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RACISMO INSTITUCIONAL:
A REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NA MÍDIA
TELEVISIVA BRASILEIRA
RECIFE-PE
2020
Abigail Leandra Petty Da Silva
RACISMO INSTITUCIONAL:
A REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NA MÍDIA
TELEVISIVA BRASILEIRA
RECIFE-PE
2020
Racismo institucional:
A representatividade da mulher negra na mídia televisiva brasileira
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Vitor Lopes Resende
Professor do Curso de Comunicação Social
Orientador
________________________________________
Nataly de Queiroz Lima
Professora do Curso de Comunicação Social
Avaliadora
DEDICATÓRIA
Peço obrigada aos meus avôs Olivaldo Petty e Andréa Maria, que foram o
alicerce fundamental para construção de quem sou hoje. Obrigada por me
motivarem e acreditarem na minha capacidade. Jamais esquecerei das
ligações dizendo que eu seria a próxima âncora do jornal favorito de vocês.
Espero que vocês se orgulhem cada vez mais da netinha mais velha. Não
posso esquecer de também agradecer a minha tia Ana Rosa, que me auxiliou
em todo percurso sempre me motivando com suas palavras de orgulho sobre
quem eu me tornei.
Quadro 1......................................................................................................... 47
Quadro 2 ........................................................................................................ 49
Quadro 3 ........................................................................................................ 51
Quadro 4 ........................................................................................................ 52
Quadro 5 ........................................................................................................ 54
Quadro 6......................................................................................................... 55
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1.......................................................................................................... 48
Gráfico2..........................................................................................................50
Gráfico 3..........................................................................................................51
Gráfico 4..........................................................................................................53
Gráfico 5.........................................................................................................55
Gráfico 6.........................................................................................................56
Gráfico 7.........................................................................................................57
SUMARIO
Introdução...................................................................................................... 13
12
pertencimento a meios marginalizados e sexualizados. Não incluir ou designar
espaços à população negra é uma problemática grave, pois tendo a TV como
um ponto de apoio ao crescimento da identidade pessoal, como formadora de
opinião e fonte de compartilhamento das informações, acaba de certo modo
reforçando as relações de exclusão e dominação, onde o grupo oprimido é
apresentada de forma negativa.
13
2 RACISMO E SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS
14
O processo de escravização estava embasado em uma ideologia de
hierarquia das raças, ainda no nível de consciência coletiva, que fez com
africanos fossem submetidos ao trabalho escravocrata. Ainda nesse processo,
existia uma ideia inconsciente de que os nativos das Américas, Oceania e
Leste Asiáticos fossem de certa forma inferiores, fazendo com que os europeus
os enxergassem como animais através de uma objetificação todo aquele que
não fosse de sua cultura. Dando início ao colonialismo,usado para justificar a
dominação de um povo sob o outro. Os europeus utilizavam a visão de que
povo pagão vivia no pecado e só seriam salvos se seguissem a sua religião
para se desenvolver espiritualmente.
15
hierarquização, viriam a cultura e a raça oriental, logo após, os indígenas
americanos e, por último, os negros africanos. A teoria pseudo científica foi
utilizada por décadas, para argumentar o domínio de brancos sobre outros
territórios e populações. Deixando também traços históricos-sociais do racismo
até os dias atuais.
16
Para muitos, a herança escravocrata e colonial, não possui interferência
sobre a sociedade de hoje, mesmo com todas as desigualdades e opressões.
Acreditando que a formação dos discursos de ódio diante não brancos, bem
como a disputa da hierarquização pela cor “pura”, não estivesse correlacionada
ao surgimento e construção social de um povo. Mas o racismo e a formação
histórico brasileira, oriunda do colonialismo, deixaram sequelas de distinção
étnica e fomentou a segregação entre brancos e negros, não podendo ser vista
como algo que não tenha ingerência sobre os valores sociais aqui construídos.
