William
Bonner e Renata Vasconcellos, o Jornal Nacional é líder em audiência.

Quadro 3
44
JORNAL NACIONAL (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE
DA MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP

NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 1 0 1 0 6 0 10 0
03/11 1 0 1 0 7 0 7 0
04/11 1 0 1 0 4 0 9 0
05/11 1 0 1 0 6 0 11 0
06/11 1 0 1 0 4 1 10 0
09/11 1 0 1 0 6 0 10 0
10/11 1 0 1 0 7 0 10 0
11/11 1 0 1 0 1 0 8 0
12/11 1 0 1 0 6 0 9 0
13/11 1 0 1 0 5 0 4 0
TOTAL DE 10 0 10 0 52 1 88 0
APARIÇÕES
:

Gráfico 3

APARIÇÕES

1% 12%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as

140
86%

45
3.2.2 BAND
JORNAL DA BAND
Estreado em 12 de outubro de 1977 sob o comando de Salomão Esper,
com o título de Jornal Bandeirantes, usado até 1997, Jornal da Band é
um telejornal brasileiro produzido e apresentado pela Rede Bandeirantes.
Durante a década de 1970, sofreu grande represália com a censura do regime
militar.
Em meados da década de 1980, o jornal ganhou alcance nacional. Entre
os âncoras do noticiário, estiveram nomes como Marília Gabriela, Ronaldo
Rosas, Geraldo Ribeiro, Belisa Ribeiro e mais. Ferreira Martins e Marília
Gabriela apresentaram o Jornal Bandeirantes juntos de 1988 até 1991, quando
foram substituídos por Chico Pinheiro, que permaneceu até 1995, migrando
para a Rede Record logo após. Em seu lugar, entrou Carla Vilhena, titular do
JB entre 1995 e 1997. No dia 15 de fevereiro de 1997, o Jornal
Bandeirantes foi ao ar pela última vez com este nome, passando a ser
conhecido como Jornal da Band.

Quadro 4

JORNAL DA BAND (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE


DA MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP
NÚMERO DE APARIÇÕES

02/11 1 0 1 0 5 0 10 0
03/11 1 0 1 0 7 0 12 0
04/11 1 0 1 0 7 0 10 0
05/11 1 0 1 0 6 1 11 0
06/11 1 0 1 0 6 0 11 0
09/11 1 0 1 0 7 0 11 0
10/11 1 0 1 0 9 0 11 0
11/11 1 0 1 0 5 0 12 0
12/11 1 0 1 0 9 0 10 0
13/11 1 0 1 0 7 0 10 0
TOTAL DE 10 0 10 0 68 1 108 0
APARIÇÕES
:

46
Gráfico 4

APARIÇÕES

1% 10%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as

176
89%

3.2.3 SBT

JORNAL PRIMEIRO IMPACTO


Primeiro Impacto é um telejornal produzido e exibido pelo SBT (Sistema
Brasileiro de Televisão), sendo originalmente baseado no formato do
telejornal norte-americano Primer impacto, exibido pela Univision, que
transmite a sua programação em espanhol e possui a sua audiência voltada
para o público hispano-americano.

Nos primeiros meses de exibição, o Primeiro Impacto era ancorado


pelas jornalistas Karyn Bravo e Joyce Ribeiro. Posteriormente, o telejornal
passou a ser comandado por Dudu Camargo. A entrada de Camargo como
âncora do noticiário acabou tendo grande repercussão, devido a sua pouca
idade e falta de formação em jornalística. Pouco tempo depois, as jornalistas
Karyn Bravo e Joyce Ribeiro acabaram voltando ao comando do telejornal, ao
lado de Dudu Camargo.

47
No dia 1 de fevereiro de 2017, com a ancoragem feita por Dudu
Camargo que, desde 20 de fevereiro, divide a apresentação do noticiário com o
apresentador Marcão do Povo. Durante alguns dias, o Primeiro Impacto passou
a ser exibido de 12h às 15h. Após esta alteração, apenas Marcão do Povo foi
mantido na apresentação do telejornal, até o retorno do programa pela
manhã.Com em média 5 horas de duração, atualmente, o telejornal é vice-líder
de audiência nas manhãs, alcançando picos de liderança.