17
O racismo se dá pelo mau funcionamento nas instituições
federativas e por falhas nas constituintes do Estado. No Brasil, o racismo
passou a ser crime em 1989, de acordo com a Lei Federal 7.716, que prevê
uma pena de cinco anos de reclusão e multa, sendo também um crime
imprescritível e inafiançável. Mas como a construção do país se deu sobre um
regime escravocrata, na qual tratava os povos negros como mercadoria,
mesmo após a Lei Áurea de 1888, esses povos continuaram sua luta por
liberdade econômica, social, educacional e política, já que nenhuma
indenização ou políticas públicas foram fomentadas afim de promover uma
reparação histórica.
18
aos mecanismos institucionais, que por sua vez, bloqueiam a ascensão
econômica, educacional e política de determinados grupos étnicos.
19
Por mais que o debate antirracista tenha evoluído, não só com a criação
de políticas públicas e novas leis, mas também com a manutenção do discurso
de conscientização de privilégios brancos que estruturam os parâmetros da
economia, política e educação da sociedade, ainda se faz necessário o
aprofundamento do assunto afim de promover uma democracia étnica.
20
Falas e costumes pejorativos inseridos no cotidiano brasileiro tendem a
reforçar o racismo na sua forma estrutural, visto que, essa ação promove a
exclusão e preconceito racial mesmo que de forma inconsciente. Desse modo,
quando usado expressões racistas, mesmo que sem conhecimento do seu
significado e origem, como a palavra “denegrir”, estamos manifestando
ideologias históricas que trazem como fundamento um teor excludente e
racialista. A estruturação racista também pode ser notada quando “piadas”
associam povos negros a situações vexatórias, humilhantes ou criminosas só
por sua cor de pele.
21
3 TELEJORNALISMO
22
televisivo. Se faz necessário que o profissional se insira ao meio afim de relatar
os fatos conforme encontrado em determinada circunstância.
23
O processo de seleção e transformação de vários pequenos
pedaços de informação na quantidade limitada de mensagens
que chegam às pessoas diariamente. [...] As pessoas confiam
em mediadores para transformar informações sobre bilhões de
eventos em um subgrupo gerenciável de mensagens
midiáticas. (SHOEMAKER E VOS, 2011, p. 11)
No telejornalismo, a função de mediador das informações é chamada de
Gatekeeping, cuja funcionalidade se dar por selecionar a notícia que será
divulgada naquele meio, de acordo com a viabilidade, interesse social e
pessoal, e relevância daquele fato. “Os gatekeepers determinam aquilo que se
torna a realidade social de uma pessoa, sua forma particular de ver o mundo”,
(SHOEMAKER E VOS, 2011, p. 14). De acordo com os autores, o
desempenho do jornalista enquanto gatekeeper não é simples, mas permite a
eles a possibilidade de diferenciar a manutenção social contemporânea, assim
como, consegue de certo modo persuadir sobre a maneira de enxergar a
funcionalidade do mundo.
24
O valor-notícia não é conferido ao fato apenas por sua
relevância ou até mesmo a maneira como ele é transmitido ao
público. É preciso oferecer algum tipo de comentário para a
vida pública, porém não existe um padrão que defina o que é
importante para ela, pois o que é de interesse comum da
sociedade muda de tempos em tempos e de lugar em lugar
(SILVA, DA SILVA E FERNANDES, 2013).
Com tudo, o primeiro jornal a fazer sucesso nas telas brasileiras foi o
Repórter Esso, também da TV Tupi. O telejornal foi exibido entre 1953 e 1970,
com sua inesquecível vinheta de abertura “Aqui fala o seu Repórter Esso,
testemunha ocular da história”, apresentado pelos nomeados locutores de rádio
Kalil Filho e logo depois Gontijo Teodoro.
25
estreou no dia 1 de setembro de 1969, virando referência nacional da imprensa
nacional televisiva.
26
assassinato do diretor de jornalismo, Wladmir Herzog, vítima da intolerância
política militar.
27
Os militares do governo deixaram clara a necessidade de as novas redes
acabarem com o monopólio político exercido até o momento pela Rede Globo.
A Rede Manchete pós seu jornal em horário nobre, seguindo exemplos das
tevês norte-americanas e européias, valendo-se que “a Rede Globo estava
despreocupada em matéria de jornalismo" (Furtado, 1988, p. 66). A audiência
foi tanta, que o jornal atingiu a marca de oito pontos do ibope, competindo com
o público da novela Roque Santeiro.
29
completamente apreendido pelo consumo das notícias que estão sendo
veiculadas.
30
falando diretamente com a pessoa apresentada no monitor
(BRITTOS E RÜHEE, 2007, P.55).
É esperado de um jornalista não só o desempenho na fala, mas também
que governe a classe diante as câmeras. A boa apresentação e postura é
fundamental na profissão, e no caso do telejornalista é de extrema importância
que o mesmo cultive uma boa dicção, um ótimo domínio sob a língua
portuguesa e uma boa aparência estética. Desse modo, a roupa, o corte de
cabelo, a maquiagem são peças fundamentais, e que nem sempre são
escolhidas pelo âncora, mas sim pela emissora que entende e dirige o jornal de
acordo com a preferência do público. Nos grandes jornais, como os exibidos
na Rede Globo, há uma grande equipe que assessora a central de
telejornalismo.
31
4. A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NEGRA NO TELEJORNALISMO
BRASILEIRO
32
sexual e inferiorização por causa de questões de gênero
(BOAKARI, 2010, P. 1).
33
Em todas essas vertentes, a figura feminina negra é e faz parte de uma
divisória social encaixando-se na minoria.
A luta das mulheres pela inserção de uma representação
feminina isenta de estereótipos, pela adoção de uma
linguagem de gênero não discriminatória e pelo
reconhecimento da participação das mulheres em vários
setores da sociedade não alcançará a sua plenitude sem o
combate às práticas e mecanismos de exclusão racistas e
etnocêntricas presentes na mídia em relação às mulheres
negras e indígenas, sobretudo (BASTHI, 2011, p.18).
34
‘repraesentare’ – fazer presente ou apresentar de novo. Fazer presente alguém
ou alguma coisa ausente, inclusive uma ideia, por intermédio da presença de
um objeto. Já representatividade remete a ideia de falar em nome do outro, de
traduzir uma realidade utilizando algo ou alguém para reproduzir tal realidade.
A representação insere a tradução que compõe o ambiente social. Já a
representatividade tem em seu conceito a tradução no ato de representar
politicamente os interesses de um determinado grupo. É atribuído ao indivíduo
o papel de desempenhar o espelhamento da aparência, comportamento e
cultura a qual é pertencente. A falta de políticas públicas de inclusão sobre
questões raciais nos meios televisivos tem inviabilizado as mulheres negras,
criando obstáculos diante suas lutas, negligenciando o caminho para se
tornarem sujeitos inclusos politicamente. Ambos os termos serão eficazes na
construção desse trabalho, mas o termo que mais insere e compete ser usado
é representatividade, já que está intimamente ligado ao ato de inserir de
maneira efetiva e política essas mulheres.
35
famílias ricas, predominantemente. Logo, as influências
políticas, econômicas e ideológicas provenientes da televisão
vão sempre favorecer os interesses da elite, que é manter-se
com seus privilégios (COSTA, 2016, p.5).
36
É através da imagem (corpo, rosto, cabelo) que se atinge a
confiança nos telejornais. [...] as comunicadoras de televisão
necessitam ter simetria e um porte físico magro e elegante,
uma vez que esse é o estereótipo que a sociedade caracteriza
como desejável, mesmo que seja notável que, em outra época
da história, no século XIX, as mulheres mais gordas foram o
padrão de beleza (DIAS, 2014, p. 42).
37
Bom dia Brasil e Globo Rural. O engajamento e aceitação do telespectador foi
tão grande, que passou a ser titular no cargo. Em abril de 2015, com as
mudanças feitas no JN, foi deslocada para apresentar de forma fixa o bloco da
previsão do tempo. Outros nomes que merecem destaque são Zileide Silva, da
Rede Globo, e Joyce Ribeiro, do SBT.