Quadro 5

JORNAL PRIMEIRO IMPACTO (ANALISE DE IMAGEM E


REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP

NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 0 0 2 0 4 0 5 0
03/11 0 0 2 0 7 0 6 1
04/11 0 0 2 0 8 1 7 0
05/11 0 0 2 0 4 0 9 0
06/11 0 0 2 0 6 1 10 1
09/11 0 0 2 0 6 1 5 0
10/11 0 0 2 0 7 1 9 1
11/11 0 0 2 0 8 0 6 0
12/11 0 0 2 0 6 0 5 0
13/11 0 0 2 0 7 1 7 0
TOTAL DE 0 0 20 0 63 4 69 3
APARIÇÕES
:

Gráfico 5

48
APARIÇÕES

5% 13%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as

131
82%

SBT BRASIL
O SBT Brasil estreou em 2005 dirigido pela jornalista Ana Paula Padrão.
Com uma grande estrutura montada, cenário moderno e correspondentes
internacionais, a estreia foi um dos assuntos mais comentados da época,
marcando a vice-liderança em audiência com 100 pontos de média e 12 de
pico.
Em 1 de dezembro de 2006, Ana Paula deixa de ser âncora e é a vez
de Carlos Nascimento assumir oSBT Brasil. Ao completar quatro anos na
mídia, o jornal recebeu, em agosto de 2009, Karyn Bravo como apresentadora.
Karyn, que havia sido apresentadora do quadro da previsão do tempo durante
cerca de um ano, voltou à mesma atividade em 2011, ao mesmo tempo em
que Carlos Nascimento deixou o telejornal para apresentar o Jornal do
SBT. Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade os substituíram, tornando-os os
novos âncoras do jornal.

Quadro 6

JORNAL SBT BRASIL(ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE


DA MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP
N

49
02/11 1 0 1 0 12 0 3 0
03/11 1 0 1 0 10 1 4 0
04/11 1 0 1 0 12 1 3 0
05/11 1 0 1 0 11 1 4 0
06/11 1 0 1 0 11 1 4 0
09/11 1 0 1 0 10 0 5 0
10/11 1 0 1 0 9 1 5 0
11/11 1 0 1 0 11 1 4 0

ÚMERO DE APARIÇÕES
12/11 1 0 1 0 8 1 5 0
13/11 1 0 1 0 9 1 4 0

TOTAL DE 10 0 10 0 103 8 41 0
APARIÇÕES
:

50
Gráfico 6

APARIÇÕES

5% 12%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as

144
84%

Gráfico 7

51
APARIÇÕES GERAIS DE TODAS AS EMISSORAS
NACIONAIS

3% 9% 9 Âncoras não negros/as


1% Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as

863
87%

52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados apresentados acima, é possível afirmar através


de um recorte estatístico a tese levantada desde o principio da pesquisa. Se
comparados os números de aparições nos telejornais analisados: Bom Dia
Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Band, Jornal Primeiro Impacto e
o SBT Brasil, é notório o déficit da presença e da representatividade do povo
negro no meio midiático, em especial, as mulheres negras no telejornalismo.
A falta da imagem atrelada as características e própria personificação da
mulher negra no meio televisivo, se torna ainda mais evidente quando
comparado aos parâmetros impostos pelas redes televisivas ao eleger a
imagem de não negros para evidenciar e representar a população brasileira,
população essa que tem em sua construção histórica-social as marcas
evidentes do racismo.
Contudo, considerando os dados, é possível ver que a invisibilidade da
mulher negra continua latente no meio jornalístico. Os indicadores continuam a
revelar a existência da desigualdade racial. Como indica os gráficos acima, o
total da taxa da não representatividade da figura negra em comparação as
brancas apontam uma diferença de quase 90% do valor total.
Diante esses fatores, percebe-se que os indicadores da visibilidade da
mulher negra apresentam desvantagens, cuja realidade se dá pelo reflexo do
sistema racista escravocrata do país. Mesmo após a “abolição” e “libertação”
desse sistema, a população negra ainda não tem as mesmas facilidades de
alcançar boas condições de vida e trabalho. Seus corpos ainda continuam
sendo vistos através da marginalização e objetificação sexual.

As imagens mais positivas das pessoas negras são aquelas


que representam os papéis sociais atribuídos pelo sistema:
cantor e/ou compositor popular, jogador de futebol e ‘mulata’.
Em todas estas imagens há um elemento em comum: a pessoa
negra é um objeto de divertimento. (GONZALEZ, 1979, p. 4).