Ser uma mulher negra num país racista é ter que trabalhar de forma
dura para reconstruir todos os dias a autoestima pela falta de
representatividade nos meios de comunicação. Os desafios a serem
enfrentados vai além do racismo “tradicional”, ele chega nos meios midiáticos
através do racismo institucional velado. Mulheres negras enfrentam duas lutas,
a de gênero e a de raça, inferiorizando ainda mais sua trajetória profissional,
fazendo com que seus salários sejam inferiores ao de homens e mulheres
brancas.
Quando trazemos esse debate para dentro dos meios de comunicação,
podemos observar a desigualdade salarial e proporcional de ocupação desses
38
espaços. Apenas vinte e três porcento dos jornalistas são negros, isso por que
não há um recorte de quantas mulheres negras são jornalistas, diminuindo
ainda mais esse quantitativo. Mas não é necessário criar gráficos para
entender a proporção de ocupação desses espaços, bastando apenas assistir
o noticiário onde em sua grande maioria é apresentado por homens brancos e
mulheres brancas, loiras e de olhos claros. O corpo preto feminino só é visto no
noticiário quando a polícia faz uma ação policial nos morros, quando comete
crimes ou quando entra para estatística como vítima do feminicídio, invalidando
a existência e a humanidade dessas mulheres.
Longe dos conceitos estereotipados, são raras as figuras negras
existentes na mídia. Se não estiverem situação de marginalização e
sexualização, a preta não tem voz ativa para dar depoimentos porque a
principal escolha da mídia e da massa continua sendo por pessoas de pele
clara. É como afirma Sodré, “numa sociedade esteticamente regida por um
paradigma branco [...] a clareza ou a brancura da pele [...] persiste como marca
simbólica de uma superioridade imaginária [...]” (SODRÉ apud COSTA: 2012;
56).
Ainda seguindo os pensamentos de Sodré, podemos afirmar que
enquanto apele branca servir de referência de beleza e “pureza”, o racismo na
sua conversão midiática jamais deixará de existir, impossibilitando que essas
mulheres ocupem espaços diante das câmeras. Não podemos negar uma
pequena mudança na mídia, mas diante de todo o contexto só podemos
exemplificar de forma rara algumas figuras jornalistas que fugiram dessa
estatística. Como afirma Rosane Borges:
... a despeito de alguma mudança a respeito da imagem do
negro,existe uma matriz que se replica, um padrão que define o
lugar do negro no sistema de representação. Partimos do
entendimento deque os estigmas se repetem, não em termos
de conteúdo, mas, de articulação. Embora não sejam
invariáveis (enquanto formas constituídas na sociedade), os
estigmas são invariantes (enquanto estruturas constituintes da
sociedade). (BORGES,2012, p. 188).
E mais adiante:
39
algumasanálises insistem em sublinhar), mas, se movimentam
sobre umaestrutura cíclica, em que os discursos fundadores do
Outro aindasão o grande manancial para tipificação dos
personagens negrose dos assuntos relacionados à África e ao
Brasil negro. (BORGES,2012, p. 198).
40
Zumbi, ou Lei da Consciência Negra, foi instituído dia 10 de novembro de 2011,
oficializando dia 20 do mesmo mês como o dia oficial da valorização da luta
dos negros na sociedade brasileira. A comemoração desse dia remonta
simbolicamente à data do falecimento do líder quilombola Zumbi dos Palmares,
que morreu lutando pela liberdade de sua gente em 1695.
Visando entender essa funcionalidade e como se dão os discursos de
visibilidade e representatividade dessas mulheres, analisamos a priori os
jornais da Rede Globo num período de dez dias. É importante se ater que,
todos os telejornais foram analisados no mesmo período de tempo, que vai do
dia 02/11/2020 ao dia 13/11/2020. Buscamos através dessa pesquisa analisar
quantas mulheres negras e não negras aparecem na linha de frente nos papeis
de âncora e repórter. Para dar uma estabilidade ainda maior na elaboração da
pesquisa, analisamos também quantos homens negro e não negro se
encaixam nesse mesmo parâmetro da análise.
4.2.1 GLOBO
BOM DIA BRASIL
Estreado em 3 de janeiro de 1983, tendo Carlos Monforte como âncora e
transmitido direto de Brasília o telejornal Bom Dia Brasil foi estreado. A
princípio, o formato era voltado ao noticiário político e econômico e não dava
vez para outros assuntos e raramente trazia em sua composição notícias de
outros estados. Esse formato do Bom Dia foi levado até 29 de março de 1996.
Ainda no mesmo ano, em 1 de abril de 1996, com as mudanças ocorridas
no telejornalismo da Rede Globo, o telejornal foi completamente reformulado. A
apresentação eradeRenato Machado e Leilane Neubarth no Rio de
Janeiro, Chico Pinheiro em São Paulo e Carlos Monforte em Brasília. Desde
então, vários apresentadores passaram pela ancoragem do programa. Em 21
de janeiro de 2019, o jornal passou a ser exibido às 8h da manhã, com uma
hora de duração, dando um acréscimo de trinta minutos no Bom Dia Praça.No
dia 5 de agosto de 2019, o Bom Dia Brasil inaugurou uma nova fase, com novo
formato e cenário, novas vinhetas, trilhas sonoras, nova identidade visual e
novos grafismos.A seguir, veremos:
Quadro 1
41
BOM DIA BRASIL (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE DA
MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP
NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 1 0 0 0 8 0 6 0
03/11 1 0 0 0 10 0 4 0
04/11 1 0 0 0 5 0 8 0
05/11 1 0 0 0 7 1 7 0
06/11 1 0 0 0 5 0 7 0
09/11 1 0 0 0 5 0 11 0
10/11 1 0 0 0 7 2 6 0
11/11 1 0 0 0 6 2 4 1
12/11 1 0 0 0 11 1 4 0
13/11 1 0 0 0 6 0 8 0
TOTAL DE 10 0 0 0 70 6 65 1
APARIÇÕES
:
Gráfico 1
Aparições
Reporte
Negros; Âncoras
7; 3% Não
Negros/
Negras;
70; 33%
Reporte
Não
Negros;
135;
64%
JORNAL HOJE
42
Também conhecido pela sigla JH. O Jornal Hoje é
um telejornal brasileiro, produzido e apresentado pela Rede Globo, que vai ao
ar no início das tardes de segunda-feira a sábado após a exibição do Globo
Esporte, com a durabilidade de mais de 60 minutos. O telejornal foi estreado
em 21 de abril de 1971 sob o comando de Léo Batista e Luís Jatobá.
Atualmente, o telejornal é ancorado pela jornalista Maria Júlia Coutinho,
que assumiu o programa ainda em 2019. Três apresentadores eventuais
apresentam o telejornal aos sábados ou nas folgas da âncora. São eles: Zileide
Silva, Fábio William e Marcelo Cosme. A seguir acompanharemos um
levantamento quantitativo das aparições e representatividade da mulher negra
no jornal:
Quadro 2
JORNAL HOJE (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE DA
MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP
NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 0 0 1 0 13 0 9
03/11 0 1 0 0 13 0 7
04/11 0 1 0 0 12 0 8
05/11 0 1 0 0 12 0 10
06/11 0 1 0 0 11 0 8 1
09/11 0 1 0 0 8 0 10
10/11 0 1 0 0 8 0 11
11/11 0 1 0 0 13 0 6
12/11 0 1 0 0 10 0 10
13/11 0 1 0 0 13 0 7
TOTAL DE 0 9 1 0 113 0 86 1
APARIÇÕES
:
Gráfico 2
43
APARIÇÕES
0%9
0%
4%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as
199
95%
JORNAL NACIONAL
Criado em 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional foi o primeiro
telejornal do país a ser transmitido em rede nacional. Ao longo dos anos,
ganhou recursos gráficos, interatividade e passou a ser apresentado ao vivo,
direto de São Paulo. Em 1991, a previsão do tempo se tornou um quadro fixo
no JN.
O telejornal tem em média 45 minutos de durabilidade e faz cobertura
completa das principais notícias no Brasil e no mundo, além de ser exibido em
horário nobre.
Ao longo dos anos, o jornal tem ganhado o público ao pautar veracidade,
credibilidade e ética na sua trajetória. Apresentado pelos jornalistas William
Bonner e Renata Vasconcellos, o Jornal Nacional é líder em audiência.