Sua reprodução social ainda é refletida pela negação da inserção na


mídia como ser independente e pensante. O sistema continua preconizando a
existência dessas mulheres, não por falta de desempenho individual como rege

53
a “meritocracia”, mas por seu trajeto sexista e racista construído ao longo dos
anos.

O Brasil atual prossegue com as ideais e práticas racistas,


apropriadas e funcionais à reprodução do sistema capitalista,
com seus traços gritantes de desigualdade de classes, que
afetam majoritária e profundamente homens negros e mulheres
negras. Para muitos/as, o racismo aqui é leve, pois não vigorou
o apartheid. (MADEIRA E MEDEIROS, 2018, p. 216)

A identificação e a edificação dessa mesma identidade se dão através


do processo de reflexo e da fora como os indivíduos enxergam a si mesmos.
As pessoas constroem suas identidades de acordo com o vislumbre dos
reflexos do que vêem. Além do mais, faz parte da natureza do ser humano
construir sua personalidade a partir de exemplos que são expostos. Desse
modo, em um país onde as imagens são determinantes brancas e formam o
reflexo moderno da televisão, como as mulheres negras podem se reconhecer
através dessa ótica classista branca, se não há uma visão própria nesse
reflexo midiático? Não há referencias solidas de motivação, visibilidade,
inspiração e representatividade.

A representação, compreendida como um processo cultural,


estabelece identidades individuais e coletivas e os sistemas
simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis
respostas às questões: Quem eu sou? O que eu poderia ser?
Quem eu quero ser? (WOODWARD, 2000, p. 17)

De acordo com os números da pesquisa, destaca-se um apontamento


inferior entre o quadro de repórteres e âncoras das emissoras já citadas, as
mulheres negras representam apenas 12% dos jornalistas que aparecem em
papel de destaque nos 10 dias de investigação. A esse modo, a pesquisa
sinaliza o mito da democracia étnica no Brasil, uma vez que as condições e a
exposição a vulnerabilidade são diferenciadas daqueles que não são negros,
assim como, mesmo com a existência de profissionais negros, estes não
conquistam espaços de representatividade muito amplos no telejornalismo.
Com a elaboração desse trabalho foi possível destacar dois fatores
importantes, temos delimitadas duas situações:

54
A) A falta de repórteres e âncoras negros nas mídias
televisivas
B) A não representatividade e inclusão das mulheres negras
no telejornalismo brasileiro
A médio-curto prazo, seria necessário a inclusão de jornalistas negras
nas emissoras, não só para cumprir com metas socias, mas para permitir que
essas mulheres possam representar outras mulheres negras, afim de promover
um reflexo de identificação. A aparição nas telas auxiliará na aceitação e
inclusão desses grupos, de modo que essa imagem passe a ser parte da
representação social e do modelo estético referido. Mesmo com as políticas de
enfrentamento ao racismo dentro das emissoras, não podemos esquecer do
papel do Estado como dirigente da sociedade. Se faz necessário uma maior
atenção no que se refere as politicas publicas de promoção a saúde, trabalho e
educação para população negra. Além de barrar que as mulheres negras
sejam protagonizadas diante um parâmetro sexista, machista e racista, tendo
seus corpos preservados diante a sexualização no meio midiático e
marginalizado nos telejornais brasileiros. Assim, o abismo existente entre a
realidade de grupos diferentes começa a diminuir, colocando-nos no caminho
para a igualdade.
O estado precisa promover de maneira efetiva ações que construa e
reforce a importância da representatividade dos corpos negros fora do alcance
de negativação, a construção da autoestima através do reflexo nas telas da TV
e que acolham de forma engajada essas mulheres que se encontram na em
situação de vulnerabilidade, principalmente quando promovida pelo racismo
institucional. A população precisa de ações que demonstre resultados
concretos, reconhecidos por quem mais sofre desse estigma.
Mas, para além do Estado, a sociedade precisa reconhecer a trajetória e
a formação histórica do seu país, deixando de lado o uso de falas
negacionistas que minimizam as dores e as desigualdades promovidas pelo
processo escravocrata do povo negro ao longo dos anos.
Desta forma, espera-se que a presente pesquisa auxilie em futuros
estudos dentro desta temática e que, também, influencie e colabore para a

55
mudança da realidade da população negra, principalmente em relação as
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