Quadro 3
44
JORNAL NACIONAL (ANALISE DE IMAGEM E REPRESENTATIVIDADE
DA MULHER NEGRA DE 02 A 13/11/2020)
DATA ÂNCORA REPORTER
MB MP HB HP MB MP HB HP
NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 1 0 1 0 6 0 10 0
03/11 1 0 1 0 7 0 7 0
04/11 1 0 1 0 4 0 9 0
05/11 1 0 1 0 6 0 11 0
06/11 1 0 1 0 4 1 10 0
09/11 1 0 1 0 6 0 10 0
10/11 1 0 1 0 7 0 10 0
11/11 1 0 1 0 1 0 8 0
12/11 1 0 1 0 6 0 9 0
13/11 1 0 1 0 5 0 4 0
TOTAL DE 10 0 10 0 52 1 88 0
APARIÇÕES
:
Gráfico 3
APARIÇÕES
1% 12%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as
140
86%
45
3.2.2 BAND
JORNAL DA BAND
Estreado em 12 de outubro de 1977 sob o comando de Salomão Esper,
com o título de Jornal Bandeirantes, usado até 1997, Jornal da Band é
um telejornal brasileiro produzido e apresentado pela Rede Bandeirantes.
Durante a década de 1970, sofreu grande represália com a censura do regime
militar.
Em meados da década de 1980, o jornal ganhou alcance nacional. Entre
os âncoras do noticiário, estiveram nomes como Marília Gabriela, Ronaldo
Rosas, Geraldo Ribeiro, Belisa Ribeiro e mais. Ferreira Martins e Marília
Gabriela apresentaram o Jornal Bandeirantes juntos de 1988 até 1991, quando
foram substituídos por Chico Pinheiro, que permaneceu até 1995, migrando
para a Rede Record logo após. Em seu lugar, entrou Carla Vilhena, titular do
JB entre 1995 e 1997. No dia 15 de fevereiro de 1997, o Jornal
Bandeirantes foi ao ar pela última vez com este nome, passando a ser
conhecido como Jornal da Band.
Quadro 4
02/11 1 0 1 0 5 0 10 0
03/11 1 0 1 0 7 0 12 0
04/11 1 0 1 0 7 0 10 0
05/11 1 0 1 0 6 1 11 0
06/11 1 0 1 0 6 0 11 0
09/11 1 0 1 0 7 0 11 0
10/11 1 0 1 0 9 0 11 0
11/11 1 0 1 0 5 0 12 0
12/11 1 0 1 0 9 0 10 0
13/11 1 0 1 0 7 0 10 0
TOTAL DE 10 0 10 0 68 1 108 0
APARIÇÕES
:
46
Gráfico 4
APARIÇÕES
1% 10%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as
176
89%
3.2.3 SBT
47
No dia 1 de fevereiro de 2017, com a ancoragem feita por Dudu
Camargo que, desde 20 de fevereiro, divide a apresentação do noticiário com o
apresentador Marcão do Povo. Durante alguns dias, o Primeiro Impacto passou
a ser exibido de 12h às 15h. Após esta alteração, apenas Marcão do Povo foi
mantido na apresentação do telejornal, até o retorno do programa pela
manhã.Com em média 5 horas de duração, atualmente, o telejornal é vice-líder
de audiência nas manhãs, alcançando picos de liderança.
Quadro 5
NÚMERO DE APARIÇÕES
02/11 0 0 2 0 4 0 5 0
03/11 0 0 2 0 7 0 6 1
04/11 0 0 2 0 8 1 7 0
05/11 0 0 2 0 4 0 9 0
06/11 0 0 2 0 6 1 10 1
09/11 0 0 2 0 6 1 5 0
10/11 0 0 2 0 7 1 9 1
11/11 0 0 2 0 8 0 6 0
12/11 0 0 2 0 6 0 5 0
13/11 0 0 2 0 7 1 7 0
TOTAL DE 0 0 20 0 63 4 69 3
APARIÇÕES
:
Gráfico 5
48
APARIÇÕES
5% 13%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as
131
82%
SBT BRASIL
O SBT Brasil estreou em 2005 dirigido pela jornalista Ana Paula Padrão.
Com uma grande estrutura montada, cenário moderno e correspondentes
internacionais, a estreia foi um dos assuntos mais comentados da época,
marcando a vice-liderança em audiência com 100 pontos de média e 12 de
pico.
Em 1 de dezembro de 2006, Ana Paula deixa de ser âncora e é a vez
de Carlos Nascimento assumir oSBT Brasil. Ao completar quatro anos na
mídia, o jornal recebeu, em agosto de 2009, Karyn Bravo como apresentadora.
Karyn, que havia sido apresentadora do quadro da previsão do tempo durante
cerca de um ano, voltou à mesma atividade em 2011, ao mesmo tempo em
que Carlos Nascimento deixou o telejornal para apresentar o Jornal do
SBT. Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade os substituíram, tornando-os os
novos âncoras do jornal.
Quadro 6
49
02/11 1 0 1 0 12 0 3 0
03/11 1 0 1 0 10 1 4 0
04/11 1 0 1 0 12 1 3 0
05/11 1 0 1 0 11 1 4 0
06/11 1 0 1 0 11 1 4 0
09/11 1 0 1 0 10 0 5 0
10/11 1 0 1 0 9 1 5 0
11/11 1 0 1 0 11 1 4 0
ÚMERO DE APARIÇÕES
12/11 1 0 1 0 8 1 5 0
13/11 1 0 1 0 9 1 4 0
TOTAL DE 10 0 10 0 103 8 41 0
APARIÇÕES
:
50
Gráfico 6
APARIÇÕES
5% 12%
Âncoras não negros/as
Ânocoras negros/as
Reporteres não negros/as
Reporteres negros/as
144
84%
Gráfico 7
51
APARIÇÕES GERAIS DE TODAS AS EMISSORAS
NACIONAIS
863
87%
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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a “meritocracia”, mas por seu trajeto sexista e racista construído ao longo dos
anos.
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A) A falta de repórteres e âncoras negros nas mídias
televisivas
B) A não representatividade e inclusão das mulheres negras
no telejornalismo brasileiro
A médio-curto prazo, seria necessário a inclusão de jornalistas negras
nas emissoras, não só para cumprir com metas socias, mas para permitir que
essas mulheres possam representar outras mulheres negras, afim de promover
um reflexo de identificação. A aparição nas telas auxiliará na aceitação e
inclusão desses grupos, de modo que essa imagem passe a ser parte da
representação social e do modelo estético referido. Mesmo com as políticas de
enfrentamento ao racismo dentro das emissoras, não podemos esquecer do
papel do Estado como dirigente da sociedade. Se faz necessário uma maior
atenção no que se refere as politicas publicas de promoção a saúde, trabalho e
educação para população negra. Além de barrar que as mulheres negras
sejam protagonizadas diante um parâmetro sexista, machista e racista, tendo
seus corpos preservados diante a sexualização no meio midiático e
marginalizado nos telejornais brasileiros. Assim, o abismo existente entre a
realidade de grupos diferentes começa a diminuir, colocando-nos no caminho
para a igualdade.
O estado precisa promover de maneira efetiva ações que construa e
reforce a importância da representatividade dos corpos negros fora do alcance
de negativação, a construção da autoestima através do reflexo nas telas da TV
e que acolham de forma engajada essas mulheres que se encontram na em
situação de vulnerabilidade, principalmente quando promovida pelo racismo
institucional. A população precisa de ações que demonstre resultados
concretos, reconhecidos por quem mais sofre desse estigma.
Mas, para além do Estado, a sociedade precisa reconhecer a trajetória e
a formação histórica do seu país, deixando de lado o uso de falas
negacionistas que minimizam as dores e as desigualdades promovidas pelo
processo escravocrata do povo negro ao longo dos anos.
Desta forma, espera-se que a presente pesquisa auxilie em futuros
estudos dentro desta temática e que, também, influencie e colabore para a
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mudança da realidade da população negra, principalmente em relação as
mulheres negras no telejornalismo.
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